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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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LER PARA CONSTRUIR: AMPLIANDO O REPERTÓRIO DO ALUNO

PARA DESENVOLVER SUA POÉTICA PESSOAL

Autora: Profª. Márcia Christina Sanches Azevedo dos Santos1

Orientadora: Profª. Drª Maria Irene Pellegrino de Oliveira Souza2

Resumo: Este artigo é o relato de propostas desenvolvidas no projeto de implementação do PDE 2014. Considerando a desatenção dos estudantes em relação à imagem, procurou aprofundar as reflexões sobre a leitura de imagens, com vistas a promover a ampliação do repertório visual e a vivência sensível dos estudantes para contribuir com o desenvolvimento de uma criação artística como poética pessoal. A proposta desenvolvida através de leituras de imagens, produções de textos e produções artísticas foi eficaz no desenvolvimento de um olhar leitor, que pensa e que fomenta o pensamento crítico, para isso foi adotado os referenciais teóricos de Martins, Buoro e Camargo, entre outros.

Palavras-Chave: Olhar leitor. Leitura da imagem. Poética pessoal.

INTRODUÇÃO

Abordar a questão da leitura de imagem e a sua importância para a produção

artística dos estudantes é relativamente normal em razão das muitas pesquisas

realizadas e comprovadas sobre a eficiência dessa prática na educação, porém este

artigo apresenta os resultados das reflexões que realizei para pensar ações

significativas para os alunos do 3º ano do Ensino Médio de modo a estimular o

pensamento crítico reflexivo e desenvolver um olhar leitor, superando a desatenção

em relação a imagem, levando-os a entender as mesmas como um texto visual e

geradoras de significados e por este motivo devem ser exploradas em todas as suas

possibilidades de interpretação e compreensão.

1 A Autora é: Professora de Arte da Educação Básica Pública, especialista em Didática e Metodologia de ensino e concluinte do PDE 2014. [email protected] 2 A Orientadora é: Doutora em Estudos da Linguagem e Professora Associada do Departamento de Arte Visual e Coordenadora Geral do PARFOR/UEL (Programa Nacional de Formação de Professor junto à Universidade Estadual de Londrina-PR.). [email protected]

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A prática escolar cotidiana prova que é preciso trazer significados aos

estudantes para que possam entender e compreender a real necessidade da prática

de leitura de imagens na vida escolar e social. Manifesto neste artigo que o trabalho

com leitura de imagens pode dar uma nova visão aos estudantes, pode proporcionar

novas ideias nas produções artísticas e nas produções de textos, permitindo aos

estudantes um novo olhar, mais profundo e crítico.

Ao optar pela Arte Contemporânea, em particular os artistas Jeanete Musatti,

Sandra Tucci e Vik Muniz, utilizei os DVDs do projeto educativo Arte na Escola e

também o documentário Lixo Extraordinário para executar o trabalho. A produção

didático-pedagógica foi apresentada em 4 propostas, nas quais foram oferecidas

oportunidades variadas de leitura de imagens, discussões, produções artísticas e

textuais, com uma programação bem diversificada.

A implementação do projeto foi realizada no Colégio Estadual Antonio

Raminelli- Ensino Fundamental e Médio, situado à Avenida Antônio Raminelli, número

575, Parque Residencial Ana Rosa, CEP 86183-000. no Município de Cambé. Na

inauguração o Colégio contava apenas com 6 salas de aula, hoje conta com 19 salas

de aula e 956 alunos. O bairro corresponde a quase 20% da população do Município

de Cambé, que chega próximo aos 100.000 habitantes (Censo 2010 IBGE).

Ao iniciar a implementação do projeto foi possível perceber que os estudantes

do período noturno se encontram em uma anestesia dos sentidos, a correria do dia a

dia, as obrigações, vem tornando-os apáticos diante das imagens, das formas, das

coisas simples do cotidiano, então propor a reflexão sobre as imagens que lhe são

postas diante dos olhos é uma das tarefas urgentes da escola, é necessário tocar a

sensibilidade dos mesmos com propostas de mediação que oportunizem vivências

sensíveis, desvelando os pensamentos e os sentimentos.

Nas aulas de implementação do projeto foram apresentadas sugestões com

diversas atividades para as turmas do 3°ano do período noturno, porém essas

atividades podem ser aplicadas também em outros anos do Ensino Médio, desde que

contemplem os mesmos conteúdos.

LEITURA DE IMAGENS

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As centenas de imagens que na maioria das vezes passam despercebidas no

nosso dia a dia e parece não ter sentido algum, estão carregadas de informações

sobre nossa cultura e o mundo em que vivemos, assim, elas têm muito a nos ensinar.

Ler as imagens que estão ao nosso redor é fundamental na formação crítica,

assim como na compreensão do mundo em que vivemos. Hernández afirma que “o

professor tem de despertar o olhar curioso, para o aluno desvendar, interrogar e

produzir alternativas frente às representações do universo visual” (2002, p. 45).

O olhar atento sobre as imagens amplia o nosso modo de sentir a materialidade

e a potencialidade das mesmas, favorecendo a construção de olhares atentos para a

arte, assim como para as outras imagens presentes no cotidiano, que muitas vezes

são carregadas de estereótipos e preconceitos.

Através da leitura de imagens é possível ampliar o olhar dos estudantes,

desenvolvendo um “olhar escavador de sentidos” levando-os a buscar respostas,

realizando muito mais do que o simples reconhecimento de autorias, despertando a

fruição, que não é somente centrada na imagem, mas em experiências, percorrendo

um caminho que os leve a pensar a vida e as linguagens da arte.

Quando falamos em leitura de imagens temos que destacar a importância das

experiências de cada aluno, uma vez que as experiências são individuais, a maneira

de ver o mundo também é particular, para Martins (1998) as referências pessoais, que

são obtidas a partir de experiências individuais e as referências culturais, adquiridas

no convívio com a sua cultura, direcionam o conhecer, o produzir e o sentir arte.

Quanto mais referências os indivíduos tiverem, maiores serão as possibilidades para

análises e interpretações. Cada um lê o mundo a sua maneira e o reapresenta sob a

sua visão.

Para Martins (1998, p. 75) “ao apreciarmos obras de arte, nós as

ressignificamos, as atualizamos, produzimos interpretantes, de acordo com nossa

sensibilidade atual." Assim, é impossível ouvir uma música, assistir um filme ou

apreciar uma pintura e interpretá-los desligando-o da sua história de vida, ou seja,

você vê e ouve cada obra de acordo coma sua própria ótica, com suas referências

pessoais e culturais.

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POÉTICA PESSOAL

O contato com a arte pode proporcionar experiências significativas para o ser

humano. Quando observamos uma obra d arte, assistimos a um filme, a um

espetáculo de dança, a uma peça de teatro ou quando ouvimos uma música, sentimos

emoções. Essas podem ser agradáveis ou não, também podem causar

estranhamento ou incômodo. Cada pessoa passa por experiências de um jeito

diferente, porque somos seres únicos, exclusivos.

Através da arte é possível fazer com que os estudantes, prestem mais atenção

ao seu próprio processo de sentir, dando a eles a oportunidade de elaborar sua “visão

de mundo” e manifestá-la em suas produções artísticas.

Martins, Picosque e Guerra (1998, p.80) esclarecem:

[...] você seleciona o que toca você. Por isso, faz um recorte da realidade, através do seu modo de ver o mundo, do seu jeito de viver a vida e de emocionar-se ou não frente aos fatos, de pensar sobre eles; de chorar, rir, amar, sofrer, agir, interpretar, expressar. Dessa forma, o resultado de qualquer produção artística que você faça terá, inevitavelmente, a sua marca, a de sua história, da sua ótica, fruto do ser único que você é.

Martins (1998) afirma que os seres humanos buscam uma atribuição de sentido

a tudo e a todos que os cercam, desde as coisas mais simples do dia a dia, até as

mais complexas como a própria existência e revela este sentido em formas simbólicas.

São entre estas formas que estão os signos artísticos. São esses que possibilitam ao

homem construir a sua poética pessoal, ou seja, a sua maneira própria de mostrar seu

olhar sobre o mundo. Os signos sonoros, que são os tons, ruídos, silêncios, ritmos,

etc; os signos visuais que são as linhas, as cores, as formas, texturas, etc; e os signos

corporais que são os gestos, movimentos, tensões, etc., são a “matéria- prima” para

a criação de formas artísticas: da música, teatro, cinema, pintura, escultura, desenho,

etc.

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Cada um tem uma maneira pessoal de criar, de construir suas produções, de

expressar suas ideias para o mundo, é necessário que em sala de aula o professor

faça a mediação, para que os estudantes se tornem leitores e assim desenvolvam

suas poéticas pessoais, ou seja, seu modo próprio de desvelar o mundo, apropriando-

se de maneira sensível, da realidade.

DA PROPOSTA À AÇÃO

A implementação do Projeto ocorreu no período noturno com as turmas dos 3º

Anos do Ensino Médio do Colégio Estadual Antônio Raminelli, no município de

Cambé, PR, o projeto foi desenvolvido em 32 aulas.

Para conhecer e perceber realmente o perfil das turmas foi aplicado um

questionário para identificar os perfis dos estudantes. Nessa pesquisa, pude levantar

diversas perguntas como, quais são seus pensamentos e seus conhecimentos

referentes à leitura de imagens e poética pessoal. Com a tabulação dos dados obtidos,

percebi que as respostas não foram tão diferentes do que já imaginava e do que já

havia detectado em anos anteriores. Notei que os mesmos sabem muito pouco em

relação à leitura de imagens e arte contemporânea, e que nunca ouviram falar sobre

poética pessoal. É importante destacar que a maioria dos alunos são trabalhadores,

muitos com obrigações em casa e com a família.

Para produzir o trabalho, escolhi para a unidade didática três artistas

contemporâneos com processos de criação diferentes, porém todos com trabalhos

partindo de materiais alternativos, que na maioria das vezes seria descartado.

Na apresentação do projeto percebi nos alunos o gosto pelo desafio de

participarem de algo diferente, ficaram entusiasmados, porém logo no início já

começaram a sentir as primeiras dificuldades, nas produções de texto e nas criações

artísticas a partir da arte contemporânea. No decorrer das aulas de implementação

demonstraram a cada semana mais facilidade de compreender e se envolver com as

propostas.

O portfólio foi usado para uma avaliação mais eficaz do processo de

aprendizagem, pois demonstra os percursos do pensamento se tornando um

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testemunho da “experiência vivida”. Martins afirma que “portfólios, assim como obras

de arte, têm marca pessoal”. (2010, p.132)

A primeira proposta foi “A poética de Jeanete Musatti”, os alunos foram

convocados a realizarem uma coleta de pequenos objetos pela escola e em casa,

após foram levados a refletir sobre estes objetos, e o que seria possível fazer com

eles, somente então foi apresentado o DVD da artista Jeanete Musatti, do material

educativo Arte na escola, e então iniciou-se uma reflexão sobre a possibilidade de

Figura 1- Portfólios variados

Fonte: arquivo pessoal

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criar trabalhos artísticos com objetos, também comentamos o processo de criação da

artista.

Então fizemos uma reflexão da forma como a vida cotidiana se impregna em

nós, como deixamos de perceber sensivelmente a vida, as pequenas coisas, cada

imagem, cada objeto que temos contato no dia- a- dia, os alunos então produziram

um texto a partir desta reflexão e após transcreverem o mesmo para um suporte

diferente, transformaram-no em um objeto de arte. Aqui surgiu a primeira dificuldade,

refletir sobre a vida cotidiana e produzir um texto sobre o tema. Após bastante

conversa e uma produção de texto minha, os alunos começaram a produzir textos

com uma ótima qualidade, como podemos ver nos exemplos abaixo:

Alessandra Mendes Rodrigues Jaqueline Carvalho da Silva

Fonte: arquivo pessoal

Figura 2: Texto em superfície diferente

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Figura 3: Texto em superfície diferente (frente)

Gabriele Aline da Silva

Fonte: arquivo pessoal

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Figura 4: Texto em superfície diferente (verso)

Gabriele Aline da Silva

Fonte: arquivo pessoal

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Ainda nesta proposta, foi conversado com os estudantes sobre o fato de que

viver um processo de criação atento ao próprio pensar e fazer, e também, às escolhas,

pode revelar a poética pessoal de cada um. A partir da obra de Jeanete Musatti, cada

aluno criou uma colagem composta de várias imagens relacionadas à própria vida,

proposta que fez os alunos pensarem novamente na vida e nos desejos.

A primeira proposta trouxe ótimos resultados, foi possível começar a refletir

sobre a vida e resgatar um olhar mais atento e sensível, como pode ser observado

neste trecho de uma autoavaliação:

“Houve um pouco de dificuldade para fazer o texto, porque realmente na vida

cotidiana não percebemos os pequenos detalhes da vida, com esse texto eu consegui

aprender que: detalhes é o que faz a nossa vida especial... Aprendi e ainda quero

aprender muito mais com esses trabalhos.” ( Ana Paula dos Santos)

A segunda proposta “A poética de Sandra Tucci”, iniciei com a apresentação

do DVD da artista, do material educativo Arte na escola, destacaquei que deveriam

observar como é o processo de criação de Sandra em relação à Jeanete Musatti.

Após a apresentação do DVD, cada aluno registrou em seu diário as seguintes

questões: Que coisas do cotidiano atraem o seu olhar? Quais objetos vocês guardam

pelo simples prazer de colecionar? Tem algum objeto que é sedutor para você? Um

trabalho de arte pode começar com coisas comuns que um artista coleciona?

Considerando as respostas às perguntas, cada aluno produziu um texto reflexivo

contemplando o tema Objetos e Arte, após transcreveram o texto para um objeto que

seria descartado. Aqui, mais uma vez, alguns alunos encontraram muita dificuldade,

devido ao tema da produção textual, porém os resultados foram surgindo e

surpreendendo como no primeiro texto proposto:

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Figura 5: Texto em um objeto

Alunos trabalhando Fonte: arquivo pessoal

Figura 6: Texto em um objeto ( Parte de fora)

Ivan César dos Santos Fonte: arquivo pessoal

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Figura 7: Texto em um objeto ( Parte de dentro)

Ivan César dos Santos Fonte: arquivo pessoal

Figura 8: Texto em um objeto

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Figura 9: Texto em um objeto

Gabriele Aline da Silva

Fonte: arquivo pessoal

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Após a produção de texto a proposta foi trabalhar com uma forma-chave na

linguagem tridimensional, como a artista Sandra Tucci. Em grupo eles criaram uma

composição com agrupamentos de formas e com materiais que despertassem

sensações visuais, todos fizeram um estudo individual nos diários antes de trabalhar

em grupo, estudo este que pode ser feito no computador, para melhor trabalho das

formas. Alguns grupos criaram “pseudosquadros” como a artista mesma os denomina,

o resultado foi ótimo, como podemos observar abaixo:

Figura 10: Pseudoquadro

Vagner Ap. Da Silva

Thalita Oliveira dos Anjos

Fonte: arquivo pessoal

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Figura 11: Pseudoquadro

Vagner Ap. Da Silva

Thalita Oliveira dos Anjos

Fonte: arquivo pessoal

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A terceira proposta foi “A poética de Vik Muniz”, iniciei o trabalho com a

apresentação do DVD Lixo Extraordinário de Vik Muniz, após discutimos se através

do documentário foi possível ampliar o conhecimento e a percepção dos processos

de criação em arte contemporânea. Neste momento também conversamos sobre os

processos de criação dos três artistas apresentados e o trabalho final de cada um,

assim foi possível perceber a poética de cada um deles.

Após, apresentei duas obras de Vik Muniz para a realização da leitura: a obra

“Sócrates”, da série Aftermath, e uma obra feita com minibrinquedos coloridos.

Através de questões estabelecidas, levei os estudantes a responderem o que seu

olho vê e o que seu olho percebe em cada uma das obras. Em seguida partimos para

Figura 12: Pseudoquadro

Matheus Henrique Ferreira

Wesley Igor de Oliveira

Fonte: arquivo pessoal

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a produção de texto, onde cada aluno escolheu uma das imagens e relacionou a um

fato cotidiano e após produziu um texto reflexivo.

Na produção artística os estudantes puderam desenhar com outros materiais

sobre imagens pré-selecionadas. Partindo de fotografias que marcaram um momento

de sua vida ou de obras de arte significativas para eles, ou mesmo de imagens

retiradas da mídia, cada aluno utilizou o material que mais se identificou. Também

trabalharam sobre as imagens desgastando-as com lixas ou com produtos variados,

como água sanitária e álcool por exemplo.

Figura 13: Interferência sobre imagem

Cleiton Lemes Lourenço Dyenifer Cristina Mendes Fonte: arquivo pessoal

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Figura 14: Desenho com materiais variados sobre imagem

Alessandra Mendes Rodrigues Jaqueline Carvalho da Silva

Fonte: arquivo pessoal

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Cada proposta durante a implementação desenvolveu o olhar, o pensamento,

os conhecimentos e a criação.

Para mostrar que o pensamento vai mudando e vai surgindo novas ideias,

lançei a última proposta, que consistiu em sintetizar tudo o que foi trabalhado no

decorrer do processo por meio de uma produção artística na linguagem que mais se

identificou, neste momento fizemos uma reflexão sobre a arte contemporânea e as

possibilidades de criar como poética pessoal, a importância de estar atento ao seu

modo de sentir e ver o mundo e a possibilidade de transmitir tudo através da arte. Os

resultados foram muito variados e significativos.

Figura 15: Pseudoquadro

Gabriele Aline da Silva Quadro em MDF-Tamanho 120X70

Fonte: arquivo pessoal

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Considerações Finais

Os estudos realizados durante o PDE me levaram a rever meu posicionamento

frente ao trabalho escolar que realizo. Me deu oportunidade de reflexões e pesquisas

importantes na metodologia em sala de aula, assim como, a importância da mediação

para a realização de leituras de obras de arte e nas produções artísticas e textuais.

Me fez acreditar que é possível e importante aplicar as práticas diversas de leitura de

imagens para desenvolver nos estudantes um olhar crítico e profundo e poder levar

os mesmos a perceberem a sua poética pessoal.

Todas as propostas realizadas nessa unidade didática mostraram que vale a

pena levar até os meus educandos novos caminhos e novas propostas, que os

permitam pensar e analisar a vida e a sociedade. É necessário que os estudantes

sejam estimulados e estejam atentos, cada vez mais, para o processo da leitura de

imagens e para as produções artísticas que desvelem o pensamento e o olhar singular

sobre as coisas e o mundo.

Todas as minhas produções durante o PDE foram acompanhadas por colegas

de área que realizaram o meu GTR, que contribuíram reafirmando a importância da

minha pesquisa e também contribuindo com sugestões e adequações. As interações

com os cursistas e as trocas de experiências realizadas trouxeram muitos

aprendizados com resultados positivos. Toda essa Intervenção, tanto on-line com o

GTR, quanto direta, e durante a implementação foram muito importantes e

proveitosas.

Podemos reconhecer que o percurso relatado neste artigo é um caminho

possível para o desenvolvimento da prática de leitura de imagens, dando às mesmas

a importância que merecem, como texto visual; assim como, a criação a partir de sua

própria poética, observando os seus anseios, os seus objetivos e também os da

comunidade a qual faz parte. Seguindo os eixos que norteiam a pesquisa é possível

trabalhar com artistas de períodos diferentes, com temas diversos e com vários outros

objetivos.

Destaco que o objetivo geral dessa pesquisa de desenvolver o olhar sensível

dos estudantes contribuindo para ampliar o repertório cultural e a vivência sensível

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destes com vistas a uma produção poética consciente foi atingido. Foi possível

aproximá-los das imagens de forma geral e de produções artísticas contemporâneas,

ressalto ainda que as produções artísticas estão mais conscientes e significativas.

Além disso, asseguro que a avaliação através da utilização do portfólio foi muito

significativa, pois cada aluno pôde apresentar os trabalhos produzidos durante as

aulas e refletir sobre o próprio processo de aprendizagem, manifestando os

conhecimentos que foram sendo construídos.

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