OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · pela presença de alunos que apresentam ......
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
EMILSON RIBEIRO DE FRANÇA
A COORDENAÇÃO MOTORA: UMA INTERVENÇÃO NAS AULAS
DE EDUCAÇAO FÍSICA NO 6º ANO FUNDAMENTAL DA ESCOLA
ESTADUAL FRANCISCO INÁCIO DE OLIVEIRA
JACAREZINHO-PARANÁ 2013/2014
A COORDENAÇÃO MOTORA: UMA INTERVENÇÃO NAS AULAS DE
EDUCAÇAO FÍSICA NO 6º ANO FUNDAMENTAL DA ESCOLA ESTADUAL
FRANCISCO INÁCIO DE OLIVEIRA
Autor: Emilson Ribeiro de França1 Orientadora: Melissa Antunes2
Resumo: Focaliza-se, por meio desta pesquisa, a questão da coordenação motora em alunos do Ensino Fundamental e o papel das aulas de Educação Física na prevenção e melhoria de problemas nessa área. Justifica-se o estudo pela presença de alunos que apresentam insuficiência de rendimento motor induzido por insuficiências coordenativas. Esse problema pode acarretar em dificuldades de relacionamento, depressão, autoestima baixa e consequentes dificuldades do desenvolvimento escolar, sem contar que uma coordenação motora deficitária pode vir acompanhada de obesidade. Dessa forma, com a intervenção escolar empreendida, tinha-se como objetivo aprimorar a coordenação motora global de alunos do 6º ano do ensino fundamental da escola Francisco Inácio de Oliveira, nas aulas de Educação Física. A metodologia utilizada foi a realização de um programa de atividade física com jogos e brincadeiras, utilizando-se como instrumento de avaliação anterior e posterior o teste de coordenação corporal KTK. Os resultados do pós-teste apontam para resultados muito significativos, após a execução do programa de atividades físicas aplicado com a turma de 24 alunos. Palavras- chave: coordenação motora; avaliação; teste KTK; educação física 1 INTRODUÇÃO
Com frequência se depara, na realidade escolar, com alunos que
apresentam insuficiência de rendimento motor induzido por problemas
coordenativos, o que pode acarretar em dificuldades de relacionamento,
depressão, baixa autoestima e consequentes dificuldades no desenvolvimento
escolar (BALLESTERO, 2008).
Parte do problema pode estar ligado à má qualidade de vida, relacionada à
ausência da prática de atividades físicas (jogos, brincadeiras), devido ao tempo
1 Professor do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) – turma 2013. Licenciado em
Educação Física. Pós-graduado em Educação Física. E- mail: [email protected] 2 Professora Universitária na UENP – Melissa Antunes-E-mail Campus de Jacarezinho – PR
exagerado que os alunos passam em frente ao computador, tablet, celular e
televisão, em detrimento do envolvimento em outras atividades lúdicas.
Vale ressaltar que, além da possibilidade de uma coordenação motora
deficitária, podem advir problemas de obesidade. Colocada essa problemática,
por meio de um programa de atividades físicas com jogos, brincadeiras e o teste
KTK, busca-se contribuir para as pesquisas para a melhoria da coordenação
motora dos alunos, especialmente no que tange ao papel do professor de
Educação Física.
Segundo Kiphard e Schilling (1974, apud Souza 2011), a coordenação
motora é a interação harmoniosa e econômica do sistema esquelético, do sistema
nervoso e do sistema sensorial, com o fim de produzir ações motoras precisas,
equilibradas e reações rápidas.
Acredita-se que um programa de atividades físicas (jogos e brincadeiras)
bem elaborado e de qualidade, adequado à individualidade do educando, em um
ambiente que prepare e estimule as suas capacidades, pode melhorar seu
desenvolvimento motor e autoestima. Em acréscimo, pode contribuir para a
superação problemas emocionais, sociais, comportamentais e de aprendizagem.
Esse teste de coordenação corporal KTK é usado para identificar retardo
motor em crianças entre 04 e 15 anos, visando à aplicação de medidas
terapêuticas. Na sequência, perpassam-se aspectos teóricos relacionados ao
campo de estudos sobre coordenação motora, procurando-se abordar suas
principais dimensões, a partir de autores representativos. Focaliza-se também o
teste KTK, instrumento principal de coleta de dados para o estudo.
Diante desta realidade, o projeto discutido neste artigo tinha como objetivo
analisar o desenvolvimento da coordenação motora após as aulas de educação
física na escola.
2 CAMINHOS TEÓRICOS DA INTERVENÇÃO
Fundamentou-se este artigo na revisão bibliográfica de autores que
realizaram estudos sobre coordenação motora. De igual forma, será discutido o
teste KTK, desde seu surgimento na educação e sua utilização no
desenvolvimento da coordenação motora nas aulas de Educação física.
2.1 Coordenação motora
Conceituar coordenação motora torna-se difícil, dado que, na abordagem
dessa temática, existem vários termos que podem induzir a uma indefinição
conceitual. Entre eles, encontram-se: coordenação, coordenação neuromuscular,
psicomotricidade (VIANNA et al.,1990).
Essas diferenças conceituais advêm das múltiplas áreas científicas que se
têm delineado sobre o estudo e pela evolução que o próprio conceito tem sofrido,
à medida que os novos contributos teóricos vão surgindo (VEIGA, 1987, p.9). O
conceito de coordenação motora é abordado em diferentes âmbitos, contextos e
áreas científicas, entre os quais, controle motor, aprendizagem motora,
desenvolvimento motor, biomecânico e fisiológico. Por exemplo,
Kiphard e Schilling (1970, apud LOPES et al., 2003), definem coordenação motora como a integração econômica e harmoniosa do sistema músculo-esquelético, sistema nervoso e sistema sensorial, visando à produção de ações motoras precisas e equilibradas, bem como reações rápidas e adaptadas. Essas reações demandam a medida de força determinante da amplitude e velocidade do movimento, a adequada seleção dos músculos influenciadores da orientação do movimento e a capacidade de mudar rapidamente de tensão para relaxamento musculares.
Por outro lado, a coordenação motora pode ser analisada segundo três
pontos de vista (BALLASTERO, 2008):
Biomecânico - relacionado à ordenação dos impulsos de formar ações
motoras e à ordenação de acontecimentos em relação a dois ou mais eixos
perpendiculares.
Fisiológico - ligado às leis que regulam os processos de contrações
musculares.
Pedagógica – relativa à ligação ordenada das fases de um movimento ou
ações parciais e aprendizagem de novas habilidades.
Em Silva (1989), por seu turno, encontra-se que coordenação motora é a
habilidade do corpo de integrar a ação dos músculos de maneira a executar um
movimento específico ou uma série de movimentos comuns da forma possível.
Outra definição coloca a coordenação motora como um elemento central
nas habilidades básicas, definidas como a produção de movimentos que
apresentam relação entre si, com ativação de várias partes do corpo, execução
numa determinada ordem, amplitude e velocidade (PELLEGRINI et al.,2005).
Segundo Negrine (1987), a coordenação motora é a valência física mais
estudada por especialistas em desenvolvimento motor e psicomotor. São
atribuídas a ela as mais diferentes finalidades de aprendizagem, além de
enquadrarem como a capacidade de sincronismo existente nas sucessões de
gestos motores que o indivíduo realiza.
A esse respeito, Gallahue e Ozmum (2005) colocam que as exigências das
tarefas motoras determinam o nível de coordenação necessário para um
desempenho habilidoso. Para os mesmos autores, a coordenação motora não
tem a ver necessariamente com força e resistência, mas se liga aos elementos de
aptidão motora, equilíbrio, velocidade e agilidade. Por equilíbrio entendem: “a
habilidade de um indivíduo manter a postura de seu corpo inalterada, quando este
é colocado em várias posições. O equilíbrio é básico para todo movimento e
influenciado por estímulos visuais, táteis, sinestésicos e vestibulares”
(GALLAHUE; OZMUM, 2005, p.298).
Os mesmos autores veiculam o conceito de velocidade, entendido como a
habilidade de cobrir uma distância curta no menor tempo possível, que é
influenciada pelo tempo de reação como também pelo tempo motor. Esse
conceito liga-se ao de agilidade, compreendido como a habilidade de alterar a
direção do corpo rápida e precisamente. Os movimentos coordenados devem ser
rítmicos e apropriadamente sequenciais.
Desse modo, a coordenação motora remete à capacidade do cérebro de
equilibrar os movimentos do corpo, mais especificamente dos músculos e das
articulações. Pode-se testar como se dá a coordenação em crianças e, se
constatada sua deficiência, pode-se recorrer a práticas que estimulem sua
melhoria, como é o caso das atividades físicas que fazem com que as crianças
estimulem o cérebro para que este equilibre seus movimentos.
Ressalta-se a importância da coordenação motora, bem como do equilíbrio,
no período em que a criança começa a ter algum controle das suas habilidades
motoras fundamentais.
Os fatores da produção de força tornam-se mais importantes após a
criança controlar os seus movimentos fundamentais, na transição para a fase
motora especializada (GALLAHUE; OZMUM, 2001).
Como recuperam esses autores, a coordenação motora é dividida em
coordenação motora grossa ou geral e fina. A coordenação geral visa utilizar os
grandes músculos esqueléticos de forma mais eficaz, tornando o espaço mais
tolerável à dominação do corpo. Por sua vez, a coordenação motora fina visa a
utilizar os pequenos músculos de forma mais eficaz, de modo a tornar o ambiente
controlável pelo corpo para o manejo de objetos.
Reconhecida a importância da coordenação motora ao longo da vida,
sobretudo nos domínios psicomotores e cognitivos, lembra-se que o termo
coordenação motora é muitas vezes confundido como agilidade, destreza,
controle motor e mesmo habilidade.
Para Gomes (1996), essa confusão emerge da diversidade dos âmbitos de
investigação (clinico, psicotécnico, pedagógico), do posicionamento
epistemológico dos autores (neurofisiológico, psicomotrista) e dos módulos de
suporte da investigação (biomecânico, psicofisiológico, psicoanalítico).
A diversidade vislumbrada pelo termo coordenação motora vista também
em seu conteúdo estrutural e operatório não é recente e decorre da dificuldade da
unicidade na abordagem do seu conceito e da sua operacionalização bem como
das várias maneiras de avaliação. Essa diversidade confere ao estudo da
coordenação motora um caráter interdisciplinar, observável não só no
desenvolvimento da aprendizagem motora, do controle motor, como também no
treinamento desportivo e na biomecânica (GORLA, 2001).
Para Gallahue e Donnelly (2008), uma habilidade motora, que pode ser
fundamental ou especializada, consiste em uma série de movimentos realizados
com exatidão e precisão. De acordo com os autores, a habilidade motora
fundamental consiste numa série organizada de movimentos básicos que origina
o conhecimento de dois ou mais segmentos do corpo. Pode ser caracterizada por
movimentos de equilíbrio, movimentos locomotores ou movimentos
manipuladores. Já a habilidade motora especializada é uma habilidade motora
fundamental ou de combinação de habilidade motora fundamental aplicada à
realização de uma atividade especifica relacionada ao esporte (GALLAHUE E
DONNELLY, 2008).
Acrescentam os autores que, durante o período entre 8 a 12 anos, as
crianças apresentam rápidos ganhos em aprendizado e são capazes de atuar em
níveis crescentemente mais satisfatórios no desenvolvimento de habilidades de
movimentos. Esse período de crescimento contínuo e lento em altura e peso, dá à
criança tempo para se acostumar com o seu corpo em crescimento. Isto é um
fator relevante para a melhoria típica observada no controle de coordenação
motora com a idade. Os autores mencionam também que a diferença entre os
padrões de crescimento dos meninos e meninas são mínimos durante a segunda
infância.
As crianças de ambos os sexos têm um maior crescimento de membros do
que do tronco, porém as meninas tendem a ter pernas, braços e padrões de altura
maiores durante esse período (GALLAHUE E DONNELLY,2008).
Para Meinel (1984), essa fase abrange a idade entre 7 e 10 anos e tem
como traço básico dominante do comportamento motor a motricidade ou
flexibilidade expressa. A tendência de desenvolvimento é o rápido aumento de
habilidade de aprendizagem motora que se torna bem clara entre 9 e 10 anos de
vida, consequência de rápidos progressos nos aspectos físico e psíquico, bem
como em diversas habilidades de condicionamento e principalmente de
coordenação.
Habilidades motoras fundamentais devem ser bem desenvolvidas no início
desse período, uma vez que as crianças estão ávidas para serem apresentadas a
uma variedade de modalidades esportivas. A competência se desenvolve
rapidamente se as crianças tiverem amplas oportunidades para práticas, instrução
de qualidade e estímulo positivo.
Na faixa etária de 9 a 10 anos, as crianças tornam-se mais fortes e mais
ágeis, melhorando assim seu equilíbrio. Os meninos são mais avançados nas
habilidades motoras que requerem poder de força. Já as meninas avançam nas
habilidades motoras finas, ou amplas que combinem equilíbrio e habilidades
necessárias para ginástica (COLE; COLE, 2003).
Para Gallahue e Donnelly (2008), à medida que as crianças se
desenvolvem, mudanças graduais ocorrem no funcionamento das categorias de
equilíbrio, locomoção e manipulação do comportamento motor.
Para entendimento e desenvolvimento da coordenação, é necessário se
conhecer os fatores que determinam e podem ser condicionantes das
capacidades coordenativas. Conforme Weineck (1991), estes são: coordenação
inter e intramuscular; condução funcional dos analisadores; capacidade de
aprendizagem motora; repertório de movimentos; experiências de movimentos;
adaptação e reorganização motora; idade e sexo e fadiga.
Os Problemas de coordenação motora são comuns na infância e podem
influenciar no desempenho escolar. Segundo Gallahue e Ozmum (2001) e
Hayeraad (1993), citada por Ana Maria Pellegrini et al., crianças da faixa etária
entre 7 e 11 anos estão no período de pré-adolescência, quando as habilidades
perspectivo-motoras vão gradualmente sendo refinadas com a integração
sensório-motora em constante harmonia, de modo que, no final desse período, a
criança desempenha numerosas habilidades sofisticadas.
À medida que as estruturas ligadas ao cérebro e suas conexões vão
amadurecendo, a sinergia vai se tornando progressivamente mais perfeita, dando
à criança normal a possibilidade de desfrutar de uma coordenação de
movimentos cada vez mais exatas, que lhe proporcionem desenvolver suas
potencialidades motoras complexas que traduzem o desenvolvimento normal
(NEGRINE,1987).
Vale mencionar que as crianças apresentam os seguintes sinais,
geralmente associados à dificuldade de coordenação: desajeitamento e
inconsistência no desempenho de tarefas; problemas de ritmo e na transferência
de aprendizagem; declínio do desempenho com a repetição; tensão corporal;
excesso de atividades musculares na execução de tarefas motoras (SELLER,
1995, apud MAGALHAES, NASCIMENTO E RESENDE).
Esses sinais podem ser demonstrados pela criança nas tarefas de
autocuidado, nas atividades acadêmicas, no desempenho pobre em esportes,
bem como nos problemas de interação social (MARTINI, POLATIXKO,1998, apud
MAGALHÃES, NASCIMENTO E RESENDE,2004).
Essas dificuldades nas habilidades funcionais, recreativas e esportivas, no
entanto, podem interferir no desenvolvimento do indivíduo, extrapolando o âmbito
motor e influenciando também o desempenho acadêmico, além do
desenvolvimento social e psicológico (SILVA, 2006). Por isso, deve-se dar
atenção especial na organização da prática dessa habilidade se as crianças
apresentarem problemas de coordenação.
A coordenação corporal é entendida como a interação harmoniosa e
econômica do sistema muscular esquelético, do sistema nervoso e do sistema
sensorial com o fim de produzir ações motoras precisas equilibradas e reações
rápidas adaptadas à exigência da situação. A boa coordenação corporal implica
em: uma adequação na medida de força que determina a amplitude e velocidade
do movimento; uma adequada seleção dos músculos que influenciam a condução
do movimento; a capacidade de alterar rapidamente entre a relaxação muscular e
a tensão (SCHILLING; KHIPARD, apud GORLA; 2007).
2.2 A iniciação desportiva na infância e adolescência
Piaget (1978) afirma que, a partir dos 6 anos, as crianças já se encontram
com 90% a 95% do desenvolvimento físico do cérebro, de modo que a
coordenação motora e as habilidades desportivas múltiplas devem ser
estimuladas ao máximo, por meio de jogos e brincadeiras, pois o cérebro já está
pronto para receber uma infinidade de informações. Atividades de caráter
psicológico e físico são o estímulo para realizar ações mais complexas em jogos,
facilitando a aprendizagem e caracterizando a prontidão motora esportiva.
Dos 7 aos 10 anos, a criança desperta para a atividade física esportiva,
bem como para uma assimilação rápida de conhecimentos e habilidades,
havendo, no entanto, um baixo nível de fixação de movimentos. Deverá possuir
uma característica especializada estando inserida no contexto do segundo ciclo
escolar.
Para o mesmo pesquisador, o desenvolvimento mental e influenciado por
quatro fatores: motivação e amadurecimento físico; experiências, manipulação,
movimentos corporais e pensamentos sobre objetos concretos; interação social
por meio de jogos e equilíbrio pelo processo de unir maturação experiência e
socialização de modo a construir e reconstruir estruturas mentais (PIAGET, 1978).
Segundo Jean Piaget, a adolescência, período de transição entre a infância
e a vida adulta, é caracterizada por intensas modificações físicas, psicológicas e
orgânicas. A adolescência divide-se em:
Pubescência, dos 10 aos 12 anos: constata-se ser a melhor idade para
aprendizagem motora com melhorias nos níveis de força, rápida maturação
morfológica e funcional, maturação labiríntica e plenas condições para o
desenvolvimento motor.
Puberdade, dos 12 aos 15 anos: observa-se uma grande variação no
comportamento fisiológico, com grande instabilidade emocional, apesar do
alto nível de desenvolvimento intelectual. Essa fase é acompanhada por
uma incoordenação motora motivada por desinteresse competitivo. Há
grande necessidade de vivências em grupo.
Pós-puberdade, dos 15 aos 19 anos: há uma harmonia das proporções
corporais acompanhada da melhoria na coordenação motora e reflexos
sobre a plasticidade esportiva. O adolescente está em pleno equilíbrio
psíquico.
Para Piaget, o comportamento é constituído de uma interação entre o meio
e o indivíduo, e o desenvolvimento intelectual dá-se em sincronia com o
desenvolvimento físico.
Menciona ainda o autor que a adaptação é a essência do funcionamento
intelectual e sua organização constitui a habilidade de integrar as estruturas
físicas e fisiológicas em um sistema coerente. Essa adaptação ocorre através da
organização e desse processo decorre a assimilação e a acomodação.
Essas construções seguem um padrão de desenvolvimento da inteligência,
e residem no fato de que em cada indivíduo adquire novos conhecimentos ou
estratégias de sobrevivência, de compreensão e interação com a realidade.
Para Piaget (1978), no desenvolvimento da Inteligência, dão-se os
seguintes estágios:
Sensório motor (0 a 2 anos), marcado pelo desenvolvimento mental;
Pré-operatório (2 a 7 anos), conhecido como estágio da inteligência
simbólica;
Operatório concreto (7 a 11 anos), período em que a criança começa a
passar do estágio intuitivo para o estágio de operações concretas;
Operatório formal (11 anos em diante), período durante o qual a criança
amplia as capacidades conquistadas na fase anterior e já consegue
raciocinar sobre hipóteses, à medida que é capaz de formar esquemas
conceituais abstratos e, por meio deles, executar operações mentais dentro
da lógica formal, adquirindo autonomia.
Nessa fase, o indivíduo adquire a sua forma final de equilíbrio, alcançando
padrão intelectual que persistirá durante a fase adulta, não ocorrendo uma
estagnação das funções cognitivas. Para Piaget, a criança não se limita a
representações previamente existentes, mas ela é capaz de pensar em todas as
relações possíveis, buscando soluções lógicas a partir de hipóteses e não apenas
de observação. O período da segunda infância, de 8 a 12 anos de vida, é
marcado pelos aumentos lentos, porém constantes, em altura e peso e pelo
progresso em direção a uma maior organização dos sistemas sensório-motores.
Nesse período de pequenas mudanças, as crianças têm tempo para se
acostumar com seu corpo em crescimento. Este é um fator importante para a
melhoria típica que se observa no controle de coordenação motora nos anos de
segunda infância. A mudança gradativa em tamanho e a relação próxima mantida
entre o osso e o tecido são fatores importantes para níveis crescentes do
desempenho motor (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).
2.3 Jogos e Brincadeiras
Os jogos e brincadeiras são essenciais ao ser humano, especialmente na
infância. Dada a sua relevância, na escola eles necessitam ter seu lugar
obrigatório. Da mesma forma, o professor precisa estar fundamentado
cientificamente, a fim de que dê o devido espaço ao lúdico na escola, pois não se
trata de preenchimento do tempo ou de uma concessão que se faça às crianças.
Como colocam Enderle e Morais Junior,
Os jogos e as brincadeiras são tratados num mesmo sentido, com o mesmo significado, pois tanto brincar como jogar referem-se às atividades que permitem ao educando criar, imaginar, construir e aprender da forma em seu próprio ritmo e tudo a seu tempo, de maneira que esse aprendizado se torne prazeroso para o praticante (2009, p.1).
Os mesmos autores apontam que o jogo tem essência crítica, sendo
fundamental para lidar com situações de choque e complexas. É uma forma útil
de vivenciar novas experiências, pois por meio dele é possível para o sujeito criar
atalhos entre a fantasia e o real.
Dessa forma, o jogo assume papel especialmente importante nas aulas de
Educação Física escolar, já que possibilita ao indivíduo, de forma prazerosa,
descontraída, sem muitas cobranças, mostrar seu potencial e seu poder de
criação, oportunizando a descoberta da sua corporeidade, do autocontrole e do
respeito ao próximo.
A importância dos jogos e das brincadeiras, no desenvolvimento da criança
tem sido assunto para vários pesquisadores. De acordo com Betti (1994), não
basta só aprender habilidades motoras e desenvolver capacidades físicas, mas
cuidadosamente conduzir o aluno a uma reflexão crítica que leve a sua
autonomia, na qual ele possa produzir, reproduzir e transformar positivamente
esse conteúdo. O mesmo autor ainda orienta que esse é um processo de
desenvolvimento em que o aluno deve necessariamente passar por algumas
fases, níveis de desenvolvimento, para o seu avanço durante e depois das aulas.
Segundo Kishimoto (2005), definir ou conceituar jogo e brincadeira reveste-
se de certa dificuldade, uma vez que não há uma definição precisa para o termo.
Essas atividades lúdicas apresentam-se de diversas formas, cada uma com sua
especificidade. Os jogos e brincadeiras estão presentes na infância e são parte
importante da socialização da criança.
Para Celso Antunes (2003), o jogo hoje é considerado como um recurso
que estimula o desenvolvimento das inteligências, principalmente da inteligência
espacial. É fundamental para o desenvolvimento psicológico do aluno,
favorecendo ainda a socialização e a cidadania.
Acrescenta Kishimoto et al (2005), que
O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento passa a ser considerado nas práticas escolares com importante aliado do ensino, já que colocar o aluno diante de situações de jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados na escola, além de poder estar promovendo o desenvolvimento de novas estruturas cognitivas (p.80).
Desse modo, o lúdico passa a ser visto como um importante recurso
didático, não apenas como divertimento, servindo muitas vezes para melhorar a
autoestima dos alunos, uma vez que a motivação para os jogos facilita a
superação dos obstáculos.
2.4 Avaliação em Educação Física e o teste KTK
Falar de avaliação em Educação física significa reconhecer a insuficiência
das discussões e teorizações sobre esse tema no âmbito dessa disciplina
curricular no Brasil (COLETIVOS DE AUTORES, 1992). Portanto, é necessário
assumir o compromisso pela busca constante de novas formas de avaliar que
sejam coerentes com os objetivos definidos previamente. É necessário entender
que avaliação em Educação Física é insuficiente para a compreensão do
fenômeno educativo. Chega-se à conclusão de que, mesmo havendo ocasiões
em que se deem oportunidades para os alunos se recuperarem, a preocupação
recai em rever os conteúdos programáticos para recuperar a nota (LUCKESI,
1995). A esse respeito, Pallafox e Terra (1998) ressaltam que
No que diz respeito à Educação Física, pode-se afirmar que a prática dos professores esteve frequentemente ligada à educação e à avaliação tradicional por meio da reprodução dos modelos de ensino vinculados ao desenvolvimento da aptidão física e habilidades desportivas que se restringiram a comparar, classificar e selecionar o aluno com base no desempenho motor ou nas medidas biométricas dos alunos (p.25).
Contemporaneamente, entende-se que a avaliação deve estar a serviço da
aprendizagem, permeando o conjunto de ações pedagógicas, tendo como
critérios o comprometimento e envolvimento dos alunos no processo pedagógico.
Nessa direção, a avaliação deve caracterizar-se como um processo contínuo,
permanente e cumulativo. Tal como preconiza a LDB nº 9394/96 (BRASIL, 1996),
deve ainda estar relacionada aos encaminhamentos metodológicos, constituindo-
se na forma de resgatar as experiências e sistematizações realizadas durante o
processo de aprendizagem (PARANA, 2008).
Na avaliação motora, é importante lembrar que o caráter estatístico de nível
normal de referência dos testes não engloba o mesmo valor para todas as
populações, tendo em vista aspectos afetivos e sociais (ROSA NETO,1996).
Testes padronizados e frequentemente revisados destacam-se na
avaliação física, afetiva, cognitiva e motora dos seres humanos. (BALBE; DIAS;
SOUZA, 2009)
Entender a relação entre a idade da criança com a fase característica
motora pela qual passa constitui-se o melhor acompanhamento do
desenvolvimento motor, de modo a se acompanhar seu desempenho e detectar
possíveis problemas motores.
Para análise da coordenação motora em escolares do 6º ano do Ensino
Fundamental, utiliza-se o Teste de coordenação corporal (KTK). O Teste KTK é
um instrumento que pode ser utilizado na Educação Física regular ou especial,
para delinear programas de Educação Física, diagnosticar crianças com
problemas, verificar o desenvolvimento e a aquisição de habilidades motoras
globais e assim elaborar intervenções para estimular a aquisição e melhora da
coordenação corporal. O Teste de avaliação corporal KTK destaca, ao longo dos
tempos, a importância do desempenho da coordenação motora (GORLA,2001).
Portanto, monitorar alterações desenvolvimentistas, identificando atrasos
nos níveis de desempenho motor e obter esclarecimentos sobre estratégias são
procedimentos que assumem grande relevância na área do desenvolvimento
motor (GORLA; ARAUJO; RODRIGUES, 2007).
O KTK é um teste de coordenação corporal para crianças. Segundo
Ballestero (2008), foi concebido por Kiphard e Shilling (1974) com o objetivo de
avaliar a coordenação motora grossa e identificar crianças com insuficiências
coordenativas. O teste permite investigar e classificar o nível de coordenação
motora de crianças e jovens de 5 a 14 anos de idade, identificando possíveis
perturbações ou insuficiências de acordo com a faixa etária (GORLA; ARAUJO;
RODRIGUES,2007).
A bateria de teste KTK (KorperKoordination Test furKinder), além de
permitir mensurar o desenvolvimento motor coordenado de forma global,
possibilita identificar em que aspecto o déficit de coordenação motora é maior. Se
o professor tem informações precisas do desempenho motor de seu aluno, pode
planejar ações mais eficazes que irão permitir minimizar as limitações motoras da
criança.
Sendo a coordenação motora a capacidade determinante do desempenho
motor, o teste KTK avalia o desempenho motor coordenado, ou seja, precisão,
economia, fluência, elasticidade, isolamento, regulamento da tensão e adaptação
do movimento. Esse teste pretende examinar uma função motora básica, que
desempenha um papel importante no desenvolvimento motor da criança,
conforme a idade avança. Após vários estudos usando a análise fatorial
exploratória como método estatístico de análise de dados, foi identificado um fator
designado por coordenação corporal, contendo os quatro testes atuais da bateria
KTK (GORLA; ARAÚJO; RODRIGUES, 2007).
O desenvolvimento do teste ocorreu durante cinco anos, com o apoio da
Sociedade alemã de Apoio à Pesquisa. Apresentado por Kirphard e Schilling em
1970, pela elevação da dificuldade das tarefas, tornou-se possível ampliar o teste
para a idade de de oito a doze anos, podendo mais tarde ser estendido até aos
quatorze anos.
A concepção final do teste foi publicada em 1974 em Weinhein e está
baseada na normatização nº 1228 de 1973-74, usada por Schilling.
2.5 Alguns estudos envolvendo o Teste KTK.
Com o intuito de verificar os critérios de autenticidade científica do teste,
foram realizados vários estudos e pesquisas. Os estudos com o teste KTK foram
utilizados como instrumentos para obter informações de variáveis das
capacidades motoras globais, para estruturar programas de Educação Física.
Entre os testes mencionam-se:
Silva (1989) desenvolveu um estudo objetivando detectar a faixa etária de
maior desenvolvimento da coordenação motora de crianças de ambos os sexos
com idades de 7 a 10 anos.
Bianchetti e Pereira (1994) realizaram uma análise da contribuição de um
programa de atividade física no desenvolvimento da coordenação corporal de
crianças deficientes auditivas, de 7 a 9 anos.
Fernandes (1999) realizou um estudo com o objetivo de comparar e
diagnosticar o desenvolvimento o desempenho motor coordenado de escolas
regulares.
Gorla (2001) realizou um estudo com indivíduos portadores de deficiência
mental de 6 a 11 anos e desenvolveu um programa de Educação Física específico
aplicado em um período de 23 sessões.
Recentemente, Matos (2009), em estudo com crianças de ambos os sexos
de 7 a 10 anos, objetivou avaliar o desempenho motor de crianças nascidas, ex:
prematuro com baixo peso para verificar de que forma a idade gestacional, peso
de nascimento, o nível socioeconômico e a prática de atividade física influenciam
no desempenho da coordenação motora
Na execução das tarefas, algumas características individuais como: déficit
de atenção, ansiedade, distração e timidez contribuem para o desempenho não
satisfatório do teste.
A coordenação motora KTK mostra-se eficiente dentro dos objetivos
propostos nos estudos, contribuindo para a elaboração de programas específicos
de Educação Física, diagnóstico de problemas de coordenação motora global e
verificação da aquisição de habilidade motora básicas.
3 MÉTODOS
3.1 Amostra
A intervenção se deu na Escola Estadual Francisco Inácio de Oliveira, de
Ensino Fundamental, localizada no Município de Tomazina – PR, jurisdicionada ao
Núcleo Regional de Educação de Ibaiti – PR.
Os alunos participantes são de uma turma de 6º Ano de Ensino
Fundamental, em funcionamento no período vespertino. São 24 discentes ao
todo, sendo 13 meninas e 11 meninos, com os quais se realizou a avaliação da
coordenação motora antes e após a implementação do programa de atividades
físicas previsto no cronograma de ações do projeto inicial.
3.2 Avaliação da coordenação motora
Tinha-se como intuito de identificar alunos com problemas de coordenação
corporal, assim como alunos com insuficiência na coordenação motora, a fim de
se obter subsídios para a aplicação de atividades, nas aulas de Educação Física,
para a reparação dessa defasagem.
Utilizou-se como instrumento de mensuração de coordenação motora o
teste de coordenação corporal (KTK), usado como diagnóstico prévio e posterior à
intervenção, que é composto de quatro tarefas:
Equilíbrio andando de costa (retrocedendo).
Salto com uma perna.
Salto lateral (para um lado e para o outro)
Transposição lateral.
O exame todo leva cerca de 10 a 15 minutos para ser administrado. Tem
em forma final, quatro tarefas de movimentos assim descritas:
1ª Tarefa: Trave de Equilíbrio.
Objetivo: estabilidade do equilíbrio em marcha para trás sobre trave.
Material: três traves de 3 metros de comprimento e 3 cm de altura, com largura de
6cm, 4,5cm e 3cm. Na parte inferior, são presos pequenos travessões de 15 x 1,5
x 5cm, espaçados de 50 em 50 cm. Com isso, as traves alcançam uma altura total
de 5cm. Com superfície de apoio para saída, coloca-se à frente da trave, uma
plataforma medindo 25 x 25 x 5cm. As três traves de equilíbrio são colocadas
paralelamente.
2 ª Tarefa: Salto Monopedal.
Objetivos: coordenação dos membros inferiores; energia dinâmica/força.
Material: São usados 12 blocos de espuma, medindo cada um 50 x 20 x 5 cm.
3ª tarefa: Salto Lateral.
Objetivo: velocidade em saltos alternados.
Material: Uma plataforma de madeira de 60 x 50 x 0,8 cm, com um sarrafo
divisório de 60 x 4 x2 cm e um cronômetro.
4ª Tarefa: Transferência sobre Plataforma.
Objetivos: lateralidade; estruturação espaço-temporal.
Material: São usados para o teste, 2 plataformas de 25 x 25 cm e um cronômetro.
As plataformas são colocadas lado a lado com uma distância entre elas de 5 cm.
Na direção de deslocar é necessária uma área livre de 5 a 6 metros.
Iniciou-se explicando como se dá o teste e como seriam realizadas as
atividades. Após se trabalhar conceitos básicos de coordenação motora e sua
importância na disciplina de Educação Física, fez-se uma explanação sobre o
teste KTK, mostrando-lhes que este é caracterizado em quatro etapas, sendo a 1ª
trave de equilíbrio, a 2ª salto monopedal. Após deu-se início ao pré-teste de
coordenação corporal KTK, anotando todos os resultados obtidos. Realizou-se
uma análise dos resultados, evidenciando-se, por meio destes, que a maioria dos
alunos ficaram classificados abaixo da média em relação aos padrões de
normalidade de coordenação motora.
3.3 Intervenção
Iniciou-se o programa de exercícios constante de atividades de atletismo,
futsal, voleibol, basquetebol e jogos e brincadeiras, cujo foco foi a incrementação
das habilidades motoras dos alunos participantes. O programa de exercícios,
desde a realização do pré-teste, estendeu por aproximadamente 4 meses, após o
que se realizou o pós-teste.
Com esses dados em mãos, realizou-se como intervenção um programa de
atividades físicas com jogos e brincadeiras, com vistas a minorar as insuficiências
motoras.
Iniciaram-se as atividades com o Atletismo, mais precisamente o
miniatletismo. Foram executadas atividades de corridas, saltos, lançamentos e
jogos: Fórmula Um e Salto Cruzado. A grande maioria dos alunos participou
ativamente das atividades. Logo após trabalhou-se com jogos recreativos, dando
ênfase ao aprimoramento da coordenação motora, bem como agilidade,
velocidade, destreza e cooperação. Foram trabalhadas ainda a bandeirinha e a
queimada; houve uma participação ativa por parte dos alunos, os quais
interagiram bem nos grupos.
Em seguida, passou-se a trabalhar com voleibol por meio de jogos pré-
desportivos com ênfase em fundamentos como: passe, saques, levantamento e
cortada. Já na realização dessa atividade ficou visível a melhoria da coordenação
motora. Os jogos aplicados foram: voleibol de balões e cinco corta, nos quais os
alunos participaram ativamente.
Trabalhou-se também com o basquete a partir de jogos pré-desportivos,
dando-se ênfase aos fundamentos da modalidade, nomeadamente passe,
arremesso, condução de bola e drible. Os jogos trabalhados foram jogo da velha
e cesta numerada. Observou-se, por meio desta, melhoria das técnicas
fundamentais do basquete e, consequentemente, melhoria da coordenação
motora. Houve um ótimo aproveitamento, se considerada a ativa participação de
todos.
Feitos esses procedimentos, realizou-se um pós-teste de coordenação
motora KTK, composto das seguintes tarefas: trave de equilíbrio e salto
monopedal, os quais foram utilizados para verificação da melhoria na
coordenação motora.
Em seguida, trabalharam-se as atividades com jogos pré-desportivos de
futsal, com ênfase aos fundamentos da modalidade: passe, drible, chute, domínio
de bola, condução de bola e cabeceio. Estas atividades superaram as
expectativas, pois os alunos se empenharam bastante para realizá-las. Após isso,
finalizou-se o pós-teste com a realização do salto lateral e transferência de
plataforma. Os dados foram comparados com o pré-teste, através do que se
constataram melhorias significativas na coordenação motora.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os alunos participantes pertencem a uma turma de 6º Ano de Ensino
Fundamental, do período vespertino. São 24 discentes ao todo, sendo 13
meninas e 11 meninos. A tabela abaixo permite a visualização dos resultados no
pré-teste:
Meninos Result. Meninas Result.
Coordenação normal 5 Coordenação normal 2
Perturbação na coordenação 3 Perturbação na coordenação 8
Insuficiência na coordenação 3 Insuficiência na coordenação 3
Tabela 01: Pré-teste – Coordenação motora – classificação pelo teste KTK
Como se visualiza, a maioria dos alunos, um total de 17 (70%),
apresentava antes da intervenção desde alguma perturbação até uma
insuficiência na coordenação motora, enquanto 07 (30%) alunos apenas
apresentam uma coordenação considerada normal.
A tabela seguinte expõe os resultados do pós-teste realizado na sequência
da proposta de intervenção na escola:
Meninos Result. Meninas Result.
Coordenação boa 2 Coordenação boa 3
Coordenação normal 4 Coordenação normal 7
Perturbação na coordenação 3 Perturbação na coordenação 2
Insuficiência na coordenação 2 Insuficiência na coordenação 1
Coordenação alta - Coordenação alta -
Tabela 02: Pós-teste – Coordenação motora – classificação pelo teste KTK
Conforme se visualiza, após os quatro meses de realização das estratégias
da proposta de intervenção escolar, houve uma sensível melhora, visto que
praticamente se inverteu o quadro. A realização do pós-teste evidenciou que 16
(67%) alunos no total apresentaram a coordenação variando de boa a normal,
enquanto 08 (33%) discentes têm alguma perturbação ou insuficiência na
coordenação.
O sucesso visível da intervenção animou o professor pesquisador a dar
continuidade ao trabalho realizando-o com turmas de 7º, 8º, 9º anos e na
Educação Especial.
4.2 Síntese Geral do GTR
O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) da turma PDE 2013, do qual este
pesquisador foi tutor, iniciou-se no dia 18/03/13, com 17 cursistas inscritos, sendo
que 16 se apresentaram. Após as apresentações no Fórum, pôde-se perceber
que os cursistas são advindos das mais diversas regiões do Paraná.
O GTR estruturou-se em 3 temáticas.
A 1ª temática versou sobre o projeto de intervenção Pedagógica na escola,
composto pelas atividades do fórum de discussões e do diário. O objetivo desse
fórum de discussões era socializar o projeto que tem como o título: Avaliação da
Coordenação Motora após intervenção em aulas de Educação Física no Ensino
do 6º ano da Escola Estadual Francisco Inácio de Oliveira, além de possibilitar a
troca de experiências, ideias e discussões acerca do assunto abordado.
Grande parte dos cursistas participou das discussões e interações. Ficaram
visíveis as dificuldades apresentadas pelos alunos da realidade pesquisada em
relação à coordenação motora. De igual forma, ressaltou-se a noção de que,
como educadores, deve-se refletir e repensar o papel da Educação Física,
valendo-se de metodologias diversificadas, em melhorar ou até mesmo sanar tais
dificuldades, apresentadas pela grande maioria dos alunos focalizados na
intervenção. Isso pode ser feito por meio da geração do interesse dos alunos por
práticas esportivas, com reflexos positivos em sua qualidade de vida.
O diário tinha como objetivo refletir sobre a contribuição do Projeto de
Intervenção para a escola. Os cursistas deveriam elaborar um texto que revelasse
a sua compreensão sobre a pertinência do tema do projeto para a Escola Pública,
com foco na viabilidade de implementação na escola. O texto deveria ser
elaborado, contemplando os referenciais apresentados no Projeto, bem como ser
ampliado para outros autores que tratassem da temática.
A maioria dos cursistas realizou as atividades, utilizando diversos autores e
fontes de pesquisa. Além de destacarem também a implementação do projeto na
escola pública, acreditando ser possível a utilização de práticas que favoreçam o
desempenho motor dos alunos em sala de aula, para a melhoria de
aprendizagem, socialização e compreensão dos conteúdos, visando à melhoria
da qualidade de vida. Ressaltaram-se também os resultados para as diversas
disciplinas, pelos reflexos na melhoria da aprendizagem, socialização e
compreensão dos conteúdos.
Na 2ª temática, o objetivo do fórum era socializar a Produção Didático-
Pedagógica, possibilitando a troca de ideias e dos fundamentos teóricos e
metodológicos relacionados. Notou-se, de início, um pouco de acomodação por
parte dos cursistas nesta temática, os quais demoraram para realizar as tarefas e
observações referentes à produção Didático-Pedagógica; com o tempo, porém,
interagiram, por meio de discussões, relatos e trocas de experiências.
Através das atividades, percebeu-se a preocupação dos docentes
participantes em relação ao problema da coordenação motora. No diário 2, por
meio das contribuições postadas pelos colegas, pode-se constatar a relevância da
Produção Didático-Pedagógica para a realidade da escola pública. Viu-se que,
perante essa realidade, muitos educadores buscam novas metodologias visando
a melhorar a coordenação motora e, consequentemente, a participação dos
discentes nas aulas de educação física.
Na 3ª temática, o objetivo era socializar a aplicabilidade das ações de
Implementação do Projeto de Intervenção. Nesta unidade, percebeu-se maior
socialização de experiências por parte dos cursistas, razão pela qual os avanços
foram maiores. Os fóruns trouxeram muitas contribuições para o projeto,
principalmente por meio do item Vivenciando a minha prática, cujos relatos,
discussões e experiências contribuíram para melhorar o projeto em termos de
conhecimentos sobre o tema em questão, além de enriquecer a prática deste
pesquisador, através da socialização de experiências bem sucedidas. A maioria
dos cursistas participou de todas as atividades do GTR.
Acredita-se que o trabalho realizado tenha sido eficiente, no que tange ao
acompanhamento de todas as temáticas, no gerenciamento dos recursos de
comunicação com os cursistas, na mediação nos Fóruns e respostas aos diários,
assim como na síntese das contribuições ao final de cada temática. Por meio do
quadro de avisos, e-mail e mensagem, os professores foram devidamente
orientados e, em geral, deram seu melhor nas participações, processo que trouxe
profícuos resultados quanto à troca de experiências e conhecimentos.
5 CONCLUSÃO
Como se constatou pelos resultados desta pesquisa, o lúdico deverá ser visto
como um importante recurso didático, não apenas como divertimento, servindo
muitas vezes também para aprimorar a autoestima dos alunos, dado que a
motivação para os jogos promove a superação das limitações.
Evidenciou-se após o estudo que se pode testar como se dá a
coordenação em crianças e, se verificada alguma deficiência motora, pode-se
recorrer a práticas que estimulem a melhoria, como é o caso das atividades
físicas que estimulam o cérebro e têm como resultado maior equilíbrio nos
movimentos.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecido o alcance da questão dos problemas de coordenação motora
dos alunos nas aulas de Educação Física, com o projeto discutido neste artigo
teve-se por objetivo investigar tais problemas por meio do teste KTK. Na
sequência, propôs-se um programa de atividades composto de jogos e
brincadeiras a fim de otimizar o desempenho motor dos alunos, após o qual o
este foi novamente administrado.
A pressuposição era que o programa de atividades físicas bem elaborado e
de qualidade, com ênfase no lúdico e adequado à individualidade do educando,
em um ambiente que preparasse e estimulasse as suas capacidades, poderia
melhorar o desenvolvimento motor e influir positivamente na vida escolar. Esse
resultado viria em virtude da superação de problemas emocionais, sociais,
comportamentais e de aprendizagem.
Cabe mencionar a reconhecida importância da coordenação motora ao
longo da vida, que não significa apenas agilidade, destreza, controle motor e
habilidade, mas reflete sobretudo nos domínios psicomotores e cognitivos, os
quais por sua vez atuam no domínio emocional, em fatores como a autoestima do
indivíduo.
Isso porque quando se manifestam dificuldades nas habilidades funcionais,
recreativas e esportivas, estas podem interferir no desenvolvimento do indivíduo,
ultrapassar o âmbito motor e influenciar também o desempenho escolar e, em
consequência, o desenvolvimento social e psicológico (SILVA, 2006).
Leva-se em conta principalmente que crianças da faixa etária entre 7 e 11
anos estão no período de pré-adolescência, momento em que as habilidades
motoras vão sendo gradativamente apuradas com a integração sensório-motora
em harmonia, de modo que, no final desse período, a criança deverá
desempenhar várias capacidades sofisticadas.
À medida que as estruturas cerebrais e suas ligações vão amadurecendo,
a sinergia vai ficando aos poucos mais completa, dando à criança normal a
possibilidade de usufruir de uma coordenação de movimentos gradativamente
mais exata, de modo que passa a ter potencialidades motoras complexas,
resultantes do desenvolvimento normal (NEGRINE,1987).
Por isso, os jogos e brincadeiras são essenciais ao ser humano,
especialmente no período mencionado. Dada a relevância do lúdico, este deverá
ter na escola seu lugar obrigatório. Para isso, o professor precisa estar
fundamentado cientificamente, para que dê o devido espaço ao lúdico na escola,
uma vez que não se trata de preenchimento do tempo ou de uma concessão
feitas às crianças.
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