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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

COLCHA DE RETALHOS: (Des)construindo os espaços geográficos do campo e da cidade e problematizando a abordagem pedagógica

no Ensino Fundamental

Susana Lucila Claus Cella1

Orientadora: Prof. Drª. Alcimara A. Föetsch2

RESUMO: Os alunos do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Santa Bárbara (Bituruna/PR) são provenientes tanto do espaço agrário (campo) quanto da cidade. Devido a este fato, percebeu-se a necessidade de uma reflexão acerca das diferenças e semelhanças sobre as percepções geográficas de mundo desses educandos, pois muitas vezes percebe-se que os alunos pensam esses espaços realmente como uma colcha de retalhos, com vários pedaços diferentes separados. Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais do Estado do Paraná (Geografia, 2008), nos conteúdos básicos são contemplados os conceitos de campo/rural e cidade/urbano, esperando que o aluno perceba e compreenda esses espaços de uma maneira integradora e interdependente, entretanto, na prática, nem sempre isso acontece. Sendo assim, buscou-se compreender as relações de interdependência entre o espaço rural e o espaço urbano no município de Bituruna/PR. Neste sentido, o presente artigo está dividido em quatro partes, a primeira apresenta a construção do referencial teórico com vistas a entender se os espaços campo/cidade são vistos como dissociados ou interligados. Em seguida, discute-se a elaboração da Unidade Didática e as estratégias de ação; em seguida, tem-se o relato da aplicação da Unidade Didática em sala de aula; e, por fim, apresentam-se os resultados obtidos através da Implementação Pedagógica que foi aplicada no 7º ano do Ensino Fundamental, no Colégio Estadual Santa Bárbara, no município de Bituruna/PR. Palavras-chave: Geografia. Campo. Cidade. Bituruna/PR. Ensino Fundamental.

INTRODUÇÃO

A definição do tema de pesquisa e estudo para desenvolvimento do PDE,

ocorreu devido às necessidades e dificuldades encontradas na vivência escolar

ministrando a disciplina de Geografia. Partiu-se da Linha de Estudo: “Didática e

metodologia de ensino da Geografia” relacionando com o município de Bituruna/PR

onde se percebeu que é necessária uma contextualização maior entre os conceitos

de campo/rural e cidade/urbano. Dessa maneira, o tema de estudo sugerido foi:

Interdependência entre os espaços geográficos do campo e da cidade, sendo

utilizado como título: “Colcha de retalhos: (Des)construindo os espaços geográficos

1 Professora PDE, atuante no Colégio Estadual Santa Bárbara, município de Bituruna/PR.

Contato: [email protected] 2 Professora do Colegiado de Geografia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus

de União da Vitória/PR. Contato: [email protected]

do campo e da cidade e problematizando a abordagem pedagógica no Ensino

Fundamental”.

As turmas do Colégio Estadual Santa Bárbara (Bituruna/PR), especialmente

as do Ensino Fundamental, são formadas por alunos provenientes do campo e da

cidade, assim, viu-se a necessidade de uma reflexão sobre as diferenças e

semelhanças acerca das percepções geográficas de mundo desses educandos com

o intuito de reforçar que todos são integrantes de uma mesma unidade federativa.

Nas Diretrizes Curriculares Estaduais de Geografia, para o Ensino

Fundamental, os conteúdos básicos contemplam os conceitos de campo/rural e

cidade/urbano, esperando que o aluno perceba e compreenda esses espaços de

uma maneira integradora e interdependente, sugerindo os seguintes conteúdos

básicos: “[...] – As relações entre o campo e a cidade na sociedade capitalista; – O

espaço rural e a modernização da agricultura; [...]” (DCES – Geografia, 2008, p. 95).

Desta forma, viu-se a necessidade de trabalhar este tema, já que na

percepção dos alunos ainda existam a visão paradigmática da divisão espacial do

campo e da cidade, do ultrapassado e do moderno; ou seja, como uma colcha de

retalhos, cada espaço separado e normalmente não como o mesmo espaço

integrado, dentro da mesma federação, do estado, ou município. Assim, a

problematização destacada neste estudo, seria permitir aos alunos visualizar e

compreender de que maneira ocorrem as relações entre o espaço rural (campo) e o

espaço urbano (cidade) no município de Bituruna/PR.

Sendo assim, o objetivo geral foi permitir a compreensão das relações de

interdependência entre o espaço rural e o espaço urbano no município de

Bituruna/PR sugerindo metodologias para trabalhar essa temática no Ensino

Fundamental.

Para tanto, inicialmente é retomada uma discussão teórica acerca dos

conceitos de campo/cidade, espaço rural/urbano, para isso utilizou-se pesquisadores

destes temas em estudo, buscando entender como era, e ou é, percebido estes

espaços, como dissociados ou interligados. Em um segundo momento, o artigo

descreve como ocorreu a preparação das estratégias de ação, durante o

desenvolvimento da unidade didática. Na terceira etapa relata sobre a aplicação da

unidade didática em sala de aula, através da Implementação Pedagógica. Em

seguida, destaca-se a análise de resultados, onde é relatado como os alunos após

serem trabalhados este tema começam a observar os espaços campo/cidade. E, as

considerações finais em um último momento, onde será explicitado se ocorreu ou

não o entendimento dos alunos com relação ao conteúdo desenvolvido.

1. CAMPO/CIDADE: ESPAÇOS DISSOCIADOS OU INTERLIGADOS? – A

CONSTRUÇÃO DO REFERENCIAL TEÓRICO

Para construir a fundamentação teórica buscaram-se alguns autores que se

referem ao tema cidade/campo e rural/urbano. Os resultados são apresentados em

forma de estado da arte no Quadro 01:

AUTOR CONCEITO COMENTÁRIO

Rua (2006)

“risco que se corre ao distinguir estatisticamente urbano e rural, como se faz no Brasil, desde 1938, com a definição oficial do que é urbano. Rural é tudo o que não é urbano” (p. 93).

Muitas vezes, ainda hoje percebemos o entendimento do que rural, ainda desta forma errônea.

Oliveira (2001)

“O importante eram os sistemas agrícolas, se extensivos, intensivos, primitivos, modernos, com rotação entre terras ou com cereais” (p. 09).

Tinha-se a preocupação de estudar e explicar como se fazia para produzir produtos agrícolas e não como a população vivia e sua relação com o ambiente.

Andrade (1992)

“É a sociedade que determina as metas a ser atingidas, o tipo de espaço que deseja construir, modificando, transformando este desejo à proporção que mudam as formas de relação, e as disponibilidades de capital e de técnica”. (p.18).

Na Geografia, hoje é impossível separar o homem da natureza, considerando-se inviável estudar somente os aspectos físicos, sem envolver as dimensões culturais, sociais, humanas, políticas, econômicas, dentre outras.

Oliveira (2001)

“primeiro foram as capitanias hereditárias e seus donatários, depois foram as sesmarias. Estas, estão na origem da grande maioria dos latifúndios do país, fruto da herança colonial” (p. 28). “a escravidão foi a primeira forma de relação de trabalho no campo brasileiro; e junto se desenvolveu o trabalho camponês”(p. 36).

No Brasil, a estrutura fundiária e o acesso à distribuição das terras ocorreram de forma irregular e carregadas de fatos históricos, juntamente com as formas de relação de trabalho no campo, primeiro os escravos seguidos do colonato e do trabalho familiar no sul, através da colonização oficial.

Oliveira (2005)

Os “conflitos sociais no campo, no Brasil, não são uma exclusividade dos nossos tempos. São isto sim, uma das marcas do desenvolvimento e do processo de ocupação do campo no país”. (p. 11).

A estrutura fundiária gerou conflitos sociais no início com os indígenas, depois com os escravos, os posseiros e estendem-se até os dias atuais.

Monte-Mór (2007)

“o meio rural no período pós-segunda guerra mundial, era um espaço arcaico, onde viviam os “jecas-tatus” que eram comandados pelo coronelismo, e existiam as relações familiares, o compadrio. Era espaço de culturas de exportação nas grandes fazendas; e espaço de subsistência para os nãos proprietários, os excluídos”. (p.100).

O campo até pouco tempo era visto como um local atrasado, onde as pessoas também eram vistas desta forma sendo, comandadas pelos mais abastados economicamente, os tidos como “coronéis”, grandes senhores, para o povo.

Martins (1980)

“[...] terá agora que vender a sua força de trabalho ao capitalista.” (MARTINS, 1980, p. 56 apud OLIVEIRA, 2001, p.111)

Hoje, quem tem maior capital, possui condições melhores de produção, levando os camponeses a vender suas terras para os grandes proprietários, tornam-se assalariados, expropriados e explorados pela força do capital.

Oliveira (2001)

“a presença na cidade do trabalhador boia-fria do campo. As greves dos trabalhadores do campo são feitas nas cidades” (p. 26).

Assim, é nas cidades que os trabalhadores rurais buscam melhores preços por seus produtos, créditos para sua produção, melhorias nas suas propriedades, através dos órgãos públicos.

Rua (2006)

O rural torna-se, cada vez mais, diferente de agrícola. A indústria “ruraliza-se” e notam-se “urbanidades no rural” aceleradas pela industrialização do (e no) campo e da própria agricultura. Emerge um novo rural e a tradicional separação entre rural e urbano se minimiza. Novas atividades surgem no campo, antes exclusivas da cidade.

Desta forma, a dicotomia entre campo e cidade deve ir desaparecendo, pois tanto a população da cidade está no campo como ao contrário. Assim, esses dois espaços se fundem preservando suas especificidades.

Moreira (2003)

o campo e a cidade eram caracterizados por moderno e tradicional (atrasado).

Na atualidade percebem-se mudanças neste sentido, uma busca por desmitificar esses conceitos, sabendo-se que o campo tem se modernizado constantemente.

Abramovay (1998)

a população rural muitas vezes é induzida a acreditar que a melhor forma de se emancipar da pobreza é migrar, levando as pessoas a sair das áreas de campo para as urbanas.

Essa visão levou as pessoas a migrarem para as cidades, muitas vezes com poucos recursos, ocasionando vários problemas sociais na cidade.

Santos (1988)

“a cidade, se diferencia do campo, entre outros motivos, pela possibilidade desse trabalho livre”. (p.19)

Inicialmente, foi vista como local não subordinado aos senhores feudais, buscando liberdade iam para cidade.

Monte-Mór, 2011.

“A cidade veio a ser o espaço precípuo da vida coletiva e também território da produção industrial moderna”. (p. 95).

Com a industrialização e produção, foram vistas como espaço de vida coletiva.

Santos (1988)

“a cidade é um elemento impulsionador do desenvolvimento e do aperfeiçoamento das técnicas, bem como um lugar de ebulição permanente”.

Assim, teve oportunidade de existir, mas não totalmente desligada do campo, pois precisava de alimentos e matérias-primas.

QUADRO 01: Estado da arte dos conceitos utilizados. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.

Enfim, percebeu-se que conforme foram existindo técnicas, formas de

produção diferenciadas, capital disponível, o campo foi se transformando,

modernizando, levando a existir desde pequenos proprietários com agricultura de

subsistência, até grandes empresas agrícolas em que plantam, colhem, processam,

industrializam e comercializam seus produtos. Desta forma conclui-se que o campo

e a cidade apesar de serem espaços diferenciados, são interdependentes e ambos

de suma importância para o desenvolvimento do país, estado e município.

De fato, de acordo com Monte-Mór (2007), os conceitos campo/cidade não

devem ser visto como antagônicos, mas sim ambos como espaço social construído

onde se desenvolve a cidadania, a política. A contextualização com o ambiente onde

os alunos estão inseridos é de grande importância, desta forma, buscou-se dados

sobre o nosso município, em um texto de Mota e Noelli (1999, p.1) verifica-se a

concepção de vazios demográficos nas regiões que eram habitadas pelos indígenas.

O município esteve por algum tempo subordinado a Palmas e União da

Vitória. Em 26 de dezembro de 1954 foi sancionada a Lei Estadual nº 253, elevando-

o a categoria de município. Através de dados obtidos do IPARDES, no ano de 2010,

se verifica que existe cerca de 2070 domicílios na área rural, com uma população

total de 8.150 pessoas. Com relação aos estabelecimentos, a maioria são

proprietários, existe uma porcentagem não definida de assentados sem titulação

definitiva; arrendatários, parceiros e ocupantes em menor quantidade.

No Plano Diretor do Município de Bituruna (2008, p. 03), Lei nº 1345/2008, a

divisão da área urbana com a área rural, é definida pelo zoneamento de usos, o que

não é destinado para fins urbanos é definida por área rural. Quando se estuda este

tema está longe de uma conclusão, pois campo/cidade, espaço urbano/rural, se

misturam e integram um complementando o outro, sem que percam suas

especificidades. Assim, as fronteiras, apesar de fisicamente estarem separadas,

entre o espaço urbano e o rural, são espaço único, pois pertencem a um mesmo

município, sendo regidas pela mesma lei orgânica.

2. A ELABORAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA: PREPARANDO AS ESTRATÉGIAS

DE AÇÃO

Buscando a organização das atividades docentes em sala de aula, construiu-

se a unidade didática intitulada “Colcha de Retalhos: (Des)construindo os Espaços

Geográficos do Campo e da Cidade e Problematizando a Abordagem Pedagógica

no Ensino Fundamental” pensando-se nos alunos do 7º ano do Ensino Fundamental

do Colégio Estadual Santa Bárbara, no município de Bituruna-PR. O objetivo é o de

que os alunos adquirissem ou melhorassem a percepção dos espaços

(campo/cidade), compreendendo-os não mais como separados, mais sim

interligados e interdependentes, sendo que os mesmos são regidos por uma mesma

lei municipal e independente das pessoas estarem vivendo no campo ou na cidade,

são munícipes de Bituruna. Ainda, busca-se tirar aquela velha visão pragmática do

arcaico, atrasado (campo) e do moderno/desenvolvido (cidade).

Segundo as DCE’s (Geografia, 2008) quando este conteúdo é trabalhado, os

alunos precisam reconhecer as interdependências econômicas e culturais entre

campo e cidade e suas implicações socioespaciais. Buscando atingir esta

recomendação, o conteúdo será trabalhado de forma diferenciada, para atingir a

maior número possível de alunos, pois os mesmos serão parceiros ativos no

processo ensino-aprendizagem. Assim, serão utilizados desenhos, vídeos, histórias

infantis, fábulas, músicas, imagens, produção e apresentação de cartazes, aulas de

campo, seminários, palestras, produção de texto. Ainda, as atividades foram

elaboradas com o objetivo de observar e se necessário trabalhar para mudanças, ou

ao menos, a intenção de melhorar a percepção que os educandos possuem desses

espaços.

No início das atividades serão valorizados os conhecimentos prévios dos

alunos, pois segundo as DCE’s-Geografia e todos os estudos realizados sempre se

devem aproveitar o que o aluno traz de sua vivência, aproveitando-se da

compreensão que os educandos têm destes espaços, e em seguida levando-os a

entender de uma forma mais científica estes espaços em que estão inseridos.

Segundo a Lei nº 1345/2008, a qual consta o Plano Diretor do Município de Bituruna,

entende-se por área urbana aquela definida como tal no zoneamento de usos, em

face de edificação e dos serviços públicos existentes e por área rural o restante do

solo do Município, não destinado para fins urbanos.

Na primeira atividade da Unidade Didática buscando entender como os

alunos percebiam os espaços (campo/cidade), se observavam como interligados ou

separados, foi solicitado que elaborassem um desenho diferenciando esses dois

espaços em um quadro em que os lugares para desenhar o campo e a cidade

estavam separados. O intuito desta atividade seria de perceber e também aproveitar

para ver como eles pensavam e entendiam o campo e a cidade.

Na sequência, os alunos assistiriam dois vídeos da turma da Mônica, sendo

eles: o Chico Bento no shopping e o Chico Bento, na roça é diferente. Essa atividade

seria realizada com a intenção de oportunizar aos alunos a perceber como o campo

muitas vezes é visto como um local atrasado, arcaico, e sem desenvolvimento, e, a

cidade, em contrapartida como um local desenvolvido, com maiores oportunidades,

sendo as coisas são mais fáceis, e interessantes. Depois de assistidos estes filmes

será conversado e discutido com os alunos, levando-os há perceberem que os

personagens aprenderam várias coisas que não eram habituais nos espaços em que

eles estavam inseridos, bem como, que não se pode considerar um espaço melhor

do que o outro, pois ambos se complementam, são interdependentes, ou seja, são

espaços separados mas jamais desligados.

Com o vídeo, Fábula de um cavalo: estreando o Ferradura, em que retrata a

mecanização no campo através de uma fábula, a intenção seria desenvolver a

capacidade de observar as causas e as consequências, os pontos positivos e

negativos da mecanização no campo, levando-os a discutir e perceber a evolução

da mesma, nos dias atuais; em uma atividade em dupla os alunos destacaram as

observações percebidas por eles.

Será utilizada a literatura como recurso didático com uma história infantil,

sendo “O Rato do Campo e o Rato da Cidade”, buscando destacar as semelhanças

e distinções entre estes espaços em estudo, levando-os a dialogar e discutir para

perceber as relações e as diferenças do campo e da cidade, que muitas vezes

podem ser consideradas como vantagens e desvantagens. Em continuidade,

desenvolverão uma atividade em duplas em que escreverão o que percebem como

espaço, e ou, elementos, do campo e da cidade, o que representa para eles estes

ambientes e se isso se relaciona com o que pensam. Após, será discutido com toda

a turma sobre as conclusões chegadas.

Considerando a importância da observação da realidade e a devida

contextualização do conteúdo será realizada uma aula de campo, permitindo a eles

aperfeiçoarem a forma de ver e sentir esse espaço, e, se necessário (re)construir a

forma de pensa-los. Serão levados a visitar, observar e ter explicações em uma

propriedade do município em que o dono utiliza-se de tecnologias, permitindo a

visualização de um campo não mais como um local ultrapassado, atrasado, mais sim

um espaço inserido, interligado e interdependente na comunidade geral. E, ainda,

nesta mesma comunidade da zona rural, serão visitados outros locais, como: posto

de saúde, escola municipal e estadual, ginásio de esportes, igrejas, comércios, ruas

e residências, ou seja, coisas que normalmente percebem somente como realidade

dos centros urbanos. Após será realizado um seminário em que os alunos colocarão

para o restante da sala o que eles conseguiram perceber na propriedade e nos

locais da comunidade que foi visitada, bem como, debater e chegar a conclusões

coletivas sobre o espaço vivenciado.

Os educandos também serão levados a visitar o centro e alguns bairros do

município, destacando: prefeitura, hospital, correio, bancos, Emater, igrejas,

comércios, postos de saúde, etc. Bem como saneamento, iluminação, acessos,

coletas de lixo. Ainda, serão observados os espaços físicos da cidade para futuras

comparações com a área rural, por exemplo, tamanho dos lotes. Esta atividade será

realizada com a intenção de aumentar a capacidade de perceber o espaço urbano

em que estão inseridos levando-os a poder discutir, analisar os pontos positivos e

negativos, os problemas e os benefícios urbanos existentes em nosso município.

Após essa visita e observação em que os alunos terão oportunidade de fazerem

perguntas variadas com relação ao espaço urbano, ao retomarem a sala de aula

terão a oportunidade de relatar as suas observações e descobertas, discutindo e

selecionando aspectos positivos e negativos; esperando que percebam estes

espaços como interligados e interdependentes, sendo impossível a separação de

ambos, pois estão inseridos no território do município, do estado, do país.

Após terem observado os espaços do campo e da cidade, e as imagens

apresentadas os alunos responderão se os elementos como: telefone, celular, rádio,

televisão, parabólica, postos de saúde, escolas, entre outros pertencem ao campo

ou a cidade; com o objetivo deles perceberem que campo e cidade não são espaços

tão diferentes como pensavam.

Como outro recurso para aprendizagem, utilizar-se-á da música, buscando

melhoria do conhecimento apreendido, sendo que uma se refere ao campo e outra a

cidade, e uma terceira que relata sobre ambos os espaços; considerando-se as

características, os elementos encontrados neles, esperando-se que os alunos

possam percebê-los e compreende-los como espaços diferenciados, mas

interligados e interdependentes.

Utilizando-se do conhecimento que já possuem do município, trabalhar a

localização e a percepção dos espaços rurais e urbanos do mesmo, relacionando

com estado do Paraná e o território do país, buscando a compreensão das escalas.

Para isso será utilizado o Google Earth, projetando no datashow, os espaços

(campo/cidade) do município de Bituruna, permitindo maior naturalidade nos

espaços observados, imagens que foram pré-selecionadas do Google Earth e

mapas (do Mundo, do Brasil, do estado do Paraná e do município de Bituruna), indo

do global para o local, para que os alunos tenham compreensão de como estão

inseridos no mundo, e bem como conseguir contextualizar com a realidade local.

Dentre as atividades desenvolvidas dar-se-á espaço para palestra sobre o lixo

produzido em Bituruna, visto que é um problema existente em ambos os espaços

estudos (campo/cidade), com a intenção de permitir aos alunos reconhecer e

diferenciar os resíduos, permitindo a separação adequada para que possam ser

mais bem aproveitados, levando-os a atuar no município, como cidadãos

conscientes e preocupados com o ambiente em que estão inseridos. Ainda, serão

levados a perceber algumas diferenças nos lixos produzidos nestes dois espaços, os

cuidados e as formas de agir, bem como as leis ambientais referentes ao lixo,

esperando-se que consigam estar relatando sobre as diferenças e ou semelhanças,

definindo as melhores formas de agir e sendo coparticipantes deste processo.

Buscando utilizar-se de várias formas de aprendizado e dando oportunidades

para que se expressem de maneiras diversas, será desenvolvida como uma das

atividades a produção de cartazes em que os alunos poderão expressar o que

entenderam e aprenderam sobre o tema estudado, relacionando-os como espaços

interdependentes e interligados e não como separados, isolados. Através da

apresentação dos cartazes que foram produzidos em grupos, os alunos terão a

oportunidade de explanar e relatar as suas ideias e pensamentos, ao quais serão

utilizados como mais uma forma de avaliação para verificar o aprendizado ocorrido e

o desenvolvimento dos educandos.

Buscando comparar a percepção que os alunos tinham no começo desta

unidade didática, e se a mesma foi modificada através do estudo realizado, será

retomada a primeira atividade em que desenvolverão desenhos; primeiramente só

do campo e, em um segundo momento, da cidade. Assim, os desenhos do primeiro

momento estarão disponibilizados ao lado dos desenhos produzidos ao final da

unidade didática com a intenção de verificar se ocorreu ou não mudanças na forma

de perceber os espaços em estudo.

Concluindo as atividades realizadas na unidade didática seria solicitada a

produção de um texto, onde os alunos destacariam as diferenças ocorridas, ou não,

em suas formas de pensar, relatando suas opiniões e conclusões sobre os espaços

(campo/cidade – rural/urbano).

3. APLICANDO A UNIDADE DIDÁTICA EM SALA DE AULA

Na terceira etapa do projeto PDE, ocorre a realização da Implementação

Pedagógica na escola, com o objetivo de desenvolver em sala de aula o estudo

realizado durante as outras etapas anteriores. Num primeiro momento conversou-se

com os alunos o seria e como aconteceriam as atividades propostas, permitindo a

eles fazer perguntas e questionamentos com relação ao desenvolvimento do

mesmo.

Após, como primeira atividade os alunos desenharam, em uma folha A4,

dividida ao meio os espaços do campo e da cidade, tendo como objetivo conseguir

uma primeira percepção dos alunos acerca da distinção destes dois espaços

geográficos. A atividade transcorreu de uma forma bastante tranquila, os alunos se

envolveram muito na evolução da mesma, eles tinham duas aulas para desenvolvê-

la, mas como os alunos sempre diferentes, alguns não conseguiram desenvolver a

mesma no tempo proposto, pelo menos não totalmente pintada e concluída.

Na segunda atividade foram trabalhados dois filmes: “Chico Bento no

shopping” e “Chico Bento na roça”. A intenção era demonstrar as diferentes

abordagens existentes sobre o rural e o urbano de uma maneira lúdica. Logo em

seguida o filme foi discutido para perceber qual a relação que eles possuíam com

esses espaços, ou seja, ao que vivem na cidade tinham oportunidade ou não de

estarem no campo e vice-versa. A atividade foi desenvolvida sem nenhum problema,

eles gostaram bastante dos filmes, na discussão destacou-se, que o filme

demonstrava os espaços totalmente separados, que as pessoas que viviam no

campo não sabiam nada da cidade e, em contrapartida os que habitavam a cidade

não tinham noção nenhuma de campo. No desenvolvimento desta atividade,

percebeu-se a dificuldade de expressão dos alunos, talvez por falta de coragem, por

terem vergonha perante os colegas e o professora, de explanar o que pensavam

mesmo sendo bastante estimulados para isso.

Na terceira atividade os alunos leram uma fábula tendo como título: “Fábula

de um cavalo, estreando o Ferradura”. Depois, foi passado um filminho de alguns

minutos que apresentava esta fábula, com o objetivo de reforçar o que leram. A

mesma mostra a mecanização no campo evidenciando as técnicas aplicadas no uso

deste espaço. Com isso, eles tiveram oportunidade de entender um pouco melhor

sobre esse assunto para poder comentar em sala e porque não na comunidade em

que vivem, as causas e as consequências desta mecanização. Logo após eles

desenvolveram em duplas uma atividade em que escreveram como eles percebiam,

as causas e as consequências os pontos positivos e negativos da mecanização no

campo. Foi uma atividade em que os alunos se envolveram e desenvolveram o que

precisavam sem maiores problemas.

Prosseguindo o desenvolvimento foi utilizada uma história infanto juvenil,

tendo como título: “O Rato do Campo” e o “Rato da Cidade”. O objetivo buscado

através da mesma era destacar as características e os elementos do campo e da

cidade. Durante a contação da história, percebeu-se que mesmo os alunos sendo

adolescentes demonstraram grande interesse ficaram bem atentos e concentrados

para escutá-la. Em seguida desenvolveram uma atividade em duplas relacionando

os elementos e as características destes espaços que eles perceberam durante a

história, também poderiam citar outros que não foram apresentados, mas que eles

conheciam.

Neste momento os alunos já haviam percebido que a visão que os mesmos

possuíam do campo e da cidade não eram somente como eles pensavam em

espaços, separados e dissociados. Assim, para contribuir mais com isso foi realizada

aula de campo na cidade, em que os alunos divididos em grupos para perceberem

características específicas, foram levados e estimulados a observarem os elementos

encontrados na área urbana do município, através de visitas nos bairros e no centro

da cidade, em alguns comércios, bancos, escolas e outros locais. O

desenvolvimento da atividade foi muito interessante, os alunos se envolveram e

participaram bastante, questionando e realizando perguntas referentes ao tema.

Ocorreu um imprevisto nesta aula devido a ter ocorrido uma chuva durante a

mesma, apesar de não ser tão forte, mas já atrapalhou um pouco.

Retornando a sala de aula foi realizado um seminário em que os alunos

relataram e discutiram acerca dos elementos observados pelos grupos na cidade.

Neste momento como os alunos já possuíam mais informações sobre o tema

estudado e uma relação maior com a professora percebeu-se que foi mais fácil para

os alunos participarem da discussão e da explanação do que observaram.

Lembrando que um dos objetivos deste estudo seria mostrar novas formas de

trabalhar o tema em sala de aula utilizou-se da música, destacando duas em

especial: “Deus e Eu no Sertão” e “Cidadão”, já que as mesmas retrataram os

espaços campo/cidade. Elas foram colocadas na TV pendrive para assistirem e

cantarem juntos. Após isso ser realizado, foi distribuído para duplas as letras das

músicas com o objetivo de observarem e escreverem o que encontraram de

semelhanças e ou diferenças entre esses dois espaços, bem como, os elementos e

as características. Nesta atividade os alunos também se envolveram trabalharam

nas duplas discutindo e chegando a conclusões para anotarem.

Em outro momento dando continuidade a Implementação Pedagógica na

escola foi realizado uma aula de campo realizada em Santo Antonio do Iratim, área

rural do município, onde os alunos observaram os elementos encontrados no espaço

agrário e tiveram acesso a uma propriedade em que é desenvolvida a atividade

leiteira utilizando-se de mecanização e tecnologias para a produção, foi muito

interessante o desenvolvimento da mesma, pois os alunos estavam muito

interessados e estimulados a interagirem com as pessoas que estavam explanando

sobre como trabalhavam, fizeram muitas perguntas e interagiram e tiraram dúvidas

com as pessoas. Neste dia em que realizou-se a visita os proprietários estavam

realizando a cilagem normal e também a conservação de grãos úmidos, que é uma

nova forma de armazenagem do milho para utilização futura. Como a comunidade

fica a uns quinze quilômetros do centro do munícipio deve alguns imprevistos, uma

aluna passou mal durante o deslocamento o que não permitiu que pudesse

participar das atividades com os demais alunos. Ainda nesta aula de campo os

alunos foram levados para visitar escola estadual e municipal, posto de saúde,

ginásio de esporte, igrejas, comércios, entre outros, nesta comunidade.

Novamente em outra aula em sala foi realizado um seminário para que os

alunos pudessem relatar sobre os elementos observados no campo, sendo levados

a conversarem e debaterem sobre o que perceberam.

Em uma próxima aula os alunos desenvolveram uma atividade em que eles

precisavam colocar se os elementos apresentados, tais como, celular, carro,

computador, estradas, redes elétricas, postos de saúde, escola, entre outros;

pertenciam ao campo ou a cidade, ou se existiam em ambos com o objetivo de

perceberem que muitas dos elementos que existem no espaço urbano, também são

elementos do espaço rural, chegando à conclusão que os mesmos não são tão

distintos e isolados.

Em outro momento foi realizada uma palestra/diálogo sobre o “Reciclinho”,

que é um espaço de triagem e compostagem do lixo no município de Bituruna com o

intuito de perceberem que tanto as pessoas do campo como da cidade produzem

lixos e terem a oportunidade de tirarem dúvidas se existem diferenças nestes lixos e

as formas utilizadas por eles para o aproveitamento do lixo. Visto que a maioria dos

alunos já tinha visitado o Reciclinho e, portanto, possuíam noção de como era, não

foi realizado visita e sim uma palestra/diálogo, os alunos se envolveram e

participaram da atividade de forma satisfatória.

Buscando uma compreensão e percepção ainda maior e melhor dos alunos

foi realizada uma atividade com imagens diretas do Google Earth dos espaços rurais

e urbanos no município de Bituruna, relacionando com outros de população maior,

como a capital do estado, desta forma além de trabalhar os espaços aproveitou-se

para trabalhar, também escalas. Foi uma atividade bem interessante, apesar de

perceber que os alunos teriam se envolvidos ainda mais se pudessem estar eles

próprios no computador, pesquisando e procurando visualizar estes espaços.

Como outro recurso didático os alunos foram levados a produzir cartazes

sobre o tema, campo/cidade, destacando com eles estavam percebendo estes

espaços. Então, utilizaram revistas para recorte procurando imagens para

desenvolverem a atividade proposta, a mesma foi realizada em grupos para que os

alunos pudessem estar discutindo e colocando suas opiniões para o grupo. Após os

cartazes foram apresentados pelos grupos para os demais colegas da sala. Os

alunos demostraram interesse e participação no desenvolvimento desta atividade.

Em outro momento realizaram a produção de um texto individual

diferenciando o lixo da cidade e lixo do campo, a partir da palestra do “Reciclinho”, a

intenção era realizar a mesma logo após a palestra, mas como nem sempre tudo

depende de nós, assim isso não foi possível, sendo necessário realizar após outras

atividades.

Retomando a primeira atividade desta Implementação Pedagógica os alunos

foram levados a desenharem novamente os espaços do campo e da cidade, sendo

que neste momento, primeiro desenhariam o campo e depois a cidade. A intenção

através dela era de fazer um comparativo com o primeiro desenho realizado no

primeiro dia de aula do projeto, observando as diferenças e semelhanças dos

mesmos. Os alunos desenvolveram a atividade com bastante afinco, até porque

neste momento eles tinham muito mais subsídios para realiza-la que no

desenvolvimento da mesma na primeira atividade e novamente percebeu-se a falta

de tempo para alguns alunos desenvolverem a mesma.

Para concluir as atividades desenvolvidas na turma sobre o tema foi solicitado

a elaboração de um texto relacionando os dois desenhos, ou seja, da primeira e da

última atividade, destacando as diferenças percebidas por eles, todos

desenvolveram a atividade, alguns demonstraram maiores ou menores dificuldades

na realização da mesma. Após trinta e duas aulas nesta turma desenvolvendo o

tema chegou-se a conclusão do desenvolvimento da Implementação Pedagógica,

sendo que os resultados serão explanados a seguir.

4. ANÁLISE DE RESULTADOS

A participação do programa PDE é vista como uma grande chance de

desenvolvimento na área profissional. A partir disto, passa-se a refletir sobre o que e

como trabalhar com os alunos, visto que a parte fundamental deste estudo é

realmente melhorar a prática pedagógica e atingir o maior número de alunos com

conhecimento satisfatório.

No Colégio Estadual Santa Bárbara, no município de Bituruna os alunos são

provenientes de espaços diversos, tanto do campo como da cidade, sendo de várias

comunidades do interior e também do centro e de vários bairros diferentes, com

aspectos divergentes. Dessa forma surgiu a necessidade de trabalhar essas

diferenças e/ou semelhanças nos vários locais em que estão inseridos independente

de ser no campo ou na cidade. O objetivo principal é desmistificar a sobre saliência

de um espaço sobre o outro, visto que não raras vezes percebe-se que os alunos

ficam comparando e diferenciando os mesmos, muitas vezes até gerando discussão

e valor de importância de um sobre o outro.

Portanto, problematizar a relação campo/cidade é de grande relevância e

tornar os nossos alunos, pensantes, críticos e cientes dos seus direitos e deveres

perante toda a sociedade e áreas, independente de ser campo ou cidade, no bairro

ou no centro. Normalmente, é complicado se usar classificações tão rígidas com

relação ao o campo e a cidade, pois entender e relacionar este tema ao urbano-

rural, industrial-agrário, não dão suporte suficiente para entendermos relações

econômicas, sociais, políticas, culturais, inseridas nestes espaços. De fato, o aluno

precisa entender todas essas relações, pois questões físicas não podem e nem são

isoladas das políticas, econômicas, entre outras.

Como ponto importante, os educandos são levados a entender que no

município de Bituruna, como em outros, muitas pessoas que vivem no campo não

sobreviverem de atividades da área rural, devido a existência de comércios,

serviços, como postos de saúde, escolas, igrejas, entre outros. Assim, cidade e o

campo são interligados e interdependentes, sendo que as pessoas que vivem no

campo necessitam da área urbana do município e vice-versa. Campo e cidade, já

não são espaços separados, diferenciados, vistos como: o arcaico e o moderno;

onde as pessoas do campo são vistos como os atrasados, os que não têm acesso a

informações, em que estão afastados das tecnologias e os que vivem na cidade são

considerados “os melhores”.

Segundo as DCEs (Geografia, 2008) este tema escolhido deve ser trabalhado

tanto no ensino fundamental, como no médio. Mas, contudo, objetivando permitir aos

alunos do ensino fundamental o acesso para que possam compreender e relacionar

esses espaços como interligados e não dissociados, propus o desenvolvimento da

Implementação Pedagógica em um 7º ano. Desta forma, escolheram-se atividades

para a elaboração da unidade didática, visando à idade dos alunos, pois ainda nesta

fase gostam de brincadeiras, atividades diferenciadas e lúdicas, pois precisam de

atividades mais atraentes para que possam ter compreensão maior sobre o que está

sendo trabalhado, pois somente com aulas expositivas sabe-se que não consegue

atrair a atenção e consequentemente o aprendizado é prejudicado.

Desta forma buscou-se trabalhar com diferenciadas proposições

metodológicas, observando a grande diversidade encontrada em sala de aula,

objetivando para atingir o maior número de alunos, assim, usaram-se de desenhos,

vídeos, histórias, fábulas, aulas de campo nos dois espaços estudados, seminários,

palestra discutida, produção e apresentação de cartazes, elaboração de texto,

relacionando tudo isso com o espaço em que estão inseridos, utilizando-se a

discussão sobre o lixo produzido nestes espaços, buscando a preservação do meio

ambiente em que se encontram.

A maior dificuldade na turma em que se desenvolveu a Implementação

Pedagógica foi a falta dos alunos, visto que normalmente não estavam todos

durante a aplicação da unidade didática, comprometendo um pouco o resultado final,

não para a turma como um todo, mas para alguns alunos individuais que

apresentavam as faltas, no mais verificou-se vários pontos positivos, pois, os alunos

demonstraram interesse, comprometimento e envolvimento nas atividades

propostas, desta forma conclui-se que o conteúdo trabalhado teve um aprendizado

considerado satisfatório na turma em que foi aplicado.

Enfim, concluindo a aplicação da unidade didática na turma selecionada,

observou-se grande crescimento e compreensão dos alunos com relação ao tema

trabalhado, desmistificando os conceitos de (campo/cidade), pode-se observar isso

através de alguns relatos dos mesmos na produção do texto final sobre o assunto:

“No campo existem a utilização de máquinas agrícolas que são fabricadas nas cidades, então o campo depende da cidade.” (W.J.C – 12 anos).

“Sem a tecnologia geralmente gerada na cidade, no campo a produção de feijão, arroz, trigo seria menor. Assim a cidade precisa do campo e o campo da cidade, nenhum é mais

ou menos importante e nem melhor que o outro.” (C.F.A – 13 anos).

“O campo e a cidade são espaços diferentes, porém um depende do outro. No campo a gente encontra muitos alimentos, tratores e também fertilizantes para os alimentos

crescerem fortes. Mas tudo isso vem da cidade.” (D.B.N – 13 anos).

“O campo não é aquele lugar em que você pensa que é, só plantações e animais, tem muito mais que isso, mas é sim um lugar que depende da cidade para sobreviver e assim

vice-versa, a cidade também depende do campo principalmente para alimentação das pessoas.” (J.P.P – 13 anos).

“Sem o alimento do campo a cidade não vive e nem o campo sem a produção de fertilizantes, sementes selecionadas para produzir os alimentos que precisamos. A cidade

precisa do campo e o campo precisa da cidade.” (F.B – 14 anos).

“Quando disserem que a cidade não precisa do campo, ou que o campo não precisa da cidade é mentira. Tem coisas diferentes mais os dois são importantes, lembre que os dois

dependem um do outro.” ( L.E – 14 anos).

“O que os do campo precisam que não tem pegam na cidade e o que as pessoas da cidade precisam vem do campo, não tem tanta diferença e um depende do outro.” (T.C.L – 13

anos).

“O campo depende da cidade e a cidade do campo, e ambos tem suas igualdades e diferenças, mas hoje o campo não é um lugar mais atrasado que a cidade. Mas, pelo que parece o campo e a cidade são como uma laranja se uma metade apodrece ninguém vai

querer a outra.” (C.A.B – 13 anos).

“Diversas coisas encontramos no campo e também na cidade, como igrejas católicas, evangélicas, postos de saúde, indústrias, campos de futebol, hotéis e outras coisas isso mostra que o campo e a cidade não são tão diferentes como imaginava.” ( G.L.Z – 13

anos).

“O campo e a cidade nunca foram diferentes porque eles não vivem sem eles mesmos. Nós não podemos viver sem a cidade porque é na cidade que nós compramos os alimentos que o campo produz para nós mesmos eu não poderei viver sem o campo e a cidade.” (J.A.P-

13 anos).

QUADRO 02: Relatos dos alunos acerca da relação campo/cidade. Fonte: Elaborado pela autora, 2014.

Sendo assim, ao concluir a aplicação da unidade didática no 7º ano,

percebeu-se que os alunos através deste projeto tiveram uma compreensão e

entendimento considerável, com certeza elevando o conhecimento deles sobre o

assunto trabalhado e depois do que foi visto e discutido, acredito que jamais eles

verão o campo como um local atrasado com relação a cidade. E, ainda, que os

espaços (campo/cidade), rural e urbano apesar de diferentes não são dissociados e

sim espaços interligados e interdependentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reconhece-se, inicialmente, a importância do PDE para o desenvolvimento

da Educação no Estado do Paraná onde os educadores têm a oportunidade de se

afastar por um período da sala de aula e estudar, repensar e buscar maneiras de

melhorar a prática pedagógica, oportunizando aos alunos um desenvolvimento e

conhecimento maior em todas as áreas.

Durante todo esse processo de formação os alunos foram as peças

fundamentais deste estudo, então durante a aplicação buscou-se levar eles a

entender os espaços do campo e da cidade, não mais como espaços separados e

dissociados, mais sim como espaços que são interdependentes e interligados. Após

a realização de todas as atividades já descritas anteriormente entende-se que os

alunos envolvidos tiveram a compreensão quanto às diferenças e relações

existentes nos dias atuais entre campo/cidade, e ou, espaços urbanos e rurais.

Enfim, face ao exposto até o presente momento através deste estudo, cabe

ainda ressaltar que, as conclusões obtidas até aqui marcam o início de uma busca

por um aprofundamento maior em relação ao tema campo/cidade e as suas

interligações e interdependências. Da mesma forma, esta oportunidade de formação

e qualificação pessoal permitiu o repensar das ações docentes e a importância de

buscar o aperfeiçoamento pessoal, sobretudo, considerando a dinamicidade da

Ciência Geográfica.

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