Os sentidos atribuídos por alunos iniciantes de um curso regular sobre o estudo da língua inglesa
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Os sentidos atribuídos por alunos iniciantes de um curso regular sobre o estudo da
Língua Inglesa
Aluno: Tácio Assis Barros
Unidade Acadêmica: Câmpus Jataí/Coordenação de Letras
Endereço eletrônico: [email protected]
Resumo: Este estudo descreveu e interpretou os sentidos sobre o estudo da Língua Inglesa, por alunos iniciantes de um curso regular, através do projeto de Prática como Componente Curricular (entendida como a inter-relação da teoria com a realidade social), baseando-se no construto crenças no campo de ensino/aprendizagem de línguas. O intuito da pesquisa foi: (1) realizar um levantamento das sentidos/crenças de alunos iniciantes do curso de Inglês, do Centro de Línguas (Ação de Extensão da Faculdade de Letras/ UFG), Campus Jataí, em relação ao processo de se estudar/aprender língua inglesa, (2) expor os motivos que levaram os mesmos a optarem pela Língua Inglesa e (2) relatar as semelhanças entre as crenças dos participantes. O trabalho realizado foi de caráter qualitativo, no qual utilizamos o estudo de caso. Apenas um instrumento foi empregado: questionário do tipo semi-aberto. A partir da analise dos diferentes motivos que os levaram a cursar aulas de Inglês, os resultados apontam para crenças similares, como por exemplo: (a) o aprendizado da língua não acontece somente em sala de aula, é sim imprescindível o contato com outras fontes de estudo e (b) reconhecem a relevância do trabalho em grupos/pares no processo de ensino/aprendizagem da língua inglesa.Palavras-chave: Estudo de caso; alunos iniciantes; estudo/aprendizagem de língua inglesa; Crenças.
1. Introdução
O interesse de analise em relação às crenças de alunos de Língua Inglesa no
aspecto do processo de ensino/aprendizagem de línguas cresceu muito recentemente,
pois as mesmas podem induzir o processo de aprendizagem do aluno, os sentimentos e o
conhecimento acerca desse professo assim como as ações dos professores em relação ao
ensino (Johnson, 1994). Tomamos BARCELOS (1995) para definição de crença:
um conhecimento intuitivo (implícito ou explícito) dos aprendizes constituídos de mitos, pressupostos culturais e ideias sobre como aprender língua. Esse conhecimento – compatível com sua idade e nível socioeconômico – é baseado na sua experiência educacional anterior, leituras prévias e contatos com pessoas influentes. (BARCELOS, 1995, p.40)
Torna-se fundamental, logo, promover uma reflexão sofre o assunto, pois
entender melhor como essas crenças podem afetar o desempenho de aprendizado de um
aluno é extremamente importante para os próprios alunos, colegas acadêmicos e mesmo
para os professores de Línguas, os quais podem, caso a crença os afete negativamente,
investigar melhor essa relação de impacto, tornando, quem sabe, um aprendizado mais
contextualizado de modo a abrir a mente do aluno para o mundo do
ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira.
Sendo assim, esta pesquisa objetiva analisar algumas das crenças de dois alunos
iniciantes de um curso livre de língua inglesa, em um centro de línguas de uma
universidade federal do interior de Goiás em relação ao estudo da língua inglesa. A
reflexão sobre as crenças apresentadas pelos alunos em relação ao ensino/aprendizagem
de Língua Inglesa, o estabelecimento da comparação entre as crenças dos participantes,
a identificando pontos convergentes e divergentes e a identificação se existem crenças
que possam interferir negativamente na aprendizagem dos participantes são alguns
pontos específicos, os quais são de grande relevância para esta pesquisa, visto que
ambos os participantes, nos resultados finais, têm crenças diferentes, as quais
influenciarão de forma direta no aprendizado da língua ao decorrer dos anos. Será
possível notar então, segundo as crenças que aqui serão apresentadas, o quão
diferenciado é o assunto crenças em relação a dois estudantes de LE dentro de uma
mesma sala de aula.
1.2 Fundamentação Teórica
Visto que o aluno passa a ocupar um lugar peculiar no processo de
ensino/aprendizagem de LE, desde a década de 70, vemos que a importância das
crenças sobre aprendizagem tem sido relacionada principalmente com sua influencia na
abordagem de aprender dos alunos e no ensino autônomo e ainda, segundo Pajares
(1992), elas têm influencia na organização da definição de tarefas das pessoas. É
imprescindível citar alguns pesquisadores, como Abraham & Vann (1987), Erlbaum et
al.(1993), Riley (1997) e Yang (1992), como referencia, pois indicam que as crenças
podem influenciar estratégias de aprendizagem de línguas.
A ênfase deste estudo recai sobre a identificação das crenças apresentadas pelos
participantes através de ume estudo de caso, o qual surgiu, segundo André (2005), na
sociologia e na antropologia, ao final do século XIX e início do século XX, visto que
desde essa época as condições sociais já davam sinal para que o homem começasse a se
tornar mais singular, objetivo, e com isso características e atributos da vida social foram
sendo realçados, os quais, de acordo com Ana Bock (2003), influenciam atitudes e
pensamentos da natureza humana.
Portanto, finalizamos a fundamentação teórica com White (1999), o qual aponta
que as expectativas dos estudantes de LE são desenvolvidas diante as suas experiências,
as quais também são moldadas por suas, em outras palavras, as crenças dos alunos os
guiam nas concepções de aprendizagem de línguas e influencia a aproximação que eles
adotam para aprender uma linga estrangeira, neste caso o Inglês.
2. Metodologia
A modalidade de estudo utilizada foi a pesquisa qualitativa, dentro da qual
optamos pelo estudo de caso. O estudo de caso é uma tática de analise que concebe um
método o qual abraça tudo em abordagens especificas de coletas e analise de dados
(YIN, 2001), adotamos esta tática, pois o assunto é amplo e complexo não podendo ser
estudado fora do contexto onde ocorre naturalmente.
O estudo de caso é uma forma particular de estudar, e neste caso é fundamental
abordar a complexidade do assunto crenças quando se fala em alunos iniciantes de um
curso livre de idiomas, os quais enfrentarão desde o começo o impacto, seja positivo ou
negativo, de suas crenças no aprendizado da segunda língua. Logo, essa técnica de
estudo nos permite focalizar o quão longínquo é o espaçamento da diferença de crenças
entre dois alunos de um mesmo nível e de uma mesma sala de aula, nos baseando na
lógica indutiva, através de um questionário semi-aberto para a coleta de dados, não
aprofundando detalhes acerca dos alunos.
Esperamos aqui que o estudo de caso seja suficiente para abordarmos crenças
superficiais dos participantes da pesquisa, permitindo aos leitores a construção de novos
conhecimentos e compreensão acerca do assunto.
2.1 Contexto e Participantes da Pesquisa
O local de realização da pesquisa foi o curso de Inglês do Centro de Línguas o
qual é uma Ação de Extensão da Faculdade de Letras/ UFG. Foi fundado em 1995. O
seu objetivo principal é oferecer cursos de línguas – portuguesa, estrangeiras e LIBRAS
– e, eventualmente, jornadas pedagógicas, cursos temáticos e oficinas de textos, bem
como oportunidade de estágio não obrigatório para alunos da Faculdade de Letras que
atuam como bolsistas nas diversas áreas do referido Centro.
Os participantes do estudo foram dois: dois alunos iniciantes (Caesar e Kate) e
um do curso de língua inglesa. Acentuamos que foram utilizados pseudônimos,
escolhidos pelos próprios acadêmicos, com o objetivo de garantir a privacidade dos
mesmos.
Kate possui acima de 20 anos, nunca estudou inglês antes e optou pelo curso de
Inglês para “Tentar Ciência sem fronteiras e Provas de Pós- Graduação”
(Questionário).
Caesar, também ingressante, possui entre 20 e 25 anos, o único contato que teve
com a língua inglesa foi no ensino fundamental e médio. Escolheu o curso de Inglês por
“Duas necessidades fundamentais: Primeiro a interação com textos e livros na língua
inglesa (clássicos da literatura, principalmente); Segundo, na necessidade de um
mestrado, e por isso, da segunda língua para poder trabalhar com livros teóricos que
exigem muito mais do que o inglês apreendido nas escolas públicas brasileiras”
(Questionário).
2.2. Instrumentos de coleta de dados
Apenas um instrumento foi empregado na coleta dos dados deste estudo. O
questionário empregado era do tipo semi-aberto (Nunan, 1992) e continha quatro
seções. Escolhemos questionário como um dos instrumentos para coletar os dados
necessários para a pesquisa porque, segundo Johnson (1992), demanda menos tempo e
menos custos.
Na primeira seção, com dez questões, buscamos colher informações pessoais
dos participantes como, por exemplo, idade, quantidade de tempo que estudam Inglês e
quais as razões que os levaram a aprender o idioma, dentre outras. Na segunda parte,
com quinze questões, havia a busca de respostas mais objetivas por parte dos
participantes, numa escala Likert1. Na terceira seção, os participantes precisavam
completar quatro frases como, por exemplo, “Eu estudo inglês porque...” e “Aprender
inglês é...”, com o objetivo de elaborar metáforas que conduziriam a indícios de suas
possíveis crenças. Por fim, na seção quatro, os participantes se depararam com três
questões, como por exemplo, “Em sua opinião, qual é o papel do Inglês na sua vida
hoje?”, de forma a se expressarem livremente.
1 “A escala Likert consiste tipicamente de um conjunto de enunciados que expressam alguma afirmação sobre o objeto atitudinal, seguido cada enunciado de alternativas que indicam o grau de concordância ou discordância de cada respondente em relação ao seu conteúdo” (Omote, 1998, s/p).
2.3. Análise dos dados
Elegemos os procedimentos da pesquisa qualitativa na análise dos dados.
Primeiramente realizamos uma leitura total dos dados a fim de alcançar categorias.
Posteriormente, foi feita uma leitura precisa, apontando nossas impressões, com o
objetivo de despertar indagações e levantar relações entre as partes.
Por fim, foi capaz notar diferentes temas que se configuraram em três de análise,
a saber: (1) Motivos de estudar a língua Inglesa, (2) Crenças sobre aprendizagem de
inglês e (3) Crenças sobre o lugar ideal para se aprender a língua inglesa.
3. Resultados
Neste segmento, expomos primeiramente os motivos que levaram os
participantes a estudarem a língua, o papel da língua inglesa, hoje, para eles se foram
influenciados na escolha da língua estrangeira e em segundo os sentidos atribuídos,
pelos participantes da pesquisa, ambos iniciantes de um curso regular, sobre o estudo da
Língua Inglesa, ou seja, as suas possíveis crenças.
Aluno participante – Caesar
O participante ressalta os motivos de estudar Inglês: “Eu estudo Inglês por que preciso ler e entender o mundo a minha volta que a cada dia torna-se mais envolvido pelo inglês, isso pensando o desenvolvimento das novas tecnologias que quase sempre estão em inglês”.
Ao ser indagado se foram influenciado por alguém a optar pelo Inglês, ele
responde: “Ninguém em particular. Curso inglês por gostar de ler e algumas obras que
não possuem traduções para o português, são facilmente encontradas no inglês.”
O participante relata o papel do Inglês, hoje, para si: “É uma diversão. Com ele
vou poder ler e ouvir a opinião e a cultura que rola no mundo atual. E ler o que quiser,
lembrando que já há algum tempo estou acompanhando uma série literária: Os legados
de Lorien. Que geralmente está em inglês e demora muito para sair para o português.
Assim que terminar o meu terceiro curso superior vou tentar um mestrado, e talvez, ir
atrás de um doutorado no exterior, de preferencia nos EUA ou na Inglaterra”.
(1) Crenças sobre aprendizagem/estudo do Inglês: Foi possível perceber que
para o aluno participante no processo de aprender/estudar a língua inglesa (a) Estudar
Inglês depois de adulto não é perda de tempo; (b) estudar Inglês é melhor, pois é mais
rápido que outras línguas; (c) Estudar Inglês é “interessante do ponto de vista do
dialogo, é uma língua bem flexível e também garante certa facilidade quando o país em
que se encontra fala o inglês como meio comercial ou mesmo cotidiano. O inglês
domina o mundo e o mundo fala o inglês”; (d) não basta frequentar as aulas para se
aprender Inglês; (e) é importante o aluno trabalhar em grupos; (f) Aprender inglês “não
é tão simples como alguns pensam. Cada um enfrenta certas dificuldade[s], já que as
séries iniciais não desempenharam o devido trabalho na alfabetização da segunda
língua” e (g) estudar inglês não é semelhante a estudar português
(2) Crenças sobre o lugar ideal para se aprender a língua inglesa: para o aluno
iniciante (a) Alunos de escola particular aprendem inglês melhor e (b) É impossível
aprender inglês na escola pública.
Aluna participante – Kate
A participante destaca o intuito de estudar a língua Inglesa: “Uma oportunidade
melhor na vida profissional e realizar meu sonho de fazer estagio fora do Brasil, de
preferencia em um lugar que de valor em minha futura profissão (Enfermagem). E sem
contar que as melhores pesquisas realizadas na área da saúde são realizadas por
Americanos, ou seja, suas pesquisas estarão em Inglês”.
Quando questionada se alguém a influenciou a estudar a língua Inglesa, temos a
seguinte resposta: “Minha irmã”.
O papel do Inglês, hoje, na vida do participante: “Eu consigo me diferenciar dos
demais que não tem Inglês, pois em uma entrevista de trabalho, seleção de Pós-
graduação ou ate mesmo estagio o Inglês tem um peso muito grande. E futuramente
acredito que o Inglês ira fazer uma seleção entre os profissionais de saúde e demais
profissão”.
(1) Crenças sobre ensino/aprendizagem de inglês: foi possível inferir que a
participante parece possuir as seguintes crenças em relação ao processo de se
ensinar/estudar a língua inglesa: (a) Estudar Inglês é essencial para viver na sociedade
atual; (b) Estudar Inglês “não pode ser apenas em sala de aula mas também em casa a
cada dia”; (c) Estudar Inglês depois de adulto não é perda de tempo; (d) Não há hora
certa para começar a aprender Inglês; (e) Aprender inglês “é um obstáculo muito grande
em minha vida, mas com dedicação e paciência vou conseguir”; (f) Estudar Inglês
particular é o ideal e (g) É importante o aluno trabalhar em grupos.
(2) Crenças sobre o lugar ideal para se aprender a língua inglesa: os resultados
sugerem que para o participante (a) (f) Para se aprender inglês é necessário passar
algum tempo no país onde se fala essa língua e (b) Alunos que frequentam escolas
privas de Inglês aprendem o idioma melhor.
Hoje o conhecimento de determinada língua estrangeira tornou-se uma
necessidade, não só para o mercado de trabalho, mas também por possibilitar o acesso a
informações, sendo assim, finalizamos esta seção com a reflexão em relação a ambos
participantes terem apresentado diferentes motivos para a escolha da língua. Enquanto o
participante Caeser demonstra não ter tido “pressão” em escolher o Inglês, e expressar
que, para ele, o estudo da língua é diversão, a participante, Kate, parece ser pressionada
pela parte profissional e social a adquirir essa segunda língua, e que mesmo com essa
diferença, é possível perceber crenças em comuns entre os participantes.
4. Considerações finais
Assim, esta investigação reflete novas descobertas no campo de aprendizagem
de língua estrangeira, pois segundo esses alunos, (a) começar estudar uma língua
estrangeira na fase adulta não é perda de tempo, apesar de entenderem que há sim um
grau maior de dificuldade na aprendizagem, (b) o aprendizado da língua não acontece
somente em sala de aula, é sim imprescindível o contato com outras fontes de estudo,
(c) reconhecem a relevância do trabalho em grupos/pares no processo de
ensino/aprendizagem da língua inglesa e (d) ressaltam que alunos frequentadores de
cursos livres de Inglês aprendem mais do que alunos que não os frequentam.
Visto que as crenças estão associadas ao comportamento dos indivíduos, elas
podem interferir de forma positiva ou negativa no processo de ensino/aprendizagem e
na construção do conhecimento, por isso a necessidade desse tipo de investigação, a
qual proporciona uma análise reflexiva sobre o papel fundamental das crenças no
construto do aprendizado de alunos de língua estrangeira.
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