Os óculos da igualdade

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    O contedo deste manual pode ser reproduzido em parte ou no seu todo, desde que

    mencionada a fonte.

    Ficha TcnicaTtulo

    Autoras

    Reviso Tcnica

    Capa e Conceo Grfica

    Edio

    Ano

    Depsito Legal

    ISBN

    Impresso e Acabamento

    Tiragem

    Os culos da Igualdade: Guia de anlise de Manuais Escolares

    em Perspetiva de Gnero.

    Carla XavierPmela Rodrigues

    Sandra Saraiva

    Sofia Moreno

    Ricardo Rodrigues

    Associao Humanitria de Mulheres EmpreendedorasRua Aprgio Mafra, 17A - 3 Esq.

    1700-051 Lisboa

    http://www.ahme.com.pt

    2014

    375998/14

    978-989-98978-0-9

    Grfica Santiago Lda.

    185 Exemplares

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    ndice

    Prembulo

    Introduo

    Apresentao do Guia

    Consideraes Iniciais

    Como Utilizar a Checklist

    Avaliao Quantitativa

    Avaliao Qualitativa

    Anlise de Resultados

    Sugestes para a Mudana

    Bibliografia

    Checklist

    2

    4

    7

    8

    10

    10

    11

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    PrembuloO Guia Os culos da Igualdade: Guia de Anlise de Manuais Escolares em perspetiva de

    Gnero insere-se no Projeto Equal Rights & Equal Duties promovido pela Associao

    Humanitria de Mulheres Empreendedoras (AHME), cofinanciado pelo Fundo Social Europeu

    e pelo Estado Portugus, tendo como organismo intermdio a Comisso para a Cidadania e

    Igualdade de Gnero (CIG).

    O projeto Equal Rigths & Equal Duties, em consonncia com o IV Plano Nacional para aIgualdade, Gnero, Cidadania e no Discriminao e com o IV Plano Nacional contra a

    Violncia Domstica, assenta numa estratgia de atuao que passa pela promoo de

    diferentes atividades. Com estas pretende-se desenvolver o conhecimento e sensibilizar

    cidados e cidads para a igualdade de gnero e para o combate violncia de gnero, nas

    mais diversas esferas sociais.

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    IntroduoOs manuais escolares continuam a ser um instrumento pedaggico importante, principal

    portador dos conhecimentos bsicos das diversas disciplinas que compem o saber no interior

    das escolas. Do ponto de vista pedaggico, quando se olha para um manual escolar, analisa-se

    a adequao dos contedos ao currculo proposto, a conceo e organizao grfica, a

    adequao ao desenvolvimento das competncias, entre outros aspetos. Com este guia

    pretende-se sugerir e incentivar um olhar diferente sobre o manual escolar, tendo como

    principal objetivo promover o debate no campo da educao, no que se refere sdesigualdades de gnero.

    Prope-se analisar de que forma os manuais escolares - elementos de referncia das

    pedagogias e dos currculos, facilitadores de conhecimento e de identidades culturais se

    articulam com a construo social de relaes de gnero.

    A sociologia da educao define como currculo oculto os aspetos no explcitos do currculo

    real. Ao unificar os conhecimentos e objetivos educativos tanto para raparigas como para

    rapazes, tendem a manter-se atitudes de professores e professoras, mensagens em linguagemsexista, textos e conhecimentos androcntricos (i.e., tendo como referncia o universo

    masculino). Ainda que a inteno seja a de proporcionar uma educao em igualdade,

    persistem de forma no evidente certos elementos que marcam a subvalorizao do feminino

    em relao ao masculino. Este conceito de currculo oculto tambm se expressa na omisso

    de alguns temas de estudo, como a diversidade de opes sexuais, as caractersticas culturais,

    o direito sobre a prpria vida.

    Existem variveis na socializao educativa que determinam a discriminao da mulher,

    nomeadamente:

    A invisibilidade das mulheres e dos seus contributos para a Histria e para o

    desenvolvimento da humanidade;

    Os livros de texto (nas imagens estereotipadas e uso de uma linguagem sexista);

    A opacidade da linguagem (como por exemplo, o uso do masculino genrico);

    A associao tendencial do gnero a determinadas disciplinas;

    O uso dos espaos escolares;

    4

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    A no incluso da formao afetiva-sexual;

    O reforo da segregao de sexos atravs da associao da componente afetiva ao

    universo feminino;

    A preveno da violncia escolar sem ter em conta a perspetiva de gnero;

    A ausncia, nos currculos escolares, de temas que abordem os papis e a partilha dastarefas que tradicionalmente correspondem ao mbito domstico.

    5

    importante reforar que, na escola segregada, os contedos referentes ao mbito do cuidado

    domstico estavam presentes, mas desapareceram da escola mista j que o currculo que

    prepara para a atividade produtiva se considera de maior valia. Estas tarefas continuam a ser

    quase exclusivas das mulheres permanecendo desvalorizadas e, frequentemente, invisveis no

    contexto escolar.

    Para se poder analisar o manual escolar em perspetiva de gnero, necessrio compreender ainfluncia social e cultural do gnero na construo da identidade de homens e mulheres.

    Ns, mulheres e homens, nascemos como seres sexuados, resultado de caractersticas

    biolgicas que determinam o sexo feminino ou masculino. Ao mesmo tempo, aprendemos a

    ser homem e mulher desde que nascemos e ao longo de toda a vida, isto , construmos a

    nossa identidade de gnero com o que nos dado social e culturalmente (as roupas que

    vestimos, os desportos que praticamos). Essa aprendizagem processa-se em diversas

    instituies sociais, a comear pela famlia, passando pela escola, pelos meios decomunicao, pelo grupo de amigos/as e pelo trabalho.

    O local, o tempo e o contexto social em que habitamos so aspetos essenciais na formao da

    nossa identidade. Estes fatores contribuem para a construo de gnero. Por outras palavras, a

    nossa identidade de gnero depende tambm do nosso contexto histrico, geogrfico e social.

    O conceito de gnero refere-se ento construo relacional e organizao social das

    diferenas entre os sexos.

    O que apresentado como feminino, nas sociedades ocidentais, toma o masculino como

    referncia. A mulher continua a ser apresentada como o oposto do homem, s que esta no

    uma simples oposio, uma oposio hierarquizada, em que o gnero feminino

    socialmente menos valorizado que o masculino.

    Esta hierarquizao assenta num conjunto de crenas, comportamentos, relaes e

    identidades socialmente construdas e modeladas pela Histria.

    A escola desempenha um papel importante na construo das identidades de gnero, pois

    como parte de uma sociedade que discrimina, ela produz e reproduz desigualdades de gnero,

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    de etnia e sociais. Esta realidade tem levado vrios organismos internacionais a emitirrecomendaes sobre a integrao da temtica da igualdade de gnero na educao,

    apontando medidas que passam pelo desenvolvimento de currculos que adotem uma

    perspetiva de gnero em todos os nveis de ensino. O Conselho Europeu, bem como as Naes

    Unidas, tm recomendado a reviso dos materiais didticos e dos mtodos de ensino, no

    sentido de promover o uso de uma linguagem inclusiva, no discriminatria e eliminando os

    esteretipos de gnero, com vista a proporcionar modelos positivos para ambos os sexos.

    Tambm ao nvel nacional, o IV Plano Nacional para a Igualdade, Gnero, Cidadania e no

    Discriminao, determina que a igualdade de gnero na formao e educao deve constituiruma prioridade, devendo para isso centrar-se no combate aos esteretipos de gnero que

    continuam a caracterizar os currculos, as prticas educativas e pedaggicas, os materiais

    didticos e pedaggicos, assim como sensibilizar as diversas organizaes e agentes

    educativos para a temtica.

    Neste sentido, o presente Guia visa incentivar os/as professores/as a reverem os manuais

    escolares, analisando os seus contedos numa perspetiva de gnero, atendendo

    componente textual e imagtica dos mesmos. Com efeito, ambas as componentes veiculam

    representaes de uma sociedade num determinado momento histrico, podendo contribuir

    para o reforo de esteretipos de gnero.

    6

    ATENO:O que sev aqui

    pode estardistorcido poresteretipos

    sociaisacerca

    dos sexos.

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    Este Guia pretende que professores e professoras analisem de que forma o gnero masculino e

    o gnero feminino so representados pelos textos, pelas imagens nos documentos

    pedaggicos, e que identidades so reforadas e legitimadas a partir disso.

    Pretende-se, assim, sensibilizar e transformar as representaes de gnero baseadas em

    preconceitos e esteretipos, presentes nos manuais escolares.

    O Guia est organizado em trs partes:

    A primeira visa identificar os eixos de leitura e as dimenses a ter em conta na anlise dos

    manuais escolares. So tambm apresentadas as diferentes partes que constituem estes

    manuais e que devero ser instrumento de anlise.

    Na segunda parte, apresentada a Checklist, que constitui um instrumento de avaliao

    qualitativa e quantitativa dos manuais escolares, numa perspetiva de gnero. Tambm

    proposto um conjunto de linhas de reflexo a ter em conta na avaliao qualitativa. Por fim, so

    dadas indicaes de como analisar os resultados obtidos com a aplicao da Checklist.

    Na terceira e ltima parte, proposto um conjunto de medidas que visa a alterao das

    componentes sexistas e de desigualdade presentes nos manuais escolares, promovendo aigualdade de gnero.

    Apresentao do Guia

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    Consideraes IniciaisPara se fazer uma avaliao global do manual escolar, sugerimos que se tenham em

    considerao as diferentes partes que o constituem, bem como as diferenas entre a

    composio grfica e a composio textual.

    Neste Guia, prope-se avaliar as seguintes seces do manual:

    1.

    2.

    3.

    4.

    5.

    6.

    Ttulos (abertura de captulos, temas, unidades, etc.);

    Texto (descrio e desenvolvimento dos contedos);

    Documentos informativos (documentos complementares ao texto);

    Exerccios;

    Atividades de pesquisa;

    Referncias a recursos (notas para o/a professor/a, curiosidades, etc.).

    8

    Na avaliao das diferentes partes do manual devem ser considerados dois eixos de leitura:

    Visibilidade dada ao homem e mulher

    Estudos indicam que a mulher continua a estar invisvel nos manuais escolares,

    seja porque as mulheres historicamente importantes no esto presentes nos

    mesmos, seja pelo uso do masculino genrico ao nvel da linguagem escrita (Alvarez-

    Nunes, 2004).

    Este eixo de leitura permite identificar a presena ou a ausncia da figura feminina e

    da figura masculina e/ou a discrepncia entre elas. Possibilita tambm quantificar a

    frequncia com que cada um e cada uma so representados/as, seja a nvel textual,

    seja a nvel grfico e de imagem e prope avaliar se esta invisibilidade continua ou

    no a ser perpetuada nos manuais escolares.

    1.

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    As concees sobre o homem e sobre a mulher

    Este eixo de leitura do manual refere-se construo da imagem, dos atributos e

    papis de cada gnero referenciados nos textos e/ou representados nas imagens.Permite identificar se os esteretipos de gnero continuam presentes nos manuais

    escolares e de que forma estes so perpetuados.

    2.

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    Como Utilizar a ChecklistPara avaliar os manuais pedaggicos numa perspetiva de igualdade de gnero, foi construda

    uma Checklist, que visa servir de instrumento prtico de anlise, sendo composta por trs

    grelhas:

    1.

    2.

    3.

    Avaliao quantitativa da composio textual do manual;

    Avaliao quantitativa da composio grfica do manual;

    Avaliao qualitativa da composio textual e da composio grfica do manual.

    Avaliao Quantitativa:

    Pretende-se que o/a professor/a selecione, pelo menos, um captulo do manual e para cada

    seco contabilize:

    O nmero de referncias masculinas, femininas e neutras, bem como o uso do

    masculino genrico presentes nos textos;

    O nmero de representaes masculinas, femininas e mistas presentes nas imagens.

    1)

    2)

    Referncias Masculinas

    Quando h referncia apessoas do sexo masculino,

    no singular ou no plural.

    Ex.: o Ricardo;

    o rapaz; os meninos

    da escola.

    Referncias Femininas

    Quando h referncia a

    pessoas do sexo feminino,

    no singular ou no plural.

    Ex.: a Beatriz; a jovem;

    as bailarinas.

    Neutras

    Quando a

    referncia

    no masculina

    nem feminina.

    Ex.: as pessoas,

    a humanidade, a (s) criana (s)

    10

    Masculino genrico

    Quando se utiliza o masculino para identificar ambos os sexos.

    Ex.: O Homem em vez de a Humanidade, os alunos,

    os cidados,autores,

    operrios.

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    A representao da menina/jovem/mulher e do menino/jovem/homem, a partir das

    roupas, cores e acessrios, de brincadeirase atividades quotidianas, bem como do

    corpo. Os papis sociais podem ser reforados pelas ilustraes, atravs da

    diferenciao nas roupas e nas brincadeiras de meninos e meninas.

    a.

    Ex.: A figura feminina surge usando roupas de cores

    suaves, prevalecendo o rosa e os cabelos compridos.

    A representao do contexto e do papel social atribudo ao homem e mulher no

    processo produtivo, pela anlise do trabalho, remunerado ou no, atribudo aos

    dois gneros.

    b.

    Representaes dos gneros com recurso a adjetivos e a verbos diferenciados

    atribudos aos homens e s mulheres dentro do contexto social e cultural da nossa

    poca.

    c.

    Avaliao Qualitativa:

    Pretende-se que o/a professor/a selecione um captulo do manual e, pelo menos, uma seco

    para avaliar a linguagem escrita e grfica. Deve responder s questes colocando uma cruz no

    espao correspondente a Sim, No ou N/A(no aplicvel), consoante o contedo em avaliao.

    Deixa-se em aberto a possibilidade de colocar evidncias que comprovem a resposta dada.

    As questes colocadas na terceira grelha da Checklistremetem para vrias esferas:

    Ex.: A figura masculina surge associada a contextos de produo / inveno.

    Ex.: A figura feminina descrita com adjetivos que implicam

    afetividade, emotividade, fragilidade.

    A figura masculina surge representada como sujeito ativo (uso de

    verbos como fazer, decidir, atuar).

    A ter em conta:

    Ao nvel da avaliao qualitativa importa entender que a diferenciao de tarefas, condutas e

    imagens distintas entre feminino e masculino nos livros tende a mostrar uma viso

    estereotipada sobre os papis socialmente aceites e recomendados para cada gnero.

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    O

    O

    O

    O vesturio uma forma de linguagem no-verbal atravs da qual as pessoas secomunicam e relacionam socialmente. Os livros podem contribuir para determinar

    comportamentos atravs da diferenciao das roupas femininas e masculinas,

    transmitindo a forma adequada como cada sexo se deve vestir e agir.

    Quando pensamos nas cores e os seus significados, h que ter em conta duas questes: o que

    representam para ns e o que podem representar para os outros. Considerando o vesturio

    representado nos livros, podemos procurar o nvel simblico sugerido pelas suas cores.

    As cores evocam smbolos culturais, morais e religiosos. No sculo XIX, a partir de uma lenda

    europeia na qual se dizia que as meninas nasciam de rosas e os meninos de repolhos azuis, acor rosa passou a ser associada feminilidade, simbolizando as caractersticas que devem

    estar presentes na mulher, como delicadeza, ternura e suavidade.

    Essa simbologia das cores em relao aos gneros nos livros escolares, remete sociedade a

    construo dos papis sexuais feminino e masculino, atravs da representao cultural de um

    ideal de mulher e de homem. A cor rosa feminina, o vermelho despido da sua raiva e do seu

    erotismo.

    Tradicionalmente, o exerccio da sexualidade feminina estaria ligado reproduobiolgica e s atividades no remuneradas, realizadas para a manuteno e a

    reproduo da fora de trabalho. Socialmente, sempre foi atribudo mulher o

    papel de cuidadora. No entanto, a antiga me e esposa, circunscrita esfera privada ou do lar,

    deu lugar a outra mulher, que alm daquelas responsabilidades, est no mercado de trabalho

    em busca de reconhecimento e de remunerao igualitria. Tais transformaes alteram os

    papis e as necessidades no s das mulheres mas tambm dos homens.

    As atribuies sociais de cada sexo, frequentemente veiculadas em produtos

    culturais, so definidas de tal forma que a delicadeza feminina colocada em

    oposio dureza masculina e, ao dar ao homem um carter ativo, concede-se

    mulher, automaticamente, um carter passivo: se o homem duro, a mulher suave, doce e

    meiga. O homem que representa o papel de gnero tradicional o provedor do lar, pai de

    famlia, pouco participativo, quem define e executa tarefas convencionalmente masculinas.

    Tais comportamentos podem ser acompanhados de esteretipos, como a caracterizao do

    homem como forte, aventureiro, dominador, agressivo, decidido, competitivo, assertivo,

    desafiador, orientado para a realizao e voltado para a ao.

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    Aps a anlise dos manuais escolares atravs da Checklist, necessrio proceder

    interpretao dos resultados. Com esta anlise, a escola e os/as professores/as podero

    verificar se os manuais utilizados perpetuam esteretipos ou se esto enquadrados numa

    perspetiva de gnero.

    Anlise de Resultados

    Promove a desigualdade de gnero Promove a igualdade de gnero

    Predomniodo MasculinoOu

    Predomniodo Feminino

    Predomniodo Masculino genrico

    Igualpresena doMasculino e do Feminino

    Presenado Neutro

    Ausnciado Masculino genrico

    Predomniodo MasculinoOu

    Predomniodo Feminino

    Ausncia de Composies Mistas

    Igualpresena doMasculino e do Feminino

    Predomnio

    de Composies Mistas

    Predomniode respostas positivas Predomniode respostas negativas

    N elevado de respostas sim

    indica a presena de

    esteretipos de gnero

    N elevado de respostas no

    indica a ausncia de

    esteretipos de gnero

    Composio

    Textual

    Composio

    Grfica

    Linguagem

    Escrita

    &

    Linguagem

    Grfica

    AnliseQuantitativa

    AnliseQualitativa

    Em Sntese:

    Para uma correta interpretao dos resultados deve ter-se em linha de conta uma anlise

    integrada dos resultados quantitativos e qualitativos.

    Conclui-se que um manual em perspetiva de gnero demonstra um equilbrio quer ao nvel das

    representaes do gnero masculino e do gnero feminino, quer ao nvel da linguagem textual

    e grfica.

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    Sugestes para a MudanaOs manuais escolares (ao nvel de texto e imagem) produzem e veiculam representaes e

    papis de gnero cultural e socialmente adotados.

    Com a anlise dos manuais atravs da Checklist pretende-se sensibilizar professores/as e

    alunos/as para estas representaes. Ao ter-se em conta esta realidade, espera-se uma

    transformao ao nvel da conceo e da seleo dos manuais escolares, bem como na forma

    como veiculado o conhecimento dentro da sala de aula. Pretende-se assim uma integrao

    da perspetiva de gnero nas escolas de uma forma global.

    Neste sentido, so apresentadas algumas sugestes que podem ser implementadas nos

    manuais escolares e documentos de apoio pedaggico, para que seja transmitida uma

    mensagem mais igualitria entre os sexos.

    Como tem vindo a ser referido, nas representaes grficas, bem como na linguagem verbal, a

    desigualdade e a discriminao podem exprimir-se de diversos modos, apresentando-se de

    seguida algumas situaes passveis de mudana:

    14

    Representao genrica de grupos (ex: usando o masculino genrico) onde

    predominam elementos de um sexo, quando efetivamente a referncia a um

    coletivo misto;

    Representao de profisses atravs de esteretipos;

    Associao exclusiva ou preponderante de figuras femininas a espaos domsticos

    ou interiores, e de figuras masculinas a espaos pblicos e ambientes profissionais e

    institucionais;

    Associao de figuras masculinas ao, ao controle, ao domnio, criao, e defiguras femininas associadas inatividade, submisso, dependncia e imitao;

    Caracterizao estereotipada, em termos fsicos ou psicolgicos, de figuras

    femininas e masculinas (ex.: a mulher consumista, o homem agressivo);

    Secundarizao da posio das figuras femininas em imagens com elementos dos

    dois sexos (ex: quando aparecem recorrentemente em segundo plano ou quando os

    seus traos so menos ntidos do que os dos elementos masculinos).

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    Assim, tendo presente as situaes que contribuem para a desigualdade na educao seguem-

    se uma srie de sugestes de mudana, no s ao nvel dos manuais escolares e das atitudes

    dentro da sala de aula, mas tambm ao nvel da linguagem:

    Dar visibilidade s mulheres na Histria, nas Cincias e nas Artes;

    Valorizar o dia a dia dos trabalhos tradicionalmente realizados por mulheres;

    Ao explicar os conhecimentos e contributos femininos, evitar faz-lo a partir de

    parmetros masculinos;

    Incluir no currculo contedos e exerccios para identificar e analisar o sexismo aolongo da histria e na atualidade, atravs de anncios, textos e documentos.

    Desmontar os esteretipos do feminino e do masculino que aparecem nas obras

    literrias, nos textos, nos filmes, na msica e na cultura popular;

    Incluir no currculo o processo histrico de emancipao das mulheres;

    Romper com o pensamento dicotmico e com a valorizao desigual que se

    outorga a masculino/feminino: produo/reproduo, espao privado/espao

    pblico, etc.;

    Fomentar a autonomia pessoal e as relaes que no so de subordinao.

    A.

    B.

    C.

    D.

    E.

    F.

    G.

    Como j foi referido, a linguagem o veculo por excelncia da comunicao e nesta refletem-

    se uma srie de esteretipos e preconceitos sexistas que importa transformar.Para isto, recomenda-se a substituio do masculino genrico por uma expresso de carcter

    coletivo que englobe ambos os sexos.

    importante a eliminao de qualquer frase com contedo sexista na comunicao bem como

    a utilizao de textos em sala de aula que utilizem protagonistas femininas e que apresentem

    igualdade nas relaes entre os sexos.

    Sugestes adaptadas de

    Diccionario Online de Coeducacin

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    16

    Segue-se uma tabela com alguns exemplos:

    Em vez de: Utilizar:

    O Homem;

    Os homens ou os alunos;

    O aluno dever...

    Os pais...

    Humanidade ou Gnero Humano;

    Os homens e as mulheres ou Os alunos a as alunas;

    Indique, analise ou descreva...

    A famlia...

    X V

    Em sntese:

    Em forma de concluso, a abordagem que procura ressaltar a perspetiva de gnero no se deve

    preocupar exclusivamente com a condio feminina ou com as experincias e percees das

    mulheres, mas sim com a atribuio de papis, recursos, responsabilidades e expectativas

    relativas a homens e a mulheres. Nas relaes de gnero nenhuma compreenso de qualquer

    um dos dois pode existir atravs de um estudo que os considere totalmente em separado

    (Soihet citado por Martins & Hoffmann, 2007).

    Portanto, ao adotar um ponto de vista que valoriza a busca de igualdade, so colocadas em

    questo todas as ideias preconcebidas, tanto as que dizem respeito mulher quanto ao

    homem, duas faces da mesma realidade.

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    Alvarez-Nunes, M. T. (2004). Gnero e Cidadania nas Imagens de Histria: Estudo Exploratrio

    de Manuais Escolares do 12 ano e de Software Educativo. Lisboa, Universidade Aberta.

    Alvarez-Nunes, M. T. (2009). O Feminino e o Masculino nos Materiais Pedaggicos,

    (in)visibilidades e (des)equilbrios. Lisboa: CIG.

    FETE UGT e Instituto de la Mujer. Diccionario Online de Coeducacin Educando en Igualdad.

    Projeto Educando en Igualdad.

    Disponvel em:

    http://www.educandoenigualdad.com/IMG/pdf/DiccionarioONLINE_DE_COEDUCACION-_pdf.pdf

    Martins, E. F., & Hoffmann, Z. (2007). Os Papis de Gnero nos Livros Didticos de Cincias.

    Ensaio Pesquisa em Educao em Cincias, 9 (1) 1-20.

    Disponvel em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=129516644009.

    Resoluo do concelho de ministros n 5/2011 de 18 de Janeiro de 2011, que aprova e define o

    IV Plano Nacional para a Igualdade, Gnero, Cidadania e no Discriminao.Dirio da Repblica

    n 12 Srie I.Disponvel em: http://www.cite.gov.pt/asstscite/downloads/IV_PNI_2011_2013.pdf

    Bibliografia

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    Checklist

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    Avaliao Quantitativa da Composio Textual do Manual

    Composio Textual

    Ttulos(Abertura deunidades,ttulos de textos,etc...)

    Textos(Informativos,explicativos, etc...)

    Atividades

    de Pesquisa

    Exerccios

    Referncias(Notas para o/aprofessor/a,sugestescuriosidades, etc...)

    Unidade /Captulo

    Masculinas Femininas Neutras(ex: as pessoas,a direo, etc.)

    MasculinoGenrico

    (ex: o homem,os alunos, etc.)

    Nmero de Referncias

    Observaes

    Disciplina: Ano de Escolaridade: Nome do Manual:

    Total

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    Avaliao Quantitativa da Composio Grfica do Manual

    Composio Grfica/Imagem

    Ttulos(Imagens naabertura dasunidades)

    Textos(Imagens eesquemas queacompanham ostextos)

    Atividades

    de Pesquisa(Ilustraes,esquemas,representaesgrficas, etc...)

    Exerccios(Imagens,esquemas, etc...)

    Unidade /Captulo

    Masculinas Femininas Mistas

    Nmero de Representaes

    Observaes

    Disciplina: Ano de Escolaridade: Nome do Manual:

    Total

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    Avaliao Qualitativa da Composio Textuale da Composio Grfica do Manual

    Questes

    A figura feminina usa roupasde cores suaves, prevalecendo

    o rosa e os cabelos compridos.

    Unidade/Captulo: Linguagem Escrita: Ttulos

    Parte do Manual a Avaliar:

    Textos Atividades de Pesquisa Exerccios Referncias

    A figura masculina usapredominantemente a cor azul,cabelos curtos e / ou bon.

    A representao fsica da figurafeminina surge relacionada comjuventude, elegncia, cuidadocom o corpo, magreza, etc.

    A representao fsica da figura

    masculina surge relacionadacom fora, virilidade, msculo,etc.

    A figura feminina surgerepresentada, maisfrequentemente, no contextoprivado (casa, famlia).

    A figura masculina surgerepresentada, maisfrequentemente, no contexto

    pblico (econmico, financeiro,cultural, poltico, desportivo, etc.)

    A figura masculina surge associadaa contextos de produo /inveno (ex.: construo deedifcios, criao de tecnologias,etc.).

    A figura feminina surge associadaa contextos de consumo /usufruto de bens e materiais

    (ex.: compras, beleza, etc.)

    Sim No NA Evidncias

    Linguagem Escrita

    Sim No NA Evidncias

    Linguagem Grfica

    Unidade/Captulo: Linguagem Grfica: Ttulos Textos Atividades de Pesquisa Exerccios

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    A figura feminina surge emcontextos de subordinao.

    A figura masculina surge emcontextos de liderana.

    A figura feminina descrita comrecurso a adjetivos que implicamafectividade, emotividade,fragilidade, etc.

    A figura masculina descrita com

    recurso a adjetivos que implicamindiferena, fora, frieza, etc.

    A figura feminina descrita comrecurso a adjetivos que implicampassividade, sensibilidade,frivolidade, etc.

    A figura masculina descrita comrecurso a adjetivos que implicamassertividade, racionalidade,agressividade, eficincia, etc.

    A figura feminina surge, na maioriadas situaes representadas,como sujeito passivo (ex.: uso deverbos como assistir, cumprir,receber, etc.)

    Questes

    Sim No NA Evidncias

    Linguagem Escrita

    Sim No NA Evidncias

    Linguagem Grfica

    A figura masculina surge, namaioria das situaesrepresentadas, como sujeito ativo(ex.: uso de verbos como fazer,decidir, atuar, reagir, etc.).

    Unidade/Captulo: Linguagem Escrita: Ttulos Textos Atividades de Pesquisa Exerccios Referncias

    Unidade/Captulo: Linguagem Grfica: Ttulos Textos Atividades de Pesquisa Exerccios

    A figura feminina surge associada,com maior frequncia, a profissesligadas ao cuidado do outro(ex.: tarefas domsticas, ensino,enfermagem, cuidado de crianase idosos, etc.).

    Total

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    Ao cofinanciada pelo FSE e pelo Estado Portugus: