Os Motivos Para Viver
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Os Motivos Para
Viver
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Os Motivos Para
Viver
Bruno Cassiano
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“Cada dia é uma chance pra ser melhor que ontem
o sol prova isso quando cruza o horizonte”
Emicida/ Rael
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PRÓLOGO
vida é uma caixinha de surpresas! Em um
momento tudo está bem, as coisas estão em seus
devidos lugares e você fica feliz com isso e em
um piscar de olhos tudo parece desabar, as coisas saem de
seus lugares e a vontade de viver é extinta. Perde-se o
ânimo, o apetite, as inspirações, deixa-se de gostar de
tudo aquilo que antes gostava. Você se isola... Do mundo,
vê seus familiares e amigos desistindo de lutar a seu
favor, eles viram as costas e vão sem ao menos dizer um
adeus. Pouco importa, não por quê você não os amava,
mas sim por você mesmo já ter desistido de sí próprio.
Sabe, quando se perde a fé, os motivos para acreditar, a
vontade de viver... o mundo pode estar ao seu lado, te
apoiando, te encorajando a seguir com seus planos que
não importará. Mas a vida também é confusão... Duas
caixas disso exatamente. Ao mesmo tempo em que tudo
está ruindo e você sente o peso do mundo nas costas, ela
te dá sinais. Sinais esses que é preciso ser amalucado o
suficiente para entender e fazer uso deles. Posso estar
A
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certo ou posso estar completamente errado em tudo isso,
até por que a vida é feita de dúvidas não de respostas.
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1
ram sete da manhã quando o relógio ao lado da
cabeceira despertou, tinha sido outra noite dificil,
os pesadelos a muito me assombravam, o fato de
não lembrar da maioria deles após acordar me
deixava com mais angústia. A verdade é que minha
vontade era tacar o maldito despertador na parede e
depois pisar nele até ele sumir por inteiro, mas a Dra.
Juliana, minha psicologa na época, disse que esse não era
um jeito certo para liberar a raiva. Ela também dizia que
dormir muito não ajudava nada, então, mesmo que
estivesse com muito sono, com vontade de dormir o dia
todo eu me levantava e ia preparar o café da manhã.
Enquanto o café estava sendo coado saía para pegar o
jornal de todos os dias, um jornalista nunca se livra de
certos hábitos e vícios. Eu já não trabalhava há um ano e
meio, fui demitido do meu último trabalho por “liberar a
raiva” de um jeito errado no meu chefe, a lembrança disso
ainda me faz rir um pouco, quebrar o nariz de alguém
usando um monitor de computador é divertido,
E
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principalmente quando esse alguém está gritando no seu
ouvido para entregar a matéria ou dizendo que as matérias
estavam ruins.
Joguei o jornal em cima das caixas de pizza empilhadas
na mesa da cozinha e fui pegar o café. Eu sempre dizia
pra qualquer pessoa que provasse o meu café que o gosto
dele estava de acordo com o humor de quem o preparou.
Aquele café estava horrivel, lembro dele e aquele gosto
extramamente amargo me vem à boca, mas me lembro
dele por um outro motivo em especial, faziam exatos dez
dias que eu não saía de casa, depois de tomar aquilo
resolvi sair e procurar um lugar qualquer que servisse.
Entrei em uma padaria, o Imirim (bairro onde eu ainda
moro) é cheio de padarias e bares na avenida. O lugar não
estava nem vazio e nem cheio, tinham ali pessoas indo
para o trabalho, voltando do trabalho e eu, sentei no
balcão pedi o meu café e fiquei lá de cabeça baixa
ignorando as pessoas em volta, estar com as pessoas me
deixava nervoso e inquieto, o que eu mais queria era
tomar o café e voltar pra casa, ficar sozinho.
Estava eu tomando meu café, sossegado, sozinho e
“contente”, quando alguém me chamou. Era Renato meu
único amigo. O jeito que eu decidi seguir na vida não me
rendeu uma vida social badalada, tinha poucos colegas e
apenas um amigo.
- Eae Edu, quanto tempo cara. – Fazia um longo tempo
desde que falei com ele pela última vez – Tudo bem
contigo ?
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- Ah... Ta sim. Tudo ótimo. E com você ?
- Tudo legal também. Olha estou um pouco atrasado
agora, já estava de saída mas me passa seu número de
celular, qualquer hora a gente combina algo e põem a
conversa em dia.
- Certo.
Renato e eu éramos amigos desde a infância, estudamos
juntos e compartilhamos juntos o sonho de ser jornalista.
Aos 15 anos ele se mudou, foi morar em outra parte da
cidade, desde então não tive mais noticias dele até que ele
foi contratado pelo jornal que eu trabalhava. Anotei meu
número em um guardanapo enquanto Renato pagava a
comanda.
- Toma ai. – entreguei o número
- Beleza, te ligo algum dia desses e a gente combina algo.
Após ele ter ido embora tomei o primeiro gole do meu
café, já quase frio, enquanto pensava como era a vida
antes de tudo acontecer, o tanto que eu sorria, o tanto que
eu brincava, o tanto que eu sentia... Os motivos que eu
tinha para levantar todos os dias da cama e sorrir para o
sol quando ele estava lá pra sorrir pra mim também. Nem
sol tinha aquele dia, quem dirá motivos...
O café não estava lá essas coisas, pelo contrario tinha o
gosto muito parecido com o café que eu havia feito.
Quando sentei no sofá para procurar algo pra assistir
percebi que havia sentado em cima do meu celular.
Aquele celular me dava nos nervos, as únicas mensagens
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que eu recebia era da operadora falando que se eu não
colocasse créditos a linha seria cancelada. Não me
importava aonde o tinha deixado, às vezes o perdia por
dias e o achava por acaso como naquela vez. Havia uma
mensagem não lida mas não era da operadora novamente,
era de um número desconhecido. Um número que não
estava salvo na lista de contatos apareceu no visor, era
uma mensagem do Renato dizendo:
-Hey, aqui é o Renato. Salve o meu número ai, logo logo
eu te ligo marcando algo para colocarmos a conversa em
dia. Quem sabe tomar uma breja algum dia desses, sei lá...
Foi bom ter te visto brother.
Hoje eu percebo o quanto foi bom ter visto meu único
amigo de novo, talvez tenha sido esse o primeiro sinal de
que as coisas estavam para mudar. Naquele dia só pensei
em qual desculpa daria quando o Renato ligasse.
Ele ligou três dias depois me chamando para ir ao parque.
- O parque vai estar cheio, domingão vai ser um dia lindo
– Argumentava ele tentando me convencer.
- Até queria mas to cheio de coisa pra fazer.
- Tipo o quê ?
- Arrumar a casa – Respondi a primeira coisa que me veio
à cabeça – Isso aqui tá precisando de uma faxina.
- Certo... ! Mas da próxima não aceitarei desculpas – disse
ele com tom determinado.
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No domingo eu acordei determinado a fazer mesmo a
faxina, havia muito tempo que a casa não era arrumada.
Esse era o único mal de morar sozinho, ter de arrumar
você mesmo o “lar doce lar”, ainda mais se você é
homem que naturalmente não é organizado. Tinha caixa
de pizza em cada metro quadrado, sapatos com o par
inexistente e roupas em todos os cantos imaginaveis.
Achei minha caixa com minhas histórias em quadrinhos,
nos bons tempos eu colecionava de muitos super-herois.
Ao final do dia havia achado livros e dvd’s perdidos da
estante, camisetas de cantores que eu curtia, discos e cd’s
de música, devolvi as coisas que pertenciam a estante e
guardei com mais carinho aquelas que não tinham espaço
no móvel. Mas o achado mais comemorado daquele dia
foi uma caixa preta de madeira onde eu guardava minhas
duas câmeras favoritas no mundo, uma Kodak
profissional com muitos megapixels de resolução e uma
Polaroid que era o meu “xodó”. Eu amava fotografias e
amava fotografar também, naquela época eu não sabia ou
simplesmente não queria saber, mas a depressão estava
me tirando as pessoas, os hábitos, as vontades e tudo
aquilo que eu apreciava fazer nos tempos livres. Liguei a
Kodak e percebi que o cartão de memória ainda estava lá
e mesmo depois de um bom tempo a bateria havia
segurado um pouco de carga, foi ai que eu à vi nas fotos
sorrindo, com os olhos alegres, viva !