OS PRINCípIOS CIENTíFICOS I: I ... - … esta estabilidade modifica-se por qualquer alteração...

11
cu1ar e Respiratória Durante o Exercício. In: ção Física e Desportos, Ministério da Educação ONICO, R. - Biologie du Sport. Institut de que et de sport, Macolin, 1976. ón. Novedades en entrenamiento. Centro de Nacional de Educación Física, n.O 2: 49-51, ones Castillo, Madri, voI. 3, O, D. S. - Human Phy n. McGraw-Hill, 1970. ncia de los métodos de entrenamiento en Ia re ntro de Documentación e In .O 4: 39-44, Madri, 1973. a. Editora Manole, São oenergetics. W. A. Benjamin Inc., Sparks, rço. Editora Cultura Médicà, logia Educacional para ultrix, São Paulo, 1976. CAPíTULO OS PRINCípIOS CIENTíFICOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO 1. o Princípio da Individualidade Biológica I I I I I I I I: 11 2. o Princípio da Adaptação I, !lI p , 1,1 " !! n I I: 3. o Princípio da Sobrecarga 4. o Princípio da Continuidade 5. o Princípio da Interdependência Volume-Intensidade

Transcript of OS PRINCípIOS CIENTíFICOS I: I ... - … esta estabilidade modifica-se por qualquer alteração...

Regu1ação Cardiovascu1ar e Respiratória Durante o Exercício. In: Caderno Didático, Departamento de Educação Física e Desportos, Ministério da Educação

42. SCHoNHOLZER, G.; WEISS, U. & ALBONICO, R. - Biologie du Sport. Institut de recherches de l'École fédérale de gyrnnastique et de sport, Macolin, 1976.

Carrera y Respiración. Novedades en entrenamiento. Centro de ormación, Instituto Nacional de Educación Física, n.O 2: 49-51,

Ediciones Castillo, Madri, voI. 3,

45. VANDER, A. J.; SHERMAN, J. & LUCIANO, D. S. - Human Phy

unction. McGraw-Hill, 1970. Influencia de los métodos de entrenamiento en Ia re

sistencia. Novedades en entrenamiento, Centro de Documentación e In formación, Instituto de Educación Física, n.O 4: 39-44, Madri, 1973.

Fisiologia respiratória moderna. Editora Manole, São Bioenergetics. W. A. Benjamin Inc., Sparks,

Fisiologia do Esforço. Editora Cultura Médicà,

Em Busca de uma Tecnologia Educacional para

Editora Cultrix, São Paulo, 1976.

CAPíTULO

OS PRINCípIOS CIENTíFICOS DO TREINAMENTO DESPORTIVO

1. o Princípio da Individualidade Biológica

I

I I I I I I

I:

11

2. o Princípio da Adaptação

I,

!lI

p ,

1,1 "

!!

n

I I:

3. o Princípio da Sobrecarga

4. o Princípio da Continuidade

5. o Princípio da Interdependência Volume-Intensidade

'11

Nos últimos tempO's, o contexto científico do Treinamento Desportivo foi acelerado com um crescimento notável de investigações. O avanço nos setores de documentação e informação pode ser apontado como o principal indicador dessa afirmação, pois as pesquisas divulgadas pelas 4 escolas científicas em publicações especializadas e anais de congressos, simpósios etc., sob o patrocínio dos principais organismos internacionais de Educação Física e Desportos (FIEP, CIEPS, ICHPER, CISM, FIMS, AIESEP etc.) muito têm contribuído para a evolução do Treinamento Desportivo.

O treinamento, já aceito há algum tempo como ciência, tem a sua posição científica reforçada com referências consideradas essenciais para todos os que buscarem um altO' rendimento atlético. Essas referências são expressas pelo autor em forma de 5 princípios. Embora essa pontuação não esteja totalmente de acordo com alguns estudiosos do Treinamento Desportivo que apresentam outros elencos de princípios, parece à primeira vista que a colocação satisfaz para ser referenciada durante o desenvolvimento de um processo de preparação. Os 5 princípios científicos do Treinamento Desportivo sãO':

.

. n J

., I

It 1.°) O

2.°) O

3.°) O

4.°) O

5.°) O

Princípio

Princípio

Princípio

Princípio

Princípio

da Individualidade Biológica

da Adaptação

da Sobrecarga

da Continuidade

da Interdependência Volume-Intensidade

Antes de passar ao estudo isolado de cada princípio, é importante enfatizar que os 5 princípios se interrelacionam em todas as suas aplicações.

99

VIDUALIDADE BIOlóGICA. idéia da quantidade de estudos importantes sobre esse fenômeno apresenta-se abaixo um quadro com as citações dos autores principais das investigações desse período: Um grande número de treinadores aceitam a afirmação de que

somente os indivíduos mais favorecidos pela hereditariedade no que concerne a dons atléticos podem chegar a performances excepcionais.

Mas, ao mesmo tempo que colocam as características hereditárias in dividuais como uma variável independente (limites) de performances desportivas, não conseguem esses extremos, o que permite afirmar que um

treinamento desenvolvido numa metodologia científica po derá levar atletas a progressivas adaptações orgânicas, as quais permitirão

resultados muitas vezes inesperados. Assim sendo, chama-se individualidade o fenÔmeno que explica a variabilidade entre elementos da mesma

espécie, o que faz com que não existatn pessoas iguais entre si. Cada ser humano possui uma estrutura física e uma formação psíquica própria, o que obriga a estabelecer-se dife. rentes

tipos de condicionamento para um processo de preparação desportiva que obedeça as características físicas e psíquicas indivi:duais dos atletas. Nesses

físico.LJLPsíquicos-,-os indicadores usados para revelar as possibilidades e ~s Jle.cessidades individuais dos atletas são os testes, que,

tados de cada um, podem servir como medidas para uma avaliação do treinamento até então empregado.

o desportiva científica, não devem existir as classes heterogêneas, e sim pequenos gruposhomogêne()sde caract~rísticas ou índices quase semelhantes. As investigações têm mostrado que o treinamento altamente especializado e individual tem favorecido as grandes performances desportivas. O trabalho por grupos homogêneos tem facilitado aos esquemas de treinamento, em que ocorra falta do número adequado de treinadores ou falta de horários disponíveis.

pontos fortes e pontos fracos de um atleta facilitará individualizaçãü do Treinamentõ Desportivo. Os pontos fortes

deverão ser cada vez mais potencializados para que possa haver uma melhor utilização durante a performance, enquanto que os pontos fracos deverão ser

lhorados, ou então neutralizados por esquematizações

SEL YE (1950) EüLER e LUFT (1962) EüLER e HELLNER (1952) SELYE e HORAVA (1952) SEL YE (1952) DUNNER (1953) SELYE e HORAVA (1953) SATAKE (1954) FRANKSSON, GEMZELL e

EÜLER (1954) EÜLER e LUNDBERG (1954) SELYE e HEUJER (1954) EÜLER, HELLNER-BJORKMANN

e ORWEN (1955) WADA, SEO e ABE (1955) SELYE e HEUJER (1955) KÃRKI (1956) DOLE (1956) SELYE e HEUJER (1956)

QUADRO CRONOlóGICO DOS PRINCIPAIS ESTUDOS DO FENOMENO DO STRESS NO PERIODO ENTRE 1950-1970

.

. E fácil verificar que o austríaco HANS SEL YE e o sueco VON EÜLER foram os cientistas que com suas pesquisas se tornaram as referências literárias obrigatórias em qualquer estudo sobre o stress.

Definindo-se Homeostase, de acordo com CANNON, como o equi. líbrio estável do organismo humano em relaçãO' ao meio ambiente, e sabendo-se que esta estabilidade modifica-se por qualquer alteração ambiental, isto é, para cada estímulo há uma resposta, e, ainda, entendendo-se por estímulos o calor, os exercícios físicO's, as emoções, as infecções, etc., conclui-se, com base num grande número de experiências e observações de diversos autores, que em relação ao organismo humano:

fico do Treinamento Desportivo está intimamente ligado ao fenômeno do stress. As investigações sobre o stress tiveram início em 1920 com CANNON e HUSSA Y, e tiveram uma grande ênfase no período entre 1950 e 1970, onde praticamente surgiu uma literatura científica básica sobre esse fenômeno. Para uma

GOODALL, STONE e HA YNES (1957)

BIRKE e colab. (1957) HSIEH e CARLSON (1957) SUNDIN (1958) SUTHERLAND e RALL (1960) PEKKARINEN e colab. (1961) LEDUC (1961) FRANKENHAEUSER, STERKY

e JAERPE (1962) BLOOM, FRANKENHAEUSER

e EüLER (1963) MOORE e UNDERWOOD (1963) CARLYLE (1963) JOHNSON (1966) LEVI (1967) TUBINO (1969) EÜLER (1 %9)

a) estímulO's débeis ~ não acarretam conseqüências;

b) estímulos médios ~ apenas excitam;

c) estímulos médios para fortes ~ provocam adaptações; d) estímulos muito fortes ~ causam danos.

~

r

r~

1\ li I1 n

fi

li!

101

" II

li

Quando o organismo é estimulado, imediatamente aparecem mecanismos de compensação para responder a um aumento de necessidades fisiológicas. Assim, após constatar-se que existe uma relação entre a adaptação de estímulos de treinamento e o fenômeno de stress,

o que é explicado pelo princípio científico da adaptação, aparecé a necessidade de definir-se stress:

,\ STRESS ou SINDROME DE ADAPTAÇÃO GERAL (SAG), segundo SELYE (1956) é a reação do organismo ,aos estímulos que provocam adaptações ou danos ao mesmo, sendo que esses estímulos são denominados agentes stressores ou stressantes.

~

II ..

Ij II

A síndrome de adaptação geral (SAG) é dividida em 3 fases, até que o ;agente stressante na sua ação atinja o limite da capacidade fisiológica de compensação do organismo:

l.a Fase ~ Reação de alarme; 2.a Fase ~ Fase da resistência (adaptação); 3.a Fase ~ Fase da exaustão.

, I

/

Na fase da reação de alarme, os mecanismos auxiliares são mobilizados para manter a vida, a fim de que a reação não se dissemine. B caracterizada pelo desconforto, e está dividida em duas partes: çhoque e contrachoque, sendo o choque a resposta inicial do organismo a estímulos aos quais não está adaptado, provocando a diminuição da pressão sangüínea, enquanto que o contrachoque ocasiona uma inversãQ de situação, isto é, ocorre um aumento da pressão sangüínea.

A fase, da resistência é a fase da adaptação, ,a qual é obtida pelo de-senvolvimento adequado dos canais específicos de defesa, sendo esta etapa caracterizada pela dor e pela ação do organismo resistindo ao agente stressante inicial. B a fase que realmente mais interessa ao Treinamento Desportivo.

A fase da exaustão é aquela em que as reações se disseminam, em conseqüência da saturação dos canais apropriados de defesa, apresentando como característica a presença do colapso, podendo chegar atéa morte.

Outro aspecto de relevância no estudo do stress em relação ao Trei-namento Desportivo é a conclusão das investigações de EÜLER (1969), o qual verificou que os agentes stressantes, independentemente de sua~ naturezas, provocam no organismo um a~m:nto da secreção de cateco:;

102

- , laminas (adrenalina e noradrenalina). A eliminação urinária constitui o indicador dá constatação da secreção da adrenalina e noradrenalina na ação dos mecanismos de compensação fisiológica de organismos estimulados por agentes stressantes. Assim, EÜLER observou 3 tipos de stress, de acordo com a origem dos estímulos stressantes. São eles:

1.°) o stress físico ~ 2.°) o stress bioquímico 3.°) o stress mental

Os stress físicos (ex.: postura, exercício muscular etc.) provocam um forte aumento de adrenalina e noradrenalina, sendo que -jã- fOI éÕnsiátado através de pesquisas que o trabalho físico modesto tem um efeito muito leve sobre a secreção de catecolaminas, ao passo que o trabalho físico rigoroso produz um aumento notável da secreção. Tais conclusões foram comprovadas pela eliminação urinária, sendo importante ressaltar o fato de verificar-se em situações de stress prevalentement~ físicos, um aumento mais significativo de noradrenalina. I

! I

Os stress bioquímicos são verificados em curso de hipoglicemia (tal como o induzido pela injeção de insulina, o uso de "doping"). Os '

estudos desses tipos de stress demonstraram na eliminação urinária que há um aumento considerável da secreção de adrenalina, enquanto a 1].oradrenalina permanece inalterada.

li

.'

11' !

Ji

Os ~tress mentais ocorrem toda vez que há um agente stressante de origem mental. O stress mental, de qualquer tipo, provoca um aumento da secreção de catecolaminas (principalmente de adrenalina) diretamente proporcional ao trabalho realizado e às condições em que o trabalho é desenvolvido.

Os atletas, de um modo geral, submetem-se permanentemente a agentes stressantes de várias origens. Todo atleta possui uma energia de adaptação limitada, e quando estão submetidos a um treínamento de grandes solicitações, os efeitos desses estímulos stressores acumulam-se e consomem esta energia de adaptação restrita. Por isso, os treinadores devem referenciar-se nos efeitos fisiológicos dos agentes stressantes para determinar uma justa medida das cargas de treinamento. Qm dos principais propósitos do Treinamento Desportivo é estimular o corpo do atleta para que chegue a uma forma específica objetivada, por meio ~a repetição continuada de determinados exercícios técnicos e físicos. Logo, observando-se que qualquer stress de orde!l!.li~jc~L ou mental, em grande ou média escala, serve-se da reserva de energia de adaptação do organismo, e ainda sabendo-se que para agentes stressantes, aos quais o atleta está inadaptado, o desgaste físico é _bem maior e mais

\

103

" " li

.' 1;

II

J I

\ ~do Roderá chegar à fase de exaustão, o treinamento deverá ser programado de modo que não ultrapasse a fase de adaptação.

É importante estabelecer que será sempre a adaptação do organismo que dirigirá o nível de treinamento a ser imposto. Mas, essa observação é de difícil constatação no que diz respeito aos stress mentais,. pois muitas vezes devIdo ao excesso de atividades diárias, os treinadores não conseguem perceber que seus atletas se encontram estimulados continuamente por fortes agentes stressores mentais, como, por exemplo, reações familiares para a vida do atleta ou pressões sobre os resultados. A observação mais grave sobre a consideração citada acima I será a que agentes stressantes inadequados atuando continuamente, 'provocarão reações fisiológicas com resultados negativos acumulativos.

CARL YLE (1972), ao abordar o princípio da adaptação, explica que esse fenômeno ocorre devido à capacidade hormonal do organismo para produzir e armazenar certas substâncias químicas, inclusive verificando-se algumas limitações em certas ocasiões pElra essa produção.

Em qualquer esquema de Treinamento Desportivo podem surgir agentes stressantes negativos que podem levar os atletas a um estado indesejável de treinamento, denominado fadiga orgânica, ou virada de fio, ou estafa ou ainda sobretreinamento. CARL YLE (1967) chamou este novo fenômeno de "strain", o qual se passou a adotar pelo simples fato da aceitação internacional deste termo. Pode-se listar alguns dos agentes. stressantes que podem levar facilmente atletas à detestável direçã6 do "strain". Ei-Ios:

Existe uma série de evidências constatáveis, muitas vezes até visualmente, para diagnosticar atletas que estejam em "strain", e que são:

;1 ;~

t

a) falta de apetite; b) perda de peso; c) diminuição do estado geral; d) dores articulares e musculares; e) aumento da freqüência cardíaca; f) excitabilidade; g) problemas digestivos; h) irritabilidade; i) diminuição da capacidade de concentração; j) aumento da tensão arterial; 1) angústia;

m) hipoxia (redução constante da pressão de oxigênio no sangue); n) transtornos no metabolismo; o) tensão muscular geral; p) diminuição da coordenação motora;

etc. . .

Assim, verifica-se como é importante a utilização correta do princípio da adaptação, onde qualquer descuido na aplicação das cargas de treinamento (agentes stressantes) poderá levar os atletas ao "strain". a) esforço físico acima das capacidades individuais;

b) alimentação inadequada; c) falta de aclimatação; d) presença de condições patológicas; e) estado psicológico anormal; f) ausência de repouso e revigoramento; g) mudanças bruscas das rotinas diárias (provoca alterações nos

ritmos circadianos) etc...

3. O PRINCIPIO DA SOBRECARGA

o momento exato em que se produz a adaptação aos agentes stressantes (estímulos), é, sem dúvida, um dos pontos mais discutíveis do Treinamento Desportivo. Existem pontos de vista que estabelecem a adaptação durante os intervalos intermediários dos treinos, enquanto que outras pesquisas defendem a tese da adaptação após o último intervalo da sessão de treino.

Mesmo com todos os cuidados necessários, os atletas submetidos a um treinamento de alta competição podem chegar às portas do "strain", o que certamente provocará um desequilíbrio físico-psíquico de conseqüências bioquímicas no metabolismo. FERRER-HOMBRA VELLA (1972) informa que PICOTTI (1967) identificou 2 espécies de modificações negativas no estado de fadiga orgânica ("strain"):

Segundo HEGEDUS (1969), os diferentes estímulos prodl!zem diversos desgastes, que são repostos após o término do trabalho, e nisso podemos reconhecer a primeira reação de adaptação, pois o organismo é capaz de restituir sozinho as energias perdidas pelos diversos desgastes, e ainda preparar-se para uma carga de trllbalho mais forte, chamando-se este fenômeno de assimilação compensatória. Assim, sabe-se que não só são reconduzidas as energias p~rdidas como também são criadas maiores reservas de energia de trabalho. A primeira fase,

-l' 1.°) modificações fisiológicas indesejáveis produzidas na prática de atividades desportivas de treinamento e competição; 2.°) modificações psicológicas negativas paralelas.

104

r

i

# I

'I'

t'~

"IUI

I1

I

I

I

I

105

~IJ I I

I

, '

1',:1

fi

!

.

.

li

I I,

Ij

"

isto é, a que recompõe as energias perdidas, chama-se perjgdQ de re~-tauração, o qual permite a chegada a um mesmo nível de energia anterior ao estímulo. A segunda fase é chamada de-período de restauração ampliada, após o qual o organismo possuirá uma maior fonte de energia para novos estímulos. "~'

Entretanto, num processo de treinamento, poderão ocorrer graves prejuízos na evolução da preparação caso não haja uma relação ótima entre a aplicação das cargas e as pausas entre as sessões de treino. Mais uma vez HEGEDUS (1969) é quem oferece gráficos explicativos de situações indesejáveis de treinamento em que são representadas as conseqüências negativas em forma de regressão da preparação, causadas pela má relação entre as aplicações de cargas de treinamento e as pausas entre as sessões de treino. Na l.a situação ocorre que as pausas entre as sessões de preparação são muito grandes, distanciando exageradamente uma sessão da outra, o que provoca o aparecimento de um período de decréscimo da restauração, não deixando condições para um aumento de possibilidades do atleta em relação à absorção de mais cargas.

I - período de restauração

2 - período de restauração ampliada

3 - período de çlecréscimo da restauração

Na 2.a situação indesejável, a aplicação de cargas de treinamento ocorre quando o período de restauração ainda não se completou, isto é, as sessões de preparação seguem-se sem que haja um intervalo adequa<;lo entre as mesmas, ao mesmo tempo que cria condições favoráveis ao aparecimento do sobretreinamento ("strain").

1

~ ..

' II

I ] I

d

I

!~ .

.

ri

.

. I 'I! I

i

I~F .

i

. ~ lI!

;: 111

" II~

1

1 II 11

11 II1

[, I, 111 li

Assimilação compensatória = período de restauração + período de restauração ampliada..

r:

Estímulos mais fortes devem sempre ser aplicados por ocasião do final da assimilação compensatória, justamente na maior amplitude do período da restauração ampliada para que seja elevado o limite de

adaptação do atleta. Este é o princípio da sobrecarga, também chamado princípio da progressão gradual, e será sempre fundamental para qualquer processo de evolução desportiva.

Para uma representação do princípio da sobrecarga, HEGEDUS apresenta o gráfico abaixo:

I ~ período de restauração; 2 ~ período de restauração ampliada; a ~ assimilação compensatória; x ~ ponto ótimo para aplicação da sobrecarga.

106

A

~

107

I~

II

u Verificou-se, pelas situações expostas acima, que ~ eYQillção individual

de qualquer atleta está diretamente ligada a uma relação ófifiãentre as cargas aplicadas e as pausas entre as sessõ,es de treinamento mas, se, ao contrário, as novas cargas forem aplicadas ainda no transcurso do período de restauração, o nível de rendimento do atleta decrescerá, até levá-Io ao estado de "strain". Uma outra forma de representar-se o princípio científico da sobre carga é a de PEREIRA DA COSTA (1972).

Os tipos de sobrecarga que podem ser aplicados em treinamento desportivo variam de acordo com os tipos de sessões de treino, estágios dos atletas, dominantes dos ciclos de treinamento etc.

9

x .y 10

2 8 5

x.y: Nível Inicial de capacidade 1 - 2. 3 - 5. 6 - 8: Aplicação de cal ga~ progressivas 2 - 3. 5 - 6. 8 - 9: Recuperação por meio de metabolismo. 3-4. 6-7. 9-10: Fases de exalt!!ç-ão. 3 .........6........ 9: Cargas assimiladas 9'- 10: Nível de capacidade aumentado,

108

./,

Para uma melhor operacionalização desse princípio apresenta-se a seguir um quadro de indicações de sobrecarga referenciado nas variáveis volume e intensidade para diversos tipos de treinamento.

lI.

,1'

QUADRO DE APLlCAÇAO DO PRINCIPIO DA SOBRECARGA

Tipos de VARIA VEL DE REFERÊNCIA

Treinamento Volume (Quantidade) Intensidade (Qualidade)

TREINAMENTO a) aumento dos percursos a) aumento da velocidade

CONTíNUO b) aumento do tempo de em parte do percurso

trabalho b) aumento do ritmo

TREINAMENTO a) aumento do número de a) aumento da velocidade

INTER V ALADO estímulos nos estímulos

b) aumento dos percursos b) redução dos intervalos

dos estímulos entre os estímulos

TREINAMENTO a) maior número de pas- a) mais velocidade na exe-

EM CIRCUITO sagens cução

b) maior número de repe- b) diminuição do

sinter-

tições nas estações valos entre as estações

elou passagens

TREINAMENTO a) maior número de repe- a) aumento da kilagem

DE tições dos exercícios nos exercícios MUSCULAÇAO b) maior número de séries b) menor tempo de recu-

de exercícios peração entre os exercí-

cios e repetições

TREINAMENTO a) maior número de exer- a) diminuição do

tempo

DE cícios das sessões sem dimi- FLEXIBILIDADE nuir o número de exer-

E AGILIDADE cícios

TREINAMENTO a) aumento das repetições a) aumento da velocidade

TÉCNICO dos gestos específicos de execução dos movi-

(seja globalmente ou mentos específicos do

isoladamente) desporto em treinamen-

to

b) redução das pausas de

recuperação entre as

séries de exercícios téc-

nicos.

11!

!

I

II

ti

109

I

')01.

'1i

,

4, OPRINC(PIO DA CONTINUIDADE

Sabe-se que ~ cOl1diç~o atlética de um atleta só pode ser consegui da após alguns anos seguidQs de efetivo treinamento, isto tudo d~ntro de uma

especialização constante do desporto eleito. É também consenso na literatura especializada do Treinamento Desportivo que existe uma influência bastante significativa das preparações anteriores em qualquer esquema de treinamento em andamento. Assim as duas premissas colocadas acima explicam o chamado princípio da continuidade. Pode-se acrescentar que este princípio compreenderá sempre no treina~ mento em curso uma sistematização de trabalho que não permita uma quebra da continuidade, isto é, que o mesmo apresente uma intervenção, compacta de todas as variáveis interatuantes. Em outras palavras, considerando um tempo maior, p princípio da continuidade é aquela diretriz que não permite interrupções durante esse período. Quando se analisa um atleta que chegou a um alto rendimento, será fácil constatar que ele possui uma bagagem significativa, contendo vários processos de treinamento sem as indesejáveis paralisações. 9s períodos de transição, previstos na periodização de processos de treina~ mento, são fórmulas que servem de elos entre o desenvolvimento de prepar~ções para duas temporadas. A continuidade de treinamento ~vitará que os treinadores subtraiam. etapas importantes na formação atlética de um desportista. \

5, O PRINC(PIO DA INTERDEPENDf:NCIA VOLUME.INTENSIDADE

Em observações específicas sobre a melhoria do rendimento de meio-fundistas, KASHb~:rs:OV (J97~onstatou que o aumen(o da capacidade dos atletas investigadõs. se deveu a maiores quantidades de trabalho e também ao aumento substancial na intensidade dos estímulos de treinamento. Ao concordar-se com as observações de KASHLAKOV, pode-se afirmar que, de um modo geral, os êxitos de atletas de alto 'rendimento, independente da especialização desportiva, estão sempre referenciados a uma grande quantidade (volum~) e uma alta qualificação (intensidade) no trabalho, apenas informando-se que a estimulação predominante dessas duas variáveis (volume e intensi.dade) deverá estar sempre adequada às fases de treinamento, e teráque seguir uma orientação de interdependência entre si. Isto quer dizer que, dependendo de uma série de fatores e variáveis intervenientes, qualgüecaçao de increm~I1tp do volume provocará modificações na estimulação da intensidade, sendo que a recíproca será sempre verdadeira. Na maioria das vezes, o aumento dos estímulos de uma dessas duas variáveis é acompanhado da diminuição da abordagem em treina-mento da outra.

t

É o próprio KASHLAKOV quem, na conclusão de sua pesquisa, re-velo\.!... gue existe uma alternância entre as conjugações de grande quan-tidade-baixa intensidade e menor quantidade-alta intensidade. Essa alternância pode verificar-se a nível de microciclos e mesociclos de treinamento e até de macrociclos, em casos excepcionais de planos de expectativa por várias temporadas. Esse autor ainda informa que, pC!. período de competições, os atletas apresentam melhores resultados quando direcionaram. os treinos principalmente para ..a melhoria da capacidade anaeróbica, o que é uma forma de intensificação da pre .paração.

Outra pesquisa sobre esse princípio científico do Treinamento Desportivo foi feita por NABA TNIKOW A (1972), que em estudos específicos com 42 nadadores, tendo como objetivo discutir possíveis resultados da variação do volume e da intensidade de treinamento, estabeleceu algumas pontuações interessantes:

~-.~

I I,

I'.

ti

I 'I

Ao aceitar-se a referência do princípio científico da interdependência volume-intensidade, como fator fundamental para a evolução de processos de Treinamento Desportivo, ficou a necessidade de apresentar-se sugestões, colocações e indicações relacionadas com a aplicação

I desse princípio, o que é feito a seguir:

110 II 111 j

.~

a) Um considerável volume de trabalho realizado com uma velocidade (intensidade) inferior a 15 e 20% do ritmo próprio de competi

ções conduz os atletas a uma forte fundamentação de preparação fun cional, o que certamente cria condições para uma posterior elevação do

nível de resistência especial, além de aumentar as possibilidades de altos rendimentos durante o período de competições;

b) Um elevado volume de treinamento a uma velocidade (intensidade). inferior ao ritmo de competição serve para aumentar o rendi

mento, isto é, contribui para a melhoria da capacidade especial de performance;

c) A preparação de nadadores de 100 e 200 metros realizados com o emprego de um elevado volume de trabalho, com a utilização de 30 a 40% dos exercícios de ritmo conduzidos em distâncias superiores às de especialidade, apresentou resultados de considerável validade;

d) O emprego de estímulos de velocidade em di§tâncias médias e grandes influi positivamente no rendimento em distâncias curtas, o que evidencia sua dependência do aumento do nível de resistência anaeróbica pela posição aeróbica da energia de nadadores.

,

"

a) A interdependência entre o volume e a intensidad~ é um dos aspectos do Treinamento Desportivo em que ocorre grande número de investigações, pois cada vez mais os estudiosos chegam à confir, mação de que 1!. }ltilização- ótima de estímulos dessas duas variávei§. é que pode oferecer condições funcionais excepcionais para níveis atléticos mais altos, e também para que se chegue ao ápice da forma desportiva no momento certo;

b) Num treinamento, a ênfase no volume (quantidade) de cargas de-sempenha um papel de base para resultados futuros, enquanto que o incremento na intensidade (qualidade) tem como propósitos determinantes levar a condição dos atletas ao "peak" da forma desportiva \e à assimilação do volume total de preparação realizada;

fI

II I1

c) Qualquer processo de preparação desportiva de alto nível deve obedecer uma trajetória no que diz respeito à ênfase nas 2 variáveis em questão. O treinamento deve sair de uma ênfase na quantidade (vç:>lume) de trabalho e chegar à qualidade (intensidade) de preparaçãQ. Abaix°.1.1!E!.e..se!.lta-se um gráfico!.. mo.strando as direções de volume e iJ;ltensidade que devem ser seguidas-nas l'ãses básicas e específica do período preparatório de um treinamento. É essencial ressaltar que não é uma regra geral, mas sim uma tendência de utilização ótima, que poderá oscilar, dependendo das variáveis envolvidas em cada caso.

IJ

~

i l

PERíODO PREPARATÓRIO

FASE BÁSICA FASE ESPECíFICA

, .. -'- - - - /'

/' /'

'" /'

/' /'

;/'/

'" ,..

/'

/' ....

..... ......

- - - - - - - - - - - Volume Intensidade

112

q ~

II -r No período de competições que segue o período preparatório, as indicações sobre a ênfase da estimulação do volume ou da intensidade, deverá ser decidida após estudos de caso em cada situação-problema encontrada, pois embora exista uma tendência natural de sua conti nuação de ênfase na qualidade (intensidade) do preparo, nem sempre isto ocorre, havendo, inclusive, inúmeras vezes, necessidade de uma

inversão total na direção. "

Ir

II

II

~I

~I

d) Pode-se observar claramente no gráfico do item c, a colocação de KASHLAKOV (1970), que indica uma alternância das conjuga

ções grande quantidade - baixa intensidade e menor quantidade alta intensidade, quando se trata do uso de cargas de treinamento;

e) Para a aplicação de sobrecargas de treinamento, seguem-se abaixo indicações de procedimentos adequados para uma progressão

no volume e na intensidade.

SUGESTOES DE SOBRECARGAS DE TREINAMENTO

No Volume (Quantidade) Na Intensidade (Qualidade)

- Maiores percursos - Maior n.O de repetições num mes-

- Maior n. ° de trechos mo volume anterior

- Maior n.O de repetições - Menor duração nos intervalos en- - Maior duração do trabalho tre os estímulos

- Aumento do n.O de estímulos - Menor n.O de intervalos entre os

- Maior n. ° de séries de exercícios estímulos

- Etc. - Ritmos maiores em partes dos

percursos

- Etc.

" II

11 !I

" "

{,

1i

113

, ,' ) li

. II I

r I

BIBLIOGRAFIA

1. BOUCHARD, C. - 1960/1970: Um decênio importante para nossa ati-. vidade cientifica. Rev. Educação e Movimento - Lourenço Marques, voI. IV., n.O 13: 15-17, 1972. CARLYLE, F. - Adonde vamos desde ahora? Novedades en Nataci6n, Centro de Documentaci6n e Informaci6n, Instituto Nacional de Educaci6n Física y Deportes, n.O 1: 39-46, Madri, 1974. CARLYLE, F. - Natación. Paidos, Buenos Aires, 1967. COUTINHO, C. P. M. - Treinamento Desportivo. Escola de Educação do Exército, Rio de Janeiro, 1969. FERRER - HOMBRA VELLA, J. - Aspectos Psychomatiques et Psy-cho10giques. de Ia Fatigue, Rev. lnternational Journal of Sport Psychology,

voI. 3, n.O 2: 114-127, 1972. . HEGEDUS, J. de - Entrenamiento .de Sobrecarga aplicado aI Deporte. Servicio Educativo Argentino, Buenos Aires, 1969. HEGEDUS, J. de - Teoría General y Especial del Entrenamiento Deportivo.

Editorial Stadiun, Buenos Aires, 1973. JORDÃO RAMOS, J. - Os cânones atuais do Treinamento Desportivo, Museu de Educação Física, série Temas de Educação Física, n.O 5, Rio de Janeiro, 1967. KASHLAKOV, I. - Sobre Ia alternancia de Ias cargas in el entrenamiento de 10s mediofondistas. Novedades en Atletismo, Centro de Documentaci6n e Informaci6n, Instituto Nacional de Educaci6n Física y Deportes, n.O 1: 7-12, Madri, 1970.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

115

lI'I'Ií

" 10. LENK, M. & PEREIRA, W. - Natação Olímpica. Cia. Editora Ameri cana, Rio de Janeiro, 1966. 11. MOLLET, R. - A Planificação. Estágio Técnico do Rio de Janeiro, Academia do Conseil International du Sport Militaire, Comissão Despor tiva das Forças Armadas, Rio de Janeiro, 1972. 12. MOLLET, R. - Treinamento ao Ar Livre. Forum Editora, Rio de Ja neiro, 1972. 13. NABATNIKOWA, M. J. - Resistencia y Velocidad en el entrenamiento de Natación.

Novedades en Natación, Centro de Documentación e Información, Instituto Nacional de Educación Física y Deportes, n.O 2: 1-10, Madri, 1974.

14. OZOLlN, N. G. - Problemas acerca deI perfeccionamiento deI sistema de entrenamiento de los Atletas de primera categoria. Novedades en entrenamiento. Centro de

Documentación e Información, Instituto Nacio nal de Educación Física y Deportes, n.O 2: 71-74, Madri, 1972. 15. SELYE, H. - Stress - A Ternsão da Vida. Ibrasa, São Paulo, 1965. 16. STEPNICKA, J. - Entrenamiento para desarrollar el rendimiento físico

general. Novedades en entrenamiento. Centro de Documentación e Información, Instituto Nacional de Educación Física y Deportes, n.O 3: 11-21, Madri, 1973.

17. TUBINO, M. J. G. - Correlação da Conceituação e dos Aspectos Fisiológicos do Stress na preparação desportiva. Arquivos da Escola de Educação Física e Desportos, Rio de Janeiro, n. ° 22: 111-119, 1972.

18. TUBINO, M. J. G. - Ensaio sobre Stress. Concurso de monografias "Estado-Maior das Forças Armadas", Comissão Desportiva das Forças Armadas, Brasília, 1969.

19. VON EÜLER, U. S. - Efeitos do Stress sobre a secreção de catecola minas. Rev. Gazeta Sanitária n.O 2:145-150, 1969. 20. ZULlANI, L. R. - Treinamento Total: Princípios Fundamentais. Rev.

Esporte e Educação, São p'aulo, n.O 20: 4-5 e n.O 22: 13-15, 1972. ,

116

" I

I

CAPITULO IV

A ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO

DESPORTIVO

I

~ , ~, ,

1. o Treinamento Desportivo como organização

I

' 11 li,

I1

2. o Treinamento Total de MOLLET: l.a concepção global

da Organização do Treinamento Desportivo

3. A concepção sistêmica do Treinamento Desportivo

4. A composição do Treinamento Desportivo de Alta Competição

5. A coordenação do Treinamento: fator de integração

entre as partes

6. A Comissão Técnica e os Auxiliares Técnicos

~