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OS NANOMATERIAIS NA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO RENATO COSTA MODESTO Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientadores Prof.ª Dra. Ana Paula Patrício Teixeira Ferreira Pinto França de Santana Prof. Dr. Augusto Martins Gomes Júri Presidente: Prof. Dr. Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa Orientador: Prof. Dr. Augusto Martins Gomes Vogal: Prof. Dr. José Alexandre de Brito Aleixo Bogas Outubro, 2017

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OS NANOMATERIAIS NA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO

RENATO COSTA MODESTO

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores

Prof.ª Dra. Ana Paula Patrício Teixeira Ferreira Pinto França de Santana

Prof. Dr. Augusto Martins Gomes

Júri

Presidente: Prof. Dr. Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa

Orientador: Prof. Dr. Augusto Martins Gomes

Vogal: Prof. Dr. José Alexandre de Brito Aleixo Bogas

Outubro, 2017

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AGRADECIMENTOS

Agradecer aos orientadores desta dissertação pela orientação e correção da mesma.

Agradecer também à minha família pelo apoio e pela oportunidade que me foi dada.

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RESUMO

A nanotecnologia e a indústria dos nanomateriais veio criar um novo tipo de materiais bastante

promissores. Os nanomateriais apresentam propriedades físicas e químicas diferentes dos existentes

anteriormente, potenciando melhorias nos produtos das diversas industrias.

A dissertação tem como principal objetivo sintetizar o conhecimento atual sobre a presença dos

nanomateriais na indústria da construção. Apresenta-se inicialmente um enquadramento e

contextualização sobre o mundo da nanotecnologia e dos nanomateriais, seguido de uma apresentação

dos nanomateriais mais promissores na indústria da construção, nomeadamente no âmbito do seu

interesse no domínio da eficiência energética e revestimentos, e de outros materiais de construção,

como por exemplo o betão, aço e madeira. A dissertação inclui também uma apresentação breve da

evolução da comercialização dos nanomateriais, e dos riscos para a saúde que estes novos materiais

podem criar.

Pode-se concluir que a indústria dos nanomateriais é ainda uma indústria recente, de pequenas

dimensões e em desenvolvimento. Trata-se de uma indústria que se espera que cresça durante os

próximos anos e que se torne uma indústria mais sólida.

Palavras-chave: Nanomateriais; Indústria da Construção; Aplicações; Evolução da Comercialização;

Riscos para a Saúde.

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ABSTRACT

Nanotechnology and the nanomaterials industry has created a promising new type of materials. The

nanomaterials have different physical and chemical properties, in comparison to their original materials,

potentiating great improvements in the products of the various industries.

The main objective of this dissertation is to synthesize the current knowledge about the presence of

nanomaterials in the construction industry. Initially, a contextualization of the world of nanotechnology

and nanomaterials is presented, followed by a presentation of the most promising nanomaterials in the

construction industry, particularly in the area of energy efficiency and coatings, and other building

materials, such as concrete, steel and wood. The dissertation also includes a brief presentation on the

evolution of the commercialization of nanomaterials, and the health risks that these new materials can

create.

It can be concluded that the nanomaterials industry is still a recent, small and developing industry. It is

an industry that is expected to grow over the next few years and become more solid.

Keywords: Nanomaterials; Construction Industry; Applications; Commercialization Evolution; Health

risks.

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................i

RESUMO ................................................................................................................................................. iii

ABSTRACT ..............................................................................................................................................v

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 1

1.1 ENQUADRAMENTO ............................................................................................................... 1

1.2 OBJECTIVOS DA DISSERTAÇÃO ......................................................................................... 1

1.3 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO ........................................................................ 2

2 NANOTECNOLOGIA E NANOMATERIAIS .................................................................................... 3

2.1 DEFINIÇÃO DE NANOTECNOLOGIA E DE NANOMATERIAL ............................................. 3

2.2 CARATERIZAÇÃO E PROPRIEDADES DOS NANOMATERIAIS ......................................... 4

2.3 PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS NANOMATERIAIS ................................................... 6

2.4 APLICAÇÕES DOS NANOMATERIAIS .................................................................................. 8

3 NANOMATERIAIS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO ............................................................. 11

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................ 11

3.2 BETÃO ................................................................................................................................... 11

3.2.1 Nanosílica ...................................................................................................................... 12

3.2.2 Nano dióxido de titânio .................................................................................................. 14

3.2.3 Nano Hematite ............................................................................................................... 17

3.2.4 Nanotubos de carbono .................................................................................................. 18

3.2.5 Óxido de Grafeno .......................................................................................................... 20

3.2.6 Nanoargila ..................................................................................................................... 20

3.2.7 Carbonato de Cálcio ...................................................................................................... 22

3.2.8 Alumina .......................................................................................................................... 22

3.2.9 Óxido Crómio III ............................................................................................................. 23

3.2.10 Betão com capacidade de autorregeneração ............................................................... 24

3.2.11 Considerações finais ..................................................................................................... 25

3.3 AÇO ....................................................................................................................................... 27

3.3.1 Resistência Mecânica .................................................................................................... 28

3.3.2 Durabilidade ................................................................................................................... 29

3.3.3 Considerações finais ..................................................................................................... 30

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3.4 MADEIRA .............................................................................................................................. 31

3.4.1 Nanomateriais em revestimentos de madeiras ............................................................. 31

3.4.2 Nanomateriais em impregnações de madeiras ............................................................. 32

3.4.3 Considerações finais ..................................................................................................... 33

3.5 REVESTIMENTOS ................................................................................................................ 34

3.5.1 Tintas ............................................................................................................................. 34

3.5.2 Vidros ............................................................................................................................. 35

3.5.3 Considerações Finais .................................................................................................... 37

3.6 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA .................................................................................................. 37

3.6.1 Materiais de Isolamento ................................................................................................ 38

3.6.2 Painéis Solares .............................................................................................................. 38

3.6.3 Considerações Finais .................................................................................................... 40

4 EVOLUÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DE NANOMATERIAIS .................................................... 41

5 RISCOS PARA A SAUDE ............................................................................................................. 45

5.1 EXPOSIÇÃO DURANTE A CONSTRUÇÃO ......................................................................... 46

5.2 EXPOSIÇÃO DURANTE A UTILIZAÇÃO ............................................................................. 47

5.3 EXPOSIÇÃO DURANTE A DEMOLIÇÃO ............................................................................. 47

5.4 AVALIAÇÃO DO RISCO ....................................................................................................... 48

5.5 TOXICIDADE ......................................................................................................................... 48

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 51

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Alteração de cor conforme o tamanho das nanopartículas de ouro. (Miguel, 2012). .......... 6

Figura 2.2 - Processos de produção de nanomateriais. (Raab, et al., 2011). Adaptado. ....................... 7

Figura 2.3 - Aplicações dos nanomateriais na indústria da construção. (Broekhuizen & Broekhuizen,

2009). ....................................................................................................................................................... 9

Figura 3.1 - Tamanho das nanopartículas e dos restantes constituintes do betão. (Birgisson et al., 2012).

Adaptado. .............................................................................................................................................. 12

Figura 3.2 – Imagens AFM-Atomic Force Microscope. (a) Betão de referência. (b) Betão com

incorporação de sílica de fumo. (c) Betão com incorporação de nanosílica. (Varghese et al., 2015). . 13

Figura 3.3 – Evolução da resistência mecânica da argamassa de cimento com incorporação de dióxido

de titânio. (Lucas et al., 2013). .............................................................................................................. 15

Figura 3.4 – Distribuição do tamanho dos poros da argamassa de cimento com incorporação de nano

dióxido de titânio. (Lucas, et al., 2013). ................................................................................................. 16

Figura 3.5 –Taxa de degradação de NOx para a argamassa de cimento com incorporação de nano

dióxido de titânio. (Lucas, et al., 2013). ................................................................................................. 16

Figura 3.6 - Variação de resistência elétrica (∆𝑅/𝑅0) com a variação do esforço de compressão de

argamassas de cimento com incorporação de hematite. (Li et al., 2004). Adaptado. .......................... 17

Figura 3.7 – Variação da densidade e resistência mecânica do betão com diversas percentagens de

substituição de agregados com hematite. (Gencel et al., 2010). Adaptado. ........................................ 18

Figura 3.8 – Comportamento piezo-resistivo dos produtos cimenticios com incorporação de CNT.

(Konsta-Gdoutos et al.,2014). Adaptado. .............................................................................................. 19

Figura 3.9 – Rede de caminhos de condutividade elétrica criada pelos CNT. (a) Construção eficiente

da rede. (b) Aglomeração e interrupção da rede. (Hongyu et al., 2017). Adaptado. ............................ 19

Figura 3.10 – Influência da percentagem de incorporação de óxido de grafeno na resistência à

compressão de uma pasta de cimento e na sua evolução (3, 7 e 28 dias) Li et al., (2017). Adaptado.

............................................................................................................................................................... 20

Figura 3.11 - Influência da percentagem de incorporação de nanoargila na resistência à compressão

de uma pasta de cimento e na sua evolução (1, 3, 7, 28 e 90 dias) M. Heikal et al. (2016). Adaptado.

............................................................................................................................................................... 21

Figura 3.12 - Resultados de resistência à compressão das pastas de cimento ensaiada por EL-Gamal,

et al.,(2015). .......................................................................................................................................... 21

Figura 3.13 - Aumento da resistência à compressão dos betões com incorporação de nano carbonato

de cálcio. (Shaikh et al., 2014). Adaptado............................................................................................. 22

Figura 3.14 – Betão com adições auto regenerativas. Imagens SEM-Scanning Electron Microscope do

betão com CAP e nanosílica. (Calvo et al., 2017). ............................................................................... 25

Figura 3.15 – Resultados dos testes de capilaridade para as fendas de 300 𝜇𝑚 em betões com adições

auto regenerativas. (Calvo et al.,2017). ................................................................................................ 25

Figura 3.16 - Resistência à tração de um aço totalmente ferrítico com dois tamanhos de gãos diferentes.

(Bhadeshia & Honeycombe, 2017). Adaptado. ..................................................................................... 29

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Figura 3.17 - Formação da camada oxidada. (a) Sem lubrificação. (c) Com lubrificação (0.4wt.% TiO2).

(Wu, et al., 2017). Adaptado. ................................................................................................................ 29

Figura 3.18 - Absorção de água das diferentes espécies estudadas por Makarona et. al. (2017).

Adaptado. .............................................................................................................................................. 31

Figura 3.19 - Absorção de água. (Cataldi et. al., 2017). Adaptado. ...................................................... 32

Figura 3.20 - Absorção de água, aumento volumétrico e eficiência na repelência de água, das diversas

soluções estudadas por Terzi et al. (2016). Adaptado. ......................................................................... 33

Figura 3.21 - Revestimento superficial vidros. (Zhao, et al., 2017). Adaptado. .................................... 36

Figura 3.22 - Evolução das temperaturas das diferentes soluções de 𝐹𝑒3𝑂4 estudadas por Zhao et al.

(2017) quando irradiadas com luz branca. Adaptado. .......................................................................... 36

Figura 3.23 - Evolução do vapor de água (esquerda) e ângulo de contacto (direita) dos resultados

apresentados por Park et al., (2017). Adaptado. .................................................................................. 37

Figura 3.24 - Estrutura da célula DSSC com TiO2. (Sashank et al., 2017). Adaptado. ....................... 39

Figura 3.25 - (a) – Superfície hidrofílica. (b) - Superfície hidrofóbica. (Hanaei et al., 2016). Adaptado 40

Figura 4.1 - Evolução da base de dados “The Nanodatabase” ao longo dos anos. (The Nanodatabase,

2017). Adaptado. ................................................................................................................................... 42

Figura 5.1 - Ciclo de vida de um nanomaterial. (Louro, et al., 2013). ................................................... 45

Figura 5.2 - Grau de risco para a saúde humana e ambiente dos produtos inventariados em “The

Nanodatabase”. (The Nanodatabase, 2017). Adaptado. ...................................................................... 46

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3-1 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito do betão. ................................. 26

Tabela 3-2 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito do aço. ..................................... 30

Tabela 3-3 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito da madeira. ............................. 34

Tabela 3-4 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito dos revestimentos. .................. 37

Tabela 3-5 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito da eficiência energética das

construções. .......................................................................................................................................... 40

Tabela 4-1 - Evolução dos produtos inventariados pelo CPI ao longo dos anos. (Vance, et al., 2015).

Adaptado. .............................................................................................................................................. 41

Tabela 6-1 - Quadro resumo dos nanomateriais de maior relevância na indústria da construção. ..... 53

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1 INTRODUÇÃO

1.1 ENQUADRAMENTO

Presentemente a evolução tecnológica é constante. Todos os dias são feitas novas descobertas nos

mais diversos domínios e são inventados os mais diversos equipamentos e processos que potenciam

não só, novos avanços tecnológicos, como também a melhoria da qualidade dos produtos.

O sector da construção, comparativamente com outros, nomeadamente o da informática e o da

eletrónica, é um sector presentemente visto, pela sociedade, como sendo pouco inovador. Trata-se de

um sector de extrema competitividade, que é frequentemente orientado pelo critério do preço mais

baixo.

A inovação e desenvolvimento de novos produtos e soluções implica avultados investimentos, não só

durante o processo de investigação e desenvolvimento tecnológico, como também durante a

implementação e comercialização das novas soluções. O carater competitivo do sector da construção

aliado aos avultados custos de algumas soluções inovadoras levam muitas vezes a que se opte por

não se utilizar as novas soluções, já que não existe uma predisposição para o aumento do custo do

empreendimento.

Podemos afirmar, por outro lado, que se observa uma crescente preocupação com a qualidade dos

produtos. Os estudos sobre os custos de ciclo de vida das construções têm evidenciado que a solução

associada a investimentos iniciais mais baixos nem sempre representa a solução economicamente

mais viável, (Real, 2010). Conclui-se então que, será benéfico a realização de investimentos superiores

nos momentos iniciais da construção por forma a alcançar uma solução de melhor qualidade e com

potencial para uma redução dos custos totais ao longo da vida útil da construção.

Os nanomateriais no sector da construção, apesar de representarem um incremento dos custos das

soluções, têm um papel de melhoria das propriedades dos materiais utilizados nas edificações,

potenciando uma maior qualidade das mesmas. Trata-se de uma área recente, em desenvolvimento

crescente e com informação específica ainda escassa no domínio dos materiais de construção.

As principais aplicações dos nanomateriais no sector da construção encontram-se essencialmente na

produção de produtos cimenticios, tintas, e materiais de isolamento térmico, (Broekhuizen &

Broekhuizen, 2009), apesar de existir um grande potencial para o uso destes novos materiais noutros

domínios, como será indicado ao logo deste texto.

1.2 OBJECTIVOS DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação tem como objetivo a realização de uma síntese do conhecimento existente no âmbito

dos nanomateriais na indústria da construção, realizando uma análise dos principais campos de

aplicação, identificando os nanomateriais que já se encontram em utilização, e aqueles que se

encontram em desenvolvimento e se espera um surgimento futuro no mercado.

Procura-se conhecer também a evolução da comercialização dos nanomateriais e o modo como estes

são apresentados pelos fabricantes.

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Procurar-se ainda, analisar a informação disponível sobre o potencial impacto dos nanomateriais na

saúde e no ambiente ao longo do seu ciclo de vida, desde a sua produção, utilização e eliminação.

1.3 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO

O texto desta dissertação encontra-se estruturado em 4 capítulos principais. No primeiro capítulo

realiza-se um enquadramento e contextualização sobre o mundo na nanotecnologia e dos

nanomateriais, tentando dar-se a conhecer a história e desenvolvimento desta área recente. Procura-

se neste primeiro capítulo fornecer conhecimento suficiente para a compreensão dos nanomateriais e

suas caraterísticas gerais, de forma a possibilitar o acompanhamento dos capítulos seguintes.

No segundo capítulo fornece-se um conhecimento sobre os campos de aplicação dos nanomateriais

na indústria da construção, enumerando-se os nanomateriais de maior expressão e respetivas

caraterísticas. Neste capítulo são apresentados os nanomateriais nos domínios de aplicação do betão,

aço, madeira e revestimentos e eficiência energética.

No terceiro capítulo realiza-se uma apresentação da evolução da comercialização dos nanomateriais,

tentando-se conhecer a sua expressão e volume ao longo dos anos. Tenta-se também compreender

como os nanomateriais são apresentados por parte do produtor, discutindo a sua influência para os

riscos para a saúde apresentados no capítulo seguinte.

Por último, no quarto capítulo procura-se dar a conhecer os riscos e preocupações que existem sobre

o impacto dos nanomateriais na saúde e ambiente, desde a sua fabricação até ao alcançar do fim da

sua vida útil.

Finalmente realizam-se algumas considerações finais onde se retiraram conclusões e se faz uma

análise sobre o conhecimento adquirido ao longo do texto.

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2 NANOTECNOLOGIA E NANOMATERIAIS

2.1 DEFINIÇÃO DE NANOTECNOLOGIA E DE NANOMATERIAL

O conceito de nanotecnologia foi originalmente apresentado pelo físico norte-americano Richard

Feynman em 1959, na sua palestra intitulada “There’s Plenty of Room at the Bottom”, no encontro da

Sociedade Norte-Americana de Física na CalTech, onde sugeriu que existe um campo da física ainda

por estudar, e portanto um novo mundo de possibilidades ao nível molecular, (Pacheco-Torgal & Jalali,

2011).

O termo “nanotecnologia” surge no entanto, pela primeira vez, apenas em 1974 por Norio Taniguchi,

na altura professor da Universidade de Ciência de Tóquio, onde definiu que a nanotecnologia consistia

no processamento de materiais, átomo por átomo ou molécula por molécula. Em 1986, K. Eric Drexler

aplicou também o termo nanotecnologia no seu livro Engines of Creation: The Coming Era of

Nanotechnology, para expressar uma nova tecnologia onde máquinas do tamanho manométrico

manipulariam os átomos, (Santos, 2013).

De uma forma geral, nanotecnologia pode ser definida como a manipulação da matéria à escala

nanométrica, ou seja, ao nível das nanopartículas. Uma nanopartícula é caraterizada por apresentar

pelo menos uma das suas dimensões entre 1 e 100 nanómetros (1𝑛𝑚 = 10−9𝑚). Como comparação,

e para ser mais percetível a dimensão da escala nanométrica, salienta-se que um fio de cabelo humano

possui uma espessura de 80000 𝑛𝑚 e que a hélice dupla do ADN humano possui um diâmetro de 2 𝑛𝑚,

(Pacheco-Torgal & Jalali, 2011).

Até à década de 1980, todos os trabalhos no âmbito da nanotecnologia foram puramente teóricos. Esta

tecnologia apenas se tornou real e possível através do desenvolvimento de métodos de visualização

ampliada. O principal avanço nos métodos de visualização ampliada está associado ao

desenvolvimento do microscópio de corrente de tunelamento (STM – Scannig Tunneling Microscope),

em 1881, por Gerd Binning e Heinrich Roher, (Santos, 2013). Este novo microscópio tira partido do

efeito de túnel estudado na mecânica quântica e permite determinar a posição dos átomos através das

diferenças de corrente nos diferentes pontos. Existem ainda outros tipos de microscópios que

possibilitam a análise de objetos à escala nanométrica tais como o Microscópio de força Atómica (AFM

– Atomic Force Microscope) ou o Microscópio Eletrónico de Varrimento (SEM – Scanning Electron

Microscope). Atualmente existe também o Microscópio Eletrónico de Transmissão (TEM –

Transmission Electron Microscope) capaz de produzir imagens com resoluções na ordem dos 50

picómetros (50𝑝𝑚 = 0.05𝑛𝑚), (Santos, 2013).

Segundo as recomendações para a definição de nanomaterial da comissão europeia, (European

Commission,2017), um nanomaterial pode ser definido como:

“A natural, incidental or manufactured material containing particles, in an unbound state or as an

aggregate or as an agglomerate and where, for 50 % or more of the particles in the number size

distribution, one or more external dimensions is in the size range 1 nm - 100 nm.

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In specific cases and where warranted by concerns for the environment, health, safety or

competitiveness the number size distribution threshold of 50 % may be replaced by a threshold between

1 and 50 %.

By derogation from the above, fullerenes, graphene flakes and single wall carbon nanotubes with one

or more external dimensions below 1 nm should be considered as nanomaterials.”

De forma genérica, um material pode ser considerado como sendo um nanomaterial se for constituído

por nanopartículas em mais de 50% da sua constituição. Salienta-se no entanto que, as nanopartículas,

podem apresentar-se como partículas isoladas, como aglomerados (juntas por forças fracas como as

Van der Waals) ou como agregados (juntas por forças fortes como as covalentes), (European

Commission, 2017; Bouwmeester et al, 2011). As diferentes formas de apresentação dos nanomateriais

podem provocar a não classificação do material como nanomaterial, caso os aglomerados ou

agregados de partículas excedam o limite de 100nm definido, apesar de estes continuarem a

apresentar propriedades físicas e químicas caraterísticas dos nanomateriais. Define-se então uma

necessidade de caraterização cuidada deste tipo de materiais de forma a se obter uma classificação

correta.

2.2 CARATERIZAÇÃO E PROPRIEDADES DOS NANOMATERIAIS

As diferentes formas de apresentação dos nanomateriais sob a forma de partículas levam à

necessidade de caraterizar não só as partículas que se encontram no seu estado isolado mas também

as que se encontram aglomeradas ou agregadas. A obtenção desta caraterização é fundamental para

explorar o potencial dos nanomateriais e otimizar as caraterísticas dos produtos que os contenham

(NBCI, 2017). A definição destas propriedades tem também especial importância nas questões de

segurança e riscos para a saúde.

Ao analisar as nanopartículas, as caraterísticas que se procuram obter são as seguintes, (NBCI, 2017;

Bouwmeester et al, 2011):

Tamanho e forma das partículas;

Caraterísticas superficiais, tais como a superfície específica;

Composição química e carga;

Outras, como a sua dispersão, estabilidade às radiações UV e estabilidade térmica.

Para a obtenção destas caraterísticas não existe nenhum método específico que seja considerado o

mais adequado. A escolha do método é feita com base nas restrições do tipo de amostra, informação

desejada, e o custo da realização desse método. Atualmente existem e são aplicadas várias técnicas

e métodos para a caraterização das nanopartículas, observando-se que para uma mesma amostra a

aplicação de diferentes técnicas conduzem a resultados com diferenças significativas, bem como

diferentes níveis de precisão.

O tipo de amostra representa uma das principais restrições na escolha do método a utilizar. Diferentes

técnicas necessitam de diferentes tipos de amostras, sendo que para a obtenção de um mesmo

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parâmetro um método poderá necessitar que a amostra se apresente como um aerossol e para um

outro que esta seja uma suspensão líquida.

A existência desta variedade de métodos, resultados e precisões revela a necessidade da realização

de uma padronização, ainda inexistente, que levará à redução da dispersão obtida com os atuais

métodos de caraterização, (University of Essex for Nanocap, 2017).

De entre as técnicas utilizadas para a obtenção destes parâmetros encontram-se os já referidos

métodos de visualização ampliada, como o SEM, TEM, AFM. Para além destes métodos, para a

definição da distribuição do tamanho das partículas da amostra e o seu tamanho médio são utilizados

os seguintes métodos: PCS – Photon Correlation Spectroscopy, NTA - Nanoparticle Tracking Analysis,

Differential Mobility Analyzer, Aerosol Time of Fligth Mass Spectroscopy, e SMPS - Scanning Mobility

Particle Sizer, sendo que os três últimos apenas se aplicam em amostras na forma de aerossol, e o

último para além da definição da distribuição do tamanho das partículas da amostra também

providencia a composição das mesmas. Para o caso da definição da área superficial das nanopartículas

encontramos o NSAM – Nanoparticle Surface Area Monitor, e para a concentração e massa das

partículas existe, respetivamente, o CPC – Condesation Particle Counter e o APM – Aerosol Particle

Mass Analyzer, (University of Essex for Nanocap, 2017).

Enquanto os materiais, de um modo geral, apresentam propriedades constantes independentemente

do seu tamanho, no domínio dos nanomateriais é em geral o tamanho das partículas que dita as

propriedades físicas e químicas do mesmo. Este fenómeno começa a manifestar-se quando a

percentagem de átomos à superfície do material se torna revelante face à percentagem de átomos que

estão no seu interior, ou seja, quando se aproxima da escala do nanómetro. Conclui-se então que as

nanopartículas se distinguem pela sua grande superfície específica que ditará as propriedades físicas

e químicas das mesmas, (News Medical Life Siences, 2017).

As propriedades óticas e o ponto de fusão são duas das propriedades que sofrem alteração no domínio

dos nanomateriais. As propriedades óticas são influenciadas devido ao efeito de ressonância

plasmônica que resulta das oscilações dos eletrões da banda de condução que se propagam como

ondas conduzindo a um valor característico de absorção, provocando a alteração de cor das

nanopartículas. As nanopartículas de ouro são, por exemplo, uma das nanopartículas onde a interação

com a luz é fortemente governada pelo tamanho das mesmas, como pode ser observado na figura 2.1.

(Miguel, 2012).

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Figura 2.1 - Alteração de cor conforme o tamanho das nanopartículas de ouro. (Miguel, 2012).

Quando o tamanho das partículas do material se aproximam da escala nanométrica, o ponto de fusão

também se altera diminuindo drasticamente, devido ao facto de existir uma maior razão

superfície/volume nas nanopartículas do que nas partículas de maior dimensão.

A resistência mecânica depende também da dimensão das partículas. Esta pode sofrer um incremento

em comparação com os materiais com partículas de maior dimensão. A produção de materiais através

de nanopartículas melhora a estrutura cristalina do material e reduz os seus defeitos, aumentando

consequentemente a sua resistência.

No caso das propriedades elétricas observam-se dois fenómenos contraditórios. Por um lado um

nanomaterial, por apresentar uma estrutura cristalina mais perfeita, potencia uma redução de

resistividade do material tornando-o assim um condutor melhor, por outro lado devido à ao reduzido

tamanho das nanopartículas existe um aumento do fenómeno de surface scattering que provoca um

aumento da resistividade.

Por último as propriedades químicas são também alteradas dado à grande superfície específica que as

nanopartículas possuem, podendo observar-se um aumento a reatividade das mesmas, (Pharmainfo,

2017).

2.3 PRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS NANOMATERIAIS

A influência que a dimensão das partículas possui nas propriedades dos nanomateriais obriga a que a

sua produção seja controlada de forma a se obter as dimensões, estruturas e propriedades pretendidas.

Existem diversas formas de se produzir nanomateriais, sendo as mais comuns as estratégias de cima

para baixo (top-down) e de baixo para cima (bottom-up), figura 2.2, (Raab, et al., 2011).

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Figura 2.2 - Processos de produção de nanomateriais. (Raab, et al., 2011). Adaptado.

A estratégia top-down consiste na redução da dimensão das partículas do material através de

processos de moagem adequados, que podem ser puramente físicos e abrasivos ou podem recorrer a

reações químicas com o objetivo de acelerar e facilitar o processo de moagem. A estratégia top-down

é usada, por exemplo, na produção de nano partículas metálicas e cerâmicas. Em comparação com a

estratégia bottom-up, a estratégia top-down não garante o controlo total da forma e tamanho da

partícula final. Na estratégia top-down existe ainda o risco de contaminação do produto por abrasão

dos agentes que realizam a moagem, (Raab, et al., 2011).

A estratégia bottom-up, por outro lado, consiste na obtenção de estruturas moleculares através de

processos químicos. Devido à sua natureza, a estratégia bottom-up, possibilita o controlo dos tamanhos

e formas das estruturas desejadas. Existem diversos processos que permitem obtenção de

nanomateriais pela estratégia bottom-up dos quais se salientam os seguintes, (Raab, et al., 2011):

Processos aerossol: Processos de fase gasosa usualmente utilizados na produção de

nanomateriais sob a forma de pós ou filmes.

Reações de precipitação: Processos de fase líquida que recorre à precipitação de sólidos a

partir de soluções. O tamanho e forma das partículas é determinado pela velocidade da reação.

Processos sol-gel: Processos de fase líquida utilizados na produção de nanomateriais porosos

e nanopartículas de óxidos.

O processo sol-gel difere dos restantes por apresentar um processamento a uma temperatura

relativamente baixa, comparativamente com os outros, tornando-se assim um processo mais barato e

versátil, (Raab et al., 2011).

Na estratégia bottom-up o controlo do tamanho e forma das estruturas pode ser realizado de duas

formas. A primeira forma, designada por Arrested Precipitation, depende da exaustão de um dos

reagentes ou da introdução de um inibidor químico da reação, impedindo assim que a estrutura se

continue a desenvolver. A segunda forma é baseada na criação de uma restrição física do volume

disponível para o crescimento de cada estrutura usando moldes. Os moldes utilizados podem ser

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qualquer material que possua poros na escala nanométrica, como por exemplo a alumina ou proteínas,

(AZoNano, 2017).

Relativamente à classificação dos nanomateriais, estes podem ser divididos segundo a sua

composição em:

Materiais à base de carbono;

Materiais à base de metais;

Dendrimeros;

Compósitos.

Os materiais à base de carbono são constituídos essencialmente por carbono e podem apresentar por

exemplo a forma de esferas, designados por fulerenos, ou a forma de tubos, designados por nanotubos.

Estas estruturas à base carbono têm vastas aplicações potenciais, nomeadamente na produção de

materiais leves com elevada resistência mecânica e aplicações no domínio da eletrónica.

Os materiais à base de metais encontram-se os pontos quânticos, as nanopartículas de ouro e prata,

e as de óxidos metálicos como o dióxido de titânio.

Os dendrimeros são estruturas nanométricas de polímeros que se desenvolvem através de uma

estrutura arbórea em diversos ramos a partir de um ponto central. Devido à sua forma particular, estas

partículas apresentam especial importância na administração de medicamentos, pois contêm

cavidades interiores que podem ser utilizadas para alojar moléculas.

Os compósitos combinam diferentes tipos de nanopartículas, ou nanopartículas e materiais de

dimensões superiores, podendo apresentar uma nano-estrutura interna ou apenas uma nano-estrutura

superficial, (AZoNano, 2017).

Segundo a forma os nanomateriais podem ser distinguidos uns dos outros pelo número de dimensões

que apresentam na escala nanométrica. Os nanomateriais podem apresentar uma, duas ou três das

suas dimensões na escala nanométrica, assemelhando-se a um filme fino, a uma fibra ou a uma

partícula, respetivamente, (Santos, 2013).

2.4 APLICAÇÕES DOS NANOMATERIAIS

O potencial de aplicação dos nanomateriais é vasto e as suas aplicações vão desde a indústria

farmacêutica até à eletrónica, passando por muitos outros domínios incluindo o da construção civil.

No caso da indústria farmacêutica têm-se como exemplo de aplicação dos nanomateriais, o uso de

nanopartículas de 𝑍𝑛𝑂 (óxido de zinco) em protetores solares. Neste domínio de aplicação, é explorada

a capacidade superior de bloqueio da radiação UV das nanopartículas de 𝑍𝑛𝑂, quando comparadas

com as suas partículas originárias de maior dimensão, (News Medical Life Siences,2017).

No domínio da indústria eletrónica, o recurso a nanomateriais tem permitido a produção de dispositivos

eletrónicos mais compactos e com capacidade de processamento e armazenamento superior face aos

existentes anteriormente, (Understandingnano, 2017).

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Na indústria da construção os nanomateriais podem ser aplicados para aumentar a resistência e

durabilidade dos produtos cimenticios, melhorar o desempenho dos isolamentos térmicos, produzir

revestimentos com capacidade de autolimpeza e mudança de cor, produzir materiais com capacidade

de autorregeneração, entre outros, figura 2.5., (Broekhuizen & Broekhuizen, 2009).

Figura 2.3 - Aplicações dos nanomateriais na indústria da construção. (Broekhuizen & Broekhuizen,

2009).

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3 NANOMATERIAIS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Atualmente apesar das vastas possibilidades e aplicações dos nanomateriais na indústria da

construção, não existe ainda uma procura e utilização dos nanomateriais em grande escala. Esta

reduzida procura advém principalmente do custo elevado destes materiais face aos de utilização mais

frequente. É no entanto espectável, que venha a ocorrer um incremento de utilização de nanomateriais

na construção, contribuindo para isso a crescente preocupação com a qualidade das construções e

consequente procura por materiais mais eficientes e de maior durabilidade.

No presente capítulo apresentam-se os nanomateriais mais promissores na indústria da construção,

nomeadamente no âmbito do seu interesse no betão, aço e madeira e no domínio da eficiência

energética e revestimentos.

3.2 BETÃO

O betão é um dos materiais mais usados na indústria da construção, não só pela sua versatilidade bem

como pelo seu custo relativamente baixo. Ao longo do tempo foram desenvolvidos diversos estudos

sobre o betão e o seu comportamento, sendo hoje possível afirmar que são conhecidos os seus

principais mecanismos de degradação e suas causas.

A durabilidade do betão armado depende das ações agressivas a que este se encontra sujeito. Estas

ações podem ser divididas em ações físicas, químicas e biológicas. De entre as ações físicas

encontram-se as ações da água, temperatura, poluição e ações indiretas, tais como deformações e

deslocamentos impostos. Por outro lado, as ações químicas incluem a carbonatação e o ataque de

cloretos, para além das ações de ácidos, águas puras ou sais que dissolvam o cimento e reações

expansivas. Finalmente as ações biológicas representação a ação de esgotos, algas, fungos, e outros

agentes biológicos, (Gomes & Pinto, 2009).

Relativamente aos principais mecanismos de degradação do betão armado, estes são a corrosão das

armaduras e os ataques químicos (reações expansivas e dissolução do cimento). Outros mecanismos

de deterioração menos significativos são os ciclos gelo/desgelo, os ataques biológicos e a erosão.

De um modo geral, as caraterísticas de durabilidade do betão armado serão garantidas através de uma

baixa permeabilidade e de um recobrimento mínimo das armaduras. No domínio do betão armado, o

maior potencial de aplicação dos nanomateriais encontra-se em procurar formular betões que revelem

desempenhos mais elevados, por exemplo de durabilidade e de resistência mecânica.

Devido às dimensões reduzidas dos nanomateriais, figura 3.1, estes atuam como filler e em alguns

casos como promotores das reações de hidratação, resultando numa microestrutura do betão mais

densa e de maior resistência. Para além do melhoramento da durabilidade e resistência mecânica do

betão, os nanomateriais, podem ainda conferir-lhe a capacidade de auto monitorização ou de

purificação do ar.

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O presente subcapítulo aborda alguns dos nanomateriais atualmente conhecidos que possuem

propriedades que potenciam melhorias no betão ao nível da resistência mecânica, e microestrutura,

entre outras.

Figura 3.1 - Tamanho das nanopartículas e dos restantes constituintes do betão. (Birgisson et al., 2012). Adaptado.

3.2.1 Nanosílica

No âmbito das aplicações dos nanomateriais no betão, a nanosílica é um dos nanomateriais que tem

sido alvo de maior investigação no âmbito da produção de betões mais resistentes mecanicamente,

(Varghese et al., 2015; Quercia & Brouwers, 2010; Mondal et al., 2010).

No domínio dos nanomateriais, o tamanho e propriedades dos mesmos, pode variar consideravelmente

consoante o método e matéria-prima utilizado na sua produção. Relativamente à nanosílica, na sua

produção pode-se recorrer a processos sol-gel, de precipitação ou até mesmo de vaporização, (Quercia

& Brouwers, 2010).

A sílica pode ainda ser coletada como subproduto dos processos de fusão de metais siliciosos e ligas

ferro-silício, após condensação em torres de ciclones. Este processo representa o processo de

obtenção da sílica de fumo, utilizada na indústria da construção desde a década de 80. A sílica de fumo

apresenta partículas com dimensões médias aproximadas entre os 100 e 1000 nm, sendo denominada

como microsílica ou nanosílica dependendo do autor, (Quercia & Brouwers, 2010).

Varghese et al., (2015), realizaram um estudo sobre os efeitos da nanosílica e da sílica de fumo no

betão. No seu estudo é possível verificar que a sílica de fumo possui efeitos no betão ligeiramente

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diferentes dos encontrados com a nanosílica, sendo portanto mais correto não denominar a sílica de

fumo de nanosílica, mas sim de microsílica.

O betão com incorporação de nanosílica revela uma microestrutura mais uniforme e compacta do que

a microestrutura dos betões simples ou com incorporação de microsílica. As partículas de nanosílica e

de sílica de fumo reagem com os cristais de hidróxido de cálcio, tornando a interface entre os agregados

e a pasta de cimento mais densa, figura 3.2, produzindo assim um betão mais homogéneo e de maior

resistência, (Varghese et al., 2015).

Figura 3.2 – Imagens AFM-Atomic Force Microscope. (a) Betão de referência. (b) Betão com

incorporação de sílica de fumo. (c) Betão com incorporação de nanosílica. (Varghese et al., 2015).

A incorporação de sílica de fumo permite um incremento da resistência mecânica (compressão, flexão,

tração por compressão diametral) e do módulo de elasticidade dos betões devido à formação adicional

de C-S-H. O aumento de resistência à compressão máximo reportado por Varghese et al, (2015)

corresponde a um aumento de de 27% para uma incorporação de 10wt.% da massa de cimento de

sílica de fumo. Os autores referem, no entanto, ser possível em casos especiais incrementos de 53%

de resistência à compressão para incorporações superiores a 15wt.% de sílica de fumo. Em relação à

resistência à flexão foi reportado um aumento máximo de 20% para incorporações de 10wt.% de sílica

de fumo, enquanto para a resistência à tração por compressão diametral é indicado um aumento de

20% para uma incorporação de 2 a 3wt.% de sílica de fumo. Finalmente, o módulo de elasticidade sofre

também um aumento para incorporações de sílica de fumo superiores a 15wt.%.

Por outro lado, a nanosílica em comparação com a sílica de fumo, permite cerca de 25 – 30% mais

resistência à compressão, para percentagens de incorporação relativamente mais baixas. Em relação

à resistência à flexão é possível observar-se incrementos na ordem dos 60% para incorporações até

aos 7wt.%. A resistência à tração por compressão diametral verifica um aumento máximo de 25% para

níveis de incorporação de nanosílica de 2 a 3wt.%, e o módulo de elasticidade mostra um aumento de

3.7%, 6%, 9.3%, 10.6% para incorporações de 2.5wt.%, 5wt.%, 7.5wt.% e 10wt.%, respetivamente,

(Varghese et al., 2015).

Os estudos realizados apontam entre 5 e 10wt.% da massa de cimento como sendo as percentagens

de sílica de fumo que maximizam os benefícios da utilização destas adições. Percentagens inferiores

a 5wt.% mostram-se insuficientes para o preenchimento da totalidade dos vazios, (Gomes & Pinto,

2009), e percentagens superiores a 10wt.% são responsáveis pelo incremento da ocorrência de

retração autogénea, resultando num maior potencial de fendilhação, (Quercia & Brouwers, 2010).

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As incorporações de nanosílica em misturas ligantes que contenham cimento, e em particular no betão,

incrementam então a resistência mecânica, e reduzem a sua permeabilidade, aumentando assim a

durabilidade dos materiais com elas formulados. Tratam-se de adições pozolânicas muito reativas que

aumentam a velocidade de hidratação do cimento e conferem uma maior resistência inicial ao betão.

Estas adições contribuem também para a redução da exsudação e segregação dos betões, para além

da redução do efeito de parede, devido à sua capacidade de preenchimento dos vazios existentes na

interface pasta/agregado. Note-se porém que, a ação destas adições depende dos materiais e

processos de produção utilizados para a sua obtenção, (Quercia & Brouwers, 2010).

Neste domínio dos nanomateriais no betão, verifica-se ainda de um modo geral que quanto maior for a

incorporação do nanomaterial, maior é o potencial de aglomeração deste, reduzindo assim os seus

efeitos benéficos nas propriedades do betão. No caso particular da nanosílica esta aglomeração

começa a verificar-se para incorporações superiores a 4wt.%, provocando uma redução da resistência

à compressão. Esta aglomeração pode ser contornada através do uso de métodos de dispersão

adequados durante a produção do betão, (Varghese et al., 2015).

3.2.2 Nano dióxido de titânio

O dióxido de titânio nanoestruturado é muito versátil e com domínios de aplicação muito diversificados,

que podem ir desde a indústria alimentar, cosmética, farmacêutica, têxtil até à construção civil, entre

outros, (Pereira J. C., 2010).

O dióxido de titânio pode apresentar-se sob a forma de 3 polimorfos: anatase, rutilo e broquite. A

anatase, devido à sua grande capacidade fotocatalítica, tem sido amplamente utilizada em sistemas de

purificação de ar e água. O rutilo tem sido utilizado como pigmento nas indústrias dos plásticos, tintas

e do papel. A broquite, por outro lado, devido à sua maior dificuldade de produção, não possui

aplicações muitos exploradas.

O nano dióxido de titânio, proveniente da anatase, ao ser submetido à ação de uma radiação

suficientemente energética (λ < 385nm) produz um EHP (electron-hole pair), que por sua vez irá reagir

com o oxigénio e a água presente no ar originando radicais superóxido e grupos hidroxilo, como se

demonstra nas equações seguintes, (Lucas et al., 2013).

𝑇𝑖𝑂2 + ℎ𝑓 → 𝑇𝑖𝑂2 + 𝑒− + ℎ+ (1)

𝑒− + 𝑂2 → 𝑂2

− (2)

ℎ+ + 𝐻2𝑂 → 𝑂𝐻 + 𝐻+ (3)

Os radicais superóxido e os grupos hidroxilo produzidos reagem com os poluentes atmosféricos

promovendo a sua eliminação. Um dos poluentes mais comuns na atmosfera é o 𝑁𝑂𝑥, libertado para a

atmosfera pelo tráfego automóvel e industria. O 𝑁𝑂𝑥 é também responsável pelas chuvas ácidas, uma

das maiores causas de degradação dos materiais presentes nas construções localizadas em zonas

urbanas. As equações de remoção do poluente 𝑁𝑂𝑥 apresentam-se em seguida:

𝑁𝑂 + 𝑂𝐻• → 𝑁𝑂2 + 𝐻+ (4)

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𝑁𝑂 + 𝑂2− → 𝑁𝑂3

− (5)

𝑁𝑂2 + 𝑂𝐻• → 𝑁𝑂3

− + 𝐻+ → 𝐻𝑁𝑂3 (6)

O dióxido de titânio tem sido estudado como adição em argamassas e no betão no âmbito das suas

propriedades fotocatalíticas e consequentes aplicações de autolimpeza e purificação do ar, (Lucas et

al., 2013; Diamanti et al., 2013).

Estudos realizados recorrendo à incorporação de nanopartículas de dióxido de titânio em argamassas

e em betões, têm revelado que a presença do dióxido de titânio tem tendência para incrementar de um

modo geral a resistência mecânica dos materiais cimenticios, até um determinado limite. Após esse

limite, considerado o ótimo, a resistência mecânica tem tendência a reduzir, figura 3.3, (Rashad, 2015).

Figura 3.3 – Evolução da resistência mecânica da argamassa de cimento com incorporação de dióxido de titânio. (Lucas et al., 2013).

Para além da resistência mecânica o dióxido de titânio influencia ainda o tempo de presa, consistência,

permeabilidade, retração, resistência à abrasão, resistência ao fogo e a ciclos de gelo/desgelo. A

incorporação de nanopartículas de 𝑇𝑖𝑂2: acelera as reações de hidratação em materiais cimenticios;

reduz a trabalhabilidade, porosidade, permeabilidade e a penetração de cloretos; incrementa a

resistência à abrasão, ao fogo e aos ciclos de gelo/desgelo; e incrementa a ocorrência de retração

química, (Rashad, 2015).

A redução da porosidade total das argamassas referida, surge como resultado do efeito de filler comum

aos nanomateriais, que promove a redução dos poros de maior dimensão e o aumento dos micro e

nano poros, figura 3.4, (Lucas et al., 2013).

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Figura 3.4 – Distribuição do tamanho dos poros da argamassa de cimento com incorporação de nano dióxido de titânio. (Lucas, et al., 2013).

A incorporação de nanopartículas de dióxido de titânio em argamassas, estudada por Lucas et al.

(2013), com o objetivo de explorar as propriedades fotocatalíticas do dióxido de titânio, revelou que

uma maior eficiência fotocatalítica nas argamassas formuladas com cimento, avaliada por recurso à

taxa de degradação do gás 𝑁𝑂𝑥, e para valores de percentagem de incorporação de dióxido de titânio

da ordem de 2.5wt.%, figura 3.5.

Figura 3.5 –Taxa de degradação de NOx para a argamassa de cimento com incorporação de nano dióxido de titânio. (Lucas, et al., 2013).

As propriedades fotocatalíticas do 𝑇𝑖𝑂2 permitem ainda conferir, aos materiais onde é incorporado, a

capacidade de autolimpeza. Através da aplicação de 𝑇𝑖𝑂2 numa superfície vítrea, e expondo-a à

radiação UV são criadas zonas super-hidrofílicas a par com zonas super-hidrofóbicas, permitindo a

criação de uma camada fina de água sobre a superfície que dificulta a adesão de outras partículas

tornando-as facilmente laváveis, dando origem a superfícies com capacidade de autolimpeza, (Pereira

J. C., 2010).

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3.2.3 Nano Hematite

A hematite, também conhecida como óxido de ferro III, é um composto químico (Fe2O3) utilizado em

diversos domínios, como por exemplo na produção de aço e outras ligas metálicas, e como pigmento.

Recentemente, este composto tem sido estudado com o objetivo de avaliar a sua capacidade de

promover propriedades de auto monotorização quando utilizado na formulação de argamassas e

possivelmente betões, (Li et al., 2004).

A incorporação de hematite em argamassas de cimento para além de promover o incremento de

resistência mecânica, e redução da permeabilidade, trabalhabilidade e tempo de presa, providencia

também a capacidade de auto monitorização. Esta capacidade, promovida pela incorporação da

hematite, foi avaliada por Li et al, (2004) através da análise da variação da resistência elétrica com a

carga aplicada durante ensaios de compressão. Os autores concluíram que a incorporação de hematite

não reduziu a resistividade da argamassa de cimento, ao contrário do que acontece com a incorporação

de outros nanomateriais (por exemplo os nanotubos de carbono). A incorporação de hematite

possibilitou no entanto, à argamassa, a capacidade de variação de resistividade quando sujeita a

esforços de compressão, como se observa na figura 3.6.

Figura 3.6 - Variação de resistência elétrica (∆𝑅/𝑅0) com a variação do esforço de compressão de

argamassas de cimento com incorporação de hematite. (Li et al., 2004). Adaptado.

Para além das suas capacidades de auto monotorização, a hematite tem sido também estudada com

potencial substituto parcial dos agregados do betão devido à seu elevado peso volúmico

(4 𝑎 4.5 𝑔/𝑐𝑚3), tornando-a uma candidata para o uso em betões pesados, utilizados por exemplo com

barreira face a radiações, (Gencel et al., 2010; Gencel et al., 2011; Kharita et al., 2008).

A utilização da hematite como substituto parcial dos agregados produz um betão de maior densidade,

e uma variação da resistência mecânica dependente da percentagem de substituição utilizada na

formulação do betão, figura 3.7. A retração, uma das propriedades mais importantes neste tipo de

betões destinados ao isolamento de radiações, verifica também uma redução significativa com a

substituição parcial dos agregados por hematite, minimizando assim o potencial de fendilhação do

betão, (Gencel, et al., 2010).

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Figura 3.7 – Variação da densidade e resistência mecânica do betão com diversas percentagens de substituição de agregados com hematite. (Gencel et al., 2010). Adaptado.

Gencel et al (2011), realizam um estudo sobre o uso do betão como barreira à radiação gama e aos

neutrões, utilizando hematite como substituto do agregado. Os autores utilizam percentagens de

substituição de 10wt.%, 20wt.%, 30wt.%, 40wt.% e 50wt.% em substituição do agregado de referência.

Contrariamente aos resultados obtidos por Gencel et al (2010), Gencel et al (2011) concluem que a

resistência à compressão aumenta 3.9%, 7.7%, 9.5%, 12.4% e 16.6%, em todas as percentagens de

substituição, respetivamente 10wt.%, 20wt.%, 30wt.%, 40wt.% e 50wt.%. Os autores concluem ainda

que a eficiência do betão como barreira à radiação gama aumenta com o aumento da incorporação de

hematite. Em relação ao funcionamento como barreira aos neutrões, os autores concluem que a

incorporação de hematite não possui influência, já que o grande responsável pela atenuação é o

hidrogénio presente na constituição do betão.

3.2.4 Nanotubos de carbono

Os nanotubos de carbono (CNT) são alótropos de carbono com uma estrutura cilíndrica que possuem

propriedades mecânicas e elétricas notáveis. A utilização de CNT na formulação de betões tem sido

referida como promotora de capacidades de auto monotorização, deteção de anomalias, e até mesmo

como possibilidade de contribuir para a monotorização de tráfego automóvel, (Konsta-Gdoutos & Aza,

2014; Hongyu et al., 2017; Coppola et al., 2011).

A incorporação de CNT em produtos cimenticios desencadeia uma redução drástica da resistividade

elétrica dos mesmos. O potencial de auto monotorização dos CNT resulta do facto de que, quando

submetidos a um esforço de tração ou compressão, estes alteram as suas propriedades elétricas

através de uma resposta piezo-resistente linear e reversível, figura 3.8, (Konsta-Gdoutos & Aza, 2014).

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Figura 3.8 – Comportamento piezo-resistivo dos produtos cimenticios com incorporação de CNT. (Konsta-Gdoutos et al.,2014). Adaptado.

Neste domínio alguns autores alertam para a necessidade de recorrer a agentes dispersantes para a

incorporação dos CNT em materiais cimenticios. A falta de dispersão pode resultar na aglomeração de

CNT originando um aumento de resistividade do betão, figura 3.9. A dispersão dos CNT pode ser

conseguida quer por métodos químicos, como a incorporação superplastificantes, quer por recurso a

métodos mecânicos que envolvem por exemplo a dispersão ultrassónica, (Konsta-Gdoutos et al.,2014).

Figura 3.9 – Rede de caminhos de condutividade elétrica criada pelos CNT. (a) Construção eficiente da rede. (b) Aglomeração e interrupção da rede. (Hongyu et al., 2017). Adaptado.

Hongyu et al., (2017) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a importância da aplicação de

dispersantes nos materiais cimenticios reforçados com CNT. No seu estudo, os autores indicam que a

condutividade dos materiais cimenticios é proporcional à razão volume/massa da adição condutora,

neste caso os CNT, salientando no entanto que uma incorporação excessiva pode desencadear a

redução da consistência e propriedades mecânicas do material cimenticio.

Os autores Hongyu et al., (2017), indicam ainda que a correta dispersão dos CNT é o fator mais

importante na condutividade do material cimenticio, salientando contudo, que a correta dispersão dos

CNT na solução dispersante não garante uma dispersão final correta, já que esta pode ser interrompida

durante o processo de mistura do material cimenticio.

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20

Para além da promoção de capacidades de auto monotorização, estudos recentes têm revelado que a

utilização de CNT na formulação de betões promove o incremento de resistência mecânica e do módulo

de Young. A incorporação de CNT reduz também a porosidade e atua como “ponte” nas fendas,

interligando e transferindo as cargas e tensões através dos vazios, (Chuah et al., 2014).

3.2.5 Óxido de Grafeno

O óxido de grafeno apresenta-se sob a forma de filme fino, possuindo apenas uma das suas dimensões

na escala nanométrica.

A incorporação de óxido de grafeno em pastas de cimento promove o refinamento da porosidade e

consequente densificação da sua microestrutura, e a redução da trabalhabilidade das misturas. As

reações de hidratação são aceleradas com a incorporação de óxido de grafeno, pelo facto de este

providenciar mais locais de nucleação para o desenvolvimento dos produtos de hidratação, devido à

sua grande área superficial. Estes efeitos dependem no entanto, do estado de dispersão da adição, tal

como acontece nos nanomateriais em geral, (Li, et al., 2017).

A resistência mecânica verifica também um incremento significativo, tendo em conta as baixas

percentagens de incorporação utilizadas pelos autores que estudam este nanomaterial, figura 3.10, (Li,

et al., 2017; Chuah, et al., 2014; Antonio et al., 2016).

Figura 3.10 – Influência da percentagem de incorporação de óxido de grafeno na resistência à compressão de uma pasta de cimento e na sua evolução (3, 7 e 28 dias) Li et al., (2017). Adaptado.

3.2.6 Nanoargila

A nanoargila resulta do processamento de argila e tem sido estudada no âmbito de materiais

cimenticios devido à sua elevada superfície específica, capacidade de filler e como promotora do

processo de hidratação do cimento, à semelhança de outros nanomateriais, (Heikal & Ibrahim, 2016;

A. Hakamy et al., 2014).

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21

Dentro do grupo das nanoargilas encontra-se o nanometacaulino. O nanometacaulino resulta do

tratamento térmico da caulinite com o objectivo de remover a sua água de constituição e transformá-la

num elemento amorfo com elevado potencial de combinação, (Pinto, 2004).

A incorporação de nanoargilas em materiais cimenticios tem revelado que uma contribuição para a

redução da fluidez no estado fresco, do tempo de presa e porosidade, e para o incremento da sua

resistência mecânica, figura 3.11, e da densidade, (Heikal et al., 2016).

Figura 3.11 - Influência da percentagem de incorporação de nanoargila na resistência à compressão de uma pasta de cimento e na sua evolução (1, 3, 7, 28 e 90 dias) M. Heikal et al. (2016). Adaptado.

Para o caso particular do nanometacaulino, estudado por El-Gamal et al. (2015), os resultados indicam

um incremento da resistência à compressão em cerca de 10%, aos 90 dias e para uma percentagem

ótima de incorporação de 10wt.%, figura 3.12.

Figura 3.12 - Resultados de resistência à compressão das pastas de cimento ensaiada por EL-Gamal, et al.,(2015).

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22

3.2.7 Carbonato de Cálcio

O carbonato de cálcio presente na constituição de diversas rochas carbonatadas, como os calcários e

os mármores, constituiu-se como o principal constituinte das nanopartículas de 𝐶𝑎𝐶𝑂3. O nano

carbonato de cálcio tem sido estudado na formulação de betões de alto desempenho e alta

durabilidade, (Shaikh & Supit, 2014; Camiletti et al., 2013).

A incorporação de nano carbonato de cálcio, como substituto parcial da massa de cimento em betões,

promove o incremento da resistência à compressão dos betões, figura 3.13, e o aceleramento das

reações de hidratação e a redução do tempo de presa. O nano carbonato de cálcio reduz também a

trabalhabilidade das misturas e promove o refinamento para porosidade das mesmas, (Shaikh & Supit,

2014; Camiletti, et al., 2013).

Figura 3.13 - Aumento da resistência à compressão dos betões com incorporação de nano carbonato de cálcio. (Shaikh et al., 2014). Adaptado.

Para além da ação que o nano carbonato de cálcio tem nas propriedades referidas em cima, Shaikh et

al. (2014) avaliaram também a ação da incorporação de nano carbonato de cálcio na resistência à

penetração acelerada por cloretos (RCMT). Estes autores concluíram que a presença de 𝐶𝑎𝐶𝑂3

contribuiu significativamente para o aumento da resistência à penetração por cloretos, devido à

capacidade do nano carbonato de cálcio em reduzir e refinar a estrutura porosa e consequentemente

reduzir a permeabilidade dos betões, promovendo assim a obtenção de betões mais densos e duráveis.

3.2.8 Alumina

A alumina, também conhecida como óxido de alumino, é o principal constituinte da bauxita e pode ser

obtida através do processo de Bayer utilizado na indústria de produção de alumínio. No domínio da sua

aplicabilidade no betão, esta tem sido estudada, tal como os outros nanomateriais, na formulação de

betões e materiais cimenticios de elevado desempenho, por autores como Nazari & Riahi (2011),

Behfarnia & Salemi (2013), e Li et al., (2006).

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Nazari & Riahi (2011) estudaram a influência das diferentes percentagens de incorporação de alumina

(0.5wt.%, 1.0wt.%, 1.5wt.% e 2wt.% da massa de cimento), em betões. Segundo os autores, a

trabalhabilidade da mistura, o tempo de presa e a porosidade dos betões reduziram com a incorporação

de alumina. A presença de alumina promoveu ainda o incremento da resistência à compressão, sendo

dado como percentagem ótima de incorporação o valor de 1.0wt.%, que promoveu uma resistência à

compressão de 42MPa (28 dias), comparativamente com a resistência do betão de referência (37MPa

– 28 dias) e do betão com incorporação de 2wt.% (37.7MPa – 28 dias). O incremento de resistência

promovido tem como principal origem a elevada superfície específica e reatividade das nanopartículas

que aceleram o processo de hidratação. Os autores salientam ainda que o decréscimo de resistência

registado para as incorporações de alumina superiores a 1wt.% da massa de cimento devem-se

possivelmente à deficiente dispersão das nanopartículas.

Neste domínio da importância da dispersão das nanopartículas, Behfarnia et al. (2013), realizaram um

estudo similar ao anterior, mas recorrendo a maiores percentagens de incorporação de alumina (3wt.%,

5wt.% e 7wt.% da massa de cimento) e à utilização de superplastificante como agente dispersor.

Contrariamente aos resultados apresentados por Nazari & Riahi (2011), estes autores obtiveram

incrementos de resistência à compressão da ordem de 4%, 6% e 8% com o aumento da percentagem

de alumina de 3wt.%, 5wt.% e 7wt.%, respetivamente, justificado pelo recurso ao superplastificante que

permitiu uma melhor dispersão da alumina.

Behfarnia et al. (2013) referem ainda que a incorporação de nanopartículas de alumina permite a

criação de uma matriz mais homogénea e densa, que contribui favoravelmente para o comportamento

dos betões aos ciclos de gelo/degelo.

3.2.9 Óxido Crómio III

O óxido de crómio III é um composto inorgânico presente com frequência na produção de aços

inoxidáveis. Trata-se de um nanomaterial pouco estudado e investigado no que respeita à sua

incorporação no betão, quando comparado com outros nanomateriais como a nanosílica e o nano

dióxido de titânio.

A incorporação de óxido de crómio III em materiais cimenticios potencia um aumento de resistência

mecânica dos mesmos (resistência à compressão, tração por compressão diametral e flexão). Nazari

& Riahi, (2010) estudaram a influência das diferentes percentagens de incorporação de óxido de crómio

III (0.5wt.%, 1.0wt.%, 1.5wt.% e 2wt.% da massa de cimento). No seu estudo, os autores, indicam o

valor de incorporação de 1.0wt.% como sendo aquele que potencia os maiores benefícios, dado que

incorporações superiores resultam no decréscimo da resistência mecânica para valores próximos dos

valores dos materiais de controlo. A resistência mecânica máxima conseguida por Nazari & Riahi,

(2010) foi de 41.6MPa, 2.7MPa e 4.5MPa de resistência à compressão, tração por compressão

diametral e flexão, aos 28 dias, respetivamente. Em comparação com os materiais de controlo, estas

resistências máximas representam incremetos de +4.8MPa, +1.9MPa e +0.1MPa, de resistência à

compressão, tração por compressão diametral e flexão, respetivamente.

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Verifica-se então que a incorporação de nanopartículas de óxido de crómio III contribui para o

melhoramento das propriedades do betão, nomeadamente da sua resistência, apesar de,

comparativamente com os outros nanomateriais já apresentados ao longo deste texto, os incrementos

de resistência serem pouco significativos.

3.2.10 Betão com capacidade de autorregeneração

O potencial de auto regeneração que os nanomateriais podem vir a revelar no domínio dos materiais

de construção, em particular do betão, tem vindo a ser objeto de estudos recentes, com o objetivo de

obter novas soluções que permitam aos materiais recuperar parcialmente as suas caraterísticas e

propriedades iniciais, aumentando assim a sua vida útil, (Calvo, et al., 2017; Mihashi & Nishiwaki, 2012;

Wang et al., 2014).

A regeneração total das propriedades iniciais de um material será algo impossível, ou no mínimo

bastante difícil de alcançar, pelo que é então de mencionar que nestes betões com capacidade de

autorregeneração, a recuperação é apenas parcial e que se notará sempre pequenas sequelas.

A autorregeneração do betão pode ser classificada em dois tipos, autogénea ou autónoma. A

regeneração autogénea corresponde a uma caraterística intrínseca do betão e resulta da hidratação

posterior do cimento ou através da precipitação de carbonato de cálcio. A regeneração autónoma, por

outro lado, resulta do uso de adições com capacidades auto regenerativas, (Calvo, et al., 2017).

Calvo et al. (2017) estudaram o desenvolvimento de um betão de elevado desempenho com

capacidades regenerativas recorrendo a micro cápsulas de sílica com epóxi no seu interior (CAP) e a

nanopartículas de sílica funcionalizada com grupos amina (nS) para promover um mecanismo de

regeneração autónoma do betão produzido, figura 3.14. Este mecanismo entra em funcionamento

quando o betão fendilha, quebrando as cápsulas de sílica e libertando a epóxi. Posteriormente, a epóxi

espalhada pelas fendas irá curar em contacto com os grupos amina, realizando o fecho da fenda. Os

autores estudaram a utilização de duas dosagens de CAP, 5wt.% e 10wt.%, um rácio CAP/nS igual a

0.75 para ambas as dosagens e um superplastificante para facilitar a dispersão da nS. A incorporação

destas adições foi responsável pela redução da resistência mecânica do betão formulado, na ordem de

15% e 30%, para a resistência à compressão, e de 19% e 53%, para a resistência à flexão, para os

betões com 5wt.% e 10wt.% de adições, respetivamente. Os autores referem também que estas

adições revelaram, à semelhança de outros nanomateriais, a capacidade de refinamento da micro

porosidade do betão.

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Figura 3.14 – Betão com adições auto regenerativas. Imagens SEM-Scanning Electron Microscope do

betão com CAP e nanosílica. (Calvo et al., 2017).

A capacidade auto regenerativa dos betões estudados por Calvo et al. (2017) foi avaliada por recurso

à avaliação da absorção de água por capilaridade em provetes aos quais foram induzidas fendas, com

espessuras de 150𝜇𝑚 e 300𝜇𝑚, e posteriormente deixados a regenerar durante 28 dias. Os autores

verificaram que a capacidade de autorregeneração foi mais eficiente nas fendas de menor dimensão,

embora seja mais expressiva nas fendas de maior dimensão, e nos betões formulados com a menor

percentagem de incorporação (5wt.%). Os resultados apresentados, pelos autores, para a fendas de

300𝜇𝑚 podem ser observados na figura 3.15.

Figura 3.15 – Resultados dos testes de capilaridade para as fendas de 300 𝜇𝑚 em betões com adições auto regenerativas. (Calvo et al.,2017).

3.2.11 Considerações finais

Os nanomateriais com aplicações no domínio do betão são diversos. Dentro do mesmo nanomaterial

verificam-se influências diferentes nas propriedades do betão e materiais cimenticios, consoante o

tamanho dos nanomateriais utilizados. O tamanho dos nanomateriais depende, como visto no

subcapítulo referente à nanosílica, da matéria-prima e do método de produção utilizado, não sendo

portanto possível definir um tamanho único para cada nanomaterial.

Neste domínio de aplicação dos nanomateriais no betão, verifica-se de um modo geral, que estes

contribuem para o desenvolvimento de uma maior resistência mecânica, e um refinamento da

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porosidade através da redução dos poros de maior dimensão e o aumento consequente dos micro e

nano poros. Observa-se ainda, em geral, uma aceleração da reações de hidratação e a redução do

tempo de presa, tabela 3-1.

Verifica-se também que quanto maior for a incorporação do nanomaterial, maior é o potencial de

aglomeração deste, reduzindo assim os seus efeitos benéficos nas propriedades do betão. Esta

aglomeração pode, e deverá sempre que possível, ser contornada através do uso de métodos de

dispersão adequados durante a produção do betão, para que seja possível chegar aos resultados

esperados.

Neste âmbito verifica-se ainda que grande parte dos nanomateriais presentes nas bibliografias

consultadas se encontram em fase de investigação, sendo apenas alguns os que já tiveram

aplicabilidade prática de maior relevância, nomeadamente a nanosílica e o dióxido de titânio.

A título de síntese apresenta-se, na tabela 3-1, um resumo das aplicações e propriedades influenciadas

mais relevantes dos nanomateriais presentes nas referências bibliográficas consultadas durante a

execução deste subcapítulo.

Tabela 3-1 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito do betão.

Nanomaterial Forma Aplicações/Propriedades

influenciadas Referências mais revelantes

Nanosílica (SiO2)

NP

↑ Resistência Mecânica ↑ Módulo de Elasticidade

↓ Porosidade e Permeabilidade ↑ Velocidade de Hidratação

↓ Trabalhabilidade Produção de Betões Regenerativos

(Varghense et al., 2015) (Quercia & Brouwers, 2010)

(Cacho et al., 2003)

Dióxido de Titânio (TiO2)

NP

↑ Resistência Mecânica ↓ Porosidade e Permeabilidade

↑ Velocidade de Hidratação ↓ Trabalhabilidade

↑ Resistência à Abrasão, Fogo e ciclos Gelo/Desgelo

↓ Permeabilidade de cloretos ↑ Retração química

Capacidades de autolimpeza e purificação do ar

(Rashad et al.,2015) (Lucas et al., 2013)

Hematite (Fe2O3)

NP

↑ Resistência Mecânica ↓ Porosidade e Permeabilidade

↑ Velocidade de Hidratação Capacidades de Auto

Monitorização Produção de Betões Pesados

(Li et al., 2004) (Gencel et al., 2010) (Gencel et al., 2011)

Nanotubos de Carbono (CNT)

NT

↑ Resistência Mecânica ↓ Porosidade e Permeabilidade

↑ Módulo de Young Capacidades de Auto

Monitorização

(Chuang et al., 2014) (Konsta-Gdoutos et al., 2014)

(Hongyu et al., 2017)

Óxido de Grafeno

FF

↑ Resistência Mecânica ↓ Porosidade e Permeabilidade

↑ Velocidade de Hidratação ↓ Trabalhabilidade

(Li et al, 2017) (Chuang et al., 2014)

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Nanomaterial Forma Aplicações/Propriedades

influenciadas Referências mais revelantes

Nano Argilas NP

↑ Resistência Mecânica ↓ Porosidade e Permeabilidade

↑ Velocidade de Hidratação ↓ Trabalhabilidade

(Heikal et al., 2016) (El-Gamal et al., 2015)

Carbonato de Cálcio (CaCO3)

NP

↑ Resistência Mecânica ↓ Porosidade e Permeabilidade

↑ Velocidade de Hidratação ↓ Trabalhabilidade

↓ Permeabilidade de Cloretos

(Shaikh & Supit, 2014) (Camiletti et al., 2013)

Alumina (Al2O3) NP

↑ Resistência Mecânica ↓ Porosidade e Permeabilidade

↑ Velocidade de Hidratação ↓ Trabalhabilidade

↑ Resistência aos ciclos Gelo/Desgelo

(Nazari & Riahi, 2011) (Li et al., 2006)

(Behfarnia & Salemi, 2013)

Óxido de crómio III (Cr2O3)

NP ↑ Resistência Mecânica (Nazari & Riahi, 2010)

Legenda: NP: Nanoparticula NF: Nanofibra NT: Nanotubo FF: Filme Fino

3.3 AÇO

O aço, à semelhança do betão, é dos materiais mais utilizados na indústria da construção, em que mais

de um quarto da produção mundial anual de aço é utilizada na construção de edifícios, (Moynihan &

Allwood, 2014).

O aço, tal como a maior parte dos metais, apresenta problemas de durabilidade quando não protegido

face ao desenvolvimento de processos de corrosão. O aço enquanto material integrante de elementos

em betão armado, sob a forma de armaduras, encontra-se protegido do ambiente exterior pelo betão

não carbonatado. No entanto, na sua utilização em estruturas metálicas, o aço necessita de ser

devidamente protegido.

No caso das estruturas metálicas estas preocupações são tidas em conta na parte 2 do Eurocódigo 3

- Technical requirements for steel structures. A proteção das estruturas de aço contra a corrosão pode

ser realizada de diversas formas, tendo em conta desde logo, durante a fase de projeto, a localização

e desenho da mesma evitando locais de retenção de água e superfícies horizontais, para além de se

prever a drenagem e ventilação da estrutura de forma a potenciar a sua secagem. Outras formas de

proteção de estruturas metálicas passam pela proteção da estrutura isolando o aço do meio envolvente

através de revestimentos, ou atuando diretamente no metal tentando melhorar as suas propriedades,

(Pereira E. V., 2006).

Relativamente ao domínio de aplicação dos nanomateriais, estes têm vindo a ser estudados com o

objetivo de incrementar as propriedades mecânicas, a microestrutura, e a resistência do aço à corrosão

e estabilidade térmica. A aplicação de revestimentos exteriores às peças de aço, nomeadamente

revestimentos por pintura, é uma outra forma de proteção do aço em que os nanomateriais possuem

elevado potencial, sendo este aspeto abordado no capítulo referente aos revestimentos.

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O presente subcapítulo aborda então alguns dos nanomateriais atualmente conhecidos que possuem

propriedades que potenciam melhorias no aço ao nível da resistência mecânica, microestrutura,

proteção à corrosão e estabilidade térmica.

3.3.1 Resistência Mecânica

O melhoramento da microestrutura e da resistência mecânica de materiais estruturais permite a

execução de estruturas não só mais seguras como também com maior potencial arquitetónico. No

domínio dos nanomateriais muitos investigadores estudaram a precipitação de carbonetos de

compostos, como o Crómio (Cr), Alumino (Al), Molibdénio (Mo), Tungsténio (W), Vanádio (V), e Nióbio

(Nb), em aços de duas fases, (Tsai, et al., 2017; Chen et al., 2014; Kamikawa, et al., 2015).

Muito embora os aços de duas fases (DP - Dual Phase steel), de ferrita e martensita, possuam só por

si uma boa resistência mecânica, a baixa relação entre as tensões de cedência e última originam a

propagação de fendas na interface da ferrita e martensita durante processos de deformação, as quais

podem vir a ser responsáveis por deficiências no comportamento mecânico ao longo do tempo. A

incorporação de carbonetos precipitados tem como função reduzir a diferença de resistência entre a

ferrita e a martensita aumentando o rácio tensão de cedência/tensão última, conferindo uma boa

relação entre a capacidade resistente e de deformação, (Tsai, et al., 2017).

A título de exemplo, Tsai et al. (2017), indicam no seu estudo sobre o efeito da precipitação intersticial

de carbonetos de crómio (Cr) e de alumínio (Al) na produção de um aço de duas fases, a obtenção de

valores de tensão de cedência de 655 MPa, de tensão última de 911 MPa e de alongamento de 30%

nos aços estudados, comparativamente com os valores dos aços DP sem carbonetos apresentados,

de 525 MPa, 1037MPa e 7.3%, de tensão de cedência, tensão última e alongamento, respetivamente.

Uma forma alternativa à incorporação de nanomateriais nas ligas metálicas para melhorar a resistência

mecânica das mesmas, consiste na produção de uma liga ela mesma com grãos de tamanho reduzido

e na escala nanométrica. Na indústria metalúrgica, as micro-ligas têm revelado grande interesse, dado

que a redução do tamanho do grão da liga provoca um aumento da sua robustez e resistência. Um aço

nanoestruturado, devido à pequena dimensão dos seus grãos, possui uma densidade de interfaces

intercristalinas que interrompe os arranjos ordenados dos átomos, tornando assim o aço muito mais

resistente, sendo capaz de atingir valores de resistência superiores a 2 GPa, figura 3.16, (Bhadeshia &

Honeycombe, 2017).

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Figura 3.16 - Resistência à tração de um aço totalmente ferrítico com dois tamanhos de gãos diferentes. (Bhadeshia & Honeycombe, 2017). Adaptado.

3.3.2 Durabilidade

Para além da resistência mecânica, outra característica relevante a ter em conta no desenvolvimento

do aço e na sua seleção é a sua durabilidade e consequente resistência à corrosão e a estabilidade

térmica.

O aumento da durabilidade dos aços produzidos pode ser conseguido através da boa qualidade

superficial dos mesmos. Neste domínio, Wu et al. (2017) estudaram a possibilidade de incrementar as

propriedades do aço por recurso à utilização de nanopartículas de titânio em lubrificantes utilizados na

conformação de peças pelo processo de hot rolling. Os autores referem que o uso deste tipo de

lubrificantes irá não só reduzir o atrito e a energia consumida durante o processo, como também

incrementará o tempo de vida útil do aço produzido (aumento de 20-40%). A dispersão de

nanopartículas de titânio em água é apresentada como dando origem a um lubrificante extremamente

eficaz, que reduz a temperatura do aço e que melhora a qualidade superficial dos aço produzidos,

reduzindo a camada oxidada que se forma durante o processo, figura 3.17.

Figura 3.17 - Formação da camada oxidada. (a) Sem lubrificação. (c) Com lubrificação (0.4wt.% TiO2). (Wu, et al., 2017). Adaptado.

No domínio do incremento da resistência à corrosão dos aços, os nanomateriais possuem também um

papel a desempenhar. Certos nanomateriais, como o crómio, têm sido estudados como possíveis

potenciadores do desenvolvimento de aços com capacidades anticorrosivas. No aço, o crómio atua

como catalisador da nucleação de siderite que potencia a formação de uma camada protetora do aço,

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conseguindo-se aumentos de resistência à corrosão de 3 a 40 vezes mais do que o normal, através da

incorporação de apenas 3wt.% de Cr na liga do aço, (Ko et al., 2014).

Por outro lado, a estabilidade térmica dos aços é relevante quando o aço é utilizado em ambientes

submetidos a elevadas temperaturas, bem como na procura de aços com comportamento melhorado

à ação de incêndio. Alguns autores estudam como os nanomateriais podem melhorar esta propriedade

do aço, entre eles Kotan et al., (2014) e Verhiest et al., (2009).

No domínio da estabilidade térmica dos aços, uns dos nanomateriais mais promissores são o Zircónio

(Zr) e de óxido de ítrio (𝑌2𝑂3). Ambos os nanomateriais dificultam o crescimento do grão da liga,

permitindo que ela consiga resistir a temperaturas superiores. As nanopartículas de Zr revelaram-se

mais eficazes que as de 𝑌2𝑂3 a baixas temperaturas, conseguindo estabilizar o tamanho do grão da

liga até temperaturas da ordem dos 700ºC. O óxido de ítrio (𝑌2𝑂3) apesar de não apresentar uma

eficiência tão grande como o Zr a baixas temperaturas, possui a capacidade de estabilizar os grãos da

liga a temperaturas mais elevadas. Conclui-se então que a combinação de nanopartículas de Zircónio

(Zr) e de óxido de ítrio (𝑌2𝑂3) corresponde à opção mais interessante, permitindo estabilizar os grãos

da liga até aos 1000ºC, (Kotan, et al., 2014).

3.3.3 Considerações finais

O domínio da aplicação dos nanomateriais no aço, apesar de não ser tão extenso como o encontrado

no betão, possui no seu domínio uma larga lista de nanomateriais, tabela 3-2. Neste domínio os

nanomateriais têm vindo a ser estudados com o objetivo de incrementar a resistência mecânica e à

corrosão, para além de ser explorada a sua aplicabilidade no incremento da durabilidade e estabilidade

térmica do aço.

A título de síntese apresenta-se, na tabela 3-2, um resumo das aplicações e propriedades influenciadas

mais relevantes dos nanomateriais presentes nas referências bibliográficas consultadas durante a

execução deste subcapítulo.

Tabela 3-2 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito do aço.

Nanomaterial Forma Aplicações/Propriedades

influenciadas Referências mais revelantes

Crómio (Cr) NP ↑ Resistência Mecânica

↑ Resistência à Corrosão (Tsai, et al., 2017) (Ko, et al., 2014)

Alumino (Al) NP ↑ Resistência Mecânica (Tsai, et al., 2017)

Molibdénio (Mo) NP ↑ Resistência Mecânica (Chen, et al., 2014)

Tungsténio (W) NP ↑ Resistência Mecânica (Tsai, et al., 2017)

Vanádio (V) NP ↑ Resistência Mecânica (Kamikawa, et al., 2015)

Nióbio (Nb) NP ↑ Resistência Mecânica (Chen, et al., 2014)

Dióxido de titânio (TiO2)

NP ↑ Durabilidade

↑ Qualidade Superficial (Wu et al., 2017)

Zircónio (Zr) NP ↑ Estabilidade Térmica (Kotan, et al., 2014)

Óxido de ítrio (𝑌2𝑂3)

NP ↑ Estabilidade Térmica (Kotan, et al., 2014)

Legenda: NP: Nanoparticula NF: Nanofibra NT: Nanotubo FF: Filme Fino

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31

3.4 MADEIRA

A madeira tem sido vastamente utilizada na construção como material estrutural e de revestimento.

Trata-se de um material leve, versátil, abundante e resistente mecanicamente. A madeira é, no entanto,

suscetível à degradação, o que obriga habitualmente a cuidados na sua seleção e proteção tanto face

aos agentes agressivos ambientais como face a seres vivos (xilófagos), (Gomes & Pinto, 2016).

A proteção da madeira pode ser realizada usualmente através da aplicação de produtos impregnantes

ou de revestimentos superficiais. Tal como noutros domínios, os nanomateriais revelam potencial para

promoverem a melhoria das propriedades das soluções de proteção, prolongando e melhorando a

resistência e a vida útil da madeira face à ação de fungos, térmitas, radiação UV, riscos e abrasão,

fogo, higroscopicidade e propriedades mecânicas, (Terzi et al., 2016).

3.4.1 Nanomateriais em revestimentos de madeiras

O uso de nanomateriais para o melhoramento de revestimentos superficiais em madeiras tem sido

amplamente estudado dos diversos autores, entre os quais, Makarona, et al. (2017), Cataldi et al.,

(2017), Chen et al., (2009), e Künniger et al., (2014). Entre os nanomateriais estudados por estes

autores encontra-se o óxido de zinco, a prata, o dióxido de titânio e compósitos fotocuráveis de

resina/nanocelulose.

Uma das propriedades mais investigadas neste domínio é a resistência à absorção de água. Makarona

et. al. (2017) estudaram a resistência à absorção de água da madeira, proveniente de diferentes

espécies (pinheiro-larício, abeto grego, faia-europeia e carvalho), quando protegida com revestimentos

formulados com a incorporação óxido de zinco (ZnO) nanoestruturado. Segundo os autores, o óxido de

zinco deu origem a revestimentos que reduziram, de um modo geral, a absorção de água da madeira,

sendo que o seu desempenho é influenciado pela espécie de madeira, figura 3.18.

Figura 3.18 - Absorção de água das diferentes espécies estudadas por Makarona et. al. (2017). Adaptado.

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32

Para além da resistência à absorção de água, outras das propriedades investigadas neste domínio são

as propriedades superficiais das madeiras. Cataldi et. al. (2017) estudaram soluções de proteção da

madeira de nogueira por recurso à aplicação de revestimentos formulados com compósitos fotocuráveis

de resina/nanocelulose (CNC) e resina/microcelulose (CMC). No seu estudo os autores verificam que

as espécies protegidas sofrem uma redução da absorção de água, figura 3.19, e um incremento das

propriedades superficiais, nomeadamente, o ângulo de contacto e a rigidez superficial.

Os autores Cataldi et. al. (2017) indicam que os melhores resultados para as propriedades superficiais,

foram obtidos nos revestimentos com CNC (ângulo de contacto - 132.1 ± 0.9° − 𝐶𝑁𝐶 (5𝑤𝑡. %); rigidez

superficial - 71.1 ± 2.5 − 𝐶𝑁𝐶 (10𝑤𝑡. %)), em comparação com os resultados das espécies não

protegidas (ângulo de contacto - 56.3 ± 4.1°; rigidez superficial - 61.0 ± 6.5).

Figura 3.19 - Absorção de água. (Cataldi et. al., 2017). Adaptado.

3.4.2 Nanomateriais em impregnações de madeiras

As soluções de impregnações, mais eficientes que os revestimentos superficiais por conseguirem

penetrar em profundidade na peça de madeira, também tem sido amplamente estudadas no âmbito

dos nanomateriais por autores como Terzi et al. (2016), Mantanis et al., (2014), Clausen et al., (2010),

e Filpo et al., (2013). Entre os nanomateriais estudados por estes autores encontra-se vários óxidos

metálicos, dos quais se salienta o óxido de zinco que aparenta ser um dos mais estudados e mais

eficazes neste domínio.

De entre as referências apresentadas salienta-se, Terzi et al. (2016), que estudaram a capacidade de

proteção de diversos produtos preservadores impregnados em madeira de pinheiro. Os produtos

preservadores deste estudo foram formulados com soluções de nano partículas de 𝑍𝑛𝑂, 𝐵2𝑂3, 𝐶𝑢𝑂,

𝑇𝑖𝑂2, 𝐶𝑒𝑂2 e 𝑆𝑛𝑂2, para a prevenção de fungos, bolor e ataque de térmitas, bem como com o objetivo

de avaliar a sua eficiência nas propriedades de resistência ao desgaste e à repelência da água.

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33

De um modo geral, todas as soluções estudadas por Terzi et al. (2016) revelaram um bom desempenho

face às características analisadas. Em termos da redução da absorção de água da madeira, a redução

mais eficiente foi obtida com a solução de 𝑍𝑛𝑂 e a menos eficiente com a solução de 𝐵2𝑂3, figura 3.20.

As soluções de 𝐶𝑢𝑂, 𝑆𝑛𝑂2 e 𝐵2𝑂3 foram as que revelaram maior eficácia no incremento da resistência

da madeira à proliferação de fungos. Em relação à resistência ao bolor, não se verificam resultados

significativos exceto nas soluções de 𝑍𝑛𝑂 e 𝐵2𝑂3, onde se verifica um incremento da resistência. A

impregnação indicada pelos autores como sendo a mais eficiente contra as térmitas é a solução de

𝐵2𝑂3.

Figura 3.20 - Absorção de água, aumento volumétrico e eficiência na repelência de água, das diversas soluções estudadas por Terzi et al. (2016). Adaptado.

3.4.3 Considerações finais

O domínio da aplicação dos nanomateriais na madeira, tal como no aço não é extenso. Neste âmbito

verifica-se que o nanomaterial mais versátil e presente em grande parte os estudos consultados é o

óxido de zinco. Neste domínio os nanomateriais têm vindo a ser estudados com o objetivo de melhorar

as propriedades das soluções protetoras e consequentemente incrementar a durabilidade das

madeiras.

A título de síntese apresenta-se, na tabela 3-3, um resumo das aplicações e propriedades influenciadas

mais relevantes dos nanomateriais presentes nas referências bibliográficas consultadas durante a

execução deste subcapítulo.

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Tabela 3-3 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito da madeira.

Nanomaterial Forma Aplicações/Propriedades

influenciadas Referências mais revelantes

Óxido de Zinco (ZnO)

NP

↑ Prevenção de Fungos, Bolor e Ataque de Térmitas.

↑ Resistência ao Desgaste e à Repelência da Água.

(Terzi et al., 2016) (Makarona, et al., 2017)

Prata (Ag) NP ↑ Eficácia Antimicrobiana (Künniger et al., 2014).

CNC NP ↑ Repelência da Água e Propriedades Superficiais

(Cataldi et. al., 2017)

Trióxido de Boro (𝐵2𝑂3)

NP

↑ Prevenção de Fungos, Bolor e Ataque de Térmitas.

↑ Resistência ao Desgaste e à Repelência da Água.

(Terzi et al., 2016)

Óxido de Cobre (𝐶𝑢𝑂)

NP

↑ Prevenção de Fungos, Bolor e Ataque de Térmitas.

↑ Resistência ao Desgaste e à Repelência da Água.

(Terzi et al., 2016) (Mantanis, et al.,2014)

Óxido de Cério (𝐶𝑒𝑂2)

NP

↑ Prevenção de Fungos, Bolor e Ataque de Térmitas.

↑ Resistência ao Desgaste e à Repelência da Água.

(Terzi et al., 2016)

Dióxido de Titânio (TiO2)

NP

↑ Prevenção de Fungos, Bolor e Ataque de Térmitas.

↑ Resistência ao Desgaste e à Repelência da Água.

(Terzi et al., 2016) (Chen et al.,2009) (Filpo et al., 2013).

Dióxido de Estanho (𝑆𝑛𝑂2)

NP

↑ Prevenção de Fungos, Bolor e Ataque de Térmitas.

↑ Resistência ao Desgaste e à Repelência da Água.

(Terzi et al., 2016)

Legenda: NP: Nanoparticula NF: Nanofibra NT: Nanotubo FF: Filme Fino

3.5 REVESTIMENTOS

Os materiais e produtos de revestimento e acabamento das construções podem ter diversas funções,

além das decorativas, nas quais os nanomateriais poderão atuar como potenciadores do seu

desempenho e durabilidade.

Este subcapítulo aborda a presença dos nanomateriais em materiais com funções de revestimento e

acabamento das construções, nomeadamente a sua presença em tintas, vidros.

3.5.1 Tintas

Os revestimentos por pintura são uma solução frequentemente utilizada nas construções. A

incorporação de nanomateriais nas tintas pode-lhes conferir propriedades de autolimpeza, purificação

do ar, para além de outras, como propriedades anticorrosivas. As tintas são um domínio onde os

nanomateriais possuem grande expressão, tanto ao nível de investigação como ao nível de produtos

já disponíveis no mercado.

Uma das propriedades que se revela interessante para as tintas é a propriedade fotocatalítica que tem

o potencial de melhorar a qualidade do ar, e reduzir os custos de manutenção devido à sua capacidade

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de autolimpeza. Tal como apresentado no subcapítulo referente ao betão, esta propriedade pode ser

conseguida através da incorporação de dióxido de titânio.

Alguns autores, como Cacho et al., (2003), alertam no entanto, que o uso destas tintas em ambientes

interiores pode, por vezes, ser prejudicial para a saúde humana nos casos em que se formem

subprodutos prejudiciais durante as reações de fotocatálise.

Para além das propriedades fotocatalíticas do dióxido de titânio também o óxido de zinco possui

propriedades interessantes para o uso em tintas. A incorporação de ZnO é capaz de conferir às tintas

propriedades antimicrobianas, (Kamal, et al., 2015).

A proteção de materiais corrosíveis é outro dos campos de aplicação das tintas, tal como mencionado

anteriormente no subcapítulo das aplicações dos nanomateriais no aço. Neste domínio Kowalczyk et

al., (2013) realizam um estudo sobre tintas anticorrosivas com nano fosfato de alumínio e micro fosfato

alumino-zinco. Nas conclusões dos seus estudos, relativas às propriedades anticorrosivas, os autores

indicam um maior desempenho nos revestimentos relativos às tintas com nano fosfato de alumínio do

que os obtidos com micro fosfato alumínio-zinco, mostrando assim a capacidade superior das

nanopartículas quando comparadas com as de maior dimensão.

3.5.2 Vidros

Também nos vidros os nanomateriais têm um grande campo de aplicação. Os vãos envidraçados

correspondem a zonas das fachadas com reduzida inércia térmica que permitem a ocorrência de trocas

térmicas significativas entre os ambientes interiores e exteriores. A utilização de nanomateriais em

vidros cria a possibilidade de bloquear a transmissão de radiação em determinados comprimentos de

onda, ou de criar peliculas que reagem à luz, melhorando assim as propriedades térmicas dos vidros.

Por outro lado, tal como nas tintas, o recurso a determinados nanomateriais, tais como o dióxido de

titânio, permitem a aquisição de propriedades de autolimpeza e de purificação do ar por parte dos

vidros, (Chen, et al., 2012).

A eficiência energética dos vidros é um domínio de grande importância no alcançar de construções

cada vez mais eficientes, sendo estudado por diversos autores como Carboni et al., (2016), Huang et

al., (2015), Zhao, et al., (2017), e Li et al., (2014).

Huang et al. (2015) estudaram a ação de um revestimento com nanopartículas de ATO – antimony-

doped tin oxide, usando tetracloreto de estanho (𝑆𝑛𝑂4) e tricloreto de amónio (𝑆𝑏𝐶𝑙3) como matéria-

prima para a sua produção, no melhoramento das propriedades térmicas de vidros através do bloqueio

da radiação com comprimento de onda infravermelho ou próximo do infravermelho (NIR- near-infrared).

Neste estudo indicam que revestimentos com 25wt.% de ATO conseguem bloquear mais de 90% da

radiação infravermelha e manter uma transmitância superior a 80%, garantindo assim boas condições

de iluminação interior e uma eficiência energética maior.

Outra abordagem possível para a obtenção de vidros mais eficientes energeticamente, passa pelo

recurso a revestimento com nanopartículas que reagem à luz solar e provocam um aumento da

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temperatura superficial do vidro, figura 3.21, reduzindo assim o diferencial de temperaturas entre o

interior e exterior e consequentes trocas de calor, Zhao, et al., (2017).

Figura 3.21 - Revestimento superficial vidros. (Zhao, et al., 2017). Adaptado.

No trabalho realizado por Zhao et al., (2017) sobre o efeito fototérmico das nanopartículas de

𝐹𝑒3𝑂4 observa-se uma redução significativa do coeficiente de transmissão térmica do vidro e um

aumento considerável da temperatura superficial das amostras para as diferentes concentrações de

𝐹𝑒3𝑂4, figura 3.22, confirmando assim o grande potencial que esta tecnologia possui para a criação de

vidros energeticamente superiores.

Figura 3.22 - Evolução das temperaturas das diferentes soluções de 𝐹𝑒3𝑂4 estudadas por Zhao et al.

(2017) quando irradiadas com luz branca. Adaptado.

Para além da eficiência energética também as superfícies hidrofóbicas e com capacidade de

autolimpeza e purificação do ar são bastante atrativas nos vidros, especialmente nos casos em que

são utilizados em fachadas envidraçadas, reduzindo assim dos custos de manutenção e limpeza. Por

outro lado, conferir ao vidro propriedades hidrofílicas pode também despertar algum interesse. Certos

nanomateriais, como o trióxido de tungsténio, podem produzir revestimentos que providenciam ao vidro

uma superfície hidrofílica, que por sua vez oferece resistência ao nevoeiro, figura 3.23, com

demonstram Park, et al., (2017).

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3.5.3 Considerações Finais

O domínio da aplicação dos nanomateriais em materiais com funções de revestimentos e acabamentos

das construções é vasto. A aplicação mais relevante e de aplicabilidade prática mais revelante é a

aplicação dos nanomateriais nas tintas, sendo que as restantes, na maior parte dos casos ainda se

encontram em fase de investigação e desenvolvimento.

A título de síntese apresenta-se, na tabela 3-4, um resumo das aplicações e propriedades influenciadas

mais relevantes dos nanomateriais presentes nas referências bibliográficas consultadas durante a

execução deste subcapítulo.

Tabela 3-4 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito dos revestimentos.

Nanomaterial Forma Aplicações/Propriedades

influenciadas Referências mais revelantes

Dióxido de Titânio (TiO2)

NP Limpeza e Purificação do ar –

Tintas e Vidros (Cacho et al., 2003) (Chen et al., 2012)

Óxido de Zinco (ZnO)

NP ↑ Propriedades Antimicrobianas –

Tintas (Kamal et al., 2015)

Fosfato de Alumínio (AlPO4)

NP ↑ Propriedades Anticorrosivas-

Tintas (Kowalczyk et al., 2013)

ATO NP ↑ Eficiência Energética – Vidros (Huang et al., 2015)

Óxido III Ferro (Fe3O4)

NP ↑ Eficiência Energética – Vidros (Zhao et al.,2017)

Trióxido de Tungsténio

(WO3) NP Superfícies Hidrofílicas – Vidros (Park et al.,2017)

Legenda: NP: Nanoparticula NF: Nanofibra NT: Nanotubo FF: Filme Fino

3.6 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Este subcapítulo aborda os nanomateriais no seu contributo para o incremento da eficiência energética

das construções, nomeadamente a sua presença materiais de isolamento e painéis solares.

Figura 3.23 - Evolução do vapor de água (esquerda) e ângulo de contacto (direita) dos resultados apresentados por Park et al., (2017). Adaptado.

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3.6.1 Materiais de Isolamento

Os sistemas de aquecimento e arrefecimento são responsáveis por uma elevada parcela do consumo

de energia das construções, pelo que o uso de um isolamento eficiente e que minimize as trocas de

calor é de extrema importância. Um bom isolamento contribui não só para o bom conforto térmico das

construções, como também para reduzir os custos de climatização das mesmas.

Existem diversos tipos de materiais de isolamento, sendo distinguidos em materiais de isolamento

inorgânicos, orgânicos, combinados e de novas tecnologias. No âmbito dos nanomateriais, os materiais

de isolamento combinados e de novas tecnologias, onde se incluem os materiais de mudança de fase

(PCM – Phase Change Material) e o aerogel, são os mais relevantes, (Aditya, et al., 2017).

Os PCMs correspondem a um novo tipo de material, que tem sido alvo de investigação nos últimos

anos, com a capacidade de armazenar ou libertar calor em função das mudanças do ambiente

circundante, (Ma et al., 2016; Kuznik et al., 2011; Zalba et al., 2003).

Para a utilização de PCMs como materiais de isolamento térmico interessa que as mudanças de fase,

que originam o armazenamento ou libertação de calor, ocorram rapidamente. Os PCM são materiais,

em geral, de baixa condutividade, pelo que as mudanças do seu estado são relativamente lentas. A

incorporação de nanopartículas de cobre, nanofibras de carbono, nanotubos de carbono, entre outros,

pode vir a controlar a condutividade térmica destes materiais, e consequente rapidez com que ocorre

a sua mudança de fase, (Ma et al., 2016).

Outro dos materiais estudados como novo isolante térmico são os aerogéis, (Bendahou et al., 2015;

Baetens, Jellea, & Gustavsen, 2011; Cai, et al., 2012). Os aerogéis são geralmente produzidos a partir

de géis de sílica e possuem uma elevada quantidade de poros podendo ser orgânicos, inorgânicos e

híbridos orgânico-inorgânico, (Bendahou et al., 2014). A presença de 90% ou mais de ar nos aerogéis

confere-lhes elevado potencial no domínio do isolamento térmico, podendo dar origem a soluções até

40 vez mais eficientes que os materiais de isolamento de fibra de vidro, (Aditya, et al., 2017). A título

de exemplo, Bendahou et al., (2014), estudaram um aerogel constituído através da combinação de

nano e micro fibras de celulose e nano zeólitos que revelou uma condutividade térmica de 18 mW/m.K,

confirmando assim o grande potencial dos aerogéis para serem utilizados como materiais de isolamento

térmico.

3.6.2 Painéis Solares

A sustentabilidade energética das edificações implica não só a construção de edificações eficientes,

como também o recurso a fontes de produção de energia alternativas às fósseis. Os painéis solares

apresentam-se assim como uma solução fornecedora de energia alternativa e de fácil implementação

nos edifícios.

As células solares para o uso doméstico já se encontram disponíveis há cerca de 30 anos, existindo

atualmente três gerações. A primeira geração de células solares corresponde ao uso de silício

cristalino, a segunda ao uso de filmes finos inorgânicos e a terceira, atualmente em desenvolvimento,

incorpora nanomateriais para converter a luz em energia elétrica de forma mais eficiente e a custos

mais baixos do que a obtida com as células de silício cristalino. De entre as células solares de terceira

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39

geração encontram-se as DSSCs – Dye-sensitized solar cells e as OSCs- organic solar cells, (Paterno,

2017).

Têm sido vários os autores que estudaram as células DSSC, (Sashank et al., 2017; Gratzel, 2005;

Nagata & Murakami, 2009). Entre eles salienta-se o trabalho de Sashank et al., (2017) que estudaram

células DSSC com nanopartículas de dióxido de titânio, figura 3.24, e concluíram que estas novas

células fotovoltaicas possuem potencial de se tornar uma alternativa viável às células de silício cristalino

com custos de produção mais baixos, apesar de atualmente revelarem eficiências inferiores às células

de primeira geração. Os autores referem ainda que a camada de nano partículas de dióxido de titânio

incrementa a área superficial e consequente espectro de absorção da célula, salientando, no entanto,

que a espessura desta camada necessita de ser otimizada, dado que uma espessura excessiva

aumenta a resistividade da célula diminuindo as assim suas capacidades.

Figura 3.24 - Estrutura da célula DSSC com TiO2. (Sashank et al., 2017). Adaptado.

Outra via para a otimização das células solares consiste em garantir uma baixa reflexão da radiação,

(Hanaei et al., 2016; Ye, et al., 2013). Para se obter uma superfície anti refletora é necessário que

exista um acabamento superficial rugoso, sendo portanto comum o recurso a materiais nano

estruturados para a produção deste tipo de acabamentos (ARCs – anti-reflection coatings). Um dos

nanomateriais que pode ajudar na produção dos revestimentos ARC são os nanotubos de carbono, tal

como estudaram Hanaei et al., (2016). Os autores indicam, que a incorporação de CNT nestes

revestimentos providencia para além da capacidade de anti reflexão, capacidades de autolimpeza que

contribuem para a redução dos contaminantes e consequente melhoria no desempenho das células

solares, figura 3.25.

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40

Figura 3.25 - (a) – Superfície hidrofílica. (b) - Superfície hidrofóbica. (Hanaei et al., 2016). Adaptado

3.6.3 Considerações Finais

O domínio da aplicação dos nanomateriais no domínio do seu contributo para o incremento da eficiência

energética das construções apesar de possuir um vasto potencial, a suas aplicações encontram-se

maioritariamente em fase de investigação e desenvolvimento.

A título de síntese apresenta-se, na tabela 3-5, um resumo das aplicações e propriedades influenciadas

mais relevantes dos nanomateriais presentes nas referências bibliográficas consultadas durante a

execução deste subcapítulo.

Tabela 3-5 - Quadro resumo dos nanomateriais utilizados no âmbito da eficiência energética das construções.

Nanomaterial Forma Aplicações/Propriedades

influenciadas Referências mais revelantes

Dióxido de Titânio (TiO2)

NP Produção de DSSC – Painéis

Solares (Sashank et al., 2017)

Cobre (Cu) NP ↑ Condutividade dos PCM –

Materiais de Isolamento Térmico (Ma et al., 2016)

Nanofibras de Carbono (CNF)

NF ↑ Condutividade dos PCM –

Materiais de Isolamento Térmico (Ma et al., 2016)

Nanotubos de Carbono (CNT)

NT

↑ Condutividade dos PCM – Materiais de Isolamento Térmico

Produção de ARCs – Painéis Solares

(Ma et al., 2016) (Hanaei et al.,2016)

Sílica (SiO2) NP

Produção de aerogéis – Materiais de Isolamento Térmico

Produção de ARCs – Painéis Solares

(Aditya et al., 2017) (Ye et al.,2013)

Legenda: NP: Nanoparticula NF: Nanofibra NT: Nanotubo FF: Filme Fino

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4 EVOLUÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DE NANOMATERIAIS

A rentabilidade das soluções utilizadas na indústria da construção é de extrema importância, pois sem

ela, as novas soluções dificilmente serão industrializadas. A introdução de nanomateriais em soluções

convencionais, ou a criação de novas soluções irá inevitavelmente aumentar o custo dessas soluções

provocando inicialmente uma barreira à sua difusão no sector da construção.

Uma forma simples de se observar a evolução da comercialização dos nanomateriais é através da

consulta de bases de dados. Vance et al. (2015) realizam um trabalho sobre uma dessas bases de

dados, o CPI – Nanotechnology Consumer Products Inventory. O CPI, inicialmente desenvolvido em

2005 pela Woodrow Wilson Internacional Center for Scholars and the Project in Emerging

Nanotechnologies, realiza um inventário sobre novos produtos que incorporem nanomateriais na sua

constituição.

No trabalho realizado por Vance et al. (2015) é possível observar a dificuldade presente na difusão de

novos produtos contendo nanomateriais. Observa-se que desde a criação do CPI até à data de

realização do trabalho por parte destes autores, cerca de 34% das entradas de novos produtos na base

de dados do CPI foram arquivadas por já não se encontrarem em comercialização.

Apesar das dificuldades da introdução de novos produtos no mercado, a indústria dos nanomateriais

encontra-se em claro crescimento. Muito embora a base de dados tenha começado em 2005 com

apenas 54 produtos registados, ao longo dos anos, o número de total de produtos inventariados tem

crescido substancialmente, tabela 4-1, validando o crescimento da indústria dos nanomateriais, (Vance,

et al., 2015).

Tabela 4-1 - Evolução dos produtos inventariados pelo CPI ao longo dos anos. (Vance, et al., 2015).

Adaptado.

Ano Produtos Inventariados

Produtos Adicionados

Produtos arquivados

2005 54 54 0

2006 356 302 0

2007 580 278 0

2008 803 223 0

2009 1015 212 107

2010 1015 0 0

2011 1015 0 0

2012 1438 426 0

2013 1628 190 288

2014 1814 238 223

Atualmente, através de uma pesquisa no CPI, verifica-se que à data da realização da presente

dissertação encontram-se inventariados 1827 produtos, produzidos por 715 empresas em 33 países,

(Nanotechnology Consumer Products Inventory, 2017). Segundo Vance et al. (2015), em 2015,

encontravam-se inventariados 1814 produtos produzidos por 622 empresas em 32 países. Verifica-se

então, entre 2015 e 2017, que apesar do número de produtos inventariados não ter aumentado

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42

substancialmente, existem mais empresas a produzir nanomateriais, enfatizando o crescente interesse

pela nanotecnologia.

A prata é identificada como sendo o nanomaterial mais frequente nos produtos inventariados em 2015,

representando 24% do total dos produtos registados. Salienta-se no entanto que este valor poderá não

ser correto, já que 49% dos produtos inventariados à data, não apresentavam informações sobre qual

o nanomaterial utilizado, (Vance, et al., 2015).

Relativamente ao caso especifico da indústria da construção, pode-se verificar no site do CPI que

existem registados atualmente na categoria de “Materiais de Construção”, 87 produtos produzidos em

9 países, sendo os principais a Alemanha, os EUA, a Dinamarca e a Suíça, nos quais são produzidos

cerca de 80% do total dos produtos registados. Na base de dados do CPI pode-se encontrar também

a categoria de “Tintas” onde se verifica 22 produtos registados, mostrando o grande potencial dos

nanomateriais no mercado das tintas, já que representam cerca de 20% dos produtos com

nanomateriais associados à construção, caso se junte os produtos das duas categorias aqui

apresentadas, (Nanotechnology Consumer Products Inventory, 2017).

“The Nanodatabase” é outra base de dados onde se pode consultar a listagem de produtos contendo

nanomateriais disponíveis no mercado. Esta base de dados foi criada em 2012 pelo Departamento de

Engenharia Ambiental da Universidade técnica da Dinamarca - DTU Environment, pelo Conselho

Ecológico Dinamarquês e pelo Conselho do Consumidor Dinamarquês. Nesta base de dados

encontram-se atualmente registados 3005 produtos, figura 4.1, produzidos maioritariamente nos EUA

(982 produtos), Alemanha (503 produtos), Reino Unido (391 produtos), e Dinamarca (128 produtos),

(The Nanodatabase, 2017).

Figura 4.1 - Evolução da base de dados “The Nanodatabase” ao longo dos anos. (The Nanodatabase, 2017). Adaptado.

Tal como a base de dados do CPI, esta base de dados identifica 1918 produtos cujo nanomaterial

utilizado é desconhecido (64% do total de produtos identificados). Nesta base de dados, o nanomaterial

conhecido com maior utilização nos produtos inventariados é a prata (379 produtos), seguido do titânio

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(145 produtos) e pelo dióxido de titânio (123 produtos). Relativamente à utilização os nanomateriais na

indústria da construção, a base de dados dinamarquesa identifica 40 produtos na categoria de

“Materiais de Construção” e 36 produtos na categoria de “Tintas”, (The Nanodatabase, 2017).

Comparativamente à base de dados do CPI, a base de dados dinamarquesa verifica uma redução do

número de produtos na categoria de “Materiais de Construção” e um aumento para a categoria de

“Tintas”.

Pelos diferentes valores apresentados pelas duas bases de dados consultadas pode-se concluir então

que o mercado dos nanomateriais ainda é um mercado em início de vida no qual, cerca de 50% dos

produtos inventariados não contêm informações sobre as nanopartículas utilizadas na sua constituição,

originando um perigo e incerteza para a saúde e ambiente.

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5 RISCOS PARA A SAUDE

Os nanomateriais possuem o potencial para melhorar substancialmente a qualidade de vida da

população, através de um aumento do desempenho e qualidade dos produtos. Estas novas soluções

criam expectativas de se tornarem impulsionadoras do crescimento económico dos países

industrializados, expectativas essas confirmadas pelo crescimento da indústria dos nanomateriais.

Com o crescimento da indústria dos nanomateriais, e com o incremento da utilização deste tipo de

materiais, é espectável um maior contacto do ser humano com as nanopartículas que os constituem.

Esta exposição e contacto com as nanopartículas tem levantado preocupações sobre a segurança e

saúde humana, sendo ainda desconhecidas as consequências da interação do organismo humano com

este tipo de partículas.

O Comité Científico dos Riscos para a Saúde Emergentes e Recentemente Identificados (Scientific

Committee on Emerging and Newly Identified Health Risks – SCENIHR) tem estudado os riscos dos

nanomateriais e em que medida estes podem ser abordados pelas medidas de avaliação de riscos

existentes na união europeia. A conclusão salienta que, apesar dos nanomateriais em si não

representarem um perigo, devido à incerteza e à falta de conhecimento que ainda existe sobre este

assunto, a avaliação da segurança deverá ser efetuada caso a caso, (European Commission, 2017).

Do ponto de vista da saúde, os nanomateriais levantam preocupações devido às suas distintas

propriedades e tamanho único. Louro et al., (2013) publicaram um artigo na revista portuguesa de

saúde pública, que aborda a exposição aos nanomateriais durante as diversas fases do seu ciclo de

vida, figura 5.1. A exposição aos nanomateriais pode ser considerada, segundo os autores, como

ocupacional, caso se dê durante a produção e inclusão dos nanomateriais nos produtos, como

exposição do consumidor, ou como exposição ambiental, caso se dê durante a fase de consumo ou

eliminação do nanomaterial, respetivamente.

Figura 5.1 - Ciclo de vida de um nanomaterial. (Louro, et al., 2013).

A via de exposição aos nanomateriais que se demonstra como a mais relevante é a via inalatória.

Outras formas de contacto incluem a via oral e a via transdérmica. Após a entrada das nanopartículas

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no organismo humano, estas podem progredir para o sistema circulatório e linfático, podendo atingir os

diversos órgãos e tecidos, tendo como possíveis consequências a ocorrência de lesões nos pulmões,

inflamações ou até mesmo tumores, (Louro, et al., 2013).

Para o caso especifico da indústria da construção, os nanomateriais podem ser libertados para o

ambiente, e potenciar um risco para a saúde humana, durante a construção, utilização e demolição do

edifício. É no entanto durante as fases de aplicação do nanomaterial em obra e demolição do edifício,

onde os riscos são mais elevados, devido ao elevado volume de partículas presentes no ar nestas

fases.

Na base de dados “The Nanodatabase” é possível visualizar o grau de perigo para a saúde humana e

ambiente dos diversos produtos inventariados. Para o caso especifico da indústria de construção, esta

base de dados, revela que a maior parte dos produtos inventariados indicam um grau de perigo ainda

desconhecido, enfatizando a grande incerteza desta domínio, figura 5.2, (The Nanodatabase, 2017).

Figura 5.2 - Grau de risco para a saúde humana e ambiente dos produtos inventariados em “The Nanodatabase”. (The Nanodatabase, 2017). Adaptado.

5.1 EXPOSIÇÃO DURANTE A CONSTRUÇÃO

Durante a fase de construção o risco de exposição aos nanomateriais tem especial relevância nos

casos em que a incorporação destes é feita in situ.

Com base na elevada incerteza desta área, à falta de conhecimento sobre algumas nanopartículas, e

ao facto de existirem cada vez mais nanomateriais, conclui-se que a melhor forma de contornar os

riscos e perigos dos nanomateriais para a saúde humana e para o ambiente será através da prevenção.

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Para se obter uma prevenção adequada e eficaz trona-se necessário que as diversas indústrias

assegurem a prevenção de qualquer transformação física ou química dos nanomateriais que possa

originar subprodutos que representem perigos para a saúde, tendo em conta as considerações dadas

pelo produtor.

De forma a obter uma maior segurança, os empreiteiros e as empresas de construção deverão ainda

procurar minimizar a diversidade de nanomateriais usados na obra, sendo mais fácil e seguro adotar

medidas preventivas e de proteção para um único nanomaterial, utilizado para diversos propósitos, em

vez de um nanomaterial diferente para cada uma das situações, (Spitzmiller et al., 2013).

Keller et al., (2013) realizaram um estudo sobre as emissões das nanopartículas dos nanomateriais ao

longo do seu ciclo de vida. Os autores estimam, que durante a fase de produção dos nanomateriais,

existem emissões de nanopartículas em 0.1 a 2% do total da sua produção, sendo que estas se

distribuem pelo ar, água e solos.

5.2 EXPOSIÇÃO DURANTE A UTILIZAÇÃO

Durante o uso das construções, ao longo da sua vida, também existe o risco de desgaste dos

nanomateriais e consequente envio de nanopartículas para o ar entrando em contacto com os seus

ocupantes. Este desgaste dos nanomateriais pode ser induzido pelo próprio uso, ou devido a condições

ambientais adversas não previstas. O desgaste, por sua vez, expõem o interior da estrutura dos

nanomateriais e aumenta a possibilidade de libertação das nanopartículas para o ar, aumentando o

potencial de inalação ou ingestão e consequentes riscos para a saúde, (Spitzmiller, et al., 2013).

Para esta fase da vida dos nanomateriais, e para as em aplicações em revestimentos, tintas e

pigmentos e para as aplicações em energia e ambiente, as estimativas de emissões de nanoparticulas

são de 10 a 90% e 5 a 20%, respetivamente, distribuindo-se pelo ar, água e solos, (Keller, et al., 2013).

5.3 EXPOSIÇÃO DURANTE A DEMOLIÇÃO

Atualmente o grande consumo anual de recursos comprova uma situação de não sustentabilidade e

salienta a importância da reciclagem e do reaproveitamento dos recursos já consumidos. No caso dos

nanomateriais, o processo de demolição, rejeição ou reciclagem constitui um novo risco para o

ambiente e saúde humana. A demolição, rejeição ou reciclagem das edificações, e nomeadamente dos

componentes que contêm nanomateriais, devem ser realizadas de forma controlada e monitorizada

para minimizar a desagregação das nanopartículas e consequente contaminação do ambiente,

(Spitzmiller, et al., 2013).

Relativamente a esta ultima fase do ciclo de vida dos nanomateriais, Keller et al. (2013) referem que a

maioria dos nanomateriais serão depositados em aterros, cerca de 63 a 91%, enquanto 8 a 28%

acabarão nos solos, 0.4 a 7% na água e 0.2 a 15% serão libertados para a atmosfera. Relativamente

ao volume libertado, os autores indicam que as emissões dos nanomateriais investigados representam

22.000 a 80.400 toneladas/ano de emissões para o solo, 1.100 a 29.200 toneladas/ano para a água, e

590 a 4.800 toneladas/ano para a atmosfera.

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5.4 AVALIAÇÃO DO RISCO

De modo a compreender-se corretamente os riscos da utilização dos nanomateriais nos diversos

domínios de aplicação é necessário proceder a uma avaliação do risco e da toxicidade dos

nanomateriais. Uma avaliação convencional do risco requer três componentes: Avaliação do risco,

Gestão do risco e Comunicação do risco.

A aplicação da abordagem convencional de avaliação do risco tem, no entanto, levantado questões

sobre a sua aplicabilidade aos nanomateriais. Numa primeira abordagem, tem-se assumido que a

toxicidade dos nanomateriais será a mesma do que a dos seus materiais originários na forma não nano.

Esta abordagem parece não corresponder à realidade, dado que à medida que as partículas atingem

dimensões próximas do nano ambas as propriedades físicas e químicas sofrem alterações

relativamente às propriedades dos seus materiais originários.

Louro, et al., (2013) indicam que em 2009 a União Europeia iniciou projetos de implementação do

regulamento REACH – Registo, Avaliação e Autorização de Produtos Químicos, para os nanomateriais,

como o objetivo de fornecer dados suficientes para adaptar os seus guias de orientação aos

nanomateriais.

O REACH estabelece novas regras para o uso e comercialização de produtos químicos, que obrigam

os produtores e importadores a fornecer informações sobre as substâncias que utilizam, devendo ser

registadas separadamente todas as substâncias nano cujas propriedades sejam diferentes das do

material originário.

Louro, et al., (2013) indicam ainda que, atualmente, a avaliação da segurança dos nanomateriais

deverá ser realizada conforme a utilizada para os químicos convencionais: avaliação dos efeitos e

toxicidade, avaliação da exposição e caraterização do risco, para que posteriormente sejam definidas

as medidas preventivas e os equipamentos de proteção a utilizar durante a manipulação dos

nanomateriais.

5.5 TOXICIDADE

Como indicado acima neste capítulo a avaliação da segurança dos nanomateriais tem início pela

definição da toxicidade dos mesmos. Foi visto também que com a grande evolução tecnológica e com

a evolução das ciências dos materiais, a grande tendência para os próximos anos, é o desenvolvimento

de cada vez mais nanomateriais com cada vez mais aplicações. Este grande crescimento aliado às

diversas aplicações que cada nanomaterial poderá ter, torna bastante difícil a caraterização e avaliação

da toxicidade dos mesmos, aumentando a incerteza dos riscos para a saúde e ambiente que poderá

advir da sua utilização.

Torna-se necessário, tal como é reconhecido pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos

(NAS), a definição de novas metodologias mais expeditas para a avaliação da toxicidade das

nanopartículas, substituindo a tradicional avaliação de toxicidade que depende de testes em animais.

No caso da Europa foi desenvolvido o regulamento REACH, como já referido, que para além de ter

como objetivo a proteção da saúde humana face a riscos de produtos químicos, promove também

métodos alternativos para a avaliação da toxicidade das substâncias em substituição dos testes com

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animais. Apresentam em seguida os efeitos toxicológicos de alguns nanomateriais usados na indústria

da construção, (Spitzmiller, et al., 2013):

Nanotubos de Carbono

Formação de ROS – Radicais livres de oxigénio e danificação do ADN e das membranas das

células;

Antibacteriano;

Apoptose celular e Necrose;

Inibição respiratória nas mitocôndrias;

Danificação do fígado;

Granulomas e lesões ateroscleróticas;

Inibição da expelição das bactérias dos pulmões;

Dióxido de Titânio

Supressão da fotossíntese;

Letalidade aguda;

Inibição do crescimento;

Formação ROS – Radicais livres de oxigénio e danos de oxidação;

Danificação de células devido à libertação de iões;

Danificação do ADN;

Redução da atividade mitocondrial e metabológica;

Cobre e Óxido de Cobre

Tóxico para algas de água doce;

Peroxidação lipídica;

Inibição da produção de biogás;

Toxicidade aguda para o fígado, rins e baço;

Necrose e hepatócito;

Prata

Antibacteriano;

Danificação do ADN;

Citotoxicidade das células de mamíferos;

Apoptose;

Danificação das membranas;

Diminuição da atividade metabólica das células;

Inflamações;

Genotoxicidade;

Nanosilica

Antibacteriano;

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Toxicidade por ROS;

Aumentos das células em micro organismos;

Redução do conteúdo de pigmento fotossintético;

Respostas inflamatórias e imunes;

Apoptose;

Nanoargilas

Formação intercelular de ROS nas células humanas;

Danificação das membranas das células;

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente dissertação analisou as principais aplicações dos nanomateriais, a evolução da sua

comercialização e os riscos para a saúde inerente à utilização dos nanomateriais, com relevância para

a indústria da construção. A diversidade de nanomateriais e das suas aplicações são vastas, sendo

que para uma mesma aplicação existe a possibilidade de utilizar vários nanomateriais e obter

resultados semelhantes ou completamente diferentes.

O estudo efetuado evidenciou que a dispersão correta das nanopartículas associada à utilização de

nanomateriais é de extrema importância, sendo em alguns casos a diferença entre a obtenção de um

resultado esperado ou de um resultado completamente fracassado.

Outro aspeto relevante evidenciado por diversos investigadores consiste no facto de que para alguns

nanomateriais e para algumas aplicações, ainda existir um grande aumento do custo das soluções,

comparativamente com as soluções tradicionais, o que não compensa o incremento de desempenho

obtido. Espera-se, no entanto, que as novas soluções venham a ser utilizadas em situações pontuais

ou especiais, e que ao longo do tempo se tornem mais rentáveis e possam vir a ser consideradas como

“soluções correntes” em termos de custos.

A pesquisa bibliográfica realizada evidenciou que uma das áreas de investigação dos nanomateriais

com maior foco no âmbito da indústria da construção é a indústria do betão. Neste domínio, os estudos

realizados com a incorporação de nanomateriais na formulação de betões têm revelado que estes

podem contribuir para incrementar a resistência mecânica, reduzir o tempo de presa, reduzir a

porosidade e alterar o espaço poroso dos betões, geralmente sempre associado à redução da sua

trabalhabilidade. De forma geral, os nanomateriais devido ao seu efeito de filler, contribuem para uma

maior qualidade e durabilidade do betão. Em casos específicos, observa-se também que os

nanomateriais são capazes de proporcionar ao betão propriedades de purificação do ar e autolimpeza

(𝑇𝑖𝑂2), de auto monotorização (𝐹𝑒2𝑂3 e CNT), de barreiras de radiação (𝐹𝑒2𝑂3) e até mesmo de

autorregeneração (CAP+𝑆𝑖𝑂2). Os nanomateriais que revelaram maior expressão e que têm sido alvo

de maior investigação são a nanosílica (𝑆𝑖𝑂2), e o dióxido de titânio (𝑇𝑖𝑂2), sendo este último um dos

nanomateriais mais versáteis, verificando-se ao longo do estudo realizado, ser aplicado nas mais

diversas aplicações e industrias, tabela 6-1.

As aplicações dos nanomateriais na indústria do aço, tal como na indústria da madeira e dos

revestimentos e eficiência energética, não possuem uma expressão tão elevada como as aplicações

na indústria betão. Na indústria do aço verificou-se a aplicabilidade dos nanomateriais para a obtenção

de uma maior resistência mecânica, maior resistência à corrosão e estabilidade térmica. De entre os

nanomateriais com potencial na indústria do aço, salientaram-se as nanopartículas de carboneto de

crómio e alumínio, de dióxido de titânio, zircónio e óxido de ítrio.

Relativamente às aplicações dos nanomateriais na madeira, o estudo realizado evidenciou a sua

capacidade de incrementar o desempenho de produtos preservadores, prolongando e melhorando a

resistência e a vida útil da madeira contra os fungos, térmitas, radiação UV, riscos e abrasão, fogo,

higroscopicidade, e propriedades mecânicas.

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O estudo realizado evidenciou também o interesse da aplicação de nanomateriais em revestimentos e

produtos que contribuem para uma maior eficiência energética das edificações, particularmente a sua

aplicação em tintas, vidros, materiais de isolamento e painéis solares. A aplicação dos nanomateriais

em tintas corresponde a um dos principais domínios de aplicação dos nanomateriais, existindo uma

grande variedade de produtos atualmente presentes no mercado. Os nanomateriais podem

proporcionar às tintas propriedades de autolimpeza, purificação do ar, e anticorrosivas.

Nos vidros, o grande foco de utilização dos nanomateriais corresponde em incrementar as suas

propriedades térmicas, contribuindo para a redução das perdas de calor que existem pelos vãos

envidraçados. Da mesma forma, a indústria dos materiais de isolamento procura também recorrer à

utilização de nanomateriais no desenvolvimento de novas soluções com o objetivo de melhorar o seu

desempenho térmico. Neste âmbito dos materiais de isolamento, salientam-se como promissores os

aerogéis e os PCMs.

Finalmente, a última aplicação dos nanomateriais analisada na dissertação, que também está

relacionada com a eficiência energética das construções, são os painéis solares. Nos painéis solares,

os nanomateriais podem contribuir para incrementar o desempenho das células fotovoltaicas e para a

obtenção de edificações mais sustentáveis.

A indústria dos nanomateriais é ainda uma indústria recente, de pequenas dimensões e em

desenvolvimento. Trata-se de uma indústria que se espera que cresça durante os próximos anos e que

se torne uma indústria mais sólida. Uma das preocupações mais salientadas na bibliografia consultada

ao longo da dissertação é o facto de muitos dos produtos presentes no mercado não apresentarem

informações sobre as nanopartículas utilizadas, confirmando o caráter recente desta industria e deste

mercado. Esta falta de informação sobre as nanopartículas utilizadas nos produtos disponíveis no

mercado contribui para uma maior incerteza e risco para a saúde humana e para o ambiente.

Os nanomateriais por si só não apresentam um risco para a saúde, sendo necessário o

desenvolvimento de investigação e regulamentação sobre estes novos materiais. Verifica-se que as

nanopartículas serão libertadas dos nanomateriais ao longo de toda a sua vida, pelo que os autores

consultados salientam que a melhor forma de contornar os riscos ainda desconhecidos inerentes a

estes materiais será através da prevenção e manuseamento cuidado dos nanomateriais.

Realiza-se a título de resumo a tabela 6-1, onde se apresentam as aplicações dos nanomateriais mais

relevantes na indústria da construção, com base na bibliográfica consultada. Salienta-se no entanto,

que devido ao carater recente da indústria dos nanomateriais, e ao facto de alguns nanomateriais serem

bastante versáteis, nomeadamente a nanosílica, dióxido de titânio e os nanotubos de carbono, podem

existir aplicações de certos nanomateriais para além das mencionadas na tabela 6-1.

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Tabela 6-1 - Quadro resumo dos nanomateriais de maior relevância na indústria da construção.

Nanomaterial

Âmbito

Betão Aço Madeira

Revestimentos Eficiência Energética

Tintas Vidros Materiais de Isolamento Células

Solares

Nanosílica Dióxido de

titânio

Óxido de Ferro

III

Nanotubos de

Carbono

Óxido de

Grafeno

Nano argilas

Carbonato de

Cálcio

Compostos de

Alumínio

Compostos de

Crómio

Molibdénio

Tungsténio

Vanádio

Nióbio

Zircónio

Óxido de ítrio

Óxido de Zinco

Prata

Trióxido de

Boro

Compostos de

Cobre

Óxido de Cério

Dióxido de

Estanho

Fosfato de

alumínio

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