Os desafios do desenvolvimento com sustentabilidade

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05.06 .2010 Os desafios do desenvolvimento com sustentabilidade O documento “Nosso Futuro Comum”, de 1987, produzido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, apresenta uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelos países em desenvolvimento. Este documento ressalta os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas e aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento e os padrões de produção e consumo adotados atualmente pela sociedade. Conclui ainda, que é tecnicamente impossível prover as necessidades mínimas da população mundial, de forma sustentável, com a continuidade da degradação dos ecossistemas globais, sendo necessária uma grande mudança nos níveis de consumo dos países desenvolvidos para reverter o quadro atual do meio ambiente. A humanidade enfrenta um desafio crescente: manter o planeta saudável para o desenvolvimento das próximas gerações. O desenvolvimento sustentável não significa paralisar o crescimento econômico, mas reorientá-lo em busca de soluções para os problemas ambientais e sociais que têm se acelerado nas últimas décadas. Um dos maiores desafios do século XXI será a estabilização do clima, que exigirá uma transformação quase total dos sistemas energéticos mundiais. A transição da base energética de combustíveis fósseis para uma economia fundamentada em fontes limpas, como energia solar e eólica têm se mostrado fundamental para a diminuição do aquecimento global. Preocupado com o futuro do planeta, o Brasil apresentou durante a Conferência de Copenhague, realizada em dezembro de 2009, uma posição ousada de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2020, compromisso assumido e aprovado no Congresso Nacional que é a diminuição de 36,1% a 38,9% das emissões e também o compromisso de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020. A proposta apresentada fará o Brasil, em pleno ritmo de desenvolvimento, a investir até 2020, 166 bilhões de dólares. Não é uma tarefa fácil, mas foi necessário tomar essas medidas para mostrar ao mundo que é urgente a busca por soluções que salvem o planeta. Discutir o desenvolvimento é oportunizar que todos os países cresçam de forma igual, com distribuição de renda, com inclusão social e implementação de políticas que considerem o econômico e social a partir da sustentabilidade. Sem os recursos naturais, a vida no planeta se tornará impossível. O momento de discutirmos soluções é agora. É preciso atitude individual e coletiva que transformem hábitos de consumo em práticas de preservação. * Gleisi Hoffmann é advogada e membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores

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05.06 .2010

Os desafios do desenvolvimento com sustentabilidade

O documento “Nosso Futuro Comum”, de 1987, produzido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, apresenta uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelos países em desenvolvimento.

Este documento ressalta os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas e aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento e os padrões de produção e consumo adotados atualmente pela sociedade. Conclui ainda, que é tecnicamente impossível prover as necessidades mínimas da população mundial, de forma sustentável, com a continuidade da degradação dos ecossistemas globais, sendo necessária uma grande mudança nos níveis de consumo dos países desenvolvidos para reverter o quadro atual do meio ambiente.

A humanidade enfrenta um desafio crescente: manter o planeta saudável para o desenvolvimento das próximas gerações. O desenvolvimento sustentável não significa paralisar o crescimento econômico, mas reorientá-lo em busca de soluções para os problemas ambientais e sociais que têm se acelerado nas últimas décadas. Um dos maiores desafios do século XXI será a estabilização do clima, que exigirá uma transformação quase total dos sistemas energéticos mundiais. A transição da base energética de combustíveis fósseis para uma economia fundamentada em fontes limpas, como energia solar e eólica têm se mostrado fundamental para a diminuição do aquecimento global.

Preocupado com o futuro do planeta, o Brasil apresentou durante a Conferência de Copenhague, realizada em dezembro de 2009, uma posição ousada de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa até 2020, compromisso assumido e aprovado no Congresso Nacional que é a diminuição de 36,1% a 38,9% das emissões e também o compromisso de reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020.

A proposta apresentada fará o Brasil, em pleno ritmo de desenvolvimento, a investir até 2020, 166 bilhões de dólares. Não é uma tarefa fácil, mas foi necessário tomar essas medidas para mostrar ao mundo que é urgente a busca por soluções que salvem o planeta.

Discutir o desenvolvimento é oportunizar que todos os países cresçam de forma igual, com distribuição de renda, com inclusão social e implementação de políticas que considerem o econômico e social a partir da sustentabilidade. Sem os recursos naturais, a vida no planeta se tornará impossível. O momento de discutirmos soluções é agora. É preciso atitude individual e coletiva que transformem hábitos de consumo em práticas de preservação.

* Gleisi Hoffmann é advogada e membro do Diretório Nacional do Partido dosTrabalhadores