OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · produzido será postado no Blog do C. E....
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Título: Um novo olhar sobre o vírus
Autor Lourdes Maria Krul
Disciplina / Área (ingresso no PDE) Biologia
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Estadual Dezenove de Dezembro Rua Desembargado Motta 2082, Bairro Centro
Município da escola Curitiba-PR
Núcleo Regional de Educação Curitiba-PR
Professor Orientador Valéria Maria Munhoz Sperandio Roxo
Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Relação Interdisciplinar Biologia, Ciências, Português, Artes
Resumo A presente Unidade Didática foi desenvolvida para facilitar a compreensão dos conteúdos na disciplina de Biologia na modalidade EJA, em específico sobre os vírus. Utilizando metodologia de Brainstorming e mapa conceitual como estratégia de motivação pretende-se que o educando articule antigos e novos saberes sobre o tema. Tem também como objetivo apresentar o vírus como uma das ferramentas na engenharia genética, além de fornecer sugestões de atividades de fácil aplicação que promovam a participação dos alunos no desenvolvimento de conhecimento e na pesquisa de conteúdos relacionados ao tema de estudo.
Palavras-chave VÍRUS, ferramenta genética, atividades
Formato do Material Didático Unidade Didática
Público Alvo Alunos da EJA do Ensino Médio
APRESENTAÇÃO
Em consonância com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica-
Biologia (2008, p. 54), cabe ao docente desenvolver o processo pedagógico, de
modo a criar condições necessárias à apropriação do conhecimento pelo
educando.
Deste modo, a presente Produção Didática Pedagógica tem a pretensão de
articular teoria e prática, propiciando ao educando um maior envolvimento com o
objeto de estudo através de atividades realizadas que estimulam sua participação
direta. Para isso, escolheu-se o formato da Unidade Didática, pois tem relação
direta com o público alvo através das atividades individuais e em equipe que
serão propostas.
Na unidade serão apresentadas atividades que podem ser executadas
pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Médio através da
mediação do professor de Biologia. Serão utilizados materiais relacionados ao
tema VÍRUS disponíveis em livros, periódicos e sites, além de vídeos e filmes que
versam sobre o assunto.
A primeira atividade proposta utiliza a técnica de Brainstorming (ou
“tempestade de ideias”) para uma primeira análise do conhecimento dos
discentes sobre o tema vírus. Seu fechamento acontece com a confecção de um
cartaz.
Segue-se a ela, como segunda atividade proposta, uma aula expositiva
dialogada onde serão exibidos alguns trechos do filme “Gattaca - Experiência
Genética” (1997) e do filme “O Legado Bourne” (2012). Este último filme, foca o
uso do vírus como vetor na engenharia genética.
Como terceira e última atividade proposta será apresentada a construção
de um mapa conceitual sobre o objeto de estudo. Desta maneira, será possível ao
docente avaliar os conhecimentos adquiridos pelos educandos ao longo da
aplicação do projeto, comparando os cartazes construídos na atividade 01 e o
mapa conceitual fruto desta terceira e última atividade. Parte do material
produzido será postado no Blog do C. E. Dezenove de Dezembro.
O material produzido na revisão de literatura do Projeto de Intervenção
Pedagógica, com o tema VÍRUS, está anexado e serve como referência de
estudo.
UNIDADE DIDÁTICA
Tema: Vírus
Conteúdos Estruturantes: Seres Vivos
Conteúdos Básicos: Mecanismos celulares biofísicos e bioquímicos
ATIVIDADE 01
Objetivo Geral
Diagnosticar o conhecimento dos alunos sobre o tema vírus.
Objetivos Específicos
Diagnosticar a visão dos educandos sobre o tema vírus;
Identificar as relações de conhecimento popular associadas aos vírus;
Construir um cartaz contendo essas informações;
Despertar a curiosidade sobre os seres vivos denominados vírus.
Metodologia
Uso de Brainstorming como ferramenta metodológica;
Atividade em equipe: confecção de cartaz contendo a visão popular que os
educandos possuem sobre o tema.
Recursos/ Materiais
Quadro negro e giz;
Cartolina;
Réguas;
Pincel atômico de cor preta /azul.
Tempo estimado: 3 horas-aula, incluindo a aplicação do Brainstorming,
confecção dos cartazes e apresentação do material produzido.
Descrição das atividades
1- Dispor os alunos em sala de aula preferencialmente em um grande círculo;
2- Apresentar aos educandos o tema em questão;
3- Apresentar a técnica de tempestade de ideias e fomentar a participação de
todos os educandos, ressaltando que todo conhecimento e toda
participação é válida e que deve ser livre de quaisquer julgamentos;
4- Montar as equipes de alunos e circular dentre os grupos fomentando a
participação de todos, além de fornecer algumas informações adicionais. O
número de participantes ficará a critério do professor;
5- Distribuir cartolinas, pincéis atômicos e réguas entre as equipes e
acompanhar a confecção dos cartazes;
6- Determinar os responsáveis por escrever e apresentar o material
produzido;
7- Acompanhar a exposição dos trabalhos pelos próprios membros de cada
equipe ao resto da classe;
8- Finalizar a atividade fornecendo alguns dados científicos, buscando
confirmar ou desmistificar alguns pontos-chave elencados pelas várias
equipes.
Avaliação
A avaliação se dará através da participação de cada educando durante a
tempestade de idéias e da elaboração e apresentação dos cartazes pelas
equipes.
Materiais de apoio
Os passos para a correta aplicação da metodologia Brainstorming bem
como dicas para sua elaboração de forma eficiente podem ser encontrados na
Revista VOCÊ S/A, edição 181, disponível no sítio:
<http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/181/noticias/como-fazer-um-
brainstorming-eficiente?page=1>.
Outras atividades similares e alguns exemplos de aplicação do método
podem também ser encontrados no Portal do Ministério da Educação, bem como
através do caderno de oficinas disponível no sítio a seguir:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Pradime/cader_ofi_3.pdf>.
ATIVIDADE 02
Objetivo Geral
Conhecer as características de um organismo viral.
Objetivos Específicos
Conhecer a composição química de um vírus;
Conhecer os diferentes tipos de vírus;
Enumerar as etapas da reprodução viral;
Associar a reprodução viral com a descoberta do mecanismo de ação do
DNA;
Reconhecer vírus como uma das ferramentas genéticas.
Metodologia
Aula expositiva e dialogada;
Consulta aos sites indicados;
Exibição de trechos dos filmes “Gattaca - Experiência Genética” (1997) e
“O Legado Bourne” (2012);
Criação de correlações entre o exposto através das aulas expositivas e o
conteúdo exibido nos filmes.
Recursos/ Materiais
Quadro negro e giz;
Laboratório de informática;
Filmes: “Gattaca - Experiência Genética” e “O Legado Bourne”.
Tempo estimado: 8 horas-aula, incluindo a apresentação dos conteúdos,
pesquisas em sites específicos, a exibição dos filmes e o dialogo entre os alunos
sobre a relação entre todo o conteúdo abordado.
Avaliação
A avaliação se dará através da construção de textos sobre o tema “Um
novo olhar sobre o vírus”, no qual os educandos deverão relacionar os temas
expostos durante as aulas expositivas e os filmes apresentados.
Os trabalhos serão revisados e postados no blog do Colégio Dezenove de
Dezembro para acesso de todos.
ATIVIDADE 03
Objetivo Geral
Mapear os novos conhecimentos sobre o tema vírus que foram
incorporados pelos dicentes.
Objetivos Específicos
Desenvolver a técnica de mapa conceitual com os educandos;
Avaliar a aprendizagem dos alunos;
Diagnosticar os tópicos mais citados e presentes nos mapas
confeccionados;
Diagnosticar os tópicos menos citados e ausentes nos mapas
confeccionados;
Expor os mapas construídos pelos alunos.
Metodologia
Conceituação da técnica de Mapa Conceitual;
Construção de mapa conceitual sobre o tema vírus;
Análise e comparação do mapa conceitual obtido com os cartazes
confeccionados na primeira atividade, de modo a evidenciar o aprendizado
dos educandos sobre o tema;
Recursos/ Materiais
Folha sulfite;
Lápis e borracha ou caneta.
Tempo estimado: 6 horas-aula, incluindo a construção do mapa conceitual, sua
análise e exposição na lousa, para a classe.
Descrição das atividades
1- Dispor os educandos em equipes (segundo os grupos formados na
atividade 01);
2- Apresentar a técnica do Mapa Conceitual e fomentar a participação de
todos os estudantes;
3- Distribuir cartolinas, pincéis atômicos e réguas entre as equipes;
4- Circular dentre os grupos e acompanhar a evolução dos mapas
elaborados;
5- Registrar os tópicos mais citados dentre os mapas apresentados, bem
como suas lacunas;
6- Finalizar a atividade através da comparação dos cartazes elaborados na
atividade inicial da presente Unidade Didática com o mapa conceitual
desenvolvido nesta etapa;
7- Encerrar as atividades e indicar fontes para consulta e aprimoramento
futuro dos educandos;
8- Disponibilizar no blog do Colégio Estadual 19 de Dezembro o material
produzido pelos alunos no formato de textos, fotos e/ou vídeos das
atividades realizadas.
Avaliação
A avaliação se dará através da construção do mapa conceitual sobre vírus
e da participação de todos os membros pertencentes às equipes.
Material de apoio
- MAPAS CONCEITUAIS:
Os Mapas Conceituais foram desenvolvidos por Joseph D. Novak em 1960
e baseiam-se na Teoria da Aprendizagem Significativa (AUSUBEL, NOVAK E
HANESIAN,1980 apud CORAIOLA, 2007, p.46) e têm como principal objetivo a
representação gráfica de um conjunto de conceitos acerca de determinado tema.
A técnica consiste na organização de uma rede onde os conceitos são
interligados entre si, formando teias de conhecimento. Através dela, o educando
pode construir um Mapa Conceitual partindo de algo já conhecido e incorporar
novos conceitos a respeito de determinado assunto.
Para construir um Mapa Conceitual, deve-se proceder da seguinte forma
(CORAIOLA, 2007, p.47):
1) Escrever os conceitos chaves do conteúdo proposto para a
construção do Mapa Conceitual;
2) Organizar estes conceitos de maneira que os que estabelecem
alguma relação entre si fiquem próximos e também deve ser observado
o grau de importância de cada conceito;
3) Ligar estes conceitos com linhas e com setas, quando necessário for
indicar uma direção de leitura;
4) Entre cada conceito identificar através de uma frase ou apenas de um
verbo, qual a relação de um conceito a outro.
- LINKS ÚTEIS:
<http://www.visualthesaurus.com/> - sítio com busca de mapas conceituais a
partir de qualquer conceito. Realiza a pesquisa de substantivos, adjetivos,
verbos e advérbios relacionados à palavra escolhida.
(Link direto para o aplicativo: <http://www.visualthesaurus.com/app/view>).
Outra sugestão é o Edraw Mind Map, um software livre no qual os docentes
e/ou os discentes podem criar seu próprio mapa conceitual.
Software disponível no domínio: <http://www.edrawsoft.com/MindMap.php>.
REFERÊNCIAS
CORAIOLA, Sheyla Mara. Mapas conceituais em fóruns e discussão realizados
em ambientes virtuais de aprendizagem. Pontifícia Universidade Católica do
Paraná. 2007.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes
Curriculares da Educação Básica: Biologia. Governo do Paraná, 2008.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes
Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. Governo do Paraná, 2006.
APÊNDICE A
No presente apêndice encontra-se transcrito o Projeto de Intervenção
Pedagógica intitulado “Um novo olhar sobre o vírus”, apresentado pela professora
Lourdes Maria Krul ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, da
Secretaria Estadual da Educação do Paraná – SEED-PR, sob a Orientação da
Profª. Drª Valéria Maria Munhoz Sperandio Roxo – Universidade Federal do
Paraná- UFPR.
Para evitar uma delonga excessiva da presente unidade didática, foi
mantida apenas a parte referente à revisão literária do trabalho.
REVISÃO DA LITERATURA
2.1 – ESTUDO DO VÍRUS
O que são vírus? Segundo SILVA JR., SASSON e CALDINI JR. (2010),
vírus são organismos acelulares – ou seja, sua estrutura não corresponde a de
uma célula –, basicamente formados por um ácido nucléico (DNA, RNA ou
ambos, como ocorre com o citomegalovírus) envolto por uma cápsula protéica
(capsídeo). Não há, em seu interior, todas as organelas necessárias para o
desempenho de um metabolismo pleno. Isto faz com que os vírus sejam parasitas
celulares obrigatórios, pois só conseguem se reproduzem no interior das células.
Ao utilizar as estruturas celulares de outro ser vivo nesse processo, os
vírus acabam por danificá-las, matando as células e causando doenças. Fora das
células, tornam-se inertes, capazes até mesmo de se cristalizar, como alguns
minerais (LINHARES E GEWANDSZNAJDER, 2011).
MARTHO (1990) menciona que os vírus estão entre os menores seres
vivos do Planeta, tanto que algumas bactérias perto deles ficam relativamente
grandes. O autor menciona ainda que a palavra “vírus” tem sua origem no latim e
significa “veneno”.
LINHARES e GEWANDSZNAJDER (2011) afirmam que os vírus não
pertencem a nenhum dos cinco reinos dos seres vivos pelo fato de serem
acelulares e desprovidos de metabolismo próprio. Já outros cientistas consideram
que a capacidade de replicação, a hereditariedade (DNA ou RNA) e a evolução já
são suficientes para considerá-los seres vivos.
Neste sistema de classificação, os vírus são divididos em famílias, gêneros
e espécies. As espécies podem ser indicadas por iniciais dos nomes, por
exemplo: HIV indica o Human Immunodeficiency Virus (vírus da imunodeficiência
humana), que é o vírus da AIDS. As espécies podem ainda ser divididas em
variedades, tal como ocorre com o HIV (dividido nas variedades HIV-1 e HIV-2).
Sua aparência é variável e podem ter a forma de cubo, redonda, de um
poliedro, de bastão, além de outras formas. Das 1.739.600 espécies de seres
vivos conhecidas, os vírus representam 3.600 espécies parasitando células vivas
de bactérias, protozoários, fungos, animais e vegetais (CDCC/USP, s.d.)
MARTHO (1990), LINHARES e GEWANDSZNAJDER (2011) relatam sobre
a história do estudo do vírus, que teve início com pesquisas feitas por Adolf
Mayer em 1883. Mayer, através de sua pesquisa, descobriu que o caldo extraído
de folhas doentes de tabaco transmitia essa mesma doença para uma planta
sadia, porém enganou-se ao achar que esse fato se devia a uma bactéria. Já o
cientista russo Dmitri Ivanowsky, em 1892, ao estudar a mesma doença
chamada ‘mosaico do tabaco’, aplicou em seus experimentos o extrato das
plantas infectadas através de filtros capazes de reter bactérias. Ainda assim o
material manteve-se infectante, o que o levou a concluir que a doença era
provocada por microorganismos menores que bactérias.
O trabalho destes cientistas teve prosseguimento com o cientista
americano Stanley Wendell, que, em 1935, no Instituto Rockfeller em Princeton-
NJ, descreveu o vírus como sendo uma estrutura composta de cristais em forma
de agulha e tendo as propriedades químicas de uma proteína. Wendell
questionava-se como era possível este “organismo da natureza” (uma das formas
usadas por ele para se referir ao vírus), com sua capacidade de infectar e se
multiplicar, ser também uma molécula inerte.
As pesquisas de Wendell acabaram influenciando a medicina, pois suas
investigações científicas o levaram a desenvolver uma vacina inativada da gripe
viral, posteriormente fabricada em escala comercial (GERALD, 2005).
2.1.1 – Mecanismo de reprodução de um vírus bacteriófago
Os vírus, como sabemos, podem ser DNA vírus e/ou RNA vírus. Cada qual
deles apresenta um mecanismo especial de reprodução. Para o presente
trabalho, é interessante evidenciar a reprodução de um DNA vírus, o bacteriófago.
Os cientistas Alfred Hershey e Martha Chase, em 1952, estudaram o
mecanismo de reprodução viral utilizando um fago (vírus que infecta bactérias) e
descobriram que é o DNA o responsável pela transmissão das características
hereditárias. Neste experimento, a estrutura do ácido nucléico viral estava
marcada com materiais radioativos, o que comprovou ser o DNA o portador da
informação genética (FUNDAÇÃO CECIERJ, 2009)
O processo começa com o encaixe das fibras da cauda do vírus na
membrana da bactéria. A cauda então se contrai e injeta o DNA na célula. A
cápsula, vazia, fica no lado de fora. No interior da célula, o DNA do vírus comanda
a produção de uma enzima que inativa o DNA da bactéria, assumindo o comando
de seu metabolismo. Usando os nucleotídeos e as enzimas da bactéria para
fabricar cópias suas, o vírus fabrica também novas cápsulas. As novas cápsulas
se associam às cópias do DNA e de 100 a 200 novos vírus são formados. Um dos
genes virais produz uma enzima que digere a parede celular bacteriana,
provocando a ruptura e morte da célula (bactéria). Esse processo transcorre em
cerca de meia hora e cada novo vírus formado pode infectar uma nova bactéria
(LINHARES e GEWANDSZNAJDER, 2011, p.28.)
A partir dos experimentos de Hershey e Chase, os cientistas James
Watson e Francis Crick, decifraram a estrutura da molécula do DNA em 25 de
abril de 1953. Tal descoberta foi considerada a contribuição mais importante para
a biologia depois dos estudos de Gregor Mendel (1866) e de Charles Darwin
(1859).
Foi, portanto, a partir do estudo do vírus que a Biologia ampliou seus
horizontes e compreendeu como ocorre a transmissão das características
hereditárias. Os avanços científicos foram ainda mais significativos no século XX
com o surgimento da engenharia genética e uso do vírus como uma ferramenta
na produção de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) ou
transgênicos.
2.2 – ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS
A Biotecnologia iniciou seu desenvolvimento em meados do século XlX
com os experimentos de Mendel, porém já era utilizada anteriormente em
processos artesanais para produção de pães, iogurtes, vinho, cerveja e outros
alimentos. Entretanto, a biotecnologia dita moderna e o uso dos transgênicos
passou a configurar uma ciência somente a partir dos anos 50, após ser decifrada
a estrutura do DNA (CIB, 2012).
Transgênico ou Organismo Geneticamente Modificado (OGM) é toda
entidade biológica cujo material genético (DNR/RNA) foi alterado por meio de
qualquer técnica de engenharia genética, de uma maneira que não ocorreria de
forma espontânea na natureza. A Biotecnologia permite que genes individuais
selecionados sejam transferidos de um organismo para outro (inclusive entre
espécies não relacionadas), bem como torna possível transferir de forma
controlada genes específicos de uma espécie doadora para outra receptora
(COSTA E BORÉM, 2003).
Outra definição para OGM publicada em revista do Conselho de
Informações sobre Biotecnologia (CIB, 2012) define os transgênicos ou
organismos geneticamente modificados como aqueles que recebem um ou mais
genes de outro organismo e passam a expressar uma nova característica de
especial interesse. Deste modo, os OGMs são usados especialmente para criar
plantas mais produtivas e resistentes a ataques de pragas, para o cultivo de
alimentos e também para tratar ou curar doenças.
2.2.1 – O vírus como vetor da Engenharia Genética
Como o vírus apresenta uma estrutura genética simples, é possível utilizar-
se dele como ferramenta na Engenharia Genética. O vírus AAV (Vírus Adeno-
Associado) e principalmente o vírus bacteriófago conhecido como fago lambda,
por exemplo, são de grande utilidade na biotecnologia ou Tecnologia do DNA
Recombinante.
O fago lambda possui genes essenciais, indispensáveis à reprodução, e
também genes não essenciais, cuja presença é irrelevante para a multiplicação
viral. Os genes essenciais produzem as proteínas da cápsula e as enzimas que
atuam na duplicação do DNA viral, ficando localizados nas extremidades do
cromossomo do vírus. Já os genes não essenciais estão relacionados aos
processos de recombinação entre moléculas de DNA e se localizam na região
mediana do cromossomo viral, sem interferir na reprodução do vírus, sendo,
portanto, dispensáveis (ARIAS, 2004).
Fazendo uso dessa premissa, a região mediana do cromossomo viral pode
ser retirada e substituída por um pedaço de DNA de outro organismo. Sendo
assim, quando o cromossomo viral se multiplica, o DNA estranho incorporado a
ele também será multiplicado.
Os cientistas têm utilizado essa técnica para conseguir a multiplicação de
genes importantes a fim de obter grande número de cópias, permitindo o estudo
de sua aplicação em diversos organismos. Os vírus produzidos através desse
processo são geneticamente modificados ou inativados e seguem seu curso como
vetores na engenharia genética auxiliando na produção de medicamentos, na
produção de alimentos, na prevenção e tratamento de doenças.
Um exemplo de terapia genética com o uso do vírus AAV é o medicamento
Glybera, que atua corrigindo uma doença genética rara conhecida como LPLD
relacionada a não digestão da gordura. Ocorre a troca o gene defeituoso por um
saudável, corrigindo o problema. O primeiro passo em sua descoberta foi achar
um meio pelo qual o gene saudável seria levado até o interior das células para
tomar o lugar daquela que funciona erradamente. Pouco tempo depois, conclui-se
que a melhor forma de se fazer isso era utilizar um vírus. Esta estratégia acabou
então se popularizando através da expressão “cavalo de Tróia” (OLIVEIRA,
2013).
De maneira similar, aplicou-se esta técnica para tratamento de certos tipos
de câncer. Uma delas reside no combate ao melanoma, a forma mais grave dos
cânceres de pele. Cientistas da Universidade de San Diego dotaram o vírus da
herpes com instruções genéticas que permitem ao organismo destruir as células
tumorais e ter o sistema de defesa fortalecido. No Instituto de Ciências
Biomédicas da USP, os cientistas estudam possíveis reparos no DNA que podem
proteger contra o carcinoma, outro tipo de câncer de pele (OLIVEIRA, 2013).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CENTRO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E CULTURAL. Ciências para
professores de ensino fundamental. Módulo: seres vivos. São Carlos:
Universidade de São Paulo, s.d. Disponível em:
<http://educar.sc.usp.br/ciencias/seres_vivos/seresvivos6.html - ACESSO EM
25/05/2012>. Acesso em: 10/06/2013.
CONSELHO DE INFORMAÇÕES SOBRE BIOTECNOLOGIA. Guia - O que você
precisa saber sobre os transgênicos. Agosto, 2012. Disponível em:
<http://cib.org.br/wp-content/uploads/2012/08/Guia_Transgenicos_2012.pdf>.
Acesso em: 01/06/2013.
COSTA, Neuza M. B.; BORÉM, Aluízio. Biotecnologia e Nutrição: saiba como o
DNA pode enriquecer os alimentos. São Paulo: Nobel, 2003.
FERREIRA, Aurelio B. de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. São
Paulo: Positivo Dicionários, 2009.
FUNDAÇÃO CECIERJ. Grandes experimentos da ciência I, 2009. Disponível em:
<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/biologia/experimentos1/animacoes/
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GERALD, K. Biologia celular e molecular: conceitos e experimentos. 3 ed.
(Tradução de Maria Dalva Cesario). Barueri: Manole, 2005.
LINHARES, Sérgio; GEWANDSNAJDER, Fernando. Biologia Hoje: os seres
vivos. Vol. 2. São Paulo: Ática, 2011.
MANARINI, Thaís. Alimente seus genes. Saúde é vital, ed. 362. São Paulo: Abril,
2013. p. 27.
MARANDINO, M.; SELLES, S. E.; FERREIRA, M. S. Ensino de Biologia: histórias
e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2009.
MARTHO, Gilberto. Pequenos seres vivos: viagem ao mundo dos
microorganismos. Série De Olho na Ciência. São Paulo: Ática, 1990.
OLIVEIRA, Monique. A revolução da terapia genética. Revista Istoé, n° 2254,
caderno Medicina & Bem-estar, 30/01/2013. p. 69.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes
Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. Governo do Paraná, 2006.
SILVA JUNIOR, César da; SASSON, Sezar; CALDINI JUNIOR, Nelson. Biologia
2: seres vivos: estrutura e função. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.