Microsoft Word - Andrade, Oswald de - Memórias sentimentais de Joao Miramar
Oswald de andrade
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Oswald de Andrade
José Oswald de Sousa Andrade
(São Paulo SP, 1890 - idem 1954)
Formou-se bacharel em Direito em São Paulo, em1919. Dois anos depois começou a articular acampanha modernista, com a publicação doartigo O Meu Poeta Futurista, que lançou opoeta Mário de Andrade, no Jornal doComércio, e o contato com os artistas eintelectuais, como Anita Malfatti e ManuelBandeira, que participariam na Semana de ArteModerna, em 1922. Foi integrante do PartidoComunista, entre 1931 e 1945, e sofreuperseguições políticas pela sua militância.
Na década de 1920, colaborou em vários
periódicos, principalmente nos modernistas,
como a revista Klaxon, publicou os
romances da Trilogia do Exílio e trabalhou
na divulgação da estética modernista com os
manifestos Pau-Brasil (1924) e
Antropofágico (1928). Nos anos seguintes
publicou romances, entre eles Serafim
Ponte Grande e Marco Zero, além de
peças teatrais, dentre as quais se destaca O
Rei da Vela.
Em 1945 tornou-se livre-docente em
Literatura Brasileira na USP, com a
tese A Arcádia e a Inconfidência.
Publicou, em 1954, o livro de
memórias Um Homem Sem
Profissão. Destacam-se, em sua obra
poética, os livros Pau-Brasil (1925) e
Primeiro Caderno do Aluno de
Poesia Oswald de Andrade (1927).
Oswald foi também cronista inovador;
criou, em 1912, a crônica da
imigração na revista O Pirralho,
escrevendo em estilo macarrônico. Ao
longo da vida, "registrou e comentou,
de modo crítico, praticamente todos os
grandes e momentosos temas e
problemas do seu e do nosso tempo",
segundo Mário da Silva Brito.
A poesia Oswaldiana
Erro de português
Quando o português chegouDebaixo de uma bruta chuvaVestiu o índioQue pena!Fosse uma manhã de solO índio tinha despidoO português.
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarroDiz a gramáticaDo professor e do alunoE do mulato sabidoMas o bom negro e o bom branco Da Nação BrasileiraDizem todos os diasDeixa disso camaradaMe dá um cigarro.
Vício da fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
“Como poucos, eu
conheci as lutas e as
tempestades. Como
poucos, eu amei a
palavra liberdade e por
ela briguei.”
Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmaresOnde gorjeia o marOs passarinhos daquiNão cantam como os de láMinha terra tem mais rosasE quase que mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terraOuro terra amor e rosasEu quero tudo de láNão permita Deus que eu morraSem que volte para láNão permita Deus que eu morraSem que volte pra São PauloSem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo.
O Capoeira
- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na
calçada.
Oferta
Quem sabe
Se algum dia
Traria
O elevador
Até aqui
O teu amor
O gramático
Os negros discutiam
Que o cavalo sipantou
Mas o que mais sabia
Disse que era
Sipantarrou.
Balada do Esplanada
•
Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.
Eu queria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
É o hotel
Do menestrel
Pra me inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel
Mas não há, poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Splanada
Ou Grand-HotelHá poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador
Metalúrgica
1300 à sombra dos telheiros retos
12000 cavalos invisíveis pensando
40 000 toneladas de níquel amarelo
Para sair do nível das águas esponjosas
E uma estrada de ferro nascendo do solo
Os fornos entroncados
Dão o gusa e a escória
A refinação planta barras
E lá embaixo os operários
Forjam as primeiras lascas de aço
Cidade
Foguetes pipocam o céu quando em quando
Há uma moça magra que entrou no cinema
Vestida pela última fita
Conversas no jardim onde crescem bancos
Sapos
Olha
A iluminação é de hulha branca
Mamães estão chamando
A orquestra rabecoa na mata
Bonde
O transatlântico mesclado
Dlendlena e esguicha luz
Postretutas e famias sacolejam
Fotógrafo Ambulante
Fixador de corações
Debaixo de blusas
Álbum de dedicatórias
Marquereau
Tua objetiva pisca-pisca
Namora
Os sorrisos contidos
És a glória
Oferenda de poesias às dúzias
Tripeça dos logradouros públicos
Bicho debaixo da árvore
Canhão silencioso do sol
•
a europa curvou-se ante o brasil
7 a 2
3 a 1
A injustiça de cette
4 a 0
2 a 1
3 a 1
E meia dúzia na cabeça dos portugueses
biblioteca nacional
A Criança Abandonada
O Doutor Coppelius
Vamos Com Ele
Senhorita Primavera
Código Civil Brasileiro
A arte de ganhar no bicho
O Orador Popular
O Pólo em Chamas
meus oito anos
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
Eu tinha doces visões
Da cocaína da infância
Nos banhos de astro-rei
Do quintal de minha ânsia
A cidade progredia
Em roda de minha casa
Que os anos não trazem mais
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
Barricada
Todos os passarinhos da Praça da República
Voaram
Todas as estudantes
Morreram de susto
Nos uniformes de azul e branco
As telefonistas tiveram uma síncope de fios
Só as árvores não desertam
Quando a noite luz
Alerta
Lá vem o lança-chamas
Pega a garrafa de gasolina
Atira
Eles querem matar todo amor
Corromper o pólo
Estancar a sede que eu tenho doutro ser
Vem do flanco, de lado
Por cima, por trás
Atira
Atira
Resiste
Defende
De pé
De pé
De pé
O futuro será de toda a humanidade
Relógio
As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
O Hierofante
Não há possibilidade de viver
Com essa gente
Nem com nenhuma gente
A desconfiança te cercará como um escudo
Pinta o escaravelho
De vermelho
E tinge os rumos da madrugada
Virão de longe as multidões suspirosas
Escutar o bezerro plangente
Longo da Linha
Coqueiros
Aos dois
Aos três
Aos grupos
Altos
Baixos
Jogo do Bicho
Mário de Andrade 500 réis
Alcântara
Prudente
Manuel Bandeira
Ribeiro Couto
Sérgio Hollanda
Couto de Barros
Pero Vaz de Caminha
A descobertaSeguimos nosso caminho por este mar de longoAté a oitava da PáscoaTopamos avesE houvemos vista de terra
Os selvagensMostraram-lhes uma galinhaQuase haviam medo delaE não queriam por a mãoE depois a tomaram como espantados
Primeiro cháDepois de dançaremDiogo DiasFez o salto real
As meninas da gareEram três ou quatro moças bem moças e bem gentisCom cabelos mui pretos pelas espáduasE suas vergonhas tão altas e tão saradinhasQue de nós as muito bem olharmosNão tínhamos nenhuma vergonha
REFERÊNCIAS
• http://pensador.uol.com.br/oswald_de_andrade
_poemas/. Acesso em 31 de março de 2013.
• http://www.revista.agulha.nom.br/oswal.html#
canto. Acesso em 31 de março de 2013.
• http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBr
asileira/Modernismo22/OSWALD_DE_ANDR
ADE_poesia.htm. Acesso em 31 de março de
2013.