OTIMIZAÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA · O transporte é um dos principais fatores de...
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PROGRAMA DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE NEGÓCIOS FUNDAÇÃO DOM CABRAL
OTIMIZAÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA:
Um estudo sobre a ociosidade dos ativos logísticos no transporte rodoviário de carga fracionada no Brasil
Fernando d´Avila Vianna Cotrim Gilmar Moreira Cabral
Leandro Correia Antunes Matias Ferrari
Melquisedeque Martins Fernandes Rogério Antônio Concer
Vinissius Cagol Gialdi
Curitiba - PR 2018
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Fernando d´Avila Vianna Cotrim Gilmar Moreira Cabral
Leandro Correia Antunes Matias Ferrari
Melquisedeque Martins Fernandes Rogério Antônio Concer
Vinissius Cagol Gialdi
OTIMIZAÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA: Um estudo sobre a ociosidade dos ativos logísticos no Transporte Rodoviário de Carga
fracionada no Brasil
Projeto apresentado à Fundação Dom Cabral como requisito parcial para a conclusão do Programa de Especialização em Gestão de Negócios. Professor Orientador: Dr. Fabricio Ziviani Gerente do Programa: Silene de Fátima Lopes Magalhães
Curitiba - PR 2018
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DEDICATÓRIA
Dedicamos este Projeto
A Deus,
A nossos familiares e
A todos os profissionais e empresas pertencentes ao setor de transporte brasileiro.
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AGRADECIMENTOS Ao nosso orientador, pela dedicação e apoio no dia a dia do Projeto. Aos meus colegas, que num debate construtivo sempre instigaram novas visões. A ITL e CNT que investem na profissionalização do setor de transportes e que permitiram que fizéssemos parte desse crescimento. A todos que, de alguma forma, contribuíram para este trabalho.
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EPÍGRAFE
“Escreva algo que valha a pena ler ou faça algo que valha a pena escrever “ Benjamin Franklin
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RESUMO
Como um setor altamente competitivo, o transporte de cargas sofre em função do
de pequenas variações nos custos, valor do frete ou da quantidade dos produtos e
equipamentos transportados. Em razão da crise que o país vem enfrentado, as empresas
acabam sendo obrigadas ajustar as despesas, no que se inclui, o frete. Afinal, o valor da
entrega de uma carga é influenciado pelo preço do diesel, pelo aumento do valor da taxa
paga em pedágios, pela distância percorrida, pelo salário dos caminhoneiros, ajudantes,
custos-extras que surgem durante a viagem e com a depreciação dos veículos. Em visitas
técnicas e questionários notou-se que existem muitos espaços vazios em veículos que
poderiam estar com carga plena, muitas empresas trabalham com prejuízo e acabam
entrando em um caminho pouco lucrativo que a faz ir em encontro com a falência. O
presente trabalho tem como objetivo ofertar ao mercado uma opção viável e simples de
compartilhamento de carga, fazendo o transportador utilizar uma plataforma digital de
otimização de maneira a tornar o seu negócio mais sustentável e viável. A plataforma
propõe que o transportador utilize o aplicativo sempre que tiver espaços ociosos em seus
veículos, evitando que os ativos sejam utilizados de forma parcial e gerem prejuízos. A
análise de mercado mostrou que ferramentas existentes para compartilhamento de carga
atualmente são pouco intuitivas ou demandam muito tempo para gerarem algum resultado.
Com base em questionário e benchmarking concluiu-se que o problema afeta praticamente
todo o setor de transporte de carga fracionada e que alianças são pouco utilizadas por
demandarem negociação e não existir ferramenta que facilite a troca de informações e o
consequente compartilhamento de cargas. Para solucionar essa lacuna propõe-se uma
ferramenta intuitiva, fácil de utilizar e rápida. A plataforma utilizada de forma correta fara os
transportadores terem melhores resultados financeiros, as rodovias terão menos veículos
circulando, o meio ambiente estará menos poluído e transportador, embarcador e
funcionários estarão mais felizes e seguros.
Palavras-chave: transporte; carga; ociosidade; produtividade; fracionada; tecnologia; aliança.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Fotografias retiradas no centro de distribuição de Lovera (SP) da empresa DHL
Supply Chain............................................................................................................................32
FIGURA 2: Esquema simplificado de funcionamento da empresa “Fretebrás”.......................41
FIGURA 3: Logotipo para a nova plataforma proposta............................................................47
FIGURA 4: Protótipo para tela inicial da solução proposta......................................................48
FIGURA 5: Protótipo para tela de programação da solução proposta.....................................49
FIGURA 6: Protótipo para tela de acompanhamento da solução proposta (item A)...............49
FIGURA 7: Protótipo para tela de acompanhamento da solução proposta (item B)...............50
FIGURA 8: Protótipo para tela de classificação do transportador...........................................50
FIGURA 9: Protótipo para tela de indicadores de performance da solução proposta.............51
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LISTA DE TABELAS/GRÁFICOS
TABELA 1: Desempenho das variáveis operacionais por modal de transporte.......................27
TABELA 2: Desempenho das variáveis operacionais por modal de transporte.......................28
TABELA 3: Comparativo entre os principais portais e variáveis de atendimento ...................43
TABELA 4: Cálculo de viabilidade para a solução sugerida......................................................53
TABELA 5: Aspectos e fatores da viabilidade técnica..............................................................53
TABELA 6: Aspectos e fatores da viabilidade operacional.......................................................54
TABELA 7: Aspectos e fatores da viabilidade estratégica........................................................55
GRÁFICO 1: Distribuição por porte das empresas representadas...........................................44
GRÁFICO 2: Meios de integração usuário com atuais plataformas digitais.............................45
GRÁFICO 3: Utilização dos sistemas existentes atualmente no mercado................................46
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANTT – Agência Nacional Transportes Terrestres
APIs – Application Program Interface - "Interface de Programação de Aplicativos"
CNT – Confederação Nacional da Indústria
CT-e – Conhecimento Transporte Eletrônico
ETC – Empresas de Transporte de Carga
FDC – Fundação Dom Cabral
FTL – Full truckload
ITL – Instituto de Transporte e Logística
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................11
2. BASES CONCEITUAIS............................................................................................................12
2.1. Gestão Estratégica..........................................................................................................12
2.1.1. Alianças e parcerias estratégicas..................................................................................15
2.1.2. As estratégicas competitivas genéricas........................................................................17
2.1.3. Necessidade de firmamento em uma das estratégicas genéricas...............................20
2.1.4. Redes............................................................................................................................22
2.1.5. Alianças e redes no setor de transportes.....................................................................22
2.2. Inovação.........................................................................................................................23
2.2.1. Tecnologia da informação no processo de inovação...................................................23
2.2.2. Inovação na logística de transporte.............................................................................24
2.3. Logística de transporte...................................................................................................25
2.3.1. Transporte rodoviário de carga....................................................................................28
2.3.2. Ociosidade dos ativos rodoviários................................................................................31
2.3.3. Relação entre ociosidade e custo.................................................................................33
3. METODOLOGIA DE PESQUISA.............................................................................................34
4. LEVANTAMENTOS E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES................................................................36
4.1. Benchmarking realizados................................................................................................36
4.1.1. Transportadores...........................................................................................................38
4.1.2. Plataformas digitais......................................................................................................40
4.2. Questionário de pesquisa...............................................................................................43
4.2.1. Características dos respondentes................................................................................44
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4.2.2. Análise do questionário................................................................................................44
4.3. Proposta de solução.......................................................................................................46
4.3.1. Detalhamento..............................................................................................................47
4.3.2. Viabilidades..................................................................................................................52
4.3.2.1. Viabilidade financeira................................................................................................52
4.3.2.2. Viabilidade Técnica....................................................................................................53
4.3.2.3. Viabilidade Operacional.............................................................................................54
4.3.2.4. Viabilidade Estratégica...............................................................................................55
5. CONCLUSÃO........................................................................................................................56
REFERÊNCIAS...........................................................................................................................58
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho busca como proposta a criação de uma plataforma digital, mais
concretamente um sistema de otimização de ativos logísticos, que pretende diminuir os
custos do transporte de cargas fracionadas fazendo o setor ter maior retorno financeiro.
São objetivos desse trabalho a otimização de ativos, fazendo os transportadores
utilizarem seus veículos com a maior capacidade possível de lotação, quebra de paradigmas
dos transportadores deixando de competir com seus parceiros transportadores, ao contrário
deverão compartilhar experiências tornando as empresas mais lucrativas e
operacionalmente melhor gerenciada.
A gestão do transporte rodoviário, muitas vezes, tem sido deixada para segundo
plano, predominando, ainda, modelos arcaicos de gestão empresarial. A inexistência de um
sistema permanente de monitoramento e controle de desempenho no setor de transportes,
bem como a falta de índices que mensurem o grau de eficiência do setor e que sirvam de
instrumento para tomadas de decisão e controle gerencial, é um dos motivos que justificam
o estudo mais aprofundado do assunto.
O transporte é um dos principais fatores de produção na economia e o principal
modal para escoamento da produção no Brasil é o rodoviário. O custo do transporte é parte
fundamental na formação do preço dos bens, por isso a baixa qualidade da infraestrutura de
transporte impacta diretamente na sociedade de forma geral. O país necessita de
investimentos constantes no setor a fim de se adequar a oferta de transporte e as demandas
previstas. Empresas buscam soluções para reduzir custos logísticos e ações para reduzir
custos operacionais e assim poder se manter ativas num mercado muito competitivo e
pouco rentável.
O objetivo desse trabalho é buscar entender o funcionamento e as características
do transporte de carga e estabelecer um processo de compartilhamento de espaços
logísticos ociosos, procurando diminuir custos, aumentar receitas e também quebrar
paradigmas de transportadores competidores para transportadores colaboradores.
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2. BASES CONCEITUAIS
Durante esse capítulo apresentaremos um resumo de tópicos relacionados ao nosso
trabalho de Otimização de Cargas. Será apresentado uma revisão sobre Gestão estratégica e
o impacto sobre o crescimento dos negócios. A relação da tecnologia da informação e da
inovação com o desenvolvimento de novos processos e negócios. Também será apresentado
uma visão sobre a logística de transportes no Brasil.
2.1 Gestão Estratégica
Uma vez definido o negócio, o passo seguinte é saber como se pretende que a
organização seja vista ou reconhecida, a partir de uma visão de futuro para estabelecer o
que se pretende atuar no presente. Só assim poderá proporcionar significado, orientar e dar
congruências aos esforços de todos os colaboradores, tornando-os contínuos e inovadores
ao longo do tempo, as metas indicam aquilo que uma unidade de negócios deseja alcançar.
Estratégia é um plano de como chegar lá. Todos os negócios devem preparar estratégias
para atingir suas metas: Estratégia de marketing, estratégia de tecnologia, e estratégia de
busca de recursos (TAVARES, 2008).
A visão é uma projeção das oportunidades futuras do negócio da organização, para
permitir uma concentração de esforços na sua busca. É assim, uma projeção do lugar ou
espaço que se pretende que a organização venha a ocupar no futuro e, a partir da
articulação das aspirações de seus componentes no presente, imaginar o tipo de projeto
necessário para alcançá-lo (TAVARES, 2008). A visão é uma intenção sobre onde desejamos
que a organização esteja amanhã em seu ambiente e uma orientação sobre as quais ações
devemos adotar hoje para que isso ocorra. Em suma, visão refere-se aonde devemos colocar
a organização, dotando a de uma forma que permita incorporar as inovações necessárias
para essa busca.
A elaboração da visão deve levar em conta pelo menos cinco fatores: habilidade
em acumular e aplicar criativamente o aprendizado sobre o seu ambiente de atuação e o
mercado; a participação na mente dos consumidores, por meio da marca; capacidade de
criar e administrar alianças, coalizões e parcerias; desenvolvimento e manutenção de
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competências distintas; desenvolvimento e manutenção de competências distintivas;
habilidade em desenvolver e explorar o capital humano, como suporte aos fatores
anteriores (KOTHER,2000).
Os vários públicos que fazem alianças, parcerias ou redes com a organização
precisam também conhecer sua perspectiva futura, estabelecida pela visão e pela missão.
Assim, vão poder posicionar-se no presente e desenvolver um sistema de relações com
vistas a busca do futuro. A criação de alianças, parcerias ou redes viabiliza o acesso a
recursos complementares que a organização precisa, de maneira a permitir a conquista e a
manutenção de vantagens competitivas. Assim a visão vincula as aspirações organizacionais
a objetivos, ações e decisões diárias detidas por esses públicos, proporcionando a ambos
interação entre as suas respectivas competências distintivas com vistas a construir de
maneira sinérgica o melhor posicionamento de ambos (KOTHER,2000).
As alianças embora capazes de proporcionar benefícios seletivos, sempre impõem
custos expressivos: envolvem a coordenação de duas operações separadas, a reconciliação
de objetivos com uma entidade independente, a criação de um concorrente e a renúncia a
lucros. Em última instância, esses custos transformam a maioria das alianças em
mecanismos transitórios de curto prazo, ao invés de relacionamentos estáveis de longo
prazo.
Mais importante, as alianças, como estratégia ampla, apenas assegurarão a
mediocridade da empresa, e não a liderança internacional. Nenhuma empresa pode
depender da outra, como entidade externa autônoma, para o fornecimento de recursos e
ativos que constituem o cerne de sua vantagem competitiva (TAVARES, 2008). As alianças
são melhor utilizadas como ferramentas seletivas as quais se recorre em bases temporárias
ou para o desenvolvimento de atividades não essenciais.
A essência da formulação estratégica consiste em enfrentar a competição. No
entanto, é fácil encarar esta última de forma muito estreita e com excesso de pessimismo.
Embora, por vezes, escutemos executivos se queixando do contrário, a intensidade da
competição num determinado setor não é nem coincidência e nem má sorte. Além disso, na
luta pela fatia do mercado, a competição não se manifesta apenas na figura dos outros
participantes. Ao contrário, a competição num determinado momento setor se encontra
arraigada na sua economia subjacente e algumas forças competitivas vão bem além dos
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combatentes nele estabelecidos. Os clientes, os fornecedores, os entrantes em potencial e
os produtos substitutos, todos são concorrentes mais ou menos ostensivos ou ativos,
dependendo do setor (PORTER, 1999).
O estado da competição num setor depende de cinco forças básicas. A potência
coletiva dessas forças determina, em última instância, as perspectivas de lucro do setor.
Nesse primeiro grande enfoque conceitual, Porter propõe que o desempenho de uma
empresa deve ser atribuído ao desempenho médio de todos os outros concorrentes do
setor, concentrando-se em sua rentabilidade.
Através da análise e entendimento das cinco forças competitivas, seria possível
obter algum tipo de vantagem no mercado, estabelecendo assim uma estratégia para
conseguir isso. Ainda, é através dessas cinco forças que será possível vislumbrar de que
maneira é a competição em determinado setor, com que força se concretiza. Partindo disso,
a meta da estratégia competitiva para uma Organização é encontrar um posicionamento no
setor onde consiga melhor se defender ou mesmo influenciá-las em seu próprio benefício.
Partindo então para o entendimento mais específico de cada força, são elas, a saber:
a) Ameaça de novos concorrentes: Essa força refere-se ao grau de facilidade ou
dificuldade que um concorrente enfrenta para adentrar em um setor. Quanto mais
complexa a entrada, menor será a concorrência e com isso maiores serão as chances de
lucros em menos tempo. Porter visualiza algumas barreiras que podem dificultar a entrada
de novos concorrentes, como economias de escala, diferenciação de produto, exigências de
capital, custos de troca, acesso aos canais de distribuição e política governamental;
b) Produtos substitutos: Essa outra força competitiva refere-se ao grau de facilidade
com que um consumidor consegue substituir um produto ou serviço por outro, há uma troca
por algo similar ou alternativo. Por exemplo, sistemas eletrônicos de segurança substituíram
a utilização de pessoas que desempenhavam tal serviço, ou seja, nesse caso visualizamos um
produto que substituiu um serviço;
c) Poder de barganha dos compradores: Quanto a essa outra força, a mesma é
relativa ao poder que os consumidores podem possuir, na medida em que nem todos são
iguais, muitas vezes se utilizando de meios para forçar redução de preços, comprando em
grandes quantidades ou em lotes (PORTER, 1999). Dessa maneira, por exemplo, uma grande
rede consegue comprar e vender, em grande escala, comprando a um preço menor e
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vendendo a um preço mais competitivo, trabalhando sua margem de lucro, em oposição a
uma empresa de pequeno porte, essa não conseguirá competir de maneira equiparada;
d) Poder de barganha dos fornecedores: Nessa força, Porter observa que as
características se assemelham ao poder de barganha dos compradores, mas delineia
algumas peculiaridades, determinando que a força dos fornecedores será maior em casos
que não precisam enfrentar produtos substitutos no setor, seus produtos são essenciais ao
comprador (relação de dependência), implicação de ameaça do fornecedor se tornar um
concorrente em potencial;
e) Rivalidade entre os concorrentes: Essa última força, a mais clara em termos de
competição em um setor, Porter afirma que o grau de competitividade de um setor é
determinado pela rivalidade entre os concorrentes. Ainda, o autor estabelece alguns
parâmetros que delimitam que a competitividade seja mais acirrada em um setor, dada
algumas condições, como alto número de empresas competindo num mesmo setor, com
características e semelhanças no porte, a lentidão de crescimento do setor em que atuam, o
elevado valor de seus custos fixos, elevado valor de custos logísticos, como custos de
armazenagem, sazonalidade de produtos, muitas barreiras para saída do setor, dentre
outros fatores (PORTER, 1999).
2.1.1 Alianças e parcerias estratégicas
A parceria designa formas de cooperação entre organizações, que indica uma ação
conjunta, motivada pela existência de interesses, metas e objetivos em comum, na qual cada
um aporta e mobiliza os recursos que dispõe para atingir estes objetivos. A parceria
estratégica seja com concorrentes, fornecedores, clientes é uma tendência irreversível da
gestão empresarial moderna. A parceria envolve habilidades e talento. Realizar parcerias é
uma maneira eficaz e eficiente de compartilhar os riscos, reduzir os custos, elevar padrões
de qualidade e compartilhar informações relevantes para ambos.
A aliança estratégica é baseada na igualdade e une as competências centrais de
cada parceiro, visando criar uma relação de confiança entre ambos. É uma estratégia de
negócios, com ênfase em selecionar, construir e colocar em ação novas possibilidades que
podem marcar uma diferença no mercado e gerar vantagem competitiva. Em comum, as
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parcerias e estratégias têm como objetivos gerais: partilhar a risco do negócio, diversificar
negócios e ter acesso ao capital.
Dentro deste paradigma, as organizações necessitam trabalhar em conjunto, como
parceiros, para potencializarem suas vantagens e terem capacidade de construir vínculos
sólidos para ganharem mercados juntas.
Lorange e Ross (1996) explicam que as alianças estratégicas têm numerosos
propósitos e podem envolver elos verticais e horizontais entre empresas envolvidas.
Grandes números de exemplos de alianças estratégicas podem ser encontrados no setor
automobilístico, de semicondutores, computadores, tecnologia da informação,
telecomunicações, robótica, transporte aéreo e biotecnologia, entre outros.
Com as alianças estratégicas as empresas podem obter melhor capacidade de
produção, novas tecnologias, reduzir riscos financeiros, ter vantagem competitiva e até
conseguir entrar em mercados específicos. Para Lourange e Roos (1996), as vantagens
competitivas da aliança estratégica podem ser criadas em quatro áreas que são:
a) Fornecedores: combinar esforços para criar maior poder de barganha em
termos de poder de compra;
b) Consumidores: combinar esforços para oferecer um conjunto mais amplo
de produtos para satisfazer as necessidades dos consumidores;
c) Tecnologias: combinar tecnologias complementares ou promover esforços
conjuntos para desenvolver novas tecnologias;
d) Novos entrantes: combinar esforços para atingir um tamanho que sirva de
barreira a entrada de novos concorrentes;
As alianças estratégicas também podem ser caracterizadas pela: a) Nacionalidade e
grau de cooperação entre as empresas; b) Contribuição de cada empresa decorrente de sua
cadeia de valor; c) Escopo geográfico e missão; d) Exposição a riscos fiduciário e ambiental;
e) Relativo a poder de barganha e propriedade.
Segundo Lewis (1992) as alianças estratégicas provem o acesso a muitos mais
recursos do que qualquer empresa isolada possui ou pode comprar. Podem expandir
grandemente a capacidade de uma empresa para criar produtos, reduzir os custos,
incorporar novas tecnologias, antecipar-se aos concorrentes, atingir a escala necessária a
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sua sobrevivência nos mercados mundiais e gerar mais recursos para investir em suas
competências básicas.
2.1.2 As estratégias competitivas genéricas
Após o entendimento sobre as características de cada força competitiva e de que
forma atuam e interagem entre si, Porter propõe o segundo grande conceito essencial para
o entendimento da vantagem competitiva, o conceito das “estratégias competitivas
genéricas”. Porter descreve estratégia competitiva como sendo sinônimo de decisões, onde
devem ocorrer ações ofensivas ou defensivas com a finalidade de criar uma posição que
permita se defender em um setor, para conseguir lidar com as cinco forças competitivas e
com isso conseguir e expandir o retorno sobre o investimento. Ainda, observa que há
diversas maneiras de se posicionar estrategicamente, variando de acordo com o setor de
atuação, capacidade e características da Organização. No entanto, o autor delineia que há
três grandes pilares estratégicos, ou seja, três grandes estratégias que irão atuar
diretamente no âmbito da criação da vantagem competitiva.
Essas são as estratégias genéricas, e são assim entendidas: a) Liderança Geral de
Custos: Através dessa estratégia, que visa o baixo custo produtivo, a redução e controle total
de custos, proporciona uma postura defensiva ante as cinco forças competitivas de diversas
formas. De acordo com Porter (1999):
“Sua posição de custos proporciona à empresa uma defesa contra a
rivalidade dos concorrentes, pois seus custos mais baixos significam que a
empresa ainda pode gerar retornos após seus concorrentes terem investido
seus lucros para combater a rivalidade. Uma posição de baixo custo defende
a empresa contra compradores poderosos, pois os compradores podem
exercer seu poder apenas para reduzir os preços até o nível do próximo
concorrente mais eficiente. O baixo custo proporciona uma defesa contra os
fornecedores, oferecendo mais flexibilidade para lidar com os aumentos de
custos. Os fatores que levam a uma posição de baixo custo normalmente
proporcionam barreiras substanciais à entrada em termos de economias de
escala ou vantagens de custo. Finalmente, uma posição de baixo custo
normalmente coloca a empresa em uma posição favorável com relação aos
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substitutos relativos a seus concorrentes no setor. Assim, uma posição de
baixo custo protege a empresa de todas as cinco forças competitivas, pois a
barganha só pode continuar ocasionando a erosão dos lucros até que os do
próximo concorrente mais eficiente sejam eliminados e porque os
concorrentes menos eficientes sofrerão primeiro diante das pressões
competitivas”. (PORTER, 1999, p. 449).
Para se escolher a estratégia de liderança em custos, assim como as demais, antes é
necessário verificar qual delas é a mais ideal para a Organização, pois uma ou outra pode
não se adequar às características da empresa. Porter visualiza que, para liderança em custos,
inicialmente é preciso que as empresas possuam grande marketshare, ou seja, sua
participação de mercado em relação aos seus concorrentes. Ainda, salienta a importância
das características dos produtos, estes precisam ser de fácil produção, linha produtiva
ampla, menor variedade de produtos, produzindo-se em grande escala um mesmo produto
ou outros com características semelhantes.
Obviamente, há desvantagens em se trabalhar nessa linha estratégica de liderança
em custos, como por exemplo a maleabilidade das economias, as necessidades de sucatear
os ativos, a necessidade de se investir em tecnologia, dentre outros. b) Diferenciação: Porter
(1999) sugeriu a diferenciação como uma alternativa à liderança de custos. Com a
diferenciação, a empresa se preocupa menos com os custos e tenta ser vista no setor como
tendo algo de singular a oferecer. Em contrapartida à liderança em custos, onde só existirá
um grande líder no setor, nessa estratégia pode haver muitos diferenciadores em um
mesmo setor, cada um deles enfatizando um atributo diferente dos de seus rivais. As
Organizações que optam pela estratégia de diferenciação precisam, necessariamente,
investir mais em pesquisa do que os líderes em custos, além de possuírem melhores projetos
de produtos. Ainda, na maioria das vezes é necessário a utilização em seus produtos
matéria-prima mais cara e de melhor qualidade, bem como aplicar maior investimento no
serviço ao cliente. Também há o fator marketshare, pois necessariamente nessa estratégia,
há uma maior segmentação dos clientes/mercado em que irá atuar.
Além disso, têm que estar dispostos a abrir mão de parte da participação de
mercado. No entanto, é visto que a diferenciação é uma estratégia comprovadamente
viável, na medida em que pode proporcionar situações de lealdade à marca/produto, que
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acaba gerando uma defesa contra os rivais. Outro aspecto interessante é quanto às barreiras
que são criadas em relação a novos entrantes, ou seja, para novos concorrentes é mais difícil
se equiparar, tendo em vista os quesitos mencionados com relação à lealdade, altos
investimentos, valorização e reconhecimento da marca. Por outro lado, da mesma forma
que a liderança de custos, a diferenciação implica determinados riscos. Deve haver atenção
quanto à precificação, na medida em que se a diferença entre os preços cobrados pelos
concorrentes de baixo custo e pelos adeptos da diferenciação for muito distante, pode haver
o abandono de um para outro, principalmente em ambientes mercadológicos desfavoráveis,
inseridos em crise por exemplo.
Outro fator é quanto ao conceito, ao entendimento dos clientes do termo
diferenciação, ou seja, os aspectos que podem diferenciar uma empresa de outra, em um
determinado período, podem deixar de existir no dia seguinte. Além disso, as necessidades,
desejos dos clientes variam constantemente, o que exige constante investimento em
pesquisa por parte dos adeptos da diferenciação, com a finalidade de evitar a obsolescência
de seus produtos/serviços. c) Enfoque: Prosseguindo com o último modelo estratégico,
Porter estabelece as diretrizes para o qual denominou como sendo a estratégia genérica do
enfoque. Pode ser entendida como a estratégia que direciona seus esforços para um nicho
bem mais específico de atuação, oferecendo produtos e serviços estritamente destinados
àqueles clientes incluídos em seu nicho de atuação, não buscando atingir outros nichos, mas
sim se especializar e comprovar sua superioridade em fornecimento frente a outras
empresas optantes por estratégias de custos e diferenciação.
Pode-se citar como principal quesito diferenciador frente às outras estratégias é
que as organizações optantes pelo foco decidem necessariamente competir apenas em um
pequeno segmento/nicho específico do mercado. O interessante dessa estratégia é que, ao
trabalhar com um nicho específico de mercado, a Organização pode trabalhar em certa
medida com os aspectos dos outros dois modelos, pois ao direcionar seus produtos/serviços,
pode conseguir trabalhar melhores preços com fornecedores, bem como estilizar produtos
ainda mais às necessidades dos clientes, pois os conhece bastante para isso (PORTER, 1999).
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2.1.3 Necessidade de firmamento em uma das estratégicas genéricas
Após visualizado os três tipos de estratégias genéricas propostas por Porter, fica
nítida a necessidade das Organizações de se enquadrarem em alguma delas, como sendo um
aspecto delimitador e delineador capaz de nortear as atividades organizacionais, não
deixando brechas para dúvidas e desvios com relação aos objetivos da empresa, bem como
edificar o pensamento e planejamento estratégico. Apenas assim a Organização será capaz
de efetuar o embate frente às forças competitivas, ou seja, conseguem estabelecer
estratégias de defesa. Ainda, uma Organização que não possuir alguma dessas estratégias
bem definidas, não consegue maximizar sua lucratividade, não possui sua cultura
organizacional bem delineada, conflitos nas decisões e na eficiência de seus processos,
dentre outros aspectos negativos.
Para Porter (1999), para se entender de fato a vantagem competitiva, antes é
necessário analisar a organização em sua completude, em todos os âmbitos. Dessa forma,
para maximizar os benefícios das estratégias de custo e diferenciação, estas devem ser
observadas e estarem presentes em cada atividade organizacional, em toda cadeia
produtiva, buscando oferecer valor aos clientes. É a partir de uma análise criteriosa de toda
cadeia de valor que será possível obter subsídios importantes e necessários para a escolha
correta da estratégia a ser adotada.
Para se efetivar a referida análise criteriosa da cadeia de valor, o autor (PORTER,
1999) expõe cinco atividades primárias e quatro atividades secundárias que constituem a
cadeia de valor das organizações. As atividades primárias são:
i) Logística de entrada: Referente às atividades relacionadas à recebimento de
materiais, seu armazenamento, manuseio e redistribuição dos materiais,
métodos de controle de estoques, dentre outros.
ii) Operações: Referente às atividades que transformam as matérias-primas em
produtos finais acabados, como por exemplo montagem, industrialização,
instalação, montagem, dentre outros.
iii) Logística externa: Referente às atividades de logística, como distribuição dos
produtos aos clientes, armazenamento, operações de entrega, coletas,
logística reversa, dentre outros.
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iv) Marketing e Vendas: Referente às atividades de pesquisa de mercado,
satisfação de clientes, publicidade, promoção do produto, canais de
relacionamento, dentre outros.
v) Serviços: Referente às atividades de apoio e atendimento ao cliente, como
assistência técnica, reparos e ajustes, instalações, dentre outros.
Para as atividades secundárias tem-se:
i) Aquisição: Referente às atividades de inputs, ou seja, compra de matéria-
prima, bens imobilizados, bens de consumo, dentre outros.
ii) Desenvolvimento da Tecnologia: Referente às atividades de pesquisa e
desenvolvimento do produto, visando maximização e melhoria de suas
funcionalidades e concepção, como investimento em projetos dos produtos,
pesquisas que vislumbrem otimização de processos, dentre outros.
iii) Gestão de Recursos Humanos: Referente às atividades que cuidam do
capital humano, ou seja, a gestão de recursos humanos, como recrutamento
e seleção, capacitação de pessoal através de treinamentos e investimento
em estudos, cargos e salários, dentre outros.
iv) Infraestrutura Organizacional: Referente às atividades de caráter gerencial,
como gerência geral da Organização, planejamento estratégico,
contabilidade e gestão fiscal, financeiro, gestão da qualidade, ambiental,
dentre outros.
Obviamente que cada uma dessas atividades possui maior ou menor importância
em uma Organização, dependendo do setor em que está inserida, por exemplo, a logística é
fundamental para uma empresa do setor de transportes e distribuição, o marketing e
desenvolvimento da tecnologia indispensável à uma empresa do setor de eletroeletrônicos,
por exemplo (PORTER, 1999). Em síntese, essa divisão proporciona às Organizações a
possibilidade de escolha dentre as três estratégicas genéricas e controlar/monitorar/isolar as
principais áreas de vantagem competitiva que poderia possuir para poder enfrentar as cinco
forças competitivas, pois as fontes de vantagem competitiva encontram-se em sua cadeia de
valor, sendo então necessário uma análise interna com enfoque nesses quesitos junto aos
custos para determinar seu perfil estratégico, sendo necessário realizar o mesmo com os
concorrentes, com a finalidade de montar a estratégia ideal para a Organização.
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2.1.4 Redes
A concepção de "rede" vem sendo amplamente utilizada para analisar os arranjos
organizacionais e intra-organizacionais. Internamente, o sentido da hierarquia e as fronteiras
que delimitavam a burocracia estão se reconfigurando, buscando maior capacidade de
resposta ao ambiente e formas alternativas de coordenação e controle. Externamente, as
fronteiras que delimitavam as organizações estão diminuindo à medida que as entidades se
fundem e/ou se articulam de forma conjunta, caracterizando assim o que alguns autores
chamam de organizações pós-fordistas (CLEGG e HARDY, 1999).
Surgem as análises voltadas para a redução dos riscos e ganhos de sinergia, por
meio das redes estratégicas entre empresas, privilegiando as formas associadas ou
cooperativadas de trabalho, onde são incorporados elementos externos como estratégia
competitiva, mercado, marca, parcerias com fornecedores, clientes e concorrentes,
terceirização, franquias, fabricação logística, gestão e equacionamento econômico-
financeiro aos projetos empresariais, ou seja, “o negócio extrapola a empresa” (CASAROTTO
FILHO & PIRES, 1998).
2.1.5 Alianças e redes no setor de transportes
Segundo (GULATI, 1999) As Alianças estratégicas são arranjos realizados por
organizações que possuem recursos complementares, que dependem uns dos outros para
alcançar um objetivo comum. Redes bem estruturadas e solidas possibilitam o
compartilhamento e a troca de recursos e criam espaços para o desenvolvimento e entrega
de produtos e serviços em conjunto.
A estratégia de negócios de uma empresa tem por objetivo assegurar sua existência
e lucratividade. O processo de planejamento estratégico é contínuo e suas revisões cada vez
mais frequentes, em função da velocidade das mudanças do cenário competitivo (macro
ambiente) em uma determinada indústria. Em complementação à análise dita “tradicional”,
notadamente da visão baseada em recursos (RBV), sugerem que os recursos estratégicos de
uma empresa também podem estar localizados nos relacionamentos que essa empresa
mantém com outras empresas. Assim, o nível de análise da competitividade de uma
24
empresa na sua indústria não pode estar centrado apenas nas características dessa empresa
e de seu meio, mas também deve considerar as características dos relacionamentos e das
redes por eles constituídos, assim como envolver uma análise relacional (DYER & SINGH
1998).
2.2 Inovação
Em um mundo cada vez mais dinâmico e competitivo, empresas que não inovam
tendem a ter seu produto/serviço virando commodities e consequentemente terão suas
margens tendendo a zero. A inovação tem sido chave para gerar um diferencial competitivo,
que, portanto, garanta o sucesso e longevidade.
2.2.1 Tecnologia da informação no processo de inovação
A inovação não é baseada apenas em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, mas
também nas habilidades gerenciais e de mercado, no conhecimento dos modelos de gestão
das organizações, ou na consciência dos aspectos sociais e econômicos. Há uma tendência
de ser produzida por uma rede de atores e não por indivíduos ou organizações autônomas
(HAUKNES, 1998; LOBIANCO & RAMOS, 2004; KUBOTA, 2009). A inovação pode acontecer
em diversas frentes, seja pelo fornecimento de um novo serviço, utilização de novas técnicas
de fabricação, novos processos, atendimento a novos mercados ou novos canais de venda.
(SUNDBO & GALLOUJ, 1998; GALLOUJ, 2002).
O sucesso de uma organização está atrelado à capacidade que a mesma tem de se
adaptar a novos cenários. A Tecnologia da informação é um fator de grande relevância para
sobrevivência nesse contexto. Ela permite que as empresas se adaptem a novos cenários
como também cria novos cenários. Segundo (PORTER e MILLER, 1985) as empresas que mais
se destacam tem agregado valor ao longo da cadeia desde a produção até a entrega ao
cliente através da utilização de tecnologia da informação. A forma de competir muda com o
uso da tecnologia da informação.
Porter (2001) afirma que ‘’ A transformação tecnológica está expandindo os limites
das possibilidades das empresas com maior rapidez do que a capacidade dos gerentes para
25
explorar oportunidades. “As corporações precisam agir estrategicamente para evitarem a
perda de competitividade.
A aplicação de tecnologias seja para a gestão ou para a inovação deve trazer
resultados. Há uma necessidade de realizar a conexão entre a aplicação da TI com o
propósito que pode ser garantido atendendo a alguns fatores e premissas. Para (ALBERTIN,
2001) deve-se atentar ao valor estratégico das tecnologias de informação aplicadas além de
haver uma gerência efetiva dos projetos para garantir o sucesso. Ainda segundo Albertin
(2001) devem ser considerados os impactos em alguns fatores como relacionamentos,
customização em massa, inovação de produto, novos canais de venda e distribuição, novas
oportunidades de negócio, estratégia competitiva entre outros, antes da definição de
utilização de novas tecnologias.
Para Rezende (2002) é necessário haver o alinhamento entre o planejamento
estratégico da área de TI e o da empresa para atingir o sucesso. Deve-se levar em conta a
capacidade de implementação de TI, as tecnologias dispostas, os sistemas de informação e
conhecimento das pessoas e competência, infraestrutura e cultura organizacional.
2.2.2 Inovação na logística de transporte
Quando paramos para fazer uma retrospectiva da evolução tecnológica nos últimos
cinquenta, vinte e cinco e dez anos é espantoso como a inovação tem sido importante para
facilitar a vida das pessoas, como também para garantir a sobrevivência de algumas
empresas. E o que mais chama atenção é a velocidade das mudanças oriundas de inovação
só tem aumentado.
A rápida evolução tecnológica para o mundo dos negócios acarreta num contexto
altamente competitivo, com clientes extremamente exigentes, e que, por sua vez
demandam das empresas continua entrega de diferenciais competitivos para sobrevivência
a longo prazo. (GRAWE, 2009 e CHAPMAN, 2003). Como um diferencial, a inovação tem sido
revelada com um importante aliado para a conquista da satisfação dos clientes nas
indústrias de serviços em geral, e em especial na indústria de logística (DAUGHERTY, 2011).
Entretanto, sabe-se que a cadeia logística ainda carece e investe pouco em inovação
gerando barreiras para quebra de paradigmas e inovações disruptivas. Para não ficarem
26
parados, gestores desse setor são obrigados a ficarem atentos para entender as
necessidades dos clientes e proativamente tentam propor inovações (CICHOSZ, 2017).
Um método eficiente para garantir uma boa captura das necessidades do mercado,
e partir deste momento pensar em inovações, é permitir que o cliente faça parte desse
processo, ouvindo suas críticas e sugestões. Mas para isso é necessário ter alguns cuidados.
Primeiramente, o cliente tem se sentir parte do processo, onde aqueles desejam
participar, sintam que suas contribuições estão sendo utilizadas para criação de melhorias
para empresa e para os problemas que ele enfrenta (DEEPEN, 2008), e que todo o processo
possa inclusive gerar novos produtos que atendam suas necessidades na totalidade (FLINT,
2005). Ou seja, mais uma vez o cliente se apresenta muito exigente, apesar de colaborativo.
O segundo ponto a ser considerado, a possível consequência de ter um processo de
inovação centrado no cliente é uma capacidade limitada de inovação disruptiva. Há teorias
que indicam que o cliente como stakeholder da inovação faz com que a empresa só tenha
avanços marginais.
Dado a complexidade e baixo foco cultural da cadeia logística em investir
robustamente em inovação, temos um setor fadado a inovações marginais baseado em
resolução de necessidades e problemas enfrentados pelos clientes ou pelo próprio operador
logístico, que dificilmente será referência em inovações disruptivas, acompanhamento
somente as tendências da indústria global.
2.3 Logística de transporte
Planejar a logística do transporte de cargas é fundamental para assegurar a escolha
do melhor modal de transporte a ser utilizado, movimentando o maior número de
mercadorias, no menor tempo e com o menor custo possível. Desta forma pode-se dizer que
a definição básica é transportar mercadorias garantindo a integridade da carga, no prazo
combinado e com baixo custo.
O transporte é sem dúvida uma das principais funções logísticas, pois além de
representar a maior parcela dos custos logísticos, possui papel preponderante no
desempenho de diversas dimensões do serviço a ser desempenhado ao cliente, chegando a
representar 60% dos custos logísticos totais.
27
As principais funções do transporte na logística estão ligadas fundamentalmente às
dimensões de tempo e utilidade de lugar, disponibilizando produtos onde há demanda e
dentro do prazo estipulado junto ao cliente. O transporte continua sendo fundamental para
se atingir o objetivo logístico, que é o produto certo, na quantidade certa, na hora certa, no
lugar certo e ao menor custo possível. Muitas empresas vêm buscando atingir tal objetivo,
principalmente através da eficiência logística, com maior ênfase na fase do transporte, como
forma de diferencial competitivo.
O Brasil é um país de dimensões continentais, com indústrias localizadas muito
distantes de seus mercados consumidores, e para atendê-los de forma satisfatória deve
buscar a melhor logística possível. Dependendo do segmento de atuação, da natureza do
produto e do valor agregado do mesmo, o modal de transporte a ser escolhido determinará
o sucesso, ou não, da operação de venda. Por exemplo, a distância entre São Paulo e Recife
é de aproximadamente 2.700 quilômetros, trajeto que demora cerca de quatro dias através
de transporte rodoviário, enquanto o transporte ferroviário leva até dezoito dias. A escolha
dependerá do nível de serviço desejado, para produtos com menor valor agregado por
exemplo talvez o prazo de entrega não seja o mais importante, mas sim o custo do
transporte. Por outro lado, para produtos de maior valor agregado, habitualmente o
mercado opta por meios mais rápidos, mesmo podendo custar mais caro.
Os cinco modais de transporte são rodoviário, ferroviário, hidroviário, dutoviário e o
aéreo. Existem muitas diferenças no desempenho entre os modais relativos a custos fixos e
variáveis, disponibilidade, confiabilidade, velocidade, capacidade e frequência.
Conforme CHOPRA & MEINDL (2003), a escolha do modal de transporte se dá entre
o custo de transporte de um determinado produto (eficiência) e a velocidade com que o
produto é transportado. Já para LAMBERT (1998), os fatores que influenciam os
custos/preços de transporte estão relacionados com o produto e com o mercado. Quando
ao produto, englobam sua densidade e ou peso/volume, a facilidade de seu manuseio e
armazenagem e o risco envolvido (facilidade de avaria ou roubo). Os fatores relacionados
quanto ao mercado envolvem grau de concorrência entre cada meio de transporte,
localização dos mercados, natureza e extensão da regulamentação governamental dos
transportadores, equilíbrio ou desequilíbrio do tráfego de fretes em um território,
28
sazonalidade na movimentação de um produto e se um produto está sendo transportado
dentro de um país ou internacionalmente.
O desempenho operacional dos modais de transporte é fundamental para
promover a redução de custos e também proporcionar maior integração com as outras
grandes componentes da logística. A tabela abaixo mostra esse desempenho, utilizando-se
cinco variáveis associadas a cinco modais de transporte:
Tabela 1 - Desempenho das variáveis operacionais por modal de transporte1
Variável Operacional Rodoviário Ferroviário Aéreo Dutoviário Hidroviário
Velocidade 2 3 1 5 4
Disponibilidade 1 2 3 5 4
Confiabilidade 2 3 5 1 4
Capacidade 3 2 4 5 1
Frequência 2 4 3 1 5
Total 10 14 16 17 18
Fonte e elaboração: Ribeiro (2010, p. 9)
O modal de melhor desempenho é o rodoviário com o total de dez pontos, e o pior
desempenho é o do hidroviário com dezoito pontos, seguido de perto pelo dutoviário. Nas
últimas décadas o conceito de logística mudou drasticamente. O quadro abaixo sintetiza esta
evolução, que possui cinco principais fases temporais e baseia-se em dois tópicos,
perspectiva dominante e foco:
1 A pontuação segue os seguintes parâmetros: a) Tempo de deslocamento de um ponto a outro; b) Capacidade de um modal atender a qualquer par de locais; c) Diferença entre a entrega programada ou publicada e a efetivada; d) Habilidade de um modal para operar qualquer tipo de carga, especialmente tamanho; e) Quantidade de cargas programadas. A classificação de 1 a 5 segue o seguinte raciocínio: quanto menor o número de pontos, melhor é o desempenho da variável operacional.
29
Tabela 2 - Desempenho das variáveis operacionais por modal de transporte2
Período Perspectiva Dominante Foco
Fase zero Administração de materiais Gestão de estoque e de
compras (custos) e movimentação de materiais
Fase um Administração de materiais
mais distribuição Otimização do sistema de
transporte
Fase dois Competição mais logística
integrada
Visão sistêmica da empresa e integração por sistema de
informações
Fase três Cadeia de suprimento Visão sistêmica da empresa
incluindo fornecedores e canais de distribuição
Fase quatro
Cadeia de suprimento mais consumidor eficiente e
responsável (globalização, parcerias e meio ambiente)
Amplo uso de alianças estratégicas, subcontratação
e canais alternativos de distribuição.
Fonte e elaboração: Wood Junior e Zuffo (1998)
Ter uma logística eficiente é fundamental para melhorar o planejamento, a
operação e o controle do fluxo de mercadorias e informação, desde o fornecedor até o
consumidor final. Administrar de forma integrada as atividades de estoque, armazenagem e
transporte para obter maiores vantagens competitivas no mercado.
A importância do transporte possui na logística das cadeias produtivas é muito
significativa, podendo ser decisivo no sucesso ou insucesso da cadeia toda. Um sistema de
transporte ineficiente ou oneroso demais, compromete a sustentação de um polo produtivo
diante de seu mercado. Desta forma é muito importante que a logística de transporte a ser
aplicada seja estudada detalhadamente buscando a solução ideal para cada cenário.
2.3.1 Transporte rodoviário de carga
No Brasil, a matriz de transporte de cargas é predominantemente rodoviária, com
esta modalidade correspondendo a cerca de 61,8% da matriz. A rede rodoviária é elemento
2 Observação: fase zero (até os anos 40), fase um (dos anos 1950 aos 1960), fase dois (dos anos 1970 a meados
dos 1980), fase três (segunda metade dos anos 1980 aos 1990) e fase quatro (final dos anos 1990 em diante).
30
fundamental nas cadeias produtivas, pois une mercados promovendo a integração de
regiões e estados. (Atlas do Transporte, lançado em 2006 pela Confederação Nacional do
Transporte.)
A malha rodoviária pavimentada é composta de 57.933 Km de rodovias federais,
115.426 Km de rodovias estaduais e 22.735 Km de estradas municipais, totalizando uma
malha de 196.094 Km pavimentados. O total de rodovias no País é de 1.610.076 Km, o que
indica que 12% desse total possui pavimentação. O índice de pavimentação é de 79,7% para
as rodovias federais, de 49,6% para as estaduais e de apenas 1,7% para as municipais.
A importância do transporte rodoviário de cargas pode ser medida através de pelo
menos três indicadores financeiros: custos, faturamento e lucro. O TRC representa, em
média, 60% dos custos logísticos, 3,5% do faturamento, e em alguns casos, mais que o dobro
do lucro. Além disso, o transporte tem um papel preponderante na qualidade dos serviços
logísticos, pois impacta diretamente o tempo de entrega, a confiabilidade e a segurança dos
produtos (FLEURY, 1999).
Com o a globalização, e as constantes quebras de barreiras comerciais, o mercado
se tornou altamente competitivo, exigindo a busca incessante da excelência e da qualidade
dos produtos e serviços. É nesse contexto que o complexo e extenso ramo da logística é
desafiado em toda a sua extensão, particularmente quanto à gestão do transporte, por ser
este o responsável pela movimentação de mercadorias e estar sendo constantemente
influenciado pelas tecnologias emergentes (VARGAS, 2005).
De acordo com Arnold (1999), o transporte rodoviário de cargas (TRC) tem sido
considerado o meio de transporte mais comum e eficiente no território nacional, apesar do
custo do frete. Comparado aos demais meios de transporte, o caminhão tem um custo de
aquisição relativamente baixo, sendo o meio de transporte mais adequado para a
distribuição de pequenos volumes a áreas mais abrangentes.
“O transporte rodoviário é indicado para curtas e médias distâncias e carga de
maior valor agregado, é utilizado na maior parte dos transportes realizados no Mercosul”
segundo Viera (2001). Apesar de no território brasileiro termos muitas rodovias em um
estado de conservação ruim, provocando o aumento na manutenção de veículos e alto
índice no risco de roubo de cargas, esse tipo de transporte é muito utilizado, pois, mesmo
assim possui uma boa relação custo x benefício.
31
O sistema de transportes rodoviários é regulamentado e fiscalizado pela ANTT, que
tem como atribuições específicas a promoção de estudos e levantamentos relativos à frota
de caminhões, empresas constituídas e operadores autônomos, de transporte rodoviário de
cargas. Também é função da ANTT organizar e manter um registro nacional de
transportadores rodoviários de carga (RNTRC), este registro é obrigatório à atividade de
transporte rodoviário de cargas.
Existem no país 111.743 empresas, 274 cooperativas e 374.929 autônomos
transportadores de carga, inscritos no RNTRC (Anuário CNT do Transporte 2017). Com uma
frota total de 1.664.866 veículos, sendo 1.088.358 de empresas, 22.865 de cooperativas e
553.643 de autônomos.
As vantagens do transporte rodoviário, apresentadas por Ballou (2007), são: serviço
porta a porta, sem necessidade de carregamento ou descarga entre origem e destino;
frequência e disponibilidade dos serviços; velocidade e conveniência. Segundo Valente,
Passaglia e Novaes (2001), o modo rodoviário atinge, praticamente, todos os pontos do
território nacional, sendo o mais expressivo no transporte de cargas, no Brasil.
Normalmente o transporte de carga é realizado por empresas privadas ou
transportadoras que podem possuir frota e equipamentos próprios ou contratar serviços
diretamente. A decisão pela obtenção de frota própria depende do volume de carga; se este
for elevado, compensa, economicamente, possuir o meio de transporte (BALLOU, 2007).
Essa decisão leva em conta a análise do balanço entre os custos e o desempenho, e,
também, a flexibilidade do operador, o crédito, a reciprocidade ou relacionamento de longo
prazo com o transportador, em caso de terceiros. A administração da frota requer o
balanceamento das cargas, para verificar perdas de ida e de retorno. A gestão da
programação dos veículos requer a integração dos fretes de retorno com a distribuição dos
produtos, para que o veículo não rode vazio. É preciso programar o uso eficiente do
equipamento, para minimizar os custos e garantir o nível de serviço almejado.
Nesse aspecto, para Novaes (2007), o transporte rodoviário de carga possui uma
diferenciação nas operações, segundo a capacidade do veículo, que é chamado de lotação
completa e de carga fracionada. No caso de haver necessidade de entregas mais frequentes,
devido à exigência dos clientes ou de redução de estoques, assim como pela pulverização
dos pontos de destino no território nacional, utiliza-se a carga fracionada, por questões de
32
custos. Assim, lotes de proporções reduzidas são deslocados, por exemplo, do terminal da
transportadora, numa primeira cidade, para um terminal intermediário, onde sofre nova
triagem para ser conduzida ao destino final.
Muitas vezes, há mais do que um terminal de trânsito no percurso de uma
determinada remessa, e a quantidade de operações intermediárias faz com que o tempo de
viagem aumente, bem como o custo do transporte. Entretanto, se a carga fosse
transportada por veículo completo, nessas circunstâncias, o custo do transporte ficaria
muito alto e a frequência entre as entregas para um mesmo destino ficaria prejudicada,
podendo o cliente vir a recorrer a outro fornecedor.
Ainda segundo o autor, a lotação completa corresponde à transferência de
produtos entre a fábrica e um centro de distribuição em um veículo maior, completamente
lotado. Nesse modo operacional, além do transporte de uma quantidade maior, há três
ganhos principais de custo:
“O veículo é [...] maior, com custo mais baixo por unidade transportada;
por ser mais homogênea, a carga é melhor arrumada dentro do caminhão
[...]; eliminam-se inúmeras operações intermediárias [...] com expressiva
redução dos custos de movimentação da carga” (NOVAES, 2007, p. 245).
Comenta ainda o autor que o transporte rodoviário de carga também se distingue
pela estrutura de propriedade do veículo, pois grande parte da frota brasileira está nas mãos
de autônomos, contratados por empresas ou transportadores para deslocamento de lotação
completa ou transporte de carga fracionada, principalmente para distribuição urbana de
produtos. A frota própria da empresa, assim, pode ser parcial, o que evita a permanência
ociosa da frota quando a demanda reduz.
2.3.2 Ociosidade dos ativos rodoviários
De acordo com Ballou (2006), o percentual de custos de transportes em relação dos
custos logísticos totais pode variar de 30% a 60%. Dessa maneira um bom planejamento
para o transporte de cargas é de grande importância para o bom desempenho logístico e
financeiro das empresas. Para Maia (2011), o dimensionamento da frota deve seguir uma
33
metodologia a partir de uma sequência de passos, onde deve ser ressaltada a importância da
fase de levantamento de dados que deve ser realizada com precisão afim de obter a
precisão das informações que servirão para o planejamento e otimização logístico.
Existem diferentes análises que apontam elevada ociosidade nos ativos logísticos
rodoviários no Brasil como o estudo realizado em 2012 pela Confederação Nacional do
Transporte (CNT), indicando que 80% dos caminhoneiros autônomos atuam cotidianamente
com nenhuma carga (IDGNOW, 2015), ou seja, literalmente vazios, no Brasil ou como aponta
a notícia da Folha do Estado de São Paulo em que 43% dos caminhões trafegam vazios na
região metropolitana de São Paulo (FOLHA DE SÃO PAULO, 2008). O número está muito
próximo dos 40% das estimativas da CargoX, startup brasileira informalmente conhecida
como a “Uber dos caminhoneiros” (CANAL TECH, 2016).
Quando se vai a campo para entender a situação, é muito visível como os
indicadores reportados acima efetivamente acontecem na prática. Abaixo apresenta-se
algumas imagens fotografadas em momentos (dia e hora) específicos de saída de ativos
rodoviários de um centro de distribuição da DHL, as quais demonstram de forma clara a
ociosidade presente em diversos trechos do transporte brasileiro de carga fracionada. Todos
estes indicadores e vivencias são claras evidencias que há oportunidade otimizar o
transporte de carga no Brasil.
Figura 1 – Fotografias retiradas no centro de distribuição de Lovera (SP) da empresa DHL Supply Chain
Fonte: Fotos disponibilizadas pela empresa DHL Supply Chain em 06/06/2018
34
2.3.3 Relação entre ociosidade e custo
A relação entre a ociosidade e o custo é muito próxima, interferindo entre si de
forma direta e com grande impacto. Partindo do próprio conceito de ociosidade, "ocioso" é
um adjetivo substantivo que significa algo ou alguém está em estado de ócio, ou seja, sem
nada para fazer ou realizar. Considerando que economicamente todos os ativos geram
custos, é de extrema importância que estejam produzindo em grau máximo para que
possam gerar receita a fim de sustentar seus custos.
Os custos são divididos em duas naturezas principais, os fixos e os variáveis. No
contexto dos ativos ociosos, o custo variável oferece menor impacto pois somente existirá
quando o ativo estiver efetivamente produzindo. Por outro lado, o custo fixo é aplicado em
tempo integral e por este motivo merece maior atenção. Tomando o transporte rodoviário
como exemplo, um caminhão possui o mesmo custo fixo se estiver rodando vazio, com 50%
ou 100% de sua capacidade de carga tomada. O custo do motorista, licenciamento, seguro,
depreciação, desgaste de pneus, pedágios e até mesmo de combustível são praticamente
idênticos. Desta forma é crucial que as empresas busquem otimizar ao máximo o
carregamento do veículo para que o custo seja diluído de maneira uniforme.
O segmento do transporte opera com baixo grau de programação operacional
prévia nos carregamentos, pois a oscilação na indústria interfere diretamente no uso pleno
dos ativos disponibilizados. Para atender o mercado de forma competitiva, é necessário que
os transportadores mantenham todas programadas para toda sua área de atuação, ou seja,
independente do volume de carga para determinada região, no dia previamente estipulado
a carga deve ser expedida. Porém muitas vezes devido à sazonalidade do mercado, para a
determinada rota o volume de carga disponibilizado pelos clientes no período foi baixo. Ou
seja, naquela ocasião o veículo será expedido com baixo nível de ocupação tornando a
operação onerosa pois os custos fixos serão os mesmos se estivesse com total
preenchimento de sua capacidade de carga (BALLOU, 1993).
Desta forma fica evidenciada a relação direta entre a ociosidade e o custo. É
necessário que se busque pelo aumento da otimização dos ativos, desta forma operando de
maneira eficiente e sustentável.
35
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
No intuito de definir quais os procedimentos a serem utilizados para a coleta e para
a análise dos dados levantados, assim como construir um procedimento de pesquisa
adaptado às necessidades e objetivos deste trabalho, a pesquisa utilizada de forma mais
abrangente durante todo o desenvolvimento deste estudo foi a explicativa, buscando
sintetizar, teorizar e refletir sobre o assunto proposto. Durante todo o trabalho, busca-se
identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos ou as variáveis que
afetam o processo. Mesmo sendo a mais complexa (GIL, 1999), a pesquisa explicativa
contribuiu de forma a explicar os fenômenos de um determinado tema para entender suas
causas, suas variáveis e suas relações de dependência (Lakatos e Marconi, 2001).
O método utilizado no trabalho foi o dedutivo, no qual partiu-se das premissas
gerais acerca do tema para se discutir no seu aspecto específico. Assim como, foi utilizada
como natureza da pesquisa ambas as abordagens, qualitativa e quantitativa. Isto se tornou
necessário pois captou-se diversas informações numéricas para entender o cenário atual e
prospectar um possível cenário futuro, quantificando o problema e entendendo a dimensão
do mesmo. Ao mesmo tempo, foi importante entender o comportamento do mercado
frente ao tema, além do que fora encontrado em dados numéricos. Justa posto, foram
utilizados como fonte a realização de grupos de discussão (focus groups), entrevistas
qualitativas individuais em profundidade e observação de comportamentos, sempre
buscando delimitar o empirismo, subjetividade e o envolvimento emocional dos
pesquisadores (MINAYO, 2001).
Os dois métodos foram utilizados de maneira integrada para possibilitar uma
melhor compreensão do assunto abordado, visto que possibilitou evidenciar pontos cegos
que um único método não é capaz de alcançar (TRIVINOS, 1987), garantindo resultados mais
assertivos. Por conseguinte, foram selecionados os métodos de pesquisa aliando qualitativos
e quantitativos, os quais de acordo com Fonseca (2002), possibilitam a aproximação e um
entendimento da realidade que se deseja averiguar, como um processo em plena
construção, atingindo-a através de aproximações sucessivas da realidade, o que embasa
para uma intervenção no real.
36
Desta forma, quanto aos meios pode-se dizer que o trabalho teve o aporte de uma
pesquisa bibliográfica e documental.
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências
teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como
livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico
inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador
conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas
científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica,
procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher
informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do
qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).
Juntamente a estes métodos, foram realizadas investigações além das bibliográficas
e documentais, os quais são definidas como pesquisa de campo (FONSECA, 2002), visto que
foram executadas coletas junto a grupos, empresas e pessoas envolvidas ao tema proposto
por este trabalho. Foram utilizadas pesquisas com Survey, pesquisa de levantamento, estudo
de caso e de campo, bem como o uso da pesquisa participante. Para a realização das coletas
de dados, foram efetuados levantamentos documentais, bibliográficos, entrevistas e
observação participante e não participante, visto que os pesquisadores foram alocados de
forma a permitir ambas as abordagens, comportando como espectador, ou seja, observando
e assinalando os fatos pontuados ou assumindo o papel efetivo de envolvido/afetado direto
do tema observado.
Da mesma forma, foi realizada uma pesquisa quantitativa, finalizando com uma
produção que possibilitou confirmar as interpretações encontradas nas pesquisas
bibliográficas, assim como informações jornalísticas e governamentais sobre o cenário
estudado. Como citado por Minayo (2000), a pesquisa é um caminho sistemático que
permitiu indagar e entender o tema de estudo, desvendando os problemas existentes na
vida cotidiana, através da relação da teoria com a prática.
O questionário foi distribuído para mais de 600 endereços eletrônicos os quais
possuíam vínculo com o setor de transportes dos diversos modais. Basicamente, procedeu-
se à solicitação de informações a um grupo significativo de indivíduos acerca do problema
37
estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obter-se as conclusões
correspondentes aos dados coletados (KERLINGER, 1980). O meio eletrônico foi o escolhido
visto representar dentre várias vantagens, fácil administração, baixo custo, alcance
abrangente e rapta captação e análise dos dados e o tempo para se concluir a participação
na pesquisa foi de aproximadamente cinco minutos, reduzindo assim a possibilidade de
recusa frente ao mesmo.
Com o retorno dos respondentes, aproximadamente 11% da amostra atingida, foi
iniciada a análise de resultados e a redação final de texto, os quais todos os dados
levantados foram condicionados a uma avaliação e checagem, visando à sua confiabilidade
para que pudessem ser considerados na análise sugerida. Tal análise, envolveu a descrição
dos procedimentos a serem adotados tanto para análise quantitativa quanto para a
qualitativa, segundo Gil (1999).
4. LEVANTAMENTOS E ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
Neste estudo foram utilizadas informações pertinentes ao segmento do transporte
de cargas com ênfase no modal rodoviário, devido ao objetivo principal de analisar o
transporte rodoviário de cargas fracionadas.
Os dados e informações aqui utilizados são fruto de pesquisa bibliográfica
especializada, documentos e estudos publicados na internet, dados oriundos das empresas
onde os integrantes do grupo desenvolvem suas atividades profissionais e também de uma
pesquisa elaborada com 68 respondentes (quantidade de respostas de nossa pesquisa)
empresas do transporte de carga de diversos modais, operando no Brasil.
4.1 Benchmarking realizados
O termo "benchmarking" tem sua origem na língua inglesa, e possui como
significado "referência". Seu objetivo é realizar análise mais aprofundada das práticas
utilizadas por empresas do mesmo setor, para que sirvam como base para serem replicadas
pelas demais empresas do segmento.
38
Seja no mundo dos negócios, dos esportes, produção musical e cultural, a
comparação é a base para se avaliar aquilo que é feito ou criado, desta forma o
benchmarking é uma valiosa ferramenta para comparação no universo da competição, que é
algo natural para avaliar como se está diante da concorrência para que se possam tomar
decisões mais assertivas.
Nesta tarefa de monitoramento de mercado entram em jogo a análise,
interpretação, avaliação e mensuração das informações coletadas a fim de criar uma
inteligência de mercado e levam as empresas a adotar melhorias contínuas em seus
processos. É uma forma de evoluir as práticas de acordo com os insights de seus
concorrentes.
Os primeiros registros de benchmarking são de 240 a.C. onde os romanos, mesmo
com todo seu poderio militar, analisando os barcos dos cartagineses, construíram novos
barcos baseados em seu design e obtiveram muito mais sucesso nas batalhas durante as
tempestades do mar mediterrâneo. Ou seja, o processo de benchmarking, em sua essência,
permite uma empresa a melhorar a sua eficiência ao comparar o seu desempenho com
outras organizações. Para o estudo em tela, além de farta referência bibliográfica, cases
publicados na internet, entre outras metodologias, fora essencialmente importante a
captação de dados e informações junto a duas empresas que atuam diretamente ligadas ao
transporte rodoviário de carga fracionada. Desta forma foi possível obter dados reais sobre
as práticas usuais deste mercado, estrutura, custos operacionais, forma de atuação e
inclusive sobre a ociosidade dos ativos - objeto principal deste estudo.
São duas empresas que possuem posição de destaque no mercado em que atuam,
sendo referência nos serviços que prestam ao mercado. No transporte rodoviário de carga, é
determinante para o sucesso de uma organização que o setor operacional funcione muito
bem e de forma cíclica, pois é fundamental que os prazos de entrega sejam cumpridos para
fidelizar o cliente.
Mesmo sendo duas empresas de transporte que atuam no mesmo segmento, é
normal que tenham diferenças significativas em sua administração, modus operandi, marcas
dos implementos rodoviários (veículos) utilizados na frota, planos de cargos e salários, entre
outros. Porém um fator muito importante é comum entre as duas organizações: a
ociosidade de algumas rotas desempenhadas. Seja no trajeto de ida ou de retorno, seja com
39
destino à capital de determinado estado da federação ou mesmo a uma pequena localidade
no interior eventualmente ocorre a ociosidade, decorrente principalmente das oscilações do
mercado. O transporte rodoviário de carga, na maior parte do tempo, não detém
programação esmerada pois opera de acordo com a expedição de seus embarcadores,
porém havendo ou não grande demanda de carga para determinada região, aquela carga
captada deve viajar na data programada para ser entregue dentro do prazo estipulado.
Sendo assim um veículo deverá levar aquela carga ao destino final, mesmo seguindo com
espaço ocioso.
Portanto nota-se que a ociosidade deve ser estudada e tratada de forma a ser
reduzida ao máximo, diminuindo assim seus impactos negativos à operacionalidade e resulto
das empresas, e inclusive às rodovias e meio ambiente pois se o número de veículos
circulando nas estradas for menor certamente os benefícios atingirão a todos.
4.1.1 Transportadores
Com o intuito de enriquecer o estudo em tela com dados reais e mensuráveis,
houve efetivo aprofundamento na operação de duas empresas de transporte rodoviário de
cargas.
No caso da empresa X (a identidade da organização foi suprimida para que se
mantenha o máximo de confidencialidade das informações prestadas pela mesma), sua área
de atuação estende-se pelos sete estados que compõe as regiões sul e sudeste do Brasil. São
10 unidades distribuídas estrategicamente de forma a distribuir rapidamente os produtos
recebidos das demais filiais, bem como captar carga em seu mercado local com destino aos
demais mercados onde atua.
Tal operação deve funcionar em perfeita sincronia, através de linhas programadas e
organizadas na malha operacional de cada unidade. Por exemplo: nas sextas-feiras a
unidade de Bento Gonçalves (RS) expede cargas com destino a diversas outras unidades. Da
mesma forma, diversas outras filiais da empresa também estarão expedindo cargas para
Bento Gonçalves (RS). Na segunda-feira Bento Gonçalves receberá veículos oriundos de São
Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Todos eles possuem mercadorias para
40
diversas localidades do estado do RS, sendo então necessário realizar o Cross Docking dos
produtos e carregar veículos menores para entregar aos destinatários das cargas.
Atualmente, a empresa processa mensalmente cerca de 1.500 toneladas de carga,
sendo em média 4.000 entregas em 600 viagens. Uma das condições para assegurar-se no
mercado é manter a qualidade nos serviços, principalmente quanto ao prazo de entrega.
Portanto, independentemente da quantidade de carga a rota deverá ser percorrida para que
sejam garantidos os prazos de entrega contratados pelo cliente. Não incomum ocorrem
casos em que determinada rota está deficitária, com baixo fluxo de carga, traduzindo-se em
prejuízo financeiro. Os custos para desenvolver um trajeto com a lotação máxima ou média
são praticamente os mesmos.
Outro fator de grande impacto neste contexto é que nestas rotas de distribuição
das cargas de outras unidades muitas vezes o veículo retorna vazio para a base percorrendo
distâncias consideráveis sem gerar qualquer receita.
Uma das saídas poderia ser a terceirização, contratando veículos para atender
determinadas rotas, o que é viável, porém não solucionaria o problema devido a
sazonalidade do mercado. Quando a demanda de carga cresce a oferta de caminhões
diminui e corre-se o risco de ficar com as cargas paradas no armazém. Por este motivo é
aconselhável que boa parte da logística seja realizada através de frota própria para garantir
ao cliente o nível de serviço desejado, principalmente na distribuição das cargas. No caso da
empresa em tela, a terceirização ocorre na transferência de carga entre as unidades, sendo
mais fácil o controle logístico pois a operação não é itinerante e sim entre ponto A e B.
Como outro exemplo temos a empresa Y (a identidade da organização foi suprimida
para que se mantenha o máximo de confidencialidade das informações prestadas pela
mesma), que atua fortemente na região Sul do país, recebe diariamente no CD PR cargas
vindas de São Paulo para distribuição em PR e SC, são aproximadamente 2 carretas diárias
com carga fracionada para seguir em carros menores até chegar no cliente final, a malha é
dividida em rota urbana dentro da capital Curitiba e região metropolitana, e também os
carros de viagem que atendem clientes com hora marcada e exclusivamente com a carga do
cliente em questão, ou seja, o veículo não é compartilhado devido ao PGR ( regras de
gerenciamento de risco) do cliente.
41
Para manter uma boa receita, é necessário manter uma boa média na quantidade
de notas por carro e ocupação do veículo em 100%, desta forma o lucro se torna maior, e
não há desperdício de espaço e número de carros utilizados.
No caso da empresa B, os carros utilizados para as entregas são 100% frota
terceirizada, o que em uma eventual greve ou protesto, a empresa possa vir a ser
prejudicada pela escassez de agregados, o que induz a empresa a ter pelo menos uma
porcentagem da frota própria.
4.1.2 Plataformas digitais
Diante de um cenário cada vez mais competitivo e da globalização, onde a
comunicação é farta, acessível e barata, iniciou-se um movimento a nível mundial para o
compartilhamento dos ativos, visando a diminuição dos custos e o aumento dos resultados.
No Brasil, país que concentra mais de 60% de sua matriz de transporte no modal rodoviário
e que possui dimensões continentais esta tornou-se uma tendência nos últimos anos,
situação potencializada pelo cenário econômico de crise e a constante busca pela diminuição
de custos.
Neste contexto começaram a aparecer no mercado algumas ferramentas com o
objetivo de integrar os players, ofertando em uma única plataforma tanto a carga quanto a
disponibilidade de veículos. A primeira delas foi o FreteBrás, um projeto idealizado em
meados do ano 2000, mas que foi implantado em 2008 e mudou o mercado do transporte,
principalmente para os embarcadores de carga lotação e para o caminhoneiro autônomo. A
seguir, um breve demonstrativo visual da dinâmica da plataforma FreteBrás:
42
Figura 2 – Esquema simplificado de funcionamento da empresa “Fretebrás”
Com o passar do tempo surgiram também outras ferramentas, tais como, Truckpad,
Cargo X, Uship e Uberfreigth entre outros, todos com o objetivo de aproximar a carga do
caminhão correto, considerando menor custo e determinado nível de segurança. O
motorista autônomo baixa o aplicativo no seu celular, se cadastra na plataforma e faz um
"check-in" no local que deseja encontrar uma carga. Do outro lado estão as transportadoras,
que também se cadastram no site da plataforma, porém para fazer o anúncio de suas cargas
arcam com custo médio periódico de R$ 80,00 (Graziela Potenza - Revista Caminhoneiro
2016).
Além das ferramentas citadas acima há outras focadas em conectar o transportador
ao embarcador ou a operadores logísticos. Possuem algumas especificidades, como modo de
Fonte: Disponível em: https://www.fretebras.com.br/como-funciona/. Acesso em 21/06/2018.
43
rastreamento, prazos de pagamento, formação de preço, etc. Foram analisadas outras
soluções dentre as mais lembradas no mercado: Uship, Cargo X, Truckpad, Uberfreight.
A análise mostra que dentre as principais ferramentas disponíveis do mercado há
soluções ainda não atendidas:
Transporte de Fracionado: a Uship e a Truckpad possuem solução para esse
tipo de carga que permitiria o compartilhamento do transporte dos volumes.
As outras ferramentas trabalham somente com lotação (FTL – Full truckload).
Um sistema que vise a otimização da ocupação em veículos deve propor a
possibilidade de transportar fracionados e deve ter ferramentas que
possibilitem o controle através do monitoramento;
Rastreabilidade: A ferramenta Uship permite o monitoramento ao longo do
trajeto. Como fonte ela utiliza o próprio smartphone do transportador que ao
instalar o APP permite o compartilhamento do posicionamento. Contudo há
grandes áreas de sombra de sinal em nossas rodovias o que traz lacunas de
informação. A Truckpad traz somente a atualização dos check points. A
segurança e rastreabilidade da carga é fator primordial para o embarcador ou
operador logístico. Especialmente quando a carga será transportada por
outro transportador. Por isso é imprescindível que seja utilizado sistema de
rastreamento via GPS, garantido o monitoramento da carga na totalidade do
trecho.
A definição do preço a ser cobrado pelo transporte também deve ser avaliada. As
ferramentas atuais geralmente estão baseadas na lei da oferta e demanda: quanto maior a
demanda maior o valor a ser cobrado para o transporte. Para uma solução que vise a
otimização dos veículos é necessário definir os valores previamente facilitando a tomada de
decisão de quem tem carga para enviar.
Quando falamos em qualidade dos serviços prestados vários fatores influenciam na
classificação. A rastreabilidade da carga, a idade e confiabilidade da frota, as instalações dos
CDs entre outros fatores. As soluções atuais atuam mais como classificados onde qualquer
um pode visualizar a sua demanda e propor o transporte. É fundamental que a decisão seja
rápida e simples por isso a eleição de parceiros chaves é imprescindível. A seguir, um resumo
contendo os principais portais que intermediam venda de transporte de cargas.
44
Tabela 3 – Comparativo entre os principais portais e variáveis de atendimento
USHIP CARGO X TRUCKPAD UBER
FREIGHT FRETEBRÁS
PREÇO
Cotação por região (lei da
oferta e demanda)
Valor do frete por cotação
Pré-estabelecido, adicionado a
uma mensalidade
Tabelado mais taxas
(EUA)
Valor fixo mensal
RASTREABILIDADE
Rastramento e atualização de status via compartilha
mento da localização do celular instalado
com o app da empresa
Rastramento por etapas,
check points. A ferramenta
é o próprio app que
permite a configuração de passagem
no local
Rastramento por etapas,
check points. A ferramenta
é o próprio app que
permite a configuração de passagem
no local
Rastramento e atualização de status via
compartilhamento da localização do celular
instalado com o app da empresa
QUALIDADE Marketplace
Pública ou privada
Marketplace Pública
EXPERIÊNCIA Interface amigável Ruim
PAGAMENTO Após o frete de acordo
com o cliente
Até 80% na contratação e o restante na entrega
Acordo entre os envolvidos
na negociação
7 dias após a entrega
Após o frete de acordo
com o cliente
TIPO DE CARGA
Fracionado e lotação
Lotação Fracionado e
lotação Lotação
Fracionado e lotação
4.2 Questionário de pesquisa
Com objetivo de aprofundar o estudo elaboramos um questionário, focado para os
integrantes da cadeia de transporte rodoviário buscando avaliar diferentes dimensões,
desde o entendimento de informatização e adesão as novas tecnologias do mercado,
passando por caracterização dos respondentes, até sugestão de possíveis propostas. Nessa
etapa encontramos ricos insights para a proposta.
Fonte: Elaborado pelos autores
45
4.2.1 Características dos respondentes
O questionário obteve 68 respostas, dos quais 49 são provenientes de respondentes
do modal rodoviário de cargas, sendo 88% transportador de carga, 11% embarcador e 2%
empresas de tecnologia. Mais da metade dos respondentes atuam na região Sul e Sudeste,
sendo que 29% atuam duas regiões geográficas do Brasil, 27% são focados em um estado,
24% em atuam em três regiões, 6% estão em uma única região e 4% atuam em 4 regiões ou
tem abrangência nacional. Também temos uma concentração das repostas no tipo de carga
transportada, com 73% dos respondentes focados em carga geral.
Abaixo ilustramos o porte das empresas, sendo que quase a metade das mesmas se
enquadram no porte de 51 a 500 funcionários.
Gráfico 1 - Distribuição por porte das empresas representadas
4.2.2 Análise do questionário
O questionário foi construído para o entendimento de como as empresas se apoiam
nas atuais tecnologias para fazer a gestão da logística, bem como para maximizar a utilização
dos ativos. Ao se perguntar que plataformas utilizavam para fazer a gestão, vimos que 20%
dos respondentes o fazem através de Excel, indicando uma limitação na capacidade de
otimização.
2%
22%
43%
27%
6% AUTÔNOMO
MENOS QUE 50FUNCIONÁRIOS
ENTRE 51 E 500FUNCIONÁRIOS
ENTRE 501 E 5000FUNCIONÁRIOS
MAIS QUE 5001FUNCIONÁRIOS
Fonte: Elaborado pelos autores
46
Em relação a utilização das plataformas digitais de conexão entre embarcador e
transportador, como por exemplo FreteBrás, vemos que 49% dos respondentes as utilizam.
Contudo, 72% dos usuários o fazem de uma maneira manual inserindo cada caminhão e dia
com disponibilidade para transporte de carga. Somente 28% dos respondentes faz este
trabalho de forma automatizada via APIs ou cargas massivas de dados (gráfico 2).
Gráfico 2 - Meios de integração usuário com atuais plataformas digitais
Mas mesmo assim, somente 24% dos usuários acham difícil a interação com a
plataforma (gráfico 3), evidenciando uma alta predisposição a usa-la. Uma vez que uma nova
plataforma forneça maneiras ainda mais simples e claras de fazer upload dos dados, a
propensão será um aumento do uso das plataformas dado a sua baixa rejeição.
É possível avaliar também que, 90% dos entrevistados acreditam que uma
plataforma de compartilhamento de ativos de logística rodoviária faria sentido, entretanto,
ao se perguntar se estariam dispostos a entregar a carga em um centro de distribuição para
fazer uma baldeação, 30% respondem que não o fariam por diferentes motivos, que de um
modo geral se resume a um medo do que pode acontecer com a carga entregue a um
parceiro desconhecido. Sendo essa mais uma oportunidade para ser trabalhada por uma
nova plataforma.
72%
14%
14% INSERÇÃO MANUAL NAPRÓPRIA PLATAFORMADIGITAL
INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS(API)
UP LOAD MASSIVO DEARQUIVO NA PLATAFORMA (TXT.XLS.ETC)
Fonte: Elaborado pelos autores
47
Gráfico 3 – Utilização dos sistemas existentes atualmente no mercado3
4.3 Proposta de solução
Hoje muitas transportadoras e operadores logísticos têm enviado veículos entre
suas filiais com ociosidade de carga. Quando o transportador envia um veículo ocioso isso
implica em incremento do valor do custo por volume movimentado.
A proposta é mitigar esse tipo de ocorrência permitindo que um transportador
divulgue através de um portal a quantidade ou a capacidade de volume que tem para
transportar de um ponto a outro. Isso permitiria que ele decidisse enviar a carga através do
parceiro evitando a alocação de um veículo com baixa taxa de ocupação. Ou que capte mais
carga garantindo a ocupação do veículo e sendo remunerado por isso.
Todo o processo deve acontecer de forma simples, rápida e descomplicada. O
portal deve possuir uma interface amigável sem muitos passos possibilitando que todo o
processo dure no máximo 3 minutos. Isso permite que as pessoas alocadas para a operação
continuem a desempenhar suas atividades sem interferências e utilizem a ferramenta com o
objetivo de aumentar a produtividade. O acompanhamento do retorno da solicitação
também deve ser descomplicado com uma única interface.
3 Respostas baseadas na seguinte escala de 1 a 5, onde nota 1 representa “discorda totalmente” e nota 5 “concorda totalmente”.
9%
15%
35% 37%
4%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
1 2 3 4 5
É FÁCIL UTILIZAR OS SISTEMAS ATUAIS DO MERCADO?
Fonte: Elaborado pelos autores
48
O processo deve ser seguro e confiável, isso será garantido pela seletividade dos
parceiros, índices de classificação e ranking geral e por usuário. Premissas que geram
segurança já serão previamente definidas e salvas na configuração do usuário sendo
necessário analisar e eleger com quem se deseja trabalhar apenas uma vez.
A ferramenta será desenvolvida para transportadoras e operadores logísticos que
possuem transferências entre os principais centros industriais. Também devem possuir
centros de consolidação e de distribuição de cargas nas origens e destinos que se
disponibilizarem a atender.
4.3.1 Detalhamento
O envio de uma carga através de outro transportador exemplifica uma aliança.
Aliança significa união para atingir um objetivo comum. A palavra “juntos”, unidos em latim
é representada por “Simul’. Esse é o nome que melhor pode representar essa solução. A
união do setor em busca da produtividade é o principal objetivo da proposta. Para transmitir
tudo o que a ferramenta propõe sendo simples e prática foi desenvolvido um logo que
remete ao movimento, as estradas, lembrando curvas e mapas. A cor escolhida foi o laranja
que remete a criatividade, a energia e prosperidade.
Figura 3 – Logotipo para a nova plataforma proposta
Fonte: Elaborado pelos autores
Através de uma portal web as transportadoras publicarão a previsão de partida e o
volume disponível por rotas (origem versus destino). Os transportadores também podem
postar os volumes que planejam enviar via outra transportadora.
Haverá uma tela inicial onde será necessário entrar com usuário e senha. Caso não
possua cadastro poderá solicitar e em instantes receberá seu login. Nessa mesma tela
49
qualquer pessoa que tenha interesse no tema poderá conferir mais informações sobre a
plataforma e como ela funciona.
Figura 4 – Protótipo para tela inicial da solução proposta
Fonte: Elaborado pelos autores
Realizado o login o usuário é direcionado para a tela de programação. Nessa tela
haverá duas sub janelas. Uma acima onde devem ser postadas as cargas que serão
transportadas por outros parceiros. Haverá outra abaixo onde serão postados os espaços
ociosos por origem x destino.
Os campos a preencher são: 1) Origem x Destino – onde deverá ser coletado e onde
deverá ser entregue e; 2) Volume – com descrição da quantidade de posições palet, peso e
volume.
50
Figura 5 – Protótipo para tela de programação da solução proposta
Há a opção de cadastrar a frequência da necessidade. Muitos transportadores
possuem ociosidade diária entre as rotas e para simplificar o trabalho será necessário
cadastrar uma única vez na semana. Caso haja alteração na demanda o usuário poderá
cancelas essa solicitação apenas selecionando a linha e clicando em remover.
Figura 6 – Protótipo para tela de acompanhamento da solução proposta (item A)
Fonte: Elaborado pelos autores
Fonte: Elaborado pelos autores
51
Nessa mesma tela já é possível acompanhar a carga através de macro pontos:
Confirmação de coleta, carregamento, trânsito e entrega. Durante a etapa de transito é
possível visualizar a carga no mapa.
Figura 7 – Protótipo para tela de acompanhamento da solução proposta (item B)
Nessa tela ainda é possível eleger o transportador seja pela confiança, localização,
facilidade para o transporte da carga que foi disponibilizada. Para facilitar a gestão dos
transportares parceiros há uma classificação que permite o usuário avaliar somente seus
parceiros e o ranking regional. Isso é informação importante para cada usuário porque
permite eleger somente os transportadores mais adequados ao negócio e ao gerenciamento
de risco.
Figura 8 – Protótipo para tela de classificação do transportador
Fonte: Elaborado pelos autores
Fonte: Elaborado pelos autores
52
As tarifas serão cadastradas antecipadamente por volume/trecho com o objetivo de
evitar a canibalização ou mesmo o surgimento de tarifas muito altas que inviabilizem o
negócio. O objetivo é conectar demanda x capacidade a um preço competitivo e com nível
de serviço previamente conhecido.
Uma última interface traz os relatórios: Financeiros e operacionais. Os financeiros
trazem informação de qual o valor pago para transporte com terceiros e quanto houve de
receita com a venda de espaço nas viagens. Mais aberturas podem ser realizadas através da
extração da base de viagens.
O relatório operacional registra quantas viagens foram evitadas através do envio de
cargas em terceiros e quanto a lotação dos veículos aumentou com a venda de espaços
disponibilizados na plataforma.
Figura 9 – Protótipo para tela de indicadores de performance da solução proposta
O usuário poderá ter uma visão simples e objetiva do potencial dessa ferramenta
proposta. Uma ferramenta simples e prática que não exige alocação de mais colaboradores e
trará resultados imediatos ao setor de transporte de carga fracionada.
Fonte: Elaborado pelos autores
53
4.3.2 Viabilidades
Uma vez a ideia concebida, procuramos garantir que ela será factível através de uma
revisão apoiada em diferentes óticas. Primeiro, analise de viabilidade financeira para avaliar
a possibilidade de investimento e retorno econômico da proposta. Na sequência, temos a
análise de viabilidade técnica, operacional e estratégica, que também visam revisar os
principais pilares que sustentam a proposta. Após todos levantamentos detalhados abaixo,
vemos que o conceito de plataforma digital de otimização é viável.
4.3.2.1 Viabilidade financeira
A ótica da viabilidade financeira está voltada à projeção de ganho de que a
plataforma digital pode ter. Para fazer essa projeção, foi estudado o tamanho do mercado
de empresas e transportadores autônomos de carga rodoviária, precificação da prestação
serviço já praticada no mercado, potencial captura de mercado e custos comercias.
Segundo estudo feito o anuário Anuário CNT do Transporte 2017, no Brasil existem
487 mil transportadores de carga, dos quais 112 mil são empresas de carga (ETC). Quando
olhamos a precificação feita pelas demais plataformas já existentes no mercado, notamos
uma grande variação de preço; desde a cobrança de 15% do valor do frete como a Cargo X,
até a cobrança de um valor único por mês como a “FreteBrás” (R$ 78,00 por mês). Para ser
conservador vamos assumir a cobrança de um valor único estipulado na metade do preço do
líder R$ 38,00.
Simplesmente assumindo os custos e receitas mencionados acima, já é possível notar
um elevado ganho financeiro de aproximadamente 5,9 milhões de reais por ano que
suportariam os custos de manutenção da plataforma bem como altos investimentos iniciais
amortizados em por exemplo 5 anos. Abaixo seguem os detalhes:
54
Tabela 3 – Cálculo de viabilidade para a solução sugerida
4.3.2.2 Viabilidade Técnica
É fundamental realizar o estudo da viabilidade técnica, pois com ele se obtém
conhecimento sobre os aspectos principais que serão a base da plataforma, descartando
possíveis restrições
Os aspectos necessários à avaliação da viabilidade técnica são: transporte de carga,
possibilidade de consolidação de mercadorias, ociosidade dos ativos rodoviários,
plataformas digitais, equipamentos tecnológicos, legais, dentre outros, conforme ilustra o
quadro abaixo:
Tabela 4 – Aspectos e fatores da viabilidade técnica
Aspectos Fatores analisados
Transporte de carga
A matriz de transporte de cargas é predominantemente rodoviária, se tornando o
modal fundamental nas cadeias produtivas, pois une mercados promovendo a integração de
regiões e estados.
Fonte: Elaborado pelos autores
55
Possibilidade de consolidação de mercadorias
Utiliza-se a carga fracionada, no caso de haver necessidade de entregas mais frequentes, devido
à exigência dos clientes ou de redução de estoques, assim como pela pulverização dos
pontos de destino no território nacional, ou por questões de custos.
Ociosidade dos ativos rodoviários
Elevada ociosidade nos ativos logísticos rodoviários no Brasil, com veículos que rodam
vazios ou que não maximizam sua capacidade de carga.
Plataformas digitais
Existem no mercado ferramentas que permitem integrar os players, ofertando em uma única
plataforma tanto a carga quanto a disponibilidade de veículos.
Equipamentos tecnológicos A grande maioria dos motoristas tem
smartphone que permitem baixar aplicativos, se comunicar por dados e ser rastreado por GPS
Legais A lei 11.442/2007 dispõe sobre o Transporte Rodoviário de Cargas – TRC e permite a carga
fracionada Fonte: Elaborado pelos autores
4.3.2.3 Viabilidade Operacional
Um dos fatores mais críticos é o operacional, ou seja, como será a aceitação por
parte dos usuários, quais os requisitos dos clientes, etc. Diz respeito ao que o cliente espera
e o que o sistema será capaz de fazer.
Os aspectos necessários à avaliação da viabilidade operacional são: tipo de
mercadorias e embalagens, tipo de equipamento, cadastro na plataforma, consolidação de
carga, coleta, transferência e entrega, documentação para viagem, seguro, dentre outros,
conforme ilustrado a seguir:
Tabela 5 – Aspectos e fatores da viabilidade operacional
Aspectos Fatores analisados
Tipo de mercadorias e embalagens Devem ser bem detalhados, considerando
peso, volume, quantidade, tipo de produto, etc.
Tipo de equipamento As caraterísticas das unidades ofertadas devem ser bem definidas, por exemplo: sider, baú, carreta lonada, medidas, etc.
56
Cadastro na plataforma A plataforma permite vincular a oferta de
carga com a oferta de transporte
Consolidação de carga
Diferentes produtos podem ser consolidados sempre que sejam compatíveis, que estejam devidamente embalados e considerando o
critério de empilhamento, evitando avarias.
Coleta, transferência e entrega Programação de coletas e visibilidade de
transferência e entregas, é fundamental na operação
Documentação para viagem
Um caminhão deve levar CT-e (Conhecimento Transporte eletrônico), conforme a quantidade de Nota Fiscais transportadas, pudendo estes CT-e de
diferentes transportadoras.
Seguro Cada mercadoria transportada terá seguro da transportadora que emite do CT-e ou do dono da carga (remetente ou destinatário)
Fonte: Elaborado pelos autores
4.3.2.4 Viabilidade Estratégica
Finalmente não podemos deixar de mencionar sobre a necessidade de um
planejamento estratégico, que abordamos tratando os seguintes aspectos: mudança de
cultura, quebra de paradigma, coworking, cooperativismo, compliance, ambiental, social,
dentre outros, conforme ilustra o quadro abaixo:
Tabela 6 – Aspectos e fatores da viabilidade estratégica
Aspectos Fatores analisados
Mudança de cultura
O setor de transporte rodoviário na busca da competitividade bem madurecendo com o
tempo, e se mostra aberto a mudanças. Mesmo assim pode existir resistência de
empresas com gestão familiar que são mais reticentes as mudanças.
Quebra de paradigma
Num mundo globalizado onde as mudanças são vertiginosas e é necessário pensar “fora
da caixa”, a quebra de paradigmas é bem recebida. O compartilhamento de dados
através da plataforma como player neutro tratado em forma confidencial é
fundamental para pensar diferentes
57
alternativas de soluções logísticas.
Coworking Existe uma marcada tendência nas empresas
em querer compartilhar recursos que permitam reduzir custos.
Cooperativismo
Por médio da plataforma serão criadas alianças estratégicas ou sociedades
colaborativas que permitam trazer benefícios as partes. Reduzindo a ociosidade sem afetar
as estratégias individuais.
Compliance
Existe um compromisso da plataforma em mostrar os dados que previamente foram
sinalizados nos termos de adesão ao serviço. Avaliações técnicas, operacionais, legais e
financeiras das empresas participantes, são fundamentais para cuidar da reputação de
todos os envolvidos.
Ambiental Menor impacto no meio ambiente com a
redução de gases contaminantes e consumo de combustível.
Social Diminuição de veículos de grande porte
trafegando pelas estradas e cidades, provoca menos acidentes e redução no transito
Fonte: Elaborado pelos autores
5. CONCLUSÃO
Neste trabalho abordamos a plataforma digital como instrumento de otimização de
ativos logísticos para sanar problemas de cargas fracionadas, as quais quando não
distribuídas de forma adequada geram prejuízos para seus transportadores. Com o advento
da globalização, devido à constante quebra de barreiras comerciais, o mercado se tornou
altamente competitivo, exigindo a busca incessante da excelência e da qualidade dos
produtos e serviços para atender ao cliente de forma mais satisfatória. É nesse contexto que
o complexo e extenso ramo da logística é desafiado em toda a sua extensão,
particularmente quanto à gestão do transporte, por ser este o responsável pela
movimentação de mercadorias e estar sendo constantemente influenciado pelas tecnologias
emergentes (VARGAS,2005).
A gestão do transporte rodoviário, muitas vezes, tem sido deixada para segundo
plano, predominando, ainda, modelos arcaicos de gestão empresarial. A inexistência de um
58
sistema permanente de monitoramento e controle de desempenho no setor de transportes,
bem como a falta de índices que mensurem o grau de eficiência do setor que sirvam de
instrumento para tomadas de decisão e controle gerencial, é um dos motivos que justificam
o estudo mais aprofundado do assunto.
A logística tem sido um desafio, na atualidade. A gestão do transporte é um dos
pontos que a gestão estratégica da logística precisa considerar, para a eficácia da empresa.
Neste trabalho, apresenta-se a importância que a gestão do transporte rodoviário tem, nos
tempos atuais, para a satisfação do cliente e a minimização dos custos. A plataforma é um
novo método de se trabalhar, não existe razão para se trabalhar no prejuízo ou com
capacidade de carga inferior ao da capacidade máxima do veículo, transportadores devem
deixar de lado visão de dono de rota ou clientes exclusivos e focar no lucro e na otimização
de seus ativos.
A falta de infraestrutura brasileira está corroendo a receita das empresas. Estudo
realizado pela Fundação Dom Cabral mostra que as companhias gastaram, em média,
12,37% do seu faturamento bruto com custos logísticos no Brasil nos últimos três anos. Ou
seja, tiveram de desembolsar 15,5 bilhões de reais a mais de 2015 para cá, quando o
porcentual era de 11,73%. “Entre as vinte principais economias do mundo, o maior custo
está aqui. Nos Estados Unidos, por exemplo, as empresas despenderam 8,5% do
faturamento e na China 10%”, diz o professor Paulo Resende, coordenador do Núcleo e da
pesquisa. ”
O objetivo principal da plataforma é fazer os ativos serem utilizados em sua
totalidade, o empresário transportador deve ter em mente que uma carga mal
dimensionada gera prejuízo. Esse trabalho foi muito importante para nosso grupo, pois
mostrou partes importantes do setor de transporte que ficam ocultas e que somente indo a
campo e com pesquisas acabamos percebendo a real situação do comportamento das
cargas. O objetivo principal é mostrar para os transportadores que existe uma solução para
sair do prejuízo, compartilhando espaços vazios em seus veículos, muitas vezes é mais
rentável enviar uma carga fracionada para outro transportador do que transportá-las com
prejuízo.
59
REFERÊNCIAS
ALBERTIN, Alberto. Valor estratégico dos projetos de tecnologia da informação. Rev. adm.
empresa. Vol.41, no.3. São Paulo, Julho/Setembro 2001.
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