Os Mais Poderosos Tiveram Desde Cedo a Preocupação de Assegurar o Abastecimento de Água à Cidade...

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Os mais poderosos tiveram desde cedo a preocupação de assegurar o abastecimento de água à cidade e quiseram construir as infra-estruturas necessárias: “a condução das águas potáveis era objecto de grande atenção por parte dos monarcas. O sistema de abastecimento de água à cidade de Babilónia era já bastante avançado para a época,como o demonstram os restos do aqueduto mandado construir por Senaqueribe, desde Jerwam, aldeia a muitos quilómetros de Niníve, para alimentar de água a sua capital. Neste aqueduto não faltava nada do que possuíam outros construídos posteriormente: a água corria por um canal talhado em terra batida e impermeabilizada com betume e co- berta com lajes de pedra. Atravessava, sobre arcos, os vales que encontrava, colectando a água de vários pequenos ribeiros. Este aqueduto chegava à cidade e atestava reservatórios, poços e pias de água. Esta era também abundante nas fontes, às quais o povo acedia e onde se abastecia. Os Babilónios iam buscar a água a estes locais, traziam-na em “recipientes de pedra [e] frascos esmaltados e conservavam-na em louça. Um dos palácios do rei Nabucodonosor II, o «palácio norte», continha canais de irrigação que estariam provavelmente ligados a um “reservatório profundo e cheio de água: “canais de irrigação, encontrados debaixo do palácio norte, estavam ligados ao edifício situado a este da porta de Ishtar, o qual era talvez um reservatório. Dada a posição elevada do palácio, a água tinha de ser levada através da técnica de irrigação de rodas. No «palácio norte», existiam também “canalizações de água, por debaixo dos muros, poços e fontes mostram que o fornecimento de água era muito elaborado. Além do abastecimento de água, a irrigação era algo que já existia há bastante tempo, por razões de sobrevivência, pois a Suméria, assim como a sua respectiva estrutura social, “ surge

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Os mais poderosos tiveram desde cedo a preocupação de assegurar o abastecimento de água à cidade e quiseram construir as infra-estruturas necessárias: “a condução das águas potáveis era objecto de grande atenção por parte dos monarcas.

O sistema de abastecimento de água à cidade de Babilónia era já bastante avançado para a época,como o demonstram os restos do aqueduto mandado construir por Senaqueribe, desde Jerwam, aldeia a muitos quilómetros de Niníve, para alimentar de água a sua capital. Neste aqueduto não faltava nada do que possuíam outros construídos posteriormente: a água corria por um canal talhado em terra batida e impermeabilizada com betume e coberta com lajes de pedra. Atravessava, sobre arcos, os vales que encontrava, colectando a água de vários pequenos ribeiros.

Este aqueduto chegava à cidade e atestava reservatórios, poços e pias de água. Esta era também abundante nas fontes, às quais o povo acedia e onde se abastecia.

Os Babilónios iam buscar a água a estes locais, traziam-na em “recipientes de pedra [e] frascos esmaltados e conservavam-na em louça.

Um dos palácios do rei Nabucodonosor II, o «palácio norte», continha canais de irrigação que estariam provavelmente ligados a um “reservatório profundo e cheio de água: “canais de irrigação, encontrados debaixo do palácio norte, estavam ligados ao edifício situado a este da porta de Ishtar, o qual era talvez um reservatório. Dada a posição elevada do palácio, a água tinha de ser levada através da técnica de irrigação de rodas.

No «palácio norte», existiam também “canalizações de água, por debaixo dos muros, poços e fontes mostram que o fornecimento de água era muito elaborado.

Além do abastecimento de água, a irrigação era algo que já existia há bastante tempo, por razões de sobrevivência, pois a Suméria, assim como a sua respectiva estrutura social, “ surge da necessidade de regular os imprevisíveis caprichos do Eufrates por médio de grandes obras de irrigação, a uma escala que ficava fora do alcance assumível pela unidade familiar ou o clã. Desta forma, nasceram as cidades-estado, que posteriormente se viriam a juntar num só império cuja capital se estabeleceu em Babilónia no ano 2250 a.C. de C.

Desta forma, o sistema de irrigação de Babilónia era bastante válido e muito eficaz, pois foi experimentado desde tempos muito antigos, ou seja, desde cerca de 6000 a.C. Através de um sistema de diques, barragens e canais, o caudal do rio era controlado e a precipitação das regiões montanhosas do Norte podia ser usada no Sul da Mesopotâmia. “Impediu-se o perigo das cheias abrindo uma rede de canais, uns destinados a dividir o curso do rio e assegurar a sua regularidade, outros a juntar canais existentes, outros, enfim, a penetrar em territórios até então sem água. E desta sorte, obteve-se uma multiplicação das vias navegáveis, uma rede de comunicações de cidade para cidade e aumentaram-se as superfícies de terra cultivável. […] Um sistema de grandes comportas regularizava o caudal; e nas elevações de terreno que marginavam o canal, uma sangria, tão depressa feita como sustentada, assegurava a divisão da água para os diferentes regos que banhavam os jardins.

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Isto exigia um alto grau de organização da sociedade e esforços colectivos para a construção, a manutenção, a supervisão e os ajustes na rede de irrigação, dado que uma irrigação em demasia e secas ilimitadas podiam causar quebras no solo e problemas ecológicos sérios.

A mudança no fluxo dos rios e a irrigação propiciaram a formação de cidades, tal como Babilónia. Na Mesopotâmia, o cultivo seria impossível sem a água de irrigação, pois quase não existe chuva. Mas se se consegue levar à terra uma humidade satisfatória, os espaços desérticos cobrem-se de verdura e são de uma espantosa fertilidade.

Nesta altura, já existiam portanto mecanismos que transportavam água para os campos de cultivo. Também para os jardins da cidade, os mesmos mecanismos eram necessários, mas, como estavam mais elevados em relação ao nível do rio, careciam de outros sistemas, tais como os de elevação, para elevar a água: “câmaras subterrâneas, descobertas no nosso século, contiveram, provavelmente, um mecanismo de elevação de água para irrigar os jardins.”142

Por vezes, o mesmo acontecia com os campos de cultivo em Babilónia.

A rega dos campos, “quando eles se encontravam ao nível de um ramo principal do canal, fazia-se praticando uma abertura temporária nas paredes dos regos que percorriam o campo. Quando a terra estava bem embebida, fechavam-se com pasadas de terra todos os sangradouros.”143 Mas, quando o canal estava a um nível inferior, era necessário elevar a água até à superfície dos campos. Assim, recorriam a instrumentos espaciais para o efeito. Quando se tratava de um curso de água mais rápido, utilizavam a nora [figs. 30, 31 e 32], “uma roda cuja periferia é guarnecida de baldes; a corrente faz girar a roda e os recipientes enchem-se e esvaziam-se à altura desejada.”144 Caso contrário, usavam o saduf [figs. 33 e 34], aparelho muito semelhante ao que ainda hoje se vê nas mesmas regiões e no resto do Oriente, “compõe-se de uma vara, sobre um suporte móvel, tendo na extremidade mais longa uma corda sustendo o recipiente a encher; o trabalhador mantendo a extremidade mais curta da vara, que é munida de um contrapeso, deixa mergulhar o recipiente na água, após o que força a parte contendo o contrapeso, e o balde sobe. Em seguida despeja-o na bacia donde partem os regos que alimentam os seus campos. E assim sucessivamente.”145 Há ainda uma variante deste mecanismo, ligeiramente modificado pois pode ser movido por um burro ou boi: “o balde mergulha pelo seu próprio peso; então, o animal puxa pela sua corda, que passa horizontalmente sobre um rolo, como o dum cabrestante, e o balde esvazia-se como no caso precedente. Voltando o ani