Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela...

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC - SP MARCO ANTONIO SANSON OS DESAFIOS DOS DIRIGENTES NA INTEGRAÇÃO DAS CULTURAS E PESSOAS NOS PROCESSOS DE FUSÃO E AQUISIÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO SÃO PAULO 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC - SP

MARCO ANTONIO SANSON

OS DESAFIOS DOS DIRIGENTES NA INTEGRAÇÃO DAS CULTURAS E

PESSOAS NOS PROCESSOS DE FUSÃO E AQUISIÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

SÃO PAULO

2016

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MARCO ANTONIO SANSON

OS DESAFIOS DOS DIRIGENTES NA INTEGRAÇÃO DAS CULTURAS E

PESSOAS NOS PROCESSOS DE FUSÃO E AQUISIÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência

parcial para obtenção do título de Mestre em

Administração. Orientador: Prof. Dr. Luciano

Antônio Prates Junqueira.

SÃO PAULO

2016

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BANCA EXAMINADORA

______________________________________

______________________________________

______________________________________

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Aos meus queridos pais pelo incentivo, A minha amada esposa Carla por seu apoio,

Ao meu adorado filho Vinicius pela sua existência.

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AGRADECIMENTOS

À Carla, minha querida esposa, pelo companheirismo, dedicação e incentivo,

pelas entediantes revisões dos textos e às suas críticas e contribuições.

Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio

incondicional nas muitas horas difíceis.

Ao Prof. Dr. Luciano Antônio Prates Junqueira, meu orientador, pela confiança,

pelas suas críticas sempre construtivas, pelos seus comentários sobre como eu

poderia melhorar a qualidade de meu trabalho e com paciência esteve presente

em todas as etapas desta jornada.

Aos membros da Banca de Qualificação, Profa. Dra. Neusa Maria Bastos F.

Santos (PUC-SP) e Profa. Dra. Andrea Leite Rodrigues (USP-SP), por suas

valiosas contribuições.

Em especial, minha gratidão à empresa BDO RCS Auditores Independentes,

que aceitaram participar deste estudo, e aos seus representantes Raul Corrêa

da Silva, Alfredo Ferreira Marques Filho, Esmir de Oliveira, José Santiago da

Luz, Julian Clemente e Vitor Almeida, que dedicaram horas preciosas de suas

agendas para oferecer as informações que necessitei, sem as quais este

trabalho não teria sido possível.

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Resumo

O fenômeno da globalização tem causado várias mudanças no cenário mundial, trazendo uma maior integração entre empresas de diferentes nacionalidades, bem como a expansão de seus negócios em todo o mundo. A fim de assegurar o crescimento contínuo e competitividade em seus mercados as empresas têm adotado vários métodos, sendo fusão e aquisição um de seus principais, já que esta estratégia é responsável pelo aumento do poder de mercado, ganho de economias de escala, o acesso às inovações tecnológicas. A partir de tais constatações o presente estudo foi concebido junto a uma empresa nacional, que realizou a fusão com outra do mesmo setor. Buscou-se compreender o papel assumido pelos dirigentes e os desafios enfrentados no processo de integração, com foco na cultura organizacional e a gestão de pessoas.

A pesquisa é de natureza quantitativa e qualitativa mediante a realização de estudo de caso. A amostra foi composta de duas categorias profissionais: dirigentes e colaboradores, que participaram do processo de fusão e que permaneceram na empresa até a data da pesquisa. O estudo foi composto por 6 entrevistas semiestruturadas com dirigentes da empresa e de 43 questionários aplicados aos colaboradores. Nesta pesquisa foram feitas análises estatísticas utilizando o software SPSS 17.0 (testes de Mann-Whitney e Kruskal Wallis) e o programa SPAD 4.1(análises léxica e semântica). Os principais desafios e problemas superados pelos dirigentes na integração das empresas foram a formação de “panelinhas” entre os colaboradores e a resistência inicial das equipes em adotarem uma metodologia de trabalho mais complexa e burocrática. Destaca-se que os problemas encontrados durante o processo de pós-fusão da empresa, relacionam-se a integração das pessoas e culturas. Isso confirma o discutido no referencial teórico em que, esses problemas continuam sendo os mais sensíveis e requerem maior preocupação por parte dos dirigentes para que o processo de fusão e aquisição seja bem-sucedido. Os resultados do estudo demonstram que quando há participação efetiva dos dirigentes na integração da cultura e das pessoas, os problemas ocasionados pelo processo são superados com mais celeridade, o que reduziu o stress dessa operação e gerou maior credibilidade no trabalho dos dirigentes. Essa credibilidade nos dirigentes foi fundamental para o sucesso do pós-fusão. Palavras–chave: Fusão e Aquisição, Cultura organizacional, Gestão de Pessoas,

Dirigentes

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Abstract

The phenomenon of globalization has caused many changes in the world scene, bringing greater integration between companies of different nationalities, and the expansion of its business worldwide. In order to ensure the continued growth and competitiveness in their markets the companies have adopted various methods, being mergers and acquisitions one of its main, since this strategy is responsible for the market power, the scale economies gain and the access to technological innovations. From these findings the present study was designed with a national company, which held merger with another of the same sector. He sought to understand the role played by the leaders and the challenges faced in the integration process, focusing on organizational culture and people management. The research has a quantitative and qualitative nature by conducting case study. The sample was composed of two professional categories: partners and employees, who participated in the merger process and have remained in the company until the date of the survey. The study was composed of 6 semi-structured interviews with company partners and 43 questionnaires with others employees. In this research were made statistical analysis using SPSS 17.0 software (Mann-Whitney and Kruskal Wallis) and the SPAD program 4.1 (lexical and semantic analysis). The main challenges and problems overcome by the leaders in the integration of the companies were caused by the formation of "cliques" among employees and the initial resistance of the teams to adopt a more complex and bureaucratic work methodology. It is noteworthy that the problems encountered during the process of post-merger company, were relate to the integration of people and cultures. This confirms the points presented in the theoretical framework in which these problems are still the most sensitive and require greater concern among leaders for ensure the success in a merger and acquisition process and achieve the proposed objectives. The study results show that when there is effective participation of leaders in the integration of culture and people, the problems caused by the process are overcome more quickly, which reduced the stress of this operation and generated more credibility in the work of leaders. This credibility in leadership was the key-factor to the success of the post-merger. Keywords: Merger and Acquisition, Organizational Culture, People Management,

Leaders

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Evolução do processo de F&A no Brasil ...................................... 16

Gráfico 2 – Situações críticas encontradas no processo de integração ........ 51

Gráfico 3 – Situações críticas no processo de integração no Brasil ............... 51

Gráfico 4 – Evolução em faturamento ............................................................ 69

Gráfico 5 – Evolução do número de colaboradores ........................................ 69

Gráfico 6 – Médias das respostas das ações realizados dos dirigentes ........ 95

Gráfico 7 – Média das respostas sobre as mudanças ..................................101

Gráfico 8 – Média das respostas sobre a avaliação dos dirigentes ............. 107

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diferentes tipos de combinações estratégicas ............................... 21

Figura 2 – Instrumentos de coleta de dados ................................................... 54

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Fusões, Aquisições e Associações – referencias conceituais .... 21

Quadro 2 – Classificação dos tipos de F&A ................................................... 24

Quadro 3 – Histórico da evolução dos processos de F&A .............................. 25

Quadro 4 – Histórico da evolução dos processos de F&A no Brasil ............... 27

Quadro 5 – Fatores associados ao sucesso das F&A .................................... 33

Quadro 6 – Diferentes tipologias de integração da cultura..............................43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Origem dos colaboradores ........................................................... 88

Tabela 2 – Gênero dos participantes .............................................................. 89

Tabela 3 – Faixa etária dos participantes ....................................................... 89

Tabela 4 – Grau de escolaridade dos participantes ....................................... 90

Tabela 5 – Área em que trabalham ................................................................ 91

Tabela 6 – Tempo de trabalho na empresa .................................................... 91

Tabela 7 – Percepções das ações realizadas pelos dirigentes ...................... 94

Tabela 8 – Média das respostas das ações realizadas pelos dirigentes ........ 95

Tabela 9 – Percepções sobre as mudanças e a sensações vivenciadas .... 100

Tabela 10 – Média das respostas sobre as mudanças ................................ 101

Tabela 11 – Avaliação do papel dos dirigentes ............................................ 106

Tabela 12 – Média das respostas da avaliação do papel dos dirigentes ..... 107

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

F&A – Fusão e Aquisição

IAB – International Accounting Bullet

ILP – International Liaison Partner

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

IBRACON - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO…………….....…………………………………….....…...........13

1.1. JUSTIFICATIVA.....................................................................................16

1.2. OBJETIVOS......………….....……………………………………...............18

1.2.1. Objetivo Geral………………...….…………………….……...........18

1.2.2. Objetivos Específicos………………………………….…….........18

2. REFERENCIAL TEÓRICO…….………………………………….…..............19

2.1. FUSÕES E AQUISIÇÕES.........….….......................…......…….……...19

2.1.1. Conceitos de fusão e aquisição...............................................20

2.1.2. Tipos de fusões e aquisições...................................................23

2.1.3. Histórico da evolução das fusões e aquisições.....................25

2.1.4. Razões e motivos das fusões e aquisições............................28

2.1.5. Fusões e aquisições: sucessos e fracassos..........................31

2.2. CULTURA ORGANIZACIONAL.....................……………....…………...34

2.2.1. Conceitos e definições..............................................................34

2.2.2. Cultura organizacional nas fusão e aquisição........................36

2.2.3. Choques entre culturas nas fusões e aquisição.....................38

2.2.4. Minimizando os choques entre as culturas.............................40

2.2.5. Estratégias de integração das culturas....................................41

2.3. GESTÃO DE PESSOAS: O PAPEL DOS DIRIGENTES.......................44

2.3.1. Conceitos e características dos dirigentes..............................44

2.3.2. O papel do dirigente nas fusão e aquisição..............................46

2.3.3. O papel dos dirigentes na integração das culturas e pessoas48

2.3.4. A percepção dos dirigentes quanto ao fator humano na F&A 50

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3. METODOLOGIA…………………………………………................................53

3.1. TIPO DE PESQUISA.........................................................………........53

3.2. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS.................54

3.2.1. Análise de documentos.....................…………….....................55

3.2.2. Entrevista...................................................................................55

3.2.3. Questionário..............................................................................56

3.2.4. Pré-teste do questionário.........................................................57

3.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA................................................................58

3.4. ANÁLISE DOS DADOS........................................................................59

3.4.1. Análise Qualitativa....................................................................59

3.4.2. Análise Quantitativa..................................................................60

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...............................61

4.1. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA......................................................61

4.1.1. Empresa ....................................................................................61

4.1.2. Perfil da empresa......................................................................62

4.1.3. Histórico da empresa...............................................................63

4.2. RESULTADOS E DISCUSSÕES SOBRE OS DADOS.......................77

4.2.1. Caracterização dos dirigentes................................................77

4.2.1.1. Procedimento e análises.................................................77

4.2.2. Caracterização do perfil dos colaboradores ........................88

4.2.2.1. Percepções sobre o papel dos dirigentes........................92

4.2.2.2. Percepções sobre as mudanças e sensações

vivenciadas............................................................................97

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4.2.2.3. Avaliação do papel dos dirigentes na F&A.....................104

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................108

6. REFÊRENCIAS.........................................................................................112

APÊNDICES

Apêndice 1: Roteiro de Entrevistas...........................................................118

Apêndice 2: Questionário de fusão e aquisição........................................119

Apêndice 3: Caracterização dos participantes das entrevistas...........................123

Apêndice 4: Percepção dos colaboradores sobre o papel dos dirigentes125

Apêndice 5: Percepções sobre mudanças e sensações vivenciadas.......127

Apêndice 6: Avaliação sobre o papel dos dirigentes na F&A.....................130

Apêndice 7: Tabela das questões 1 e 2 das entrevistas.................................132

Apêndice 8: Tabela da questão 3 das entrevistas..........................................133

Apêndice 9: Tabela das questões 4 a 6 das entrevistas.................................134

Apêndice 10: Tabela da questão 7 das entrevistas........................................136

Apêndice 11: Tabela da questão 8 das entrevistas...........................................137

ANEXOS

Anexo 1: Parecer do Comitê de Ética – CEP-PUC/SP.............................138

Anexo 2: Autorização para a realização da pesquisa...............................139

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1 - INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas vêm ocorrendo grandes transformações no

ambiente das organizações em todo o mundo. Essas constantes alterações dos

ambientes (interno e externo) são devidas ao aumento da velocidade das

mudanças e, da agressividade competitiva.

As pressões geradas pelo mundo globalizado têm despertado o

interesse de vários estudiosos, que buscam mapear os desafios que esse

ambiente mutável gera, segundo Rodrigues (2004) que identifica os quatro

desafios, resumindo-os em: (i) pressões ligadas à globalização; (ii) pressões

relativas ao controle de custos; (iii) pressões que se referem às relações de

confiança entre os stakeholders e (iv) demandas sobre o comportamento ético e

a responsabilidade corporativa. Esses quatro desafios estão ligados a alguns

dos paradoxos que as empresas enfrentam atualmente.

Os desafios supracitados são enfrentados por todas as empresas que,

na era da globalização da economia e o consequente aumento da

competitividade, fazem com que as empresas busquem cada vez mais aprimorar

seus processos, cortando custos, aumentando a produtividade e buscando obter

uma participação cada vez maior em seus mercados de atuação. Um dos

caminhos mais comuns para atingir esses objetivos são as fusões e as

aquisições; essas operações tornaram-se importantes alternativas estratégicas

para o crescimento e a manutenção dos negócios das empresas, mantendo-as

competitivas e auxiliando-as na acirrada concorrência gerada pelo processo de

globalização.

Segundo Barros (2003), as duas últimas décadas do século XX foram

marcadas por um crescente aumento das operações de fusões e aquisições,

envolvendo empresas de diferentes países e de tamanhos variados. Essas

transações têm causado profundas mudanças, alterando os padrões de

gestão, produção e emprego no mundo. No Brasil, o tema F&A ganha

importância no início da década de 90, quando o número de operações começa

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a aumentar, em decorrência da redução das barreiras de entrada de capital

estrangeiro e da inserção do país no mercado global.

As fusões e aquisições constituem uma estratégia importante para

adequação da estrutura organizacional às demandas da conjuntura econômica

mundial. Essas operações tornaram-se um meio significante para a realocação

de recursos na economia global e para a execução das estratégias

corporativas. A opção por fusões e aquisições tem como principais

motivações a economia de escala, o acesso a inovações tecnológicas e

produtos, o aumento do poder de mercado e a possibilidade de alavancagem

de capital (COPELAND; KOLLER; MURRIN, 2002).

No Brasil o retrato não é diferente; as empresas nacionais estão cada

vez mais pressionadas a apresentarem bons resultados e maior grau de

profissionalização. É por esse motivo que temos acompanhado nos últimos

anos várias operações de fusão ou aquisição, onde há grande foco na

integração de processos e custos, sem, no entanto, existir a mesma

preocupação na integração de pessoas e na construção de uma nova cultura

organizacional, onde haja o aproveitamento dos pontos fortes das duas

empresas.

Nas operações de fusão e aquisição há preocupação inicial excessiva

com os processos produtivos, financeiros e os custos, deixando o fator humano

e a integração cultural para um segundo plano. Isso acaba gerando pontos

críticos da fusão e aquisição; esses processos mal conduzidos podem trazer

perdas e consequências irreparáveis como: a perda de produtividade,

retrabalhos, alto turnover da equipe e, consequentemente, impactos nos custos

operacionais e no lucro das empresas.

Conforme Barros (2003), a cultura e a gestão de pessoas ocupam um

papel fundamental nos processos de fusões e aquisições, na medida em que

a capacidade de adaptação das organizações depende, em grande parte,

de que os seus integrantes incorporem essas novas estratégias.

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Devido à grande importância do processo de fusão e aquisições no

cenário atual das empresas, há a necessidade de que os dirigentes estejam

preparados e qualificados para enfrentar os desafios dos processos de transição

e/ou transformação da cultura organizacional, da gestão das pessoas, das

sinergias e todo o trabalho complexo que esta operação exige.

Neste contexto, a presente dissertação visa analisar o desafio dos

dirigentes, no processo de F&A entre a RCS Auditoria Independente e a BDO

International Limited, criando a BDO RCS Auditores Independentes, que é uma

empresa brasileira de sociedade simples, uma companhia limitada por garantia

do Reino Unido, e que faz parte da rede internacional BDO de firmas membro

independentes. O desafio que se coloca aos dirigentes1 é relativo ao fator

humano, buscando garantir a integração (pós-aquisição) das culturas e a gestão

das pessoas, de forma eficiente, com a perspectiva de integrar os aspectos

competitivos de cada empresa, a fim de tornar-se a empresa líder no setor de

auditoria e consultoria de empresas no mercado de Middle Market, funcionando

como uma alternativa às grandes empresas de auditoria e consultoria, sendo

referência no mercado quanto à excelência na qualidade dos trabalhos.

Em relação à estruturação, esta dissertação será composta de cinco

capítulos. O primeiro cuidará da introdução, justificativa da pesquisa e objetivos:

geral e específicos. No segundo capítulo, estará o referencial teórico que aborda

o tema fusão e aquisição, cultura organizacional e gestão de pessoas. No

terceiro capítulo serão especificadas as diretrizes da pesquisa e a metodologia

adotada. No quarto capítulo será apresentada a empresa, realizada a análise

dos dados e discutidos os resultados da pesquisa; todo esse processo é

realizado à luz dos conceitos encontrados na literatura e elencados no segundo

capítulo. Por fim, no quinto capítulo será apresentado um sumário do estudo com

as conclusões obtidas e sugestões para pesquisas futuras.

1 O termo dirigente é definido por Tanure (2011) como a soma do perfil do gestor, que possui cargo formal de chefia e é o responsável por outras pessoas, com o perfil do líder que através de sua capacidade e ações consegue mobilizar de forma voluntária as pessoas da empresa.

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1.1 JUSTIFICATIVA:

O fato de as empresas no Brasil utilizarem a estratégia de Fusões e

Aquisições para crescerem nos últimos anos, demonstra uma preocupação dos

dirigentes em atingir um patamar de crescimento e fortalecer suas marcas no

mercado global. Esse fenômeno mostrou-se forte em anos passados conforme

demonstrado pela pesquisa da KPMG, publicada no primeiro semestre de 2016,

que revelou um crescimento considerável no número de fusões e aquisições

ocorridas entre os anos de 1996 e 2015. Segundo essa pesquisa, nesse período

foram realizadas 9.821 transações de fusões e aquisições, sendo que 5.407

tiveram investimento de capital estrangeiro (Gráfico 1).

Gráfico 1: Evolução dos processos de fusão e aquisição no Brasil

Fonte: KPMG, 2016

Apesar de o Brasil estar atualmente diante de um momento econômico

menos favorável, as empresas, ainda assim, têm buscado cumprir suas

estratégias de negócios por meio de fusões e aquisições, seja para expansão

ou para fortalecimento de seus negócios.

24© 2016 KPMG Corporate Finance Ltda., a Brazilian limited liability company and a member firm of the KPMG network of independent

member firms affiliated with KPMG International Cooperative (“KPMG International”), a Swiss entity. All rights reserved.

Evolução anual do número de transações Annual evolution by number of transactions

total de transações / total transactions

domestic

cross border

1996328

167

161

1997372

204

168

1998351

221

130

1999309

208

101

2000353

230

123

2001340

194

146

2002227

84

143

2003230

114

116

2004299

199

100

2005363

213

150

2006473

290

183

2007699

348

351

2008663

284

379

2009454

235

219

2010726

393

333

2011817

407

410

2012816

474

342

2013796

431

365

2014818

487

331

2015773

504

269

1996 – 2015

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Dentro deste cenário econômico é imprescindível um planejamento

prévio dos dirigentes, analisando como o processo de fusão e aquisição pode

impactar as organizações e principalmente os colaboradores que estão

trabalhando nessas empresas.

Após pesquisas feitas no Brasil, demonstrou-se que os impactos

negativos do processo de fusão e aquisição nos indivíduos podem começar por

meros sentimentos de raiva e ressentimentos em relação à empresa, incluindo

o aumento da resistência em participar das iniciativas da própria organização,

passando pelas quedas na criatividade, na capacidade de inovação, no

desempenho e de produtividade individual, chegando à diminuição do

comprometimento e da atitude empreendedora, resultando na perda da

confiança na própria empresa (WOOD, VASCONCELOS; CALDAS, 2004).

Diante das diversas expectativas, formadas pelo processo de F&A, ora

dos acionistas das empresas, ora dos colaboradores, os dirigentes assumem um

papel fundamental, já que possuem habilidade para planejar e articular os

métodos que serão utilizados, a fim de engajar os colaboradores no projeto de

mudança, construindo uma nova empresa e direcionando os caminhos para um

futuro promissor.

Considerando que o fator humano é um fator chave para muitos

processos de F&A, essa pesquisa busca analisar como esse fator é visto pelos

dirigentes quando ocorre um processo de F&A, levando em consideração: a

cultura organizacional e a gestão das pessoas.

No que diz respeito ao objeto desta pesquisa, quer-se verificar como as

ações realizadas no processo de F&A da empresa BDO pela empresa RCS

foram vistas e entendidas pelos seus dirigentes. Este estudo torna-se relevante

para a gestão da empresa envolvida, já que ela adota, como estratégia, o

processo de F&A como um meio de crescimento contínuo no seu mercado.

Esse estudo torna-se importante no meio acadêmico, já que o tema vem

sendo discutido constantemente em pesquisas, devido a sua propensão em

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contribuir para o crescimento e fortalecimento das empresas em um mercado

cada vez mais globalizado e competitivo, principalmente em função dos fatores

humanos envolvidos nos processos de F&A.

1.2 OBJETIVOS:

1.2.1 Geral:

Analisar o papel dos dirigentes e os desafios no processo de pós-fusão

quanto à integração da cultura e à gestão das pessoas na empresa BDO RCS

Auditores Independentes.

1.2.2. Específico:

O estudo proposto tem como objetivos específicos:

• Verificar a visão dos dirigentes no processo de F&A e a sua

participação na integração das culturas e das pessoas, no

período de pós-fusão.

• Verificar a visão dos colaboradores quanto à participação dos

dirigentes no processo de integração das culturas e das

pessoas.

• Mapear os problemas decorrentes desse processo, bem como,

as ações corretivas, quanto aos choques culturais e a gestão das

pessoas.

• Identificar junto aos dirigentes, possíveis estratégias e ações

positivas que poderão ser adotadas em um futuro processo de

F&A, quanto à integração de pessoas e culturas.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO:

Neste capítulo são apresentados o referencial teórico sobre o processo

de fusão e aquisição (F&A), bem como os conceitos, os tipos, o histórico e a

evolução do processo, as razões, as motivações e os resultados nessas

operações. Na sequência são introduzidos os conceitos da cultura

organizacional, bem como a sua importância nos processos de F&A, os choques

culturais e as estratégias de integração. Finalizando com a gestão de pessoas,

trata do papel dos dirigentes nas F&A quanto às integrações das culturas e

pessoas e a evolução da visão dos dirigentes quanto à importância do fator

humano nos processos de F&A.

2.1 FUSÕES E AQUISIÇÕES:

Globalização é essencialmente uma expressão abrangente para

designar vários processos pelos quais ideias, informações, pessoas, dinheiro,

mercadorias e serviços cruzam fronteiras internacionais numa velocidade sem

precedente. Juntos, esses processos criaram uma economia global muito mais

integrada através do comércio, do investimento estrangeiro direto, do fluxo de

capital em larga escala, pela construção de cadeias de suprimentos globais,

inovações na tecnologia das comunicações e pela migração em massa

(BREMMER, 2010).

Os efeitos da forte e expansiva concorrência no mercado globalizado

têm levado as empresas a utilizarem as fusões e aquisições como um

instrumento de alavancagem e de melhoria na gestão dos seus negócios.

Rossetti (2001) afirmou na década passada que o ritmo de fusões e

aquisições seria acelerado em virtude de fatores como:

I. A intensificação de privatizações em áreas em que o setor público

ainda possuía presença marcante.

II. Estabilidade monetária.

III. Um número grande de empresas familiares envolvidas em processos

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sucessórios complexos.

IV. Crescente participação dos fundos de pensão no patrimônio

empresarial do país.

V. Retomada do crescimento econômico, em bases sustentáveis.

Os fatores apresentados pelo autor colaboraram em muito com o

crescimento dos processos de fusão e aquisição durante a década passada;

essas convicções podem ser confirmadas pelo número elevado dos processos

de fusão e aquisição realizados no período.

A partir do início desta década com as crises internacionais, em especial

nos últimos três anos com o agravamento da crise no Brasil, algumas empresas

com estratégias mais agressivas de crescimento, estão utilizando-se do

processo de fusão e aquisição para enfrentar o período de estagnação

econômica, que diminui investimentos e mercados. O movimento aguerrido

dessas empresas permite que elas entrem em novos mercados e até consigam

eliminar algumas empresas concorrentes que estavam em dificuldades

econômicas.

Conforme pesquisa da KPMG (2016) demonstrada (Gráfico 1), houve

uma diminuição de 5,5% nos processos de fusão e aquisição no ano de 2015.

Apesar da queda percentual, as empresas continuam utilizando as operações de

F&A como meio de viabilizar crescimento, mesmo em um período de crise,

reforçando assim, a visibilidade e a importância da economia brasileira no

cenário mundial.

2.1.1. Conceitos de fusão e aquisição

Embora utilizados de maneira abrangente os termos fusão e aquisição precisam ser devidamente diferenciados. Conforme Braz, Maranhão e Ituassu (2015) existem várias possibilidades de associações entre as empresas, dependendo do interesse a que se propõem. Rossetti (2001) retrata seis delas, representadas no Quadro 1.

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Quadro 1: Fusões, Aquisições e Associações – Combinações estratégicas:

Fonte: Rossetti (2001, pp.72)

Ainda tratando desses referenciais, Barros (2003) explica que esses

formatos de operação podem evoluir em um continuum que vai do simples

licenciamento, passando por aliança e parceria, joint venture, até as operações

de F&A, conforme demonstrado na Figura 1.

Figura 1. Diferentes tipos de combinação estratégica

Fonte: Barros (2003, pp.19)

No mesmo estudo Barros (2003), conceitua individualmente cada tipo de

combinação estratégica, conforme descrito:

Descrição

Aliança Associação entre duas ou mais empresas que empenham recursos comuns para juntamente desenvolverem uma nova atividade.

Joint venture Associação de empresas para o desenvolvimento e execução de projetos específicos, sem caracterizar sociedade ou nova companhia.

Consórcio Grupo de empresas formado para a aquisição de outra empresa, execução de uma obra ou financiamento de um projeto de grande envergadura.

Contrato de longa duração Acordo, pacto ou convenção entre empresas para a execução de atividade comum.

Fusão União de duas ou mais companhias que formam uma única empresa, geralmente sob controle administrativo da maior ou da mais próspera.

Aquisição Compra de controle acionário de uma empresa por outra

E & G Economia e Gestão, Belo Horizonte, v. 4, n. 8, p. 25-48, dez. 2004 27

Relacionando o motivo da aquisição com diferentes processos de integração cultural

do de Minas Gerais (no qual a estratégia se baseou na necessidade de ampliar oseu mercado de atuação especialmente no Estado de Minas Gerais).

Esse resultado é confrontado com o caso do Banco Real, adquirido pelo ABN-Amro, cuja integração se deu via pluralidade, uma vez que a adquirida gozava deboa situação financeira e, apesar de aparentemente o mercado ser o fator motiva-dor maior, esse foi acrescido de know-how, uma vez que o ABN-Amro não detinhaconhecimento da operação de varejo no Brasil. Além disso, o tamanho tão maiorda adquirida revelava que a adquirente não tinha corpo gerencial suficiente paraimplementação de outra estratégia de integração (BARROS, 2001).

CONCEITUANDO AQUISIÇÕES

Os processos de aquisição, com papel crescente na economia globalizada, envol-vem empresas de diferentes portes e países, e respondem às necessidades com-petitivas das grandes empresas, regidas por nova lógica produtiva. Esses forma-tos organizacionais implicam diferentes tipos de estrutura e de relacionamentoentre empresas, que se deslocam do chamado “posicionamento competitivo” paraa “cooperação competitiva” (DUPAS, 2001; SILVA JR., RIBEIRO, 2001).

Nessa nova lógica produtiva global, diversas formas de relacionamento, quevão desde um relacionamento transacional até a unificação entre empresas, assu-mem crescente proporção tanto em nível internacional como local. Esses relacio-namentos podem se caracterizar por diferentes tipos de combinação estratégicaque variam do network relativamente informal até as operações de fusão e aqui-sição. Cada tipo de relacionamento exige investimentos de vários níveis, tem for-mato legal específico e, sobretudo, causa impacto diferenciado nas pessoas. Segun-do Barros (2003), esses novos formatos de operação podem evoluir em um conti-nuum que vai do simples licenciamento, passando por aliança e parceria, jointventure, até as operações de F&A, conforme mostra a Figura 1.

Licença Aliança/Parceria JV Fusão Aquisição

InvestimentoControle

Baixo Impacto AltoIntegraçãoDificuldade

Reversibilidade

Figura 1. Diferentes tipos de combinação estratégica (BARROS, 2003, p. 19).

X

W

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Licença:

É representada inicialmente pela venda de um serviço com algum tipo

de relacionamento entre as empresas, que, com o passar do tempo,

pode avançar para um licenciamento de serviços ou produtos.

Aliança estratégica ou parceria:

Essa combinação depende do empenho e dedicação das duas ou

mais empresas para atingir um objetivo estratégico comum. A aliança

é realizada entre concorrentes, enquanto a parceria é realizada entre

a empresa e os seus fornecedores ou clientes, dentro da lógica da

cadeia de valor.

Joint venture:

Ocorre quando duas ou mais empresas se reúnem para criar outra,

formalmente separada das demais, com governança, força de

trabalho, procedimentos e cultura próprios.

Fusão:

Resulta na completa combinação de duas ou mais empresas que

deixam de existir legalmente para formar uma terceira, com nova

identidade, teoricamente sem predominância de nenhuma das

empresas anteriores. Segundo a autora, na prática esse processo

acaba não ocorrendo, pois, na realidade, o número de fusões

"autênticas” é muito baixo, o que, para propósitos práticos, a

expressão fusão e aquisição basicamente significa aquisição.

Aquisição:

Constitui a operação no extremo do continuum; implica em um alto

grau de investimentos e de controle, com um maior impacto sobre a

gestão, processo de integração mais complexo e menor possibilidade

de reversibilidade.

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Neste estudo será adotado o termo fusão e aquisição (F&A) para referir-

se a qualquer uma das formas de combinações estratégicas descritas acima. De

acordo com os autores Tanure, Evans e Pucik (2007), após a assinatura do

acordo, a maioria das associações ou fusões se parecem muito com aquisições,

tendo sua importância na intenção estratégica, e não no nome que a transação

recebe.

No caso das fusões, Freire et al. (2010) descreve que esses processos

ocorrem quando há o encontro de interesses entre empresas, sem ocorrer

obrigatoriamente a contrapartida financeira, mas quando elas se juntam para

atuarem no mercado sob uma única direção, unindo forças, para superar a

concorrência e fortalecer sua posição no mercado.

Para Fabretti (2005) “a aquisição de uma empresa dá-se quando o

comprador adquire todas as ações ou quotas de capital da adquirida, assumindo,

assim, seu controle total”.

Para Camargos e Barbosa (2003), F&A são processos diferentes, devido

à forma de concretização do negócio2: fusões envolvem permuta de ações e

outros ativos; e aquisições são feitas através de transferência de ações, títulos,

ou pagamento em dinheiro.

2.1.2. Tipos de Fusão e Aquisição:

Os processos de fusão e aquisição têm como objetivo remodelar os

ativos das empresas, através da expansão dos negócios ou do desenvolvimento

e da ampliação de novas linhas de produtos e serviços.

2 Segundo a definição do artigo 228 do capítulo XVIII da Lei das Sociedades Anônimas no. 6.404 de 1976 – “fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações”.

De acordo com a definição do artigo 227 do capítulo XVIII da Lei das Sociedades Anônimas no 6.404 de 1976 a incorporação ou aquisição – “é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. “

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Para Gitman (2004) há duas razões para as empresas expandirem seus

negócios por meio dos processos de fusões e aquisições: razões estratégicas e

razões financeiras. As razões estratégicas consistem no aproveitamento da

economia de escala, com a intenção de eliminar algumas funções redundantes,

melhorando o acesso a matérias-primas e a distribuição de seus produtos. As

razões financeiras, por sua vez, consistem na melhora da rentabilidade e fluxo

de caixa em virtude do processo de reestruturação.

Ainda tratando das razões estratégicas, podemos citar a classificação

utilizada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES,

1999), em que são descritos os tipos de operações de F&A, considerando a

natureza da relação das empresas combinadas e os possíveis objetivos

pretendidos, como apresentado no Quadro 2.

Quadro 2: Classificação dos tipos de F&A pelo BNDES:

Fonte: BNDES (1999, pp. 2)

Conforme citado, no tópico anterior, os processos de fusão e aquisição,

dependendo da estratégia adotada pela empresa, capacidade financeira e visão

de mercado, possuem inúmeros formatos e podem conter várias combinações

estratégicas de crescimento e envolvimento entre as empresas.

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Quanto a utilização do tipo e ao tempo da concretização da fusão ou

aquisição, depende da estratégia da empresa, da sua capacidade financeira e

da sua visão de mercado. Segundo Camargos e Barbosa (2003), os processos

de fusões e aquisições se efetivam em épocas de alta atividade econômica,

quando os mercados estão aquecidos. Porém, o momento de prospecção por

oportunidades de fusão e aquisição ocorre em tempos de baixa atividade,

normalmente época em que as empresas buscam associações para melhorar

seus resultados. Dessa forma, pode-se verificar que as decisões são baseadas

em uma estratégia de longo prazo, enquanto o momento da concretização é

normalmente definido pelas condições financeiras de curto prazo.

Para o melhor entendimento das F&A, faz-se necessário conhecer o

histórico evolutivo desse processo, desde o inicio das ondas das F&A até os dias

atuais e como esse processo vem evoluindo no Brasil.

2.1.3 Histórico da Evolução das Fusão e Aquisição

As operações de fusões e aquisições surgiram do final do século XVIII e

início do século XIX com a concentração de capitais, proporcionada pela

Revolução Industrial.

A evolução do estudo de fusões e aquisições se apresenta no tempo

através de “ondas” de maior ou menor intensidade, conforme poder-se-á verificar

pelo Quadro 3.

Quadro 3: Histórico da evolução dos processos de F&A

Ondas Características

The Great Merger Wave

(1897 – 1904)

Transformou e concentrou vários segmentos econômicos, com o

predomínio de fusões horizontais que visaram criar grandes

monopólios, além de importantes avanços tecnológicos. Pode ser

considerada a mais importante, devido ao seu forte impacto

econômico de concentração industrial e criação de monopólios

(GREGORIOU e RENNEBOOG, 2007);

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The Merger Movement

(1916-1929)

Consolidou vários segmentos econômicos, promovendo inovação e

avanços em setores de utilidade pública, na legislação antitruste e

predomínio de fusões por integração vertical, que visavam o poder

de oligopólio;

The 1960s Conglomerate

Merger Wave

As aquisições foram influenciadas pelo boom do mercado de

capitais, encorajadas por inovações nos mecanismos financeiros.

Predominaram operações que visavam a diversificação do tipo

conglomerado, com a união de empresas de diferentes atividades.

Os resultados financeiros desfavoráveis dessa onda começaram a

ser revertidos em menos de uma década, com nível de

desinvestimento atingindo aproximadamente 50% em cinco anos

(KATZ; SIMANEK e TOWNSEND, 1997), continuando nas décadas

subsequentes;

The Wave of The 1980s Foi impulsionada pelo baixo valor das empresas no mercado de

capitais e influenciada por mudanças na economia mundial,

avanços tecnológicos na comunicação e informação e novos

instrumentos dos mercados financeiros. Trata-se da década dos

grandes negócios, na qual predominaram transações entre firmas

de mesmo porte, diferentemente das ondas precedentes;

The Wave of the 1990s Caracterizada por mudanças tecnológicas, crescimento e

acirramento da competição global, desregulamentação de

mercados, internacionalização empresarial entre outros fatores.

F&As foram realizadas sob um forte enfoque estratégico, visando,

na maioria dos casos, o aumento da riqueza dos acionistas.

Primeira década do século

XXI

A atividade de F&A continuou com sua trajetória de crescimento,

com pequena redução dos volumes anuais transacionados em 2001

(ataques terroristas nos Estados Unidos), em 2003 (estouro da

bolha de negócios da internet) e em 2008 (crise financeira global),

destacando-se o ano de 2007, no qual o volume de operações

mundiais de F&As atingiu o recorde de US$ 4,4 trilhões (THOMSON

FINANCIAL REUTERS, 2009).

Fonte: Extraído de Camargos e Carmargos (2010)

Como justificativa para as ondas dos processos de F&A, pode-se afirmar

que os mesmos ocorrem principalmente em períodos de alta atividade

econômica, estando assim diretamente relacionados aos mercados de capitais.

Os motivos econômicos mais comuns para a realização de F&A são: o rápido

desenvolvimento da tecnologia e os rápidos movimentos nos preços das ações.

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No Brasil até os anos 90, as operações de fusões e aquisições eram

incipientes e, quando ocorriam eram realizadas por empresas de grande porte;

com o início da globalização essas práticas passaram a ser mais comuns,

tornando-se nos dias de hoje mecanismo de crescimento das empresas.

Em análise realizada na pesquisa da KPMG (2016), é possível verificar

a evolução destes processos no país, conforme Quadro 4:

Quadro 4: Histórico da evolução das fusões e aquisições no Brasil

Período Fatos ocorridos

Até 1993 Marcado pela abertura da economia, onde se registra grandes fusões e aquisições em setores considerados básicos, como produtos químicos, metalurgia e siderurgia.

De 1994 á 1997 Marcado pelo plano real e a concentração de negócios financeiros, eletroeletrônicos e autopeças.

De 1998 á 2000 Os setores que mais concentraram negociações foram telecomunicações e tecnologia da informação.

De 2001 á 2008

Beneficiado pela estabilidade econômica, refletida nos baixos índices de inflação e do risco-país, que se encontrava em menor patamar do que nos anos anteriores. O momento de crescimento da economia mundial também foi um fator determinante para esse salto no volume de processos F&A.

A partir de 2009

Marcado pela crise internacional de 2008, o país sofreu uma redução das F&A em 2009, porém apresentou uma retornada a partir de 2010, com um aumento significativo das operações de F&A, demonstrando um ambiente de negócios dinâmico e sofisticado, consolidando essa cultura nas estratégias de crescimento das empresas.

Fonte: adaptado pelo autor, KPMG, (2016).

No atual momento do Brasil, devido a uma crise política e econômica

que o país vem enfrentando, as empresas vêm adotando uma postura mais

conservadora, reduzindo seu ritmo de investimento e analisando as

oportunidades no mercado para, no momento da retomada do crescimento

econômico, realizarem sua estratégia de fusão e aquisição.

Essa estratégia das empresas reforça o referencial teórico de Camargos

e Barbosa (2003), pois comprova que o interesse e análise de viabilidade

ocorrem em momentos de retração econômica, enquanto, os processos de

fusões e aquisições se efetivam em épocas de alta atividade econômica, quando

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os mercados estão aquecidos e as empresas têm seu planejamento de longo-

prazo efetivado e buscam o fortalecimento no mercado.

Camargos e Barbosa (2003), também explicam que a teoria das F&A, embora o

foco de atenção de inúmeras ciências sociais como Administração, Economia,

Contabilidade e Direito, ainda necessita de maior entendimento e

sistematização. Apesar disso, muitas empresas vêm adotando esse processo

por diversas razões e motivos para obter seu crescimento.

2.1.4 Razões e Motivos das Fusões e Aquisições:

Os motivos para a realização de fusões e aquisições estão

fundamentados de acordo com Camargos e Camargos (2010) em duas teorias:

a) Teoria neoclássica da maximização da riqueza: em que as forças do

mercado incentivam os dirigentes a tomarem decisões que maximizem a

riqueza dos acionistas;

b) Teoria da maximização da utilidade gerencial: as fusões e aquisições são

utilizadas como instrumentos que servem aos interesses dos dirigentes,

que em muitos casos motivam estimativas equivocadas de sinergias e

criação de valor, aumento do tamanho da empresa e das compensações

dela decorrentes.

Segundo Martelanc, Pasin e Cavalcante (2005), normalmente, uma

fusão ou aquisição tem como principal finalidade resolver deficiências ou

carências em termos mercadológicos, tecnológicos ou de talentos para a gestão

do negócio.

Para Ashkenas, Francis e Heinick (2011), as empresas participam de

fusões e aquisições, por muitas outras razões como: (i) aumentar o volume e

margens, (ii) diversificar as fontes de receita, (iii) entrar em novos mercados, (iv)

expandir o alcance global, (v) ganhar acesso a novos produtos e tecnologias.

Para esses autores, a obtenção de resultados mensuráveis nesse processo é

considerada uma grande realização, pois tem-se a oportunidade de acompanhar

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o desenvolvimento da empresa durante todo esse processo e conduzi-la para

um retorno econômico por muitos anos.

Ao tratar da função das operações de fusões e aquisições, Barros (2003)

também enumera várias razões explicando que as empresas que se envolvem

nesses processos buscam aumentar o volume e margens, diversificar as fontes

de receita, entrar em novos mercados, expandir o alcance global, ganhar acesso

a novos produtos e tecnologias, e assim por diante. Explica a autora, que a

literatura de F&A identifica duas grandes lógicas para a compra de empresas. A

primeira, ligada à maximização do valor da empresa, tem como principal motivo

o aumento do valor para o acionista, imprimindo sinergia por meio de economia

de escala ou transferência de conhecimento. A segunda, devido a fortes

motivações do corpo diretivo, está apoiada na lógica de mercado, no aumento

de market share, no prestígio da direção e na redução do nível de incerteza.

Como já foi apresentado anteriormente, são vários os fatores que

motivam uma decisão de aquisição ou fusão de empresas; Caixeta (2010, pp. 5)

corrobora os motivos citados anteriormente e amplia a lista acerca das razões

para a aquisição de uma empresa:

I. “Irracionalidade individual nas decisões de dirigentes: justificativa

hipotética para as fusões, segundo a qual, sob condições de incerteza,

os indivíduos nem sempre tomam decisões racionais; essa

irracionalidade é diluída ou anulada quando considerada de forma

agregada na interação dos vários agentes econômicos.

II. Compensações e incentivos tributários: advindos de créditos

tributários, relativos ao fato de prejuízos acumulados por uma das

firmas envolvidas poderem ser compensados em exercícios futuros

pela outra firma que venha apresentando lucros.

III. Custos de reposição e valores de mercado: situação existente quando

os custos de reposição dos ativos de uma firma forem maiores que o

seu valor de mercado.

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IV. Busca de economias de escala e escopo: advindas de possíveis

reduções nos custos em função do aumento do nível de produção,

maior racionalização do esforço de pesquisa e desenvolvimento, uso

conjunto de insumos específicos não divisíveis e transferência de

tecnologia e conhecimento (know-how).

V. Efeitos anticompetitivos e busca do poder de monopólio: advindos de

ganhos com o aumento da concentração de mercado e da

consequente redução da competição.

VI. Redução do risco de insolvência: advinda da fusão entre duas ou mais

firmas com fluxos de caixa sem correlação perfeita (F&As

conglomerado e co-seguro).

VII. Razões Gerenciais: as F&As podem ocorrer visando tanto o aumento

do bem-estar dos diretores das firmas, mesmo que a operação cause

impacto negativo no valor de mercado de suas ações, como a

substituição de diretores que não estejam maximizando o valor de

mercado de suas firmas.

VIII. Capacidades adicionais e sinergias: decorrentes do crescimento da

demanda e da expectativa de aumento na riqueza dos acionistas como

resultado da fusão”.

As motivações de um processo de F&A provêm das estratégias definidas

por cada empresa e seus dirigentes e, dependendo da qualidade do diagnóstico

da situação e escolha dos meios, podem gerar tomadas de decisões muitas

vezes equivocadas e precipitadas, ocasionando frustrações e a não obtenção

dos objetivos iniciais de uma fusão e aquisição. Essas frustrações e a perda do

objetivo inicial, foram as razões que atraíram alguns autores a pesquisar as

razões dos sucessos e fracassos nesses processos.

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2.1.5 Fusão e aquisição: sucessos e fracassos:

Neste mundo globalizado e competitivo, onde os recursos são sempre

escassos para atender a todas as demandas internas e externas das empresas,

utilizar bem as ferramentas que possibilitem a priorização da aplicação dos

recursos, faz a diferença entre o sucesso e o fracasso.

A consultoria Hay Group, realizou no ano de 2012 uma pesquisa

intitulada Dangerous Liaisons: How to keep Intangible Assets from becoming

M&A Liabilities, demonstrando ser de apenas 9% os processos de fusões e

aquisições que atingiram plenamente seus objetivos, e que a maioria das

questões que causaram 91% da perda dos objetivos não estavam ligadas aos

problemas encontrados no balanço ou em outros processos de due diligence

mensuráveis. Essa pesquisa verificou que um número elevado dos problemas

estava ligado aos ativos intangíveis, aqueles relacionados ao capital humano,

organizacional e relacional.

Para que o processo de fusão e aquisição possa ser avaliado pelos

pesquisadores, se os objetivos foram alcançados e surtiram o efeito desejado ou

não, vários fatores relacionados ao processo são analisados. De acordo com

Barros (2003), uma das inquietações que nortearam a realização de pesquisas

sobre os processos de fusões e aquisições é a alta taxa de fracassos dessas

operações, se considerada a expectativa de retorno do investimento realizado.

Analisando as questões de fracasso de um processo de F&A, Cartwright

e Cooper (1996, apud PIRES, 2011, pp.61), citando um texto do British Institute

of Management relacionam dezesseis fatores para os fracassos dos processos

de F&A e destacaram oito fatores como os principais:

I. “Subestimar a dificuldade de fusão de duas culturas;

II. Subestimar o problema de transferência de habilidades;

III. Desmotivação dos funcionários da empresa adquirida;

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IV. Saída de pessoas-chave da companhia adquirida;

V. Muita energia dispendida em “fazer acontecer” e não suficiente para

o planejamento e integração pós-aquisição;

VI. Atraso na tomada de decisão decorrente da falta de clareza das

responsabilidades e conflitos pós-aquisição;

VII. Negligência com a manutenção dos negócios existentes da firma

adquirida;

VIII. Pesquisa insuficiente sobre a empresa adquirida“.

Conforme mencionado por Cartwright e Cooper, boa parte dos

problemas, que ocasionam os fracassos, está relacionada à gestão de pessoas,

envolvendo fatores como falta de planejamento e acompanhamento

inadequado no quesito integração das pessoas, consideração da cultura da

empresa adquirida e a necessidade de uma liderança ativa, que deve estar

presente em todas as fases do processo e principalmente na fase de pós-fusão

e aquisição, que é o período mais crítico do processo.

Deve ser destacado também que, apesar dos fracassos, existem casos

de sucesso. Mesmo que em um percentual menor, esses casos também foram

estudados e através deles podem-se identificar quais fatores estão associados

com o êxito no processo de fusão e aquisição. O Quadro 5 apresenta diversos

fatores que são associados às causas de sucesso que estão presentes na

literatura.

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Quadro 5 – Fatores associados ao sucesso das F&A:

Tópicos Autores Conceitos Gerente de mudanças Kitching (1967) Qualidade do talento dos dirigentes é importante.

Habilidade para a tarefa Kitching (1967) A soma das habilidades dos dirigentes precisa ser

maior do que as tarefas dos dirigentes em juntar

as organizações.

Transferências de

responsabilidades

de dirigentes

Pribilla (2002)

Importante

Relação entre os

dirigentes

Kitching (1967) Importante

Posicionamento Kitching (1967) Existência ou não de uma estratégia para

crescimento e diversificação. Critérios efetivos

de aquisição Kitching (1967) Existência de critérios efetivos de aquisição, que

sejam consistentes e rigorosamente aplicados. Análise das

necessidades futuras Kitching (1967) Análise das necessidades futuras,

particularmente dos recursos financeiros, e do

retorno projetado. Cooperação Pribilla (2002) Importante

Compartilhamento da

utilização dos recursos

Pribilla (2002) Importante

Habilidades tais como o

desenvolvimento de know-

how

Pribilla (2002)

Importante

Foco no cliente Pribilla (2002) Importante

Forte liderança

McKinsey (apud

KOCH, 2002)

Necessária para tomar claras e rápidas decisões

em questões fundamentais, reiterando as decisões

na estrutura organizacional e a definição de áreas

de responsabilidade por meio dos apontamentos

do staff central.

Elevado nível de aspiração

McKinsey (apud

KOCH, 2002) Companhia deve tomar vantagens de todos os

potenciais sinérgicos disponíveis e estabelecer

objetivos ambiciosos para si mesma desde o início

do processo.

Integração Cultural McKinsey (apud

KOCH, 2002) Fator frequentemente subestimado e, portanto, não

diretamente endereçado.

Fonte: Extraído de Pires, 2011.

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Dos fatores apresentados no Quadro 5, deve-se destacar que boa

parte deles são consequência de um planejamento bem estruturado e

acompanhado de dirigentes engajados à sua equipe. Outro ponto que se destaca

é a integração cultural que deve estar em sintonia com todo o processo.

Esses fatores fazem toda a diferença no processo de F&A, porque o

dirigente possui as informações necessárias ao processo, o que gera

comunicação direta e transparente, reduzindo as incertezas e inseguranças dos

colaboradores e contribuindo para o respeito à cultura da empresa adquirida num

processo mais efetivo de integração entre as culturas organizacionais.

Conforme exposto neste capítulo, um dos principais fatores dos

insucessos das F&A está relacionado à cultura organizacional; dessa forma faz-

se necessário o aprofundamento sobre os conceitos da cultura organizacional,

como também, resgatar a sua importância nos processos de F&A,

principalmente no que se refere à integração e aos resultantes culturais desse

processo.

2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL

O número crescente de fracassos de fusões e aquisições, nos últimos

anos, tem chamado a atenção para a importância da cultura organizacional, no

aspecto de que o sucesso ou fracasso dessas operações estão intimamente

ligados a importância que os responsáveis pelo processo de F&A dão à cultura

organizacional.

2.2.1 Conceito e Definições:

O conceito de cultura é necessário e muito utilizado porque atende a

várias necessidades e a vários interesses da sociedade e dos próprios

pesquisadores. A cultura implica estabilidade, enfatiza demonstrações

conceituais, serve como fator aglutinador para levar os membros do grupo em

direção ao consenso, implica dinâmica e padronização.

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Em 1962 foram identificadas 164 definições diferentes do conceito de

cultura e esse número vem crescendo. O termo cultura é muito utilizado. Essa

palavra possui inúmeros significados, todos derivados de sua raiz latina, que se

refere à plantação no solo. Em muitas línguas ocidentais, cultura significa

civilização ou refinamento da mente e, em particular, os resultados desse

refinamento, como educação, arte e literatura.

Segundo Santos (2000), o termo cultura tem sido definido na literatura

organizacional pelos diferentes autores como:

“...cultura organizacional consiste em um conjunto de símbolos, cerimônias

e mitos que comunicam os valores e crenças subjacentes da organização

aos seus empregados. Estes rituais concretizam aquilo que, do contrário,

seriam ideias esparsas e abstratas, dando-lhe vida de modo a que tenham

significado e impacto para um novo empregado”. (OUCHI, 1981, pp. 35);

“...cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um

grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com seus

problemas de adaptação externa e de integração interna, e que funciona

suficientemente bem para serem considerados validos e ensinados a novos

membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a

esses problemas” (SCHEIN, 1984, pp. 9);

“... cultura inclui crenças, entre outras coisas, a respeito dos objetivos

organizacionais, critérios de desempenho, distribuição de autoridade,

legitimidade das bases de poder, orientação para tomada de decisões,

estilos de liderança e motivação” (QUINN, McGRATH, 1985, pp. 51);

“...os valores e crenças compartilhadas pelos membros de uma

organização, a qual funciona como um mecanismo de controle

organizacional, informalmente aprovando ou proibindo comportamentos e

que dá significado, direção e mobilização para os membros da organização.

(SANTOS, 2000, pp. 38);

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36

“... ora a cultura é vista como um elemento residual, uma variável possível

de ser neutralizada, ora é vista como um elemento estrutural nas

organizações – capaz de “moldar” os indivíduos que nelas atuam e de levá-

los ao sucesso ou ao fracasso – ou, mais raramente, como “algo” que a

organização “é”. (BARBOSA, 2011, pp. 107).

Para Marks e Mirvis (2010), a cultura abrange uma maneira como as

coisas são feitas em uma organização. Os autores retratam a cultura

organizacional como um iceberg, onde somente a parte da superfície podemos

ver mais facilmente, sendo essa retratada como as manifestações físicas e os

símbolos da empresa (suas instalações, logomarca, comunicados oficiais, etc.).

A parte de baixo da superfície é representada por suas funções e normas, suas

crenças e valores que moldam a sua filosofia empresarial e suas práticas.

De acordo com Freitas (2010) é através da cultura organizacional que se

define e se transmite o que é importante, os comportamentos que são

considerados apropriados nos ambientes interno e externo. Para as empresas,

é através dos elementos culturais que elas se apresentam como um centro de

excelência, engajados na sua missão e no seu projeto de crescimento e atuação

no mercado global.

Com base nos autores pesquisados, pode-se interpretar que a cultura

organizacional de um modo geral, é como um território das empresas, onde são

definidos seus valores, crenças e são transmitidos os comportamentos culturais

que são importantes para aquela empresa. Em muitas vezes, essa cultura é

utilizada como mecanismo de controle, a fim de moldar as relações cotidianas,

causando uma sensação de grupo e de segurança, para que os indivíduos

atinjam os objetivos propostos pelas empresas.

2.2.2 Cultura Organizacional na fusão e aquisição:

As pesquisas sobre cultura organizacional vêm se intensificando em

decorrência de diversos acontecimentos mundiais, como a globalização, as

alianças estratégicas e as fusões e aquisições. Neste cenário mundial,

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37

destacam-se os processos de F&A, os quais visam ganhar sinergias financeiras

e tecnológicas, aumento na sua produção em escala, ampliação do seu mercado

geográfico, sendo todos esses fatores combinados decisivos para o aumento de

participação no mercado.

Nas pesquisas analisadas, destacam-se as questões relativas aos

relacionamentos humanos como fatores-chave para o sucesso dos processos

de reestruturação. Nos mercados mundiais, dois fatores foram avaliados como

atividades críticas no plano de integração: integração de culturas e gestão das

pessoas.

A integração é considerada a fase de ajuste de planejamento, estratégia,

pessoas, processos e culturas. A forma de integração (pós-aquisição) deriva das

razões que motivaram o processo de fusão e aquisição, pelo tamanho das

empresas envolvidas, pela capacidade gerencial instalada da adquirente, pela

necessidade de manutenção do corpo social e pela situação financeira da

empresa adquirida (BARROS, 2003). Quando as expectativas não são

alcançadas, a avaliação concentra-se na revisão dos fatores que antecederam

as decisões. Dessa forma, podem existir aspectos relacionados aos fatores

humanos que podem determinar o sucesso ou fracasso da fusão e aquisição.

Segundo Souza (2012), a questão cultural assume um papel importante

nos processos de fusão e aquisição, tendo em vista a função decisiva que ocupa

para que obtenham sucesso. Para a autora, um dos maiores desafios é o

surgimento da insegurança entre os colaboradores. Esse sentimento é causado

pelo risco da perda de emprego, reestruturação de responsabilidades,

interrupção de carreiras e redução de poder. Dessa forma, o temor deriva do

desejo de manter a própria identidade, não querendo se adequar à nova.

De acordo com Copeland, Koller e Murrin (2002), as F&A geram um

sentimento de incerteza e stress nas organizações envolvidas. Quando a

transação é anunciada, muitos colaboradores ficam ansiosos e temem perder

seus empregos e, com isso, perdem o entusiasmo pelo trabalho. Geralmente o

tempo levará a uma maior calma, mas é importante definir rapidamente o nível

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administrativo superior para minimizar a perturbação. Também é essencial que

a alta administração identifique as pessoas críticas para a continuação do

processo e acione um plano de retenção desses colaboradores para que

permaneçam na organização. Eles geralmente são bem conhecidos pelos

concorrentes e são vulneráveis à atração para outras empresas. Uma vez

convencidos dos benefícios trazidos pela transação, eles podem ser

representantes úteis em toda a organização.

Segundo Senn (1992), quanto mais cedo uma aparência de certeza do

destino da organização puder ser comunicada, mais cedo as pessoas se

acalmarão. Por isso é fundamental manter uma comunicação constante e franca

com os colaboradores, pois ajudará na redução do medo e do ressentimento que

podem ser gerados pela falta de transparência. Uma vez criada uma nova visão

para a empresa e estabelecidos os novos objetivos, as pessoas podem focar

suas energias para o futuro.

As empresas que estão no processo de fusão têm histórias únicas,

culturas e formas diferentes de conduzir o negócio. Quando uma fusão ou

aquisição reúne duas empresas, é uma reação natural das pessoas comparar o

seu próprio grupo com o outro e fazer distinções entre eles, o que muitas vezes

precipita um choque entre as culturas (MARKS; MIRVIS, 2010).

2.2.3 Choque entre Culturas Organizacionais na fusão e aquisição:

Quando duas empresas iniciam uma aproximação para realizarem um

processo de fusão ou aquisição, muitas características são levadas em

consideração, como por exemplo: seus produtos, mercado de atuação, formas

de gerir seus negócios e suas histórias de sucesso. Porém, em alguns casos, as

culturas organizacionais das empresas são negligenciadas em um primeiro

momento, mas acabam aparecendo durante o processo de integração das

empresas. No momento da integração, as pessoas reparam principalmente nas

diferenças das culturas entre as duas empresas.

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Conforme Viana, et al. (2014), mesmo com a importância do

planejamento na etapa de integração, a maioria das empresas não o faz. Barros

(2003, pp. 31) afirma que “os compradores comportam-se como tubarões no

frenesi de se alimentar; uma vez apanhada a presa, perdem o interesse em

comê- la”.

Diante disso, pesquisas realizadas por Barros (2001) e Marks e Mirvis

(2010), constataram que os choques culturais quando não detectados

inicialmente ou não resolvidos, podem desdobrar-se através de várias etapas ou

estágios:

Primeiro estágio é aquele que as empresas ainda não estão operando

conjuntamente e a administração é feita separadamente e acompanhada em

uma determinada distância. As diferenças não são notadas.

Segundo estágio é aquele que se caracteriza pelas manifestações das

diferenças. Elas são notadas nos estilos diferenciados de liderança e dos

rituais típicos de cada cultura.

Terceiro estágio se caracteriza pelo aumento das diferenças. As pessoas se

agrupam com base nas suas culturas e algumas manifestações são

interpretadas como forma de ampliar as diferenças existentes, ficando

evidente o conceito de “nós e eles”. Nesse estágio, é frequente ocorrerem

os “estereótipos”, ou seja, as pessoas começam a estigmatizar os

profissionais da empresa adquirida (ex.: “pica-pau” – profissional com pouca

experiência) ou da empresa adquirente (ex.: cavaleiro do apocalipse).

Quarto estágio é aquele que ocorre através de uma gestão de pessoas

eficiente, colocando as diferenças na escala real, de modo que seria

possível aprender com as diferenças e gerir a diversidade.

Conforme os autores supracitados, na maioria dos casos o quarto

estágio não ocorre, pois com grande frequência os profissionais da empresa

“adquirente” tendem a colocar-se em uma posição de superioridade e

desqualificar os outros. Quando a empresa “adquirida” chega a esse estágio,

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inicia-se um sentimento de perda e um descontentamento. Essa tensão entre

profissionais acaba gerando uma posição defensiva e aumentando a resistência

à integração das culturas e a saída daqueles que acreditam estar na parte

perdedora.

2.2.4 Minimizando os choques as culturais

A melhor maneira de controlar essa situação é a empresa “adquirente”

agir de forma explícita e transparente no novo processo decisório. O dirigente da

empresa adquirente não pode cair na tentação de utilizar-se da figura do

“vencedor” ou passar a ideia de que sua cultura é mais “moderna” ou “mais

eficiente”; caso isso venha a ocorrer, a chance de agravamento da situação é

enorme.

Nos casos de sucessos de aculturamento relatados por alguns autores,

o que chama a atenção é que não há uma fórmula ou um caminho seguro a ser

trilhado, e sim, um trabalho árduo do dirigente e de sua equipe no continuo

planejamento, da comunicação (de forma rápida e direta, reduzindo assim as

expectativas de ambos os lados), o enfrentamento das decisões difíceis desde

o início do processo (equalizações de recursos humanos) e manter-se flexível

quanto aos problemas e situações que podem ocorrer durante o processo.

“Os estudos mostram que no mínimo 75% do tempo dos dirigentes deve

ser destinado à comunicação, seja falando, interagindo, lendo, ouvindo: isto é,

sob as lentes de sua cultura, o sucesso dessas interações depende de como os

atores interpretam os fatos, decodificam todos os sinais emitidos por pessoas

que, neste mundo cada vez mais global, têm referencias culturais diversas. A

habilidade de decodificar diferentes culturas está presente no perfil do executivo

bem-sucedido dos novos tempos”, Barros (2001, pp.112).

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Para Mota (2009, pp.38) alguns pontos essenciais devem ter destaque

para ampliar o sucesso na integração humana em processos de fusão ou

aquisição:

• Liderança coesa e preparada: os líderes precisam estar unidos, com uma

visão clara da direção a seguir e das mudanças a serem feitas,

reconhecendo a importância das pessoas;

• Clareza na comunicação: transmitir informações seguras o mais

rapidamente possível;

• Clareza na missão, estratégia e objetivos: trabalho a fim de que sejam

reconhecidos pelos profissionais como motivadores e direcionadores das

decisões;

• Conhecimento dos valores dos profissionais: deixar claras as

expectativas, tanto no que se refere ao desempenho como em relação

aos valores em cujos comportamentos estarão baseados;

• Estabelecimento de sistemas de avaliação: claros, justos e objetivos,

vinculados aos objetivos e à estratégia da empresa;

• Busca de pontos em comum entre as culturas que compõem a nova

cultura: trabalhar para que uma nova cultura nasça;

• Estímulo ao trabalho em equipe: desenvolver equipes que trabalhem com

o mesmo foco, construindo em colaboração e união projetos que

implementem as mudanças necessárias.

Como apresentado, não há uma fórmula de sucesso ou um manual de

“best-practices” para ser seguido, para dessa forma atingir o sucesso na

integração de culturas. O que pode ser realizado, desde que, respeitadas as

culturas organizacionais das empresas envolvidas, é um planejamento eficiente

e flexível, devendo a empresa possuir uma liderança coesa e preparada para os

desafios desse processo.

2.2.5 Estratégia de Integração das culturas:

Senn (1992,) destaca que uma das grandes preocupações dos

processos de F&A deve ser quanto ao lado humano e os resultados para

gerenciar a cultura pós-integração.

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Marks e Mirvis (2010) identificam que a opção pelo tipo de integração

entre as organizações nos processos de F & A é fundamentada na estratégia

que motivou a operação.

Tanure, Evans e Pucik (2007), utilizando-se como referência Marks e

Mirvis (1998), elenca as diferentes tipologias de integração da cultura, conforme

descrito:

Assimilação: essa estratégia de integração é a que mais causa

ansiedade nas pessoas, pois, remodela seus processos para absorver

a empresa adquirente e, no tempo mais curto possível, modificando

sua cultura; é a estratégia utilizada na maioria dos processos de

aquisições. Suas características são: alto grau de mudança para a

empresa adquirida e baixo grau de mudança para a empresa

adquirente;

Mescla: comum em fusões e joint ventures, busca complementaridade

de competências. Nesse caso, a tarefa do dirigente deve ser a de

identificar talentos que deve reter e gerar conhecimentos cruzados.

Suas características são: moderado grau de mudança para a empresa

adquirida e moderado grau de mudança para a empresa adquirente;

Pluralidade: preserva a cultura e o modelo de gestão da empresa

adquirida e da adquirente. Normalmente é utilizada para os casos em

que a compra é motivada pela aquisição de competências e tem como

objetivo manter praticamente intacta a cultura e o modelo de gestão

das empresas envolvidas. Suas características são: baixo grau de

mudança para a empresa adquirida e baixo grau de mudança para a

empresa adquirente;

Movimento reverso: menos frequente, ocorre se a cultura da adquirida

é mais forte e mais adequada para o modelo de competição que se

espera no futuro; nesse caso a empresa adquirida dita as regras. Suas

características são: baixo grau de mudança para a empresa adquirida

e alto grau de mudança para a empresa adquirente;

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Transformação: mudança significativa do modelo de gestão da

empresa adquirida e adquirente; é mais comum nas fusões e joint

ventures. Ocorre quando os modelos de ambas não estão totalmente

adequados ao que se espera do futuro e um executivo de fora é

chamado para gerenciar a integração entre as empresas. Suas

características são: alto grau de mudança para a empresa adquirida e

alto grau de mudança para a empresa adquirente.

Os mesmos autores classificam as formas de integração conforme seu

maior e menor grau de mudança na cultura da empresa adquirente e da

adquirida, da seguinte forma (Quadro 6):

Quadro 6: Diferentes tipologias de integração da cultura:

Fonte: Tanure, Evans e Pucik (2007, pp. 88)

Para Barros (2003), os processos de fusão e aquisição, tanto do ponto

de vista de gestão, quanto do negócio, podem ser considerados amigáveis ou

hostis, dependendo da posição ocupada pelas pessoas. Na concepção do

processo, as fusões hostis são aquelas em que a empresa comprada não tem

desempenho suficiente para sobreviver e, mesmo contra a vontade da alta

direção, a aquisição é feita. Nesses casos, todas as fases e sentimentos

relacionados anteriormente, de dor e sofrimento, da sensação de existirem

perdedores e ganhadores são potencializados.

47

Quadro 2 - Estratégias de integração segundo o grau de mudança das empresas envolvidas

Alto Assimilação Empresa adquirida sujeita-se à empresa adquirente

Transformação Cultural Ambas as empresas encontram novas formas de operação

Grau de mudança da empresa adquirida

Mescla Melhor de ambas Somatório das duas empresas

Baixo

Pluralidade Empresa adquirida

mantem-se independente

Movimento reverso Empresa adquirida dita as regras do jogo (Caso incomum)

Baixo

Grau de mudança da empresa adquirente

Alto

Fonte: Adaptado de TANURE , 2003 , p. 33.

Tanure, Evans e Pucik (2007) esclarecem cada uma das estratégias de

integração tendo em vista os aspectos culturais e os impactos na gestão das

pessoas. Na assimilação, gestão de pessoas deve remodelar seus processos para

absorver a empresa e, no tempo mais curto possível, modificar sua cultura; é a

estratégia utilizada na grande maioria dos processos de aquisições. De acordo com

os autores, outra forma de integração, a mescla, busca complementaridade de

competências. É muito comum em casos de fusões ou de joint ventures, em que a

área de recursos humanos deve estar preparada para gerenciar os conhecimentos

cruzados e a coordenação, melhorar o processo de confiança e a identificação dos

talentos que deve reter. A pluralidade é utilizada para os casos em que a compra é

motivada pela aquisição de competências e tem como objetivo manter praticamente

intacta a cultura e o modelo de gestão das organizações envolvidas.

Já a estratégia menos comum é a do movimento reverso, em que o processo

de mudança ocorre na compradora tendo em vista, principalmente, a cultura da

adquirida ser mais forte e mais adequada, na avaliação do comprador, para o

modelo de competição que será utilizado no futuro. Na transformação, existe uma

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Neste capítulo, buscou-se demonstrar a importância da cultura

organizacional, bem como, a integração da cultura através dos estudos

expostos. Além disso, as empresas devem preocupar-se em planejar-se para a

realização das integrações, não se esquecendo de outro ponto importante, os

dirigentes. Os dirigentes serão os responsáveis pelo acompanhamento de todo

processo; eles devem estar capacitados a desenvolverem seus papéis

corretamente, a fim de liderarem a integração da cultura e da gestão das pessoas

de forma adequada para que os objetivos iniciais da F&A sejam alcançados com

êxito.

2.3 GESTÃO DE PESSOAS: O PAPEL DOS DIRIGENTES

Conforme mencionado no capitulo anterior, a cultura organizacional é

influenciada por uma série de elementos. Dentre os autores que já discorreram

sobre o assunto, Schein (2010), afirma que o fundador, proprietário ou dirigente

da empresa são os que contribuem mais significativamente para a formação e a

formatação da cultura da empresa. Dessa forma, as empresas vêm exigindo de

seus dirigentes uma nova visão empreendedora e uma rápida adaptação aos

dias atuais. Dentro deste cenário, pesquisadores vêm realizando estudos para

conceituar e analisar esse dirigente e qual o seu papel nos processos de

integração das culturas e pessoas nas F&A.

2.3.1 Conceito e características dos dirigentes

Em pesquisa realizada por Tanure em conjunto com um grupo da

Wharton University, da London Business School, e com Soares (2011), foi

mencionado um novo conceito para os gestores no ambiente do século 21.

Esses gestores foram definidos em três papéis importantes e distintos entre si,

conforme a autora:

• Gestor: profissional que tem um cargo formal de "chefia" e é

responsável por outras pessoas. Um bom gestor é eficiente na criação

de bases para resultados empresariais sustentáveis, na articulação e

viabilização dos componentes mais racionais da gestão de uma

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empresa.

• Líder: profissional que opera com a energia que mobiliza a empresa.

Seu foco está na dimensão mais emocional da gestão, formada por

pessoas, liderança e cultura. O líder é legitimado por seus liderados,

que o seguem voluntariamente. A essência da liderança é a capacidade

de construir e sustentar esse relacionamento, que envolve troca,

influência e persuasão.

• Dirigente: É um gestor que consegue somar, em seu perfil e em sua

ação, suas capacidades com as do líder. O conceito de dirigente ou líder

transformador, não está relacionado com topo de hierarquia. Pessoas

de qualquer nível hierárquico podem ser dirigentes em sua esfera de

atuação.

Neste estudo será atribuído o conceito de dirigente aos sócios da

empresa BDO RCS; tal fato deve-se ao seu grau de responsabilidade, as ações

realizadas no processo de F&A e a liderança exercida pelos mesmos na

empresa.

Na mesma pesquisa Tanure (2011), apresentou as características mais

frequentes dos dirigentes ao redor do mundo, são elas:

• Visão de futuro: o dirigente tem um propósito, que são os sonhos, e a

capacidade de compartilhá-lo e de criar significado. Os dirigentes

conseguem imaginar o futuro e transportá-lo para oportunidades reais,

interpretando sinais do ambiente que são imperceptíveis para os demais.

Essa característica exige uma escuta ativa, empatia e inteligência

organizacional e emocional.

• Credibilidade: o dirigente age inspirado por valores como justiça e gera

confiança. Essa característica é construída primeiramente entre líderes e

liderados e não é possível sem a coerência entre seus pensamentos e suas

atitudes.

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• Relacionamento mobilizador: ao relacionar-se, o executivo tem a

capacidade de mobilizar o coração e a alma das pessoas, e para isso um

dos principais requisitos é a comunicação competente. Essa característica

demanda uma comunicação influenciadora para o compartilhamento de

ideias, visões e para a articulação de parcerias e alianças.

• Comportamento “agridoce”: o dirigente gera sofrimento, mas ajuda a cuidar

dele. Ele deve combinar os opostos, de um lado a necessidade

permanente de melhoria do desempenho operacional e produtividade, do

outro lado a necessidade de expansão e contínua revitalização da

estratégia, das pessoas e tudo isso misturado com a cultura organizacional

da empresa.

• Elevado grau de autoconhecimento: o dirigente ouve sua voz interior,

conhece e reconhece seus pontos fracos. Essa característica exige a

ampliação da capacidade de perceber e julgar os elementos ao redor e da

flexibilidade comportamental para lidar de maneira adequada com

situações e pessoas diferenciadas. É um aprendizado que envolve

capacidades emocionais e racionais.

Todas essas características e responsabilidades exigidas dos dirigentes

no cotidiano das empresas acabam se ampliando quando a empresa participa

de um processo de fusão e aquisição. O dirigente deve conjugar suas

responsabilidades diárias com o papel fundamental nos processos de fusão e

aquisição.

2.3.2 O Papel do dirigente na fusão e aquisição

O dirigente deve possuir várias características pessoais conforme

mencionadas anteriormente para gerir o processo de fusão e aquisição. Além

disso, deve estar preparado para um aumento substancial de suas

responsabilidades, atribuições, tempo dedicado à empresa e uma capacidade

de gerenciar várias equipes simultaneamente.

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Conforme Ashkenas, Francis e Heinick (2011), as integrações criam

ambientes temporários para o aumento da capacidade de execução. Há muitas

tarefas que já são realizadas pelos dirigentes e sua equipe no dia a dia, porém

dentro deste processo essas equipes absorvem uma nova carga de trabalho que

deve ser feita em colaboração com pessoas relativamente estranhas em um

ambiente de alta pressão emocional e por um tempo limitado, em que a obtenção

de resultados é uma necessidade absoluta. As equipes devem mobilizar-se

rapidamente, desenvolver planos de trabalho, e priorizar tarefas e tempo, entre

outras habilidades de execução. Todo esse trabalho deve ser planejado e

coordenado pelo dirigente.

Santos e Arbex (2011), acrescentam que os dirigentes podem contribuir

para o processo de fusão e aquisição quando adotam uma postura mais pró-

ativa e dinâmica, e dessa forma, conseguem desempenhar novos papéis dentro

da empresa:

“Diagnosticar os riscos e as oportunidades para a saúde corporativa, construir

uma nova equipe de cúpula, reconfigurar e comunicar a história a corporação,

estabelecer uma cultura de desempenho para a nova companhia, interagir

com novos stakeholders, empreender o aprendizado decisivo da integração

e definir uma agenda de aprendizado para o período pós-integração, traduzir

suas ideias de uma fusão saudável para a linguagem de integração, e

simplesmente conviver com a complexidade e o ritmo extenuante da

integração – tudo isso iria certamente distender ao máximo as capacidades

de desenvolvimento de liderança; é esse o ritmo que a situação impõe”

(SANTOS e ARBEX, 2011, pp. 16).

Sales, Cançado e Tanure (2013), resumem o papel do dirigente como

ele não sendo um decisor no sentido habitual da expressão. A sua ação exige

possuir um nível mais elevado: trata-se, de moldar as condições organizacionais,

políticas, cognitivas, psicológicas que produzam uma ação estratégica

suficientemente ordenada para preservar a estabilidade da empresa.

Para alguns dirigentes todos esses processos não são novidades e,

através de experiências anteriores, eles conseguem maximizar seu trabalho a

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ponto de ser um elo facilitador do processo. De acordo com Osarenkloe (2015)

os dirigentes que possuem experiências anteriores em outros processos de

fusão e aquisição, aprenderam com os erros e possuem uma "estrela guia".

Dessa forma, possuem um estilo de liderança participativo com um viés para a

ação e o envolvimento de toda a equipe na tomada de decisão, possuem uma

comunicação aberta e honesta com os colaboradores e, assim, tendem a facilitar

sua trajetória e buscar o sucesso no processo.

2.3.3 O Papel dos dirigentes na integração das culturas e pessoas

Na integração das culturas, o dirigente tem papel importante, porém,

antes de iniciar os processos, ele deve certificar-se de que conhece bem sua

própria cultura, para que consiga rapidamente identificar incompatibilidades com

a cultura da outra organização. Deve estar preparado e disposto para decodificar

a outra cultura e se envolver em atividades que demonstrem as crenças,

percepções, sentimentos, emoções e reações em várias situações, (BRAZ,

MARANHÃO E ITUASSU, 2015).

Para Zamboni (2013), o grau de aculturação de cada empresa é um fator

indispensável a ser analisado pelo dirigente e deve ser considerado na definição

dos preceitos das mudanças, de forma a ser harmonizável com os desafios nos

casos de fusões, em que haverá a criação de uma nova unidade organizacional,

ou nas aquisições, para que possa resistir a interferência da outra empresa nas

decisões da empresa adquirida.

Como já apresentado por Tanure, Evans e Pucik (2007), os processos

de integração nas culturas das fusões e aquisições podem ocorrer em cinco

formatos diferentes e contendo níveis de imposições diferentes: (i) assimilação

cultural; (ii) mescla cultural; (iii) pluralidade cultural: (iv) movimento reverso; e (v)

transformação. Todos esses formatos devem ser de conhecimento do dirigente

para uma escolha consciente do formato que será aplicado no processo de

integração da cultura, e sempre levando em conta a melhor alternativa possível

para cada caso especifico e que as decisões tomadas produzam o menor

impacto negativo possível no processo.

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Por sua vez, Farinazzo et al. (2008) elucida que não existe um modelo

perfeito de integração cultural, porém na visão do autor esta decisão é um fator

crítico para o processo e, se algo der errado, a empresa perde valor.

Outro fator muito importante para uma empresa, que está no processo

fusão e aquisição, é a integração de pessoas ou a gestão de pessoas. Vários

autores têm estudado a complexidade e os desafios impostos ao dirigente neste

processo. Nesse sentido, Cascio (2010) e Knilans (2009), elencam alguns

desafios que os dirigentes enfrentaram no decorrer do processo e que, bem

conduzidos e resolvidos, podem facilitar o andamento do processo:

I. Captar as informações que tenham ruídos e gerem dúvidas,

esclarecendo-as e evitando assim confusões;

II. Manter as mensagens de forma simples, clara e que ocorram na

velocidade e momento corretos.

III. Reconhecer que nem todas as perguntas têm respostas.

IV. Colocar as pessoas de forma justa na nova empresa.

V. Reter os colaboradores valiosos que podem ajudar a suavizar a

transição.

VI. Fornecer serviços de transição para aqueles que não se encaixam em

novos papéis na nova empresa.

Nesse contexto, os desafios podem ser minimizados e até superados,

deixando o processo de integração de uma forma mais segura. De acordo com

Homem, Oltramari e Bessi (2009), os processos de integração bem geridos,

ajudariam a preservar o senso de ligação do colaborador com a nova empresa

e poderiam ter repercussões positivas sobre a redução do medo, ansiedade e

incerteza.

Ainda falando do papel do dirigente F&A, Viana, et al (2014) explicam

que:

“O líder tem um papel vital, pois ele é apresentado como facilitador na gestão

de pessoas nas fusões e aquisições, já que através do seu conhecimento e

de forma transparente, tem o potencial de reduzir os impactos causados no

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processo. O líder ainda deve impulsionar a equipe para um clima de

motivação, objetivando diminuir os contrastes culturais” (VIANA, et al,

2014, pp. 14).

Dessa forma, pode–se dizer que o dirigente possui atualmente

importante papel em todo o processo de F&A e principalmente na integração

da cultura e das pessoas. Porém, na literatura nem sempre os dirigentes

assumiram este papel de protagonistas nestas integrações, e receberam

várias criticas pelos seus comportamentos de delegar e de se distanciar das

principais decisões sobre a integração da cultura e das pessoas.

Essa visão do dirigente distante das principais decisões das

integrações vem transformando, segundo Souza (2012), a visão dos

dirigentes direcionada às situações críticas das integrações, que passam

principalmente pelas integrações da cultura e das pessoas.

2.3.4 A percepção dos dirigentes quanto ao fator humano na fusão e

aquisição

Alguns autores realizaram pesquisas nas últimas décadas sobre o tema

integração de cultura e a gestão de pessoas nos processos de F&A. Nessas

pesquisas, as conclusões que predominavam eram que, na fase de pós-fusão e

aquisição, as situações relacionadas às pessoas e à cultura, não receberam dos

dirigentes das empresas a mesma atenção dada à estrutura organizacional.

Com o propósito de verificar se houve alguma alteração na percepção

dos dirigentes sobre as situações críticas encontradas no processo de integração

das empresas em processos de fusão e aquisição, Souza (2012) realizou uma

pesquisa com o objetivo de identificar os motivos pelo quais as empresas

decidem por fusões e aquisições e como ocorre o processo de integração (pós-

integração); essa pesquisa visou estabelecer um quadro comparativo entre os

resultados da autora, com o obtido no estudo de mesma natureza realizado por

Betânia Tanure em 2001. A pesquisa contou com a participação de 82 executivos

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que, nos últimos cinco anos, haviam participado de processos de fusão e

aquisição.

Entre outros resultados, a pesquisa confirmou que mesmo transcorridos

11 anos entre os dois estudos, os fatores relacionados a pessoas, como

aceitação dos corpos gerenciais e de colaboradores, bem como, as diferenças

entre culturas, continuam a ser consideradas críticas no período de pós-fusão e

aquisição, (Gráfico 2 e 3).

Gráfico 2 - Situações críticas encontradas no processo de integração (2012)

Fonte: Souza (2012, pp. 81).

Gráfico 3 - Situações críticas encontradas no processo de integração (2001)

Fonte: TANURE, (2003, pp.48).

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De acordo com Souza (2012), os dois gráficos apresentados demonstram

que os aspectos relacionados à cultura e às pessoas sempre são e serão

sensíveis em processos de fusão e aquisição e, por essa razão, precisam ser

alvo de atenção contínua.

Outra pesquisa, que avaliou a perspectiva dos dirigentes e profissionais

envolvidos neste tipo de transações, foi realizada pela consultoria americana

Mercer3 (2016), que entrevistou e analisou as respostas dos profissionais

envolvidos em 847 transações em que a consultoria executou trabalhos, em

diversos países no mundo durante o ano de 2015.

Essa pesquisa ratificou as preocupações destacadas por Souza (2012),

pois, identificou que 46% dos participantes do estudo identificaram como focos

críticos e de atenção no processo de integração: a equipe de liderança (corpo

gerencial), a retenção de talento (aceitação dos funcionários) e a cultura. Um fator

novo destacado nesta pesquisa foi a preocupação dos vendedores com as

questões relativas aos fatores humanos, pois, no entendimento desses

dirigentes, os fatores bem gerenciados reduzem o risco e maximizam o valor do

negócio.

As conclusões dessa pesquisa corroboram com a literatura apresentada

no referencial teórico em que os principais problemas apontados no processo de

integração na F&A estão relacionados aos fatores humanos: culturas das

empresas e pessoas. Porém, as pesquisas indicam uma preocupação crescente

com o tema e uma tendência de mudança de estratégia dos dirigentes, não mais

relegando os estudos dos fatores humanos para um segundo plano, mas

iniciando seu processo no mesmo momento em que são realizadas as demais

integrações (financeiras, contábeis, operacionais).

3 Mercer é uma consultoria global voltada à área de Recursos Humanos, sendo líder em talentos, saúde, previdência, investimentos e especializada em integração pós-fusão.

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3. METODOLOGIA:

Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos

usados no estudo, a fim de alcançar os objetivos definidos. A primeira parte

caracteriza o tipo de pesquisa realizada. A segunda parte apresenta técnicas e

instrumentos de coleta de dados. A terceira parte, a população e a amostra. E,

por fim, a quarta parte apresenta a análise dos dados.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – CEP-PUC/SP através do processo CAAE:

52506115.5.0000.5482 e Parecer número 1398309, concluído no dia 29 de

janeiro de 2016, conforme ANEXO 1.

3.1. TIPO DE PESQUISA

A pesquisa buscou levantar e conhecer as opiniões e percepções das

pessoas envolvidas na F&A, para o processo de integração da cultura

organizacional e a gestão de pessoas, visando avaliar e identificar se os

dirigentes incumbiram-se do seu papel nesse processo e conduziram o mesmo

de forma a atingirem o objetivo inicial.

Nesse estudo foi empregada a combinação de duas estratégias de

pesquisa: quantitativa e qualitativa. Essa junção de métodos justifica-se pela

possibilidade de melhor compreensão do fenômeno com o alcance de um maior

aprofundamento de análise e na tentativa de analisar o fenômeno na sua

totalidade, pois não é possível separar a quantidade da qualidade, pois todo

fenômeno qualitativo tem uma dimensão quantitativa e vice-versa.

A metodologia desse trabalho foi a de estudo de caso (YIN, 2001), uma

vez que ela permite maior aprofundamento da análise do objeto de pesquisa,

sendo essa sua maior vantagem. Segundo Yin (2001), esse método representa:

“... a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por

que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando

o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum

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contexto da vida real, em que os limites entre o fenômeno e o contexto não

estão claramente definidos” (YIN, 2001, pp.19).

Ainda Yin (2001) afirma que:

“O estudo de caso se permite uma investigação para se preservar as

características holísticas e significativas da vida real, tais como ciclos de vida

individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas

em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns fatores”

(YIN, 2001, pp.32).

Yin (2001) salienta que muitos pesquisadores demonstram certo

descrédito em relação à estratégia de estudo de caso, devido (a) a falta de rigor

nas investigações; (b) a ausência de base para generalizações e, (c) o consumo

de muito tempo. Apesar das críticas e limitações, o estudo de caso é o método

mais adequado para conhecer em profundidade todas as nuances de um

determinado fenômeno organizacional.

3.2. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

Conforme Yin (2001) a coleta de dados em estudos de casos pode se

basear em muitas fontes de evidências: documental, entrevistas, observação

direta, observação participante e artefatos físicos, sintetizados na Figura 2:

Figura 2: Instrumentos de coleta de dados

Fonte: Adaptado de Yin (2001)

Instrumentos de coleta de dados

Observação

direta

Entrevista

Observação participante

Artefatos

físicos

Consulta em arquivos e análise de

documentos

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Conforme definido por Yin (2001), as informações dos documentos e a

consulta nos arquivos podem assumir muitas formas e constituem uma

ferramenta importante para valorizar as evidências oriundas de outras fontes. A

entrevista é uma das mais importantes fontes de informações em estudo de

casos, pois a maioria delas trata de questões humanas. A observação direta trata

de observar os comportamentos ou condições ambientais relevantes a partir das

visitas realizadas às empresas. Quanto à observação participante, ela ocorre

quando o observador não permanece na posição passiva, ele participa de

eventos que estão sendo analisados, sempre evitando o aspecto tendencioso.

Outra maneira de levantar evidências consiste em analisar os artefatos físicos,

ou seja, observar, o layout da área administrativa, a “distinção” de elevadores

sociais e de serviço, o que pode fornecer subsídios relevantes para o estudo de

caso.

Como os estudos descritivos não se limitam a apenas um método de

coleta de dados, nesse trabalho utilizou-se a combinação de três técnicas:

pesquisa e análise documental; entrevistas semiestruturadas e questionário

fechado. Isso possibilitou a diminuição das limitações encontradas em cada

técnica.

3.2.1 Análise de documentos:

A primeira técnica utilizada no presente estudo foi a de consultas a fontes

internas da empresa a fim de compreender o histórico das F&A, missão, visão,

valores, segmentos de atuação (ANEXO 2). Além das fontes externas, através

da consulta em jornais, pesquisas de mercado e outras mídias.

3.2.2 Entrevista:

A segunda técnica utilizada foi a entrevista semiestruturada, tomando o

cuidado para ser um instrumento que não tomasse mais que 30 minutos dos

sócios da empresa. O objetivo foi estabelecer um contato mais íntimo com os

entrevistados, visando aprofundar os elementos da pesquisa. A flexibilidade da

técnica permitiu o alcance de respostas muito mais ricas e muito mais próximas

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da complexidade das situações e acontecimentos. As entrevistas foram

aplicadas pelo próprio pesquisador com o objetivo de garantir a uniformidade do

processo e foram gravadas e transcritas para não perder nenhuma informação

importante.

O roteiro da entrevista utilizado abordou oito questões e seu conteúdo

procurou explorar qual foi o papel dos dirigentes no processo de F&A da

empresa. Nesse sentido, buscou-se identificar as ações dos dirigentes no que

tange à integração da cultura organizacional, na gestão das pessoas e os

principais desafios enfrentados. O roteiro da entrevista encontra-se no apêndice

1.

3.2.3 Questionário:

A terceira técnica utilizada foi o questionário, tomando o cuidado para

ser um instrumento que não tomasse mais que 15 a 20 minutos dos gerentes e

dos demais profissionais seniores, coordenadores, auditores e consultores,

chamados de “staff”.

O questionário utilizado contém 10 questões, sendo 3 de múltipla

escolha, sendo empregada a escala de Likert de concordância, nas perguntas 8

e 10 variando de “concordo plenamente” a “discordo plenamente” e na pergunta

9, variando de “aumento considerável” a “redução considerável”.

Esta escala transforma a pergunta em uma afirmação e pede ao

colaborador para indicar seu nível de concordância com a afirmação. A

vantagem é que várias afirmações diferentes podem ser fornecidas em uma lista

que não toma muito espaço e é simples para o colaborador completar bem como

para o pesquisador analisar. (COLLIS E HUSSEY, 2005, pp. 174).

Quanto ao seu conteúdo, o questionário investigou três dimensões: (1)

dados pessoais dos participantes em relação a: gênero, faixa etária,

escolaridade, área em que trabalha e a origem do colaborador, ou seja,

pertencente a RCS ou a BDO; (2) o papel do dirigente no processo de F&A,

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compreendendo aspectos como: ações praticadas na gestão de pessoas,

integração da cultura e as dificuldades encontradas e (3) a avaliação dos

dirigentes no pós-fusão como: dirigentes preparados para o processo, ambiente

de trabalho e dirigentes aptos para realizarem uma nova F&A. Buscou-se

conhecer a percepção dos colaboradores em relação ao papel desempenhado

pelos dirigentes no processo de aquisição. Os itens utilizados para medir as

dimensões acima citadas foram apresentados na forma de Escala Likert onde os

resultados a cada um dos itens variavam entre 1 (discordo totalmente) e 5

(concordo totalmente).

O questionário foi desenvolvido na ferramenta de aplicação do Google

Forms, sendo encaminhado a cada participante pertencente à população do

estudo e cujo convite para preenchimento foi enviado por e-mail. O formulário do

questionário encontra-se no apêndice 2.

Para a consistência interna do questionário foi usado para medir a

precisão, que emprega a escala de Likert, o coeficiente alfa, através do

estimador Alfa de Cronbach, obtendo-se o resultado de 0,87. Esse coeficiente

de confiabilidade é considerado altamente satisfatório, tomando-se por

referência que quanto mais próximo de 1.0 estiver Alfa, maior a precisão do

instrumento.

3.2.4 Pré-teste do questionário:

Após a elaboração do questionário, foi realizado um pré-teste com o

sócio Vitor de Almeida e aplicado a uma amostra intencional de 11 (onze)

colaboradores pertencentes à população do estudo, cujo convite para

preenchimento foi enviado por e-mail. O questionário do pré-teste foi respondido

por 9 (nove) colaboradores, durante o período de 29/03/2016 a 31/03/2016.

Tendo como base os comentários recebidos, o formulário foi aprovado na íntegra

sem adições e nem inserções.

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3.3. POPULAÇÃO E AMOSTRA:

A organização pesquisada possui, em dezembro de 2015, uma

população de 1.300 colaboradores e 50 sócios. A seleção da amostra seguiu

alguns critérios. Primeiro, os colaboradores dos questionários e os participantes

das entrevistas deveriam ter vivenciado o processo de F&A desde sua fase inicial

e serem profissionais natos da empresa RCS e da empresa BDO, ocupantes de

cargos nos diferentes níveis da empresa. Segundo, os colaboradores deveriam

estar trabalhando na empresa no momento da realização da pesquisa que

ocorreu entre 29 de março de 2016 a 30 de maio de 2016.

Após as filtragens anteriores, foram selecionados os grupos dos sócios

que faziam parte da sociedade na época da F&A e que continuam na empresa,

no total de 10 sócios. E o grupo dos colaboradores que estavam trabalhando na

época da F&A e continuam trabalhando na empresa, no total de 68

colaboradores.

Quanto ao tipo de amostragem que foi adotada nas entrevistas, optou-

se por selecionar 60% dos sócios que estavam na sociedade no período da F&A

e que representavam as áreas da empresa, ou seja, 6 sócios. Dessa forma,

foram selecionados os sócios responsáveis pelas áreas: Presidência; Auditoria

e Consultoria Tributária; Consultoria Trabalhista; Controladoria e Contabilidade

e Gerenciamento de risco. As entrevistas foram agendadas por telefone, dentro

da disponibilidade de cada sócio e ocorreram na sede da empresa.

Quanto ao questionário, foram convidados 100% da população que

participou do processo de fusão, ou seja, 68 colaboradores. Destes, cerca de

56% dos questionários enviados foram preenchidos e entregues na data

marcada, o que corresponde a 88% do total de questionários respondidos. Um

dos problemas mais significativos foi a não resposta dentro do prazo combinado.

Para tentar reduzir e resgatar a maior parte dos questionários, o prazo foi

estendido para mais uma semana. Nesse período, conseguiu-se resgatar mais

12% dos questionários respondidos. Finalmente, a amostra foi composta de 43

questionários válidos, entre os 68 colaboradores selecionados para a pesquisa.

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3.4. ANÁLISE DOS DADOS:

A Análise dos dados foi executada de forma descritivo-interpretativa,

com abordagem qualitativa e quantitativa. Com a possibilidade dos dois

tratamentos dos dados foi possível a sua melhor compreensão. No caso

especifico, a base teórica e a análise dos dados qualitativos foram a solução

para a compreensão estatística dos mesmos.

3.4.1. Análise Qualitativa:

A Análise qualitativa foi realizada pela técnica de análise de conteúdo.

Segundo Bardin (2011), trata-se de um processo que torna possível

compreender a realidade a partir da interpretação de depoimentos que tenham

vínculo com esta mesma realidade, o que permite enriquecer a pesquisa.

Os procedimentos desta análise foram: pré-análise, exploração do

material, tratamento dos dados, inferência e interpretação.

Na etapa de pré-análise foram desenvolvidas as operações

preparatórias para a análise propriamente dita. Consistiu na definição do corpus

de análise e a formulação dos objetivos da análise.

A exploração do material consistiu no processo através do qual os dados

brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais

permitem uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo

expresso no texto.

Nesta etapa de tratamento dos dados, teve início com a aplicação das

análises léxica e semântica (BARDIN, 2011) no conteúdo das respostas, visando

à construção das categorias.

As respostas às entrevistas semiestruturadas foram processadas pelo

programa SPAD (Système portable d’Analyse des Données). Esse programa

permitiu, em primeiro lugar, a identificação de palavras-chave no discurso dos

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entrevistados e o levantamento dos segmentos de frases que utilizaram tais

palavras. Em segundo lugar, foi possível fazer o cruzamento das respostas

abertas com características dos seus respectivos sujeitos. Nesse sentido foram

identificadas as respostas mais características dos entrevistados por empresa

que representa e por tempo que trabalham nessas empresas. Após essa análise

foi realizada a inferência e interpretação do discurso dos dirigentes, onde

destacou-se as informações da análise, através da quantificação simples.

A análise e interpretação dos dados possibilitaram o entendimento do

papel dos dirigentes na F&A e os desafios que foram superados ou não, na

integração da cultura e da gestão de pessoas. Além disso, foi realizado o

cruzamento dos discursos dos dirigentes pelas variáveis empresa e tempo de

sociedade para verificar as correlações entre as visões dos dirigentes.

3.4.2. Análise Quantitativa:

Na análise quantitativa o primeiro passo foi a extração da tabulação dos

questionários através da ferramenta Google Forms e a seleção dos

questionários válidos.

O tratamento estatístico dos dados obtidos através dos questionários foi

realizado através dos programas SPSS (Statistical Package of Social Sciences)

17.0 e Excell.

O primeiro passo consistiu na construção de tabelas simples e alguns

gráficos para a descrição da amostra observada. A seguir, foram utilizados testes

estatísticos para verificar a relação entre variáveis. A escolha de tais testes foi

determinada pelo nível de mensuração das variáveis e pelo tamanho da amostra.

Por ser uma amostra pequena, foram aplicados testes não paramétricos. Os

testes de Mann Whitney e Kruskal Wallis foram usados para comparar duas ou

mais amostras independentes em relação às respostas aos itens das variáveis

de intervalo (escalas). Por outro lado, através do programa SPAD foi usada uma

análise multivariada, utilizando todas as respostas aos itens das três escalas.

Esse trabalho consistiu na construção de uma tipologia de respostas através de

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uma Classificação Hierárquica para composição de ‘Clusters’. O nível de

significância utilizado nesta pesquisa foi de 0,05.

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo, estruturado em duas partes, tem-se por finalidade

apresentar a empresa e os resultados desse estudo. Na primeira parte trata-se

de descrever o caso da empresa BDO RCS Auditores Independentes, da sua

fundação aos dias atuais. Na segunda parte, trata-se da análise e discussão dos

dados qualitativos e quantitativos da pesquisa.

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA:

Na primeira parte é apresentada a empresa BDO RCS Auditores

independentes na época atual, após 5 anos do processo de F&A. Na segunda

parte o perfil da empresa quanto a sua missão e valores. Na terceira parte, o

histórico da empresa RCS, da sua constituição, passando por algumas F&A até

a última fusão ocorrida com a BDO. E na última parte, é apresentado o

direcionamento estratégico da empresa e o seu modelo de gestão das pessoas.

4.1.1. Empresa:

A BDO RCS Auditores Independentes é uma empresa nacional do setor

de serviços, cuja atividade é de auditoria e consultoria. A empresa é membro da

BDO International Limited, que é a 5a maior empresa de auditoria mundial,

conforme o ranking da International Accounting Bullet 4(IAB). No Brasil, a

empresa possui 21 escritórios em território nacional e desenvolve um portfólio

diversificado de serviços auditoria e consultoria. A operação no Brasil segue

alinhada com a estratégia da rede BDO International e do mercado mundial,

consolidando a BDO RCS como uma das maiores firmas de auditoria e

consultoria do país, reforçando sua posição no grupo das “Big 5”. A empresa

4 International Accounting Bullet: É um Boletim Internacional de Contabilidade, sendo a única revista global, que cobre serviços profissionais pelo mundo. Concentrando-se em questões de negócios que afetam a contabilidade das empresas, redes e associações, é uma fonte confiável para as principais notícias sobre a contabilidade.

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conta com 50 sócios e 1.300 colaboradores, juntando a experiência e a juventude

de diferentes gerações.

4.1.2 Perfil da empresa:

Missão

Atitude para formar equipe com excelência e auxiliar as empresas na

busca e implementação das melhores soluções para uma gestão de sucesso.

Atuando com:

• Responsabilidade

• Credibilidade

• Soluções

Visão

• Conceito

Ser a mais conceituada empresa de auditoria e consultoria do

Brasil.

• Serviços

Prestar serviços ágeis, corretos e personalizados.

• Equipe

Desenvolver a responsabilidade social corporativa, mantendo os

elevados padrões éticos e contribuindo na formação dos

profissionais mais capacitados do mercado.

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Valores

• Integridade

Atuar como parceiro dos clientes e profissionais, sem ocultar,

mentir ou omitir dados relevantes.

• Ética

Manter elevados padrões de ética, sem estabelecer concorrência

desleal para angariar clientes ou profissionais.

• Comprometimento

Entregar o serviço contratado, independentemente do valor

acertado.

• Simplicidade e praticidade

Desenvolver soluções personalizadas, simples e práticas que

contribuam para o desenvolvimento dos negócios dos clientes.

• Visão institucional

O vínculo dos clientes é com a BDO antes de ser com seus

profissionais.

• Visão e Estratégia Global

Acompanhar o dinamismo do mercado com uma estratégia global

proativa.

• Desenvolvimento de talentos

Oferecer à equipe constante aperfeiçoamento e crescimento

através de treinamento e coaching.

4.1.3 Histórico da empresa:

Em 2001, ao vender a Terco Auditoria e Consultoria e fundar a RCS, o

sócio Raul Corrêa da Silva, ficou fora do mercado de auditoria por força de um

contrato de não competição até o final de 2004. Naquele período, esteve

trabalhando com finanças corporativas, o que acabou trazendo um

conhecimento importante sobre ferramentas gerenciais, que implantou com sua

equipe a partir de 2005. Durante esse período, a empresa foi membro da Moore

Rowland International (MRI) e, como estratégia de crescimento, contratou três

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profissionais experientes do mercado que foram convidados a fazerem parte do

quadro de sócios da empresa. A empresa até 2004 crescia anualmente em um

ritmo muito elevado, entre 30% a 40% ao ano. Nesse ano os números fornecidos

pela empresa foram:

• Faturamento anual: R$ 1.500.000,00

• Número de sócios: 04

• Número de colaboradores: 50

• Escritórios: 02

• Ranking das auditorias nacionais: 8a empresa

Direcionamento estratégico para F&A

A empresa RCS Auditoria Independente, através de seus sócios, sempre

teve os processos de F&A de empresas integrados à estratégia de expansão dos

seus negócios. Nesse modelo de negócio a empresa passou por cinco fusões

entre os anos de 2005 a 2011, ano em que realizou sua quinta fusão com a BDO.

A primeira F&A ocorreu em 2005 com uma empresa de auditoria e

contabilidade que atuava há 30 anos no mercado, e que trazia consigo uma

carteira de 180 clientes em todo o território nacional. Conforme informado à

época, a estratégia das empresas era de introduzir um modelo de auditoria de

desempenho, no qual a empresa de auditoria traçava uma radiografia completa

de seu cliente, a começar pelo cumprimento de sua visão e missão. Segundo o

presidente da empresa Raul Corrêa da Silva, “...o auditor de desempenho pode

avaliar todos os ângulos da companhia, detectando riscos e oportunidades

relacionadas à eficiência, rentabilidade e participação no mercado”, alguns

números gerados nesta F&A:

• Faturamento anual: R$ 2.100.000,00

• Número de sócios: 04

• Número de colaboradores: 57

• Escritórios: 02

• Ranking das auditorias nacionais: 8a empresa

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A segunda fusão aconteceu com o escritório, Clemente Associados, no

ano de 2007. Na estratégia dessa nova fusão, a empresa buscou além de

aumentar seu volume de clientes e consequentemente o incremento de sua

participação no mercado, um novo know-how na área de construção civil,

incorporações imobiliárias e due-diligence.

Com a expansão da empresa, ela determinou seu foco em auditoria,

auditoria de desempenho e corporate finance, sendo uma referência na

implantação de planos estratégicos em pequenas e médias companhias. Alguns

números gerados desta F&A:

• Faturamento anual: R$ 8.000.000,00

• Número de sócios: 07

• Número de colaboradores: 124

• Escritórios: 07

• Ranking das auditorias nacionais: 8a empresa

A terceira F&A foi com a empresa Crowe Horwath Tufani, Reis & Soares

Auditores Independentes no ano de 2009. A nova empresa chamada de Crowe

Horwarts RCS Auditores Independentes, estreou como a sétima maior empresa

do setor. O principal objetivo, assim como para as demais empresas de auditoria,

era a implementação dos International Financial Reporting Standars (IFRS),

norma de contabilidade que entrou em vigor no ano de 2010. Outros

investimentos foram realizados na empresa como a consultoria na área de

sustentabilidade e empresas esportivas, nesta última sendo a empresa uma das

pioneiras na época.

A partir desta F&A a empresa mudou sua marca de Moore Rowland

International (MRI/Praxity) para Crowe Horwath International, uma das dez

maiores redes independentes de auditoria do mundo – composta por 142

empresas, 558 escritórios, 26 mil profissionais e staff em 102 países. Alguns

números gerados desta F&A:

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• Faturamento anual: R$ 25.500.000,00

• Número de sócios: 11

• Número de colaboradores: 220

• Escritórios: 07

• Ranking das auditorias nacionais: 7a empresa

A quarta F&A foi com uma empresa de Consultoria no ano de 2010,

sendo a nova empresa especializada em serviços de auditoria e consultoria

contábil e fiscal. Conforme seu presidente Raul Corrêa da Silva, na época, “... a

fusão foi consequência da concentração de mercado no setor e a união das duas

empresas criou um potencial de crescimento”. Nesse período a auditoria contava

com especialidade em vários segmentos, como instituições financeiras,

construção civil, operadoras de plano de saúde, comércio, indústria, prestação

de serviços e terceiro setor. Alguns números gerados nesta F&A:

• Faturamento anual: R$ 31.300.000,00

• Número de sócios: 11

• Número de colaboradores: 255

• Escritórios: 07

• Ranking das auditorias nacionais: 7a empresa

Esse processo de F&A não foi considerado bem-sucedido, pois, após

um ano da fusão das empresas elas se separaram. Conforme Raul Corrêa da

Silva “ ... entre os fatores que levaram ao insucesso dessa operação está o

choque das culturas e a forma de trabalhar das empresas; um dos problemas

detectados na época foi a não unificação dos seus escritórios e das equipes no

início do processo”. Durante um ano as empresas trabalharam em escritórios

separados e cada qual atendendo seus clientes com suas equipes de trabalho,

no ano de 2011 após uma tentativa frustrada de reunificar os escritórios e as

equipes, os sócios, em comum acordo, resolveram realizar uma cisão das

empresas.

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A quinta F&A foi com a empresa BDO International no ano de 2011; esse

processo ocorreu de uma forma totalmente diferenciada das demais F&A.

A BDO Trevisan em 2011 era a quinta maior empresa no setor de

auditoria no Brasil e conforme divulgado pelos meios de imprensa na época, a

empresa de auditoria e consultoria internacional KPMG, anunciou a compra de

100% da operação brasileira da BDO, antiga Trevisan Auditores. Nessa

operação a KPMG incorporou a carteira de clientes da Trevisan Auditores, os

sócios e os profissionais da empresa. Durante esse processo um dos sócios da

BDO não migrou para KPMG e foi o responsável pelo processo de busca e

transição de um novo membro para fazer parte remanescente da rede global de

auditoria BDO Brasil.

No processo de escolha e transição da marca BDO Brasil para uma nova empresa nacional, um grupo de sócios da BDO Internacional se deslocaram para o Brasil a fim de unirem-se ao sócio responsável pela marca no Brasil e realizarem a seleção e escolha da nova empresa membro no Brasil, que por sua vez assumiria a marca BDO Brasil e os seus clientes referidos (clientes internacionais que são atendidos pelos membros da BDO Internacional pelo mundo e que orientam sua subsidiárias brasileiras a adotarem a mesma empresa de auditoria da matriz). No final deste processo que contou com a participação de aproximadamente quatro empresas interessadas na marca BDO Brasil, a empresa RCS Auditores Independentes, foi escolhida para ser a nova representante da marca no Brasil. Um dos pontos destacados pelo sócio Raul Corrêa da Silva foi a transparência e a lisura em que todo o processo ocorreu por ambas as partes. Desta forma, a partir de 01 de abril de 2011, a empresa realizou F&A e mudou sua razão social para BDO RCS Auditores Independente. Alguns números gerados desta F&A:

• Faturamento anual: R$ 40.000.000,00

• Número de sócios: 13

• Número de colaboradores: 371

• Escritórios: 09

• Ranking das auditorias nacionais: 5a empresa

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Efeitos obtidos na fusão

A RCS Auditores Independentes, sempre buscou um crescimento de

suas atividades pela ampliação dos serviços prestados. Com a demanda

crescente pelos seus trabalhos e como a montagem e desenvolvimento de sua

equipe de profissionais não estava sendo ágil o suficiente para atender tal

demanda, a empresa partiu para uma estratégia de F&A que foi sendo

incorporada durante sua historia.

“...a estratégia de fusão sempre fez parte da nossa história de crescimento,

dentro de uma política de vida de que ninguém faz nada sozinho. Ao longo

da história da empresa a gente sempre teve uma associação com alguém,

pois para você crescer tem que ter os melhores talentos para poder ter força”.

(Entrevistado 1)

Essa busca por F&A de empresas, que pudessem alavancar a sua

participação nesse mercado, fez com que a empresa atingisse o patamar de 5a.

maior empresa brasileira do seu segmento, conforme ranking da IAB.

Na dimensão econômico-financeira a BDO RCS considera que o seu

objetivo foi plenamente alcançado. A empresa fechou o exercício fiscal de 2015,

quatro anos após o processo de F&A com um faturamento quatro vezes superior

ao faturamento do ano de 2011 (gráfico 4); quanto ao número de colaboradores,

esse cresceu três vezes e meia (gráfico 5), acompanhando o crescimento

proporcionalmente em termos de faturamento.

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Gráfico 4: Evolução do Faturamento (BR/m)

Fonte: Adaptada pelo autor das informações disponibilizadas pela IAB

Gráfico 5: Evolução do número dos Colaboradores

Fonte: Adaptada pelo autor das informações disponibilizadas pela IAB

Na dimensão da aquisição do conhecimento, também foram alcançados

os objetivos esperados, pois a empresa conseguiu incorporar e aprimorar várias

práticas nas áreas de auditoria, auditoria de desempenho, consultorias tributária,

trabalhista e previdenciária, finanças corporativas, esporte total,

sustentabilidade, tecnologia da informação e comunicação, fraudes,

recuperações e disputas e recursos humanos. Esse crescimento só foi possível

0,90 1,20 1,50 2,10 4,20 8,00 10,0025,50 31,30

40,10

71,0091,20

112,30

160,00

0,0020,0040,0060,0080,00100,00120,00140,00160,00180,00

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

13 18 50 57 74124 156

220 255371

623

815

1.023

1.300

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

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devido ao forte investimento que a empresa adota nos treinamentos e incentivos

dados aos profissionais.

“... nós investimos muito em treinamento das pessoas tanto na metodologia

como na forma de trabalhar. Durante nossa história nós sempre acreditamos

muito em treinamentos tanto é que 13% do nosso orçamento são destinados

aos treinamentos para nossa equipe. Esse treinamento vai desde a

qualificação técnica e pessoal, através de incentivos aos profissionais para a

formação como bacharéis, mestres e doutores. A empresa tem uma estrutura

muito organizada para esses treinamentos e todos seguem a risca o

calendário anual de treinamento da companhia” (Entrevistado1).

Quanto a perdas de profissionais ocorridas durante o processo, foram

consideradas dentro da normalidade nas estatísticas de turnover da empresa.

Entretanto, a BDO RCS considera que a integração não se deu plenamente

devido a algumas saídas de colaboradores.

“Mesmo com nossa preocupação, nós tivemos algumas saídas devido à

adaptação da equipe em relação à cultura e aos costumes da nova empresa.

Porém, nós temos hoje muitas pessoas em cargos de destaque que vieram

de fusões que realizamos ao longo do tempo”. (Entrevistado 1)

Na dimensão do reconhecimento no mercado a BDO RCS passou a ser

considerada a 5a maior empresa de auditoria no Brasil, sendo considerada pelas

grandes empresas de capital aberto e pelos empresários do país como mais um

player do mercado, para competir com propostas das chamadas “Big Four” (as

quatro maiores empresas de auditoria) e não só para os trabalhos de auditoria,

mas também em quaisquer outras necessidades nas áreas de consultoria.

Direcionamento estratégico e modelo de gestão de pessoas

A empresa substituiu sua marca para BDO no mesmo mês em que o

acordo foi concluído. As empresas fusionadas passaram a operar com o nome

BDO RCS Auditoria Independente. Nesse período a empresa adotou, como

estratégia de divulgação de sua nova marca, uma campanha de marketing

agressiva nos meios de comunicação e concomitantemente, com a participação

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dos seus principais profissionais, organizou e programou visitas junto aos seus

clientes para comunicar oficialmente a mudança da marca e esclarecer possíveis

dúvidas desse processo.

“O maior desafio foi reverter as informações divulgadas pela KPMG sobre a

aquisição da BDO Trevisan. Na verdade, a KPMG adquiriu a empresa

Trevisan e não a marca BDO e isso acabou confundindo o mercado, que

imaginou que a BDO havia encerrado suas atividades no Brasil. Desta forma,

tivemos que investir muito na parte de marketing para comunicar ao mercado

que a marca permanecia mais forte do que antes, devido à fusão com a RCS.

Também neste período íamos aos clientes explicar o processo de F&A e

assegurar a continuidade dos trabalhos e a manutenção da qualidade a que

os clientes estavam acostumados”. (Entrevistado 4)

Com relação ao novo sócio responsável pela marca BDO International

no Brasil, o mesmo foi convidado a fazer parte do comitê executivo da nova

empresa e juntou-se aos demais sócios que participavam deste comitê gestor da

empresa.

Organizacionalmente, todos os sócios assumiram áreas de atuação

específicas e por especialidades, reproduzindo, de certa forma, a estrutura com

que cada empresa atuava, não havendo dessa forma situações de conflitos e

desgastes entre os mesmos.

“Hoje nós temos um comitê gestor com a participação de alguns sócios e,

além disso, cada sócio ficou responsável por uma determinada área, ou seja,

nós não temos dois gestores em uma mesma área. O que aconteceu na F&A

foi que quando tínhamos dois sócios cuidando da mesma área, um deles

assumia a junção das carteiras de clientes, sendo que o outro assumia novos

clientes. Além dos clientes que são atendidos por cada sócio, eles também

têm suas funções e responsabilidades na administração, como na área

comercial, financeira, RH entre outras”. (Entrevistado 5)

Com referência à estratégia de integração dos profissionais das equipes

através da mescla, buscou-se a complementaridade de competências entre as

duas equipes. Dessa forma a empresa se preparou para identificar talentos,

gerar conhecimentos cruzados, o que facilitou o processo de confiança, a

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coordenação e o gerenciamento das equipes.

“A RCS tínhamos um grupo de pessoas para atender nossos clientes e a BDO

tinha um grupo de pessoas para atender os seus clientes. Depois de um mês

começamos a mesclar essas equipes, sendo que os gerentes da BDO

atendiam seus clientes com a equipe da RCS e os gerentes da RCS atendiam

seus clientes com a equipe BDO. A partir daí iniciamos a mescla gradativa

entre os profissionais das equipes, a fim de não prejudicar os trabalhos nos

clientes e conseguimos de uma maneira progressiva difundir a nova cultura”

(Entrevistado 3).

Quanto à dificuldade ao realizar o processo de F&A entre as empresas,

constatou-se que não havia espaço físico suficiente para reunir todo o grupo em

uma mesma área. Pelo seu crescimento, o escritório já tinha dificuldade para

comportar as equipes próprias e, então, optou-se por alugar um novo andar no

mesmo edifício e manter os grupos em andares distintos, o que contrariava a

filosofia da empresa e dificultava a integração entre as equipes. A solução

encontrada foi a mudança para um novo escritório, mais amplo e que comportava

toda a estrutura da empresa e atendia as condições exigidas na época de manter

as equipes por especialidades e integradas.

“Tivemos alguns problemas com as equipes no inicio do processo de F&A

devido a algumas “panelas“ de profissionais da mesma empresa. Nós fomos

investigar e detectamos que o problema se originava muito mais pela

estrutura física das nossas instalações do que de relacionamento

propriamente dito. A solução foi mudarmos a nossa sede para uma sede mais

ampla e juntarmos as equipes por especialidade independente da empresa

que o profissional se originava. Desta forma através da junção de equipes por

especialidades e a mescla das equipes pela programação dos clientes nós

conseguimos equacionar os problemas de relacionamento entre as equipes”.

(Entrevistado 2)

“Outro ponto importante que nós levamos como aprendizado de outros

processos de F&A é que para que a fusão realmente aconteça as pessoas

precisam estar juntas, ou seja, na mesma estrutura física, caso contrario não

acontecerá a fusão, muito menos a integração das pessoas e cultura”.

(Entrevistado1)

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Em relação às metas da empresa, foram utilizados os objetivos

habitualmente fixados em orçamento, que são relacionados à venda de serviços

e às margens de lucro. Quanto ao crescimento da empresa, foi proposta a

manutenção da 5a colocação no ranking das empresas de auditoria brasileira,

porém, com um faturamento de 50% da quarta colocada até 2019. Além disso,

a empresa vem desenvolvendo um plano estratégico de Recursos Humanos

para, em 2019, ocupar uma posição de destaque na lista da revista Exame como

uma das melhores empresas para se trabalhar. A empresa acredita que essa

certificação dará um reconhecimento de todo trabalho realizado e um diferencial

para atrair novos talentos para a empresa.

“Nossa meta de crescimento até 2019 é atingirmos 50% do faturamento da

quarta colocada no ranking das auditorias no Brasil e essa meta tem como

uma das estratégias mantermos a política de F&A de outras empresas”

(entrevistado 2).

“Temos como objetivo em 2019 estarmos entre as 100 melhores empresas

para se trabalhar, esse objetivo faz com que busquemos a melhoria nas

práticas de RH e o aperfeiçoamento da nossa equipe” (Entrevistado 1).

A integração e a retenção de conhecimento

Todo o foco inicial dos dirigentes quanto à gestão de pessoas e às

medidas adotadas para a integração e transferência de conhecimento, estava

voltado para a integração das equipes, a metodologia dos trabalhos e a retenção

dos talentos, de ambas empresas.

Desde o início das negociações, a lógica da fusão estava baseada na

absorção das equipes já integradas de forma que pudessem dar continuidade ao

atendimento de seus clientes recorrentes e que pudessem ser aproveitadas nos

projetos que viriam a ser vendidos.

Durante esse processo de integração a empresa realizou treinamentos

referentes à metodologia de trabalho da BDO, que foi implantada para a área de

auditoria, consolidando dessa forma uma única maneira de realização dos

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trabalhos a serem executados, independente da equipe de profissionais que

atenderiam os clientes, do porte e do segmento deste cliente. Em contrapartida,

realizaram-se treinamentos referentes à metodologia de trabalho da RCS, que

fora implantada para as áreas de consultorias; além destes, foram oferecidos

treinamentos quanto às normas internas e políticas da empresa, fazendo com

que todas as equipes de auditores, consultores e da área administrativa tivessem

o conhecimento necessário para realização dos seus trabalhos.

Apesar da preocupação dos dirigentes quanto à parte de treinamento,

da capacitação técnica e da forma de atuação das equipes junto aos clientes, os

mesmos compartilhavam principalmente a responsabilidade da retenção das

pessoas. Dessa forma todos os sócios realizaram reuniões regulares com suas

equipes durante o processo de integração, a fim de posicioná-los quanto ao

processo e discutir abertamente as dúvidas e possíveis inseguranças causadas

pela integração das equipes. Os eventuais casos diagnosticados como

problemáticos eram tratados com mais atenção pelos dirigentes, através de

conversas individuais.

“Já tínhamos passado por experiências de choque de culturas e como

poderíamos nos adaptar mais rapidamente às novas metodologias e aos

processos de trabalho. Além disso, como lidarmos com as pessoas, suas

inseguranças e as formas que elas se protegem, através da criação de grupos

ou “panelas”. E com toda essa experiência adquirida em outras F&A,

tínhamos uma percepção que com o envolvimento dos gestores, poderíamos

solucionar uma boa parte dos problemas” (Entrevistado 2).

Embora a empresa tenha utilizado os mecanismos de retenção de

pessoas disponíveis e atuado de forma frequente na gestão de pessoas durante

o pós-integração, alguns desligamentos foram inevitáveis e ocorreram com

maior frequência a partir do segundo ano da F&A; atualmente a empresa conta

com 25% dos profissionais que iniciaram o processo de integração, cuja maioria

possui cargo de gerente e de coordenador.

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“Mesmo com nossa preocupação, nós tivemos algumas saídas devido a

adaptação da equipe em relação à cultura e aos costumes da nova empresa.

Porem, nós temos hoje muitas pessoas que continuaram na companhia e

estão em cargos relevantes” (Entrevistado 1).

“Mesmo na integração bem-feita as saídas prematuras fazem parte do

processo de F&A e vão ocorrer mesmo, não temos como evitar tais

situações”. (Entrevistado 5).

“Podemos dizer que aprendemos muito durante esses processos com nossos

acertos. E muito mais com nossos erros e como fazer para que eles não mais

aconteçam nas próximas F&A” (Entrevistado 2).

Políticas de gestão de pessoas

Na época da absorção das equipes, houve um processo de análise da

qualificação das pessoas para o seu enquadramento nas posições das

estruturas de cargos e de salários da RCS. Foram realizadas tanto análises de

currículo dos profissionais, como entrevistas para determinar a posição mais

adequada naquelas estruturas.

Nessa fase procurou-se manter o equilíbrio nos enquadramentos com os

critérios estabelecidos e já praticados para os demais colaboradores, mas como

o processo estava associado à negociação e à continuidade no atendimento aos

clientes da carteira, acabou-se gerando algumas distorções. Alguns profissionais

da BDO estavam com salários superiores aos praticados pela RCS para as

qualificações que possuíam. Nesses casos, procurou-se negociar junto aos

profissionais da RCS a aplicação da política da empresa, sendo firmado um

compromisso de se atingir o equilíbrio no momento da avaliação anual da

empresa, que ocorreria após três meses. O processo foi fundamentado pela

análise de desempenho de cada profissional, durante o período a ser avaliado,

dessa forma mantendo a política de meritocracia da empresa.

Através desta medida os problemas de comparações entre as equipes

foram reduzidos, porém, não solucionados completamente, visto que, alguns

profissionais descontentes, uns poucos casos, preferiram deixar a empresa.

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“Quanto à equiparação dos profissionais, inclusive salarial, o número foi

pequeno. A estratégia foi conversar com o staff e demonstrar que em um

curto espaço de tempo - que seria até a próxima avaliação e promoção – esse

assunto seria resolvido” (Entrevistado 5).

“A solução foi conversarmos individualmente com cada profissional,

explicando o seu papel dentro da organização e que a maioria dos problemas

relativos aos cargos e aos salários se daria na próxima avaliação, que

ocorreria a poucos meses após o processo de F&A. Essa estratégia deu

certo, tanto que perdemos poucos profissionais para o mercado e para os

concorrentes” (Entrevistado 2).

Outros benefícios da F&A

Ainda que não estivesse entre os objetivos primários do processo, a

BDO RCS já esperava conquistar um patamar de diferenciação de seus

colaboradores em comparação com outros profissionais de empresas

concorrentes. Esse diferencial foi adquirido através de uma melhora no

desenvolvimento técnico da equipe de auditoria e o maior envolvimento de

especialistas das áreas tributária e trabalhista. Esses investimentos nos

colaboradores geraram ganhos na qualidade final dos relatórios entregues aos

clientes, bem como o apreço e a fidelização dos clientes por receber um produto

diferenciado e de valor agregado dos demais concorrentes do mercado.

“Os trabalhos de auditoria começaram a receber o apoio dos especialistas

nas áreas tributárias e trabalhistas para auxiliar nos fechamentos dos

trabalhos, garantindo um maior valor agregado aos nossos clientes. No inicio

foi difícil passar essa cultura aos profissionais, mas com o tempo eles

vislumbraram os ganhos destes especialistas na qualidade e na confiança

que era depositada pelos clientes” (Entrevistado 4).

Em relação ao trabalho executado de reposicionamento da sua marca e

imagem, a empresa em pouco tempo recebeu o reconhecimento do mercado e

da mídia especializada através do Prêmio DCI - Empresas Mais Admiradas,

patrocinado pelo Jornal Diário do Comércio e da Indústria (DCI), nos anos de

2012 e 2013. Essa premiação é destinada às empresas mais admiradas dos 31

setores de maior peso na economia brasileira. A pesquisa contou com a de

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votação de 4.911 participantes entre executivos, empresários, economistas e

assinantes do jornal. A BDO RCS foi vencedora no setor de Auditoria,

Consultoria e Contabilidade. Segundo o sócio presidente Raul Corrêa da Silva,

o prêmio se destaca por ser um resultado de um reconhecimento entre as demais

empresas do setor. Além de trazer maior visibilidade para a empresa, houve o

aumento da credibilidade perante nossos clientes.

4.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES SOBRE OS DADOS:

Neste capítulo são apresentadas as análises e as discussões deste

estudo. Na primeira parte, as análises qualitativas dos dados. Na segunda

parte, as análises quantitativas dos dados.

4.2.1 Caracterização dos dirigentes:

Quanto à análise qualitativa, ela foi baseada no processo de entrevistas,

foram selecionados seis sócios da empresa.

Visando resguardar a identidade dos dirigentes entrevistados, optou-se

pela não utilização dos nomes dos mesmos, sendo assim, foi adotado um código

para cada participante: Entrevistado 1, Entrevistado 2 e assim sucessivamente

até o Entrevistado 6; a qualificação técnica e a responsabilidade de cada

dirigente estão descritas no apêndice 3.

4.2.1.1 Procedimentos e análises:

O procedimento da análise trata do conteúdo das entrevistas. Segundo

Bardin (2011), trata-se de um processo que torna possível compreender a

realidade, a partir da interpretação de depoimentos que tenham vínculo com esta

mesma realidade.

Após a realização das entrevistas, foi feita uma leitura do seu conteúdo,

identificando as categorias de maior relevância, para posterior análise. Quanto

aos entrevistados, foi possível extrair as categorias centrais desse estudo,

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agrupando-as em categorias de relevância. As categorias foram: ações iniciais,

relação entre os dirigentes, papel dos dirigentes, desafios na integração da

cultura e pessoas, aprimoramento do processo para o futuro.

Ações iniciais do processo de fusão:

Esta variável procurou explorar junto aos entrevistados quais foram as

estratégias adotadas e os motivos para o processo de fusão, bem como, quanto

tempo durou esse processo.

De acordo com os entrevistados, o interesse pelo processo de fusão

ocorreu após a aquisição da BDO Trevisan por uma concorrente a KPMG. Neste

processo a empresa KPMG incorporou apenas a empresa Trevisan, deixando a

marca BDO International sozinha no mercado. A empresa na época Crowe

Horwart RCS interessou-se pela marca, pois a marca BDO é reconhecidamente

a 5a maior empresa de auditoria mundial, além de eles terem recebido um convite

para participarem do processo de seleção. Após um processo de seleção

realizado pela BDO International a empresa RCS assumiu a marca e iniciou o

processo de fusão com a integração dos processos, da cultura e das pessoas.

Quanto ao tempo do processo de integração da cultura e das pessoas, não

houve um entendimento específico entre os participantes, devido às

peculiaridades de cada área e equipe, porém, ele variou de um ano a dois anos

após a fusão da empresa.

“Na época a RCS possuía a marca da Crowe Horwart e não estava

conseguindo crescer na velocidade desejada dentro do mercado de auditoria.

Nesta época apareceu a oportunidade da marca BDO, que havia passado por

um processo de cisão recentemente. Então para nós foi uma ótima

oportunidade de mudarmos para uma marca mais forte, que era a sexta no

mercado de auditoria e juntos montarmos um planejamento estratégico para

crescermos” (Entrevistado 4).

“Nós nos interessamos pela marca BDO porque era uma marca mais forte e

de maior visibilidade em relação a marca que nós tínhamos que era a Crowe

Horwart. Não que a Crowe Horwart não fosse uma boa marca, mas a BDO

nos traria uma maior visibilidade perante o mercado, pois ela era a 5a maior

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empresa de auditoria no mercado. Outro ponto importante é que a marca

estava livre no mercado após a cisão da marca com a Trevisan, que foi

adquirida pela KPMG. Como a marca BDO ficou á procura de um novo

parceiro no mercado, nós neste momento entramos no processo de seleção

juntamente com outros cinco concorrentes. Felizmente conseguimos a

marca, pois a BDO estava interessada em uma estrutura forte que a RCS já

possuía e o nosso tamanho no mercado” (Entrevistado 2).

“Esse processo durou algo perto de 90 dias a 120 dias para a negociação e

para a integração da cultura e das pessoas das empresas durou um ano”

(Entrevistado 3).

“Esse processo de negociação e integração durou no máximo 24 meses. A

negociação foi muito rápida, menos de 3 meses. Quanto a integração das

culturas e das equipes, entendo que demorou mais devido a implantação de

novas práticas e metodologias e as formas de condução dos trabalhos”

(Entrevistado 5).

Do resultado das análises léxicas (extraídas com o auxílio do software

SPAD), das questões 1 e 2 das entrevistas dos dirigentes foram extraídas 10

palavras-chave mais recorrentes, que foram: BDO, empresa(s), marca, mercado

forte, pessoa(s), processo(s), equipe(s), mês(es) e integração (Apêndice 7).

Neste sentido, pode-se verificar que o objetivo dos dirigentes foi de realizar uma

fusão com a empresa BDO do Brasil, pois esta possuía uma marca mais forte no

mercado de auditoria o que alavancaria seu crescimento. O processo de

negociação até integração das pessoas foi considerado rápido, sendo a

negociação realizada em torno de 3 meses e a integração em torno de 24 meses.

Quanto à visão dos dirigentes sobre o processo de fusão, elas

convergem com a literatura sobre o assunto, conforme Martelanc, Pasin e

Cavalcante (2005); as empresas que buscam os processos de F&A, têm como

principal finalidade resolver deficiências ou carências em termos

mercadológicos, tecnológicos ou de talentos para a gestão do negócio. Nesse

processo, as duas partes sentiram-se satisfeitas com o fechamento do negócio,

já que a RCS conquistou uma marca mais forte nos mercados nacional e

mundial, devido à BDO ser considerada no ranking das empresas de auditoria

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como a 5a maior empresa deste segmento, desfrutando dessa forma de uma

maior visibilidade, uma metodologia de trabalho e de ferramentas diferenciadas

de trabalho no mercado e o reconhecimento pelo mercado de seu diferencial

técnico. Em contrapartida, a BDO conquistou uma empresa com as

características que buscava para uma parceira nacional, através de sua

representatividade no mercado nacional, sua qualificação técnica e sua rede de

escritórios.

No que diz respeito ao tempo das negociações até a integração das

culturas e das pessoas, na visão dos dirigentes, elas ocorreram em um prazo de

até dois anos dependendo da área da empresa, sendo que os primeiros 90 dias

dizem respeito ao prazo de negociações. Como antes de dois anos, em média,

ainda não se conclui a integração de empresas (BARROS, 2003), considera-se

satisfatório que os efeitos esperados já tenham sido alcançados pela empresa.

Relação entre os dirigentes:

Esta variável buscou conhecer qual foi a relação dos dirigentes no

processo de fusão.

Quanto à relação entre os dirigentes no processo de fusão, os

entrevistados foram taxativos que não houve problemas ou animosidades entre

eles. Primeiro, pela empresa ter sócios experientes e que já haviam passado por

outros processos de F&A. Segundo, devido ao número reduzido de sócios que

ingressaram na sociedade, não houve disputas ou problemas de

relacionamento, sendo que o novo sócio foi convidado a participar do comitê

executivo da empresa quando do seu ingresso, garantindo a participação e

transparência em todo o processo.

“O processo foi muito calmo, pois, o sócio da BDO demonstrou ser muito

tranquilo. Desta forma, como a RCS era uma empresa que já contava com

dez sócios e ele veio sozinho, a adaptação foi muito rápida” (Entrevistado 4).

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“O processo entre os sócios ocorreu de forma bem tranquila e transparente,

e um dos motivos é que nós montamos um time bem legal, onde todos se

cobram e ninguém guarda o que pensa. A gente assume que todos estão

com boa intenção e todos falam o que pensam e não temos retaliação ou

problema entre nós. Tudo é resolvido dentro deste grupo e procuramos

preservar essa convivência” (Entrevistado 1).

“Quando você chega, você já tem seu estilo de trabalho, como os demais

sócios tinham cada um seu estilo próprio, a partir daí você vai conhecendo o

grupo e se integrando. Ao meu ver, todo o processo foi muito tranquilo, fui

muito bem recebido por todos. Alguns sócios eu já conhecia por trabalharmos

juntos no passado e os demais me conheciam por ter ouvido falar, a

integração foi rápida e tranquila” (Entrevistado 6).

Do resultado das análises léxicas (extraídas com o auxílio do software

SPAD), da questão 3 das entrevistas dos dirigentes foram extraídas 05 palavras-

chave mais recorrentes, que foram: BDO, sócio(s), nós, comitê e cliente

(apêndice 8). Neste sentido, pode-se verificar que o objetivo dos sócios foi de

recepcionar bem e integrar ao comitê executivo o novo sócio advindo da fusão

com a BDO do Brasil, a fim de preservar a manutenção do atendimento com

celeridade e qualidade a todos os clientes da carteira.

Nesse sentido, deve-se destacar a observação de Pires (2011), que um

dos fatores que favorecem o sucesso das F&A é o bom relacionamento entre os

dirigentes. Conforme os entrevistados, o relacionamento entre os sócios que

participavam da empresa e os que vieram a participar, sempre foi de muito

respeito, profissionalismo e focado para o bem comum da sociedade. Além

desses aspectos, a empresa conta com um Comitê Executivo, do qual fazem

parte os sócios mais experientes, representantes de todas as empresas que, ao

longo dos anos, realizaram F&A com a RCS. A função desse comitê é definir a

direção estratégica, bem como sua implementação, estabelecer a política

corporativa, definir as prioridades e as decisões de governança da empresa.

Dessa forma, a empresa se mantém focada em seus objetivos e metas,

ocasionando um bom ambiente de trabalho para todos os dirigentes e

consequentemente aos seus colaboradores.

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Desafios na integração da cultura e de pessoas:

Nesta variável procurou-se tomar conhecimento dos maiores desafios

enfrentados pelos dirigentes no processo de pós-fusão e como foram

superados.

De acordo com os entrevistados, os principais desafios foram: realizar

em um curto espaço de tempo o treinamento das equipes em uma nova

metodologia de trabalho, com a mescla de conhecimentos entre a auditoria e

os especialistas das consultorias; conduzir a integração da cultura e das

pessoas, evitando assim a criação de “panelinhas” entre as equipes; unificação

das equipes de trabalho por área e especialidades em um mesmo local físico

facilitando a integração entre as equipes.

Os entrevistados destacaram a importância e a agilidade na condução

de todos os processos elencados, pois, no caso dos treinamentos foi oferecida

aos colaboradores uma grade especial de cursos para aprendizado e

desenvolvimento nas novas ferramentas de trabalho; quanto às “panelinhas”, a

empresa mudou seu escritório para um espaço mais amplo, dividindo- o por

áreas e especialidades, auxiliando assim na integração das equipes, além de

mesclar as equipes de trabalho com profissionais das duas empresas no

atendimento aos clientes.

“ O desafio foi manter as equipes, porque em um processo de F&A existe

sempre a insegurança, principalmente do profissional que é absorvido, mas,

também temos a insegurança da equipe que esta absorvendo, pois, eles vão

trabalhar lado a lado com outras equipes e vão se sentir comparados. Um

dos fatos que amenizou essa situação é que a gente tinha muito trabalho

para ser feito e poucos braços para realizá-los, desta forma esse processo

de medo e resistência acabava ficando para um segundo plano”

(Entrevistado 3).

“... outro desafio foi eliminar as “panelinhas” de profissionais de ambas as

empresas, no início foi muito trabalhoso, devido à própria estrutura física da

empresa, pois, os profissionais da BDO e da RCS ficavam em andares

diferentes. Quando da mudança da sede, a maior preocupação foi a mescla

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das equipes, evitando assim a manutenção dessas “panelinhas”. Outro

ponto é que os dirigentes incentivavam as equipes de campo a serem

mescladas por profissionais das duas empresas, eliminando assim barreiras

pessoais entre os profissionais. Dessa junção das equipes, podemos dizer

que tivemos ganhos de qualidade nos trabalhos, muito devido ao

relacionamento das equipes e do conhecimento mutuo das pessoas”

(Entrevistado 2).

“Nós não tivemos muitos problemas com a integração, pois, a equipe que

veio para a RCS foi inicialmente pequena. Não observamos um choque de

cultura relevante no processo, como ocorreram em outras empresas que

foram adquiridas no mesmo período. Diferente de outros processos, no

nosso processo não houve uma imposição da cultura mais forte, pois, não

foi uma acquisition e sim uma mescla ou junção de equipes, metodologias e

formas de trabalho, como ocorre em uma fusão ou parceria. Dessa forma

ficou muito mais tranquila a integração. Nosso maior desafio ocorreu quando

da união física das equipes, para que não se formassem “feudos” ou

“panelas” entre as equipes. Para evitar esses problemas todos os sócios

participaram ativamente, principalmente o presidente que cobrava de todos

a integração entre as equipes” (Entrevistado 6).

Do resultado das análises léxicas (extraídas com o auxílio do software

SPAD), das questões 4 a 6 das entrevistas dos dirigentes foram extraídas 15

palavras-chave mais recorrentes, que foram: equipe(s), nós, profissional(is),

empresa(s), gente, processo(s), metodologia, pessoas, integração, problema(s)

e forma (Apêndice 9). Neste sentido, pode-se verificar que os desafios dos

dirigentes foram de realizar o processo de aperfeiçoamento e de treinamento da

nova metodologia de trabalho junto aos seus profissionais, além de realizar a

integração das culturas e das pessoas quando da união física das mesmas,

através do um novo espaço físico que acomodou todas as equipes de forma

harmoniosa e da mescla das equipes de trabalho, minimizando assim, o

problema da formação de grupos ou “panelinhas” na empresa.

A empresa utilizou como estratégia de integração a mescla das culturas,

que segundo Tanure, Evans e Pucik (2007) e Marks e Mirvis (2010), é muito

comum em fusões, pois, busca complementaridade de competências. Nesse

caso a tarefa do dirigente deve ser a de identificar talentos que deve reter e gerar

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conhecimentos cruzados. Nesse sentido, a literatura foi confirmada, pois, o

processo de integração através da mescla gerou a oportunidade para a troca de

conhecimentos entre as equipes, no que diz respeito à troca de metodologias e

às ferramentas de trabalho, que ocorreram por meio de treinamentos e no seu

cotidiano, através da mescla das equipes de trabalho.

Apesar de os entrevistados mencionarem a dedicação e o tempo

investido na integração das culturas e das pessoas, foi destacado em todas as

entrevistas o problema que eles denominaram “panelinhas” ou a formação de

grupos de profissionais que não se misturavam com os demais, que ocorreram

principalmente no inicio do processo e devido à dificuldade de alocar os novos

colaboradores no mesmo espaço físico dos demais. Segundo Orsi (2006), os

preparativos para a integração física, bem como do layout, são considerados

importantes instrumentos para a comunicação das mudanças para toda a

organização. É através deste instrumento que se dá a proximidade entre os

profissionais das empresas fusionadas e se estabelece a troca de informações,

o estabelecimento de uma linguagem comum e auxilia a eliminar as restrições

de cultura organizacional. A solução encontrada para superar esse desafio foi a

mudança da sede da empresa para um espaço maior e, dessa forma, foi possível

dimensionar as áreas por especialidades e afinidades técnicas, além da mescla

das equipes de trabalhos.

Papel dos dirigentes no processo de fusão:

Esta variável procurou saber qual foi o papel dos dirigentes no processo

de integração e sua atuação.

Devido ao número reduzido de colaboradores, que ingressaram na

BDO RCS inicialmente, a empresa optou por não constituir um comitê de

integração formal, sendo que, o sócio presidente da RCS e o sócio da BDO

foram responsáveis pela condução do processo e contaram com o auxilio dos

demais sócios quanto aos treinamentos de metodologia, mescla das equipes

nos trabalhos, reuniões com suas equipes e reuniões individuais para tirar

dúvidas dos processos e reduzir as inseguranças, atuaram como facilitadores

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no processo de integração entre as equipes, independentemente da área de

atuação do sócio.

“O papel dos dirigentes foi de agir sobre os conflitos, mesmo não sendo um

volume elevado, foram os intermediadores dessa mudança e muitas vezes

agindo como facilitadores e árbitros quando era necessário. Outro ponto

importante foi de mesclar as equipes e quando necessário mediar e

solucionar os conflitos” (Entrevistado 3).

“A posição dos dirigentes foi de alinhar as expectativas dos profissionais que

estavam chegando e dos profissionais da casa. Além de alinhar as

expectativas dos clientes em relação a nova empresa. A BDO RCS, em um

período muito curto de tempo, cresceu muito e com uma diversidade grande

de clientes e de equipes, desta forma, os dirigentes foram responsáveis pela

administração dos trabalhos e da integração das pessoas e dos problemas

que eventualmente pudessem ocorrer” (Entrevistado 5).

“Meu papel e dos demais sócios durante todo o processo foi de mentor de

alguns profissionais e de mediador nos conflitos que por ventura ocorriam.

Realizei várias reuniões com os profissionais sempre procurando atuar como

um facilitador e deixando que os profissionais entendessem a sua importância

e o seu papel na organização. Desta forma auxiliávamos os profissionais a

reverem suas percepções e expectativas, a fim de eliminarmos juntos os

aparentes conflitos” (Entrevistado 4).

Do resultado das análises léxicas (extraídas com o auxílio do software

SPAD), da questão 7 das entrevistas dos dirigentes foram extraídas 05 palavras-

chave mais recorrentes, no caso foram: profissional(is), equipe(s), gestor(es),

problema(s) e conflito(s) (Apêndice 10). Neste sentido, pode-se inferir que o

papel dos sócios foi de orientar e informar as equipes de trabalho e aos demais

profissionais o acompanhamento do andamento do processo de F&A, além de

trabalharem como mediadores dos conflitos quando os mesmos ocorriam, e,

como mentores dos profissionais que atuavam em sua área. Desta forma os

dirigentes buscavam minimizar as inseguranças causadas no processo de F&A.

Devido a empresa ter participado de outros processos de F&A e

contando com dirigentes experientes no trato e no relacionamento junto as suas

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equipes, eles conheciam bem a importância de seu papel no processo de

integração da cultura e das pessoas. Conforme Mota (2009), alguns pontos

essenciais fazem parte do sucesso na integração humana nos processos de

fusão ou aquisição, dentre eles: a liderança coesa e preparada, comunicação

clara e transparente, conhecimento dos valores e crença da empresa, sistema

justo de avaliação, estimulo ao trabalho em equipe e a busca de pontos comuns

entre as culturas, facilitando assim a criação de uma nova cultura. No tocante

aos pontos levantados por Mota, todos os entrevistados ressaltaram a

preocupação em alcançá-los, utilizando-se dos treinamentos oferecidos,

reuniões entre as equipes e conversas individuais.

Aprimoramento do processo para o futuro:

Nesta variável identificou-se o aprendizado dos dirigentes neste

processo de fusão e o que poderia ser aperfeiçoado para os novos casos de

F&A.

De acordo com os entrevistados, serão levados como aprendizado a

ser utilizado em novos processos de F&A: a agilidade nos processos de

integração, levando-se em conta as rotinas do dia a dia, além das atribuições

do processo de F&A e os treinamentos iniciais, que devem atuar de forma

conjunta com a mescla dos colaboradores nas equipes de trabalho nos clientes.

“Todas as experiências que passamos nas diversas F&A colaboraram de

alguma forma para facilitar nosso papel no decorre deste processo. Já

tínhamos passado por experiências de choque entre culturas, como

adaptarmos mais rapidamente as novas metodologias e processos de

trabalhos, como lidarmos com as pessoas e suas inseguranças e como elas

se protegem através da criação de grupos ou “panelinhas”. Com toda essa

experiência acumulada, tínhamos uma percepção maior de como

solucionarmos os problemas. Entendo que todas essas experiências os

novos processos de F&A e de integração de pessoas, tendem a ser mais

planejados e tranquilos. Nossa meta de crescimento é sermos 50% da

quarta empresa no ranking de auditoria no Brasil e essa meta tem como

base estratégica novas F&A” (Entrevistado 2).

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“Eu acho que você deve investir o que for preciso para difundir o mais rápido

possível a cultura e os valores da empresa. Quando eu falo em investir, falo

em investir em treinamento, na proximidade dos dirigentes com os

profissionais para gerar credibilidade com a equipe. Quando você tem

credibilidade da equipe o trabalho de integração fica mais fácil. Outro ponto

importante para os processos de F&A realmente aconteçam é que as

pessoas precisam estar juntas ou seja na mesma estrutura física, caso

contrario não acontecerá a fusão, muito menos a integração das pessoas”

(Entrevistado 1).

Do resultado das análises léxicas (extraídas com o auxílio do software

SPAD), da questão 8 das entrevistas dos dirigentes foram extraídas 05

palavras-chave mais recorrentes, que foram: profissional(is), gestor(es), F&A,

trabalho(s) e treinamento (Apêndice 11). Neste sentido, pode-se verificar que

na visão dos dirigentes, existe o interesse em dar continuidade á estratégia de

realizar novas F&A para o crescimento da empresa e neste sentido, dar

continuidade ao trabalho de integração das culturas e na gestão dos

profissionais através de treinamentos, da mescla das equipes de trabalho e a

harmonização dos interesses de seus gestores.

Quanto ao aprimoramento do processo para o futuro, pode-se destacar

que a experiência, agilidade, transparência, persistência e a paciência, são

fatores- chave para o sucesso de uma fusão. Outro ponto importante é que não

se deve considerar somente os processos de integração financeira, econômica

e das pessoas, mas também a parte da integração física dos colaboradores,

pois esse pode ser um fator muito relevante para a integração das equipes,

conforme mencionado pelo entrevistado 1 “... as pessoas precisam estar juntas,

ou seja, na mesma estrutura física, caso contrário não acontecerá a fusão, muito

menos a integração das pessoas”.

De acordo com Osarenkloe (2015), os dirigentes que possuem

experiências anteriores em outros processos de F&A, aprenderam com os erros

e possuem uma "estrela guia". Dessa forma, possuem um estilo de liderança

participativo com um viés para a ação e têm uma comunicação aberta e honesta

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com os colaboradores, o que tende a facilitar sua trajetória para alcançar o

sucesso no processo.

4.2.2 Caracterização do perfil dos colaboradores:

Neste item a caracterização dos colaboradores foi feita de maneira

quantitativa. As variáveis que integram esta caracterização dos participantes da

pesquisa são: gênero, faixa etária, grau de escolaridade, área em que trabalha,

tempo de trabalho na empresa e origem do colaborador, ou seja, se é

proveniente da empresa RCS ou proveniente da empresa BDO.

Procedência:

Entre os colaboradores participantes da pesquisa, 60,5% são

provenientes da empresa RCS e 39,5% são provenientes da empresa BDO.

Tendo em vista que os dois grupos de colaboradores responderam o

questionário, optou-se por apresentar sua caracterização separadamente para

observar possíveis posições diferenciadas nas suas percepções (Tabela 1):

Tabela 1: Origem dos colaboradores

Origem dos Colaboradores F f(%)

RCS 26 60,5

BDO 17 39,5

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Gênero:

Quanto ao gênero não houve predominância de sexo, seja masculino ou

feminino, entre os colaboradores nas duas empresas, (Tabela 2):

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Tabela 2: Gênero

Gênero RCS BDO

F f(%) F f(%)

Masculino 12 46,2 9 52,9

Feminino 14 53,8 8 47,1

Total 26 100,0 17 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Faixa Etária:

Na análise da idade dos colaboradores, a predominância é da faixa de

25 a 35 anos nas duas empresas. Uma das explicações para essa

predominância é a atividade que a empresa exerce, auditoria e consultoria, que

é para muitos jovens universitários o primeiro emprego e/ou a porta de entrada

para esse mercado, já que a empresa oferece um plano de carreira estruturado

e treinamentos mensais para o desenvolvimento dos profissionais (Tabela 3):

Tabela 3: Faixa etária

Faixa Etária RCS BDO

F f(%) F f(%)

de 18 a 24 anos 4 15,4 3 17,6

de 25 a 35 anos 20 76,9 11 64,7

de 36 a 45 anos 2 7,7 3 17,6

de 45 a 55 anos - - - -

a partir de 55 anos - - - -

Total 26 100,0 17 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Grau de escolaridade:

Na análise de grau de escolaridade a predominância é do colaborador

formado ou cursando o ensino superior (Tabela 4). Essa é uma exigência da

empresa e da profissão dos auditores, decorrente da legislação e certificações

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para emissão de pareceres, bem como do programa de educação continuada

exigida pelo Conselho Federal de Contabilidade e realizado pelo Ibracon5.

Além das exigências legais, a empresa investe no treinamento e

desenvolvimento de todos os seus colaboradores com cerca de 13% do seu

orçamento anual, concedendo os benefícios de reembolso de faculdade, cursos

de pós-graduação e de línguas, além de manter um calendário anual de cursos

e treinamentos para os colaboradores das áreas de auditoria e consultoria.

Tabela 4: Grau de escolaridade

Grau de escolaridade RCS BDO

F f(%) F f(%)

Ensino médio - - - -

Ensino Superior 19 73,1 11 64,7

Pós Graduação (lato-sensu) 7 26,9 6 35,3

Mestrado/doutorado - - - -

Total 26 100,0 17 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Área em que trabalha:

Os colaboradores que participaram da pesquisa trabalham

predominantemente nas áreas de Auditoria e Consultoria (Tabela 5). Tal fato

deve-se ao turnover normal desse mercado e a política da empresa em oferecer

algumas vagas para a equipe administrativa para transferências nas áreas de

auditoria e consultoria.

5 O Ibracon - Instituto dos Auditores Independentes do Brasil tem a função de discutir, desenvolver e aprimorar as questões éticas e técnicas da profissão de auditor e de contador e, ao mesmo tempo, atuar como porta-voz dessas categorias diante de organismos públicos e privados e da sociedade em geral. Alinhado com as normas de Ensino da IFAC (Federação Internacional de Contadores) o programa de Educação Continuada do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), do qual o Ibracon é capacitador, oferecendo cursos modulares e treinamentos voltados para melhoria do desempenho profissional dos auditores e contadores.

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Tabela 5: Área em que trabalha:

Área em que trabalha RCS BDO

F f(%) F f(%)

Auditoria e Consultoria 19 73,1 15 88,2

Administração 7 26,9 2 11,8

Total 26 100,0 17 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tempo de trabalho na empresa:

Na análise do tempo de trabalho, a faixa predominante na empresa RCS

é de 6 a 8 anos, ao passo que na BDO a faixa que predomina é de 0 a 5 anos

(Tabela 6). Essas informações se justificam, pois, a RCS foi a empresa que

recebeu os colaboradores da BDO quando da sua fusão. Dessa forma, os

colaboradores da BDO foram aqueles que ingressaram na nova empresa

resultante da fusão e continuaram exercendo as suas funções.

Tabela 6: Tempo de trabalho nas empresas pós-fusão:

Tempo de trabalho na empresa RCS BDO

F f(%) F f(%)

de 0 a 5 anos 3 11,5 14 82,4

de 6 a 8 anos 18 69,2 2 11,8

de 9 a 12 anos 5 19,2 1 5,9

acima de 12 anos - - - -

Total 26 100,0 17 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Resultado:

O quadro dos colaboradores participantes da pesquisa está formado de

ambas as empresas, tendo uma pequena predominância dos colaboradores da

RCS, sem predominância de sexo. Quanto à idade varia de 18 a 35 anos e com

curso superior; 79% dos colaboradores trabalham nas áreas técnicas de

auditoria e consultoria e trabalham na empresa há mais de 8 anos.

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4.2.2.1 Percepções sobre o papel dos dirigentes:

Os aspectos pesquisados foram: ações realizadas pelos dirigentes, suas

percepções sobre as mudanças e as sensações vivenciadas, bem como a

avaliação do papel dos dirigentes no processo pós-fusão.

Ações realizadas pelos dirigentes:

Esta variável procurou compreender as percepções dos colaboradores

sobre o papel desenvolvido pelos dirigentes no processo de pós-fusão. Foram

apresentadas seis questões envolvendo: a preocupação com a integração, a

busca pela integração, incentivo aos treinamentos, orientação aos

colaboradores, comprometimento com as metas e avaliação justa dos trabalhos.

Foram apresentadas cinco opções de respostas com a orientação para indicar

somente uma.

O processamento dessas questões foi objeto de elaboração de seis

tabelas que consolidam as opiniões dos colaboradores. Essas Tabelas (Tabela

I, Tabela II, e assim sucessivamente até a Tabela VI), encontram-se no apêndice

4.

Preocupação com a integração:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que 34,9% concordaram plenamente; 48,8% concordaram parcialmente; 11,6%

consideraram indiferente e a discordância parcial e plenamente foi de apenas

2,3% (Tabela I).

Busca pela integração das culturas:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que 39,5% concordaram plenamente; 41,9% concordaram parcialmente; 11,6%

consideraram indiferente e as discordâncias parcial e plenamente foram 4,7% e

2,3% respectivamente (Tabela II).

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Incentivo aos treinamentos:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em quatro níveis sendo que

55,8% concordaram plenamente; 34,9% concordaram parcialmente; 4,7%

consideraram indiferente e a discordância parcial foi de apenas 4,7% (Tabela III).

Orientação e aconselhamento quanto ao processo:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em quatro níveis, sendo que

41,9% concordaram plenamente; 44,2% concordaram parcialmente; 11,6%

consideraram indiferente e a discordância parcial foi apenas 2,3% (Tabela IV).

Comprometimento com as metas:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis sendo

que 37,2% concordaram plenamente; 34,9% concordaram parcialmente; 18,6%

consideraram indiferente e as discordâncias, parcial e plena, foram 4,7% e 2,3%

respectivamente (Tabela V).

Avaliação justa dos trabalhos:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis sendo

que 23,3% concordaram plenamente; 48,8% concordaram parcialmente”; 11,6%

consideraram indiferente e as discordâncias, parcial e plena, foram 14,0% e

2,3% respectivamente (Tabela VI).

Na análise das respostas às seis questões propostas, observou-se que

tanto os colaboradores da empresa RCS como da empresa BDO, em sua imensa

maioria, concordaram com as afirmativas propostas, conforme demonstrado na

coluna P da tabela 7; nesses casos os níveis de significância foram superiores a

0,05, o que indica a não existência de diferença significativa entre as respostas

dos dois grupos.

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Tabela 7: Análise das respostas das questões 8

Ranks

Empresa N

Ordem Média

Soma das ordens

Mann-Whitney U p

8.1 Demonstrou preocupação com a integração dos profissionais

BDO 17 23,65 402,00

193,000 ,448 RCS 26 20,92 544,00

Total 43

8.2 Buscou promover aceitação e integração das culturas

BDO 17 23,06 392,00

203,000 ,630 RCS 26 21,31 554,00

Total 43

8.3 Incentivou a participação nos treinamentos sobre as normas e a metodologia]

BDO 17 22,85 388,50

206,500 ,684 RCS 26 21,44 557,50

Total 43

8.4 Orientou e aconselhou quando surgiram dúvidas quanto à performance, posição e carreira.

BDO 17 21,32 362,50

209,500 ,755 RCS 26 22,44 583,50

Total 43

8.5 Valorizou o comprometimento dos profissionais para atingir as metas

BDO 17 22,29 379,00

216,000 ,896 RCS 26 21,81 567,00

Total 43

8.6 Realizou avaliações dos trabalhos de forma justa e orientada ao desenvolvimento

BDO 17 20,62 350,50

197,500 ,531 RCS 26 22,90 595,50

Total 43

Fonte: Dados dos questionários

A concordância presente nas seis questões (conforme as tabelas do

apêndice 4) pode ser justificada pela média das respostas apresentadas na

Tabela 8 e também representada no Gráfico 6, mediante a realização do cálculo

da média, utilizando-se a totalidade das respostas dos colaboradores, que

atribuíram uma nota: 5 para as respostas “concordo plenamente”, 4 “concordo

parcialmente”, 3 “indiferente”, 2 “discordo parcialmente” e 1 “discordo

plenamente”.

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Tabela 8: média das respostas sobre as ações realizadas pelos dirigentes

Fonte: Dados dos questionários

Gráfico 6: média das respostas sobre as ações realizadas pelos dirigentes

Fonte: Dados dos questionários

Quanto às ações realizadas na integração da cultura e das pessoas a

maioria dos participantes concordou com a conduta adotada pelos dirigentes,

independentemente de serem da empresa BDO ou da empresa RCS. Nesse

caso, apresenta-se como resultado positivo o papel desempenhado pelos

dirigentes. Isto também é reiterado pela percepção dos colaboradores para

quem os dirigentes demonstraram preocupação com a integração dos

profissionais, buscando promover junção das culturas das empresas e das

Demonstrou preocupação com a

integração dos profissionais

Buscou promover aceitação e

integração das culturas

Incentivou a participação nos

treinamentos sobre as normas e a metodologia]

Orientou e aconselhou quando surgiram dúvidas

quanto a performance,

posição e carreira.

Valorizou o comprometimento dos profissionais para atingimento

das metas

Realizou avaliações dos trabalhos de

forma justa e orientado ao

desenvolvimento

BDO 4,18 4,18 4,47 4,18 3,94 3,65RCS 4,08 4,08 4,38 4,31 3,96 3,85Total 4,12 4,12 4,42 4,26 3,95 3,77

Autonomia e independência nos

trabalhos

Pressão por resultados

Oportunidades de desenvolvimento (treinamento, etc.)

Relacionamento cordial, com os

colegas de trabalho

Comunicação foi reduzida e

burocratizada]

Oportunidades de crescimento na

carreira]

BDO 3,76 3,76 3,65 3,65 3,06 3,47RCS 3,50 3,73 3,54 3,58 3,35 3,00Total 3,60 3,74 3,58 3,60 3,23 3,19

Gestores das áreas estavam

preparados para atuar no processo

de fusão e na integração

A integração foi concluída e julgo

positivo o ambiente de trabalho.

Na sua percepção, os gestores

atingiram o êxito esperado na F&A

Após o processo de F&A, a empresa é

vista como uma das principais empresas

de auditoria.

Na sua percepção os gestores estão aptos para futuras

F&A

BDO 3,53 3,71 3,76 4,00 3,82RCS 3,38 3,46 3,65 3,96 3,54Total 3,44 3,56 3,70 3,98 3,65

Report

ReportMean

Mean

ReportMean

,00

,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

Demonstroupreocupaçãocomaintegraçãodosprofissionais

Buscoupromoveraceitaçãoeintegraçãodasculturas

Incentivouaparticipaçãonostreinamentossobreasnormaseametodologia]

Orientoueaconselhouquandosurgiramdúvidasquantoaperformance,posiçãoecarreira.

Valorizouocomprometimentodosprofissionaisparaatingimentodasmetas

Realizouavaliaçõesdostrabalhosdeformajustaeorientadoaodesenvolvimento

Açõesrealizadaspelosdirigentes -médias

BDO

RCS

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96

pessoas através do incentivo aos treinamentos e da difusão das normas

estabelecidas pela empresa resultante da fusão.

Quando surgiam dúvidas e inseguranças quanto à performance dos

colaboradores e à progressão de suas carreiras, os dirigentes atuavam

orientando-os mediante conversas individuais, agindo como mentores e

valorizando seus feitos, para o atingimento das metas. Conforme os

colaboradores, os dirigentes realizaram avaliações justas e orientadas ao

desenvolvimento de suas carreiras.

Essa visão é reiterada por Souza (2012), para quem a questão cultural

assume um papel importante nos processos de F&A, tendo em vista a função

decisiva que ocupa para que obtenha sucesso. De acordo com a autora, um

dos maiores desafios a serem solucionados é o surgimento da insegurança

entre os colaboradores. Esse sentimento é causado pelo risco da

reestruturação de responsabilidades, interrupção de carreiras e redução de

poder.

Dessa forma, a atuação incisiva dos dirigentes, junto aos

colaboradores, foi fundamental para reduzir o stress, causado pelo sentimento

de insegurança quanto à perda do poder e do crescimento na carreira.

De acordo com Copeland, Koller e Murrin (2002), é essencial que a alta

administração identifique as pessoas críticas para a continuação do processo e

acione um plano de retenção desses colaboradores para que permaneçam na

organização. Nesse sentido, Barros (2001) também reitera que os dirigentes

devem gastar boa parte do seu tempo para cuidar da gestão de sua equipe:

“Os estudos mostram que no mínimo 75% do tempo gerencial deve ser

destinado à comunicação, seja falando, interagindo, lendo, ouvindo: isto é,

sob as lentes de sua cultura, o sucesso dessas interações depende de como

os atores interpretam os fatos, decodificam todos os sinais emitidos por

pessoas que, neste mundo cada vez mais global, têm referencias culturais

diversas. A habilidade de decodificar diferentes culturas está presente no

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97

perfil do executivo bem-sucedido dos novos tempos” (BARROS, 2001,

pag.112).

4.2.2.2 Percepções sobre as mudanças e sensações vivenciadas:

Esta variável procurou compreender as percepções dos colaboradores

sobre as mudanças ocorridas na rotina de trabalho dos colaboradores no

processo de pós-fusão. Foram apresentadas seis questões envolvendo:

autonomia e independência, pressão por resultados, oportunidades de

desenvolvimento, relacionamento, burocratização na comunicação,

oportunidades de crescimento na carreira, mudanças nas normas, competição

entre os colaboradores e conflitos nos trabalhos. Foram apresentadas cinco

opções de respostas com a orientação para indicar somente uma.

O processamento dessas questões foi objeto de elaboração de seis

tabelas que consolidam as opiniões dos colaboradores. Essas Tabelas (Tabela

VII, Tabela VIII, e assim sucessivamente até a Tabela XV), encontram-se no

apêndice 5.

Autonomia e independência:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em quatro níveis, sendo que

para 11,6% houve um aumento considerável; 39,5% aumento parcial”; para

46,5% foi indiferente e para apenas 2,3% a redução foi parcial (Tabela VII).

Pressão por resultados:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em três níveis, sendo que

para 18,6% houve um aumento considerável, para 37,2% aumento parcial e para

44,2% foi indiferente (Tabela VIII).

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98

Oportunidade de desenvolvimento:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em quatro níveis, sendo que

para 11,6% houve aumento considerável; para 39,5% aumento parcial; para

44,2% foi indiferente e para apenas 4,7% a redução foi parcial (Tabela IX).

Relacionamento entre os colaboradores:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em quatro níveis, sendo que

para 16,3% houve aumento considerável; para 32,6% aumento parcial; para

46,5% foi indiferente e para apenas 4,7% a redução foi parcial (Tabela X).

Burocratização da comunicação:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que para 9,3% houve aumento considerável; para 25,6% aumento parcial; para

46,5% foi indiferente, para 16,3% a redução parcial e para apenas 2,3% a

redução considerável (Tabela XI).

Oportunidades de crescimento na carreira:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que para 9,3% houve aumento considerável; para 25,6% aumento parcial; para

48,8% foi indiferente, para 7,0% redução parcial e para 9,3% redução

considerável (Tabela XII).

Mudança nas normas:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que para 7,0% houve aumento considerável; para 25,6% aumento parcial; para

62,8% foi indiferente, para 2,3% redução parcial e para apenas 2,3% redução

considerável (Tabela XIII).

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99

Competição entre os colaboradores:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em quatro níveis, sendo que

para 11,6% houve aumento considerável; para 46,5% aumento parcial; para

39,5% foi indiferente e para apenas 2,3% a redução parcial (Tabela XIV).

Conflitos entre os colaboradores:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em três níveis, sendo que

para 14,4% houve aumento considerável; para 46,5% aumento parcial e para

39,5% foi indiferente (Tabela XV).

Na análise das respostas às nove questões propostas, observou-se que

tanto os colaboradores da empresa RCS como da empresa BDO, em sua imensa

maioria, concordaram com as afirmativas propostas, conforme demonstrado na

coluna P da Tabela 9; nestes casos os níveis de significância foram superiores

a 0,05, o que indica a não existência de diferença significativa entre as respostas

dos dois grupos.

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100

Tabela 9: Percepções sobre as mudanças e a sensações vivenciadas

Fonte: Dados dos questionários

A concordância presente nas nove questões (conforme as tabelas do

apêndice 5) pode ser justificada pela média das respostas apresentadas na

Tabela 10 e também representada no Gráfico 7, mediante a realização do cálculo

da média, utilizando-se a totalidade das respostas dos colaboradores, que

atribuíram uma nota: 5 para as respostas “aumento considerável”, 4 “aumento

parcial”, 3 “indiferente”, 2 “redução parcial” e 1 “redução considerável”.

Questão 9 EmpresaN

Ordem Média

Somadas ordens

Mann-Whitney U p

BDO 17 24,32 413,50

RCS 26 20,48 532,50

Total43

BDO 17 22,09 375,50

RCS 26 21,94 570,50

Total43

BDO 17 23,26 395,50

RCS 26 21,17 550,50

Total43

BDO 17 22,74 386,50

RCS 26 21,52 559,50

Total43

BDO 17 20,09 341,50

RCS 26 23,25 604,50

Total43

BDO 17 24,76 421,00

RCS 26 20,19 525,00

Total43

BDO 17 24,65 419,00

RCS 26 20,27 527,00

Total43

BDO 17 22,91 389,50

RCS 26 21,40 556,50

Total43

BDO 17 21,41 364,00

RCS 26 22,38 582,00

Total43

205,500 ,674

211,000 ,786

,738

188,500 ,389

174,000 ,209

176,000 ,193

9.8 Crescimento da competição entre os profissionais

9.9 Conflitos entre os profissionais das empresas quanto a forma de trabalho e a metodologia

208,500

9.7 Mudança nas normas disciplinares

219,500 ,968

199,500 ,563

9.2 Pressão por resultados

9.3 Oportunidades de desenvolvimento (treinamento, etc.)

9.4 Relacionamento cordial, com os colegas de trabalho

9.5 Comunicação foi reduzida e burocratizada]

9.6 Oportunidades de crescimento na carreira]

9.1 Autonomia e independência nos trabalhos 181,500 ,283

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101

Tabela 10: média das respostas sobre as mudanças

Fonte: Dados dos questionários

Gráfico 7: média das respostas sobre as mudanças

Fonte: Dados dos questionários

Quanto às mudanças ocorridas na integração da cultura e das pessoas

na pós-fusão, a média dos colaboradores considerou que não houve alterações

significativas e sim, pequenas mudanças parciais em suas rotinas que ambas as

equipes já vivenciavam. Dessa forma, apresenta-se como resultado positivo a

condução dos dirigentes quanto à ambientação das equipes e ao trabalho de

integrá-las sem desordená-las ou causar-lhes interferências nos seus trabalhos

e perspectivas de crescimento.

Demonstrou preocupação com a

integração dos profissionais

Buscou promover aceitação e

integração das culturas

Incentivou a participação nos

treinamentos sobre as normas e a metodologia]

Orientou e aconselhou quando surgiram dúvidas

quanto a performance,

posição e carreira.

Valorizou o comprometimento dos profissionais para atingimento

das metas

Realizou avaliações dos trabalhos de

forma justa e orientado ao

desenvolvimento

BDO 4,18 4,18 4,47 4,18 3,94 3,65RCS 4,08 4,08 4,38 4,31 3,96 3,85Total 4,12 4,12 4,42 4,26 3,95 3,77

Autonomia e independência nos

trabalhos

Pressão por resultados

Oportunidades de desenvolvimento (treinamento, etc.)

Relacionamento cordial, com os

colegas de trabalho

Comunicação foi reduzida e

burocratizada]

Oportunidades de crescimento na

carreira]

Mudança nas normas

disciplinares

Crescimento da competição entre os

profissionais

Conflitos entre os profissionais das

empresas quanto a forma de trabalho e

a metodologia BDO 3,76 3,76 3,65 3,65 3,06 3,47 3,53 3,71 3,71RCS 3,50 3,73 3,54 3,58 3,35 3,00 3,19 3,65 3,77Total 3,60 3,74 3,58 3,60 3,23 3,19 3,33 3,67 3,74

Gestores das áreas estavam

preparados para atuar no processo

de fusão e na integração

A integração foi concluída e julgo

positivo o ambiente de trabalho.

Na sua percepção, os gestores

atingiram o êxito esperado na F&A

Após o processo de F&A, a empresa é

vista como uma das principais empresas

de auditoria.

Na sua percepção os gestores estão aptos para futuras

F&A

BDO 3,53 3,71 3,76 4,00 3,82RCS 3,38 3,46 3,65 3,96 3,54Total 3,44 3,56 3,70 3,98 3,65

Report

ReportMean

Mean

ReportMean

,00

,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00Autonomiaeindependêncianostrabalhos

Pressãoporresultados

Oportunidadesdedesenvolvimento(treinamento,etc.)

Relacionamentocordial,comoscolegasdetrabalho

Comunicaçãofoireduzidaeburocratizada]Oportunidadesdecrescimentonacarreira]

Mudançanasnormasdisciplinares

Crescimentodacompetiçãoentreosprofissionais

Conflitosentreosprofissionaisdasempresasquantoaformadetrabalhoeametodologia

Mudançasesensaçõesvivenciadas-médias

BDO

RCS

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102

Segundo Zamboni (2013), o grau de aculturação de cada empresa é um

fator indispensável a ser analisado pelo dirigente e deve ser considerado, na

definição dos preceitos das mudanças, de forma a ser harmonizável com os

desafios no caso de fusão, com a criação da nova unidade organizacional, ou

nas aquisições, para acomodar a interferência da outra empresa nas decisões

da empresa adquirida.

Esse resultado pode ser confirmado através do Gráfico 7 e na Tabela

10 das médias, o que permite interpretar que: a autonomia das equipes nos

trabalhos sofreu baixa interferência dos dirigentes; isso deve-se ao grau de

experiência das equipes e aos treinamentos oferecidos quanto à metodologia

aplicada e às ferramentas de trabalho; além disso, é verificado um percentual

ligeiramente superior nas equipes da BDO; essa diferença deve-se à inclusão

dos especialistas das áreas tributárias e trabalhistas nos trabalhos de auditoria,

fato este que já era rotineiro nas equipes da RCS.

Quanto à pressão por resultados, ela mantém-se com baixa

interferência dos dirigentes, pois, dentro da rotina das equipes e dos dirigentes,

são realizados planejamentos anuais dos trabalhos de cada cliente, em que

cada membro da equipe conhece sua tarefa, o tempo que será destinado a ela,

a forma de demonstrar os resultados e a qualidade que será exigida; desta

forma a equipe consegue se programar e reduzir a pressão pelos resultados.

No caso de oportunidades de desenvolvimento o nível de interferência

manteve-se baixo, pois, a empresa conta com um calendário anual dos

treinamentos, por níveis hierárquicos, que são oferecidos aos seus

colaboradores. O pequeno aumento apresentado no gráfico 7 deve-se aos

treinamentos iniciais quanto à metodologia e às ferramentas de trabalho que

foram implantadas por ocasião da pós-fusão.

Quanto ao relacionamento cordial com os colegas, nota-se que as

médias das empresas estão muito próximas e com pequena alteração; isso

deve-se ao esforço dos dirigentes em mesclar as equipes e a mudança da sede,

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103

o que facilitou o convívio das equipes, o conhecimento e a integração das

mesmas.

Para a comunicação, não houve a percepção de mudança para a equipe

da BDO, em contrapartida, a equipe da RCS teve a percepção de que ela se

tornou um pouco mais burocrática; tal fato foi observado através das entrevistas

com os sócios da RCS, pois, a ferramenta de trabalho adotada na pós-fusão é

mais complexa e burocrática e, mesmo após os treinamentos, as equipes

passaram a utilizar um tempo maior para finalizar seus trabalhos. Essa

percepção não ocorreu na equipe da BDO, uma vez que eles já trabalhavam com

essa ferramenta.

Quanto à oportunidade de crescimento na carreira, houve uma

percepção maior da equipe que foi da BDO quanto às chances de

desenvolvimento e crescimento. Esse fator pode ser explicado, pois a empresa

utilizou-se das políticas de Recursos Humanos da RCS a qual contemplava a

política de cargos e salários, onde os colaboradores são avaliados anualmente

e promovidos. No caso dos colaboradores da RCS não houve mudança na

percepção, pois estes já conheciam as políticas de Recursos Humanos da RCS.

Para as normas disciplinares, a percepção de mudanças dos

colaboradores da BDO foi maior devido às políticas de Recursos Humanos

adotadas pela empresa. Dentro dessa política faz parte a orientação quanto ao

manual do código de conduta, quando são apresentadas as normas de

convivência, disciplina e o dress- code da empresa.

No caso de crescimento da competição entre os colaboradores, esse

manteve-se na média para ambas as empresas e reflete um pequeno aumento.

Tal fato reflete o clima organizacional e o ambiente de trabalho dos

colaboradores, já que a própria atividade da empresa proporciona uma

competição entre os colaboradores, pois o plano de carreira propõe ao

colaborador, como ultima faixa de crescimento, o ingresso como sócio.

Conforme a política interna, essa competição é encorajada pelos dirigentes e

deve ocorrer dentro de um limite de respeito e ética profissional.

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104

Quanto ao conflito dos colaboradores quando da integração das

metodologias, esse manteve-se na média para as duas empresas refletindo um

pequeno aumento. Nesse caso, ambos os colaboradores quando da integração

das metodologias, tiveram a percepção de um pequeno aumento dos conflitos

devido às mudanças implantadas na pós-fusão. Na equipe da RCS foram

implantadas novas ferramentas de trabalho o que ocasionou aumento do tempo

de aprendizado e assimilação dos processos, gerando um stress por ocasião da

junção das equipes. Em contrapartida, a equipe da BDO recepcionou novos

colaboradores em suas equipes de trabalho, com a entrada de especialistas nas

áreas tributária e trabalhistas da RCS, o que, na percepção das equipes BDO,

deixou os trabalhos mais morosos, devido à dependência técnica quanto a

assunto complexos, além da redução das horas destinadas à auditoria, devido à

transferência dessas horas para as consultorias. Esses conflitos foram

solucionados com treinamentos específicos e reuniões conduzidas pelos

dirigentes.

4.2.2.3 Avaliação do papel dos dirigentes na F&A:

Nesta variável procurou-se compreender as percepções dos

colaboradores sobre o papel dos dirigentes no processo de pós-fusão e a

avaliação de sua participação. Foram apresentadas cinco questões envolvendo:

dirigentes preparados para o processo, integração finalizada, dirigentes

atingiram o objetivo no processo, visão do colaborador quanto ao crescimento

da empresa e dirigentes aptos para futuros processos de F&A. Foram

apresentadas cinco opções de respostas com a orientação para indicar somente

uma.

O processamento dessas questões foi objeto de elaboração de cinco

tabelas que consolidam as opiniões dos colaboradores. Essas Tabelas (Tabela

XVI, Tabela XVII, e assim sucessivamente até a Tabela XX), encontram-se no

apêndice 5.

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105

Dirigentes preparados para o processo:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que 11,6% concorda plenamente; 46,5% concorda parcialmente; para 18,6% é

indiferente; 20,9% discorda parcialmente e apenas 2,3% discorda plenamente

(Tabela XVI).

Integração da cultura e gestão de pessoas foi concluída e positiva:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que 16,3% concorda plenamente; 44,2% concorda parcialmente; para 20,9% foi

indiferente; 16,3% discorda parcialmente e apenas 2,3% discorda plenamente

(Tabela XVII).

Dirigentes atingiram os objetivos no processo:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que 16,3% concorda plenamente; 48,8% concorda parcialmente; para 25,6% foi

indiferente; 7% discorda parcialmente e apenas 2,3% discorda plenamente

(Tabela XVIII).

Visão do colaborador quanto ao crescimento da empresa:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em quatro níveis, sendo que

30,2% concorda plenamente; 48,8% concorda parcialmente; para 9,3% foi

indiferente e 11,6% discorda parcialmente (Tabela XIX).

Dirigentes aptos para os processos de F&A e:

Nesta questão foram geradas 43 respostas em todos os níveis, sendo

que 23,3% concorda plenamente; 46,5% concorda parcialmente; para 4,7% foi

indiferente; 23,3% discorda parcialmente e apenas 2,3% discorda plenamente

(Tabela XX).

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106

Na análise das respostas às cinco questões propostas, observou-se que

tanto os colaboradores da empresa RCS como da empresa BDO, em sua imensa

maioria, concordaram com as afirmativas propostas, conforme demonstrado na

coluna P da tabela 11; nestes casos os níveis de significância foram superiores

a 0,05 o que indica a não existência de diferença significativa entre as respostas

dos dois grupos.

Tabela 11: Avaliação do papel dos dirigentes

Fonte: Dados dos questionários

A concordância presente nas cinco questões (conforme as tabelas do

apêndice 6) pode ser justificada pela média das respostas apresentadas na

Tabela 12 e também representada no Gráfico 8, mediante a realização do calculo

da média, utilizando-se a totalidade das respostas dos colaboradores, que

atribuíram uma nota: 5 para as respostas “concordo plenamente”, 4 “concordo

parcialmente”, 3 “indiferente”, 2 “discordo parcialmente” e 1 “discordo

plenamente”.

Questão 10 EmpresaN

Ordem Média

Somadas ordens

Mann-Whitney U p

BDO 17 23,26 395,50

RCS 26 21,17 550,50

Total43

BDO 17 23,76 404,00

RCS 26 20,85 542,00

Total43

BDO 17 22,41 381,00

RCS 26 21,73 565,00

Total43

BDO 17 22,53 383,00

RCS 26 21,65 563,00

Total43

BDO 17 23,91 406,50

RCS 26 20,75 539,50

Total43

Q9 EmpresaN

Ordem Média

Somadas ordens

Mann-Whitney U p

BDO 17 24,32 413,50

RCS 26 20,48 532,50

Total43

BDO 17 22,09 375,50

RCS 26 21,94 570,50

Total43

BDO 17 23,26 395,50

RCS 26 21,17 550,50

Total43

BDO 17 22,74 386,50

RCS 26 21,52 559,50

Total43

BDO 17 20,09 341,50

RCS 26 23,25 604,50

Total43

BDO 17 24,76 421,00

RCS 26 20,19 525,00

,738

188,500 ,389

174,000 ,209

208,500

219,500 ,968

199,500 ,563

9.2 Pressão por resultados

9.3 Oportunidades de desenvolvimento (treinamento, etc.)

9.4 Relacionamento cordial, com os colegas de trabalho

9.5 Comunicação foi reduzida e burocratizada]

9.6 Oportunidades de crescimento na carreira]

,570199,500

,388188,500

,431191,000

9.1 Autonomia e independência nos trabalhos

,809212,000

,851214,000

10.5 Na sua percepção os gestores estão aptos para futuras F&A

181,500 ,283

Ranks

10.1 Gestores das áreas estavam preparados para atuar no processo de fusão e na integração

10.2 A integração foi concluída e julgo positivo o ambiente de trabalho.

10.3 Na sua percepção, os gestores atingiram o êxito esperado na F&A

10.4 Após o processo de F&A, a empresa é vista como uma das principais empresas de auditoria.

Page 107: Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio incondicional nas muitas horas difíceis.

107

Tabela 12: média das respostas sobre a avaliação do papel dos dirigentes

Fonte: Dados dos questionários

Gráfico 8: média das respostas sobre a avaliação dos dirigentes

Fonte: Dados dos questionários

Quanto às percepções dos colaboradores se os dirigentes estavam

preparados para novos processos de F&A, a média considerou que eles estavam

preparados. No entanto, o processo e a participação dos dirigentes poderiam ser

aperfeiçoados, mesmo assim, esse resultado pode ser considerado positivo, pois

foi pequeno o número de colaboradores que discordaram das cinco questões

apresentadas.

Conforme a percepção dos colaboradores quanto ao atingimento das

metas propostas na fusão, a média considerou que a meta foi alcançada e a

Gestores das áreas estavam

preparados para atuar no processo

de fusão e na integração

A integração foi concluída e julgo

positivo o ambiente de trabalho.

Na sua percepção, os gestores

atingiram o êxito esperado na F&A

Após o processo de F&A, a empresa é

vista como uma das principais empresas

de auditoria.

Na sua percepção os gestores estão aptos para futuras

F&A

BDO 3,53 3,71 3,76 4,00 3,82RCS 3,38 3,46 3,65 3,96 3,54Total 3,44 3,56 3,70 3,98 3,65

ReportMean

,00

,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

Gestoresdasáreasestavampreparadosparaatuarnoprocessodefusãoenaintegração

Aintegração foiconcluídaejulgopositivooambientedetrabalho.

Nasuapercepção,osgestoresatingiramoêxitoesperadonaF&A

ApósoprocessodeF&A,aempresaévistacomoumadasprincipaisempresasde

auditoria.

Nasuapercepçãoosgestoresestãoaptospara futurasF&A

Dirigentes prerarados para o processo - médias

BDO

RCS

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108

empresa é vista como um dos principais players do mercado de auditoria e

consultoria atualmente, sendo que seus dirigentes estariam preparados para

realizarem novos processos de F&A.

Conforme Braz, Maranhão e Ituassu (2015), o dirigente tem papel

fundamental no aculturamento, mas, antes de iniciar os processos, ele deve

certificar-se de que conhece bem sua própria cultura, para que consiga

rapidamente identificar incompatibilidades com a cultura da outra organização.

O dirigente deve estar preparado e disposto a atuar nos casos em que se faça

necessário, além de envolver-se em atividades que demonstrem as crenças,

percepções e sentimentos, garantindo uma maior empatia com as equipes para

conquistar a credibilidade das mesmas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo demonstrou que o papel assumido pelos dirigentes nas

integrações da cultura e das pessoas, foram consideradas bem-sucedidas,

sendo que, na percepção dos dirigentes e dos colaboradores a atuação foi

considerada essencial para alcançar os objetivos da F&A. Os objetivos da

integração podem ser evidenciados pelo crescimento da empresa na pós-fusão,

através do faturamento que quadruplicou em quatro anos e, o número de

colaboradores que no mesmo período triplicou, além de a empresa ser

reconhecida pelo mercado e consolidar-se como a quinta maior empresa de

auditoria no ranking nacional.

A combinação estratégica utilizada para formalizar essa operação foi o

contrato de longa duração ou parceria, sendo a fusão considerada do tipo

horizontal, que é definida como uma fusão dentro de um mesmo segmento. Todo

esse processo, do início das negociações até o anúncio da fusão, ocorreu em

um curto espaço de tempo, aproximadamente 60 dias, essa celeridade deveu-

se ao fato de as empresas serem reconhecidas como players de sucesso em

seu segmento de mercado.

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109

Pode-se destacar como pontos positivos desta fusão: (i) a forte liderança

de seus dirigentes, (ii) a integração entre as culturas; (iii) o fortalecimento da

relação entre os dirigentes; (iv) o aprimoramento da metodologia de trabalho

entre as empresas; (v) a cooperação entre as equipes; (vi) o foco no cliente; (vii)

o elevado nível de aspiração da empresa para seu crescimento e a consolidação

de sua marca como a 5a. maior empresa de auditoria no mercado nacional.

Existiram pontos negativos que foram trabalhados e superados durante

o processo de fusão; a resistência inicial das equipes da RCS em adotarem a

metodologia de trabalho mais complexa e burocrática, bem como, a inclusão nas

equipes da BDO de especialistas tributários e trabalhistas da RCS, nos trabalhos

de auditoria. Essas resistências geraram um stress inicial nas equipes devido a

burocratização e o maior volume de horas gastas nos trabalhos, ocasionando a

saída de alguns colaboradores que não se adaptaram ao novo processo.

O balanço entre os pontos positivos e negativos no processo de pós-

fusão foi considerado pelos dirigentes como bem-sucedido, pois os pontos

negativos foram superados em um curto espaço de tempo e o índice de saída

dos colaboradores no primeiro ano foi considerado muito baixo, tendo em vista

o processo de fusão.

A cultura organizacional assumiu um papel importante nos processos de

F&A, sendo que um dos principais desafios dos dirigentes era transmitir

segurança aos colaboradores durante o processo. Diante deste desafio, os

dirigentes se prepararam realizando um planejamento de comunicação junto ao

seu público interno e externo. Esse processo foi realizado mediante treinamentos

recorrentes, integrando as equipes das duas empresas fusionadas e realizando

reuniões frequentes com suas equipes e de forma individual com alguns

colaboradores, tendo como finalidade a elucidação do processo e a capacidade

de crescimento da empresa.

A empresa adotou como estratégia de integração entre as culturas a

forma de mescla, onde busca a complementaridade de competências. Nesse

caso a atribuição dos dirigentes foi de identificar talentos que deveriam reter e

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110

gerar conhecimento cruzado para ambas as equipes. No caso da estratégia de

mescla, as mudanças são consideradas moderadas para ambas as equipes.

A empresa BDO RCS passou pelos quatro estágios dos choques

culturais durante o processo de integração, sendo o mais relevante o terceiro

estágio, onde as diferenças entre as equipes apareceram e as equipes para se

protegerem começaram a formar “panelinhas”. Esse processo foi revertido

através da participação dos dirigentes em treinamentos, das reuniões que

ocorriam com regularidade junto as suas equipes e através de conversas

individuais com os colaboradores; a finalidade dessas reuniões era colocar as

diferenças na escala real de modo que todos aprendessem com as diferenças e

pudessem conviver com as diversidades.

Em relação as mudanças ocorridas no processo de integração da cultura

e principalmente na gestão das pessoas, elas ocorreram de forma organizada e

harmônica, não interferindo de forma abrupta na vida pessoal dos colaboradores

e nos seus trabalhos. Neste caso, os desafios impostos aos dirigentes eram de

conduzir as mudanças de forma que não acarretassem uma ruptura brusca nos

processos e nos trabalhos, e na manutenção e retenção de seus talentos durante

a fase inicial do processo de pós-fusão.

Vale destacar que as situações mais críticas encontradas durante o

período de integração, segundo os dirigentes, relacionam-se a pessoas e

culturas. Isso confirma o discutido no referencial teórico em que, passados vários

anos desde o primeiro estudo sobre o assunto, esses problemas continuam

sendo os mais sensíveis e requerem maior preocupação para que o processo de

fusão seja bem-sucedido e atinja os objetivos propostos.

Quanto aos dirigentes estarem preparados para futuros processos de

F&A e a avaliação dos mesmos quanto ao processo de integração das culturas

e das pessoas, a maioria dos colaboradores concordaram que os dirigentes

estão aptos a conduzir novos processos de F&A e essas percepções são

ratificadas pelos dirigentes, que consideraram seu papel exitoso devido à

experiência adquirida em outros processos F&A e a relação harmoniosa entre

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111

eles. Apesar de considerarem que o processo de integração foi bem-sucedido,

eles destacaram que a integração da cultura e a gestão das pessoas sempre

podem ser melhorados e aperfeiçoados nos futuros processos de F&A.

As contribuições do estudo buscaram compreender o papel dos

dirigentes na integração da cultura e na gestão de pessoas em um processo de

F&A. Essas conclusões poderão informar futuros estudos através das limitações,

uma vez que é um estudo de caso de fusão de empresa no setor de serviços e

na atividade de auditoria e consultoria. Esse ramo de atividade pode contrastar

se comparado com outros setores de atividades, tendo em vista o seu alto grau

de exigência junto a Órgãos Regulamentadores Governamentais e não

Governamentais.

Os resultados, contudo, sugerem a continuidade da pesquisa para

aprofundar aspectos pouco explorados como a experiência de empresas de

outros setores, bem como a associação de motivos de venda/aquisição ao

processo de integração, buscando identificar novas percepções.

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112

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APÊNDICE 1

ROTEIRO DE ENTREVISTA

1) Quais as suas percepções das estratégias adotadas na época do processo de

fusão entre a RCS e a BDO? Quais os motivos que determinaram os processos?

2) Quanto tempo durou este processo, do início das negociações até a integração

das equipes? Na sua percepção o processo está encerrado?

3) Como foi a relação entre os dirigentes no processo de decisão das duas

empresas?

4) Quais os desafios encontrados? Como foram solucionados?

5) Foi constituído um comitê para gerenciar o processo de integração das equipes?

De que forma foi feito o processo?

6) Quais foram os conflitos que ocorreram na integração das equipes? E como

foram solucionados?

7) Na sua percepção qual o papel dos dirigentes durante o processo de integração?

E qual foi o seu papel como dirigente?

8) Atualmente como você vê o papel dos dirigentes no pós-integração? O que está

funcionando e o que ainda pode ser melhorado para um futuro processo de F&A?

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APÊNDICE 2

16/07/2016 Questionário de Fusão e Aquisição (F&A)

https://docs.google.com/forms/d/1btRuNNW7-d1mjXnzKR-Lz6y6OrSpOsX20XvKs58SxTY/edit 1/4

Questionário de Fusão e Aquisição (F&A)Meu nome é Marco Antonio Sanson, e estou realizando o Programa de Pós­Graduação em

Administração na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC­SP).

Este questionário é parte integrante de um estudo que estou realizando sobre O Desafio dos

Gestores nos Processos de Fusão e Aquisição (F&A) de Empresas.

Solicito a sua colaboração no sentido de respondê­lo com base em suas convicções e vivência

profissional.

Esta atividade levará aproximadamente 5 minutos, os dados serão utilizados exclusivamente para

pesquisa e elaboração de Dissertação de Mestrado em Administração e não serão divulgados

isoladamente

Agradeço a participação e coloco­me à disposição para esclarecimentos necessários.

Marco Antonio Sanson

Email: [email protected];

Telefone: (11) 98331­7703

*Obrigatório

I ­ CARACTERIZAÇÃO DO RESPONDENTE:Indique:

1. 1 Seu primeiro nome:

2. 2. Seu o seu gênero: *Marcar apenas uma oval.

Masculino

Feminino

3. 3. Qual a sua idade: *Marcar apenas uma oval.

de 18 a 24 anos

de 25 a 35 anos

de 36 a 45 anos

de 46 a 55 anos

a partir de 55 anos

4. 4. Qual o seu grau de escolaridade: *Marcar apenas uma oval.

Ensino Médio

Ensino Superior

Pós­graduação (lato sensu)

Mestrado/Doutorado

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16/07/2016 Questionário de Fusão e Aquisição (F&A)

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5. 5. Em qual área que você trabalha? *Marcar apenas uma oval.

Área de Auditoria

Área de Consultoria

Área Administrativa

Outro:

6. 6. A quanto tempo trabalha na empresa *Marcar apenas uma oval.

de 0 á 5 anos

de 6 a 8 anos

de 9 a 12 anos

acima de 12 anos

7. 7. Você é proveniente da: *Marcar apenas uma oval.

Empresa BDO

Empresa RCS

II – PERCEPÇÕES NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO

8. 8. Qual a sua percepção do trabalho dos gestores durante o processo de integração,indique o seu nível de concordância, com as afirmativas abaixo: *Marcar apenas uma oval por linha.

Concordo

Plenamente

Concordo

ParcialmenteIndiferente

Discordo

Parcialmente

Discordo

Plenamente

8.1 Demonstrou

preocupação com a

integração dos

profissionais

8.2 Buscou

promover aceitação

e integração das

culturas

8.3 Incentivou a

participação nos

treinamentos sobre

as normas e a

metodologia

8.4 Orientou e

aconselhou quando

surgiram dúvidas

quanto a

performance,

posição e carreira.

8.5 Valorizou o

comprometimento

dos profissionais

para atingimento

das metas

8.6 Realizou

avaliações dos

trabalhos de forma

justa e orientado ao

desenvolvimento

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16/07/2016 Questionário de Fusão e Aquisição (F&A)

https://docs.google.com/forms/d/1btRuNNW7-d1mjXnzKR-Lz6y6OrSpOsX20XvKs58SxTY/edit 3/4

III ­ Mudanças no processo de pós­integração

9. 9. Quais as mudanças na sua rotina de trabalho após o processo de integração, indique oseu nível de concordância, com as alternativas abaixo: *Marcar apenas uma oval por linha.

Aumento

Considerável

Aumento

Parcial

Não aumentou,

nem reduziu

Redução

Parcialmente

Redução

Considerável

9.1 Autonomia e

independência nos

trabalhos

9.2 Pressão por

resultados

9.3 Oportunidades

de

desenvolvimento

(treinamento, etc.)

9.4

Relacionamento

cordial, com os

colegas de

trabalho

9.5 Comunicação

foi reduzida e

burocratizada

9.6 Oportunidades

de crescimento na

carreira

9.7 Mudança nas

normas

disciplinares

9.8 Crescimento

da competição

entre os

profissionais

9.9 Conflitos entre

os profissionais

das empresas

quanto a forma de

trabalho e a

metodologia

IV ­ O desafio dos gestores no pós­integração

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https://docs.google.com/forms/d/1btRuNNW7-d1mjXnzKR-Lz6y6OrSpOsX20XvKs58SxTY/edit 4/4

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10. 10. Como você avalia os gestores no pós­integração, indique o seu nível de concordância,com as afirmativas abaixo: *Marcar apenas uma oval por linha.

Concordo

Plenamente

Concordo

ParcialmenteIndiferente

Discordo

Parcialmente

Discordo

Totalmente

10.1 Gestores das

áreas estavam

preparados para

atuar no processo

de fusão e na

integração

10.2 A integração

foi concluída e julgo

positivo o ambiente

de trabalho.

10.3 Na sua

percepção, os

gestores atingiram o

êxito esperado na

F&A

10.4 Após o

processo de F&A, a

empresa é vista

como uma das

principais empresas

de auditoria.

10.5 Na sua

percepção os

gestores estão

aptos para futuras

F&A

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123

APÊNDICE 3

CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DAS ENTREVISTAS

Visando resguardar a identidade dos entrevistados, optou-se pela não utilização

dos nomes dos entrevistados, sendo adotado um código para cada participante:

• Entrevistado 1

o Cargo que ocupa: Presidente da empresa

o Tempo em que participa da sociedade: 15 anos

o Área de atuação e responsabilidades: Presidente do comitê

executivo, conduz a elaboração e execução dos planos

estratégicos e operacionais, em todas as áreas da empresa,

coordenar as negociações para aquisições, fusões, associações,

com outras empresas e conduz os processos de mudanças na

cultura da organização.

• Entrevistado 2

o Cargo que ocupa: sócio da área de auditoria e tributária

o Tempo em que participa da sociedade: 12 anos

o Área de atuação e responsabilidades: atua como sócio em

trabalhos de auditoria e responsável técnico da área de consultoria

tributária, foi o responsável pela área de treinamento e

programação dos trabalhos no processo de fusão.

• Entrevistado 3

o Cargo que ocupa: sócio da área trabalhista e previdenciária

o Tempo em que participa da sociedade: 12 anos

o Área de atuação e responsabilidades: atua como sócio em

trabalhos de consultoria trabalhista e previdenciária é responsável

técnico da área trabalhista e previdência, é o responsável técnico

pelo treinamento da área. Atual ILP (International Liaison Partner).

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• Entrevistado 4

o Cargo que ocupa: sócio da área de auditoria e controles contábeis

o Tempo em que participa da sociedade: 9 anos

o Área de atuação e responsabilidades: atua como sócio da área de

auditoria e responsável técnico pela área de controles contábeis e

dos controles administrativos de alguns clientes.

• Entrevistado 5

o Cargo que ocupa: sócio da área de auditoria e da área de fraudes,

investigações e disputas (FID),

o Tempo em que participa da sociedade: 7 anos

o Área de atuação e responsabilidades: atua como sócio da área de

auditoria e responsável técnico pela área de fraudes, investigações

e disputas (FID).

• Entrevistado 6

o Cargo que ocupa: sócio da área de auditoria e atendimento de

clientes internacionais

o Tempo em que participa da sociedade: 5 anos

o Área de atuação e responsabilidades: atua como sócio da área de

auditoria e responsável pelo atendimento dos clientes

internacionais e atuou como ILP (International Liaison Partner).

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APÊNDICE 4

Percepção dos colaboradores sobre o papel dos dirigentes:

Tabela I: Preocupação com a integração do colaborador

Demonstrou preocupação com a integração dos

profissionais n %

Concordo Plenamente 15 34,9

Concordo Parcialmente 21 48,8

Indiferente 5 11,6

Discordo Parcialmente 1 2,3

Discordo Plenamente 1 2,3

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela II: Promover a aceitação das culturas

Buscou promover aceitação e integração das culturas n %

Concordo Plenamente 17 39,5

Concordo Parcialmente 18 41,9

Indiferente 5 11,6

Discordo Parcialmente 2 4,7

Discordo Plenamente 1 2,3

Total 43 100,0

Fonte: dados dos questionários

Tabela III: Incentivo aos treinamentos

Incentivou a participação nos treinamentos sobre as

normas e a metodologia n %

Concordo Plenamente 24 55,8

Concordo Parcialmente 15 34,9

Indiferente 2 4,7

Discordo Parcialmente 2 4,7

Discordo Plenamente - -

Total 43 100,0

Fonte: Dados dos questionários

Page 126: Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio incondicional nas muitas horas difíceis.

126

Tabela IV: Orientação aos colaboradores

Orientou e aconselhou quando surgiram dúvidas quanto a

performance, posição e carreira. n %

Concordo Plenamente 18 41,9

Concordo Parcialmente 19 44,2

Indiferente 5 11,6

Discordo Parcialmente 1 2,3

Discordo Plenamente - -

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela V: Comprometimento com as metas

Valorizou o comprometimento dos profissionais para

atingimento das metas n %

Concordo Plenamente 16 37,2

Concordo Parcialmente 15 34,9

Indiferente 8 18,6

Discordo Parcialmente 2 4,7

Discordo Plenamente 2 4,7

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela VI: Avaliação justa dos trabalhos

Realizou avaliações dos trabalhos de forma justa e

orientado ao desenvolvimento n %

Concordo Plenamente 10 23,3

Concordo Parcialmente 21 48,8

Indiferente 5 11,6

Discordo Parcialmente 6 14,0

Discordo Plenamente 1 2,3

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

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127

APÊNDICE 5

Percepções sobre as mudanças e a sensações vivenciadas:

Tabela VII: Autonomia e Independência

Autonomia e independência nos trabalhos n %

Aumento Considerável 5 11,6

Aumento Parcial 17 39,5

Indiferente 20 46,5

Redução Parcial 1 2,3

Redução Considerável - -

Total 43 100,0

Fonte: Dados dos questionários

Tabela VIII: Pressão por resultados

Pressão por resultados n %

Aumento Considerável 8 18,6

Aumento Parcial 16 37,2

Indiferente 19 44,2

Redução Parcial - -

Redução Considerável - -

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela IX: Oportunidade de desenvolvimento

Oportunidades de desenvolvimento (treinamento, etc.) n %

Aumento Considerável 5 11,6

Aumento Parcial 17 39,5

Indiferente 19 44,2

Redução Parcial 2 4,7

Redução Considerável - -

Total 43 100,0

Fonte: Dados dos questionários

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128

Tabela X: Relacionamento entre a equipe

Relacionamento cordial, com os colegas de trabalho n %

Aumento Considerável 7 16,3

Aumento Parcial 14 32,6

Indiferente 20 46,5

Redução Parcial 2 4,7

Redução Considerável - -

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela XI: Burocratização da Comunicação

Comunicação foi reduzida e burocratizada n %

Aumento Considerável 4 9,3

Aumento Parcial 11 25,6

Indiferente 20 46,5

Redução Parcial 7 16,3

Redução Considerável 1 2,3

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela XII: Oportunidade de crescimento

Oportunidades de crescimento na carreira n %

Aumento Considerável 4 9,3

Aumento Parcial 11 25,6

Indiferente 21 48,8

Redução Parcial 3 7,0

Redução Considerável 4 9,3

Total 43 100,0

Fonte: Dados dos questionários

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129

Tabela XIII: Mudança nas normas disciplinares

Mudança nas normas disciplinares n %

Aumento Considerável 3 7,0

Aumento Parcial 11 25,6

Indiferente 27 62,8

Redução Parcial 1 2,3

Redução Considerável 1 2,3

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela XIV: Competição entre os colaboradores

Crescimento da competição entre os profissionais n %

Aumento Considerável 5 11,6

Aumento Parcial 20 46,5

Indiferente 17 39,5

Redução Parcial 1 2,3

Redução Considerável - -

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela XV: Conflito entre os profissionais

Conflitos entre os profissionais das empresas quanto a

forma de trabalho e a metodologia n %

Aumento Considerável 6 14,0

Aumento Parcial 20 46,5

Indiferente 17 39,5

Redução Parcial - -

Redução Considerável - -

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

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130

APÊNDICE 6

Avaliação do papel dos dirigentes na F&A:

Tabela XVI: Gestores preparados para a F&A

Gestores das áreas estavam preparados para atuar no

processo de fusão e na integração N %

Concordo Plenamente 5 11,6

Concordo Parcialmente 20 46,5

Indiferente 8 18,6

Discordo Parcialmente 9 20,9

Discordo Plenamente 1 2,3

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela XVII: Ambiente de trabalho

A integração foi concluída e julgo positivo o ambiente de

trabalho. N %

Concordo Plenamente 7 16,3

Concordo Parcialmente 19 44,2

Indiferente 9 20,9

Discordo Parcialmente 7 16,3

Discordo Plenamente 1 2,3

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

Tabela XVIII: Atingimento do objetivo da F&A

Na sua percepção, os gestores atingiram o êxito esperado

na F&A N %

Concordo Plenamente 7 16,3

Concordo Parcialmente 21 48,8

Indiferente 11 25,6

Discordo Parcialmente 3 7,0

Discordo Plenamente 1 2,3

Total 43 100,0

Fonte: Dados dos questionários

Page 131: Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio incondicional nas muitas horas difíceis.

131

Tabela XIX: Visão da empresa pelo mercado

Após o processo de F&A, a empresa é vista como uma das

principais empresas de auditoria. N %

Concordo Plenamente 13 30,2

Concordo Parcialmente 21 48,8

Indiferente 4 9,3

Discordo Parcialmente 5 11,6

Discordo Plenamente - -

Total 43 100,0

Fonte: Dados dos questionários

Tabela XX: Dirigentes aptos para futuras F&A

Na sua percepção os gestores estão aptos para futuras F&A N %

Concordo Plenamente 10 23,3

Concordo Parcialmente 20 46,5

Indiferente 2 4,7

Discordo Parcialmente 10 23,3

Discordo Plenamente 1 2,3

Total 43 100,0 Fonte: Dados dos questionários

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132

APÊNDICE 7

Tabela das questões 1 e 2: Tabela da Questão 1 das entrevistas dos dirigentes |----------------------------------------------------------------| | | | FORMES LEXICALES PAR ORDRE DE FREQUENCE | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | | | | | | NUM. | MOTS EMPLOYES | FREQUENCES | LONGUEURS | | | | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | 163 | BDO | 21 | 3 | | 172 | EMPRESA | 17 | 7 | | 295 | MARCA | 15 | 5 | | 233 | FORTE | 11 | 5 | | 302 | MERCADO | 9 | 7 | | 173 | EMPRESAS | 5 | 8 | | 378 | PESSOAS | 3 | 7 | | 404 | PROCESSO | 3 | 8 | | 377 | PESSOA | 1 | 6 | |-------|------------------------------|------------|------------|

Fonte: Palavras-chave extraídas da análise léxica da Questão 1 das entrevistas dos dirigentes

Tabela da Questão 2 das entrevistas dos dirigentes

|----------------------------------------------------------------| | FORMES LEXICALES PAR ORDRE DE FREQUENCE | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | | | | | | NUM. | MOTS EMPLOYES | FREQUENCES | LONGUEURS | | | | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | 266 | PESSOAS | 12 | 7 | | 283 | PROCESSO | 10 | 8 | | 39 | BDO | 10 | 3 | | 176 | INTEGRACAO | 8 | 10 | | 120 | EQUIPE | 7 | 6 | | 205 | MESES | 6 | 5 | | 121 | EQUIPES | 6 | 7 | | 111 | EMPRESA | 5 | 7 | | 284 | PROCESSOS | 2 | 9 | | 112 | EMPRESAS | 2 | 8 | | 201 | MES | 2 | 3 | | 155 | FORTE | 1 | 5 | |-------|------------------------------|------------|------------| Fonte: Palavras-chave extraídas da análise léxica da Questão 2 das entrevistas dos dirigentes

Page 133: Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio incondicional nas muitas horas difíceis.

133

APÊNDICE 8

Tabela das questões 3: Tabela da Questão 3 das entrevistas dos dirigentes |----------------------------------------------------------------| | | | FORMES LEXICALES PAR ORDRE DE FREQUENCE | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | | | | | | NUM. | MOTS EMPLOYES | FREQUENCES | LONGUEURS | | | | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | 48 | BDO | 22 | 3 | | 365 | SOCIOS | 15 | 6 | | 257 | NÓS | 14 | 3 | | 364 | SOCIO | 9 | 5 | | 69 | COMITE | 4 | 6 | |-------|------------------------------|------------|------------| Fonte: Palavras-chave extraídas da análise léxica da Questão 3 das entrevistas dos dirigentes

Page 134: Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio incondicional nas muitas horas difíceis.

134

APÊNDICE 9

Tabela das questões 4, 5 e 6: Tabela da Questão 4 das entrevistas dos dirigentes |----------------------------------------------------------------| | | | FORMES LEXICALES PAR ORDRE DE FREQUENCE | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | | | | | | NUM. | MOTS EMPLOYES | FREQUENCES | LONGUEURS | | | | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | 132 | EQUIPE | 9 | 6 | | 224 | NÓS | 7 | 3 | | 269 | PROFISSIONAIS | 6 | 13 | | 267 | PROCESSO | 6 | 8 | | 126 | EMPRESA | 5 | 7 | | 165 | GENTE | 5 | 5 | | 209 | METODOLOGIA | 4 | 11 | | 253 | PESSOAS | 3 | 7 | | 159 | FORMA | 2 | 5 | | 133 | EQUIPES | 2 | 7 | | 266 | PROBLEMAS | 2 | 9 | | 270 | PROFISSIONAL | 2 | 12 | | 210 | METODOLOGIAS | 1 | 12 | |-------|------------------------------|------------|------------|

Fonte: Palavras-chave extraídas da análise léxica da Questão 4 das entrevistas dos dirigentes

Tabela da Questão 5 das entrevistas dos dirigentes |----------------------------------------------------------------| | | | FORMES LEXICALES PAR ORDRE DE FREQUENCE | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | | | | | | NUM. | MOTS EMPLOYES | FREQUENCES | LONGUEURS | | | | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | 96 | EMPRESA | 8 | 7 | | 106 | EQUIPE | 7 | 6 | | 229 | NOS | 6 | 3 | | 273 | PROCESSO | 6 | 8 | | 275 | PROFISSIONAIS | 6 | 13 | | 258 | PESSOAS | 5 | 7 | | 204 | METODOLOGIA | 4 | 11 | | 181 | INTEGRACAO | 4 | 10 | | 107 | EQUIPES | 4 | 7 | | 151 | FORMA | 2 | 5 | | 97 | EMPRESAS | 2 | 8 | | 274 | PROCESSOS | 2 | 9 | | 162 | GENTE | 1 | 5 | | 276 | PROFISSIONAL | 1 | 12 | | 205 | METODOLOGIAS | 1 | 12 | | 272 | PROBLEMAS | 1 | 9 | |-------|------------------------------|------------|------------| Fonte: Palavras-chave extraídas da análise léxica da Questão 5 das entrevistas dos dirigentes

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135

Tabela da Questão 6 das entrevistas dos dirigentes |----------------------------------------------------------------| | | | FORMES LEXICALES PAR ORDRE DE FREQUENCE | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | | | | | | NUM. | MOTS EMPLOYES | FREQUENCES | LONGUEURS | | | | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | 453 | PROFISSIONAIS | 22 | 13 | | 360 | NOS | 20 | 3 | | 424 | PESSOAS | 13 | 7 | | 188 | EMPRESA | 12 | 7 | | 198 | EQUIPE | 11 | 6 | | 199 | EQUIPES | 11 | 7 | | 254 | FORMA | 8 | 5 | | 189 | EMPRESAS | 8 | 8 | | 448 | PROCESSO | 8 | 8 | | 447 | PROBLEMAS | 6 | 9 | | 446 | PROBLEMA | 5 | 8 | | 338 | METODOLOGIA | 3 | 11 | | 454 | PROFISSIONAL | 2 | 12 | | 296 | INTEGRACAO | 2 | 10 | | 263 | GENTE | 2 | 5 | | 449 | PROCESSOS | 1 | 9 | |-------|------------------------------|------------|------------| Fonte: Palavras-chave extraídas da análise léxica da Questão 6 das entrevistas dos dirigentes

Page 136: Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio incondicional nas muitas horas difíceis.

136

APÊNDICE 10

Tabela da questão 7: Tabela da Questão 7 das entrevistas dos dirigentes |----------------------------------------------------------------| | | | FORMES LEXICALES PAR ORDRE DE FREQUENCE | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | | | | | | NUM. | MOTS EMPLOYES | FREQUENCES | LONGUEURS | | | | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | 407 | PROFISSIONAIS | 20 | 13 | | 181 | EQUIPES | 16 | 7 | | 180 | EQUIPE | 9 | 6 | | 397 | PROBLEMAS | 8 | 9 | | 242 | GESTORES | 8 | 8 | | 98 | CONFLITOS | 6 | 9 | | 408 | PROFISSIONAL | 5 | 12 | | 241 | GESTOR | 2 | 6 | | 97 | CONFLITO | 2 | 8 | | 396 | PROBLEMA | 1 | 8 | |-------|------------------------------|------------|------------| Fonte: Palavras-chave extraídas da análise léxica da Questão 7 das entrevistas dos dirigentes

Page 137: Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio incondicional nas muitas horas difíceis.

137

APÊNDICE 11

Tabela da questão 8 das entrevistas: Tabela da Questão 8 das entrevistas dos dirigentes |----------------------------------------------------------------| | | | FORMES LEXICALES PAR ORDRE DE FREQUENCE | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | | | | | | NUM. | MOTS EMPLOYES | FREQUENCES | LONGUEURS | | | | | | |-------|------------------------------|------------|------------| | 306 | PROFISSIONAIS | 11 | 13 | | 184 | GESTORES | 9 | 8 | | 158 | F&A | 9 | 3 | | 368 | TRABALHO | 6 | 8 | | 373 | TREINAMENTO | 5 | 11 | | 369 | TRABALHOS | 3 | 9 | | 307 | PROFISSIONAL | 1 | 12 | |-------|------------------------------|------------|------------| Fonte: Palavras-chave extraídas da análise léxica da Questão 8 das entrevistas dos dirigentes

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138

ANEXO 1

Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – CEP-PUC/SP

Page 139: Os Desafios dos dirigentes na integração das culturas e ... Antonio... · Aos meus pais, Carmela e Antonio, e ao meu filho, Vinicius, pelo apoio incondicional nas muitas horas difíceis.

139

ANEXO 2

Autorização para a realização da pesquisa