Os relatos do nascimento de Jesus. Quantos relatos? Falamos de relatos no plural, pois contamos não...

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Os relatos do nascimento de Jesus

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Os relatos do nascimento de Jesus

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Quantos relatos?

Falamos de relatos no plural, pois contamos não com um mas com dois relatos;

Estes relatos encontram-se em Mateus e Lucas;

Estes Evangelhos começam com dois capítulos dedicados ao nascimento de Jesus;

Raramente temos consciência na narração inteira de cada um dos Evangelhos;

Estes dois relatos são muito diferentes entre si;

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O relato de Mateus

O relato de Mateus é mais breve que o de Lucas;

Começa com uma genealogia; sem ela, o relato do nascimento ocupa apenas 31 versículos. O relato de Lucas té quatro vezes mais longo, com 132 versículos;

Imaginamos o princípio do relato de Mateus como sendo lido por um narrador que nos informa de um conjunto de 42 gerações da genealogia de Jesus;

Na parte final do capítulo 1 começa a narração propriamente dita;

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Primeira cena: A conceção de Jesus e o dilema de José (1, 18-25)

O personagem principal é José;

Maria não fala nem recebe nenhuma revelação;

Não há relato do nascimento como tal, nem panos, nem estábulo, nem anjos, nem pastores;

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Segunda cena: A estrela, os sábios, Herodes (2, 1-8)O personagem

principal é o Rei Herodes;

Os sábios representam um lugar secundário;

José, Maria e Jesus reagem às manobras de Herodes;

Herodes manda aos sábios que tragam informações sobre o menino;

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Terceira cena: A adoração dos Magos (2, 9-12)Os sábios – Magos –

seguem a estrela até à «casa» onde encontram Maria e Jesus;

Acontece o que se conhece como a «adoração dos Magos»;

Ordena-se aos Magos que não voltem a falar com Herodes;

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Quarta cena: fuga para o Egito (2, 13-15)

O personagem principal desta cena é José;

A intenção assassina de Herodes move a trama;

A Família vive no Egito até à morte de Herodes;

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Quinta cena: morte dos inocentes (2, 16-18)

Estamos de novo na coorte de Herodes;

Ao dar-se conta que os magos não regressam, ordena que matem as crianças de Belém e dos arredores com menos de dois anos de idade;

Segue-se muito «choro e lamento;

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Sexta cena: regresso do Egito e mudança para Nazaré (2, 19-23)

A cena é provocada pela morte de Herodes;

Estamos no Egito, onde José volta a ter um sonho em que lhe aparece um anjo;

José tenta levar a família para Belém, mas devido à reputação de Arquelau, vai para Nazaré;

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O relato de Mateus

À primeira vista ocupa-se pouco de Jesus, que quase está «fora de cena»;

Mas todo o relato se ocupa de Jesus, porém faltando os elementos que estamos habituados;

O dinamismo do relato de Mateus centra-se em José e no seu dilema; em Herodes e na sua tentativa falhada de destruir Jesus;

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O relato de Lucas

A conceção de João Batista (1, 5-25)A conceção de Jesus - A anunciação (1, 26-38)A visita de Maria a Isabel e hino magnificat (1, 39-56)Nascimento de João Batista e hino benedictus (1, 57-

80)Viagem a Belém e nascimento de Jesus (2, 1-7)Os anjos anunciam o nascimento de Jesus (2, 8-20)Circuncisão de Jesus (2, 21)Apresentação de Jesus no templo e hino nunc dimittis

(2, 22-39)Jesus, no templo aos doze anos de idade (2, 40-52)

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O anúncio a Zacariase a conceção de João Batista (1, 5-25)

A narração começa em 1,5

Anúncio da gestação de um filho;

Relato típico da intervenção de Deus face à impossibilidade humana;

Transição entre o Antigo e o Novo Testamento;

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Os pais de João Batista: Isabel e Zacarias

Ocupam grande parte da narração;

São velhos e não têm filhos;

Como Abraão e Sara, concebem na velhice;

O menino será com Elias, o profeta precursor do Reino de Deus;

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As mulheres: Isabel e Maria

Desempenham papéis muito destacados;

Maria, que em Mateus é uma personagem passiva, é aqui a principal protagonista no nascimento;

Ana, profetisa de 84 anos, aparece a dar glória a Deus;

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A música dos hinos

Cantados pelos cristãos durante séculos;

Zacarias: Benedictus;Maria: Magnificat;Simeão: Nunc dimittis;Três solos envolvidos

por um coro de anjos que canta nos céus aos pastores;

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O relato mais conhecido do Natal

Decreto imperial;Viagem de Nazaré até

Belém; Jesus nasce num

estábulo e é colocado numa manjedoura;

Um anjo aparece aos pastores;

Ampliação do relato até à infância e juventude de Jesus (circuncisão e apresentação; no meio dos doutores)

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Os relatos do Natal

Mais do que colocar a questão de saber se estes acontecimentos tiveram realmente lugar é de todo fundamental descobrir o seu significado;

Mais do que relatos históricos objetivos, os relatos do nascimento de Jesus podem ser considerados como «parábolas abertas»;

Estes relatos são uma miniatura ou microcosmo de todo o Evangelho;

Os relatos contém a realidade que as palavras antigas aguardavam (cf. Bento XVI)

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Os relatos do Natal

«Mateus e Lucas queriam não tanto narrar histórias, mas escrever história: história real, sucedida, embora certamente interpretada e compreendida com base na Palavra de Deus.»

«Não havia a intenção de narrar de modo completo, mas de escrever aquilo que, à luz da Palavra e para a comunidade nascente da fé, se revelava importante.»

«As narrativas da infância são história interpretada e, a partir da interpretação, escrita e condensada.»

(Bento XVI, A infância de Jesus, 21)

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Ler os relatos do nascimento

Relatos ricos de imagens, símbolos, lugares, sentimentos, personagens etc.;

Relatos bíblicos mais presentes na cultura e tradição;

Questionar o texto: O que dizes? - Objetividade narrativa Como te compões? - Composição literária O que querias dizer? - Intencionalidade do autor O que tens dito? - Hermenêutica da Tradição eclesial O que me dizes? - Reflexividade pessoal e orante O que dizes aos outros? - Concretização narrativa

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O anúncio a Maria

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O anúncio a Maria

Leitura do texto – O que diz o texto? Deus envia o Anjo Gabriel; Cidade de Nazaré; A uma virgem de nome Maria, desposada com José; O Anjo entra e fala: Alegra-te; Maria ouve e perturba-se, questiona-se; O Anjo responde: Não temas, conceberás e darás à luz um filho; Nomes: Jesus, Grande, Filho do Altíssimo, Filho de Deus, Santo; Maria reposta: Como será isso? O Anjo indica: O Espírito Santo virá sobre ti Sinal: Isabel concebeu um filho, a Deus nada é impossível Maria aceita: eis-me aqui;

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Elementos do texto

Saudação do Anjo: princípio do Evangelho Shalom - saudação judaica habitual; Khaire – Alegra-te! Início do Novo Testamento;

Aparece de novo no anúncio aos pastores (Lc 2,10); Relação com a profecia de Sofonias 3, 14-17: «Rejubila, filha de

Sião, solta gritos de alegria, povo de Israel»; Alegria e Graça (khara e karis) – andam juntas;

Sombra Nuvem sagrada (shekina) é o sinal visível da presença de

Deus;Nome Jesus: Deus salva

«A revelação do nome de Deus, que começa na sarça ardente, é completada em Jesus» (Bento XVI, 32)

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Elementos do texto

Maria Reflete, entra em diálogo consigo mesma, metida

sobre o significado das palavras do Anjo; «Deus procura entrar de novo no mundo; bate à porta

de Maria. Tem necessidade do concurso da liberdade humana: não pode redimir o homem, criado livre, sem um sim livre à sua vontade» (Bernardo de Claraval)

«Maria torna-se mãe através do sim: através da sua obediência, a Palavra entrou nela, e nela se tornou fecunda» (Bento XVI, 36)

Maria é modelo de conversação e perfeita cristã, forma da Igreja, figura que configura;

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Elementos do texto

Virgindade Na tradição bíblica, a conceção e nascimento de uma criança

predestinada por Deus acontece a pais estéreis ou de idade avançada;

Abraão e Sara (Gen 17-18); Ana e Elcana (1 Sam 1-2); Isabel e Zacarias (Lc 1, 5-25)

«Virgindade, esterilidade, longevidade são simplesmente maneiras de pôr em relevo, sublinhar e provar que a conceção foi divina. Essa conceção divina é que conta. O que está em jogo é a teologia da criança e não a biologia da mãe» (M. Borg/J. Crossan, La primera Navidad, 121)

Virgindade de Maria – «exaltação deliberada do Novo Testamento sobre o Antigo Testamento» (M. Borg/J. Crossan, 121);

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O Evangelho da Alegria

«O Evangelho, onde resplandece gloriosa a Cruz de Cristo, convida insistentemente à alegria. Apenas alguns exemplos: «Alegra-te» é a saudação do anjo a Maria (Lc 1, 28). A visita de Maria a Isabel faz com que João salte de alegria no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41). No seu cântico, Maria proclama: «O meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador» (Lc 1, 47)». (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 5) 

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O Evangelho da Misericórdia

«A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que o temem» (Lc 1, 50)

«graças ao coração misericordioso do nosso Deus, que das alturas nos visita como sol nascente» (Lc 1, 78)

 As entranhas (Rahamim – plural de réhem: seio materno, útero, lugar originário da vida);

Ternura, compaixão, amor que vem do centro da pessoa;

«Misericórdia: Este é o nome do nosso Deus» (Papa Francisco)

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O Evangelho da Misericórdia

«A misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e mãe que se comovem pelo próprio filho até ao mais íntimo das suas vísceras [entranhas]. É verdadeiramente caso para dizer que se trata de um amor visceral [das entranhas]. Provém do íntimo como um sentimento profundo, natural, feito de ternura e compaixão, indulgência e perdão» (Misericordiae vultus, 6)