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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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Planejamento Integrado Interdisciplinar no Curso Técnico em Agropecuária do Centro Estadual de

Educação Profissional Agrícola da Lapa

Eros Berg Ferreira do Amaral1 Denise Elizabeth Hey David2

RESUMO: O objetivo deste artigo é propor, implementar e analisar o planejamento Integrado Interdisciplinar no Curso Técnico em Agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional Agrícola da Lapa. A abordagem deste trabalho é qualitativa, de cunho exploratório por meio da pesquisa-ação, as ferramentas utilizadas foram à análise documental, observação participante natural, entrevista focalizada e questionários. Este trabalho teve como fundamento metodológico o processo de interdisciplinaridade e buscou-se encontrar meios para trabalhar os conteúdos de forma articulada, procurando o trabalho coletivo e não mais fragmentado. O trabalho sugere uma nova postura dos professores diante do conhecimento, visando garantir a construção do conhecimento, rompendo com os limites entre as disciplinas. Esta proposta exige uma mudança no comportamento dos professores, é necessário, portanto, adequar as metodologias didáticas levando os alunos a compreender sua realidade cotidiana dentro de sua complexidade. A proposta de pesquisa aqui apresentada procurou contribuir, especialmente, na prática pedagógica dos professores, melhorando o ensino e propondo a interdisciplinaridade como forma de desfragmentar, integrar, articular e dialogar os conteúdos curriculares.

Palavras-Chave: Interdisciplinaridade; Planejamento Integrado; Currículo.

1. INTRODUÇÃO

A educação profissional no Brasil foi retomada no primeiro mandato do

governo Lula, e o Paraná também em meados de 2003 já estava implantando a

política de profissionalização no ensino médio. Com isso houve a retomada da

oferta pública e gratuita da formação para o trabalho. Nesta concepção de ensino

e currículo, a cultura, a ciência e a tecnologia constituem fundamentos sobre os

quais os conhecimentos escolares devem ser trabalhados e assegurados, na

perspectiva da escola unitária e de uma educação politécnica. O Seminário

Nacional de Educação Profissional do mês de junho de 2003, definiu a educação

profissional como política pública, de interesse do Estado, que deve ser

implementada (FERREIRA, 2005). Antes de 2003, a educação profissional no

1 Professor PDE, Especialista em Educação Profissional, Docente no CEEP- Agrícola da Lapa- Lapa PR. 2 Orientadora do PDE, Doutor em Engenharia da Produção, Docente da UTFPR - Curitiba PR.

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Paraná ficou reduzida a um pequeno número de escolas que a ofertavam,

caracterizadas como de resistência, como os Colégios Agrícolas e os de

Formação de Professores. Neste período escolas funcionavam de maneira

precária resistindo pela vontade da própria comunidade, pois não era mais

investido neste tipo de educação. Os colégios agrícolas de nível médio integrado

a partir de 2003 voltaram a receber investimentos, alguns foram reabertos e

novos foram inaugurados: como é o caso do Centro Estadual de Educação

Profissional Agrícola da Lapa que será objeto desta pesquisa.

Problemas e desafios foram enfrentados desde o início desta escola que

dia 15 de março de 2014 completou dez anos, tais como dificuldades com

estrutura física, mobiliário, contratação de funcionários, professores e parte

pedagógica. Situações que aos poucos foram sendo vencidas. Nas reuniões

pedagógicas semestrais, realizadas para avaliar o ensino, propor melhorias e

sugerir mudanças, uma questão que se apresentava em pauta constantemente

era a falta de integração das disciplinas da base nacional comum (matemática,

português, biologia) e da base técnica (Produção vegetal, Produção animal,

infraestrutura rural). Portanto, um planejamento integrado e interdisciplinar foi

sempre uma busca para que ocorresse um melhor desenvolvimento do ensino

aprendizagem.

Tem-se observado conteúdos fragmentados, repetidos ou sobrepostos,

falta de comunicação entre professores de áreas correlatas e da própria equipe

pedagógica na hora de orientar a elaboração do planejamento de ensino, isso

faz com que os alunos vejam cada vez menos relação entre as disciplinas. Na

interdisciplinaridade, os conteúdos de uma determinada área são explorados de

tal forma que funcionam como aporte às outras e formam uma rede de

conhecimentos. Por meio das relações entre as diversas disciplinas e

conhecimentos extracurriculares. Este tema sempre foi objeto de discussão

pelos professores e essa pesquisa visa contribuir para que haja a

interdisciplinaridade.

Portanto, o objetivo deste trabalho é propor um planejamento Integrado

Interdisciplinar no Curso Técnico em Agropecuária do Centro Estadual de

Educação Profissional Agrícola da Lapa. Baseado na fundamentação

metodológica e na interdisciplinaridade, como processo de integração entre

algumas disciplinas e campos do conhecimento. Defendendo o saber não

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fragmentado, propondo a construção do conhecimento que busca a

reciprocidade e a interação entre as áreas envolvidas, estando voltada para a

concretização de uma prática contextualizada na tentativa de assegurar uma

melhor aprendizagem do educando. Por isso, há a necessidade de elaborar e

implementar a proposta de planejamento de ensino de forma integrada a partir

da temática selecionada destacando a importância da interdisciplinaridade.

O planejamento é algo inerente do ser humano, sempre estamos traçando

metas querendo chegar a algum lugar. Em educação torna-se indispensável o

planejamento quando pretendemos fazer algo com qualidade, intencionalidade

e queremos evitar surpresas. Segundo Vasconcellos (2009), planejar é antecipar

ações para atingir certos objetivos, que vêm de necessidades criadas por uma

determinada realidade, agir de acordo com essas ideias antecipadas. O ensino

médio integrado necessita que o seu planejamento seja integrado, para evitar

conteúdos repetidos, sobrepostos e esquecidos. As disciplinas técnicas e as

disciplinas da base comum devem ser trabalhadas de maneira que elas se

relacionem, contribuindo para uma formação plena na sua totalidade.

A interdisciplinaridade propõe mudanças nas práticas de ensino: a quebra

de estruturas fundamentadas no isolamento das disciplinas – como se cada área

de conhecimento não tivesse ligação com as outras – e, superação dos diversos

problemas relativos ao processo ensino-aprendizagem.

2. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO

Segundo Kuenzer (2000), a Educação Profissional sempre que possível

deve ser propiciada de forma integrada ao Ensino Médio e seus conteúdos

devem ser tratados de forma articulada:

a) conhecimentos científicos e tecnológicos presentes no trabalho e nas relações

sociais, tratados em suas dimensões epistemológicas e históricas;

b) conhecimentos sobre as formas de linguagem e comunicação bem como as

que são próprias de cada ciência; e,

c) conhecimentos sócio-históricos, relativos à organização e gestão do trabalho

e da sociedade, permitindo ao jovem compreender as relações sociais e

produtivas, bem como nessas intervir de forma individual e coletiva.

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De modo a promover a organização, os conteúdos selecionados a partir

desses eixos, devem se articular da seguinte maneira:

Articulação entre conhecimento básico e especifico a partir do mundo do trabalho, contemplando os conteúdos das ciências, das tecnologias e das linguagens; articulação entre conhecimento para o mundo do trabalho e para o mundo das relações sociais, contemplando os conteúdos demandados pela produção e pelo exercício da cidadania, que se situam nos terrenos da economia, da ética, da sociologia, da história e assim por diante; articulação entre o conhecimento do trabalho e das formas de organização e gestão do trabalho; articulação dos diferentes atores na construção da proposta: dirigentes, especialistas, professores, técnicos, alunos, setores organizados da sociedade civil (VIEIRA, 2007, pg71).

Concluindo, essas articulações vão ocorrer no momento em que se busca

definir os conteúdos científicos básicos a serem aprendidos a partir da realidade

do trabalho e do exercício da cidadania.

Ferreira (2005) ressalta que o desenvolvimento da habilitação profissional

do ensino médio é algo legalmente respaldado e necessário aos jovens

brasileiros, devendo-se assegurar a formação geral consoante às finalidades

dispostas no artigo 35 e aos princípios curriculares a que se refere o artigo 36 da

LDB. Com o decreto 5.154/04 o governo autoriza a oferta de educação

profissional ampliando a capacidade de atendimento da demanda. No Paraná de

2003 a 2006 a Secretaria de Estado da Educação do Paraná definiu políticas

que nortearam a educação profissional na rede pública estadual. Garantindo a

retomada desta modalidade de ensino:

As diretrizes decorrentes desta política foram discutidas, planejadas e realizadas desde então, embasadas em princípios teóricos que consideram a ciência, o trabalho e a cultura, categorias indispensáveis inerentes à formação de todo o cidadão que conclui curso de nível médio; portanto, demandando presença obrigatória transversal ao currículo dos cursos em diversificadas formas de tratamento metodológico, sempre tendo a práxis como eixo organizador das atividades de ensino, objetivando a formação omnilateral do aluno. Para tanto o Departamento de Educação a Profissional desencadeou uma série de ações, com especial foco na que privilegia a sua expansão e reestruturação curricular, a instituição de quadro próprio de professores para esta modalidade, a formação continuada dos profissionais, a melhoria da estrutura física e materiais dos estabelecimentos e a sua manutenção sem a cobrança de taxas de qualquer natureza (FERREIRA, 2005, pg. 160).

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A educação profissional tem o trabalho como principio educativo. O qual

considera o homem em sua totalidade histórica articulando o trabalho manual e

o intelectual no processo produtivo. O processo de formação humana pressupõe

que a integração do ensino médio com a educação profissional formará pessoas

que compreendam a realidade e que possam atuar como profissionais

(FERREIRA, 2005).

2.1 O CURRÍCULO INTEGRADO

O currículo não se refere apenas a conteúdos escolares, mas também às

melhores formas de organizá-los. Nesta concepção, currículo é o projeto

educativo realizado nas aulas, é o conjunto de atividades que transformam o

currículo na prática para produzir a aprendizagem (SANCHES, 2007).

Para Pires (2007), o currículo integrado garante uma formação omnilateral,

em sua concepção prevê que o ensino permita a formação profissional em nível

médio e que o aluno possa fazê-la de forma integrada ao ensino médio. O ensino

médio integrado ao profissional não se limita ao acréscimo de disciplinas

técnicas à grade do ensino médio, prevê uma compreensão global do

conhecimento e a promoção da interdisciplinaridade.

Um currículo do ensino médio organizado com base na integração entre a educação geral e a educação profissional representa uma nova proposta que exige uma nova maneira de transmitir os conteúdos, introduzindo metodologias atrativas que tenham como objetivo assegurar aos alunos uma educação básica e,ao mesmo tempo, uma formação para o exercício profissional, ou seja, que integra conhecimentos gerais e

específicos (VIEIRA, 2007, pg.11).

O ensino médio integrado à educação profissional tem a função de

colaborar na melhoria da qualidade de ensino dessa etapa final da educação

básica. O currículo, nessa modalidade agregará conteúdos do tradicional ensino

médio e da tradicional formação profissional, que serão ensinados de forma

integrada durante todo o curso, garantindo o indispensável diálogo entre teoria

e prática. É dada aos alunos a oportunidade de terminar o ensino médio e, ao

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mesmo tempo, contemplá-lo numa formação específica para a sua inserção no

mundo do trabalho (VIEIRA, 2007).

Segundo Davini (1983), o currículo integrado é um plano pedagógico que

articula trabalho e ensino, prática e teoria, ensino e comunidade. É uma opção

educativa que permite:

a) uma efetiva integração entre ensino e prática profissional;

b) a real integração entre prática e teoria e o imediato teste da prática;

c) um avanço na construção de teorias a partir do anterior;

d) a busca de soluções específicas e originais para diferentes situações;

e) a integração ensino-trabalho-comunidade, implicando uma imediata

contribuição para esta última;

f) a integração professor–aluno na investigação e busca de esclarecimentos

e propostas; e,

g) a adaptação a cada realidade local e aos padrões culturais próprios de

uma determinada estrutura social.

A integração curricular deve acontecer no início do planejamento das

diversas disciplinas, integrado, completando e ampliando. Sem perder as

características próprias, devemos superar as fronteiras artificiais do

conhecimento especializado e integrar conteúdos diversos em unidades

coerentes que fortaleçam uma aprendizagem mais integrada, para que se possa

oferecer aos alunos algo com sentido cultural e não mero retalhos de saberes

justapostos, contribuindo assim com a formação técnica profissional necessária

à atualidade (PIRES, 2007).

Segundo Vieira (2007), a integração de conhecimentos no currículo

integrado depende de vários fatores, sendo que o principal e a atuação do

professor. Cada professor precisa organizar a sua prática, não somente como

professores da base comum ou técnica, mas também, como professores da

educação profissional, possibilitando ao aluno uma educação sólida e politécnica

na perspectiva da totalidade.

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2.3 PLANEJAMENTO

O planejamento na educação vai além de traçar metas ou um caminho. Ele

tem a prerrogativa de determinar a formação dos sujeitos através das

concepções de educação que permeiam o trabalho do professor. No momento

da elaboração do planejamento o professor deixa transparecer sua concepção

de mundo, de educação, do Homem e de sociedade: sendo, portanto um ato

político (SANTOS, 2008).

O ato de planejar sempre esteve presente de forma consciente ou não

nas nossas vidas. Pois o homem pensa sobre o que fez, o que deixou de fazer,

o que está fazendo e o que pretende fazer na sua vida. As pessoas querem algo,

pensam o devem fazer para atingir seu objetivo, por quais meios, qual o melhor

caminho a seguir, quem pode ajudar e quando devem fazer. Por isso, planejar é

uma exigência do ser humano; é um ato de pensar sobre um possível e viável

fazer. E como o homem pensa o seu “quê fazer”, o planejamento se justifica por

si mesmo. A sua necessidade é a sua própria evidência e justificativa

(MENEGOLLA, 1991).

A finalidade do planejamento esta diretamente ligada na sua eficiência,

segundo Gandin (2010), sendo assim é a execução perfeita de uma tarefa que

se realiza. O planejamento e um bom plano ajudam a alcançar a eficiência.

Porém essa não é a mais importante finalidade do planejamento, visa também à

eficácia, isto é, o planejamento deve alcançar não só que se façam bem as

coisas que se fazem (eficiência), mas que se façam as coisas que realmente

importa fazer (eficácia).

Algumas definições a respeito de planejamento fornecidas por Gandin

(2010) serão enumeradas:

a) planejar é transformar a realidade numa direção escolhida;

b) planejar é organizar a própria ação;

c) planejar é implantar um processo de intervenção na realidade;

d) planejar é agir racionalmente;

e) planejar é dar certeza a precisão à própria ação;

f) planejar é por em ação um conjunto de técnicas para racionalizar a ação; e,

g) planejar é realizar um conjunto de ações, proposto para aproximar uma

realidade a um ideal.

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Segundo Menegolla (1991), adotando essas definições surgirão os

problemas que o planejamento comumente apresenta:

a) tem-se em vista a ação, lembrar que a elaboração é apenas um dos aspectos

do processo - há necessidade de existência do aspecto execução e do aspecto

avaliação;

b) tem-se em mente que sua função é tornar clara e precisa a ação, organizar,

sintonizar ideias, realidades e recursos para tornar mais eficiente à ação;

c) define-se e evidencia-se a ideia de que o autoritarismo é pernicioso e que

todas as pessoas que compõem o grupo devem participar das etapas, aspectos

ou momentos do processo.

Para Piletti (2007), são quatro as etapas do planejamento de ensino:

conhecimento da realidade; elaboração do plano; execução do plano; e

avaliação e aperfeiçoamento do plano.

a) Conhecimento da realidade - Para planejar adequadamente é preciso saber

quem se vai planejar. Por isso conhecer o aluno em seu ambiente é a primeira

etapa do processo. É preciso saber quais as aspirações, frustrações,

necessidades e possibilidades dos alunos. Isto é, fazendo uma sondagem

buscando dados para construir um diagnóstico.

b) Elaboração do plano - Depois de estabelecido o diagnóstico temos condições

de estabelecer o que é possível alcançar, como fazer para alcançar o que

julgamos possível e como avaliar os resultados. A elaboração do plano passa

pelos seguintes passos: determinar os objetivos; seleção e organização dos

conteúdos; seleção e organização dos procedimentos de ensino; seleção de

recursos; seleção de procedimento de avaliação e estruturação do plano de

ensino.

c) Execução do plano - Consiste no desenvolvimento das atividades previstas.

d) Avaliação e aperfeiçoamento do plano - É quando passamos a avaliar o

próprio plano com vistas ao replanejamento. Aqui a avaliação adquire um sentido

diferente do ensino aprendizagem é um significado mais amplo. Além de avaliar

os resultados do ensino aprendizagem, avaliamos a qualidade do nosso plano,

a nossa eficácia e a eficiência do sistema escolar.

Segundo Sanches (2007), planejamento tem como características básicas

evitar a improvisação, prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear

apropriadamente a execução da ação educativa, prever seu acompanhamento

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e sua avaliação. É uma forma de antecipar as dificuldades e imaginar como seria

possível superá-las. É o processo de decisão sobre a atuação dos professores,

no dia-dia de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações e situações, em

constantes interações entre professores e alunos e entre os próprios alunos.

Planejar as atividades de ensino é importante pelos seguintes motivos: evita a rotina e a improvisação; contribuiu para a realização dos objetivos visados; promove a eficiência do ensino; garante maior segurança na direção do ensino; garante a economia de tempo e energia. Um bom planejamento de ensino deve ter as seguintes características: ser elaborado em função das necessidades e das realidades apresentadas pelos alunos; ser flexível e dar margem a possíveis reajustamentos sem quebrar sua unidade e continuidade; ser claro e preciso; ser elaborado em intima correlação com os objetivos visados; ser elaborado tendo em vista as condições reais e imediatas de local, tempo e recursos disponíveis (PILETTI, 2007, pg. 75).

Concluindo, pode-se dizer que o planejamento requer: conhecimento da

realidade, das urgências, necessidades e tendências; definição de objetivos

claros e significativos; determinação de meios e de recursos possíveis, viáveis e

disponíveis; estabelecimento de prazos e etapas para a sua execução. Planejar

é pensar sobre aquilo que existe, sobre o que se quer alcançar, com que meio

se pretende agir e como avaliar o que se pretende atingir (MENEGOLLA, 1994).

2.4 INTERDISCIPLINARIDADE E PLANEJAMENTO INTEGRADO

Segundo Oliveira (2007), interdisciplinaridade é um termo que possui

diferentes interpretações, porém em todas está implícita uma nova atitude diante

do conhecimento, uma mudança em busca da unidade do pensamento. Em seu

projeto de intervenção PDE ela ressalta que é preciso criar basicamente uma

mudança de atitude perante o problema do conhecimento, a substituição de uma

concepção fragmentária.

O comportamento do professor também deve ser alterado quando se

pretende trabalhar de maneira interdisciplinar.

No que se refere a sua competência profissional, o professor interdisciplinar se caracteriza por exercer estratégias de integração do conhecimento e por suas habilidades para trabalhar em conjunto com outros professores (e profissionais), explorando focos de interesse comum participando de projetos compartilhados. Em tais condições, o

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professor interdisciplinar busca manter uma comunicação ampla com as demais disciplinas escolares, sendo capaz de trabalhar de um modo integrativo com outras disciplinas, seja através do planejamento e realização de atividades compartilhadas, ou da integração entre conteúdos afins. Gosta de inovações, de pesquisa, de colocar em prática ideias diferentes. Profissionalmente, está sempre aberto; as novas perspectivas e novas experiências, aos novos desafios (LEONI, 2007, pg. 13).

Para esclarecer o conceito de interdisciplinaridade aqui desenvolvido é

necessário defini-lo. O prefixo “inter”, dentre as diversas conotações que lhe são

atribuídas, tem o significado de “troca”, “reciprocidade” e “disciplina”, de “ensino”,

“introdução”, “ciência”. Logo, a interdisciplinaridade pode se compreendida como

sendo um ato de troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou ciências – ou

melhor, de áreas do conhecimento (FERREIRA, 1993).

Para Kuenzer (2000), a forma interdisciplinar pode ocorrer através de

projetos que integrem os conteúdos das diferentes disciplinas, ministradas pelos

vários professores a partir de um eixo transversal, ou o mesmo pelo trabalho

integrado dos diversos conteúdos ministrados por um mesmo professor. A

interdisciplinaridade é a interação existente entre duas ou mais disciplinas. Essa

interação pode ir da simples comunicação de ideias à integração mútua dos

conceitos, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da

organização referentes aos ensinos e à pesquisa. Um grupo interdisciplinar

compõe-se de pessoas que receberam sua formação em diferentes domínios do

conhecimento (disciplinas) com seus métodos, conceitos, dados e termos

próprios.

Segundo Kalinke (2004), pode-se trabalhar a interdisciplinaridade de

várias formas sendo necessário que se defina qual delas se tomará como linha

de atuação, a fim de se aperfeiçoar sua aplicação. Uma das formas é aquela em

que se escolhe uma disciplina e todas as demais se ligam a essa disciplina. O

inconveniente nesse processo é a necessidade de reestruturação dos currículos,

gerando adequações em toda escola. Outro modo de trabalho é aquele em que,

dentro de matéria, o professor tenha a necessidade de relacionar os seus

assuntos com as outras disciplinas. Ao trabalhar um assunto, o professor cria

ligações com outras disciplinas e com outras áreas do conhecimento. A terceira

possibilidade é aquela que parte da proposta de temas geradores aos quais

todas as disciplinas devem se reportar e dentro delas devem ser desenvolvidas

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as atividades. Esse parece ser o melhor caminho. Neste tipo de trabalho, deve-

se envolver o maior número de matérias possíveis, efetuando uma ligação de

todas elas com o tema norteador. Algo importante é o fato da escolha do tema

gerador, este deve ser escolhido em consenso por todos os professores

envolvidos.

A ação interdisciplinar pode ser praticada individualmente, onde um único

professor ensine nessa perspectiva. Porém, Kleiman (1999) afirma que é por

meio da pedagogia de projetos que a escola se torna “... mais dinâmica, mais

atual, mais atraente para os jovens...” proporcionando a estes indivíduos a

oportunidade de desenvolverem habilidades de leitura, ao mesmo tempo em que

tomam as rédeas da própria aprendizagem construindo sua rede de relações

disciplinares e interdisciplinares. Fica claro o quanto a cooperação e o diálogo

realizado pelos professores, para qualquer trabalho interdisciplinar, possibilitará

uma relação ensino-aprendizagem mais significante na vida desses sujeitos.

Fazenda (2012) estabelece que na Interdisciplinaridade torna-se

necessário o movimento de integração entre as disciplinas ao mesmo tempo em

que desencadeia um processo de revisão e atualização de cada uma das

disciplinas. Admite-se que a Interdisciplinaridade propõe novas relações entre as

disciplinas, ampliando os espaços de intercâmbio dinâmico e experiências

pedagógicas inovadoras. A opção pela interdisciplinaridade também leva a

refletir sobre o tempo necessário para o processo de formação, exigência para

o assentamento das novas práticas e modos vivenciados no curso. A

Interdisciplinaridade, uma experiência prática e sem dúvida vivenciada

coletivamente, provoca o diálogo, possibilitando a cada participante o

reconhecimento do que lhe falta e do que tem para contribuir, ampliando as

trocas com a atitude de humildade requerida para receber dos outros.

A formação continuada do professor para trabalhar projetos de forma

interdisciplinar deve ser uma constante. Segundo Fazenda (2012), o educador

precisa estar sempre se aprimorando de novos e múltiplos conhecimentos,

pedagogias inovadoras que promovam o diálogo e a comunidade, capacidade

de colocar e resolver problemas, na prática e na descoberta assim como jogos

e dramatização, como os modelos de aprendizados processuais e dialógicos,

que põem peso na consciência do papel do pensamento crítico.

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Um projeto de capacitação docente para a consecução de uma

interdisciplinaridade no ensino precisa levar em conta:

Como efetivar o processo de engajamento do educador num trabalho interdisciplinar, mesmo que a sua formação tenha sido fragmentada. Como favorecer condições para que o educador compreenda como ocorre a aprendizagem do aluno, mesmo que ele não tenha tido tempo para observar como ocorre a sua própria aprendizagem. Como propiciar formas de instauração do dialogo, mesmo que o educador não tenha sido preparado para isso. Como iniciar a busca de um a transformação social, mesmo que o educador tenha iniciado seu processo de transformação pessoal. Como propiciar condições para troca com outras disciplinas, mesmo que o educador ainda não tenha adquirido o domínio da sua. Um projeto dessa natureza pressupõe a formação de professor/pesquisador, daquele que busque a redefinição contínua de sua práxis, e de uma instituição que invista na superação dos obstáculos de ordem material, cultural e epistemológica, enfim, num projeto coletivo (FAZENDA, 2012, pg. 50).

Na sala de aula interdisciplinar a autoridade é conquistada, enquanto a

outra é simplesmente outorgada. A obrigação é alternada pela satisfação; a

arrogância pela humildade; a solidão pela cooperação; a especialização pela

generalidade; o grupo homogêneo pelo grupo heterogêneo; a reprodução pela

produção do conhecimento (FAZENDA, 2012).

Para Pires (2007), a interdisciplinaridade é essencial na organização do

currículo escolar, buscando-se o estabelecimento de uma intercomunicação

efetiva entre as disciplinas, ocorrendo uma maior relação entre elas. Procura-se

a construção de um objetivo, por meio dos objetos particulares de cada disciplina

integrante mantendo assim as unidades disciplinares, tanto no que se refere aos

métodos quanto aos objetos, sendo a interdisciplinaridade a característica básica

das relações. A interdisciplinaridade é fundamentalmente um processo e uma

filosofia de trabalho que entra em ação na hora de enfrentar os problemas e

questões que preocupam a o âmbito escolar.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A abordagem deste trabalho é qualitativa, de cunho exploratório por meio

da pesquisa-ação, que visa superar a lacuna entre teoria e prática, possibilitando

aos participantes condições de investigar sua própria prática de uma forma

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crítica e reflexiva. As ferramentas utilizadas foram: análise documental,

observação participante natural, entrevista focalizada e questionários.

Segundo Marconi (2009), a análise documental consiste na coleta de

dados restritos a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina

de fontes primárias. Na análise documental serão pesquisados os registros

institucionais escritos, como atas de reuniões, porque segundo Gil (1999), as

fontes de “papel” muitas vezes são capazes de proporcionar ao pesquisador

dados suficientemente ricos, mais rápidos e em muitos casos dados que só

através dos documentos seria possível.

Observação é definida como uma técnica de coleta de dados para

conseguir informações e utiliza os sentidos de determinados aspectos da

realidade, não é apenas ver e ouvir, mas também examina fatos que se desejam

estudar (MARCONI, 2009). Segundo Gil (1999), na observação participante o

pesquisador assume o papel de um membro do grupo, chegando ao

conhecimento da vida a partir do interior dele mesmo, é a participação real da

vida da comunidade. Observação de caráter natural, pois o observador pertence

à mesma comunidade que se pretende investigar.

A entrevista é conceituada, segundo Marconi (2009), como um encontro

entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de

determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. Tem

como objetivo principal a obtenção de informações do entrevistado sobre

determinado problema ou assunto.

Na entrevista focalizada visa-se um tema específico, permitindo ao

entrevistado falar livremente sobre o assunto, explorando ao fundo alguma

experiência vivida em condições precisas, conferindo ao entrevistado ampla

liberdade para expressar-se sobre o tema (GIL, 1999).

Em relação ao questionário, esta ferramenta é definida como:

Um instrumento de coletas de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou por um portador; depois de preenchido, o pesquisado devolve-o do mesmo modo. Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um prazo razoável (MARCONI, 2009, pg. 203).

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Para Fachin (2003) os questionários garantem anonimato, contribuindo

para que o pesquisado se sinta mais seguro, consequentemente, favorece

respostas mais verdadeiras. Não exigem a presença do pesquisador e o

pesquisado tem mais tempo para responder as perguntas.

Para o desenvolvimento deste estudo, que objetiva relacionar teoria e

prática, partiu-se de leituras que fundamentaram teoricamente a pesquisa e a

produção de um material didático para implantar na instituição de ensino. De

acordo com o foco deste trabalho, Planejamento Integrado Interdisciplinar, foi

elaborado os planos de aula. Em seguida, de posse do material produzido,

ocorreu a intervenção pedagógica com o corpo docente do Centro Estadual de

Educação Profissional Agrícola da Lapa.

4. APLICAÇÃO E RESULTADOS

4.1 REUNIÃO COM OS PROFESSORES E EQUIPE PEDAGÓGICA

O momento pedagógico oportunizou aos educadores reflexões acerca de sua

prática pedagógica, discutindo o processo educativo numa visão integrada. Foi

apresentado aos professores, equipe pedagógica e funcionários o projeto, seu

objetivo, proposta e importância. Como qualquer mudança sempre existe a

resistência de alguns professores. Na ocasião surgiram alguns questionamentos

acerca do planejamento integrado e sua aplicação.

Foram elencados e discutidos os possíveis problemas em relação à falta de

conhecimento teórico sobre a interdisciplinaridade e a execução de um trabalho

coletivo. Os professores de modo geral trabalham em outros estabelecimentos

de ensino o que dificulta e acaba impossibilitando os encontros para a

preparação das aulas que geralmente acontecem no inicio e no meio do ano.

Observou-se a necessidade de cada um repensar a sua prática pedagógica

superando os limites e desenvolvendo o hábito do trabalho coletivo.

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4.2 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS

Para uma análise diagnóstica a respeito do planejamento e

interdisciplinaridade foi aplicado um questionário aos professores da Base

Nacional Comum e Base Técnica, na Semana Pedagógica da escola. O principal

objetivo desse processo foi analisar e refletir acerca da elaboração e execução

de um plano de trabalho docente interdisciplinar.

Este instrumento visa à obtenção de coleta de dados para pesquisa

qualitativa. A autenticidade das reflexões, bem as considerações são de suma

importância neste processo de implementação pedagógica do Projeto na escola.

4.2.1 Questão 1: Você é professor da Base Comum ou da Base Técnica?

A semana pedagógica caracteriza-se pela participação de professores e

funcionários, com objetivo de organizar o trabalho pedagógico, a proposta

curricular, as praticas, a reflexão dos conteúdos e o papel desempenhado por

todos, articulando questões administrativas e pedagógicas, enfim questões do

cotidiano escolar. Os resultados obtidos estão no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Resultados para a questão 1 - Professor: Base Comum ou Base Técnica Fonte: o autor

Observou-se nas reuniões pedagógicas do Centro Estadual de Educação

Profissional Agrícola da Lapa que a maior participação dos professores é da

Base Técnica com 62% de participação, isto é, explicado porque os professores

da base técnica trabalham somente no Colégio Agrícola, já os professores da

Base Comum correspondem uma participação de 38%, esses geralmente optam

por participar nas escolas onde são fixados os seus padrões ou ministram mais

aulas.

38%

62%

Semana Pedagógica Professores …

Prof. BaseComum

Prof. BaseTécnica

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4.2.2 Questão 2: Você costuma fazer planejamento de suas aulas?

O planejamento de aula é a organização do trabalho docente. Algo de

sumo importância, onde o professor organiza os conteúdos, as atividades e a

sua rotina diária. Preparando, revisando e adequando o conhecimento e as

novas experiências. O planejamento escolar visa organizar os objetivos

propostos no decorrer do processo ensino aprendizagem. Por isso, planejar e

organizar os conteúdos e atividades que serão desenvolvidas ao longo do

processo, bem como, as metodologias e os objetivos que deveram ser

alcançados, requer flexibilidade e adequações caso haja necessidade. Sabe-se

que muitos professores acabam não realizando o planejamento de suas aulas,

optando por aulas improvisadas. Essa pratica, de forma desorganizada, acaba

prejudicando o desenvolvimento do trabalho docente. A realização de um

planejamento de aula, atrelado a utilização de praticas e metodologias,

contribuem para o desenvolvimento de aulas participativas e satisfatórias,

estimulando tanto o professor e o educando, facilitando a compreensão e a

aquisição do conhecimento. A analise obtida (Gráfico 2) referente à elaboração

do planejamento das aulas, mostrou que todos os professores realizam o

planejamento de suas aulas.

Gráfico 2 – Resultados para a questão 2 – Realização do Planejamento de aula. Fonte: o autor

4.2.3 Questão 3: Você já fez o seu planejamento com professor de outra área

(disciplina), para trabalharem algum conteúdo ou evitar assuntos repetitivos ou

sobrepostos?

O planejamento integrado deve ser realizado, com a participação de todas

as pessoas envolvidas com esse processo. Por isso, um bom planejamento deve

ser elaborado desde o inicio do ano letivo. Para desenvolver as competências e

100%

Fazem Planejamento

sim

não

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as habilidades é necessário discutir de forma coletiva o currículo escolar e os

conteúdos. A realização dessa pratica relaciona os conteúdos e as disciplinas

afins, para que não haja sobreposição de conteúdos e que os educando possam

compreender a relação que existe entre eles. Os resultados obtidos podem ser

observados no Gráfico 3.

Gráfico 3 – resultados para a questão 3 – Planejamento Integrado Fonte: o autor

Observou- se que a maioria dos professores da Base Técnica prepara o

seu planejamento integrado com professores de outra área (disciplina), ou seja,

82% dos professores realizam para evitar assuntos repetitivos ou sobrepostos;

o restante 18% não seguem essa prática pedagógica.

Porém a grande maioria dos professores da Base Comum, 72% dos

professores não efetuam essa forma de planejamento de suas aulas. Apenas

uma pequena parcela de 28% dos professores realiza de forma integrada o plano

de trabalho docente.

4.2.4 Questão 4: Cite quais disciplinas você acha ter relação ou ligação, com a

sua disciplina ministrada. (Disciplinas Afins)

Sabemos que e possível e viável a interação entre as disciplinas

aparentemente distintas. Esse processo é uma maneira complementar que

possibilita um conhecimento crítico e reflexivo. Valorizando um saber coletivo,

superando desta forma a fragmentação entre as disciplinas. A

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interdisciplinaridade busca relacionar as disciplinas afins e aquelas que são

distintas entre si (Quadro1).

Disciplina Ministrada Disciplinas Relacionadas

Matemática Produção Vegetal, Agroindústria

Física Matemática Geografia História, Biologia, Matemática, Solos, Horticultura, Produção Vegetal

Historia Geografia, biologia, Filosofia, Sociologia

Língua Estrangeira – Inglês

Língua Portuguesa

Prod. Vegetal Biologia, Química, Física

Prod. Animal e Agroecologia

Biologia, Química, Física, Matemática e Língua Portuguesa

Solos Matemática, Química, Biologia, Física, Produção Vegetal e Animal, Zootecnia e Língua Portuguesa

Educação Física Biologia, Química, Física e Língua Portuguesa Pecuária Química, Biologia, Matemática, Língua Portuguesa

Agroindústria Produção Animal e Vegetal, Administração Rural, Química, Física, Matemática, Biologia e Língua Portuguesa

Agricultura Biologia e Química Infraestrutura Matemática e Culturas

Administração Rural Produção Animal e Vegetal, Agroindústria, Língua Portuguesa, Matemática, Horticultura e História

Filosofia e Sociologia Todas as disciplinas Suporte Técnico Todas as disciplinas

Quadro 1 – Resultados para a questão 4 – Disciplinas afins Fonte: o autor

Ficou evidente através dos questionários respondidos que os professores

conseguem fazer relação de sua matéria com as demais disciplinas ministradas.

Observou-se que essa relação se dá através das disciplinas que são afins, ou

seja, disciplinas relacionadas às mesmas áreas do conhecimento. Alguns

professores fizeram essa relação de forma interdisciplinar, mostrando que um

mesmo conteúdo pode ser trabalhado em diferentes dimensões do

conhecimento.

4.2.5 Questão 5: Você já trabalhou de forma interdisciplinar algum assunto?

Trabalhar de forma interdisciplinar nem sempre é uma tarefa fácil. Esse

processo requer tempo e comprometimento de todos os envolvidos. Desta forma

observamos que muitos professores preferem realizar seu planejamento de

forma isolada (Gráfico 5). Sabemos que a integração de diferentes disciplinas

leva o educando a conhecer plenamente os conteúdos curriculares.

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Gráfico 5 – resultados para a questão 5 – Planejamento Integrado. Fonte: o autor.

A partir dos resultados obtidos ficou constatado que 82% dos professores

da Base Técnica já trabalharam alguma vez de forma interdisciplinar, apenas

18% não realizaram essa pratica pedagógica. O que não ocorre com os

professores da Base Comum, apenas 14% já trabalhou de forma interdisciplinar

e o restante, que corresponde a grande maioria dos professores, 86% deles não

praticam esse trabalho interdisciplinar.

4.2.6 Questão 6: O que você entende por planejamento integrado

interdisciplinar?

A partir da pesquisa realizada ficou evidenciado que tanto os professores

da Base Técnica e da Base Comum, compreendem que o planejamento

integrado, precisa ser trabalhado e explorado nas reuniões pedagógicas para um

maior entendimento. Podemos citar alguns problemas em relação ao trabalho

interdisciplinar: há falta de entendimento, professores que desconhecem o

trabalho interdisciplinar, trabalham erroneamente a pratica interdisciplinar por

desconhecimento de alguns conceitos.

4.2.7 Questão 7: Dentro da sua realidade escolar qual ou quais você acha

interessante trabalhar de um projeto interdisciplinar. Cite também algum de seu

interesse.

No início do projeto pensava-se escolher temas geradores para trabalhar

a interdisciplinaridade, como por exemplo: meio ambiente, água, poluição,

agrotóxicos, lixo e outros. Mas no decorrer do trabalho a pesquisa mostrou que

esse processo deve ser continuo, inserido no planejamento diário do professor

82%

18%

Já trabalharam de forma interdisciplinar

Prof. Base Técnica

sim

não

14%

86%

Já trabalharam de forma interdisciplinar

Prof. Base Comum

sim

não

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e não só em momentos isolados.

O conhecimento deve ser trabalhado de forma continua e não

fragmentado. O educando precisa compreender que um determinado conteúdo

pode ser trabalhado em diferentes dimensões. As disciplinas se relacionam entre

si, existe uma ligação entre os conteúdos e precisamos entender que a

interdisciplinaridade engloba diversas disciplinas, efetivando o diálogo dos

conteúdos.

4.3 PALESTRA, DINÂMICAS E FORMAÇÃO DOS PROFESSORES.

Na semana pedagógica da escola houve um momento de formação dos

professores, onde foram trabalhados conceitos tais como: Educação

profissional de nível médio, Planejamento, Integração e Interdisciplinaridade

As ações propostas permitiram um repensar sobre a temática,

concebendo-a como algo além da grade curricular e do Projeto Político

Pedagógico. A interdisciplinaridade surge como um dos caminhos propícios,

para o rompimento e o isolamento das disciplinas como também a instalação de

um trabalho coletivo, em torno de uma temática de estudo. O planejamento

integrado interdisciplinar visa minimizar a isolamento dos conhecimentos. Os

professores foram levados repensar e refazer o plano de trabalho, de modo

crítico e reflexivo, relacionando a prática cotidiana com a teoria. Evitando o

ensino aprendizagem de forma compartimentada com conhecimentos isolados.

O professor trabalhando no coletivo passa de um simples executor, para o

sujeito do processo educativo. Estabelecendo metas, objetivos e interligando os

conteúdos e as competências que o aluno necessita desenvolver durante aquele

período.

4.4 APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES DE SEUS PLANOS DE AULA E

A CONSTRUÇÃO DO PLANEJAMENTO INTEGRADO

A atividade desenvolvida a partir da apresentação dos planos de aula de

cada professor oportunizou a reorganização do Plano de Trabalho Docente de

forma interdisciplinar, bem como um novo olhar para a construção de um sistema

avaliativo com a mesma metodologia.

Os professores apresentaram seus planos, posteriormente, organizaram-

se em grupos e prepararam Planos de Aula integrados. A partir dessa atividade

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houve uma necessidade de adequar os conteúdos, buscando relacionar os

mesmos com diversas disciplinas, buscando interligar as áreas do

conhecimento.

Esse processo desperta uma educação, onde a preocupação está no

apelo à integração e interação entre as disciplinas, para que não haja mais

fronteiras entre elas. A interdisciplinaridade é o caminho para a reconstrução do

conhecimento unitário e fragmentado.

As apresentações dos planejamentos produzidos proporcionaram um

momento significativo, pois cada professor reforçou durante sua apresentação

as possibilidades de promover a interdisciplinaridade, concretizando a proposta

de intervenção. Os planos produzidos foram apresentados para todos os grupos.

Os professores das disciplinas da base técnica e base comum aplicaram

o Plano integrado elaborado, aproximando as disciplinas e desfragmentando os

conteúdos. A ação despertou momentos interativos entre os educadores

envolvidos, pois os mesmos passaram a trocar ideias constantemente num

processo de ação/ reflexão/ação. Essa troca de informação é essencial para que

os professores sejam coerentes ao longo do processo de aprendizagem.

Evitando a repetição de conteúdos, da mesma forma para que saibam até que

ponto consegue avançar o conteúdo relacionando diretamente com o cotidiano

do aluno.

As atividades desenvolvidas buscaram criar e cultivar hábitos, como a

leitura e a escrita, pois as ações visam à aprendizagem de um ou mais conteúdos

específicos. O planejamento coletivo organizou o ambiente escolar, a utilização

dos recursos, equipamentos e dos espaços comuns na escola.

Um exemplo de um plano de trabalho docente interdisciplinar, encontra-

se no Quadro 2. Elaborado pelos professores das disciplinas de Horticultura,

Filosofia, Sociologia e Produção Animal. Disciplinas aparentemente distantes e

não afins que conseguiram articular seus conteúdos de maneira simples.

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Disciplinas: História/Filosofia/Sociologia/Horticultura

Série: 1º ano - Curso Técnico De Nível Médio Integrado – 2º bimestre

Tema Gerador: SOCIEDADES TRIBAIS

Conteúdo: Tipos de sociedade: tribal, medieval, capitalista, socialista. Neste momento haverá a

interdisciplinaridade quando se que se argumentar sobre a produção de cada sociedade. 1. Horticultura - O professor da disciplina fará a exposição de como se dá o plantio e colheita dos

referidos produtos. As características e composição do solo e as condições favoráveis para o plantio: mandioca, abóbora, milho – como eram e são realizados pelos povos indígenas.

2– Filosofia, Sociologia - Brasil Colônia, primeiros colonizadores e como vivem os povos indígenas em nossa sociedade contemporânea.

3. Produção Animal - O professor fará a exposição de como se dava a criação de animais para

consumo bem como as crenças e mitos com relação aos animais.

Justificativa (objetivo): Compreender as diferentes manifestações culturais e segmentos

sociais, agindo de modo a preservar o direito à diversidade enquanto princípio estético, político e ético que supera conflitos e tensões do mundo atual.

Objetivos Específicos: Compreender os diferentes discursos sobre a realidade social, amparadas nos vários paradigmas teóricos

e as do senso comum; Produzir novos discursos sobre as diferentes realidades sociais, a partir das observações e reflexões

realizadas e compreensão das transformações no mundo do trabalho; Valorizar as diferentes manifestações culturais através da compreensão e construção de uma visão mais

crítica da indústria cultural e dos meios de comunicação de massa; Compreender as transformações no mundo do trabalho e o novo perfil de qualificação exigida, gerados

por mudanças na ordem econômica; Identificar os elementos cognitivos, afetivos, sociais e culturais que constituem a identidade própria e a

dos outros.

Encaminhamento metodológico/recurso didático: Apresentação de trabalhos individuais e

coletivos; Leitura, interpretação e produção de textos; Aula audiovisual; Exposição; Estudo dirigido; Pesquisas; Resolução de exercícios; CD player; Aparelho de TV e DVD; Vídeos diversos (inclusive do Youtube); Computador; Poemas e textos em geral; Giz e quadro-negro; Material impresso; Livro didático.

Critérios de avaliação: A avaliação será realizada através da observação em relação ao interesse, à participação, exercícios, seminários trabalhos individuais e em grupo e provas; Assiduidade e relacionamento. O instrumento de avaliação será construído pelos professores, com os conteúdos das

disciplinas afins. Trabalho artístico (desenho, versos ou texto) para ser exposto na semana agropecuária.

Quadro 2 – Exemplo de planejamento integrado interdisciplinar.

Análise e Avaliação do Planejamento Integrado Interdisciplinar

apresentado no Quadro 2: “SOCIEDADES TRIBAIS”, é descrito no Quadro 3

pela Direção Pedagógica, Equipe Pedagógica, Professores e Alunos.

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Equipe Participante

Análise e Avaliação

Direção Pedagógica

Durante o período de execução dos planos de trabalho docentes os professores e os educandos perceberam que os saberes, as disciplinas e os conteúdos fazem parte de um todo e não de forma fragmentada como se apresenta no sistema de disciplinas.

Pedagoga 1 A relação de temas geradores propostos para atividades como fonte principal proporcionou correlacionar as disciplinas distintas como horticultura, sociologia, filosofia e produção animal, enaltecendo o conhecimento acadêmico, como empírico e cultural. Observou-se a descentralidade do conteúdo interligando as disciplinas promovendo com sabedoria a formação acadêmica e humana. Acadêmica ao relacionar os estudos e atividades e humana transformando valores e culturas da nossa vivência.

Pedagoga 2 A integração entre as disciplinas bem como a metodologia de forma interdisciplinar aconteceu de forma tímida, mas mostra que é possível sem muito esforço dos professores, mesmo que essa seja sua primeira experiência desse tipo de planejamento. Muitos educadores não entendem o Ensino Integrado e ausência dos mesmos em encontros para discussão sobre o tema acentua-se e reflete no cotidiano escolar, principalmente na prática pedagógica calcada numa perspectiva de articulação/integração dos saberes, das ciências, e voltada para uma formação integrada. O grande desafio para que a interdisciplinaridade aconteça em nossa prática pedagógica é encarar a dominância de uma formação fragmentada, e as condições de trabalho (divisão e organização) a que nós educadores estamos submetidos.

Coordenador de Curso 1

A proposta é uma das formas de se superar as tantas dicotomias entre as teorias e o que efetivamente acontece na escola. Ao trabalhar a interdisciplinaridade onde elementos de diferença e de semelhança são trazidos á luz da ciência para a construção do conhecimento. Esta construção deve acontecer continuamente, desta forma a escola dará conta de formar o aluno cidadão, pronto para agir com criticidade e relevância na comunidade onde está inserido.

Coordenador de Curso 2

As práticas interdisciplinares são importantes porque criam condições para o encontro de diferentes disciplinas ou áreas de conhecimento com outros saberes acumulados pela humanidade, visando a uma ação curricular emancipadora e à formação para o exercício crítico e ativo da cidadania local e planetária. Para que ocorra a construção e apropriação do conhecimento, a interdisciplinaridade é fator fundamental. Mais uma vez, a construção do conhecimento baseado na realidade do aluno, nas suas necessidades e anseios, permite à escola a formação do aluno para o mundo social, econômico e político, de forma emancipadora.

Professor 1 A interdisciplinaridade é uma ferramenta valiosa neste processo, porém é preciso que ela aconteça realmente de forma integrada. Não é possível aceitar-se como interdisciplinaridade o trabalho de um mesmo tema, em diferentes disciplinas, sem a articulação entre elas. Somente quando há esta articulação o aluno realmente construirá seu conhecimento, auxiliado e mediado pelos professores. Percebi que os alunos interagiram e participaram mais em todos os momentos das atividades. O rendimento dos alunos dessa turma foi melhor em comparação com a outra turma que não foi trabalhada de maneira interdisciplinar.

Professor 2 O trabalho sobre cultura afro e indígena teve ótimo resultado a meu ver, pois além do fato de fugir do ponto de vista técnico da criação de animais trabalhou uma visão comercial e de subprodutos. Os alunos trabalharam em grupos produzindo textos, desenhos que retratavam a ligação dos escravos com os animais e a mística indígena em relação a esses seres. Foi possível fazer uma fácil associação entre as matérias, mesmo que no início, imaginasse que em algumas disciplinas não teria como fazer interdisciplinaridade. Basta apenas um pouco de vontade e disposição que conseguimos trabalhar de forma integrada nossos conteúdos. Percebi que os alunos se interessaram mais por esse tipo de aula.

Aluno 1 Através da interdisciplinaridade das matérias, nós alunos pudemos compreender e analisar todos os aspectos do assunto abordado sobre os povos afrodescendentes e indígenas interpretando e conhecendo toda a sua história. Com a interação das disciplinas os trabalhos realizados pelas diversas disciplinas proporcionaram a nos alunos conhecimento muito além do que imaginávamos sobre sua história, culinária, o modo de viver e produzir. “Constatamos que muitas vezes o mesmo assunto é trabalhado em várias matérias e os professores não sabem disso.”

Aluno 2 Acredito que a interação entre as disciplinas deveria ser efetuada de forma mais generalizada para garantir a nós alunos maiores benefícios em relação à educação. Os professores deveriam conversar mais entre eles para correlacionar as disciplinas.

Quadro 3 – Análise Avaliativa do Planejamento Integrado Interdisciplinar.

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4.5 PROPOSTAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES CURSISTAS DO GTR

Durante a realização do GTR (Grupo de Trabalho em Rede), diversas sugestões

e problematizações foram levantadas sobre o tema em discussão. Compartilho duas

sugestões de trabalho interdisciplinar. Professor GTR1, planejamento descrito no

Quadro 4. “considero impossível para nós da educação profissional não fazer correlação

com outros conteúdos da base comum; Não sou adepto desse conceito de "áreas não

afins", entendo que com um pouco de esforço é possível fazer ligação de qualquer

conteúdo com todas as disciplinas”.

Disciplina: Introdução à Economia

Conteúdo Estruturante: Teoria do Consumidor

Conteúdo básico: Curvas de Indiferença

Definição: Mostra até que o ponto o consumidor é indiferente dada certa combinação de consumo entre o bem "a" e o bem "b".

Disciplinas Envolvidas 1) Matemática: Esse conteúdo é representado matematicamente através de fórmulas e gráficos, e pode-se calcular o gráfico para diferentes consumidores;

2) História: Conceito desenvolvido no final do século XIX, então é feito uma contextualização da época e do local onde surgiu (Itália);

3) Biologia: Qualquer consumidor irá antes priorizar gastos essencialmente necessários à sobrevivência, como segurança, aqui trabalho a questão do vestuário, proteção para manter o calor do corpo e alimentação, onde é trabalhado a necessidade das vitaminas e demais nutrientes necessários para manter um organismo vivo;

4) Língua Portuguesa: Nas produções de textos, é analisado a capacidade de expressão escrita.

Quadro 4 – Planejamento Interdisciplinar professor GTR 1.

Para o professor GTR2, o planejamento integrado, vem contribuindo para o

desenvolvimento do ensino-aprendizagem dos alunos em sala de aula. O professor

busca formas concretas para socializar e repassar esse conteúdo ao aluno, utilizando

de meios práticos e outras disciplinas para poder explicar levando o aluno mais próximo

da sua realidade e entendimento. Na disciplina de Agroindústria, podemos trabalhar em

conjunto com várias disciplinas. Mas as disciplinas na qual já trabalhou, enquanto estava

em sala de aula, realizou atividades em comum com as disciplinas de Biologia,

Produção Vegetal e Produção Animal. Principalmente utilizando aula pratica para

repassar o conteúdo ao aluno. Para os professores tudo o que é novo incomoda e é

necessário planejar de forma diferenciada do que estamos acostumados. Porém este

trabalho é gratificante, o retorno que recebemos dos alunos e principalmente ao

observar que o objetivo está sendo atingido.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta da construção de um planejamento com metodologia

interdisciplinar é possível e viável. A proposta de Planejamento Integrado

demonstrou a necessidade de um envolvimento pedagógico de todos, bem como

contribuiu significativamente com os interesses e demanda da comunidade

escolar.

Os alunos produziram trabalhos, apresentaram seminários envolvendo

várias disciplinas e conteúdos aparentemente distantes. O interesse e a

qualidade dos trabalhos produzidos mostraram que a interdisciplinaridade é uma

ferramenta essencial para a educação profissional. Os professores no começo

tiveram certa resistência, mas no decorrer do processo notaram que essa forma

de planejamento melhora a contextualização dos conteúdos, torna as aulas mais

dinâmicas e atraentes.

Desta forma, houve uma aproximação das disciplinas, um diálogo entre

os conteúdos. O conhecimento unitário e fragmentado passou a ser

compreendido de forma única e coletiva. As apresentações de seminários e

reflexões realizadas pelos alunos evidenciaram a importância da prática didática

coletiva. Analisar e compreender um mesmo conteúdo correlacionando a várias

disciplinas despertou o interesse e a participação do educando durante todo o

processo educativo.

Um programa que vem de encontro com o tema deste artigo e está sendo

desenvolvido nas escolas é: O Pacto NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO

ENSINO MÉDIO. Que se propõe qualificar os professores que atuam no Ensino

Médio para a reorganização do currículo das escolas na perspectiva da formação

humana integral, articulando as dimensões do trabalho, da ciência, da cultura e

da tecnologia. O pacto visa levar aos educadores a uma discussão e reflexão

acerca da integração curricular, áreas de conhecimento e a articulação destas,

visando uma formação humana voltada ao mundo do trabalho.

O Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, instituído pela

Portaria nº 1.140, de 22/11/2013, pretende materializar as Diretrizes curriculares

para o Ensino Médio. (resolução CEB/CNE nº 2, de 30 de janeiro de 2012). O

que enfatiza no capítulo II, artigo 14- Formas de Oferta e Organização.

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VIII - os componentes curriculares que integram as áreas de conhecimento podem ser tratados ou como disciplinas, sempre de forma integrada, ou como unidades de estudos, módulos, atividades, práticas e projetos contextualizados e interdisciplinares ou diversamente articuladores de saberes, desenvolvimento transversal de temas ou outras formas de organização; IX - os componentes curriculares devem propiciar a apropriação de conceitos e categorias básicas, e não o acúmulo de informações e conhecimentos, estabelecendo um conjunto necessário de saberes integrados e significativos; XIII - a interdisciplinaridade e a contextualização devem assegurar a transversalidade do conhecimento de diferentes componentes curriculares, propiciando a interlocução entre os saberes e os diferentes campos do conhecimento.

Desta forma propõem-se uma reflexão em torno de um currículo numa

proposta metodológica interdisciplinar, não é só a organização do currículo que

possibilitará a interdisciplinaridade, mas também a própria formação do

professor e a formação continuada, bem como a conscientização por parte dos

professores em atender as necessidades da escola, contextualizando, fazendo

relação com o cotidiano do aluno. As disciplinas existem como organização

curricular e constituem uma totalidade no currículo.

A proposta de pesquisa aqui apresentada procurou contribuir,

especialmente, na prática pedagógica dos professores, melhorando o ensino e

propondo a interdisciplinaridade como forma de desfragmentar e integrar os

conteúdos curriculares.

Ficou evidenciada a importância de um Planejamento Integrado na

educação profissional de nível médio integrado, as disciplinas da base nacional

comum e base técnica devem fazer as devidas articulações, propondo a

interdisciplinaridade, como proposta de melhoria do ensino e da aprendizagem.

Para que ocorra êxito em um projeto escolar com mudanças e inovações,

é necessário a participação e comprometimento de todos os envolvidos no

processo educativo: direção, equipe pedagógica, coordenadores de curso e

professores.

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