OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · turmas quanto a forma de disposição ... A...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1. Professora PDE 2013 – Professora de Física – Colégio Estadual Prof. Victório E. Abrozino – EFMP – [email protected] – UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Oeste – Paraná. 2. [email protected] Departamento de Física – UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava – PR.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS
EDUCACIONAIS – DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
ENSINANDO ÓPTICA GEOMÉTRICA COM BANCO ÓPTICO ALTERNATIVO
Autora: Roseny Dalla Valle¹
Orientador: Profº.Dr.Fábio Melquiades²
RESUMO
Este artigo apresenta a metodologia e os resultados da aplicação do projeto de
intervenção pedagógica em turmas da 3a série do Ensino Médio no Colégio Estadual
Professor Victório Emanuel Abrozino, na cidade de Cascavel, estado do Paraná. Foi
proposta a construção de banco óptico para ser utilizado em atividades
experimentais de óptica, pretendendo-se oferecer aos professores subsídios para
incorporar em sua prática pedagógica em sala de aula, principalmente para aqueles
cujas escolas de atuação não possuam laboratórios e ou equipamentos. Pelos
resultados apresentados no pós-teste, bem como a repercussão das apresentações
dos alunos em classe e na Feira de Ciências, considerando a pesquisa de opinião e
o relato de alguns alunos e de professores, considerou-se que a metodologia
escolhida para o desenvolvimento da intervenção pedagógica pode vir a contribuir
para o processo ensino-aprendizagem e que a realização do projeto é viável.
Palavras-Chave Metodologia; Atividades experimentais; Óptica; Aprendizagem;
Instrumentação para o Ensino de Física.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com texto de Saviani (2003), a escola deve propiciar a aquisição
.
dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado, sendo necessária a
utilização de métodos para permitir a aproximação com o sujeito que se quer
ensinar. Portanto, para a assimilação dos conteúdos é necessário que se utilize de
meios que favoreçam este aprendizado, esses meios, métodos ou formas, são a
maneira de proceder no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem; ou
seja, como ocorre a transmissão do conhecimento formal por parte dos professores
aos seus alunos, conforme enfatiza Saviani:
Daí surge o problema da transformação do saber elaborado em saber escolar. Essa transformação é o processo por meio do qual, se selecionam, do conjunto do saber sistematizado, os elementos relevantes para o crescimento intelectual dos alunos e organizam-se esses elementos numa forma, numa sequência tal que possibilite a sua assimilação. (SAVIANI, 2003, p. 75).
Disto percebe-se que a escola deve promover o acesso ao conhecimento
para os alunos, pois este é o seu papel, para tanto, várias estratégias podem ser
realizadas para que ocorra a transmissão do conhecimento onde se acredita; que a
realização de atividades experimentais pode aproximar o aluno do conhecimento
científico.
Constata-se que grande parte dos professores apresentam dificuldades em
realizar aulas experimentais com seus alunos. Vários são os fatores que interferem
na realização das mesmas, desde a falta de um espaço físico (muitas escolas não
dispõem de laboratório); equipamentos que foram com o tempo sofrendo desgaste e
perdendo-se seus componentes ou acessórios; falta de profissional responsável pelo
laboratório; dificuldade de manusear os equipamentos para colocá-los em
funcionamento; turmas com excesso de alunos; dificuldade de aliar os conteúdos às
atividades experimentais que podem ser realizadas; ausência de capacitação para
os professores, entre outros. Conforme salienta Carvalho:
Apesar de as atividades experimentais estarem há quase 200 anos nos currículos escolares e apresentarem uma ampla variação nos possíveis planejamentos, nem por isso os professores têm familiaridade com essa atividade. (CARVALHO, et al, 2010, p. 53).
Especificamente neste enfoque a abordagem através de experimentos pode
levar o aluno a compreender melhor os conceitos relacionados aos fenômenos
.
físicos de tal maneira que ele assimile com maior facilidade do que de modo
tradicional de ensino, voltada para as aulas expositivas e resolução de listas de
exercícios. Como é colocado por Carvalho:
Tradicionalmente o ensino de Física é voltado para o acúmulo de informações e o desenvolvimento de habilidades estritamente operacionais, em que, muitas vezes, o formalismo matemático e outros modos simbólicos (como gráficos, diagramas e tabelas) carecem de contextualização. (CARVALHO, et al, 2010, p. 57).
De acordo com as Diretrizes Curriculares (DCE, 2008, p.71), muitos autores
consideram importante o uso de atividades experimentais para melhor compreensão
dos fenômenos físicos e salientam que “Uma diversidade de aparatos experimentais
pode ser construída na própria escola, pelos estudantes, orientados pelo professor.”
(DCE, 2008, p.74). As DCEs argumentam que ao “explicar um fenômeno físico” o
professor deve “adotar uma postura questionadora”, oportunizando aos alunos
levantar suas ideias acerca do assunto tratado.
Outros autores argumentam que quando o aluno é levado a realizar
atividades experimentais ou acompanhar uma demonstração e/ou simulação de um
fenômeno físico, realizada pelo professor, pode possibilitar uma melhor
compreensão e apreensão dos conteúdos estudados, como salienta Villatore, Higa,
Tychanowicz:
No experimento, tem-se o objeto em que ocorre manipulação do concreto, pelo qual o aluno interage através do tato, da visão e da audição, contribuindo para as deduções e as considerações abstratas sobre o fenômeno observado. (VILLATORRE; HIGA; TYCHANOWICZ 2009, p.107).
O presente artigo procura socializar a metodologia aplicada em turmas de 3ª
série do Ensino Médio, no Colégio Estadual Professor Victório Emanuel Abrozino, na
cidade de Cascavel, estado do Paraná. O trabalho teve como objetivo geral
contribuir para o processo ensino-aprendizagem do conteúdo óptica, desenvolvendo
atividades experimentais com a utilização de um banco óptico alternativo
confeccionado com os alunos. Especificamente procurou-se oferecer alternativas
para a realização de atividades experimentais em óptica geométrica, confeccionar
banco óptico de baixo custo para utilização em atividades experimentais e relacionar
e desenvolver experimentos possíveis de serem realizados em sala de aula.
A proposta de trabalho procurava estimular os educandos à pesquisa,
construção e apresentação dos trabalhos para os colegas na perspectiva de
.
construção do conhecimento e socialização dos resultados.
2. METODOLOGIA
O tema de estudo escolhido foi produção e avaliação de materiais didáticos
pedagógicos através da avaliação e produção de equipamentos ou kits
experimentais destinados a atividades práticas para sala de aula.
O conteúdo trabalhado poderá permitir uma primeira aproximação dos
estudantes com o estudo da natureza da luz, pois de acordo com Halliday, Resnik,
Walter (1996), a óptica geométrica não dá conta de explicar todos os fenômenos
relacionados a luz, porém, pode-se a partir deste conteúdo levar o aluno a
compreender os principais fenômenos luminosos.
“... dissemos que a óptica geométrica só é válida quando as fendas, orifícios e outras aberturas ou obstáculos colocados no caminho dos raios luminosos não têm dimensões da mesma ordem que o comprimento de onda da luz ou menores. Vemos agora que isto é equivalente a dizer que a óptica geométrica só é válida quando os efeitos da difração podem ser desprezados.” (HALLIDAY; RESNICK; WALTER, 1996, p.65).
Ou seja, a óptica geométrica vai dar conta de explicar macroscopicamente
os fenômenos relacionados com a reflexão, refração e absorção da luz.
A implementação do projeto de intervenção pedagógica foi iniciada pela
socialização da proposta junto aos professores, funcionários, equipe pedagógica e
direção da escola, sendo logo após estendido para a toda a comunidade escolar, no
caso os pais e ou responsáveis e a seguir para os alunos que participaram das
ações propostas.
A metodologia utilizada foi a de atividades experimentais, inicialmente foi
aplicado pré-teste (em uma das turmas). Na elaboração do material didático a ser
implementado com as turmas, percebeu-se que os alunos poderiam apresentar
dificuldades de desenvolver o projeto, sem ter tido acesso ou conhecimento do que
seria um banco óptico. Neste momento, foi feita a opção de construir um e registrar
em fotos o passo a passo da construção. O roteiro de como construir o banco
encontra-se detalhado na unidade didática. A partir desse passo a passo foi
.
preparada a apresentação para os alunos, e também foram levados ao laboratório,
demonstrando-se os fenômenos luminosos no banco óptico disponível na escola. Na
figura 1 é apresentado o banco óptico construído, composto por trilho, anteparo, a
fonte de luz, e um bloco retangular preenchido com água para demonstração da
refração da luz. Foram montados outros acessórios como espelhos planos e
esféricos para outras demonstrações.
Figura 1 – Banco óptico com fonte de luz, bloco retangular e anteparo. Fonte: A autora
A partir da organização dos grupos, que basicamente foram três a quatro
por sala, os alunos foram encaminhados à pesquisa. Após coleta e processamento
das informações houve a construção supervisionada do banco óptico e a
organização dos roteiros das atividades experimentais a serem desenvolvidas nas
apresentações. A seguir ocorreram as apresentações em sala e logo após a
organização da Feira de Ciências. Por fim, foi aplicado o pós-teste (em todas as
turmas), e recolhidos os relatórios.
Os resultados apresentados no pré-teste, apresentação dos alunos em sala
de aula, mostra dos trabalhos na Feira de Ciências, pós-teste e relato das atividades
desenvolvidas foram analisados e discutidos, inicialmente com os alunos e depois
com a equipe pedagógica da escola.
A seguir são apresentadas as atividades que foram desenvolvidas durante a
.
execução do projeto de intervenção pedagógica. Nos anexos estão disponibilizados
o pré-teste, o pós-teste e o modelo de relatório que foram utilizados como
instrumentos de análise e avaliação.
O projeto foi desenvolvido nas três turmas de 3ª série do Ensino Médio do
período matutino, porém a aplicação do pré-teste ocorreu apenas em uma delas,
enquanto o pós-teste foi aplicado em todas. O desenvolvimento está descrito na
tabela 1.
Item Atividade Encaminhamentos
1 Introdução ao projeto Explanação das atividades a serem desenvolvidas.
2 Pré-teste Verificação do conhecimento prévio dos alunos.
3 Apresentação de slides Apresentação do registro da confecção e montagem de
banco óptico alternativo, feito previamente pela docente.
4 Demonstração do
banco óptico
No laboratório foi demonstrado o banco óptico e seus
acessórios disponíveis no laboratório da escola.
5 Organização dos
grupos
Divisão dos alunos em três ou quatro grupos por sala com
aproximadamente dez componentes.
6 Pesquisas Em contra turno no laboratório de informática da escola.
7 Construção dos kits Em contra turno no laboratório de Ciências da escola, os
grupos foram reunidos para a construção do material.
8 Apresentação dos
alunos.
Os alunos apresentaram o material confeccionado e
demonstraram as atividades experimentais para as suas
turmas.
9 Organização da Feira
de Ciências.
Em contra turno os alunos organizaram suas respectivas
turmas quanto a forma de disposição e apresentação das
atividades experimentais durante a Feira.
10 Feira de Ciências Socialização dos conhecimentos adquiridos durante a
execução do projeto com os estudantes, professores e
funcionários do período matutino.
11 Pós-teste Verificação dos conhecimentos adquiridos.
12 Entrega de relatórios Recebimento dos relatórios sobre o desenvolvimento do
projeto.
13 Avaliação do projeto. Discussão com os alunos sobre a implementação.
Tabela 1 – Desenvolvimento do projeto de intervenção. Fonte: A autora
.
3. RESULTADOS
O pré-teste, para identificar o que os alunos conheciam sobre o assunto, foi
aplicado para 30 alunos da terceira série A, composto de quatro questões.
Primeiramente, o aluno era perguntado sobre que acontecimentos na natureza
podem estar relacionados a Óptica, esta questão pretendia verificar se ele
conseguia associar óptica a fenômenos luminosos, bem como identificar alguns
fenômenos que estivessem relacionados a luz. A seguir o que observava ao olhar-se
em um espelho plano com relação ao tamanho, distância e reversão da imagem,
procurando-se identificar o que ele observava no seu dia-a-dia. As duas últimas
questões referiam-se aos espelhos esféricos, onde se fazia associação com a parte
interna e externa de uma colher, buscando-se saber a vivência do aluno em relação
as imagens produzidas por espelhos esféricos.
Os resultados obtidos estão dispostos na tabela 2 e mostram as respostas
dos alunos sobre o assunto abordado. A classificação adotada separou as respostas
dos alunos em três categorias: desconhece, conhece superficialmente e conhece
com clareza. As classificadas como “desconhece” compreendem as respostas que
não correspondiam ao que foi perguntado ou a ausência delas. Como “conhece
superficialmente” compreende as respostas que se qualificam como senso comum e
as classificadas como “conhece com clareza” entre aquelas respostas que
apresentavam parcial ou total embasamento teórico.
Questionamentos Desconhece Conhece
superficialmente
Conhece com
clareza
Total
Relação entre
acontecimentos
na natureza e
óptica
3 18 9 30
Espelho plano 8 19 3 30
Espelhos
esféricos
7 14 9 30
Tabela 2 – Resultados do pré-teste. Fonte: A autora
.
Em relação as respostas para o primeiro questionamento observou-se que
muitos fazem o reconhecimento da óptica através de instrumentos ópticos como
óculos ou lupas, bem como associam o Sol como fonte de luz, a formação do arco-
íris, miragens, o efeito da luz nos olhos, eclipses entre outros, porém não fazem
relação com o fenômeno físico associado ao comportamento da luz nos meios
ópticos.
Quanto as questões que abrangiam a formação de imagens em espelhos
planos e esféricos as respostas apresentaram resultados que mostraram que o
conhecimento está próximo do senso comum.
Depois de organizados os grupos de trabalho, os alunos foram levados às
pesquisas, utilizando-se internet, onde foram disponibilizados datas e horários para
que pudessem utilizar o laboratório de informática da escola. À medida que
pesquisavam e tinham dúvidas, estas eram sanadas durante o horário de nossas
aulas. No momento da confecção do banco óptico foram disponibilizados, em contra
turno, datas de horários no laboratório de Ciências, para os que quisessem utilizar o
espaço ou apresentassem dificuldade na elaboração do proposto.
Houve registro fotográfico das apresentações realizadas em sala de aula nas
três turmas, algumas equipes apresentaram maior domínio do conteúdo, outras
produziram bons materiais, mas de modo geral estavam preparados e conseguiram
demostrar o que estava proposto para o grupo.
Foram realizadas atividades práticas para demonstrar os fenômenos
luminosos. Para a refração utilizaram lentes que foram feitas com recipientes
transparentes preenchidos com água e lentes adaptadas de óculos, conforme a
figura 2.
.
Figura 2 – Banco óptico utilizando lente de óculos. Fonte: Acervo Colégio Victório.
Para reflexão utilizaram espelhos planos demonstrando a incidência e a
reflexão dos raios luminosos ao atingir um espelho. Também desenvolveram o
experimento do pente reflexivo, para comprovar que os ângulos de incidência e de
reflexão tem a mesma medida.
Para demonstrar a decomposição da luz, fizeram um experimento utilizando
um prisma adaptado, de maneira análoga ao realizado por Isaac Newton, inclusive
descrevendo a experiência original realizada pelo cientista.
Além disso, abordaram a física moderna, utilizando luz negra para
demonstrar a incidência desta fonte luminosa em diferentes condições. Muitas
outras demonstrações sobre os fenômenos luminosos foram executadas além das
descritas acima, inclusive, algumas sendo propostas pelos próprios alunos,
evidenciando que estes respondem de maneira positiva quando são estimulados a
desenvolverem atividades práticas relacionadas ao conteúdo.
A figura 3 registra a apresentação de um desses grupos demostrando a
refração da luz que ocorre quando a luz atravessa um meio óptico. A figura 4
apresenta a absorção da luz quando incide em um corpo opaco.
.
Figura 3 – Alunos demonstrando refração da luz. Fonte: Acervo Colégio Victório.
Figura 4 – Alunos demonstrando absorção da luz. Fonte: Acervo Colégio Victório.
Ao término das apresentações as equipes foram avaliadas coletivamente
quanto aos encaminhamentos adotados, ao material confeccionado, as atividades
experimentais realizadas, a clareza nas exposições, bem como em relação ao
desempenho individual e do grupo.
Como continuidade, foi organizado a Feira de Ciências que tinha como
principal objetivo socializar o conhecimento adquirido com os outros estudantes do
período matutino, bem como o corpo funcional da escola.
A feira ocupou três salas de aula e parte dos corredores. Os alunos
organizaram desde a recepção das turmas até o fluxo dos visitantes para que todos
.
pudessem ter acesso ao que estava sendo mostrado. No período matutino estudam
em torno de 700 alunos, distribuídos em turmas do Segundo Segmento do Ensino
Fundamental, Ensino Médio e Médio Integrado, Salas de Apoio e de Recursos.
Todos os presentes nessa manhã visitaram a feira.
Cada turma tinha como responsabilidade a decoração e adequação do
espaço da sala de forma a permitir a visualização dos experimentos pelos visitantes.
Assim, bloquearam a entrada da luz nas janelas criando um escurecimento para
permitir melhores demonstrações.
As apresentações dos alunos na feira foram registradas pela equipe de
imprensa do Núcleo Regional de Educação de Cascavel - NRE e encontram-se
disponíveis no endereço: www.nre.seed.pr.gov.br/cascavel/modules/noticias/article.
php?storyid=2811. Na figura 5, alunos estão apresentando um dos bancos ópticos
construídos.
Figura 5 – Alunos apresentando simulações em banco óptico. Fonte: Acervo Colégio Victório.
Foi organizada uma pesquisa de opinião para ser aplicada durante a Feira,
onde foram pesquisados 1 a cada 3 visitantes para identificar o nível de
entendimento das explanações e demonstrações.
A pesquisa entrevistou 281 visitantes, que foram questionados se
consideravam as apresentações como boa, ótima ou regular e se as explicações dos
grupos foram claras. Na figura 6 são apresentados os resultados em dois gráficos, o
primeiro refere-se aos resultados com relação a avaliação das apresentações e o
segundo ao nível de entendimento das apresentações.
.
Figura 6 – Resultados da pesquisa de opinião Fonte: A autora
O pós-teste aplicado consistiu de cinco questões descritivas que buscavam
delimitar o conhecimento adquirido pelos estudantes no decorrer das atividades
realizadas. Quando da elaboração do instrumento, foram elencadas questões que se
supunha que os estudantes iriam observar ou trabalhar ao longo do processo,
mesmo que algumas questões relacionadas especificamente a formação de
imagens em espelhos esféricos não foram trabalhadas por alguns grupos, o que de
certa forma interferiu nos resultados obtidos, foi possível comprovar em outros
aspectos a consolidação do conhecimento dos alunos pelas respostas
apresentadas.
34%
52%
14%
0%
PESQUISA DE OPINIÃO
BOM ÓTIMO REGULAR BRANCOS
Como você avalia as apresentações?
90%
9%
1%
PESQUISA DE OPINIÃO
Sim Não Brancos ou nulos
Houve clareza e entendimento nas apresentações?
.
Com o objetivo de apresentação e discussão dos resultados, foram
consideradas as respostas do pós-teste da turma que também respondeu ao pré-
teste, para efeito de comparação entre o conhecimento inicial e o conhecimento
adquirido com o desenvolvimento do projeto. Nesta turma, 31 alunos realizaram o
pós-teste. Destes, 21 apresentaram notas acima ou na média e 10 indivíduos não
atingiram a média. Os dados obtidos encontram-se representados na figura 7.
Figura 7 – Resultados do pós-teste. Fonte: A autora
Considerações sobre o GTR
No Grupo de Trabalho em Rede – GTR, os cursistas tiveram acesso ao
Projeto de Intervenção, ao Material Didático-Pedagógico e ao Cronograma de
Ações. A participação dos mesmos foi significativa para que a implementação viesse
a ocorrer de forma mais dinâmica e organizada, pois, a partir da realidade de suas
escolas, contribuíram analisando e discutindo os materiais. As postagens e
interações desses professores destacam que muitas atividades experimentais
podem ser realizadas em sala de aula, e não necessariamente em ambiente como o
1 52%
2 16%
3 32%
Resultados do pós-teste Legenda 1. Acima da média 2. Na média 3. Abaixo da média
.
laboratório, visto que de acordo com os relatos muitos não possuem laboratório.
Outro aspecto considerado foi a opção pela construção do banco óptico com os
alunos utilizando-se materiais alternativos e de baixo custo. Pois, de acordo com o
que escreve o professor A: “[...] pela facilidade de confecção pelos alunos e pela
facilidade no manusear dos experimentos pelos mesmos, facilitando a sua
aprendizagem”.
Diante das participações no GTR, percebe-se que muitos professores
realizam atividades experimentais em suas aulas e procuram melhorar sua prática
buscando cursos ou especializações. Conforme o relato do professor B: “A
metodologia da experimentação permite uma participação mais efetiva por parte do
estudante [...] estabelecendo relações com os fenômenos estudados”.
Alguns consideraram que aliar a experimentação aos conceitos teóricos no
processo de ensino-aprendizagem é uma prática para diversificar e auxiliar na sala
de aula, contribuindo também para uma melhor interação entre docente e discente.
Conforme a intervenção do professor C: “[...] as atividades experimentais
também favorecem maior aproximação entre professor e alunos pelo diálogo de
conhecimento que propiciam [...]”, em vista disso, as atividades experimentais
podem proporcionar momentos de discussão dos resultados, cabendo ao professor
mediar esse processo.
4. CONCLUSÕES
Pelos resultados apresentados no pós-teste, bem como a repercussão das
apresentações dos alunos em classe e na Feira de Ciências, levando em conta a
pesquisa de opinião e o relato de alguns alunos e de professores, consideramos que
a metodologia escolhida para o desenvolvimento da intervenção pedagógica pode
vir a contribuir para o processo ensino-aprendizagem. Pode constituir uma
alternativa para a utilização da metodologia de atividades experimentais, oferecendo
aos professores do ensino médio, elementos que possam ser utilizados em suas
aulas para o desenvolvimento dos conceitos relacionados a óptica geométrica. A
proposta oportunizou aos alunos maior participação nas aulas, pelo fato de mesclar
.
a teoria com a prática e permitir a interação na construção do conhecimento.
REFERÊNCIAS
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Física: Diferentes Enfoques, Diferentes Finalidades, disponível em
www.scielo.br/pdf , acesso em 30/05/2013
CARVALHO, A. M. P. et al. Ensino de Física. Coleção Ideias em Ação. São Paulo: Cengage learning, 2010.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências:
fundamentos e métodos, 3 ed. São Paulo: Cortez, 2009.
GASPAR, A. Experiências de Ciências para o 1° Grau. 7 ed. São Paulo: Ática,
1999.
GREF. Física 1 - Mecânica. 7. ed. São Paulo: Edusp, 2001.
_____ Física 2 – Física Térmica Óptica. 7 ed. São Paulo: Edusp, 2001.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física – Ótica e Física Moderna, vol . 4. 4. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos S.A., 1996.
MOREIRA, A. C. S. Uma visão vygotskyana das atividades experimentais de
física publicadas em revistas de ensino de ciências, dissertação de mestrado,
2011, disponível em twiki.ufba.br/twiki/pub/.../Dissertação, acesso em 10/07/2013.
MOREIRA, M. A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
PARANÁ , Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Física. Curitiba: SEED, 2008.
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proposta de organização do roteiro para aulas de física. Disponível em
www.sbfisica.org.br/fne/Vol13/Num1/a02.pdf , acesso em 15/08/2013.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-Crítica. 8. ed revista e ampliada.
Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
VILLATORRE, A. M.; HIGA, I.; TYCHANOWICZ, S. D. Didática e Avaliação em Física. 1. ed. São Paulo: Ed Saraiva, 2009.
SILVA, T. R. Banco Óptico de Baixo Custo, publicado na revista Física na Escola, v. 5, n. 1, 2004, p. 15 disponível em www.sbfisica.org.br/fne/Vol5/Num1/v5n1a04.pdf , acesso em 12/08/2013.
.
SOUZA, A. A. L.S. Experiências Demonstrativas de Óptica, v. II, 1999. Disponível em http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/9900/4/2692_TM_02_P.pdf, acesso em 09 de setembro de 2013.
ANEXOS
ANEXO 1: PRÉ-TESTE
1. Que acontecimentos na natureza que você tenha observado podem estar
relacionados com Óptica?
2. Ao olhar sua imagem em um espelho o que você pode destacar quanto ao:
• Tamanho de sua imagem?
• Distância da sua imagem ao espelho e sua distância em relação ao
espelho?
• Sua mão esquerda em relação a sua imagem e em relação ao seu corpo?
3. Ao olhar sua imagem na parte interna de uma colher o que você pode
observar?
4. E quando olhar em relação à parte externa de uma colher o que pode ser
observado?
.
ANEXO 2: PÓS-TESTE
1. Quais fenômenos luminosos estão relacionados com a Óptica Geométrica?
2. Em alguns espelhos as posições das imagens podem ser invertidas, direitas
ou revertidas, quais são os tipos de espelhos para cada situação?
3. Em alguns espelhos as imagens distam o mesmo espaço em relação ao
espelho e em relação a posição da imagem, que tipo de espelho é este?
4. A luz ao atravessar meios transparentes como vidro, água e ar, apresenta
algumas características, quais são e a(s) qual(is) fenômeno(s) luminoso(s)
isso está relacionado. Cite exemplos.
5. Vários fenômenos em nosso dia a dia estão relacionados com ao
comportamento da luz, cite dois e explique porque eles ocorrem.
.
ANEXO 3: RELATÓRIO
RELATÓRIO
DISCIPLINA: PROFESSOR(a):
GRUPO: INTEGRANTES:
TÍTULO:
1. Complete o quadro abaixo com as informações colhidas pelo seu grupo:
Item Local pesquisado Material utilizado Desenvolvimento
Conhecendo o Banco óptico
Construindo o banco óptico
Pesquisando atividades experimentais
Realizando as atividades experimentais
2. Relacione enumerando, de acordo com as opções abaixo, as dificuldades
encontradas para a realização do trabalho.
( ) aquisição dos materiais utilizados;
( ) construção do banco óptico;
( ) apresentação e realização das atividades experimentais;
( ) pesquisa e organização do trabalho;
( ) distribuição de tarefas e organização interna do grupo;
( ) apresentação na feira de ciências;
( ) outros. (Especifique).
3. Analise a execução da atividade, por parte de seu grupo, ressaltando a
contribuição do trabalho para o entendimento dos fenômenos físicos desenvolvidos.
4. Conclusões: