Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade
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UNIVERSIDADE PAULISTA
THÂMARA TOZETTO ALVES
OS DESAFIOS DO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA NA TERCEIRA
IDADE
SÃO PAULO
2013
2
THÂMARA TOZETTO ALVES
OS DESAFIOS DO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA NA TERCEIRA
IDADE
Trabalho de conclusão de curso para
obtenção do título de pós graduação em
Saúde Mental para equipes
multiprofissionais apresentado à
Universidade Paulista – UNIP.
Orientadora: Profa. Ana Carolina Schmidt
SÃO PAULO
2013
3
THÂMARA TOZETTO ALVES
OS DESAFIOS DO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA NA TERCEIRA
IDADE
Trabalho de conclusão de curso para
obtenção do título de pós graduação em
Saúde Mental para equipes
multiprofissionais apresentado à
Universidade Paulista – UNIP.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
______________________ __/__/__
Professor Dr. Hewdy Lobo
Universidade Paulista – UNIP
______________________ __/__/__
Profa. Mestre Ana Carolina Schmidt
Universidade Paulista – UNIP
4
AGRADECIMENTOS
À Deus , que persevero minha fé e que propõe sempre um mundo de
possibilidades.
Dedico este trabalho à minha amada família, por sua capacidade de acreditar
e investir em mim. Mãe, pelo seu cuidado e dedicação foram o que deram a
esperança para seguir. Pai, pelo seu auxílio e crença em minha pessoa, fizeram eu
não estar sozinha nesta caminhada.
E oque dizer à você Bruno? Obrigada pela paciência, pelo incentivo, pela
força e principalmente pelo carinho.
Aos meus amigos, pelas alegrias, tristezas e dores compartilhadas. Com
vocês este curso teve mais cor e mais forma.
À Professora Ana Carolina Schmidt, por seus ensinamentos, paciência e
confiança ao longo das supervisões. É um prazer tê-la na banca examinadora.
Ao Professor Dr. Hewdy Lobo, que contribui para minha formação de
profissional na área de Saúde Mental, mas também como pessoa. Agradeço a
oportunidade de conhece-lo e ter participado deste aprendizado.
À todos aqueles que de alguma forma contribuíram para esta conquista.
5
“ Eu Estamira sou a visão de cada um. Ninguém
pode viver sem mim. Ninguém pode viver sem Estamira.
E eu me sinto orgulho e tristeza por isso. Porque eles, os
astros Negativos ofensivos, sujam os espaço e quer-me.
Quer-me, e suja tudo. A criação toda é abstrata. Os
espaço inteiro é abstrato. A água é abstrato. O fogo é
abstrato. Tudo é abstrato. Estamira também é abstrato.”
( Estamira )
6
RESUMO
A esquizofrenia é uma psicose crônica, com graves consequências em
diversos âmbitos da vida, exigindo múltiplas formas de cuidado no seu tratamento.
Este transtorno mental acomete cerca de 1% da população mundial, compromete
diversos aspectos biopsicossociais e representa uma significativa mudança na
rotina do portador de sofrimento mental e nas suas relações familiares. Este trabalho
teve por objetivo demonstrar o impacto do tratamento ambulatorial no quadro de
esquizofrenia na terceira idade, podemos verificar que o impacto do tratamento em
serviços comunitários foi positivo, com diminuição de recaídas e melhora nas
relações sociais dos portadores de sofrimento mental. Os resultados podem
contribuir para a literatura científica da área de Saúde Mental, além de elaborar
sugestões a partir dos dados coletados para uma melhor atuação e reflexão no
tratamento ambulatorial.
Palavras-chave: esquizofrenia, terceira idade, idoso, transtornos mentais,
tratamento ambulatorial.
7
ABSTRACT
Schizophrenia is a chronic psychosis, with serious consequences in many
areas of life, requiring multiple forms of care in their treatment. This mental disorder
affects about 1% of the world population, undertakes various biopsychosocial
aspects and represents a significant change in routine psychiatric patient and their
family relationships. This study aimed to demonstrate the impact of outpatient
treatment in the context of schizophrenia in later life, we can see that the impact of
treatment in community service was positive, with a reduction of relapse and
improves social relationships of people with mental distress. The results can
contribute to the scientific literature in the area of Mental Health, and draw
suggestions from the data collected to better performance and reflection in outpatient
treatment.
Keywords: schizophrenia, seniors, elderly, mental disorders, outpatient
treatment.
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Sumário dos resultados incluídos na revisão pxx
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 10
2. OBJETIVO 15
2.1. OBJETIVO GERAL 15
2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO 15
3. METODOLOGIA 16
4. RESULTADOS 17
4.1. RESULTADO DO LEVANTAMENTO
BIBLIOGRÁFICO
17
5. CONCLUSÃO 24
REFERÊNCIAS 25
10
1. INTRODUÇÃO
A humanidade desde os primórdios tem dificuldades em lidar com o
“diferente”. Na psiquiatria o tratamento da loucura por vezes foi baseado na
intolerância aos doentes mentais, vendo no aprisionamento a opção de “esconder”
o que não era tolerado pela sociedade com a finalidade de protegê-la.
A superação do modelo manicomial encontra ressonância nas políticas de
saúde no Brasil que tiveram marcos teóricos e políticos na 8ª. Conferência Nacional
de Saúde (1986), na 1ª. Conferência Nacional de Saúde Mental (1987), na 2ª
Conferência Nacional de Saúde Mental (1992) e na 3ª Conferencia de Saúde Mental
(2001). A reforma psiquiátrica brasileira, nas últimas décadas, há intercalação de
períodos de intensificação das discussões e de surgimento de novos serviços e
programas, com períodos em que ocorrem uma lentificação do processo.
Historicamente podemos situar as décadas de 1980 e 1990 como marcos
significativos nas discussões pela restruturação da assistência psiquiátrica no país
(HIRDES, 2009).
Para HIRDES (2009) a partir destes marcos, passou-se a privilegiar a criação
de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, redes de atenção à saúde mental,
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), leitos psiquiátricos em hospitais gerais,
oficinas terapêuticas, residências terapêuticas, respeitando-se as particularidades e
necessidades de cada local.
Segundo CARDOSO (2011), o tratamento psiquiátrico e o entendimento da
loucura tiveram uma evolução no decorrer da história, como a simbólica de sintomas
de determinadas doenças mentais e as causas destas doenças. Desta maneira, o
tratamento psiquiátrico para muitas doenças mentais torna-se prolongado e marcado
por sucessivas internações, principalmente no curso do tratamento dos transtornos
mentais graves.
11
A esquizofrenia é uma doença crônica, que inicia na adolescência ou no
começo da fase adulta. Embora distúrbios psicóticos severos sejam reconhecidos há
séculos, conforme evidenciam descrições em registros médicos e descrições
literárias, a classificação dos distúrbios psicóticos, especificamente como doença
maníaco-depressiva ou esquizofrenia, ocorreu apenas há aproximadamente cem
anos (NICOLAU, 2012).
Para NICOLINO (2011), a esquizofrenia é um transtorno mental complexo
caracterizado por distorções características e fundamentais do pensamento e
percepção, e por afetos inapropriados. Em relação aos transtornos de pensamento,
os sintomas incluem: eco, imposição ou roubo e divulgação do pensamento. Os
fenômenos ligados às distorções perceptuais consistem em ideias delirantes e vozes
alucinatórias.
O risco de desenvolvimento de esquizofrenia na população geral ao longo da
vida varia de 0,5% a 1%. Os homens apresentam um risco de 1,4 a 2,3 vezes maior
do que as mulheres para desenvolverem a esquizofrenia (ALVARENGA, 2008).
Segundo a quarta revisão da Classificação Americana dos Transtornos
Mentais – DSM IV (APA, 2002), a esquizofrenia tem como sintomas característicos
pelo menos dois dos seguintes, cada um presente por um espaço significativo de
tempo durante um período de um mês (ou menos, caso tratado com êxito):
(1)delírios
(2)alucinações
(3)fala desorganizada (ex., descarrilamento freqüente ou incoerência)
(4)comportamento totalmente desorganizado ou catatônico
(5) sintomas negativos, ou seja, embotamento afetivo, alogia ou avolição.
Apenas um sintoma descrito acima é necessário se os delírios são bizarros
ou as alucinações consistem de uma voz mantendo um comentário sobre o
comportamento ou pensamentos da pessoa, ou duas ou mais vozes conversando
entre si.
Durante um espaço significativo de tempo, desde o início do distúrbio, uma ou
mais áreas principais de funcionamento como trabalho, relações interpessoais ou
12
autocuidado encontram-se significativamente abaixo do nível atingido antes do início
(ou quando o início ocorre na infância ou na adolescência, fracasso em atingir o
nível esperado de desempenho interpessoal, acadêmico ou ocupacional) (APA,
2002).
Referente à duração, sinais contínuos do distúrbio persistem no mínimo
durante seis meses. Este período de seis meses deve incluir pelo menos um mês
com os sintomas que satisfazem critério para diagnóstico deste transtorno (ou seja,
sintomas da fase ativa) e podem incluir períodos prodrômicos e/ou residuais quando
este critério não é plenamente satisfeito. Durante esses períodos, os sinais do
distúrbio podem ser manifestados por sintomas negativos ou por dois ou mais
sintomas listados anteriormente, presentes em uma forma atenuada (ex. a duração
total dos períodos ativo e residual) (APA, 2002).
CARDOSO (2011) traz que a internação psiquiátrica é atualmente indicada
para casos graves quando esgotados os recursos extra hospitalares para o
tratamento ou manejo do problema, sendo a internação com características asilares
proibida. São considerados casos graves situações em que há presença de
transtorno mental com no mínimo, uma das seguintes condições: risco de
autoagressão, risco de heteroagressão, risco de agressão à ordem pública, risco de
exposição social, incapacidade grave de auto cuidado. Sua finalidade centra-se na
estabilização do paciente minimizando riscos, levantando necessidades
psicossociais, ajustando o tratamento psicofarmacológico e a reinserção social do
paciente em seu meio.
Mas não podemos deixar de enfatizar um processo em nosso
desenvolvimento que a saúde mental ainda está iniciando seus estudos sobre a
esquizofrenia, a terceira idade (CARDOSO, 2011).
As questões referentes à terceira idade e ao processo de envelhecimento têm
despertado cada vez mais interesse da sociedade de um modo geral, segundo
HEINS (2012) isso decorre em função do acelerado processo de envelhecimento
populacional que vem ocorrendo em vários países, inclusive no Brasil. É possível
dizer que isto se deve, basicamente, à redução da taxa de natalidade e ao aumento
13
da expectativa de vida, proporcionada por inúmeros avanços tecnológicos em
diversos campos científicos.
O envelhecimento faz parte da vida humana e vários autores têm se dedicado
ao estudo desse processo, assim como a respeito dos idosos.
Para BOSI (2007), além de ser um destino do indivíduo, a velhice é uma
categoria social. [...] cada sociedade vive de forma diferente o declínio biológico do
homem. A sociedade industrial é maléfica para a velhice. Nas sociedades mais
estáveis um octogenário pode começar a construção de uma casa, a plantação de
uma horta, pode preparar os canteiros e semear um jardim. Seu filho continuará a
obra.
Outro estudioso de importância é HALL (1922), sendo que, de acordo com
esse autor, a velhice é um estágio de desenvolvimento em que as paixões da
juventude e os esforços de uma carreira atingiriam fruição e consolidação.
O envelhecimento populacional é um dos fenômenos demográficos mais
notórios da atualidade. Nos países desenvolvidos, a mudança na estrutura etária da
população foi um processo lento, já consolidado. Para CLEMENTE (2010), nos
países em desenvolvimento, esse processo iniciou-se mais tardiamente e vem
ocorrendo num ritmo acelerado. No Brasil, observa-se rápido crescimento da
população idosa desde a década de 60.
Segundo ZIMERMANN (2000), além das alterações no corpo o
envelhecimento traz ao ser humano uma série de mudanças psicológicas, que
podem resultar em: dificuldade de se adaptar a novos papéis, falta de motivação e
dificuldade de planejar o futuro, necessidade de trabalhar as perdas orgânicas,
afetivas e sociais, dificuldade de se adaptar às mudanças rápidas, que têm reflexos
dramáticos nos idosos.
Dentre os problemas de saúde comuns na terceira idade, encontram-se os
transtornos mentais, que acometem cerca de um terço da população idosa. Há
poucos estudos epidemiológicos de morbidade psiquiátrica geral no idoso em nosso
meio (CLEMENTE, 2010).
14
O idoso portador de esquizofrenia não apresenta sintomas ativos, mostrando
graus variados de comprometimento. É de suma importância ter conhecimento que
diversos fatores biopsicossociais de risco também influenciam no agravamento do
quadro psicopatológico, como perda de papéis sociais, perda de autonomia, morte
de amigos e parentes, saúde em declínio, isolamento social, redução do
funcionamento cognitivo entre outros (NICOLAU, 2012).
Pela dificuldade em encontrar artigos sobre a temática do tratamento do
idoso portador de esquizofrenia, justifica-se este levantamento bibliográfico. O olhar
para o envelhecimento dentro dos transtornos psiquiátricos mostra-se limitado, com
pouco material científico gerado.
15
2. OBJETIVO
2.1. Objetivo Geral
Este trabalho tem como objetivo demonstrar o impacto positivo do tratamento
ambulatorial no quadro de esquizofrenia na terceira idade.
2.2. Objetivo Específico
Discutir o tratamento ambulatorial na esquizofrenia.
Identificar as dificuldades encontradas para um idoso portador de
esquizofrenia estabelecer uma qualidade de vida.
Levantar bibliografia atual e científica sobre o tema esquizofrenia e
terceira idade.
16
3. METODOLOGIA
Para o presente estudo foi realizada uma revisão de literatura científica na
base de dados LILACS, artigos completos, em português, com os descritores
“Tratamento AND Esquizofrenia” e “Esquizofrenia”, com filtros “idosos” e idioma
“português”. Como critério de exclusão estão artigos que falem sobre outras faixas
etárias e artigos de fora da temática saúde mental.
17
4. RESULTADOS
Na base de dados LILACS foram encontrados 3 artigos com o descritores
“Tratamento AND Esquizofrenia”, e 15 artigos com os descritor ‘Esquizofrenia” com
os filtros “idosos” e “idioma português”.
Para o presente estudo foram selecionados 3 artigos em decorrência de seu
maior fluxo nas áreas acadêmicas e profissional .
4.1. Resultado do levantamento bibliográfico
Constatou-se que há poucos estudos científicos publicados no Brasil e que a
maior parte da produção científica encontra-se na fase inicial da esquizofrenia no
início da vida adulta. Tornando-se relevante maiores estudos na faixa etária da
terceira idade que vem aumentando de forma progressiva neste país.
A tabela 01 apresenta o resumo dos resultados encontrados.
Tabela 01. Sumário dos resultados incluídos na revisão
Nome do
artigo
Autores Tipo de
estudo
Metodologi
a
Desfechos Comentário
e
conclusões
Internação
psiquiátrica
e a
manutenção
CARDOS
O,
Lucilene;
GALERA,
Estudo
quantitativ
o
exploratóri
A amostra
foi
composta
por
Os pacientes
egressos de
internação
apresentaram
Verificou-se
que há
necessidade
de uma
18
do
tratamento
extra-
hospitalar
Sueli
Aparecida
Frari. Ano
2012.
o em um
serviço
ambulatori
al em
saúde
mental.
pacientes
egressos de
internação.
Utilizou-se
um
questionário
. O
tratamento
farmacológi
co foi
considerado
por 81,2%
dos
apcientes
como
importante e
70,8% dos
pacientes
considerado
s com baixa
adesão ao
mesmo tipo
de
tratamento.
baixo
conhecimenao
nome de sua
doença mental
e tratamento
psicofarmacoló
gico.
adequada
manutenção
do
tratamento
dos
pacientes
não
hospitalizado
s que são
assistidos
pelos
serviços de
atendimento
comunitário.
E que a
prevenção
de recaídas
pode
minimizar
danos e
favorecer as
relações
sociais dos
pacientes, o
que torna a
atuação dos
serviços, e
dos
profissionais
de saúde
imprescindív
el no
19
cotidiano.
Esquizofreni
a: adesão
ao
tratamento
e crenças
sobre o
transtorno e
terapêutica
medicament
osa
NICOLIN
O, P. S..
Ano
2011.
Estudo
transversa
l,
descritivo,
com
abordage
m quali-
quantitativ
a.
Estudo
desenvolvid
o em
serviço
ambulatorial
, destinado
ao
atendimento
de pessoas
com
esquizofreni
a e outros
transtornos
delirantes,
pertecente a
um hospital
geral de
nível
terciário,
localizado
no interior
paulista.
Observou-se
que, entre os
14 pacientes
investigados,
apenas cinco
(35,7%)
aderem ao
tratamento
medicamentos
o. Entre os 9
pacientes
(64,3%) que
não aderem ao
medicamento,
5 (35,7%) são
não aderentes
por
comportamento
intencional e 4
(26,8%) são
não aderentes
por
comportamento
não
intencional.
Os
resultados
deste estudo
apontam
para a
necessidade
de os
profissionais
de saúde
estarem
voltados
para escuta
do paciente,
considerand
o
respeitosam
ente suas
crenças,
necessidade
s,
conheciment
os e valores
para que o
planejament
o de ações
direcionadas
à promoção
da adesão
do mesmo
ao
20
tratamento
medicament
oso seja
pautado em
fatores
intrínsecos à
sua
realidade.
Concepções
sobre
transtornos
mentais e
seu
tratamento
entre idosos
atendidos
em um
serviço
público de
saúde
mental
CLEMEN
TE, A. S..
Ano
2011.
Estudo
qualitativo
, com
abordage
m
antropológ
ica
Entrevistas
abertas,
com roteiro
semiestrutur
ado com
idosos em
um Centro
de
Acolhimento
a Crises.
Um aspecto
implícito na
negação da
existência de
transtornos
mentais seria a
afirmação da
própria
autonomia, já
que os
indivíduos
dependentes
são
considerados
um problema
social nas
comunidade
industriais e
urbanas,
característica
que aproxima a
velhice e a
loucura de
O tratamento
seu valor
reconhecido
pelos idosos,
mas com
certas
ressalvas
que estão
articuladas
com seus
próprios
conceito
sobre
causas e
consequênci
as de
perturbações
. Uma
possível
contribuição
deste
trabalho é
melhorar o
21
outras formas
de
marginalização
. Outra
explicação
possível é que
tal denegação
seja uma
estratégia para
lidar com uma
realidade
carregada de
sofrimento e
dificuldades,
mantendo
afastadas
experiências
dolorosas e
incompreensív
eis, e sustentar
expectativas de
melhora ou
cura.
entendiment
o de
realidades
presentes na
abordagem
dos
transtornos
mentais dos
idosos,
como:
fatores que
determinam
a diminuição
da procura
por
tratamento,
dificuldade
no
reconhecime
nto e manejo
desses
transtornos
pelos
profissionais
de saúde e
na aderência
dos
pacientes ao
tratamento.
Este estudo mostrou a escassez de trabalhos científicos referente ao impacto
22
do tratamento extra hospitalar para portadores de esquizofrenia na terceira idade.
Na realização da pesquisa bibliográfica deste estudo, notou-se o grande
número de artigos relacionados ao tratamento farmacológico do portador de
sofrimento mental, ficando quase nulo artigos que abordem tratamento extra-
hospitalares ou que mostram resultados com a realização deste tratamento com o
público da terceira idade.
Neste estudo pode-se perceber que, autores mostram a preocupação com os
quadros de transtornos mentais em seu início, com a remissão de sintomas ou
estabilidade do quadro. Assim, houve dificuldade em encontrarmos, artigos e/ou
estudos que contemplassem o tratamento de quadros de esquizofrenia instalados e
sua evolução até a terceira idade.
Estudo com pacientes não hospitalizados em tratamento em serviços
comunitários demostra que há diminuição do número de recaídas e possui um maior
favorecimento em suas relações sociais. Cardoso (2012) ressalta a necessidade de
trabalhar o contexto e o objetivo das internações, mostrando aos familiares do
portador de sofrimento mental sua real finalidade. Mostrou que o tratamento
psicofarmacológico é utilizado como manutenção em pacientes que não estão em
crise, assim havendo piora no quadro, ocorrendo as internações.
Em outro estudo, Nicolino (2011), apontou que o paciente considera o
tratamento psicofarmacológico como uma estratégia capaz de atenuar ou restringir
seus sintomas. Porém, se não houver acolhimento, uma escuta cuidadosa do
paciente, poderá não ocorrer aderência do tratamento psicofarmacológico, devido os
profissionais de saúde mental não trabalharem com a realidade vivida por este
paciente.
Há um reconhecimento do valor do tratamento dos transtornos mentais
pelos idosos citados nos artigos, mas que os mesmos possuem suas concepções
sobre as causas dessas “perturbações”. Notou-se também que há preferência pelo
tratamento no próprio ambiente de origem, devido aproximação com os familiares.
Com o tratamento hospitalar e sua vivência ficaram evidentes os sentimentos de
23
abandono, rejeição e solidão, podendo prejudicar de forma significativa a melhora do
quadro em si. Os idosos consideraram necessárias as intervenções de outros
profissionais fora o médico, como terapeuta ocupacional e psicólogo, assim,
mostrando a necessidade de intervenções multidisciplinares (CLEMENTE, 2011).
Há estudos realizados no Chile que apontam decréscimo na procura por
serviços de saúde mental com o passar da idade, idosos com transtornos mentais
representam uma taxa alta de consultas médicas primárias e de hospitalização por
diversas razões ( VICENTE, 2005). Porém, no Brasil não possuímos estudos deste
gênero para comparação e discussão para possíveis ações preventivas e de
tratamento. O Brasil defronta-se com o desafio de elaborar políticas públicas mais
eficientes para oferecer melhores condições de vida e saúde à sua crescente
população idosa.
Devemos nos relembrar que a Lei Federal 10.216 de 2001, nós direciona
para uma assistência em saúde mental privilegiando o oferecimento de tratamento
em serviço de base comunitária, protegendo os direitos dos portadores de
transtornos mentais. Levemos em consideração o artigo terceiro onde é
responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a
assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais,
com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em
estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições que ofereçam
assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.
Estes resultados podem contribuir para facilitar o entendimento da
necessidade de se realizar um maior planejamento e organização de programas
voltados à atenção à saúde mental dos idosos e de serviços à ele destinado.
Assim presumimos uma situação de desassistência, com políticas de saúde
escassas e a necessidade de uma melhoria na formação dos profissionais de saúde
mental voltadas para a saúde do idoso.
24
5. CONCLUSÃO
Este trabalho teve por objetivo demonstrar o impacto do tratamento
ambulatorial no quadro de esquizofrenia na terceira idade, podemos verificar que o
impacto do tratamento em serviços comunitários foi positivo, com diminuição de
recaídas e melhora nas relações sociais dos portadores de sofrimento mental. Além,
de ressaltar a concepção da importância dos atendimentos multidisciplinares pelos
idosos.
Os estudos brasileiros referentes a esquizofrenia na terceira idade ainda são
escassos, e a produção científica existente traz a esquizofrenia numa visão de
tratamento farmacológico.
Os resultados podem contribuir para a literatura científica da área de Saúde
Mental, e para elaboração de políticas públicas de intervenção uma vez que os
dados coletados apontam para a necessidade de expansão do tratamento
psiquiátrico ambulatorial para a população idosa.
25
6. REFERÊNCIAS
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Manole,2008.
BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 5ª ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
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62342011000100012&lng=en&nrm=iso>. access
on 08 Nov. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000100012.
CLEMENTE, A. S.. Concepções sobre transtornos mentais e seu
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HALL, G.. Senescence: The Last Half of Life. New York: D. Appleton and
Company; 1922.
HEIN, M. A.., ARAGAKI, S. S.. Saúde e envelhecimento: um estudo de
dissertações de mestrado brasileiras ( 2000-2009). Caderno Ciência & Saúde
26
Coletiva, 17 (8): 2141-2150, 2012.
HIRDES, Alice. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão. Ciênc.
saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, Feb. 2009 . Available from
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81232009000100036&lng=en&nrm=iso>. access
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NICOLAU, P. F. M.. Disponível em:
http://www.psiquiatriageral.com.br/esquizofrenia/aprendendo01.htm Acessado em 18
de outubro de 2012.
NICOLINO, P. S.. Esquizofrenia: adesão ao tratamento e crenças sobre o
transtorno e terapêutica medicamentosa. São Paulo: Revista Escola de
Enfermagem USP 2011; 45(3):708-15.
VICENTE, B.; KOHN, R.; SALDINA, S.; RIOSECO, P.; TORRES, S..
Patrones de uso de servicios entre adultos com problemas de salud mental em
Chile. Revista Panam Salud Pública 2005, 18:263 – 70.
ZIMERMANN, G. I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artes
Médicas, 2000.