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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

A ORALIDADE NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA

Aparecida Mitie Tsutiya1

RESUMO: Este artigo apresenta a síntese do projeto de intervenção intitulado “A Oralidade nas aulas de Língua Inglesa”, desenvolvido no Colégio Estadual Hélio Antonio de Souza, escola da rede pública paranaense. O objetivo deste trabalho é refletir sobre as dificuldades que os alunos do Ensino Médio apresentam em participar de atividades que envolvem a oralidade. Para o trabalho aqui apresentado, o corpus é constituído da análise das atividades desenvolvidas durante o projeto de intervenção pedagógica. A metodologia empregada foi a pesquisa qualitativa e a pesquisa-ação. Após a aplicação do projeto, os dados indicam que o ensino de uma língua deve estimular a autonomia dos envolvidos, com atividades que auxiliem na comunicação e interação entre os sujeitos, propiciando aos alunos oportunidades para interagir em uma situação concreta de comunicação envolvendo-se discursivamente.

Palavras chave: Oralidade. Ensino- Aprendizagem. Língua Inglesa.

Introdução

A motivação para esta pesquisa surgiu a partir da observação e

inquietação quanto ao desenvolvimento do domínio da oralidade em língua

inglesa pelos alunos da Educação Básica.

O desenvolvimento da oralidade exerce um papel importante na

aprendizagem do aluno na disciplina de língua inglesa, e em vista disso foi

desenvolvido o projeto “A Oralidade nas aulas de Língua Inglesa”, cujos

resultados apresento neste artigo. O projeto contou com atividades e dinâmicas

para incentivar a criatividade, levar o aluno a praticar a habilidade oral e

oportunizar o envolvimento do aluno no processo de aprendizagem.

Percebi que a oralidade é uma das habilidades menos trabalhadas em

sala de aula na disciplina em questão, principalmente em escolas públicas, por

várias razões que vão desde problemas estruturais, como o número elevado de

alunos por turmas até o fato de haver pouco tempo de aula para essa disciplina

ao longo da Educação Básica, com apenas duas aulas por semana. Esse fato

repercute consequências inclusive no âmbito da formação docente na área,

visto que é consenso que muitos professores não dominam a habilidade oral

referente à língua ensinada e, como decorrência, a ação de expressar suas

1 Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná, NRE de Paranaguá. Integrante do

Programa de Desenvolvimento Educacional. E-mail: [email protected]

ideias oralmente representa um grande desafio nas aulas de Língua Inglesa,

tanto para alunos quanto para professores. Desse modo, o trabalho com a

oralidade é deixado de lado, privilegiando-se somente atividades interativas de

leitura e compreensão textual. Em decorrência dessa constatação, optei por, no

projeto aqui descrito, valorizar a oralidade e a espontaneidade na

comunicação, aliadas ao diálogo em língua inglesa.

Dentre as muitas habilidades que os nossos alunos possuem, a

participação em atividades que envolvem a comunicação verbal, ou seja, a

ação de expressar suas ideias oralmente tem representado um grande desafio

nas aulas de Língua Inglesa. Em vista disso, o questionamento que se

configura é: De que forma a oralidade pode contribuir para o desenvolvimento

em Língua Inglesa dos alunos do Ensino Médio?

Considerando que a fala é o meio de comunicação mais utilizado

socialmente, destaca-se na literatura pesquisada a importância das reflexões

apresentdas nas Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua Estrangeira

(2008), que pressupõe a língua como discurso enquanto prática social, além

dos estudos de Dolz e Scheneuwly (2004), para o trabalho com gêneros

discursivos. O trabalho desenvolvido fundamenta-se também nas teorias do

círculo de Bakhtin (1997) e Jordão (2006) como forma de perceber a língua

como discurso e forma de interação social. Para o contexto da Abordagem

Comunicativa embasamo-nos nos pressupostos de Almeida Filho (1998).

O projeto de Intervenção Pedagógica relatado neste artigo foi proposto

primeiramente para uma turma do 1º ano do Ensino Médio do período da

manhã, com 32 alunos, durante o primeiro semestre de 2014. Contudo, durante

a aplicação do projeto, percebi a necessidade de ampliá-lo também para outra

turma com 29 alunos do mesmo ano e período, já que os alunos de ambas as

turmas sempre se comunicavam e compartilhavam o que os professores

estavam ensinando. Desse modo, os alunos da segunda turma manifestaram

interesse em também participarem do projeto, o que atendi prontamente.

A unidade didática elaborada foi dividida e aplicada em dez aulas. As

atividades que envolviam diálogo foram planejadas e abordadas por meio de

projeção de vídeo ou imagem, apresentadas no datashow, em uma sala de

aula específica para essa finalidade. A mudança de ambiente auxiliou no

interesse dos alunos e serviu de estímulo na elaboração das atividades que

envolviam diálogos e dinâmicas de grupos, como dramatizações, simulações

de entrevistas, entre outros.

Como processo ativo de construção de sentido, algumas atividades

foram planejadas e contextualizadas com o intuito de motivar o aluno para a

prática da oralidade, promovendo a reflexão acerca das práticas sociais

comuns em determinadas situações. Explorando o uso da língua em diferentes

contextos, os alunos tiveram a oportunidade de perceber e desenvolver o uso

autêntico da língua explorando características da língua oral, como entonação,

hesitações, adequações de fala, de ambiente e improvisos.

1. A questão da oralidade

Diversas razões têm sido levantadas para o não desenvolvimento da

habilidade oral nas aulas de língua inglesa em nossas escolas. Argumenta-se,

genericamente, que o uso de línguas estrangeiras volta-se para a leitura, para

alguns profissionais ou fins acadêmicos. Nesse sentido, as Diretrizes

Curriculares do Ensino de Língua Estrangeira Moderna (2008, p. 56) propõem

superar os fins utilitaristas, pragmáticos ou instrumentais que historicamente

têm marcado o ensino dessa disciplina.

Assim, devemos refletir a respeito de vários aspectos quando

objetivamos desenvolver em nossos alunos aprendizado significativo. Novas

ideias, métodos que gerem aprendizado mais efetivo devem ser focados, uma

vez que nossos alunos manifestam o interesse em informações práticas e que

se enquadrarão no processo de socialização desses alunos.

Além disso, observa-se nos jovens facilidade relativamente grande em

aprender a falar línguas estrangeiras em comparação com aprendizes adultos,

principalmente no que diz respeito à oralidade. Explorar essa capacidade e

criar condições para desenvolvê-la significa oportunizar e desenvolver essa

facilidade natural na faixa etária em questão. Durante as aulas ministradas no

Ensino Médio, onde atuo há mais de doze anos, percebi a grande dificuldade

que os alunos enfrentavam no desenvolvimento de suas habilidades orais, com

um panorama no qual as aulas geralmente se resumiam na fala do professor e

no pressuposto de que nós educadores de língua inglesa ainda mantemos uma

formação voltada para uma didática marcadamente tradicional, que preconiza a

transmissão de conhecimentos, privilegiando a memorização na realização das

atividades em sala de aula, por meio de exercícios básicos desconectados de

práticas dinâmicas que estimulam a comunicação e a oralidade.

O maior desafio que hora se apresentava era, portanto, implementar

atividades para o desenvolvimento das habilidades de escuta e fala que fossem

adequadas ao número de alunos em sala de aula, e ainda possibilitar que os

mesmos não se sentissem negativamente expostos ao expressar seus

pensamentos e que, além disso, produzissem discursos criativos e de maneira

crítico- reflexivos.

1.1 Discorrendo sobre a oralidade

Tendo em vista que as Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua

Estrangeira Moderna (2008) pressupõem a língua como discurso enquanto

prática social, trabalhar a oralidade reflete a necessidade atual de se estudar a

língua estrangeira de forma que a prática social nela implícita seja a base que

conduz o aluno a desenvolver a capacidade discursiva nas mais variadas

situações de comunicação.

O ensino de língua inglesa tem favorecido um aprendizado mecânico ou

repetitivo que pouco encoraja a aquisição de outras habilidades. Diante disso,

as Diretrizes Curriculares do Ensino de Língua Estrangeira Moderna (2008, p.

53) defendem:

Propõe-se que as aulas de Língua Estrangeira Moderna, constitua um espaço para que o aluno reconheça e compreenda a diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que vive.

Assim, cabe ao professor, nesse processo de aprendizagem, oportunizar

ao aluno o contato com diversificadas práticas discursivas para que ele possa

construir e adequar suas necessidades e anseios em relação à língua.

Outro aspecto a ser considerado é que a realização de um trabalho

através das práticas discursivas precisa pautar-se em atividades planejadas

que possibilitem ao nosso aluno a leitura e a produção oral, visto que essas

habilidades comunicativas são complementares e não faria sentido incluir uma

e excluir a outra. Para elaborar uma atividade didática do gênero desejado em

função das situações de comunicação e dos objetivos almejados em sala de

aula, de acordo com Dolz e Schneuwly (2004 p. 168):

Para uma didática em que se coloca a questão do desenvolvimento da expressão oral, o essencial não é caracterizar o oral em geral e trabalhar exclusivamente os aspectos de superfície da fala, mas, antes, conhecer diversas práticas orais de linguagem e as relações muito variáveis que estas mantêm com a escrita..

O ensino de uma língua deve estimular a autonomia dos envolvidos. Em

vista disso, o aprendiz deve ser incentivado a assumir a responsabilidade sobre

o seu aprender. O ambiente da sala de aula deve ser favorável, deve encorajar

o aluno a superar a insegurança e também ultrapassar os limites que o

impedem de experimentar e realizar outras possibilidades de conhecer e

interagir em outra língua.

Através do ensino e ênfase na oralidade, torna-se possível a

aproximação dos sujeitos com a realidade, possibilitando-lhe que o processo

de aprendizagem seja fundamental e lhe encorajar a disponibilidade para correr

riscos, superar a ansiedade e a inibição, motivando-o de forma que o ato de

aprender lhe proporcione a oportunidade de refletir sobre seu progresso e lhe

encoraje a autonomia.

1.2 A Língua como discurso

Considerando-se que a língua é uma construção histórica e cultural e

que não se limita a um conhecimento sistematizado, sua forma permite aos

sujeitos considerar a língua como discurso, por meio da qual se desenvolve a

competência discursiva para interagir com os outros, e no mundo.

Segundo Bakthin (apud JORDÃO, 2000, p. 7):

Ao invés de mediar nossas relações com o mundo, num mundo supostamente transparente e neutro, a língua constitui nosso mundo, e não apenas o nomeia. Ela constrói discursos, produz efeitos de sentido indissociáveis dos contextos em que se constituem.

Nesse sentido, ressalta-se que língua e cultura são indissociáveis e

ensinar língua estrangeira nesse contexto é ensinar procedimentos

interpretativos definidos por outras culturas e perceber características

diferentes daquelas que a língua materna nos apresenta.

Jordão (2006, p. 7), complementa, ainda, que:

Conceber a língua como discurso é perceber a língua como ideológica, perpassada por relações de poder que ela mesma constrói; é perceber as marcas de determinações culturais nos textos que produzimos; é perceber os gêneros discursivos como mecanismos de estabelecimento de sentidos possíveis.

O ensino de língua inglesa e o conceito de língua como discurso para o

desenvolvimento das práticas sociais e a construção de sentidos fundamenta-

se, segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua

Estrangeira Moderna (PARANÁ, 2008, p. 53) nas teorias do Círculo de Bakthin,

onde a língua é uma forma de interação social que se estabelece entre

indivíduos organizados e inseridos numa situação concreta de comunicação. É

necessário, portanto, conceber a língua como discurso, não como estrutura ou

código a ser decifrado.

Para Bakthin (1997), o processo da comunicação verbal apresentado em

cursos de linguística não representa o todo da comunicação verbal nos

processos da fala quando representam os dois parceiros da comunicação: nos

processos ativos do locutor e processos passivos do ouvinte (quem recebe a

fala). Para Bakthin (1997, p. 290)

A compreensão de uma fala viva, de um enunciado vivo é sempre acompanhada de uma atitude responsiva ativa (conquanto o grau dessa atividade seja muito variável); toda compreensão é prenhe de resposta e, de uma forma ou de outra, forçosamente a produz: o ouvinte torna-se o locutor.

Desse modo, a língua é a base sobre a qual se constrói o discurso e,

portanto, entendemos que através dela o que produzimos ou desejamos

produzir requer a compreensão de que a língua é um meio histórico de

inserção social e cultural.

Almeida Filho (1998) destaca que, na maioria das vezes, a escola torna-

se a única oportunidade que o aluno possui para adquirir conhecimentos

comunicativos na língua estrangeira, sendo que é o locus em que os

mecanismos para construir significados no idioma estrangeiro são

desenvolvidos.

O referido autor defende ainda que o importante é que se estabeleça um

clima de confiança entre aprendizes e que haja oportunidade de compreensão

e expressão de significados pessoais. Isso nos leva a perceber que ensinar

língua estrangeira com foco na oralidade tem por objetivo trabalhar conteúdos

voltados aos contextos vivenciados pelos próprios alunos, aumentando as

expectativas e a motivação dos aprendizes em relação à língua inglesa.

2. Desenvolvimento do Projeto de Intervenção

O Projeto de Intervenção desenvolvido na escola centrou-se na

necessidade de desenvolver o ensino de língua inglesa a partir de propostas

para incentivar a oralidade utilizando atividades que privilegiassem a produção

oral para o desenvolvimento da língua.

O caminho metodológico percorrido para o desenvolvimento da

proposta de intervenção e a análise dos resultados foi a pesquisa qualitativa e

a pesquisa-ação, para demonstrar os resultados da aplicação do trabalho sobre

atividades e produção oral em língua inglesa, por meio de uma produção

didático-pedagógica que previa a utilização de unidades didáticas elaboradas e

trabalhadas em dez aulas, com vistas a desenvolver as habilidades orais em

sala de aula para os alunos do Ensino Médio.

Para participar das atividades foram escolhidas duas turmas do 1º ano

do ensino médio do Colégio Estadual Hélio Antonio de Souza, com um total de

aproximadamente 70 alunos. A aplicação do projeto ocorreu durante o segundo

semestre de 2014, e teve por objetivo incentivar a comunicação baseada em

atividades que motivassem e envolvessem os alunos a praticar a oralidade a

partir de temas atuais e diversificados. Para tanto, iniciou-se a atividade com

reflexões sobre o evento da Copa do Mundo de 2014, jogos e termos técnicos

sobre futebol.

Descrevo e analiso a seguir a aplicação do projeto de intervenção

intitulado “A Oralidade nas aulas de Língua Inglesa”.

Aula 1: Futebol

Os alunos foram encaminhados para a sala de vídeo onde fiz uma

breve apresentação do projeto de intervenção e das atividades a serem

desenvolvidas. Ao expor o tema sobre a oralidade, percebi que muitos alunos

ficaram apreensivos e disseram que não conseguiriam falar ou se manifestar

em língua inglesa, por se sentirem envergonhados e inseguros. Com o intuito

de incentivá-los, fiz alguns questionamentos sobre quais eram as dificuldades

mais comuns e exemplifiquei várias palavras às quais eles já tinham

conhecimento, como sport, play, ball, game, video, entre outras. Conversei com

os alunos sobre os termos mais comuns utilizados em um jogo de futebol. Os

meninos participaram ativamente da proposta, assim como algumas meninas

relataram que gostam de futebol, praticam o esporte e têm seus times favoritos.

Além das imagens relacionadas ao futebol, apresentei um vídeo bastante

conhecido pelo público brasileiro e que apresenta a entrevista do treinador de

futebol Joel Santana2, sendo sugerido aos alunos que identificassem os termos

e expressões utilizados pelo treinador durante a entrevista.

O vídeo auxiliou na compreensão e associação dos termos, gerando

discussão e diversos comentários e os alunos puderam fazer a relação entre

seu conhecimento e o improviso da entrevista, identificando e transcrevendo os

vários termos e expressões. A turma do 1º ano A interagiu mais nessa

atividade, demonstrando maior interesse e conseguiram identificar termos

mencionados por Joel Santana que eu mesma não havia conseguido distinguir.

Alguns alunos relataram que isso se deveu ao fato de que eles, por terem

contato constante com os jogos dos vídeo games, já tinham conhecimento dos

termos utilizados na entrevista e conseguiram fazer a associação.

Aula 2: Termos utilizados no futebol

Nessa aula, foi realizada uma atividade de crossword com alguns

termos sobre futebol e outros vocabulários como continuidade ao tema

proposto. A aula sobre campo de futebol que seria desenvolvida com o uso da

lousa digital não foi possível, pois houve problemas com a internet. Desse

modo, sugeri alguns sites de pesquisa para que os alunos pudessem

posteriormente ter acesso ao conteúdo que teria sido trabalhado caso não

tivessem ocorrido os problemas técnicos. Na sequência, fizemos as correções

das palavras e termos encontrados na aula anterior. A turma do 1º B solicitou

que o vídeo fosse repetido, pois os mesmo tiveram maior dificuldade para fazer

a atividade. Objetivou-se com esta atividade levar ao aluno a compreensão do

2 Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=BoxA9ghHkOM.

número de palavras de origem inglesa que eles têm contato e que, muitas

vezes utilizam sem perceber.

Aula 3: Filmes

Na aula sobre gêneros de filmes, inicie-a questionando os alunos sobre

os tipos de filmes que eles preferiam e assistiam. Após compartilharem suas

preferências e discutirmos sobre alguns filmes e preferências, apresentei no

quadro alguns gêneros de filmes em inglês, como comedy, science fiction,

romantic, horror, action, animated movies. Para que os alunos identificassem

os tipos de filme, distribuí em folha impressa colorida seis cenas de filmes

correspondentes a esses gêneros. A atividade teve grande participação, com

relatos sobre cenas e músicas que mais gostaram. Entre os mais citados

ficaram Tropa de Elite e Crepúsculo. O resultado com o uso de gêneros de

filmes foi positivo, pois os alunos se sentiram motivados e participativos.

Aula 4: Vídeo dos Batutinhas

Nessa aula, foram apresentado em slides alguns personagens do filme

“Os Batutinhas”. Os alunos foram questionados sobre as personagens e

relataram o que sabiam sobre eles. Em seguida, apresentei um trecho do filme

citado no material com os questionamentos em inglês. Durante a apresentação

do vídeo, os alunos demonstraram grande interesse pelo carisma das

personagens. As propostas das atividades foram realizadas em grupo de

quatro alunos para que pudessem reproduzir as cenas do vídeo e as

apresentações se estenderam para outras aulas. Os alunos mostraram-se bem

empenhados nesta apresentação sem muita dispersão, o que demonstrou que

a utilização de vídeo durante as aulas despertam bastante a atenção e

participação do aluno.

Aula 5: Resenhas de filmes

A aula sobre resenha de filmes foi dedicada à leitura dos materiais

impressos. Em seguida os alunos realizaram as atividades em dupla com as

observações e informações que julgaram necessárias para despertar a

curiosidade sobre seu filme preferido ou programa de TV. As resenhas

produzidas pelos alunos foram apresentadas em língua portuguesa.

Aula 6: Descrevendo pessoas

Os alunos foram encaminhados à sala de vídeo onde alguns

personagens do filme “Little Miss Sunshine” foram apresentados em slides para

que pudessem citar algumas características para identificá-los. Alguns alunos

do 1º B tiveram mais dificuldade na identificação dos adjetivos e membros da

família. O 1º A conseguiu identificar as personagens e expressar suas opiniões

oralmente. Após assistirem o vídeo, observaram e relataram que Sheryl, mãe

de Olive, não é boa mãe, por tê-la esquecido quando iam à Califórnia participar

do concurso. Os demais personagens foram descritos por suas características

físicas e psicológicas também.

Aula 7: Regras de etiqueta ao telefone

Iniciei a aula questionando os alunos sobre como falamos ao telefone no

Brasil e conversamos sobre algumas regras básicas para se falar ao telefone.

Em seguida, apresentei o texto “Telephone Etiquette”, impresso para a

realização da leitura, estudo do vocabulário e também para treinar a oralidade

de forma descontraída, posto que a atividade realizada em dupla propicia o

envolvimento dos alunos contribuindo para despertar o interesse e a

compreensão da língua inglesa de forma lúdica e interessante.

Aula 8: Contrastes e comparações

As atividades propostas nessa aula foram planejadas para uso da lousa

digital, porém foi necessário adaptá-la ao uso do quadro da sala de aula

através de desenhos, pois nesse dia a sala de informática estava indisponível e

na sala de vídeo o sinal da Internet sempre é lento. Improvisamos a proposta

dos diagramas de Venn para organizarmos as similaridades e diferenças na

elaboração dos contrastes e comparações. Esse recurso seria ideal com o

auxílio da lousa digital, mas mesmo assim os alunos, em dupla, puderam

realizar a atividade. Foi necessário auxílio constante da professora, assim

como uso de dicionário.

Aula 9: Entrevista

Aula dedicada inicialmente à leitura do texto para simulações de

entrevista. Os alunos fizeram a leitura em dupla para posteriores

apresentações. Nessa atividade, observamos que diálogos curtos abordando

temas atuais e interessantes em situações do conhecimento dos alunos é uma

forma interessante para atrair a atenção dos alunos e levá-los a se

comunicarem em língua inglesa.

Aula 10: Desenhando expressões

Os desenhos desta atividade foram utilizados para treinar a oralidade

através de expressões faciais e fáceis de desenhar, como formato de carinhas

alegres, tristes, bravos, sonolentos, preocupados, entre outros. Após a

elaboração dos desenhos, os alunos formularam as perguntas correspondentes

aos desenhos. Nesse momento, houve necessidade de fazermos a revisão de

estruturas gramaticais para o uso de auxiliares para as formas interrogativa,

afirmativa e negativa. Após as correções, procedeu-se ao diálogo em dupla,

mas somente alguns alunos conseguiram ler e apresentar, pois ainda sentiam-

se constrangidos e inseguros para participar da atividade.

Percebemos assim que o ensino com foco na oralidade não deve se

pautar apenas na motivação, mas também em atividades que estimulem a

comunicação e a descoberta da capacidade de evoluir no aprendizado de uma

língua estrangeira.

3. Considerações Finais

A implementação do projeto possibilitou-nos enriquecimento e

amadurecimento quanto a nossa prática, contribuindo também para refletirmos

sobre as mudanças que podemos implementar nas atividades para a prática da

oralidade e o quanto estas precisam ser exploradas e melhoradas em sala de

aula.

Apesar de surgirem alguns contratempos no decorrer do

desenvolvimento dos trabalhos, tais como diversos problemas de ordem

técnica, o que fez com que algumas atividades fossem adaptadas, não houve

prejuízo para o andamento a que o projeto que se propôs enfocar.

Embora seja difícil mensurar todos os resultados por meio da

observação do comportamento dos alunos e pela avaliação de suas interações,

foi possível observar que houve uma melhora significativa na participação dos

alunos em sala de aula e também entre as turmas do 1º ano A e do 1º ano B.

O projeto permitiu também o amadurecimento de nossas ideias acerca

do tema, bem como o interesse e a aprendizagem dos alunos aumentaram

significativamente e, consequentemente, as aulas se tornaram mais

interessantes, permitindo repensar que novas propostas e alternativas de

ensino da oralidade devem ser constantes, pois há muitas dificuldades a serem

superadas e enfrentadas pelos professores em sala de aula.

Referências

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