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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS ABORDANDO A DIVERSIDADE

CULTURAL: preconceito

Maria Lúcia Pereira dos Santos1

Prof.ªMs. MarizaTulio2

RESUMO

O presente artigo tem por finalidade apresentar o Projeto Histórias em Quadrinhos abordando a Diversidade cultural: Preconceito, que faz parte do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) do Governo do Estado do Paraná. Este projeto foi realizado no 9º ano A, período matutino, do colégio Estadual Nilo Peçanha em Jaguariaíva, PR, no primeiro semestre de 2014 e teve como objetivo proporcionar aos alunos, novas abordagens de ensino que contemplem as tecnologias e mídias disponíveis tanto no ambiente escolar como também no social e cultural. Utilizou-se as Histórias em Quadrinhos como instrumento facilitador e motivador na aprendizagem da Língua Inglesa de forma que pudessem conhecer as estruturas desse gênero textual e utilizarem-no para explorar conscientemente através delas temas bastante complexos de nossos dias. Temas como a Diversidade Cultural e os diferentes tipos de preconceitos, sejam eles os vividos pelos alunos ou por pessoas de sua família, ou até mesmo por colegas na escola, causam embaraços e os alunos sentem dificuldades em falar sobre isso, e são assuntos polêmicos e que estão presentes na nossa sociedade. O resultado mostrou que as abordagens sobre as Histórias em quadrinhos associadas a temas relevantes para os alunos como o preconceito e o uso da internet foram significativos no ensino-aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Preconceito. Histórias em quadrinhos. Língua Inglesa.

1. INTRODUÇÃO

O tema escolhido para o trabalho com gêneros textuais de Histórias em

Quadrinhos será Diversidade Cultural, especificamente a questão que trata sobre o

Preconceito. O propósito de se trabalhar com as questões referentes a esse tema

deve-se ao fato de que normalmente nas escolas públicas verificam-se por parte dos

alunos atitudes de preconceito, situações estas que precisamos nos mobilizar de

1Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE2013, Especialista em Metodologia e

Didática de Ensino em Língua Portuguesa- Faculdades Integradas Espírita, Graduada em Letras. Docente de Língua Inglesa e Português no Colégio Estadual Nilo Peçanha, Jaguariaíva, PR. E-mail: [email protected]

2Professora Orientadora, Mestre em Letras Inglês: Língua e Literatura pela UFSC, vinculada à IES –

Universidade Estadual de Ponta Grossa/ Setor Letras. E-mail: [email protected]

forma a orientar e mudar tais situações e levá-los a compreender que todos devemos

ter respeito para com as diferenças, sejam elas quais forem.

Desde o surgimento das sociedades verifica-se a existência do preconceito

devido ao fato de que a sociedade se divide em classes e se discrimina por várias

razões tais como: renda, cor de pele, peso, opção sexual, dentre outras. Uma das

razões mais comuns é o preconceito social devido a fatores econômicos, uma vez que

o cidadão pode vir a sofrer preconceito por estudar em escola pública ou até mesmo

por ser morador em um bairro mais humilde do que os demais.

Outro problema em relação aos alunos é que em sua maioria não demonstram

gosto pela leitura e apresentam dificuldades na aprendizagem da LEM/Língua Inglesa.

Por isso, optou-se por trabalhar com as Histórias em Quadrinhos por ser um gênero

textual bastante conhecido por todos, em qualquer faixa etária, e também por ser um

material que oferece várias possibilidades para se trabalhar com o tema Preconceito.

As Histórias em Quadrinhos são um recurso que tem por finalidade motivar e

despertar o interesse dos alunos para a leitura e aprendizagem. É um formato literário

que a maioria dos alunos conhece e que oferece a possibilidade de leitura através de

um material que combina texto e imagem, como forma de expressar pontos de vista,

de humor, drama, simbolismos, sátira, tudo em um mesmo texto.

Além disso, permite aos alunos mais flexibilidade, de maneira que estes

possam se expressar, emitir opiniões ou críticas por meio das mesmas com mais

facilidade, e, através de palavras e imagens, consigam solucionar problemas

relacionados à narrativa de uma ideia.

Entre os vários objetivos elencados no Projeto destaca-se o de ampliar as

possibilidades de desenvolvimento das habilidades dos alunos, utilizando as histórias

em quadrinhos e as tecnologias como recurso para trabalhar questões do contexto de

vida deles, principalmente temas sociais contemporâneos, como no caso, a

Diversidade Cultural, que é um tema que está sendo bastante discutido e optou-se

por trabalhar com os alunos sobre o preconceito.

Sabendo-se que este tema faz parte da vida cotidiana dos alunos buscou-se

ainda, oportunizar aos alunos a possibilidade de debater questões significativas para

a comunidade escolar, com o intuito de explorar a formação crítica de opiniões sobre

o assunto em questão.

Quanto ao gênero trabalhado, a perspectiva foi mostrar o valor das HQs como

um importante instrumento de aprendizagem em LEM, reconhecer e identificar os

elementos constitutivos, as etapas necessárias à construção de HQs, os tipos de

linguagem (linguagem verbal e não verbal) e os diferentes tipos de balões utilizados.

2. GÊNEROS TEXTUAIS

Segundo Marcuschi (2005, p. 19), o gênero textual se constitui como ações

sócio discursivas que nos permitem agir em toda e qualquer situação de vida, podendo

interferir e entender melhor o mundo que nos cerca. Ainda de acordo com Marcuschi

(2005, p. 22), o autor parte do pressuposto de que “é impossível se comunicar

verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar

verbalmente a não ser por algum texto”. Portanto, o autor parte da ideia de que “a

comunicação verbal só é possível por meio de algum gênero textual”. Essa posição

também é defendida por Bakhtin [1997] e por Bronckart (1999), além de muitos outros

autores (MARCUSCHI, 2005, p. 22). Segundo Reis e Ferreira (2008, p. 75):

O termo “gênero textual” é usado para se referir a todos os textos que circulam na sociedade e que apresentam características próprias. Os textos podem ser orais e escritos e suas características dependerão do espaço social onde o texto circulará, por quem e para quem ele é escrito, ao objetivo (ou funções) pelos quais ele é escrito, a forma utilizada para que ele chegue ao conhecimento de outras pessoas (falado, cantado, impresso...) e a sequência tipológica predominante (dissertativo, narrativo, injuntivo...). A reunião de todas essas informações tornará possível identificar o gênero textual a que pertence um determinado texto.

Os gêneros são fenômenos históricos profundamente vinculados à vida cultural

e social dos indivíduos, com a finalidade de ordenar e estabilizar as atividades

comunicativas do dia-a-dia. Surgem de acordo com as necessidades e atividades

socioculturais presentes no dia-a-dia e se relacionam a todo o momento com as

inovações tecnológicas.

Desta forma, não podemos deixar de lado o fato de que as aulas de Língua

Estrangeira devem configurar como espaços de interações entre os envolvidos

(professores, alunos, sociedade) e as diferentes representações e visões de mundo.

Faz-se ainda necessário oferecer aos alunos oportunidades para que possam analisar

as questões sociais, políticas e econômicas, presentes no seu tempo, de forma a

desenvolverem uma consciência crítica acerca do papel das línguas na sociedade,

estabelecendo relações entre os diversos elementos envolvidos, tais como: cultura,

língua, possíveis interpretações, contextos e ideologias. (PARANÁ, 2008, p.55). De

acordo com os PCNs, a perspectiva de linguagem deve ser:

para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter meios de ampliar e articular conhecimentos e consequências que possam ser mobilizados nas inúmeras situações de uso da língua com que se depara, na

família, entre amigos, na escola, no mundo do trabalho (BRASIL, 2000, p.55).

Os alunos precisam saber que há inúmeros tipos de produção textual e ainda

que tal variedade se estenda também quanto às esferas de circulação, tanto em nossa

cultura quanto em outras, desde textos mais simples aos mais complexos, além das

diferentes práticas de linguagem, mas que eles podem construir significados além dos

já conhecidos na língua materna. Deve-se ter conhecimento sobre os valores

realmente importantes para a sociedade na qual o aluno está inserido, ou seja,

aqueles que dizem respeito principalmente ao contexto de vida do aluno e que ele

reconhece.

Desta forma, o gênero Histórias em quadrinhos pode oferecer um trabalho

diferenciado, no qual tendo por base o respeito às suas diversidades, os alunos

poderão produzir seus próprios textos, retratando problemáticas de sua comunidade,

com significados que valorizam sua realidade.

3. HQs – HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

As Histórias em Quadrinhos ao longo dos tempos têm servido como um meio

de comunicação de massa com grande número de fãs. Embora tenham surgido novos

meios de comunicação e entretenimento ao longo dos tempos, as HQs ainda possuem

um encanto que mobiliza seus leitores, visto que utiliza e muito, um elemento que

sempre esteve presente na história da humanidade: a imagem gráfica. Segundo Rama

e Vergueiro (2012, p. 22), “palavras e imagens juntos, ensinam de forma mais

eficiente”, visto que a interligação do texto e imagem possibilita ao leitor mais

facilidade em compreender conceitos do que de forma isolada.

As novas perspectivas educacionais sugerem que se utilize em salas de aula

novas formas de ensinar, buscando utilizar diferentes ferramentas. Nesse contexto é

que as HQs reforçaram seu papel como importante gênero discursivo, pois são

histórias narradas em uma sequência estruturada quadro a quadro, por meio de

desenhos e textos usando o discurso direto, característica básica da língua falada.

Nas estratégias utilizadas para a elaboração de um texto de Histórias em

quadrinhos busca-se aproximar o mais próximo possível da linguagem falada, tal

como se fosse uma conversação entre duas ou mais pessoas e busca ainda

apresentar elementos visuais que favoreçam a compreensão, tentando desta forma

criar no leitor um interesse, uma motivação que o leve a compreender e sentir prazer

na leitura realizada. Cristóvão (2007, p. 45) observa que sobre os gêneros a serem

utilizados em salas de aula:

O uso das HQS pode ser de grande valor para o ensino de qualquer língua, seja ela materna ou estrangeira, tanto pelo seu aspecto formal como por sua função comunicativa. Deve-se dar destaque ás suas convenções (emprego dos quadrinhos, uso de símbolos gráficos, etc.), ao tipo de linguagem pertinente a esse gênero e principalmente, a associação do desenho com o texto. Quanto melhor os leitores compreenderem as convenções das HQs mais proveito obterão de sua leitura.

As HQS fazem parte de leituras realizadas por alunos em sua língua materna,

assim, de acordo com os PCNs, quanto à importância de se submeter o aprendiz de

língua estrangeira a gêneros discursivos que fazem parte de suas leituras, as HQS,

estão inclusas nos textos lidos pelos alunos, o que facilita a sua compreensão quanto

ao gênero. As OCEMs destacam a necessidade de se explorar as potencialidades

pedagógicas das HQs, dada a pluralidade de elementos que constituem o gênero

(BRASIL, 2006). Cristóvão (2007, p. 45) também faz referência em seu livro “Métodos

didáticos de gênero: uma abordagem para o ensino de língua estrangeira”, quando

diz que:

As HQs representam uma importante produção cultural de vasto acesso entre crianças, jovens e adultos. Por isso, faz-se mister conhecer seu contexto de produção, em especial, as características dos personagens centrais da HQ escolhida para ser objeto de leitura.

Os quadrinhos em nossa vida não servem apenas como diversão, mas como

forma de deixar fluir em cada um de nós aquilo que nos torna diferentes um do outro,

a ideia, e como diz um ditado popular, “quem tem ideia tem o poder no mundo”. Assim,

o trabalho em sala de aula com o gênero textual Histórias em Quadrinhos abordando

questões sociais como o preconceito, é uma oportunidade para que os alunos possam

demonstrar suas percepções sobre o mundo que os cerca e discutir sobre os

diferentes tipos de preconceitos existentes, sem que se sintam constrangidos ou com

receio de emitir opiniões, visto tratar-se de um tema bastante polêmico.

4. PRECONCEITO

A escola é um espelho da sociedade e reflete tudo que acontece dentro e fora

dela. Se a sociedade é preconceituosa ou racista, a escola também é, visto que a

escola é constituída por elementos da sociedade. Assim, nas escolas é muito comum

o preconceito, o racismo e a discriminação, apesar dos esforços de todos os

componentes da instituição, no sentido de erradicar ou pelo menos minimizar tais

ações. Principalmente aquelas que geram efeitos negativos como a violência, os

abusos e as vinganças de grupos e que geralmente são iniciadas devido a questões

de preconceito.

Preconceito muitas vezes é entendido como sendo o julgamento pré-

determinado em relação a alguma coisa ou pessoa sem se ter conhecimento do que

está sendo julgado. A manifestação mais comum do preconceito é a discriminação.

Discriminar é praticar uma atitude a um indivíduo baseando-se na relação de sua cor,

sua religião, sua sexualidade, sua colocação social na sociedade, o que pode

ocasionar uma discriminação sociológica.

O senso comum coloca que o preconceito é algo pré-julgado, através de

atitudes e expressa a verdade de forma bem discriminativa diante de determinados

grupos. Indica também termo pejorativo de opinião sobre pessoas ou lugares sobre

as quais nada se sabe e que ainda não tem o conhecimento de como é ou como

funciona.

Para iniciar o desenvolvimento dos trabalhos em sala de aula foi realizada a

abordagem do tema preconceito através da apresentação de charges com imagens

de preconceitos, tirinhas de humor e vídeo, extraídos da Internet, que será explicado

mais detalhadamente mais adiante.

5. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

O Projeto Histórias em Quadrinhos abordando a Diversidade cultural:

Preconceito foi desenvolvido em 4 etapas que envolveram desde a elaboração do

Projeto, a Produção Didático-Pedagógica no formato de Sequência Didática, a

Implementação do Projeto com os alunos e concomitantemente, o GTR com

professores da rede e finalmente a produção deste artigo. Seguem os resultados das

etapas desenvolvidas.

5.1 PRODUÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA

A produção da Sequência Didática Pedagógica foi pensada de forma a mostrar

aos alunos a importância de se pensar a respeito das questões que envolvem a

Diversidade Cultural, principalmente sobre o Preconceito, visto que esse é um problema

enfrentado por muitas pessoas e que envolve diferentes ações discriminatórias e até

mesmo de abuso de poder e de opressão.

Para o embasamento da referida produção buscou-se seguir as sugestões

elencadas pelas DCEs (SEED, 2008), no que diz respeito ao ensino de Língua

Estrangeira Moderna, onde diz que se devem utilizar diferentes e diversos gêneros

textuais, como forma de efetivar o conhecimento dos alunos, e ainda considerando os

aportes teóricos de diversos autores como Bakhtin (2000), Doltz & Schneuwly (2004),

os quais discutem sobre a utilização das sequências didáticas, e também de Bakhtin

(1999), Marcuschi (2003), Reis e Ferreira (2008), Cristóvão (2006), Rama e Vergueiro

(2012).

A proposta deste trabalho foi o de oportunizar aos educandos um trabalho em

sala de aula ao mesmo tempo prazeroso e eficiente quanto aos conteúdos e temáticas

a serem realizados, buscando utilizarem-se das Histórias em Quadrinhos, de forma

que a sequência didática pudesse ser seguida em forma de atividades a serem

desenvolvidas em sala de aula e no laboratório de informática, nos momentos de

pesquisas a serem realizadas pelos alunos.

A Produção Didática Pedagógica depois de concluída contou com uma

sequência de Nove atividades a serem desenvolvidas com os alunos, iniciando-se

com a explanação sobre o que é gênero textual, qual o seu papel na vida dos

indivíduos, o que são as Histórias em Quadrinhos, suas características, como criar

histórias, como são narradas as HQs, etc. e depois vídeos, charges e tiras de humor

para a abordagem sobre o Preconceito.

Foram realizadas várias leituras e pesquisas sobre Gêneros Textuais, HQs e

Preconceito, além de se pesquisar sobre as diversas formas de manifestações de

discriminações e preconceitos existentes no mundo.

5.2 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

O primeiro momento da Implementação do Projeto PDE 2013 foi marcado com

a apresentação do mesmo aos professores participantes, à Equipe Pedagógica e à

Direção do colégio, durante a Formação Continuada, que ocorreu em Fevereiro de

2014, na Semana Pedagógica do Colégio Estadual Nilo Peçanha, onde ocorreu a

implementação do Projeto com a realização das atividades elencadas no mesmo.

Antes de levar o projeto para a sala de aula e apresentar a proposta de trabalho

aos alunos do 9º ano A, busquei arrecadar na biblioteca da escola, com amigos,

colegas professores, diferentes revistas de Histórias em Quadrinhos, para levar para

a apreciação dos alunos.

Assim, a primeira atividade com os alunos foi apresentar a eles o projeto e

lançar diversos questionamentos sobre as HQs. Depois eu os deixei a vontade para

escolherem a revista de HQ de sua preferência para que realizassem leituras.

Na atividade seguinte, visto que o meu horário nessa turma, em específico

eram duas horas aula, trabalhamos falando sobre os diferentes tipos de balões, quais

são as funções dos mesmos e sobre as estruturas organizacionais das HQs.

Em seguida, de acordo com a sequência didática contida na Produção Didática,

as atividades seguintes foram acontecendo e os alunos foram levados ao Laboratório

de Informática para realizarem atividades de pesquisas através da Internet, sobre

como são elaboradas as HQs, as charges, os cartuns e as caricaturas. Adoraram ter

essa oportunidade de conhecerem a história das HQs e como são construídas. Depois

dessa etapa de pesquisas, houve o momento de conversação sobre os resultados

obtidos.

Na aula seguinte, os alunos assistiram ao vídeo “The impossible dream”. Na

sequência, foi realizada uma discussão sobre o que aborda o referido vídeo, da qual

todos participaram, dando opiniões, tecendo críticas e fazendo apontamentos sobre

as diferentes atitudes dos personagens, ou seja, emitindo impressões gerais sobre o

problema apresentado. Foi solicitado que todos os alunos realizassem um relatório

sobre o vídeo que assistiram.

Novamente os alunos foram conduzidos ao Laboratório de Informática para

consultar através da internet dados sobre como surgiram as HQs, cartuns, charges,

caricaturas. Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer sobre diferentes tipos de

HQs que fizeram parte do passado, pois muitos nem sequer tinham ouvido falar de

inúmeras HQs que são da época em que seus pais eram jovens e tinham acesso a

tais revistas.

Dando sequência às atividades contidas na Produção Didática, foi repassada

aos alunos a apresentação de diferentes charges exemplificando diferentes tipos de

preconceito. Foi solicitado que realizassem a leitura de imagens e análise de algumas

situações nas gravuras presentes na produção didática identificando diferentes tipos

de preconceitos presentes em nossa sociedade. Foi realizado então, um debate sobre

o assunto abordado. É o que chamamos de Multiletramento.

Como os alunos tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre as HQs foi

solicitado que criassem uma pequena HQ, de livre escolha quanto ao assunto a ser

abordado e depois as criações foram analisadas em sala de aula, pela professora e

pelos próprios alunos.

Agora que eles já tinham um pouco mais de conhecimento sobre os diferentes

tipos de balões, as onomatopeias, a forma sequencial de apresentar a narrativa, entre

outras elementos presentes nas HQs, iniciaram os trabalhos voltando-se para a

temática do Projeto: Preconceito.

Os alunos assistiram primeiramente ao vídeo: FLICTS, de Ziraldo, que fala

sobre a cor amarela, e onde se percebe a presença da discriminação e preconceito.

Depois de assistirem ao vídeo, os alunos falaram a respeito das percepções sobre o

mesmo, e em seguida foi repassado a todos os alunos da sala um texto sobre o tema

Preconceito, o qual, depois de realizadas as leituras, eles responderiam a diversas

perguntas sobre o referido texto.

A partir daí surgiram inúmeros direcionamentos acerca dos diferentes tipos de

preconceitos existentes em nossa sociedade, sobre os quais os alunos puderam falar

abertamente expondo suas dúvidas, questionamentos e também comentarem sobre

situações presenciadas por eles, na escola, na casa, na rua, na comunidade onde

vivem, ou outros lugares. Dando continuidade às abordagens realizadas sobre

preconceito, os alunos foram pesquisar, no Laboratório de Informática mais detalhes

e conteúdos sobre o tema.

Foi passado aos alunos um texto que abordava sobre o assunto favelas. Esse

também pode ser um motivo causador de discriminação e preconceito por parte de

muitas pessoas. Por vezes, um indivíduo não tem opções melhores de moradia ou

mesmo condições de arcar com despesas altas e não tendo casa própria, se obriga a

pagar aluguel e ainda em locais chamados favelas. Depois as pessoas começam a

hostilizá-lo devido ao local em que moram. Os alunos expuseram o que eles pensam

a respeito do local onde moram e se conhecem pessoas em sua comunidade que

moram em locais considerados impróprios para moradia ou que apresentem

dificuldades de acesso, de rede de esgoto e saneamento básico, entre outros

problemas.

Partindo do texto apresentado foi conversado bastante com os alunos e

aproveitou-se para trabalhar gramática com os alunos, valendo-se da presença dos

verbos no presente contínuo, onde foram explicadas as formas usuais dos verbos,

quando se utilizam e em seguida os alunos realizaram atividades de fixação dos

conteúdos abordados.

Retornamos depois ao tema preconceito, e foi conversado sobre o preconceito

quanto à idade do ser humano. Dependendo da idade que o indivíduo tiver muitas

vezes é considerado fora do padrão indicado para conseguir um trabalho.

Principalmente se por muitos anos foi trabalhador em uma determinada empresa e

depois saiu ou foi mandado embora e passou dos quarenta a quarenta e cinco anos,

dificilmente conseguirá um novo trabalho.

Foi apresentada aos alunos a possibilidade de realizarem a leitura on-line de

HQ: Acessibilidade. Vemos ainda em nossos dias muitas pessoas que apresentam

dificuldades de acessibilidade sofrem abusos e preconceitos, sem terem nem como

se defenderem e, ás vezes se estiverem sozinhos, não encontram ninguém que possa

auxiliá-los. Em seguida, tivemos uma boa conversação sobre a exibição da HQ on-

line sobre as principais dificuldades enfrentadas por pessoas que apresentam

necessidades especiais e que nossa sociedade precisa estar atenta e buscar junto

aos órgãos competentes condições que possam facilitar a acessibilidade e ainda

mostrar respeito e consideração para com essas pessoas.

Na atividade seguinte, os alunos criaram diversos cartazes abordando o tema

preconceito e onde convidavam a todos a dizerem “NÂO” a esta atitude tão prejudicial

e que afeta tantas pessoas em nosso meio.

Depois da fase de elaboração dos cartazes eles passaram para a criação de

HQs falando sobre preconceitos. Primeiramente em Língua Portuguesa para depois

realizar a transposição em Língua Inglesa. Apresentaram muitas dificuldades no

momento dos desenhos e depois quanto ao uso da Língua Inglesa.

Acredita-se que devido à grade curricular das aulas de LEM (Inglês) serem

apenas duas horas aula por semana os alunos não dominam um conhecimento

profundo dessa língua que facilite a escrita de textos criados por eles usando palavras

em inglês, na verdade, o repertório deles se mostrou bem limitado, necessitando

sempre a utilização de dicionários para auxílio nos momentos de dúvidas e

transcrição. Mas nada que os impedisse de realizar suas tentativas e participação

ativa nas atividades propostas.

Na maior parte das vezes os alunos mostraram que mesmo não apresentando

um conhecimento vasto de inúmeras palavras escritas em inglês poderiam buscar

alternativas que pudessem sanar tais deficiências, ou seja, tinham outros recursos

disponíveis ao alcance e que poderiam usar nos momentos em que se fizesse

necessário, fosse à hora de compor frases, diálogos ou ainda na transcrição de suas

histórias.

Foi explicado a todos que o mais importante era que pudessem criar novas

histórias usando as informações aprendidas sobre o gênero trabalhado em sala de

aula e que, além disso, suas opiniões, críticas e conhecimento sobre sua própria

realidade de vida seriam os fatores preponderantes na realização do projeto em si.

Dessa forma, a aprendizagem da Língua Inglesa se efetivaria no momento em que

pudessem se apropriar de novos conhecimentos, na busca de palavras novas e

diferentes para a realização de suas criações de HQs.

A maioria dos alunos mostrou dificuldades na fase dos desenhos, pois não são

todos os alunos que apresentam habilidades ou dons para essa área. Alguns até

gostam de tentar desenhar, mas nem sempre dominam essa especificidade. Portanto,

a maioria deles alegava que não daria conta de conseguir um bom desempenho

devido a sua falta de habilidade artística. Mas antes mesmo de chegar nessa fase do

trabalho foi repassado que a escolha da forma como seriam feitos os desenhos seria

da escolha deles e de acordo com o que realmente conseguissem fazer, ou ainda se

fosse o caso, poderiam solicitar auxílio dos colegas que tivessem mais aptidões para

a parte artística do trabalho. Por mais que seus desenhos fossem simples, a

relevância estaria na abordagem do tema proposto e na eloquência da discussão

apresentada, de forma que pudessem repassar aos leitores de suas narrativas os

verdadeiros objetivos da HQ criada por eles.

5.3 GTR

O GTR, Grupo de Trabalho em Rede, faz parte do PDE e representa um

momento de socialização dos estudos e resultados obtidos pelo/a professor/a PDE

durante o Programa, e dessa forma promove o diálogo e troca de experiências com

os/as professores/as da Rede, os quais participam no GTR por eles/as escolhido.

Os/as professores/as participantes do GTR analisaram a SD, consideraram-na

adequada a série a qual foi elaborada e com possibilidades de ser utilizada em outras

séries também, desde que com ajustes proporcionais à série com a qual se pretende

trabalhar. Consideraram a SD bem planejada, com atividades e práticas que permitem

aos alunos uma boa socialização, além de levá-los a busca de novos conhecimentos

sobre o tema abordado.

Quanto ao tema, foi considerado como bastante relevante, visto que o tema

preconceito é uma questão social bastante polêmica e muito viva em nossos dias.

Alguns professores participantes relataram suas experiências ao trabalharem

as HQs em sala de aula e embora o tema fosse outro se constata que o trabalho com

este gênero traz inúmeras possibilidades de motivar os alunos para a aprendizagem

em Língua Inglesa.

Na interação com os cursistas todos mostraram interesse em implementar a

SD em suas escolas e em me incentivar quanto ao desenvolvimento da mesma,

oferecendo por vezes sugestões bastante pertinentes quanto ao desenvolvimento de

algumas atividades.

Comentaram, ainda sobre a importância de se trabalhar com a questão do

preconceito em sala de aula visto que muitas vezes essa é uma ação que ocorre de

forma silenciosa e nem sempre pode ser detectada.

Os professores/as, ao analisarem a proposta, observaram que a mesma

apresentava clareza e objetividade quanto aos enunciados das atividades e conteúdos

a serem trabalhados. De acordo com as suas considerações, as interações ocorridas

durante a implementação da SD foram bastante interessantes e positivas.

Apontaram como uma dificuldade o pouco tempo de aulas constante na grade

curricular para a disciplina de Língua Inglesa, e que talvez isso pudesse atrapalhar um

pouco o desenvolvimento pleno e eficaz da proposta. Mas que com o esforço conjunto

de professora e alunos tudo daria certo.

A interação entre o docente e o discente foi elencada como um fator

determinante na realização da proposta, visto que os alunos sentem necessidade de

terem sempre o acompanhamento do professor/a ao realizar as propostas sugeridas

em sala de aula.

Nas considerações gerais do Grupo, apontaram que o Material Didático

Pedagógico está em consonância com as Diretrizes Curriculares, e de aplicação em

turmas de 9º Ano, mas que pode ser adaptada em outras séries, se o professor/a

desejar, mas deixando claro que o mesmo deve ser adaptado de acordo com a

realidade de cada escola e seus alunos.

Isso nos mostra que a referida SD permite flexibilidade quanto a temas a serem

trabalhados, conteúdos, atividades, enfim, pode ser adaptada de modo que se possa

trabalhar com os alunos de forma diferenciada e abordando assuntos de seu convívio

e realidade, aproximando-os sempre de sua própria vivência, além de se respeitar o

conhecimento de mundo que trazem consigo.

A interação com outros professores da rede foi muito importante, pois

possibilitou a troca de informações, análise sobre a receptividade e funcionalidade do

projeto e ainda, a troca de experiências com alguns professores, que já trabalharam

com seus alunos o gênero HQ.

Essa etapa do PDE mostrou-se valiosa, pois os professores participantes

demonstraram interesse, participaram ativamente dos fóruns, nas atividades

propostas, emitindo suas opiniões e contribuindo sempre com sugestões e incentivo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho buscou apresentar uma prática de ensino e aprendizagem a qual

fosse interessante e motivadora para os alunos, procurando mostrar que a Língua

Inglesa pode ser trabalhada com diferentes estratégias.

Percebeu-se que apenas a identificação de inúmeras palavras aprendidas sem

contextualização por parte do aluno não são suficientes se o mesmo não souber

identificar o seu sentido, o contexto em que são utilizadas, e como podem servir de

embasamento em determinadas situações em seu cotidiano.

O gênero Histórias em Quadrinhos pode e deve ser utilizado nas salas de aulas

visto que o referido gênero faz parte da vida de nossos alunos, e desta forma podem

auxiliar e muito motivando e incentivando no gosto pela leitura, na aprendizagem da

Língua Inglesa e mesmo em outras disciplinas.

Desta forma, este gênero textual pode servir de instrumento em qualquer

circunstância ou fase escolar, desde que o professor tenha bom senso de adequar os

conteúdos e objetivos de ensino a serem alcançados.

Podemos concluir que as Histórias em Quadrinhos auxiliam na ampliação do

vocabulário do aluno, na melhora de seu raciocínio lógico e na argumentação crítica,

além de favorecer o resgate de valores éticos e morais, tornando-o um leitor mais

consciente e com capacidade opinativa, capaz de defender seus pontos de vista e

com poder de decisões que visem transformar e melhorar o mundo em que vive.

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