Os negócios que vivem da gestão de dívidas€¦ · VI DiárioEconómico Terça-feira2Março2010...

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Este suplemento faz parte integrante do Diário Económico n.º 4831 e não pode ser vendido separadamente 2 de Março de 2010 PROJECTOS ESPECIAIS GESTÃO , RECUPERAÇÃO DE CRÉDITOS E ‘FACTORING’ Paulo Figueiredo Os negócios que vivem da gestão de dívidas As recuperadoras de créditos em Portugal Endividamento de particulares é o maior negócio das recuperadoras de créditos Tudo sobre o negócio crescente do ‘factoring’ em Portugal A recuperação de créditos em Portugal segue um código ético e começa por ser feita via telefone. Na foto, a Intrum Justitia.

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2 de Março de 2010

PROJECTOSESPECIAIS

GESTÃO,RECUPERAÇÃODECRÉDITOSE ‘FACTORING’

PauloFigueiredo

Os negóciosque vivemda gestãode dívidas● As recuperadoras de créditos em Portugal

● Endividamento de particulares é o maior negóciodas recuperadoras de créditos

● Tudo sobre o negócio crescente do ‘factoring’em Portugal

Arecuperação de créditos emPortugal segueum código ético e começa por ser feita via telefone.Na foto, a Intrum Justitia.

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II DiárioEconómico Terça-feira2Março2010

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Contas mal feitas ou pura e simplesmente nãofeitas, e os chamados ‘3D’ – desemprego, doen-ça e divórcio – são os responsáveis pelas situa-ções que conduzem ao incumprimento contra-tual por parte dos particulares e que têm ajuda-do ao crescimento do sector da recuperação decréditosmalparados.Segundo António Gaspar, professor universitá-rio e director-executivo da Associação Portu-guesadasEmpresasdeRecuperaçãodeCrédito(APERC), “omercado das recuperações de cré-dito terá cerca de 50 a 60 empresas (entre as deboas práticas e as de práticas condenáveis),onde as empresas de boas práticas representa-rão cercade95%dessemesmomercado”.O especialista em endividamento detecta umatendência no que respeita ao incumprimentocontratual, sendo possível estabelecer uma or-dem ou hierarquia para o mesmo. Desde logo,pela noção de necessidade que cada cidadão

confere aos bens alvo de financiamento. Antó-nio Gaspar salienta que “na primeira linha doincumprimento contratual creditício vem oCrédito Pessoal e osCartões deCrédito, depoisvem o Crédito Automóvel ou o Leasing com amesma finalidade e só no final aparece oCrédi-toHipotecárioouàHabitação”.O cenário de crise económica e financeira temengrossado a lista de pessoas que não conse-guem pagar as dívidas. É aqui que as empresasrepresentadas pela APERC têm um papel cha-ve: conseguir negociar e convencer os devedo-res a cumprirem o contrato recuperando os va-lores emdívida para os clientes. O sector finan-ceiro–ondese inclui abancae todasas socieda-des financeiras de aquisição a crédito –, segura-doras, telecomunicações e grande distribuiçãosãoos sectores quemais recorremaestes servi-ços.O responsável da APERC afirma que ainda nãohádados sobre o volumede crédito recuperadoem2009.No entanto, avança que “foi umperío-do commais processos para recuperar que em2008, mas que em termos absolutos se terá re-cuperado menos, por força das vicissitudes edas extremas dificuldades que a onda avassala-dora da crise económica, transportou na suaforça de destroços”. Em 2008 omontante recu-perado pela via não judicial ascendeu a 420mi-lhõesde euros, para um total de980mil proces-sos resolvidos.Os avultados investimentos das empresas e umesforço contínuo para a formação e qualifica-ção dos colaboradores, a par de um elevadosentido do rigor e da exigência, são os trunfosutilizados pelo sector para conquistar a credibi-lidade junto dos clientes. Este responsável aler-ta que o sector da recuperação de crédito é ummercado difícil e extremamente exigente, ondeainda proliferam empresas cujas praticas sãocondenáveis, mas no qual existem entidadesque fazem do seu ‘modus operandi’ ummanualefectivodeboaspráticas (empresasquase todasrepresentadaspela associação).António Gaspar explicou que a recuperação deum crédito depende sobretudo de três factores:a antiguidade da dívida, do montante em in-cumprimento e da situação apresentada pelomutuário do crédito, ou seja, que razões o leva-ramadeixar de cumprir comas responsabilida-des assumidas.Oprofessor universitário afirmaque “em termos normais, um valor vencido hámenos de 15 dias, recuperar-se-á ainda dentrodesse mesmo mês, em 80% dos casos. Depoisexistem, casos mais graves em que o incumpri-mento não será recuperável num espaço detempo tãocurto”.Em termos das perspectivas para o sector, e pe-rante o actual cenário macroeconómico, é ex-pectável que venha a aumentar o volume deprocessos nas mãos das empresas de recupera-ção de créditos, o que não significa que não si-gnifica que se recupera mais montantes. Antó-nioGaspar estimaque “2010venhaa serumanocomcrescimento do crédito vencido,mas ondeas dificuldades de recuperação serão bemmaiores”. ■

DESTAQUE

DE

GESTÃO,RECUPERAÇÃODECRÉDITOEFACTORING

CRISELIMITASUCESSODONEGÓCIOSECTORFINANCEIRO, grande distribuiçãoe telecomunicações são os principais clientes do sector.

Omercado das recuperaçõesde crédito terá cerca de 50 a 60empresas, onde as de boaspráticas representam cercade 95% domercado.

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Omercadodegestãoe recuperaçãodecréditoécompostoporcercade 50a60empresas, embo-raapenas 28 façampartedaAPERC, totalizandoestas cercade 1000colaboradores.AComfira e a Effico Portugal (GrupoBNPPari-bas) são dois ‘players’ no mercado nacional.Tanto uma outra são associadas daquela entida-de e viram o seu negócio crescer em 2009. “An-gariamos novos clientes e crescemos cerca de37%emrelaçãoa2008noqueserefereàcarteiraconfiada que em 2009 foi superior a 140 mi-lhões”, avançou João Sobral, administrador daComfira. Jáemrelaçãoaocrédito recuperado, “oincremento ficou-sepelos 57milhõesdeeuros,oque corresponde a um crescimento ligeiramen-te superior a 19% face ao montante recuperadoem2008”, concretizouomesmoresponável.Também a Effico confirmou, em 2009, “a ten-

APENAS28 EMPRESASDE

Comfira e Effico:

Evolução da actividadedos associados daAPERC

Processos Montante

resolvidos recuperado

2006* 400mil 350milhões de euros2007 692mil 380milhões de euros2008 980mil 420milhões de eurosFonte:AssociaçãodeEmpresasdeGestãoeRecuperaçãodeCréditos*Sóexistemdados consolidadosdesde2006

EMPRESASASSOCIADASDA APERC

■ Acticobra■ Castelo & Duarte■ Comfira■ Coface■ Collections Company■ Credicontrolo■ Debtges■ Domusvenda■ Effico■ Ferrolserviços■ Gescobrofin■ Gesif Portugal■ Gesphone■ IIC■ IntrumJustitia■ JJactivos■ Lamaquina■ Logicomer■ Multigestion■ Objectivo Principal■ Proactivos■ Recactiv■ Reconfinance■ Redifacto■ Servicrédito■ Servesco■ Sercob■ S.G.P.U.

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Terça-feira2Março2010 DiárioEconómico III

UMUNIVERSODE 60 estão inscritas na APERC. Fusões são cenário possível.

duas empresas com desempenho positivo

dência de crescimento a nível internacionalcom a aquisição de novos parceiros nos seg-mentos ‘target’. Observamos um crescimentode58%relativamenteaoanoanteriornoquedizrespeito ao volume total de créditos recebidospara recuperação”, afirmou Pedro Parreira deAlmeida, director comercial da Effico Portugal,empresa criada em 1995,AComfira, quenasceu em 1995, temhoje 72 tra-balhadores e registou uma facturaçãode 2,6mi-lhões de euros no mercado nacional em 2009.Actualmente, a empresa está a apostar tambémno mercado espanhol em parceria com Gesa-grupo, “onde angariamos já uma interessantecarteirade clientes”, afirmou JoãoSobral.A Effico é uma empresa multinacional do Gru-poBNPParibas.OnegóciocomeçouemFrançahá 20 anos e hoje temmais de 500 colaborado-

res em todos os países onde está presete. EmPortugal, a Effico começou a sua actividade em2003, tendohoje 70colaboradores.

Futuro do sector passapor fusõesO cenário de crise trouxe a ambas as empresasmais ‘dossiers’ para trabalhar,mas isso não signi-ficaqueataxadesucessosejagarantida. Istopor-que é preciso “muito mais em cada um para seatingir um pouco mais de sucesso”, como subli-nhou João Sobral. E tambémporque dada actualconjuntura a probabilidade de recuperação sejamenor”, comodissePedroParreiradeAlmeida.Durante 2009 surgirammais algumas empresasno mercado, umas de raiz outras vindas de Es-panha e que estabeleceram representação emPortugal. Sobre este aumento do número deprotagonistas, António Gaspar, presidente da

APERC,afirmaque“oaparecimentodestasem-presas em nada influenciará o mercado. Sãoempresas sem dimensão crítica, para poderemser consideradas verdadeiras “players” nomer-cado”. Mas a concentração de empresas nesesector ganha cafa vez mais sentido, “na medidaemqueonossomercadoémuito exíguonoquese refere a potenciais clientes e existem empre-sas fortemente especializadas que, se unidas daforma mais correcta, constituiriam im podero-sos instrumento de gestão para os clientes deambos, conseguindo significativas reduções decustos estruturais”, lembra João Sobral daComfira. Uma opinião que é partilhada peloresponsável da Effico quando diz que “comoqualquer negócio o amadurecimento da activi-dade trará consigo uma selecção natural dos‘playes’, comumanatural concentração”.■

PauloAlexandre

Coelho

Apesar de o empréstimoda casa ser a maiordespesa no orçamentodas famílias, a verdadeé que nas situaçõesde incumprimento esteé o último bem que fica porpagar. Segundoas empresas de gestãoe recuperação de crédito,quem está em dificuldadesfinanceiras primeiro deixade pagar o crédito pessoale os cartões de créditoe só no fim o carroe a habitação.

CRÉDITO AO CONSUMOÉ O MAIS PENALIZADO

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IV DiárioEconómico Terça-feira2Março2010

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Os números divulgados recentemente peloBanco de Portugal (BdP) dão conta de uma di-minuição do crédito às famílias considerado decobrança duvidosa no final de 2009. De acordocomoBoletimEstatísticodoBdP, houveumde-créscimo de 166 milhões de euros no créditomalparado entre Novembro e Dezembro doano passado, passando de 3.827 milhões de eu-rospara 3.661milhões.Se ao valor do crédito malparado das famíliasjuntarmosa fatiade4.594milhõesdeeuros refe-rentes às empresas, Portugal totalizamais de8,2mil milhões de euros de incobrváveis em 2009.De acordo com fontes do sector financeiro, estadiminuição não significa que os níveis de in-cumprimento tanto das famílias como das em-presas terámelhorado.Este comportamentopo-derá ser explicado pelo facto de no final dos tri-mestres osbancosvenderemas carteiras de cré-dito malparado a outras instituições, o que terácontribuídoparaadescidado incumprimento.Ainda assim o desempenho deste indicador foi21,4% acima ao registado em 2008. Nesse ano ovalor do crédito de cobrança duvidosa ascendiaa 2.877milhõesdeeuros.

Confrontada com esta diminuição do créditomalparado, Natália Nunes, coordenadora doGabinete de Apoio ao Sobreendividado da DE-CO, lembrou que os pedidos de ajuda que têmchegado à instituição e a previsão de que a taxade desemprego irá continuar a crescer deixamantever que “o número de famílias em dificul-dadesvenhaa aumentar”.JoãoSobral, administradordaComfira, alertaque“com a precariedade crescente no trabalho e naeconomia emgeral, todos somospotenciais/efec-tivos endividados. Para identificar o portuguêsendividado bastará olhar para o lado no trabalho,espreitarpela janelaeverquempassanarua”.DuranteomêsdeDezembrode2009omontante

emprestado às famílias cifrou-se emmais de 137,9milhõesde euros, mais 1.413 mi-lhões de euros face aNo-vembro. Os principaisresponsáveis pelo malpa-

DEZEMBRODE2009 registou descida de 166 milhõesde euros face a Novembro, mais ainda há muito por fazer.

Durante omês de Dezembrode 2009 omontante emprestadoàs famílias cifrou-se emmaisde 137,9 milhões de euros,mais 1.413milhões de eurosface a Novembro.

Onúmero de famílias emdificuldades deverácontinuar a aumentar, a avaliar pelo pedidode ajudas à DECO e pela contínua subidado desemprego.

■ OEstado continua a ser uma das entidadesquemais tempo demora a pagar as suasdívidas, embora vá ficando cada vezmais paratrás o tempo emque “o Estado era consideradoincumpridor-mor, não obstantemuitasempresas sentirem diariamente este efeito,ainda hoje”, diz João Sobral, da Comfira. Istoporque os atrasos de pagamento do Estadosurgema par como nível de incumprimentodas empresas entre si, como explicou omesmoresponsável. EmAbril de 2009, a ComissãoEuropeia propôs que as autoridades públicastivessem30 dias para pagar facturas àsempresas. Terminado esse período, o Estadoseria obrigado a pagar juros e umaindemnização de 5%domontante emdívida.Já estemês, o CDS-PP conseguiu levar aaprovação da proposta que estabelece opagamento de juros demora pelo Estado peloatraso nos pagamentos.A.C.A.

■Os sectores financeiro, telecomunicações,‘utilities’ e banca especializada no créditopessoal são aqueles quemais dinheiro têm arecuperar, contando para isso coma ajuda dasempresas de gestão e recuperação de créditos.“Nos últimos anos, o sector que apresenta ummaior nível de crescimento na nossa actividadeé o sector financeiro”, afirmopu Pedro Parreirade Almeida, director comercial da Effico.Para recuperar osmontantes emdívida, osdevedores demoram, no sector privado, “comcerca de seismeses de incumprimento, nomínimo, de oito a dozemeses para regularizaros seus compromissos”.A.C.A.

Telecomunicações e sectorfinanceiro sãoosque têmmais dívidas a recuperar

Créditomalparado cai,mas as famíliascontinuam endividadas

Estado continuaapagaramáshoras,masequiparadoàsempresas

rado continuam a ser a habitação e o consumo,com um peso de 79,2% do total dos incobráveis.Noentanto, omalparadonahabitaçãocaiu 57mi-lhões de euros para 1.870 milhões de euros, en-quanto que no consumo diminuiu 41 milhões deeurosatingindoos1.032milhõesdeeuros.

Construção e imobiliário lideramno incumprimentodas empresasO Boletim Estatístico do Banco Central revelaainda que, no período emcausa, as entidades fi-nanceiras emprestaram menos mil milhões deeuros às empresas. Aqui o crédito consideradode cobrança duvidosa registou um decréscimode 717 milhões de euros atingindo os 4.594 mi-lhões de euros contra os 5.311 milhões de eurosdeNovembro.Mais uma vez o crédito concedi-do aos sectores da construção e ao imobiliáriosão responsáveis por metade dos incobráveisnos empréstimos às empresas, totalizando umacumuladode 2.382milhõesdeeuros. ■

PedroParreira deAlmeida,director comercialda Effico Portugal.

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Terça-feira2Março2010 DiárioEconómico V

Crédito para fins empresariais/industriais

Crédito habitação

Crédito automóvel

Crédito ao consumo

13%

8%

27%

52%

Portugal não está sozinho nesta batalha contrao crédito malparado. Ao nível da União Euro-peia o tema tem sido debatido e foimesmo alvodaelaboraçãodeumapropostaque impõeopa-gamento de juros e a aplicação de uma taxa de5% a todas as entidades públicas que não pa-guemas facturasnoprazode 30dias.Esta iniciativa de Bruxelas pretende travar osatrasos de pagamentos de transacções, já queestes em nada contribuem para o desenvolvi-mento económico. O Estado e as restantes enti-dades públicas têm de ser os primeiros a dar oexemplo nos seus respectivos países. A Comis-são alerta para a importância de pagar a 30 dias.Averdadeéqueumpoucopor todaaEuropahásinais preocupantes de cada vezmais endivida-mento tanto por parte de empresas, como porpartedeparticulares.A Eurofinas, instituição europeia que agrega 17associações de crédito ao consumo, revela que,em 2008, os membros concederam um total de

novos empréstimosnovalor superior a 373,1milmilhões de euros, tendo a sua carteira de em-préstimosatingidoos745,5milmilhõesdeeurosnaquelemesmoano.E fora desta contabilização de novos emprésti-mos ficaram ainda os créditos ao consumidor -quer seja para consumo pessoal ou financia-mento de veículos para uso privado - que foramavaliados em268.2milmilhõesdeeuros.

Créditomal parado sobe emEspanhaEm Dezembro de 2009, o crédito malparadoem Espanha voltou a subir, na ordem dos5,08%, uma valor que segundo o Banco de Es-panha é o mais elevado desde 1996. Em No-vembro, o peso do malparado no crédito totaljá tinha superado os 5%, afastando-se, assim,cada vez mais dos 3,37% verificados em 2008.O valor total do crédito considerado de co-brança duvidosa totalizou 93,3 mil milhões deeuros em 2009 contra os 63 mil milhões de eu-ros verificados em 2008. Já este ano várias vo-zes da banca espanhola se fizeram ouvir, comoa de Juan Maria Nin, presidente do La caixa, aalertar para uma situação de incumprimentoeste ano, tudo devido à incapacidade das PMEpagaremas suas prestações.■

Crédito mal parado éproblema em toda a Europa.

Espanha atingepior valordesde 1996

EmDezembro de 2009, o créditomalparado em Espanha subiu5,08%, um valor que é omaiselevado desde 1996, segundoo Banco de Espanha.

PauloAlexandre

Coelho

Os empréstimosmais contraídosna Europa

Fonte: Eurofinas Dados de2008

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VI DiárioEconómico Terça-feira2Março2010

Dírcia [email protected]

Famílias com três elementos, com idades entreos 35 e os 45 anos, com ummenor a cargo, o ní-vel escolar entre o ensino secundário e o supe-rior, um rendimentomensal acima dos 1500 eu-ros e multi-endividados, ou seja, com mais dequatro créditos. Em traços gerais esta é a ten-dência ou o perfil do devedor português identi-ficado pelo Gabinete de Apoio ao Sobreendivi-dado (GAS)daDECO.Natália Nunes, coordenadora doGAS, explicouque as causas para se chegar às situações de so-breendividamento, logo deixando-se de cum-prir as obrigações contratuais, têm a ver com adiminuição do rendimento das famílias provo-cado pelo desemprego e doença. Em declara-ções ao Diário Económico, a responsável aler-tou que entre 2009 e o corrente ano “verifica-mos que o não pagamento de horas extraordi-nárias, prémios e comissões têmajudado aode-sequilíbrio do orçamento”. No topo das obriga-ções que se deixa de cumprir está o pagamentodocartãode crédito seguidodocréditopessoal,o automóvel e só no fim a habitação. Dentro doorçamentodas famílias aindase fazoesforçodepagar a água, luz e gás para evitar a interrupçãodestes serviços. Segundo aDECOcomeça a ve-rificar-se casos em que as famílias limitam asidas ao supermercado e cortam na alimentaçãodeixando de comprar determinados bens ouoptam pela aquisição de produtos de marcaprópria.SegundooBoletimEstatístico doGASde Janei-ro de 2010, Lisboa lidera no número de proces-sos – 101 – que deram entrada nesta entidadeque procura negociar e reestruturar as dívidasdos consumidores em incumprimento. Numaaltura em que as notícias de ‘lay-off’ e encerra-mento de fábricas fazem parte do dia-a-dia dos

portugueses, o desemprego continua a ser aprincipal causadasdificuldadeseparao incum-primento dos contratos em 39,2% dos pedidosdeajuda juntodaDECO.

Famílias emapurosNatália Nunes afirmou que, apesar de os dadosdoBancodePortugal indiciaremaestabilizaçãodo créditomalparado, a verdade é que as previ-sões emalta da taxa de desemprego e onúmerode pedidos de ajuda que estão a chegar ao GASnão deixamdúvidas de que “o número de famí-lias emdificuldadesvai aumentar”.AntónioGaspar, director-executivo daAssocia-ção Portuguesa das Empresas de Gestão e Re-cuperação de Crédito, lembra que 80% dos in-cumprimentos contratuais resultam de contasmal feitas ou pura e simplesmente não feitas eque os outros 20%, se repartem pelos ‘3D’- De-semprego,DoençaeDivórcio.A coordenadora do GAS salientou que amédiade crédito existente tenderá a aumentar, sendoque em Janeiro a média por família situava-seemseis eparaocorrentemês–aindasemosda-dos definitivos – a tendência é para sete crédi-tos. A mesma responsável adiantou que “90%das situações que chegam ao gabinete já estãoem incumprimento. A DECO ainda conseguenegociar com as entidades financeiras porqueestas têm interesse na sua resolução e não que-rem deixar ir a tribunal”. Sobre as empresas derecuperação de crédito, a responsável afirmaque “aindahámuito trabalho a fazer, até porqueo sector não está regulamentado”. Este cenáriofaz com que a DECO ainda receba” muitas de-núncias dos consumidores devido à agressivi-dade psicológica” que estas entidades utilizampara reaver os montantes em dívida, alerta Na-táliaNunes.■

90%DOSPEDIDOSDEAJUDA feitos à DECO já estãoem incumprimento. Endividados continuam a aumentar.

Cortes no rendimentoengrossa listade devedores

Rendimento acimados 1500 euros mensais,commais de quatro créditose com idade entre os 35 e os 45anos resume o “perfil”do endividado português.

Até há pouco tempo era relativamente fácil ob-ter crédito.Masesta facilidade tevecomorever-soosobreendividamentodas famíliasque, agra-vado com o cenário de crise, não conseguemhonrar os compromissos. Esta situação trouxepara a ordemdodia alguns conceitos pouco co-munspara amaioriados cidadãos.

1Oquesignifica créditomalparado?Esta situação surge quando se verifica a impos-sibilidade de o devedor cumprir as suas obriga-ções, o crédito concedido torna-se incobrável,ou seja,malparado.

2Quais as vantagens de uma entidade recor-rer ao ‘outsourcing’ para recuperar créditos?As empresas que fazem a gestão e recupera-ção de créditos garantem que oferecem a efi-cácia que os advogados não conseguem. Atra-

Conheça os novos

Evolução dos processosde sobreendividamento

Nº de processos

2000 1522001 2412002 3792003 5152004 5732005 7372006 9052007 19762008 20342009 28122010 227**Processosquederamentradaaté31 deJaneiro de2010

Causas das dificuldades das famíliassobreendividadas

Causa %

Agravamento do custo do crédito 1,8Deficiente gestão orçamental 5,1Desemprego 29,6Deterioração das condições laborais 13,7Divórcio/Separação 7,6Doença 16,6Morte de um elemento do agregado familiar 2,2Outro 23,4Fonte: BoletimEstatístico doGabinetedeApoio aoSobreendividadodaDECO

Antes de chegar a uma situação

Natália NunesGabinetedeApoioaoSobreendividamentodaDECO

“Verificamos queo não pagamentode horasextraordinárias,prémiose comissõestêm ajudadoao desequilíbriodo orçamentodas famílias.”

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Terça-feira2Março2010 DiárioEconómico VIIPaulo

alexandreCoelho

Apar do aumento do desemprego emPortugal,a esperança é muito pouca para famílias comorçamentos reduzidos e dívidas que se arrastam.

conceitos sobre o endividamentodramática de contencioso, saiba quais as regras a seguir para pagar o que deve.

vés da utilização de novas tecnologias os asso-ciados da APERC conseguem saber ‘just in ti-me’ o que se passa e enviam a informação aocliente que gosta de saber, quase numa basediária, quanto foi recuperado relativamente àcarteira enviada.

3Quais osprocessosde recuperação?Numaprimeira fase há o processo de recupera-ção invisível que não obriga a qualquer tipo deintervenção humana, uma vez que se baseia noenviode cartas, SMSoue-mail aos clientes paraos alertar para a situação de incumprimento.Numa fase posterior, há lugar para a recupera-ção interna, em que há intervenção humanacomarealizaçãodechamadas telefónicas apar-tir de ‘call-centers’ para avisar os clientes in-cumpridores. Na recuperação externa há con-tactodirecto comosclientes, no sentidodeper-ceber o problema e apresentar alternativas já

que o incumprimento pode ter sido gerado poruma situação excepcional, como o desempregoou doença do cliente. Numa fase extrema che-ga-se ao pré-contencioso emque o cliente é no-tificadodequeoprocesso irá seguir os trâmiteslegais. Enquantoqueocontenciosoéa fase finaldo processo e pode ser conduzida por advoga-dosdoprópriobancoouexternos.

4Como livrar-se do sobreendividamento?Os especialistas avançam duas regras de ouro.Em primeiro lugar nada de adiamentos de pra-zos, deve iniciar o plano de ataque à divida omais rápido possível. Em segundo lugar, nãopode ser complacente com nenhum gasto, pormais pequeno que seja, sobretudo se for umadespesa fixa ou recorrente. ADECO sugeretambém a consolidação em que se conseguejuntar todos os créditos ficando apenas comumaprestaçãoe reduzos encargos. ■ D.L.

Há quatro anos era fácil tercrédito aprovado. Esta foi umadas razões que fez com quemuitas famílias estejam hoje emsituação de sobreendividamento.

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VIII DiárioEconómico Terça-feira2Março2010

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Este é um negócio que tem vindo a crescer nosúltimos anos, graças às dificuldades trazidaspela crise. António Gaspar, director-executivoda APERC, alerta que apesar do actual cenárioaumentar o volume de incumprimento não si-gnificamais facilidadena recuperaçãodocrédi-to vencido. O sector ainda aguarda a regula-mentação adequada que lhe permitiria avançar,por exemplo, para a recuperação dos incobrá-veis da Segurança Social e dos Impostos. Parajá, o sector financeiro, grande distribuição e te-lecomunicações sãoosprincipais clientes.

Em que sectores o mercado de recuperação decrédito actua e qual o volume de crédito a recu-perar?Omercadodas recuperações trabalha essencial-mente para todo o universo financeiro (banca,SFAC, Leasing, ALD, Factoring), assim comopara o sector das telecomunicações, grande dis-tribuição e seguradoras. Poderão existir empre-sas que actuamnoutros,masna sua esmagadoramaioria, trabalham para estes sectores. Quantoao volume de crédito vencido e a recuperar quese encontra espalhado pelos vários sectores,será seguramente de muitos milhões. Posso re-ferir os valores deNovembro passado (o últimovalor disponível), em que o Banco de Portugalinformou que o valor do crédito em incumpri-mento de particulares se situava nos 3.827 mi-lhões de euros e representava 2,8% do total docrédito concedido aos particulares e às famílias.

É possível fazer uma comparação entre os deve-doresparticulares e empresas?Os associados da APERC trabalham quase ex-

clusivamentecomparticulares. Sãocontratadospor empresas credoras, para recuperação decrédito dos clientes particulares destas últimas.No entanto, e se estivermos atentos aos Bole-tins de Conjuntura do Banco de Portugal, per-cebemos que a fatia de incumprimento contra-tual por parte dos clientes particulares é muitogrande e vem crescendo de forma contínua hádois anos. Os incumprimentos de particularessão diferentes das empresas. Desde logo, demontantesmédios sãobeminferiores,mas tam-bém na génese dos produtos contratados. Emtermos absolutos, o número de incumprimen-tos de particulares é muito superior ao regista-dopelas empresas.

Em quanto tem crescido o incumprimento dosparticulares?Oindicadordeendividamentodas famíliassobreo rendimento disponível, esse rácio, em 2008,quedou-se nuns preocupantes 135%. Acredito

que em 2009 o mesmo tenha sido muito pertodos 140%(nãoexistemaindadadosdisponíveis).

Que outros sectores que registam mais dívidas?Será importante salientar osmilhões que se en-contram em dívida, quer nos impostos quer naSegurança Social, que por serem oriundos dosector público administrativo, quase nunca fi-guram nas estatísticas dos incumprimentos. Eaqui os montantes serão seguramente bem su-periores aos de outros sectores da economiareal e financeira.

Este é um negócio com potencial para crescer?Poderá evoluir pelo aparecimento de novas em-presasoupela concentração?Há já algum tempo que defendo a consolidaçãosectorial.Até aomomentoeste sector tempassa-do ao ladodomovimentode consolidação. Pare-ce-me que a consolidação traria algumas vanta-gens assinaláveis, desde logo o ganho de siner-giaseeconomiasdeescala.Depois, umganhore-levante em termos de músculo financeiro, paraprojectosmaisexigentessobopontodevistadosinvestimentos necessários. Estou perfeitamenteconvicto que o mercado não necessita de maisempresas. As que existem são suficientes. Acre-dito sim,queomercadohámuitoquedeveria terfeito uma seriação dos diversos intervenientes e“expulsar a má moeda”, que é como quem diz,expulsarasempresasquefazemdasmáspráticaso seu ‘modusoperandi’ e queconferemaosectoralguns inconvenientesemauestar.

OEstadoaindaéquemmaisdemoraapagar?Os associados da APERC não fazem recupera-

AACTUALCONJUNTURAECONÓMICA,a par das contas por fazer, estão entre os factoresEste cenário tem potenciado o recurso cada vez maior às empresas de recuperação de crédito.

“Omercadodeveria expulsar asfazemdasmáspráticas o seu ‘mo

“E o caricato chega a acontecer: oEstado deve a essas empresas odinheiro com que elas lhe irãopagar os impostos ou a SegurançaSocial.”

ENTREVISTAANTÓNIO GASPAR,director-executivodaAssociaçãoPortuguesadeEmpresasdeGestãoe

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Terça-feira2Março2010 DiárioEconómico IX

ções quer para os Impostos quer para a Segu-rança Social. No entanto, há muito que é públi-co que o Estado sempre tem registado uma ati-tude conflituosa com o prazo médio de paga-mentos aos seus fornecedores. Apesar de al-gumesforçoque temvindoa ser feitonestama-téria para diminuir o prazomédio de pagamen-tos, acredito que o mesmo ainda se encontrasuficientemente dilatado. Sobretudo para asPMEque tendo, por vezes, no Estado o seu úni-co cliente, acabam por sucumbir ou andaremmoribundas, por escassez de tesouraria para fa-zer face a situações imediatas. E o caricato che-ga a acontecer: o Estado deve a essas empresaso dinheiro com que elas lhe irão pagar os Im-postosouaSegurançaSocial.

Quais asperspectivaspara 2010 emtermosde re-cuperaçãode crédito?A situação de crise económica potencia e efec-tivaummaiornúmerode incumprimentos con-tratuais. As contasmal feitas ou pura e simples-mente não feitas (80%) e os 3D (desemprego,doença e divórcio) (20%), empurramos valoresem incumprimento para cima. No entanto, gos-taria de referenciar, que o facto de existir ummaior volume de incumprimentos, e em parti-cular, com os contornosmacroeconómicos queconhecemos, não quer dizer que se recuperemais. Pelo contrário. Este cenário adverso colo-ca muitas dificuldades aos nossos associadospara poderem atingir os seus objectivos de re-cuperação. Acredito que 2010 venha a ser umano com crescimento do crédito vencido, masonde as dificuldades de recuperação serão bemmaiores.■

que levaram ao sobreendividamento das famílias.

PauloAlexandre

Coelho

empresasquedusoperandi’”

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Não espere mais.

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PUBTerça-feira2Março2010 DiárioEconómico IX

PERFIL

■ António Gaspartrabalhou cerca de 30 anosna banca, onde ocupouvários cargos de direcção.Mas a tese deMestradoapresentada em2000sobre “O endividamentodas famílias emPortugal ea dinâmica da economiaportuguesa” ditou umnovorumo na sua vida. Hoje otambémprofessoruniversitário, de 52 anos,assume o cargo dedirector-executivo daAssociação Portuguesa deEmpresas de Gestão eRecuperação de Crédito(APERC) e não deixa deexercer o papel de ‘opinionmaker’ publicando artigosem vários jornaisnacionais.

“Os incumprimentos de particulares são diferentes das empresas.Desde logo, de montantes médios são bem inferiores, mastambém na génese dos produtos contratados. Em termosabsolutos, o número de incumprimentos de particulares é muitosuperior ao registado pelas empresas.”

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X DiárioEconómico Terça-feira2Março2010

[email protected]

Uma empresa de gestão e recuperação de cré-ditos jamais estacionará à porta do seu escritó-rio um carro decorado com letras garrafais aaludir a dívidas. Jamais encontrará alguém ves-tido de fraque para o surpreender à hora de al-moço e lembrá-lo que o melhor é pagar o quedeve. Esta é a grande diferença entre uma em-presadegestãode créditos eumadecobranças.Emboaverdade fala-sedomesmo: de reaverdi-nheiro emfalta.Masoestilo éoutro.As empresas associadas da Associação Portu-guesa de Empresas de Recuperação de Crédito(APERC) respeitamasboaspráticas inerentes àprofissão e o código de conduta. Não intimidarou ameaçar e respeitar os clientes é umadas re-gras de ouro neste negócio.“Sempre existiuuma conotação negativa com as chamadas em-presas de cobranças de dívidas difícies e poruma razão: sempre esteve associado a estas em-presas que nós chamamos de más práticas umconjunto de condutas que ofendem de formadefinitiva, a dignidade, urbanidade e cidadania,de alguém que num determinadomomento di-fícil da sua vida, se encontra pertante um in-cumprimento contratual creditício”, explicaAntónioGaspar, presidentedaAPERC.Uma pessoa não pode nunca sentir-se ameaça-da quando é abordada, seja através de telefoneou pessoalmente por um colaborador de umadestas instituições financeiras.A confidencialidade dos processos e a privaci-dade em que os mesmos são conduzidos é ou-tro dos princípios prezados pela Associação.Estes profissionais têmaobrigação de informaros seus clientes regularmente sobre a situaçãodos seus processos e de garantir a integridadedodevedorduranteoprocessodecobrança.O código deontológico, que pode ser encontra-donositewww.aperc.pt, alerta aindaparaques-tões como “dar o exemplo”. Isto é “o associado -donos de empresa, administradores ou directo-res - deverá possuir um histórico crédito limpoe não deverá ter sido condenado nos últimos

dez anospor qualquer crimedirectamente rela-cionadocomaactividade”, pode ler-senodocu-mento.Hoje, na altura de escolher o parceiro que irágerir o portfólio de créditos a recuperar, “o car-tão de associadoAPERC é umgarante das boaspráticas sobre os seus clientes”, salienta Antó-nioGaspar.

Equando não os devedores não pagam?Uma empresa de gestão e recuperação de cré-dito pode apenas, em função do prazo que lhe éconcedido, utilizar todos os recursos para queas dívidas sejam pagas. Quer seja pelo telefone,por carta, pessoalmente, a ideia é levar o deve-dor a regularizar o seu processo omais depres-sa possível. Quando não há sucesso na recupe-ração e o prazo termina, as empresas dão comoencerrado o processo. Caberá ao cliente decidirque acções irão tomar a seguir. ■

OCÓDIGODECONDUTAPROÍBE intimidar ou ameaçaraqueles que não pagam as suas dívidas.

Como a ética podefazer a diferença

A confidencialidade dos processose a privacidade em queos mesmos são conduzidosé outro dos princípios prezadospela APERC.

Umapessoa não deve nunca sentir-seameaçada quando é abordada, sejaatravés de telefone ou pessoalmente,por um colaborador de uma destasinstituições financeiras.

■ EMPRESASEntidades que se regempelo código de condutada APERC.

28■ LEGISLAÇÃOData da aprovação da leique regula o sector, masconsiderada incompleta.

2004

Portugal é oúnicopaís daUEsem legislação■ Até há cerca de duas semanas,“Portugal e Espanha eram os doisúnicos países da União Europeia quenão tinham enquadramento legal noque concerne à recuperaçãoextrajudicial e amigável de créditos. Poisagora, só resta Portugal”, adiantou aoDiário Económico António Gaspar,director executivo da AssociaçãoPortuguesa de Empresas de Gestão eRecuperação de Créditos (APERC). Deacordo com o responsável da APERC, opartido Socialista no CongressoEspanhol, deu um passo importante aosolicitar estemês, ao governo espanhol,a regulação urgente do sector derecuperação extrajudicial e amigável decréditos.Pelo que, “não entendemos porquerazão o Governo português, não toma amesma decisão”. E tão cedo não haveráuma decisão, já que confrontada comestamatéria, fonte oficial da secretariade Estado do Comércio – que temodossier emmãos – afirmou que “é umamatéria em estudo, por isso nãopodemos acrescentar nada”.

A reivindicação por umquadro legaladequado para o sector está na agendadaAPERC desde a sua fundação em2003. António Gaspar explicou que aaprovação da Lei nº 49/2004 de 24 deAgosto, ficou incompleta, porque no seuartigo 1º - nº 7 “esqueceu-se” de definirquais as empresas cuja a actividade éregulada por lei. Nos últimos dois anos emeio, “temos investido fortemente nestamatéria e feito variadas tentativas parademonstrar a valia destas empresas,para a economia real e para ostribunais”, argumenta o directorexecutivo da APERC.Desde então, já foram enviadas cartaspara o Primeiro-ministro, aosMinistrosda Economia (Manuel Pinho e Vieira daSilva), ao Secretário de Estado doComércio, Fernando Serrasqueiro – comquemestá o anteprojecto de Decreto-Leihá quase dois anos –, aos líderesparlamentares representados naAssembleia da República, mas “deninguémouvimos uma palavra deinteresse. Ninguémesteve até aomomento interessado, em resolver uma

situação que é damais elementar justiçaresolver”.O responsável da APERC lembra que aComissão Europeia, o ParlamentoEuropeu (PE), o Conselho da Europa e oTribunal de Justiça Europeu, járeconheceramque as empresas quefazema recuperação extrajudicial eamigável de créditos, contribuempara adiminuição do prazomédio depagamentos nas transacções comerciais.A Directiva 2000/35/EC do PE e doConselho, de 25 de Junho de 2000,espelha essa necessidade,mas ainda nãofoi transposta para a lei nacional,sobretudo no que respeita àregulamentação da actividade destasempresas. Perante este cenário, AntónioGaspar afirma que “não sabemos o queestá a travar o enquadramento legaldesta actividade. Provavelmente umafalta de sensibilidade sobre o sector e umjuízo de valor que de apressado acaboupor sair erróneo”. Garante adisponibilidade daAPERC emprestar osesclarecimentos necessários a todos osinterlocutores.D.L.

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Terça-feira2Março2010 DiárioEconómico XI

PauloAlexandre

Coelho

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O quediz o códigodeontológicona relação comodevedor:

1 Oassociado não deverá nuncausarmétodos de recuperação quesejamopressivos ou de intrusão;

2 Oassociado não deverá utilizarviaturas identificadas na sua formaagressiva e que pelo conteúdodamensagem, possam induzirametodologias de práticascondenáveis;

3 Oassociado deveráapresentar-se comuma condutade urbanidade, cívica e eticamenteresponsável;

4 Oassociado nunca deverá agirem público, de forma intencionala embaraçar os devedores;

5 Oassociado deverá respeitara circunspecção e a descriçãono contacto comos devedores;

6 Oassociado deverá apresentarsob forma clara o total a ser pagopelos devedores (i.e. quantia emdébito, juros, compensações, custode recuperação), na primeira cartaou contacto;

7 Oassociado deverá cooperarcomos representantes nomeadospelos devedores (i.e. consultor,empresas de gestão de créditos,instituições públicas ou privadasque possam fazer amediaçãode insolvências dos consumidores,etc), sempre que indicado pelosdevedores ou seus representantes.

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XII DiárioEconómico Terça-feira2Março2010

FACTORINGDe onde vem a palavra‘factoring’? Do latim‘factor’. Os romanosnomeavam um ‘factor’nas terrasconquistadas comoconsultor do negócio,que normalmente eraum próspero econhecido comercianteda região que forneciainformaçõescomerciais,armazenavamercadorias e cobravaa troco de umaremuneração.

[email protected]

Não há comparação possível entre uma empre-sa de gestão e recuperação de crédito e umaempresa de ‘factoring’. A primeira dedica-se arecuperar crédito malparado. A segunda a ad-quirir créditos a curto prazo, “derivado da ven-da deprodutos oudaprestaçãode serviços, nosmercados interno e externo” bem como “estu-dosdos riscosdecrédito edeapoio jurídico, co-mercial e contabilístico à boa gestão dos crédi-tos transaccionados”, como salientou José BejaAmaro, presidente da Associação PortuguesadeLeasing, Factoring eRenting –ALF.O que significa que, uma vez que recebem osseus créditos, estão a contribuir para estabilizaros seus fundos de tesouraria. Estas empresasdominamaanálisede riscoedeconhecimentosdos mercados uma vez que estão ligadas a gru-posbancários.AAssociação Portuguesa de Leasing, FactoringeRenting (ALF) representa, hoje emdia, 14 em-presas portuguesas que se dedicam a esta acti-vidade do ‘factoring’, sendo designadas por“factors”. São elas: BPI, Banif, Barclays, BBVAPortugal, BES, BNP Paribas Factor, BPN Crédi-to, Caixa Económica Montepio Geral, Caixa

Leasing e Factoring, Eurofactor, Finanfarma,Millennium BCP, Popular Factoring e TottaCrédito Especializado. No início deste ano, aALF alargou a sua rede de associadas com a en-trada daFinfarma edaFinicrédito (do grupoFi-nibanco), queoperana áreado leasing.Deacor-do com a ALF, com a adesão destas duas insti-tuições a associação passa a representar maisde 90% dos sectores do ‘leasing’, ‘factoring’ e‘renting’ emPortugal.Segundo a mesma fonte, as quatro principais‘factors’ nacionais, combase emdados de 2008,são as pertencentes ao Millennium BCP, BES,Totta e Caixa. Estas foram as instituições queconseguiramomaior volumede créditos toma-dos, aoatingirem30,5%, 15,6%, 15%e 14%respec-tivamente do volume total registado em 2008que se situou nos 23,5milmilhões de euros.Ummontante que representava um aumento de14% face a 2007. Neste momento, ainda não foifeita a análise de dados de 2009, pelo que aindanão estão apurados quais as ‘factors’ que lidera-ram no ano passado e as novas que se apresen-taramaomercado.Contudo, este é umnegócio que é feito dentro efora do terrirório nacional. As ‘factors’ tantodisponibilizam aos seus clientes o ‘factoring’doméstico, ou seja, trata de cedências em quetodos os intervenientes estão sedeados nomes-mo país, como também trata de factoring inter-nacional. Aqui, temos duas diferenças: “sobre aimportação, emqueos devedores são nacionaise os aderentes estrangeiros, e sobre a exporta-ção, em que os aderentes são nacionais e os de-vedores estrangeiros”, explicouBejaAmaro.■

AS 14EMPRESASPORTUGUESAS associadas da ALFrepresentam 90% do sector e estão ligadas à banca.

Negócio gere-se entreo ‘factoring’domésticoe o internacional

Quando as empresas/clientesrecebem os seus créditosconseguem estabilizaros seus fundos de tesouraria.

ÉnoReinoUnido que está a maior partedas empresas de ‘factoring’ na Europa.

AS SOCIEDADES ‘FACTORS’ QUE DOMINARAMO MERCADO EM 2008

■ Comumcréditotomadode 30,5%em2008,foi a ‘factor’ quemaiscontribuiu para osresultados atingidos.

MillenniumBCP1

■ A sociedade doBanco Espírito Santofoi responsável por15,6%do volume totalde créditos tomadosem2008.

BES2■ 15% foi quanto oTotta conseguiuarrecadar do volumede créditos de 23,5milmilhões de euros de2008.

Totta CréditoEspecializado3

■ A ‘factor’ da CGDcontribuiu com 14%do total de créditostomados em2008.

Caixa Leasinge Factoring4

Peso noPIB e quotas demercadoPaís Rácio dePenetração Quota deMercado

noPIB2008 Europeu2008

Chipre 17,97% 0,39%Irlanda 15,28% 2,88%Portugal 14,10% 2,82%Reino Unido 10,18% 22,57%Itália 8,54% 15,39%Espanha 8,41% 12,01%Finlândia 8,13% 1,52%França 7,74% 16,21%Bélgica 7,03% 2,71%Lituânia 6,63% 0,40%Fonte:ALF

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Terça-feira2Março2010 DiárioEconómico XIII

É uma das ferramentas financeiras eleitas pelasempresas portuguesas para fazer face às difcul-dades, muitas delas geradas pela falta de paga-mentosde facturas.

1Oqueéo ‘factoring’?É a aquisição de créditos a curto prazo que re-sultaram da venda de produtos ou da prestaçãodeserviçosnosmercados internoeexterno.As-sim, para a prática de ‘factoring’ existem três in-tervenientes: a própria sociedade de ‘factoring’,a empresa clientedo ‘factor’ e odevedor (que seencontra emdívidapara comocliente).

2Queserviços estãoassociados?Podemos falar de financiamento e adiantamen-to sobre facturas, serviços de cobrança, servi-ços de informações, apoio jurídico, estudos dosriscos de crédito e atribuição de limites de cré-ditopordevedor.

3Quempode recorrer a estes serviços?Todas as empresas, tanto PME como grandesempresas que pretendam agilizar os problemasderivados das vendas a crédito e dos seus ex-tensosprazosdepagamento.

4Quais as reais vantagens?Emprimeiro lugar fica com as contas assegura-das, tendo sempre a garantia de uma optimiza-ção de tesouraria. Pode reduzir os custos admi-nistrativos de pessoal e de comunicações, au-mentar a eficácia da área comercial, já que opessoal pode dedicar-se a tarefas técnicas e co-merciais. Transforma custos fixos em variáveisao subcontratar a cobrança. Aumento da capa-cidade de financiamento emelhoria de rácios eendividamento.

5Comoseestabeleceumcontrato?O primeiro passo é fazer uma proposta de ade-são, sendo que a sociedade de ‘factoring’ poderecusar assumir o risco de crédito. Na fase ini-cial, a empresa aderente tem de demonstrar ohistórico e os elementos contabilísticos dos úl-timos anos, para provar a boa capacidade eco-nómica e financeira. Convém apresentar a car-teiradeclientes comascondiçõesdepagamen-to e o limite de crédito de cada um. O segundopasso é a entrevista que decorre nas instalaçõesda aderente, com base na qual a ‘factor’ fará umrelatóriopara avaliar o riscoglobal donegócio eo riscoparticular de cada cliente.A terceira eta-pa é o estudo dos elementos e a quarta é a fasede negociações entre as duas entidades. Aquisão definidas as modalidades do serviço queseráprestado. Por fim, é finalizada anegociaçãoe assinado o contrato, onde ficará definido aduração do mesmo, a lista de clientes aprova-dos, a percentagemadiantável sobreos créditoscedidos, a data de entrega da ‘factor’ à empresaaderentedosvalores cobradosnadataeaperio-dicidadedeenviode remessados créditos.

6Oquesãocréditos ‘confirming’?Nesta operação é o cliente enquanto “Deve-dor” que contacta a ‘factor’ para que esta passea gerir os seus pagamentos. A ‘factor’ efectua opagamento aos fornecedores do seu cliente (no‘factoring’ sãopagas as facturas queo seu clien-te tem a receber e é a empresa de ‘factoring’que faz a cobrança das mesmas junto ao deve-dor). ■ A.C.A.

6 respostas sobre‘factoring’

Como diminuircustos e optimizartesouraria

Dylan

Martinez/Reuters

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XIV DiárioEconómico Terça-feira2Março2010

[email protected]

José Beja Amaro é licenciado em Economiapelo Instituto Superior de Economia de Lisboa,tendo sido nomeado, em Maio de 2005, presi-dente da direcção daAssociação Portuguesa deLeasing, Factoring eRenting –ALF.O responsá-vel destaca o papel importante que o ‘factoring’tem desempenhado no apoio à exportação dasempresas portuguesas que, entre 2001 e 2009,cresceu 429%. José Beja Amaro reconhece queeste é um sector que anda em contra-ciclo faceaos cenários de crise porque a necessidade dasempresas emobter liquidez faz aumentar apro-cura pelo ‘factoring’. A explicação é simples: évisto como um meio seguro para o financia-mentoda tesouraria.

Como tem evoluído o sector do ‘factoring’ nosúltimosanos emPortugal?O ‘factoring’ tem vivido um considerável cres-cimento em Portugal com especial incidênciaem 2008 (crescimento de 14%), altura em quecomeçarama fazer-se sentir os primeiros sinto-mas da crise económica internacional. Em2009, houve uma certa estabilização com umcrescimento, em termos de créditos tomados,de 0,5%. Como se sabe, o ‘factoring’ é um bomrecursopara colmatar as falhas registadas aoní-

vel da tesouraria das empresas.Mostrando essaforça temos os resultados do ano passado, emque foi registado um total de 23,56 mil milhõesde euros em créditos tomados: 16 mil milhõesde euros no ‘factoring’ doméstico, 1,56 mil mi-lhões de euros no ‘factoring’ internacional, ecercade6milmilhõesde eurosno ‘confirming’.

Em2009 o ‘factoring’ de exportação continuou acrescer eode importaçãoadescer?O ‘factoring’ de exportação tem apresentadosempre uma evolução positiva, enquanto o de

importação apresentou taxas negativas em al-guns anos. 2009, umanode crise, viu, contudo,o volume de créditos tomados no ‘factoring’de exportação crescer 4,2% para 1,26 mil mi-lhões de euros. O ‘factoring’ de importação re-gistou uma queda de 6,7% para os 304milhõesde euros. Se analisarmos a taxa de crescimen-to entre 2001 e 2009, o factoring de exportaçãocresceu 429% e o de importação 179%. Estesvalores realçam bem o apoio que o factoringpresta à exportação por parte das empresasportuguesas.

Quanto representaparaoPIB?Em 2008 a facturação tomada atingiu o equiva-lente a 14,1% do PIB nacional. Não havendo ain-da dados definitivos para 2009, os indicadoresmais recentes permitemadiantar que este valordevemanter-se idêntico ou comuma ligeira va-riaçãopositiva.

Quais os sectores quemais utilizam o factoring?Hoje em dia, e muito devido à situação de criseque o país atravessa, são cada vezmais variadosos sectores de actividade que recorrem a esteproduto financeiro. Mas não podemos deixarde destacar o peso que temo sector público ad-

CONSTRUÇÃO, COMÉRCIO GROSSISTA EORGANISMOS INTERNACIONAIS E EXTRAao ‘factoring’, com um peso total de 40%. Mas o sector público administrativo tem tido um

“Em 2008 a facturação tomadaatingiu o equivalente a 14,1% doPIB nacional. Não havendo aindadados definitivos para 2009.”

“O ‘factoring’ é umbom recursoregistadas ao nível da tesouraria

ENTREVISTA JOSÉ BEJAAMARO,presidentedaAssociaçãoPortuguesadeLeasing, FactoringeRenting

Perfil■ José Beja Amaroiniciou a sua carreiraprofissional em 1972 noentão Centro de Estudosda Presidência doConselho de Ministros,tendo passado depoispelos quadros do BancoEspírito Santo, Loyds eBCI. Entre 1990 e 2008assumiu o cargo dePresidente da ComissãoExecutiva da Besleasinge Factoring – InstituiçãoFinanceira de Crédito,empresa que actuavanos sectores de leasing efactoring. A partir deJaneiro de 2009 assumiuas funções de consultorpara as áreas de leasing efactoring para osmercados nacional einternacional.

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Terça-feira2Março2010 DiárioEconómico XV

TERRITORIAIS são os sectores que mais recorremforte contributo para o crescimento desta actividade.

ministrativo, nomeadamente as autarquias e asregiões autónomas nos resultados alcançadospelo factoring. O peso apresentado pelo sectorpúblico administrativo tem, enquanto devedorpara com as empresas nacionais um peso assi-nalável: cerca de 30%. Na óptica do aderente, osector que mais recorre ao ‘factoring é o daconstrução (tanto a engenharia civil como apromoção imobiliária) seguido do comérciogrossista e os organismos internacionais e ex-traterritoriais, representando, emconjunto, cer-cade40%.

Quais as maiores dificuldades que as empresastêmsentido?De forma geral, o sector financeiro tem sentidouma maior pressão em termos de ‘funding’ e amaior dificuldade na análise de risco das em-presas.Não obstante estas dificuldades acresci-das que a crise económico-financeira trouxe, o‘factoring’ tem sabido responder às necessida-des do mercado, como as taxas de crescimentoe elevado volume de créditos tomados podematestar.

Acrise económicadespoletouumamaiorprocu-rapor estaactividade?O‘factoring’ éumprodutoquegeralmente, andaem contra-ciclo em situações de crise. A neces-sidade das empresas em obter liquidez faz au-mentar a procura pelo ‘factoring’, uma vez queeste é visto como um meio seguro de financia-mento da tesouraria.O anode 2008 registou umforte aumento na procura (14%) quando já seatravessava uma fase de dificuldades económi-cas.O anode 2009 registou um ligeiro aumento,que revela um efectivo crescimento da procurajá que a economia teve um comportamento re-cessivo podendo ainda acrescentar-se o já gran-de crescimentodaprocura originada em2008.■

“O ano de 2008 registou um forteaumento na procura (14%)quando já se atravessava umafase de dificuldades económicas.O ano de 2009 registou um ligeiroaumento”.

para colmatar as falhasdas empresas”

(ALF)

Vivemos actualmente um ciclo económico efinanceiro conturbadoeapesardosesforçosdos diversos governos e bancos centrais, natentativa de devolver alguma confiança àseconomias, este período avizinha-se maislongodoqueo inicialmenteprevisto.É neste ambiente que os agentes económi-cos, particularmente as PME’s (que repre-sentammais de 90%do tecido empresarialportuguês e 1,6 milhões de empregos) têmvivido nos últimos anos, com uma contrac-ção das suas vendas, quebras significativasdas exportações, dificuldades no acesso aocrédito e aumento do seu custo e prazosmédiosde recebimentoscadavezmaisalar-gados.O Factoring constitui hoje em dia, um dosprodutos financeiros mais eficazes e com-pletos, no apoio à gestão da conta de Clien-tes de uma empresa, sendo cada vez maisutilizado em organizações commétodos degestão mais profissionais, em áreas tão di-versas como a indústria (transformadora,eléctrica, alimentar), distribuição e serviços(sectorpúblico, áreadasaúde).Na sua vertente sem recurso (Full Facto-ring) proporciona às empresas uma solu-

ção à medida das suas necessidades, atra-vés de um financiamento flexível das suasvendas a crédito, da cobrança das suas fac-turas junto dos clientes por equipas espe-cializadas (redução de prazos de recebi-mento, significa uma melhoria da tesoura-ria emaior controle dos custos financeiros),sendo também possível beneficiar de umagarantia para o risco de crédito dos seusclientes (risco de não pagamento por atra-soou falência/insolvência).Com esta solução, seguramente que os em-presários nacionais se poderão dedicar in-teiramente ao desenvolvimento e cresci-mento das suas empresas, com a entregada gestão dos sues clientes a uma institui-çãoespecializada.■

Agestãode clientesno sector

NunoFranciscoSalesRegionalManagerEurofactorPortugal,S.A.

“O ‘factoring’ é um produto que geralmente, anda em contra-cicloem situações de crise. A necessidade das empresas em obter liquidezfaz aumentar a procura pelo ‘factoring’, uma vez que este é vistocomo ummeio seguro de financiamento da tesouraria”.

O ‘full factoring’ proporcionaàs empresas uma solução

àmedida das suasnecessidades através

de um financiamento flexíveldas suas vendas a crédito,

da cobrança das suas facturasjunto dos clientes.

PauloFigueiredo

PUBLIREPORTAGEM

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