Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

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UNIVERSIDADE PAULISTA THÂMARA TOZETTO ALVES OS DESAFIOS DO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA NA TERCEIRA IDADE SÃO PAULO 2013

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Trabalho de Conclusão de Curso de Aluna Thâmara Tozetto Alves - Pós-Graduação em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais - UNIP - São Paulo - Paraíso - Vida Mental Saúde Mental e Nutricional.

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UNIVERSIDADE PAULISTA

THÂMARA TOZETTO ALVES

OS DESAFIOS DO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA NA TERCEIRA

IDADE

SÃO PAULO

2013

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2

THÂMARA TOZETTO ALVES

OS DESAFIOS DO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA NA TERCEIRA

IDADE

Trabalho de conclusão de curso para

obtenção do título de pós graduação em

Saúde Mental para equipes

multiprofissionais apresentado à

Universidade Paulista – UNIP.

Orientadora: Profa. Ana Carolina Schmidt

SÃO PAULO

2013

Page 3: Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

3

THÂMARA TOZETTO ALVES

OS DESAFIOS DO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA NA TERCEIRA

IDADE

Trabalho de conclusão de curso para

obtenção do título de pós graduação em

Saúde Mental para equipes

multiprofissionais apresentado à

Universidade Paulista – UNIP.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

______________________ __/__/__

Professor Dr. Hewdy Lobo

Universidade Paulista – UNIP

______________________ __/__/__

Profa. Mestre Ana Carolina Schmidt

Universidade Paulista – UNIP

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AGRADECIMENTOS

À Deus , que persevero minha fé e que propõe sempre um mundo de

possibilidades.

Dedico este trabalho à minha amada família, por sua capacidade de acreditar

e investir em mim. Mãe, pelo seu cuidado e dedicação foram o que deram a

esperança para seguir. Pai, pelo seu auxílio e crença em minha pessoa, fizeram eu

não estar sozinha nesta caminhada.

E oque dizer à você Bruno? Obrigada pela paciência, pelo incentivo, pela

força e principalmente pelo carinho.

Aos meus amigos, pelas alegrias, tristezas e dores compartilhadas. Com

vocês este curso teve mais cor e mais forma.

À Professora Ana Carolina Schmidt, por seus ensinamentos, paciência e

confiança ao longo das supervisões. É um prazer tê-la na banca examinadora.

Ao Professor Dr. Hewdy Lobo, que contribui para minha formação de

profissional na área de Saúde Mental, mas também como pessoa. Agradeço a

oportunidade de conhece-lo e ter participado deste aprendizado.

À todos aqueles que de alguma forma contribuíram para esta conquista.

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5

“ Eu Estamira sou a visão de cada um. Ninguém

pode viver sem mim. Ninguém pode viver sem Estamira.

E eu me sinto orgulho e tristeza por isso. Porque eles, os

astros Negativos ofensivos, sujam os espaço e quer-me.

Quer-me, e suja tudo. A criação toda é abstrata. Os

espaço inteiro é abstrato. A água é abstrato. O fogo é

abstrato. Tudo é abstrato. Estamira também é abstrato.”

( Estamira )

Page 6: Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

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RESUMO

A esquizofrenia é uma psicose crônica, com graves consequências em

diversos âmbitos da vida, exigindo múltiplas formas de cuidado no seu tratamento.

Este transtorno mental acomete cerca de 1% da população mundial, compromete

diversos aspectos biopsicossociais e representa uma significativa mudança na

rotina do portador de sofrimento mental e nas suas relações familiares. Este trabalho

teve por objetivo demonstrar o impacto do tratamento ambulatorial no quadro de

esquizofrenia na terceira idade, podemos verificar que o impacto do tratamento em

serviços comunitários foi positivo, com diminuição de recaídas e melhora nas

relações sociais dos portadores de sofrimento mental. Os resultados podem

contribuir para a literatura científica da área de Saúde Mental, além de elaborar

sugestões a partir dos dados coletados para uma melhor atuação e reflexão no

tratamento ambulatorial.

Palavras-chave: esquizofrenia, terceira idade, idoso, transtornos mentais,

tratamento ambulatorial.

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ABSTRACT

Schizophrenia is a chronic psychosis, with serious consequences in many

areas of life, requiring multiple forms of care in their treatment. This mental disorder

affects about 1% of the world population, undertakes various biopsychosocial

aspects and represents a significant change in routine psychiatric patient and their

family relationships. This study aimed to demonstrate the impact of outpatient

treatment in the context of schizophrenia in later life, we can see that the impact of

treatment in community service was positive, with a reduction of relapse and

improves social relationships of people with mental distress. The results can

contribute to the scientific literature in the area of Mental Health, and draw

suggestions from the data collected to better performance and reflection in outpatient

treatment.

Keywords: schizophrenia, seniors, elderly, mental disorders, outpatient

treatment.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Sumário dos resultados incluídos na revisão pxx

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9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 10

2. OBJETIVO 15

2.1. OBJETIVO GERAL 15

2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO 15

3. METODOLOGIA 16

4. RESULTADOS 17

4.1. RESULTADO DO LEVANTAMENTO

BIBLIOGRÁFICO

17

5. CONCLUSÃO 24

REFERÊNCIAS 25

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1. INTRODUÇÃO

A humanidade desde os primórdios tem dificuldades em lidar com o

“diferente”. Na psiquiatria o tratamento da loucura por vezes foi baseado na

intolerância aos doentes mentais, vendo no aprisionamento a opção de “esconder”

o que não era tolerado pela sociedade com a finalidade de protegê-la.

A superação do modelo manicomial encontra ressonância nas políticas de

saúde no Brasil que tiveram marcos teóricos e políticos na 8ª. Conferência Nacional

de Saúde (1986), na 1ª. Conferência Nacional de Saúde Mental (1987), na 2ª

Conferência Nacional de Saúde Mental (1992) e na 3ª Conferencia de Saúde Mental

(2001). A reforma psiquiátrica brasileira, nas últimas décadas, há intercalação de

períodos de intensificação das discussões e de surgimento de novos serviços e

programas, com períodos em que ocorrem uma lentificação do processo.

Historicamente podemos situar as décadas de 1980 e 1990 como marcos

significativos nas discussões pela restruturação da assistência psiquiátrica no país

(HIRDES, 2009).

Para HIRDES (2009) a partir destes marcos, passou-se a privilegiar a criação

de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, redes de atenção à saúde mental,

Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), leitos psiquiátricos em hospitais gerais,

oficinas terapêuticas, residências terapêuticas, respeitando-se as particularidades e

necessidades de cada local.

Segundo CARDOSO (2011), o tratamento psiquiátrico e o entendimento da

loucura tiveram uma evolução no decorrer da história, como a simbólica de sintomas

de determinadas doenças mentais e as causas destas doenças. Desta maneira, o

tratamento psiquiátrico para muitas doenças mentais torna-se prolongado e marcado

por sucessivas internações, principalmente no curso do tratamento dos transtornos

mentais graves.

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A esquizofrenia é uma doença crônica, que inicia na adolescência ou no

começo da fase adulta. Embora distúrbios psicóticos severos sejam reconhecidos há

séculos, conforme evidenciam descrições em registros médicos e descrições

literárias, a classificação dos distúrbios psicóticos, especificamente como doença

maníaco-depressiva ou esquizofrenia, ocorreu apenas há aproximadamente cem

anos (NICOLAU, 2012).

Para NICOLINO (2011), a esquizofrenia é um transtorno mental complexo

caracterizado por distorções características e fundamentais do pensamento e

percepção, e por afetos inapropriados. Em relação aos transtornos de pensamento,

os sintomas incluem: eco, imposição ou roubo e divulgação do pensamento. Os

fenômenos ligados às distorções perceptuais consistem em ideias delirantes e vozes

alucinatórias.

O risco de desenvolvimento de esquizofrenia na população geral ao longo da

vida varia de 0,5% a 1%. Os homens apresentam um risco de 1,4 a 2,3 vezes maior

do que as mulheres para desenvolverem a esquizofrenia (ALVARENGA, 2008).

Segundo a quarta revisão da Classificação Americana dos Transtornos

Mentais – DSM IV (APA, 2002), a esquizofrenia tem como sintomas característicos

pelo menos dois dos seguintes, cada um presente por um espaço significativo de

tempo durante um período de um mês (ou menos, caso tratado com êxito):

(1)delírios

(2)alucinações

(3)fala desorganizada (ex., descarrilamento freqüente ou incoerência)

(4)comportamento totalmente desorganizado ou catatônico

(5) sintomas negativos, ou seja, embotamento afetivo, alogia ou avolição.

Apenas um sintoma descrito acima é necessário se os delírios são bizarros

ou as alucinações consistem de uma voz mantendo um comentário sobre o

comportamento ou pensamentos da pessoa, ou duas ou mais vozes conversando

entre si.

Durante um espaço significativo de tempo, desde o início do distúrbio, uma ou

mais áreas principais de funcionamento como trabalho, relações interpessoais ou

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autocuidado encontram-se significativamente abaixo do nível atingido antes do início

(ou quando o início ocorre na infância ou na adolescência, fracasso em atingir o

nível esperado de desempenho interpessoal, acadêmico ou ocupacional) (APA,

2002).

Referente à duração, sinais contínuos do distúrbio persistem no mínimo

durante seis meses. Este período de seis meses deve incluir pelo menos um mês

com os sintomas que satisfazem critério para diagnóstico deste transtorno (ou seja,

sintomas da fase ativa) e podem incluir períodos prodrômicos e/ou residuais quando

este critério não é plenamente satisfeito. Durante esses períodos, os sinais do

distúrbio podem ser manifestados por sintomas negativos ou por dois ou mais

sintomas listados anteriormente, presentes em uma forma atenuada (ex. a duração

total dos períodos ativo e residual) (APA, 2002).

CARDOSO (2011) traz que a internação psiquiátrica é atualmente indicada

para casos graves quando esgotados os recursos extra hospitalares para o

tratamento ou manejo do problema, sendo a internação com características asilares

proibida. São considerados casos graves situações em que há presença de

transtorno mental com no mínimo, uma das seguintes condições: risco de

autoagressão, risco de heteroagressão, risco de agressão à ordem pública, risco de

exposição social, incapacidade grave de auto cuidado. Sua finalidade centra-se na

estabilização do paciente minimizando riscos, levantando necessidades

psicossociais, ajustando o tratamento psicofarmacológico e a reinserção social do

paciente em seu meio.

Mas não podemos deixar de enfatizar um processo em nosso

desenvolvimento que a saúde mental ainda está iniciando seus estudos sobre a

esquizofrenia, a terceira idade (CARDOSO, 2011).

As questões referentes à terceira idade e ao processo de envelhecimento têm

despertado cada vez mais interesse da sociedade de um modo geral, segundo

HEINS (2012) isso decorre em função do acelerado processo de envelhecimento

populacional que vem ocorrendo em vários países, inclusive no Brasil. É possível

dizer que isto se deve, basicamente, à redução da taxa de natalidade e ao aumento

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da expectativa de vida, proporcionada por inúmeros avanços tecnológicos em

diversos campos científicos.

O envelhecimento faz parte da vida humana e vários autores têm se dedicado

ao estudo desse processo, assim como a respeito dos idosos.

Para BOSI (2007), além de ser um destino do indivíduo, a velhice é uma

categoria social. [...] cada sociedade vive de forma diferente o declínio biológico do

homem. A sociedade industrial é maléfica para a velhice. Nas sociedades mais

estáveis um octogenário pode começar a construção de uma casa, a plantação de

uma horta, pode preparar os canteiros e semear um jardim. Seu filho continuará a

obra.

Outro estudioso de importância é HALL (1922), sendo que, de acordo com

esse autor, a velhice é um estágio de desenvolvimento em que as paixões da

juventude e os esforços de uma carreira atingiriam fruição e consolidação.

O envelhecimento populacional é um dos fenômenos demográficos mais

notórios da atualidade. Nos países desenvolvidos, a mudança na estrutura etária da

população foi um processo lento, já consolidado. Para CLEMENTE (2010), nos

países em desenvolvimento, esse processo iniciou-se mais tardiamente e vem

ocorrendo num ritmo acelerado. No Brasil, observa-se rápido crescimento da

população idosa desde a década de 60.

Segundo ZIMERMANN (2000), além das alterações no corpo o

envelhecimento traz ao ser humano uma série de mudanças psicológicas, que

podem resultar em: dificuldade de se adaptar a novos papéis, falta de motivação e

dificuldade de planejar o futuro, necessidade de trabalhar as perdas orgânicas,

afetivas e sociais, dificuldade de se adaptar às mudanças rápidas, que têm reflexos

dramáticos nos idosos.

Dentre os problemas de saúde comuns na terceira idade, encontram-se os

transtornos mentais, que acometem cerca de um terço da população idosa. Há

poucos estudos epidemiológicos de morbidade psiquiátrica geral no idoso em nosso

meio (CLEMENTE, 2010).

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O idoso portador de esquizofrenia não apresenta sintomas ativos, mostrando

graus variados de comprometimento. É de suma importância ter conhecimento que

diversos fatores biopsicossociais de risco também influenciam no agravamento do

quadro psicopatológico, como perda de papéis sociais, perda de autonomia, morte

de amigos e parentes, saúde em declínio, isolamento social, redução do

funcionamento cognitivo entre outros (NICOLAU, 2012).

Pela dificuldade em encontrar artigos sobre a temática do tratamento do

idoso portador de esquizofrenia, justifica-se este levantamento bibliográfico. O olhar

para o envelhecimento dentro dos transtornos psiquiátricos mostra-se limitado, com

pouco material científico gerado.

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2. OBJETIVO

2.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo demonstrar o impacto positivo do tratamento

ambulatorial no quadro de esquizofrenia na terceira idade.

2.2. Objetivo Específico

Discutir o tratamento ambulatorial na esquizofrenia.

Identificar as dificuldades encontradas para um idoso portador de

esquizofrenia estabelecer uma qualidade de vida.

Levantar bibliografia atual e científica sobre o tema esquizofrenia e

terceira idade.

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3. METODOLOGIA

Para o presente estudo foi realizada uma revisão de literatura científica na

base de dados LILACS, artigos completos, em português, com os descritores

“Tratamento AND Esquizofrenia” e “Esquizofrenia”, com filtros “idosos” e idioma

“português”. Como critério de exclusão estão artigos que falem sobre outras faixas

etárias e artigos de fora da temática saúde mental.

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4. RESULTADOS

Na base de dados LILACS foram encontrados 3 artigos com o descritores

“Tratamento AND Esquizofrenia”, e 15 artigos com os descritor ‘Esquizofrenia” com

os filtros “idosos” e “idioma português”.

Para o presente estudo foram selecionados 3 artigos em decorrência de seu

maior fluxo nas áreas acadêmicas e profissional .

4.1. Resultado do levantamento bibliográfico

Constatou-se que há poucos estudos científicos publicados no Brasil e que a

maior parte da produção científica encontra-se na fase inicial da esquizofrenia no

início da vida adulta. Tornando-se relevante maiores estudos na faixa etária da

terceira idade que vem aumentando de forma progressiva neste país.

A tabela 01 apresenta o resumo dos resultados encontrados.

Tabela 01. Sumário dos resultados incluídos na revisão

Nome do

artigo

Autores Tipo de

estudo

Metodologi

a

Desfechos Comentário

e

conclusões

Internação

psiquiátrica

e a

manutenção

CARDOS

O,

Lucilene;

GALERA,

Estudo

quantitativ

o

exploratóri

A amostra

foi

composta

por

Os pacientes

egressos de

internação

apresentaram

Verificou-se

que há

necessidade

de uma

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18

do

tratamento

extra-

hospitalar

Sueli

Aparecida

Frari. Ano

2012.

o em um

serviço

ambulatori

al em

saúde

mental.

pacientes

egressos de

internação.

Utilizou-se

um

questionário

. O

tratamento

farmacológi

co foi

considerado

por 81,2%

dos

apcientes

como

importante e

70,8% dos

pacientes

considerado

s com baixa

adesão ao

mesmo tipo

de

tratamento.

baixo

conhecimenao

nome de sua

doença mental

e tratamento

psicofarmacoló

gico.

adequada

manutenção

do

tratamento

dos

pacientes

não

hospitalizado

s que são

assistidos

pelos

serviços de

atendimento

comunitário.

E que a

prevenção

de recaídas

pode

minimizar

danos e

favorecer as

relações

sociais dos

pacientes, o

que torna a

atuação dos

serviços, e

dos

profissionais

de saúde

imprescindív

el no

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19

cotidiano.

Esquizofreni

a: adesão

ao

tratamento

e crenças

sobre o

transtorno e

terapêutica

medicament

osa

NICOLIN

O, P. S..

Ano

2011.

Estudo

transversa

l,

descritivo,

com

abordage

m quali-

quantitativ

a.

Estudo

desenvolvid

o em

serviço

ambulatorial

, destinado

ao

atendimento

de pessoas

com

esquizofreni

a e outros

transtornos

delirantes,

pertecente a

um hospital

geral de

nível

terciário,

localizado

no interior

paulista.

Observou-se

que, entre os

14 pacientes

investigados,

apenas cinco

(35,7%)

aderem ao

tratamento

medicamentos

o. Entre os 9

pacientes

(64,3%) que

não aderem ao

medicamento,

5 (35,7%) são

não aderentes

por

comportamento

intencional e 4

(26,8%) são

não aderentes

por

comportamento

não

intencional.

Os

resultados

deste estudo

apontam

para a

necessidade

de os

profissionais

de saúde

estarem

voltados

para escuta

do paciente,

considerand

o

respeitosam

ente suas

crenças,

necessidade

s,

conheciment

os e valores

para que o

planejament

o de ações

direcionadas

à promoção

da adesão

do mesmo

ao

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20

tratamento

medicament

oso seja

pautado em

fatores

intrínsecos à

sua

realidade.

Concepções

sobre

transtornos

mentais e

seu

tratamento

entre idosos

atendidos

em um

serviço

público de

saúde

mental

CLEMEN

TE, A. S..

Ano

2011.

Estudo

qualitativo

, com

abordage

m

antropológ

ica

Entrevistas

abertas,

com roteiro

semiestrutur

ado com

idosos em

um Centro

de

Acolhimento

a Crises.

Um aspecto

implícito na

negação da

existência de

transtornos

mentais seria a

afirmação da

própria

autonomia, já

que os

indivíduos

dependentes

são

considerados

um problema

social nas

comunidade

industriais e

urbanas,

característica

que aproxima a

velhice e a

loucura de

O tratamento

seu valor

reconhecido

pelos idosos,

mas com

certas

ressalvas

que estão

articuladas

com seus

próprios

conceito

sobre

causas e

consequênci

as de

perturbações

. Uma

possível

contribuição

deste

trabalho é

melhorar o

Page 21: Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

21

outras formas

de

marginalização

. Outra

explicação

possível é que

tal denegação

seja uma

estratégia para

lidar com uma

realidade

carregada de

sofrimento e

dificuldades,

mantendo

afastadas

experiências

dolorosas e

incompreensív

eis, e sustentar

expectativas de

melhora ou

cura.

entendiment

o de

realidades

presentes na

abordagem

dos

transtornos

mentais dos

idosos,

como:

fatores que

determinam

a diminuição

da procura

por

tratamento,

dificuldade

no

reconhecime

nto e manejo

desses

transtornos

pelos

profissionais

de saúde e

na aderência

dos

pacientes ao

tratamento.

Este estudo mostrou a escassez de trabalhos científicos referente ao impacto

Page 22: Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

22

do tratamento extra hospitalar para portadores de esquizofrenia na terceira idade.

Na realização da pesquisa bibliográfica deste estudo, notou-se o grande

número de artigos relacionados ao tratamento farmacológico do portador de

sofrimento mental, ficando quase nulo artigos que abordem tratamento extra-

hospitalares ou que mostram resultados com a realização deste tratamento com o

público da terceira idade.

Neste estudo pode-se perceber que, autores mostram a preocupação com os

quadros de transtornos mentais em seu início, com a remissão de sintomas ou

estabilidade do quadro. Assim, houve dificuldade em encontrarmos, artigos e/ou

estudos que contemplassem o tratamento de quadros de esquizofrenia instalados e

sua evolução até a terceira idade.

Estudo com pacientes não hospitalizados em tratamento em serviços

comunitários demostra que há diminuição do número de recaídas e possui um maior

favorecimento em suas relações sociais. Cardoso (2012) ressalta a necessidade de

trabalhar o contexto e o objetivo das internações, mostrando aos familiares do

portador de sofrimento mental sua real finalidade. Mostrou que o tratamento

psicofarmacológico é utilizado como manutenção em pacientes que não estão em

crise, assim havendo piora no quadro, ocorrendo as internações.

Em outro estudo, Nicolino (2011), apontou que o paciente considera o

tratamento psicofarmacológico como uma estratégia capaz de atenuar ou restringir

seus sintomas. Porém, se não houver acolhimento, uma escuta cuidadosa do

paciente, poderá não ocorrer aderência do tratamento psicofarmacológico, devido os

profissionais de saúde mental não trabalharem com a realidade vivida por este

paciente.

Há um reconhecimento do valor do tratamento dos transtornos mentais

pelos idosos citados nos artigos, mas que os mesmos possuem suas concepções

sobre as causas dessas “perturbações”. Notou-se também que há preferência pelo

tratamento no próprio ambiente de origem, devido aproximação com os familiares.

Com o tratamento hospitalar e sua vivência ficaram evidentes os sentimentos de

Page 23: Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

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abandono, rejeição e solidão, podendo prejudicar de forma significativa a melhora do

quadro em si. Os idosos consideraram necessárias as intervenções de outros

profissionais fora o médico, como terapeuta ocupacional e psicólogo, assim,

mostrando a necessidade de intervenções multidisciplinares (CLEMENTE, 2011).

Há estudos realizados no Chile que apontam decréscimo na procura por

serviços de saúde mental com o passar da idade, idosos com transtornos mentais

representam uma taxa alta de consultas médicas primárias e de hospitalização por

diversas razões ( VICENTE, 2005). Porém, no Brasil não possuímos estudos deste

gênero para comparação e discussão para possíveis ações preventivas e de

tratamento. O Brasil defronta-se com o desafio de elaborar políticas públicas mais

eficientes para oferecer melhores condições de vida e saúde à sua crescente

população idosa.

Devemos nos relembrar que a Lei Federal 10.216 de 2001, nós direciona

para uma assistência em saúde mental privilegiando o oferecimento de tratamento

em serviço de base comunitária, protegendo os direitos dos portadores de

transtornos mentais. Levemos em consideração o artigo terceiro onde é

responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a

assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais,

com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em

estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições que ofereçam

assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.

Estes resultados podem contribuir para facilitar o entendimento da

necessidade de se realizar um maior planejamento e organização de programas

voltados à atenção à saúde mental dos idosos e de serviços à ele destinado.

Assim presumimos uma situação de desassistência, com políticas de saúde

escassas e a necessidade de uma melhoria na formação dos profissionais de saúde

mental voltadas para a saúde do idoso.

Page 24: Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

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5. CONCLUSÃO

Este trabalho teve por objetivo demonstrar o impacto do tratamento

ambulatorial no quadro de esquizofrenia na terceira idade, podemos verificar que o

impacto do tratamento em serviços comunitários foi positivo, com diminuição de

recaídas e melhora nas relações sociais dos portadores de sofrimento mental. Além,

de ressaltar a concepção da importância dos atendimentos multidisciplinares pelos

idosos.

Os estudos brasileiros referentes a esquizofrenia na terceira idade ainda são

escassos, e a produção científica existente traz a esquizofrenia numa visão de

tratamento farmacológico.

Os resultados podem contribuir para a literatura científica da área de Saúde

Mental, e para elaboração de políticas públicas de intervenção uma vez que os

dados coletados apontam para a necessidade de expansão do tratamento

psiquiátrico ambulatorial para a população idosa.

Page 25: Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

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6. REFERÊNCIAS

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Manole,2008.

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Companhia das Letras, 2007.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Lei no. 10.216 de 06 de abril. 2001.

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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-

62342011000100012&lng=en&nrm=iso>. access

on 08 Nov. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342011000100012.

CLEMENTE, A. S.. Concepções sobre transtornos mentais e seu

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Trad. Cláudia Dornelles – 4ed. Ver. – Porto Alegre: Artmed, 2002.

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HALL, G.. Senescence: The Last Half of Life. New York: D. Appleton and

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HEIN, M. A.., ARAGAKI, S. S.. Saúde e envelhecimento: um estudo de

dissertações de mestrado brasileiras ( 2000-2009). Caderno Ciência & Saúde

Page 26: Os Desafios do Tratamento da Esquizofrenia na Terceira Idade

26

Coletiva, 17 (8): 2141-2150, 2012.

HIRDES, Alice. A reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re) visão. Ciênc.

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81232009000100036&lng=en&nrm=iso>. access

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