OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · os instrumentos teste de motivação o...
Transcript of OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · os instrumentos teste de motivação o...
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Título: Esportes de Raquete
Autor: Cláudia de Lourdes da Silva Faria
Disciplina/Área:
Educação Física
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Professor Pedro Carli
Município da escola:
Guarapuava
Núcleo Regional de Educação:
Guarapuava
Professor Orientador:
Schelyne Ribas da Silva
Universidade Estadual do Centro Oeste-UNICENTRO
Resumo:
O objetivo da pesquisa foi identificar a influência de um programa interventivo, baseado nos jogos de raquete, no desempenho de habilidades motoras especializadas e na motivação de escolares de 11 a 13 anos. A amostra foi de 35 escolares de uma turma do 7ºano(11a13anos), de ambos os sexos. A turma foi escolhida conveniência. Foram utilizados os instrumentos teste de motivação o instrumento originado do Participation Motivation Questionnaire(PMQ) e o Teste de compreensão do Jogo validado por Blomqvistetal. (2000). Durante o período interventivo foram aplicados jogos com e sem raquetes (tênis, tênis de mesa, squash e badminton), nas aulas de Educação Física visando contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, objetivando a compreensão do jogo através de uma proposta incidental. Os resultados demonstraram que o período interventivo contribuiu significativamente para o aumento do conhecimento tático declarativo bem como para o comportamento motivacional dos escolares. Conclui-se que a qualidade de prática no processo de ensino aprendizagem é um agente transformador da habilidade tática esportiva e de competências psicológicas.
Palavras-chave:
Jogos;raquete;ensinoaprendiz
Artigo Final
agem
Público: Alunos
1.3 Resumo
O objetivo foi identificar a influência de um programa interventivo, baseado nos
jogos de raquete, no desempenho de habilidades motoras especializadas e na
motivação de escolares de 11 a 13 anos. A amostra foi de aproximadamente 35
escolares de uma turma do 7o ano (11 a 13 anos), de ambos os sexos, do Colégio
Estadual Pedro Carli. A turma foi composta por 35 escolares de ambos os sexos.
Foram utilizados os instrumentos Teste de Compreensão do Jogo para o
conhecimento tático declarativo no Badminton (CTD) e o teste de motivação o
instrumento originado do Participation Motivation Questionnaire (PMQ).Durante
o período interventivo foram aplicados jogos com e sem raquetes (tênis, tênis de
mesa, squash e badminton), nas aulas de Educação Física visando contribuir
para o processo de ensino-aprendizagem, objetivando a compreensão do jogo
através de uma proposta incidental, onde o aluno aprende jogando. O objetivo
dos testes, foi verificar os níveis de motivação intrínseca e extrínseca entre os
alunos de ambos os sexos. Concluiu-se que meninas e meninos não apresentam
grandes diferenças, respeito às motivações. Os resultados desta pesquisa foram
compatíveis com as pesquisas feitas pelos autores estudados. Os fatores
observados como os principais responsáveis pelo início da prática esportiva
foram: diversão; razões sociais (amizade, companheirismo); aptidão física;
pertencer a um grupo; aprender e desenvolver habilidades motoras. O
método de ensino escolhido foi o Estilo de Ensino recíproco, onde o aluno tem
autonomia na tomada de decisões, tornando-se parceiros no processo ensino
aprendizagem e da relação professor/aluno: Percebeu-se que, somente,
sentindo-se motivados à prática, a autonomia através do Estilo de Ensino
Recíproco, esse trabalho teve o êxito almejado.
Palavra chave: Jogos de raquete, processo ensino aprendizagem, escolares.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos os professores de Educação Física buscam
alternativas que incorporem conteúdos para potencializar e motivar os alunos
à prática de atividades físicas, ampliando o número de opções e assim,
enriquecendo a cultura corporal o desenvolvimento psicomotor, as habilidades
motoras e esportivas, os jogos tem papel fundamental na motivação à prática
de atividades físicas, pois aprendem de forma incidental.
As práticas interventivas executadas tiveram caráter de jogos, lembrando
as modalidades esportivas de raquete tais como: squash, badminton, tênis, tênis
de mesa e suas variações, e em cada prática foi aplicado o Estilo Recíproco de
Ensino.
Jogo “é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de certos e
determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente
consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si
mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma
consciência de ser diferente da vida cotidiana” (HUIZINGA, 2007, p. 33).
Toda prática do jogo, neste caso os jogos de raquete, dependeu de uma
compreensão tática, e esta, pôde ajudar a resolver as dificuldades de outros
esportes, como tempo de bola no voleibol, por exemplo, em função dos
aspectos espaciais, mesmo que as habilidades técnicas sejam diferentes.
(BALBINOTTI, 2009).
Os benefícios que os jogos de raquete proporcionaram para o
desenvolvimento foram inúmeros e relevantes, por isso a importância do
trabalho de intervenção aplicado, pois desenvolveram o cognitivo, a
motricidade, a relação interpessoal e de tomadas de decisões, bem como a
motivação dos escolares.
No decorrer da Educação Básica, conforme os conhecimentos vão sedo apreendidos e relacionados entre si, o aumento da complexidade dos jogos e das brincadeiras demanda ações também mais complexas, que requerem raciocínio lógico, socialização, expressão corporal, dramatização, senso de equipe, como resgate e potencialização de valores e como possibilidade de recriação. (DCEs 2006).
Os jogos de forma incidental, contribuíram para aprendizagem sem que
o escolar percebesse movimentos mais complexos, ou seja, de forma lúdica a
percepção da racionalidade do esporte ficou em segundo plano.
A aproximação dos escolares com os esportes, foi realizada por meio de
jogos pré-esportivos ou adaptada, que permitiu a inclusão de todos e
aprendizagens gradativas, de acordo com o ritmo de cada um. As atividades
foram programadas para que os escolares pudessem experimentar situações
de cooperação e de competição, motivando-os para superar suas dificuldades
e as dos colegas.
A motivação foi uma variável chave no processo de aprendizagem e foi
seriamente pensada, trabalhada no momento de estruturar e implantar as
atividades esportivas. Sem motivação, muito pouco pode ser conquistado pelo
indivíduo (SAMULSKI, 2009). Essa constatação reforça o pensamento de
Harter (1978), que diz: “aprender a reforçar e recompensar a si mesmo pelos
seus esforços, experie nciar sucesso enquanto aprende, vivenciar sucesso em
tarefas desafiadoras, receber suporte de pessoas significantes enquanto
aprende; são percepções de competência elevadas observadas durante o
processo”.
Quando uma pessoa deseja realizar algo, ou manter sua vontade, a
motivação é ponto de referência, pois, se trata de uma série de condições que
satisfaça o desejo em continuar a fazer alguma coisa. Samulski (citado por
KNIJNIK; GREGUOL; SANTOS, 2001) define motivação como a totalidade dos
fatores que determinam as formas de comportamento dirigidas a um objetivo.
Para Cratty, (citado por TRESCA; DE ROSE JR, 2000), a motivação é o
processo que leva as pessoas a uma ação ou à inércia em diversas situações,
sendo ainda o exame das razões pelas quais se escolhe fazer algo, executar
algumas tarefas com maior empenho do que outras, ou persistir numa atividade
por longo período de tempo. Heckhausen (1963, 1980)
O comportamento humano varia em duas extensões: direção e
intensidade. A direção especifica a meta que a pessoa pretende atingir, a
intensidade refere-se ao esforço que aquela pessoa faz na tentativa de
alcançar o almejado pretendido. A motivação depende do elo, entre
necessidades, impulsos, desejos, interesses, propósitos, atitudes e aspirações
de um indivíduo. O motivo é então um fator interno que aciona o
comportamento. (BRODY, apud TRESCA; DE ROSE JR, 2000) as metas
proporcionam tanto a direção quanto à avaliação do progresso.
E eles se sentiram realmente motivados à prática, trazendo a cada dia,
novas abordagens e sugestões para adquirirem novas e experiências e
vivências, e através do Estilo de Ensino Recíproco, a troca de experiências
enriqueceram a intervenção.
O Estilo de Ensino Recíproco deixou os alunos com mais autonomia na
tomada de decisões tornando-se parceiros no processo ensino aprendizagem
e da relação professor/aluno:
Os tipos de tarefas trabalhadas por meio do Estilo de Ensino Recíproco foram:
Preparatória: os alunos expuseram o que sabiam, possibilitando
diagnosticar o conhecimento prévio;
Assimilação de conteúdo: execução das tarefas;
Elaboração pessoal: Respostas dadas pelos alunos através da
sua própria criação;
Elaboração conjunta; As estratégias basearam-se nos interesses
dos alunos seguindo a escolha conjunta entre professor e aluno,
que estimularam o pensamento do grupo;
Trabalho em grupo: Facilitou a relação entre os
alunos e professor/aluno, organizada pelo professor previamente.
A ideia foi estimular os alunos a organizar e administrar;
Atividades Especiais: Atividades que complementaram os
métodos citados anteriormente, facilitando a assimilação dos
conteúdos. Através de conversas, debates, seminários dos mais
variados conteúdos.
Foram utilizados os conceitos de metodologia de ensino apresentado por
Libanêo (1994):
Exposição do Professor:
Verbal: Explicação oral
Demonstração: forma de representação da realidade;
Ilustração: demonstrou conteúdos em forma de imagens;
Exemplificação: foi o momento em que relacionamos os conteúdos
expostos verbalmente com ações aplicadas.
Método de Trabalho Independente: As atividades foram organizadas
em forma de tarefas orientadas pelo professor, de forma que fossem
executadas e resolvidas pelos alunos de forma independente, se tornou
necessários alguns conhecimentos e habilidades.
MATERIAIS E MÉTODOS Amostra A intervenção foi desenvolvida com 24 escolares com faixa etária de 11 a
13 anos, de ambos os sexos.
Instrumentos de Medida
Teste de compreensão do jogo (CTD)
O teste de compreensão do jogo, validado por Blomqvist et al. (2000),
avaliará o CTD dos sujeitos e inclui 19 sequências diferentes de vídeo de pontos
simulados disputados entre dois jogadores juvenis de badminton. Cada
sequência de vídeo contém três estágios: o vídeo per se com um tempo entre 4
e 7’’, a permanência congelada do vídeo no momento do jogador na parte inferior
da tela que tomará a decisão por um tempo de 10’’(figura 01a) e o diagrama dos
jogadores inseridos na quadra assim com as possíveis decisões a serem
tomadas também pelo tempo de 10’’ (figura 01b).
a b*
Figura 01: Vídeo do teste de compreensão do jogo e o diagrama para a escolha da ação. *Na figura b x = me, corresponde ao jogador na posição do avaliado a escolher a ação, net (rede da quadra) e opponent (localização do adversário na quadra).
CB
A
X = meX
= opponent
net
O avaliado teve 30’’ para selecionar uma escolha apropriada dentre 3
alternativas (A, B ou C) em uma folha gabarito, além de escolher 2 justificativas
em um conjunto de 10 arroladas em um cartaz a sua frente.
Lista de justificativas usadas no teste de compreensão do jogo:
1 Ganhar mais tempo para chegar ao próximo golpe
2 Porque é mais difícil movimentar para trás
3 Meu adversário tem que se deslocar o mais distante possível para seu próximo
golpe
4 Porque meu adversário estava se movendo para outra direção
5 Meu adversário terá pouco tempo para chegar ao próximo golpe
6 Meu adversário tem que mudar de direção
7 A raquete do adversário estava do lado oposto
8 Porque é difícil para meu adversário rebater desse lado
9 Porque é o meu melhor golpe
10Porque meu adversário poderia não esperar este tipo de golpe
A pontuação das respostas foi feita a partir do somatório das ações (SA)
que valeram de 2 a 0 pontos, do somatório da justificativa (SJ) que também
valeram de 2 a 0 pontos. O resultado do somatório do SA + SJ, equivale ao total
de pontos (TP). Para melhor compreensão, na tabela 02 a seguir, ilustra-se uma
situação hipotética de três prováveis pontuações na situação 01, a mesma do
vídeo e diagrama apresentados na figura 01, onde: as letras (A, B e C)
representam as ações a serem escolhidas e os números as possíveis
justificativas valoradas ou não de 0 a 2 pontos. Na última coluna registra-se a
pontuação total obtida na ação escolhida e na justificativa.
Tabela 1: Tabela de pontuação do teste de compreensão.
A fidedignidade do teste foi apresentada pela consistência interna
α =0.73 e a validade de construto com diferença estatisticamente significativa de
para grupo de crianças com idades diferentes.
Procedimento
Para realização do teste foi necessária uma sala contendo uma TV, para
que as situações de jogo fossem apresentadas. Cada avaliado possuía lápis,
borracha e o formulário desenvolvido especificamente para o teste, contendo um
espaço para a escolha da melhor opção (A, B ou C) à frente de cada situação.
Ainda existia o espaço para escrever o número das duas possíveis justificativas
da decisão. Após a visualização de cada cena, os participantes dispuseram de
30 segundos para elaborar as respostas sobre a situação de jogo apresentada.
Determinou-se que as duas primeiras situações de jogo servirão de
familiarização dos sujeitos com o teste.
Avaliação Motivação Esportiva
O nível motivacional dos atletas foi avaliado pela Escala de Motivação
para o Esporte (SMS –Sport Motivation Scale) (BRIÈRE et al. 1995) validada
para a língua portuguesa por Bara Filho et al. (2011). A escala consiste em 28
questões, divididas em sete subescalas avaliadas em uma escala Likert de sete
pontos. A Escala de Motivação para o esporte avalia a motivação de acordo com
a teoria da autodeterminação de Ryan e Deci (2000), dividindo-se a escala em:
-Desmotivação (sentimento de desesperança e falta de interesse),
-Motivação extrínseca de regulação externa (comportamento motivado por
ameaças, recompensas e pressão familiar),
-Motivação extrínseca de introjeção (pressões internas para realizar uma
atividade, tal como se sentir culpado por não realizar exercícios físicos),
-Motivação extrínseca de identificação (comportamento percebido como
pessoalmente importante e útil, tal como praticar exercícios físicos visando
melhorias na saúde), o aluno sente prazer na busca de objetivos e habilidades
esportivas),
-Motivação intrínseca para experiências estimulantes (busca de experiências no
esporte que possam proporcionar prazer e diversão) e
-Motivação intrínseca para conhecer (ligada à curiosidade e busca de
compreender fatores esportivos por desejo próprio).
Avaliação do Estilo de Ensino Recíproco Os instrumentos de medida para avaliação foram baseados nos esforços
apresentados pelos escolares, descartando avaliação de habilidades e execução
de movimentos técnicos e táticos. Trabalhos em duplas e em grande grupo,
debates e seminários para discussão do que foi trabalhado, havendo feedback
do que foi proposto.
A avaliação do professor foi a comparação dos resultados entre a
pesquisa de sondagem inicial e final, e registros das observações durante as
aulas.
Procedimento da Intervenção e Coleta
Primeira etapa:
Foram aplicados em duas aulas, em sala convencional, aplicados na TV
pendrive, para visualização dos testes, e compreensão para execução dos
testes de Badminton (CTD) e Motivação, uma aula para a explicação e aplicação
do teste de motivação e uma para o teste de badminton.
Os alunos queriam saber, o porquê da aplicação, qual o objetivo, e se
valia nota. Dadas as respostas, gostaram principalmente do teste de badminton,
alguns, repetiram alguns movimentos para escolher a melhor opção. Os testes
de motivação acharam difíceis, mas mesmo assim, algumas notas foram
surpreendentes, outras, me fizeram repensar algumas aplicações, pois
demonstram-se desmotivados.
Segunda Etapa:
Jogos baseados no Badminton:
Foram 12 aulas, duas em sala convencional para explanação oral de
algumas pré-regras e visualização de vídeos de badminton, frescobol e algumas
brincadeiras com raquetes.
Foram adquiridos pelo Colégio Pedro Carli, 24 pares de raquetes oficiais
de badminton e petecas, pratos de papelão e bexigas para confecção da
primeira aula prática, denominada Minha Raquete. Facilitando assim o
desempenho na execução das aulas, pois vivenciaram e manipularam materiais
oficiais.
As mini quadras, e suas delimitações demarcatórias já existem na
quadra do Colégio, bem como as redes e postes, facilitando assim, a execução
dos jogos e exercícios pré- desportivos.
Os alunos confeccionaram as próprias raquetes, em sala convencional,
com prato de papelão, fita adesiva e bolinha feita de bexiga. A empolgação foi
tanta que resolveram fazer um campeonato da “minha raquete”, jogando entre
si, criando suas regras. Relataram que junto com os familiares confeccionaram
outras raquetes, estendendo assim o conhecimento além da escola.
Foram realizados vários exercícios e jogos para a aprendizagem do
Badminton, como jogos pré-desportivos e atividades lúdicas, para
familiarização e compreensão da pegada e rebatida e movimentação em
quadra.
Puderam auxiliar os colegas e criar exercícios complementares, tiveram
dificuldade prévia, pelo peso da peteca e a pegada na raquete, mas logo se
familiarizaram e conseguiram executar os exercícios com êxito. Algumas
variações trazidas por eles não deram certo, mas juntos discutiram a melhor
forma de realizar, e criaram variáveis interessantes, efetivando assim o estilo
de ensino recíproco.
Toda prática do jogo, neste caso os jogos de raquete, depende de uma compreensão tática, e esta, pode ajudar a resolver as dificuldades de outros esportes, como tempo de bola no voleibol, por exemplo, em função dos aspectos espaciais, mesmo que as habilidades técnicas sejam diferentes. (Balbinotti, 2009).
Terceira etapa:
Jogos baseados no tênis:
Para essa etapa foram necessárias 10 aulas, o colégio Pedro Carli adquiriu
seis pares de raquete oficiais de tênis, 20 pares de raquete de frescobol,
bolinhas de tênis e de borracha.
Uma aula em sala convencional, para explanação e visualização,
através de um vídeo, de alguns jogos do tênis, e variações através de jogos,
para melhor compreensão do que nos aproximaríamos, e do que iríamos
“brincar”, essa visualização empolgou-os para desejaram jogar como os
“profissionais”, mesmo se tratando de um jogo.
Outras nove aulas, foram em quadra, que previamente foi dividida em
quatro partes, com rede de vôlei, demarcando os meios em uma altura de 50
cm do chão, foram feitos exercícios de rebatida simples, próximo um do outro,
sem a rede, depois aumentando a distância, chegando a delimitação com a
rede e exercícios em dupla.
Pela raquete ser mais pesada, tiveram mais dificuldades para
execução de algumas atividades, mas logo foram superadas, pois, se
ajudaram mutuamente.
A variação e o material auxiliar, foram os jogos e exercícios com a raquete de
frescobol, e alguns exercícios foram adaptados com chinelo de dedo, trazidos
por eles, para assimilação do movimento de rebatida.
No nosso feedback, relataram que achavam que seria difícil e quase
impossível, rebateram a bolinha, com exatidão para o colega, e alguns
treinaram em casa, para que viessem “melhor” para a aula seguinte.
Quarta etapa:
O jogo foi variante foi o squash:
Foram utilizadas as raquetes de frescobol, usadas na variante do tênis,
em oito aulas, uma em sala convencional, para visualização de alguns
movimentos e jogos de squash.
As demais aulas foram executadas, na quadra, usando as paredes do
ginásio, bem mais familiarizados com as raquetes, tiveram maior facilidade,
mesmo que a rebatida sendo na parede.
Alguns exercícios utilizados foram: rebatida próxima a parede,
rebatidas deixando a bolinha quicar duas, três vezes no chão, depois
aumentando a distância, até chegar no exercício da rebatida alternada.
Formularam algumas variações interessantes, como a rebatida dupla,
rebatida quicando a bola várias vezes, e trocando a raquete de mão, que
contribuíram para o sucesso e a conclusão do trabalho de intervenção.
Algumas mães contaram, que as paredes de casa viraram, uma
quadra de squash, interagindo assim com os familiares.
Quinta etapa
Aplicação dos pós testes do questionário de Motivação e do teste de
Conhecimento Tático Declarativo do Badminton.
RESULTADOS
Na figura 2 estão apontados os resultados de média, desvio padrão e
comparação dos escores obtidos pelos escolares nos pré e pós testes.
* p≤0,001 Figura 2: Média, desvio padrão e comparação do pré e pós testes do conhecimento tático declarativo no badminton
Analisando os resultados obtidos no teste de conhecimento tático
declarativo, figura 2, pode-se observar que no pré-teste os escolares
apresentaram um conhecimento mediado sobre as capacidades táticas no
badminton e, que o período de ensino-aprendizagem com práticas
diversificadas foi significativo para a melhora da percepção tática p=0,001.
Conforme descrito na tabela 2, evidenciou-se que no início do processo
interventivo (pré-teste) os escolares apresentaram-se menos motivados para
prática esportiva, em todas as subescalas, em relação a análise realizada no
final da intervenção (pós teste).
Tabela 2: Média, Desvio padrão e comparação das subescalas da motivação e do CTD em relação aos pré e pós testes.
Pré Teste Pós Teste
SUBESCALAS MOTIVAÇÃO Média dp Média dp P
Amotivação 3.11 1.55 3.00 1.26 0.00*
Extrínseca Regulação Externa (MRE) 3.81 1.00 4.89 0.74 0.02*
Extrínseca Introjecção (MEI) 5.04 2.10 5.25 0.74 0.48
Extrínseca Identificação(MEID) 4.26 1.22 5.22 0.82 0.00*
Intrínseca Atingir Objetivos (MIAO) 4.55 1.37 5.32 0.98 0.00*
Intrínseca Experiência Estimulante (MIEE) 4.58 0.97 5.35 0.85 0.00*
Intrínseca Para Conhecer (MIPC) 4.74 1.21 5.50 0.88 0.00*
*p≤0,05
A observação desta diferença torna-se importante, pois demonstra que a
diversidade na prática, utilizando as modalidades de raquete, tornou-se um
agente motivador a ponto de elevar todos os escores no pós-teste.
Quanto ao tipo de motivação constatou-se que ao final do período
interventivo os escolares demonstraram estar motivados intrinsecamente para
a prática esportiva e, dentre as subscalas motivacionais somente a extrínseca
para introjecção não apresentou diferença estatisticamente significava entre as
médias.
DISCUSSÃ0
Considerando os resultados obtidos quando analisado o conhecimento
tático declarativo (CTD) evidenciou-se, no presente estudo, que o período
interventivo de 7 semanas proporcionou melhora significativa nos escores de
CTD no Badminton. Corroborando com os achados do presente estudo
Aburachid (2015), evidenciou que após um período interventivo no badminton,
de 7 semanas, utilizando diferentes métodos de ensino os escores de CTD
melhoram significativamente.
Em delineamentos de pré e pós-teste, o estudo de French, Werner,
Taylor, Hussey e Jones (1996) apontou que os grupos do método tático e
combinado (técnico + tático) foram superiores no CTD ao grupo do método
técnico após 15 sessões de aulas, mas após 30 sessões todos os grupos se
tornaram similares. Hastie, Sinelnikov, Guarino (2009) também encontraram
melhoria do CTD, mas sem diferença entre sexo.
Vários estudos indicam que os métodos de treinamentos com ênfase no
desenvolvimento tático apresentam-se como mais apropriados para o
desenvolvimento do conhecimento tático, declarativo e processual (FRENCH et
al., 1996; GRIFFIN et al., 2001; LIMA; MATIAS; GRECO ;2012; MATIAS;
GRECO, 2013; MCPHERSON; THOMAS, 1989; MOREIRA; MATIAS GRECO,
2013).
Em contra partida, o estudo de Lima, Martins e Greco (2011) quando
verificaram a aplicação de 17 sessões do método centrado na técnica seguido
da tática não foram capazes de melhorar o nível de conhecimento tático
declarativo de uma equipe de 12 jogadoras da categoria mirim.
No fundo, a aprendizagem dos alunos depende do contato direto com
fontes de informação pertinentes que lhes possibilitem a adequação funcional
às características próprias de determinada modalidade praticada. Nesse
sentido, o fornecimento de variabilidade ao processo de ensino afigura-se como
benéfico no ponto de vista de conceder aos alunos experiências que lhes
possibilitem aumentar as soluções de resolução de determinado problema
vivenciado em jogo.
Quanto a motivação para prática, as meninas e meninos demonstraram
níveis de MI e ME elevados e um nível baixo de amotivação.
O único estudo que utilizou o mesmo instrumento, SMS validado para
português também encontrou valores maiores em homens, para todas as
dimensões. O estudo foi realizado em corredores de rua (Sena Júnior, 2012).
Em outro estudo realizado no Brasil com 417 estudantes entre 14 e 18 anos de
uma escola pública de Florianópolis/SC, os resultados demonstraram que os
rapazes foram mais autodeterminados para a prática de exercícios físicos do
que as meninas (Silva, Matias, Viana, & Andrade, 2012).
O artigo no qual se encontrou as propriedades psicométricas da versão
espanhola do SMS em desportistas paraguaios revelou que todos os valores
encontrados para as dimensões da autodeterminação encontraram valores
maiores para homem exceto na ME dê Introjeção que encontrou valores médios
muito próximos (5.01 para homens e 5.04 para mulheres) (Martín-Balbo et al.,
2007).
Na mesma direção, com atletas universitários Amorose e Horn (2000)
encontraram maiores valores de MI para homens. Porém, em outro estudo com
universitários e escolares, Amorose e Anderson-Butcher (2007) encontrou que
as mulheres são mais auto determinadas que os homens. Murcia, Blanco, et al.
(2007) com jovens atletas e Gillet (2008), pesquisando atletas universitários de
desportos competitivos e recreacionais, também encontraram valores na MI
significativamente maiores nas atletas, indicando que as mulheres são mais
autodeterminadas do que os homens. Pelletier et al. (1995)
Com base nos resultados encontrados tendo-se em vista que o objetivo
do teste foi analisar a relação entre a motivação autodeterminada e as
atribuições morais dos alunos, considerou-se que em geral, a autoafirmação ea
curiosidade de aprender os fazem motivados a adquirir novas experiências,
tendo um objetivo de aprendizado que os motivem a buscar novas alternativas.
O resultado final teve um aumento geral de 3,34, resultado significativo,
pois aumentou a motivação para aprender e praticar atividades novas.
Baseado na comparativa com demais pesquisas, a motivação mostrou
basicamente os mesmos resultados, pois são ações típicas da idade, onde são
motivados à pratica de atividades novas, afirmação ao meio em que vive, e a
interação interpessoal com os colegas. A motivação intrínseca foi maior que a
extrínseca, como nos demais estudos.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados discutidos, a seguir serão inferidas as con-
clusões considerando as questões-problema previamente elencadas.
A parceria entre jogos, esportes de raquete, motivação e Estilo de Ensino
Recíproco, foi a conexão para o objetivo a ser alcançado, identificando a influên-
cia do programa interventivo, baseado nos jogos de raquete, no desempenho de
habilidades motoras especializadas e na motivação de escolares.
Os resultados foram positivos, tanto para o professor, quanto aos alunos,
fato constatado por relatos escritos, e comparativos de execuções de movimen-
tos, e cabe salientar que foi de modo incidental, onde eles aprenderam e moti-
varam-se de forma indireta e sem pressão.
Nesta perspectiva os resultados alcançados após o período interventivo
apontam e confirma mais uma vez que os conteúdos ensinados com qualidade
acrescentam no conhecimento tático declarativo e no nível de motivação dos
escolares.
Referência Bibliográfica
ABURACHID, L. M. C. Impacto de diferentes métodos de ensino no desempenho tático-técnico no badminton. Tese de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Esporte da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. BALBINOTTI, Carlos. O ensino do tênis, novas perspectivas de aprendizagem. São Paulo 2009, 288 p. BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de Psicologia do Desenvolvimento.8ª edição – Ática – 1995. 213 p. BLOMQVIST, M., LUHTANEN, P.; LAAKSO, L.; KESKINEN, E. Validation of a video based game understanding test procedure in badminton. Journal of Teaching in Physical Education, Vol 19, 3, Apr 2000. p. 325-37. CRATTY, BRYANT J. Psicologia do Esporte. Tradução de Olívia Lustosa Bergier. Rio de Janeiro: Prentice- Hall, 1984 DIETRICH, Knut; DURRWACHTER, Gerhard; SCHALLER, Hans-Jurgen. Os grandes jogos: metodologia e prática.Rio de Janeiro, 1984,147 p. FARIA, ANÁLIA RODRIGUES DE, Desenvolvimento da criança e do adolescente segundo Piaget. São Paulo, 1998 144 p. FRENCH, K., WENER, P., RINK, J., TAYLOR, K., HUSSEY, K.The effects of a 3-week unit of tactical, skill, or combined tactical and skill instruction on badminton performance of ninth-grade students. Journal of Teaching in Physical Education, Vol.15, 3, 1996. p. 418-438. GRIFFIN, L. L.; MITCHELL, S. A. ; OSLIN, J. L. Teaching Sport Concepts and Skills: A Tactical Games Approach. Champaign Illinois: Human Kinetics, 1997. p. 547. GALLAHUE, David L. Educação Física Desenvolvimentista para todas as crianças. São Paulo: Phorte, 2008. 726 p. HASTIE, P. A.; SINELNIKOV, O. A.; GUARINO, A. J. The development of skill and tactical competencies during a season of Badminton.European Journal of
Sport Science, v. 9, n. 3, 2009, 133–140. HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. O jogo como elemento da Cultura. SP: Perspectiva, 2007
HURTADO, Johann G. G. Melcherts. Educação Física Pré-escolar e escolar. Uma Abordagem Psicomotora. 1 ed. Porto Alegre: Edita, 1996, 156 p. KUNZ, Elenor. Educação Física: ensino & mudanças. Ijuí: Unijuí, 1991, 207 p. KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. 6 ed. Ijuí: Unijuí, 2004.160 p. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.263 p. Kishimoto, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação.São Paulo, Cortez, 1996, 183 p. LIMA, C. O. V.; MATIAS, C. J. A. S.; GRECO, P. J. O conhecimento tático produto de métodos de ensino combinados e aplicados em sequências inversas no voleibol. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, v.26, n.1, 2012. p.129-47. MAGILL, Richard A. Aprendizagem e motor - conceitos e aplicações controle.8 ed. São Paulo, 2011.Phorte, 567 p. MALINA, R.M.; BOUCHARD, C.; BAR-OR, O. Crescimento Maturação e Atividade Física. São Paulo: Phorte, 2009, 784 p. MARINOVIC, Welber; IIZUKA, Cristina Akiko; NAGAOKA, Kelly Tiemi. Tênis de mesa: teoria e prática. São Paulo: Ph, 2006. 240 p. MARTINS-COSTA, H.C.; LIMA, C.O.V.; MATIAS, C.J.A.S.; GRECO, P. J. Efeito do processo de treinamento técnico tático no nível de conhecimento tático declarativo de jovens praticantes de voleibol. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa 2011 McPHERSON, S. L; THOMAS, J. R. Relation of knowledge and performance in boys’ tennis: age and expertise. Journal of experimental child psychology, v. 48, n. 2, 1989. p. 190-211. MOREIRA, V. J. P.; MATIAS, C. J. A. S.; GRECO, P. J. A influência dos métodos de ensino-aprendizagem-treinamento no conhecimento tático processual no futsal. Motriz, v. 19, 2013. p. 84-98.
RYAN, R. M. & Deci, E. L. (2000a). The darker and brighter sides of human existence: Basic psychological needs as a unifying
concept. Psychological Inquiry, 11(4), 319-338.
PAYNE, Gregory V. e ISSACS, Larry D. Desenvolvimento motor humano: uma abordagem vitalícia. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2007, 490p.
PELLETIER, L. G.; FORTIER, M. S.; VALLERAND, R. J.; TUSON, K. M.; BRIERE, N. M.; BLAIS, M. R. Toward a new measure of intrinsic motivation, extrinsic motivation, and amotivation in sports: The Sport Motivation Scale (SMS). Journal of Sport and Exercise Psychology, Champaign, v. 17, n.1, p. 35-35, 1995.
SAMULSKI, D.M. Psicologia do Esporte: conceitos e novas perspectivas. 2 ed
Barueri: Manole, 2009, 496p.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. (2009). Diretrizes Curriculares da Educação Básica Educação Física. Curitiba: SEED. SILVA, R.; MATIAS, T.; VIANA, M.; ANDRADE, A. Relação da prática de exercícios físicos e fatores associados às regulações motivacionais de adolescentes brasileiros. Motricidade, v.8, n.2, 2012. p.8-21 http://www.scielo.br/pdf/refuem/v25n1/1983-3083-refuem-25-01-00015.pdf Acesso15/11/2014 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103166X2011000200013&script=sci_arttext Aceso 17/11/2014 http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/KMCG-7XPHMS/disserta__o_layla___livre.pdf?sequence=1 Acesso 12/04/2015 file:///C:/Users/valeriopinto/Downloads/8355-48954-1-PB.pdf Acesso 22/04/2015