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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO – PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: A Produção de Narrativas de Memórias.

Autor: Lídia Provin.

Disciplina/ Área: Língua Portuguesa.

PDE: 2013

Escola de Implementaçãodo Projeto e sualocalização:

Colégio Estadual Rui Barbosa _ EFMP Rodovia Municipal João Antônio Wolff, S/N.

Município da escola: Nova Laranjeiras – Pr.

Núcleo Regional deEducação:

Laranjeiras do Sul.

Professora Orientadora: Doutora Raquel Terezinha Rodrigues.

Instituição de EnsinoSuperior:

UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste.

Resumo: O ato da leitura, da oralidade e da escrita é um desafio quedeve ser constante aos educadores, pois é ação queencaminha ao desenvolvimento da linguagem, dacomunicação e da construção do conhecimento. “É tarefada escola possibilitar que seus alunos participem dediferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita ea oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversasesferas de interação”. (PARANÁ, 2008, p.48).Assim sendo, o desenvolvimento do discurso e a interaçãosocial, bem como a valorização do eu e do outro, pode seraprimorado com o estudo do gênero memórias. Este trabalho será desenvolvido com alunos de 9º Ano eserá proporcionado o estudo da obra “Memórias da Emília”,de Monteiro Lobato, pois o escritor através desta, relata amemória.Desta forma, este projeto pretende nortear ações que visemmelhorar o discurso, enaltecendo a parte escrita. Aprodução de Narrativas de Memórias como resultado deatividades voltadas à pesquisa, leituras literárias,discussões, escrita e reescrita visando a produção final.O registro do resgate cultural é de extrema importânciacomo meio para o aperfeiçoamento da linguagem e doregistro de narrativas de memórias, escrevendo ereescrevendo a vida.

Palavras-chave: Memórias – Produção – Narrativas.

Formato do MaterialDidático:

Unidade Didática

Público Alvo: Alunos de 9º Ano

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APRESENTAÇÃO

Esta Produção Didático - Pedagógica tem a finalidade de auxiliar a prática

pedagógica visando o aperfeiçoamento do Discurso abordando o Gênero

Memorialístico. Observa-se constantemente, no decorrer do Ensino Fundamental, e

principalmente ao final deste, que alguns alunos apresentam déficit maior no que

tange à parte escrita. Desta forma, as atividades serão norteadas através do Método

Recepcional, mencionado por Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar,

segundo a Estética da Recepção de Hans Robert Jauss. Este método, que tem

enfoque no leitor, visa um encaminhamento metodológico baseado em cinco etapas:

determinação, atendimento, ruptura, questionamento e ampliação dos horizontes de

expectativa.

A escola é um universo de muitas linguagens. As palavras e as imagens

encantam e transformam. O conhecimento prévio, os relatos de vida e a interação

contribuem para o aperfeiçoamento da linguagem.

O ato da leitura, da oralidade e da escrita é um desafio que deve ser

constante aos educadores, pois é ação que encaminha ao desenvolvimento da

linguagem, da comunicação e da construção do conhecimento. “É tarefa da escola

possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a

leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de

interação”. (PARANÁ, 2008, p.48).

Assim sendo, o desenvolvimento do discurso e a interação social, bem como

a valorização do eu e do outro, pode ser aprimorado com o estudo do gênero

memórias. A leitura literária impulsiona o aluno/leitor ao desenvolvimento da

capacidade de compreensão e reflexão, bem como o aprimoramento da oralidade e

da escrita.

Este trabalho será desenvolvido com a obra “Memórias da Emília”, de

Monteiro Lobato, escritor de literatura brasileira. Esta obra é de fácil leitura e gera

encantamento às crianças e adolescentes, pois há também crianças como

personagens, e estas, dialogam com os adultos, confrontando suas experiências e

histórias. Monteiro Lobato, através desta obra, relata a memória. Esta Unidade

Didática pretende nortear ações que visem melhorar o discurso, enaltecendo a parte

escrita. A produção de Narrativas de Memórias como resultado de atividades

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voltadas à pesquisa, leituras literárias, discussões, escrita e reescrita visando a

produção final.

As atividades serão aplicadas a estudantes de 9º ano, pois é fundamental o

despertar da consciência de que ele é sujeito resultante de uma história e como tal

reflete sobre seu tempo no contexto e no espaço. O registro deste resgate cultural é

de extrema importância como meio para o aperfeiçoamento da linguagem e do

registro de narrativas de memórias, escrevendo e reescrevendo a vida.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 assegura no

Art. 1º: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,

nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações

culturais”. (BRASIL, 1996). Desta forma, os docentes têm uma grande

responsabilidade em nortear suas ações visando o aprimoramento da educação.

Neste contexto, a linguagem é caminho para a interação social e a cognição em

todas as disciplinas.

Segundo as Diretrizes Curriculares de Educação Básica do Estado do

Paraná (PARANÁ, 2008), o ensino de Língua Portuguesa norteia-se pelo Conteúdo

Estruturante: Discurso como Prática Social. Cabe à escola proporcionar a leitura, a

escrita e a oralidade, ou seja, o desenvolvimento da linguagem que acontece pela

necessidade de interação social. Desta forma, “assume-se a concepção de

linguagem como prática que se efetiva nas diferentes instâncias sociais [...]”

(PARANÁ, 2008, p. 62-63), ou seja, é através da interação entre sujeitos, na forma

oral ou escrita que o discurso se concretiza. Paraná cita que:

É nos processos educativos, e notadamente nas aulas de Língua Materna,que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de suacompetência linguística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica nasociedade. É na escola que o aluno, e mais especificamente o da escolapública, deveria encontrar o espaço para as práticas de linguagem que lhepossibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias deuso da língua, em instâncias públicas e privadas. Nesse ambiente escolar, oestudante aprende a ter voz e fazer uso da palavra, numa sociedadedemocrática, mas plena de conflitos e tensões. (PARANÁ, 2008, p.38).

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Ainda de acordo com Paraná, faz-se necessário que se possibilite ao aluno

momentos de leitura literária, produção oral bem como escrita. “O trabalho com a

Literatura potencializa uma prática diferenciada com o Conteúdo Estruturante da

Língua Portuguesa (o Discurso como prática social) e constitui forte influxo capaz de

fazer aprimorar o pensamento trazendo sabor ao saber”. (PARANÁ, 2008, p. 77). A

escola é espaço de interação que deve promover essas atividades de uso da língua

para que através das palavras cada sujeito aprimore o seu saber, a sua linguagem:

[...] é no texto – oral ou escrito – que a língua se manifesta em todos osaspectos discursivos, textuais e gramaticais. Por isso, nesta práticapedagógica, os elementos linguísticos usados nos diferentes gênerosprecisam ser avaliados sob uma prática reflexiva e contextualizada que lhespossibilitem compreender esses elementos no interior do texto. (PARANÁ,2008, p. 82).

Desta forma, este projeto terá o Método Recepcional como norteador da

sequência de atividades, mencionado por Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de

Aguiar, segundo a Estética da Recepção de Hans Robert Jauss. Este método, que

tem enfoque no leitor, visa um encaminhamento metodológico baseado em cinco

etapas: determinação, atendimento, ruptura, questionamento e ampliação dos

horizontes de expectativa.

Optou-se por esse encaminhamento devido ao papel que se atribui ao leitor,uma vez que este é visto como um sujeito ativo no processo de leitura,tendo voz em seu contexto. Além disso, esse método proporcionamomentos de debates, reflexões sobre a obra lida, possibilitando ao aluno aampliação dos seus horizontes de expectativas”. ( PARANÁ, 2008, p.74).

No livro A Formação do Leitor, (1993), há o desenvolvimento destas etapas:

detectado o problema, ou seja, dificuldade no desenvolvimento do discurso,

principalmente no que se refere à leitura literária, o professor traça metas para

atender estes alunos proporcionando atividades diversas como leituras,

interpretações, pesquisas e análise da obra, causando, assim, a ruptura, ou seja, o

confronto do conhecimento prévio com o estudado. O resultado deste estudo auxilia

na resolução do problema fazendo que o objetivo proposto seja atingido. A

ampliação dos horizontes de expectativa dos alunos se dará através da maior

aquisição de conhecimento obtido, das produções e indagações que surgirem:

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Tendo percebido que as leituras feitas dizem respeito não só a uma tarefaescolar, mas ao modo como vêem seu mundo, os alunos, nesta fase,tomam consciência das alterações e aquisições, obtidas através daexperiência com a literatura. Cotejando seu horizonte inicial de expectativascom os interesses atuais, verificam que suas exigências tornaram-semaiores, bem como sua capacidade de decifrar o que não é conhecido foiaumentada. (AGUIAR E BORDINI, 1993. p.90 e 91).

Para Regina Zilberman, literatura é fato social. A partir do contato entre obra

e leitor há o horizonte de expectativas. “Pela leitura ele é mobilizado a emitir um

juízo, fruto de sua vivência do mundo ficcional e do conhecimento transmitido”.

(ZILBERMAN, 1989. p.110). A literatura, segundo Jauss, produz efeitos:

Quando age sobre o leitor, convida-o a participar de um horizonte que, pelasimples razão de provir de um outro, difere do seu. É solidária e diferente aomesmo tempo, sintetizando nesse aspecto o significado das relaçõessociais. Quando se soma a isto o fato de que uma obra de época diversareatualiza a experiência do passado, de outra maneira inacessível,compreende-se em que medida a literatura também possibilita umrelacionamento histórico e temporal praticável apenas dessa maneira. Eispor que Jauss sublinha seguidamente a natureza emancipatória da arteliterária: ela, de algum modo, arranca o indivíduo de sua solidão e ampliasuas perspectivas, este alargamento do horizonte dando-lhe a dimensãoprimeira do que pode vir a ser. (ZILBERMAN, 1989, p. 110).

O gênero memorialístico oferece uma diversidade de caminhos que auxiliam

no aperfeiçoamento do discurso e, nesta perspectiva, busca-se oferecer

oportunidades de oralidade que garantam o socializar do conhecimento; de leitura

para amplitude da aquisição de conhecimento e reflexão; da escrita para que “o

sujeito se posicione, tenha voz em seu texto, interagindo com as práticas de

linguagem da sociedade” de acordo com Bakhtin apud Paraná (2008, p.56). O

estudo deste gênero possibilita a verbalização de experiências vividas, o confronto

com o presente e a construção de sentidos. Linguagem viva em constante

movimento. Bakhtin ressalta que o resultado da interação dialógica auxilia na forma

e nas significações do que se diz. Ainda relata que, nesta interação, precisa-se

valorizar o conhecimento de mundo e as histórias de vida que o aluno traz consigo.

(PARANÁ, 2008, p.56).

Para Pierre Bourdieu,(1986), “Falar de história de vida é pelo menos

pressupor – e isso não é pouco, – que a vida é uma história[...]” e que “[...] uma vida

é inseparavelmente o conjunto dos acontecimentos de uma existência individual

concebida como uma história e o relato dessa história”. Assim, com o registro, ou

seja, a escrita dessas histórias é que se aprende a importância da vida e da história

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e através delas, que expressam lembranças, memória, se adquire conhecimento.

(BOURDIEU, 1986, p.183). O escritor relata também a importância e a

individualidade do eu nos espaços sociais:

Como instituição, o nome próprio é arrancado do tempo e do espaço e dasvariações segundo os lugares e os momentos: assim ele assegura aosindivíduos designados, para além de todas as mudanças e todas asflutuações biológicas e sociais, a constância nominal, a identidade nosentido de identidade consigo mesmo, de constantia sibi, que a ordemsocial demanda. E é compreensível que, em numerosos universos sociais,os deveres mais sagrados para consigo mesmo tomem a forma de deverespara com o nome próprio (que também, por outro lado, é sempre um nomecomum, enquanto nome de família, especificado por um prenome). O nomepróprio é o atestado visível da identidade do seu portador através dostempos e dos espaços sociais [...]. BOURDIEU,1996.p.187).

O nome próprio “[...] só pode atestar a identidade da personalidade, como

individualidade socialmente constituída [...]”. ( BOURDIEU, 1996.p.187).

Segundo Eliane Zagury, (1982), observa-se uma riqueza de detalhes que o

texto Memórias menciona, detalhes estes, que revelam lembranças da infância e da

família, das profissões, das características dos locais onde viveram, dos

sentimentos, da natureza, dos internatos, entre outros acontecimentos. Adjetivos e

repetições fazem parte destes textos que retratam a memória, assim como o

aspecto afetivo.

Antes de iniciar o processo de estudo sobre memória literária e escrita de

narrativas de memória, o professor precisa mediar as tarefas de maneira a explorar

o conhecimento de mundo, as lembranças, as sensações, os sentimentos, para que

os alunos saibam organizar as ideias em prol de um texto com maior solidez. Para

isso, as entrevistas, as fotos, os sons, as imagens, as cartas, a imprensa também

são recursos importantes que os estudantes necessitam para desenvolver o senso

crítico. Com isso, terão argumentos significativos para a escrita e reescrita,

estruturando o texto de forma coerente, encantando o leitor através da arte da

escrita literária.

Philippe Lejeune, (2008), em O Pacto Autobiográfico, nos ensina que um texto

de memórias não é totalmente sincero, pois em um texto literário como este, as

identidades se misturam. Quando se escreve, na verdade, compartilha-se dos

desejos e ilusões da pessoa a qual se está entrevistando. O escritor do texto busca

expressar na forma escrita o que ouviu e o que sentiu ao ouvir o sujeito e sua

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história, e nisso, menciona palavras, sensações e sentimentos que talvez o

entrevistado gostaria de ter expressado:

[...] que ilusão acreditar que se pode dizer a verdade e acreditar que temosuma existência individual e autônoma!...Como se pode pensar que, naautobiografia, a vida vivida produz o texto, quando é o texto que produz avida!... Meu propósito em “O pacto autobiográfico” não era entrar nessedebate, mas simplesmente explicitar e descrever as posições e crençasnecessárias ao funcionamento desse sistema. (LEJEUNE, 2008.p.65).

Este pacto, nada mais é do que uma junção de identidades. Assim, uma

narrativa de memória, não deixa de ser uma autobiografia ou um texto de ficção,

depende da maneira que se interpreta. Pacto é contrato. “[...] é preciso admitir que

podem coexistir leituras diferentes do mesmo texto, interpretações diferentes do

mesmo “contrato” proposto”.( LEJEUNE, 2008, p. 57). O autor revela que no

decorrer do tempo é que aprendeu a interpretar textos na íntegra, e lembra,

referindo-se ao seu bisavô e autor de uma autobiografia: “Como fui idiota de pensar

que ele não sabia escrever, quando era eu que não sabia ler”. (LEJEUNE, 2008, p.

76). Revela também a memória no decorrer do tempo tanto na poesia, nos

autorretratos, nas cartas, nos diários nos blogs – nesta era da internet. O percurso

das últimas décadas, desta modernização, gerou diferentes comportamentos,

algumas pessoas optaram pela utilização da internet, outros não se adaptam e,

ainda outros a utilizam em partes. Desta forma percebe-se a dimensão e a

importância das memórias como um recurso que auxilia na forma de expressão e

que o professor pode utilizar como ferramenta no ensino-aprendizagem para um

pleno desenvolvimento da linguagem: “[...] creio na transparência da linguagem e na

existência de um sujeito pleno que se exprime através dela.” (LEJEUNE, 2008.p.65).

Clara Rocha menciona Philippe Lejeune o qual, ao escrever suas obras,

realiza grande levantamento envolvendo o “[...] caráter sociológico, etnológico e

antropológico [...]” referindo-se que a História se utiliza das autobiografias para a

constituição de “arquivos da memória”.( ROCHA, 1992. p.12). E que, muitos estudos

buscam “[...] a inserção histórico-cultural das várias modalidades da escrita

autobiográfica”. (ROCHA, 1992, p.16). Embora se admita que as formas de literatura

autobiográfica estejam mais presentes a partir do Romantismo, anterior a esse

tempo, já havia a “[...]vontade de afirmação do eu [...]”. (ROCHA, 1992, p.16). Assim,

observa-se que todo ser tem a necessidade, no decorrer do tempo, de ser

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reconhecido: “A época contemporânea trouxe transformações sociais de várias

ordens, que tornaram ainda mais premente a necessidade de cada um afirmar a sua

presença irrepetível no mundo”. (ROCHA, 1992, p.18). E mais, “A escrita do eu

pode assim ser encarada como uma forma de salvação individual num mundo que

começa a descrer de sucessivos modelos ideológicos de salvação coletiva”.

(ROCHA, 1992, p.19).

A descrição da memória, do relato do eu, é uma forma de registro que

permeia o mundo literário há muito tempo, pois de acordo com Remédios:

No século XX, diários íntimos, memórias, relatos pessoais, confissõestornam-se produto de consumo corrente, marcados pela crença noindivíduo, pela atitude confessional e pelo objetivo de preservar um capitalde vivências, recordações e fatos históricos”. ( REMÉDIOS,1997, p.09).

Observa-se, com isso, que as narrativas de memória existem há tempo, e é uma

forma de expressar a vida: “Narrando, o homem enuncia continuamente sequências

de acontecimento, pode explicar seu passado e seu presente, aventurando-se pelo

futuro; pode justificar, responsabilizar, ser verdadeiro ou mentir, [...]”. (REMÉDIOS,

1997.p.10). Relatos memorialísticos podem ser encontrados em diversos gêneros

literários, no decorrer do tempo.

Remédios ainda cita Georges May, o qual menciona que:

[...] na narrativa memorialística destaca-se o fundo histórico-cultural filtradopela memória e pela subjetividade de um eu social. Todos osacontecimentos são desvelados pela lembrança, que recorre, muitas vezes,a documentos como registros oficiais, cartas, diários, jornais, para que omemorialista possa, desse modo, persuadir o leitor sobre a verdade do querelata e prestar um serviço àqueles que o sucederão na sociedade.(REMÉDIOS, 1997, p. 13 e 14).

Autores citados nesse livro, por Maria Luiza Remédios observam que:

[...] o autor de uma autobiografia, para a realização de seu projetoautobiográfico, deve recompor a unidade de sua vida através do tempo,revelando o auto - reconhecimento, devido à possibilidade de reconstituiçãoe de decodificação dessa vida em sua globalidade. Assim, ao relatar suahistória, o indivíduo chega a si mesmo, situa-se como é, na perspectiva doque foi. (REMÉDIOS, 1997, p.12).

Há vários gêneros literários que revelam essas lembranças implícitas e que

podem ser utilizados para melhor compreensão e desenvolvimento da

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aprendizagem: biografias, autobiografias, poemas, narrativas, fábulas, entre outros.

Em todo texto há um contexto e em cada gênero as palavras estão dispostas para

serem acolhidas e compreendidas.

O acolhimento da palavra do outro aliado a sua, gera reflexão, conflito de

ideias e, assim, há a força do discurso, que se fortalece e se transforma em cada

um. Desta forma, o discurso se efetiva, visto que educação é a apropriação do

discurso.

A Língua Portuguesa quando ensinada através dos gêneros textuais oferece

diversidade de linguagem que é de extrema importância para a aprendizagem. As

várias formas de comunicação em nosso cotidiano nos auxiliam na socialização, a

partir de e-mail, da leitura de jornais, panfletos, teatro, textos literários, entre outras.

Quando o indivíduo compreende as possibilidades de sentido que há nas

palavras, se apropria de maior habilidade para a interação e a inserção na

sociedade em que vive, pode, assim, observar e se conscientizar da riqueza e da

sabedoria que as culturas trazem consigo. O processo da linguagem em nosso dia-

a-dia se efetiva na relação leitor/ouvinte. Assim, todo diálogo, leitura e / ou produção

interage com o conhecimento que cada pessoa traz consigo gerando novas ideias,

novos conhecimentos, novas transformações.

Está em cada um o aperfeiçoamento do discurso, e no que tange a textos

memorialísticos, a produção dos mesmos é um desafio, pois exige do escritor leitura

significativa e observância redobrada para captar do entrevistado memórias que o

tempo quase apagou. É preciso também selecionar palavras que realmente

transmitam o que o mesmo expressou e que gostaria de ter expressado. Escrever

lembranças/memórias é arte minuciosa; um relato de vida bem escrito é tarefa

grandiosa onde o escritor precisa comprimir o tempo e os acontecimentos, não

interferindo na essência do que ouviu de seu entrevistado.

Para que a produção final de um texto memória em primeira pessoa seja

significativo, a sequência de atividades devem estimular os estudantes não só à

escrita, mas à reescrita. Reescrever é aguçar o senso crítico incrementando a

linguagem; é tentar chegar à perfeição do que se quer expressar.

Chico Viana cita que “Reescrever é sobreviver”:

Reescrever é um componente fundamental do processo da escrita. A razãodisso é que nenhum texto ganha forma da primeira vez em que as palavrassão lançadas no papel. Reescreve-se para chegar ao que se quer dizer.

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Com isso, desenvolve-se o senso crítico e se aprende mais sobre aspossibilidades da língua. (REVISTA LÍNGUA PORTUGUESA. Ano 7. Nº 76.Fevereiro de 2012).

A redação exige a reescrita e os professores precisam oportunizar essa

prática no cotidiano escolar. Com isso, o aluno percebe que escrita e reescrita

também são processos que geram aprendizagem e que elas são fundamentais para

se obter o satisfatório, sem ter receio dos erros, pois tomam consciência de que

estes são ensejos para os acertos e que sempre o que se escreve pode ser

aperfeiçoado em prol do objetivo que se almeja.

MATERIAL DIDÁTICO E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

1ª ETAPA: Determinação dos Horizontes de Expectativas (2 aulas)

Nesta etapa há o reconhecimento do tema. O projeto ressalta “Memórias de Emília”,

leitura e análise da obra literária de Monteiro Lobato. Será proposto o diálogo que se

estabelece entre discursos e interlocutores, slides sobre Memórias e, como

sugestão, a música “ A lista – de Oswaldo Montenegro” para o início da interação

com o tema em estudo. As atividades proporcionarão também maior aquisição de

conhecimento sobre o Gênero Memórias, principalmente quanto a textos

autobiográficos. Autobiografias é uma das formas de narrativas de memórias e, de

acordo com Remédios (1997), elas existem há tempo, e é uma forma de expressar a

vida.

- Conversação a respeito do Projeto: o professor apresenta o trabalho a

ser desenvolvido.

- Slides – Memória e Memórias Literárias: a cada slide os alunos devem ser

instigados a falar a respeito – o que pensam e o que sentem quando leem as

mensagens e observam as imagens. Com esta atividade, desperta-se a oralidade;

as lembranças, a expressão do conhecimento de mundo.

SLIDES

Apresentação de slides “Narrativas de Memórias”.

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- Música: A lista – de Oswaldo Montenegro: Para instigá-los à oralidade sugere-

se a utiização de uma música, nesta proposta será utilizada a música “ A lista”, pois

é arte que encanta e faz lembrar. Ouvir, cantar e proporcionar reflexão e discussão.

Compartilhar ideias afins com o intuito de despertar reflexão sobre a valorização da

vida e dos acontecimentos através dos tempos. Demonstrar que as músicas também

revelam memórias e nos incentivam a contar as lembranças que se tem.

A lista – Oswaldo Montenegro

www. youtube .com/watch?v=_phH_fmZgfk Acesso em 21.10.2013

- Será proporcionada atividade escrita para que relatem algo a cada frase da

música. A partir de então, as respostas devem ser compartilhadas em sala com o

professor e os colegas.

- Questões para serem respondidas de forma escrita e compartilhada.

1. A música acima citada revela memórias? Por quê?

2. Quais as melhores lembranças que ela te proporcionou?

3. Esta música nos ajuda a fazer uma retrospectiva de nossa vida. Baseando-se

nisso, quais pessoas você não vê a tanto tempo e gostaria de encontrar?

4. Escreva qual a relação entre a música com os slides apresentados.

2ª ETAPA: Atendimento dos Horizontes de Expectativas (3 aulas)

Nesta etapa deve-se motivar os alunos a exporem suas histórias.

- Contação de histórias: - os alunos são convidados a se retirar da sala de aula,

buscar um lugar arejado dentro do pátio da escola e, expor aos colegas fatos da

infância que a música e a obra literária os fez lembrar. Desta forma, cada um deles,

além de contar um fato, sentir- se-á valorizado por ser ouvido e, assim haverá maior

interação e respeito com o outro.

- em sala, o professor encaminha os alunos à próxima tarefa: pede aos alunos que

mostrem objetos que trouxeram de casa e contem a história que este objeto o fez

lembrar.

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- Tarefa para casa: conversar com uma pessoa de mais idade e pedir que lhe conte

uma história interessante da infância. Na próxima aula os alunos devem ser

convidados a compartilhar as mesmas.

3ª ETAPA: Ruptura dos Horizontes de Expectativas (10 aulas)

Nesta etapa os alunos podem ser direcionados à atividades de leitura e

interpretação de textos identificando “memórias” em diferentes gêneros. Em seguida

será proporcionada a leitura, compreensão e interpretação da obra literária

“Memórias da Emília”, bem como contextualização da obra com os textos.

- Poema: “Infância” – Carlos Drummond de Andrade. (sugestão)

http://letras.mus.br/carlos-drummond-de-andrade/460647/ Acesso em 16.10.2013

Questões para interpretação:

1. No poema de Carlos Drummond de Andrade pode-se observar a memória? De

que maneira?

2. A história acontece em qual meio? Há várias frases que deixam claro este local,

cite uma delas.

3. Qual é a afirmação que o escritor faz que revela autoestima e conhecimento?

4. Se acordo com a música de Oswaldo Montenegro, “quais seriam nossos grandes

amigos” do poema “ Infância” de Drummond?

5. Qual foi a lembrança que este poema te fez recordar?

Poema: “A arte de ser feliz” – Cecília Meireles. (sugestão)

http://pensador.uol.com.br/frase/MjIzNtMw/ Acesso em 16.10.2013

Questões para interpretação;

1.Qual é o motivo da felicidade que o poema de Cecília Meireles nos revela?

2. Nos versos: “Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,

que estão diante de cada janela,”... O que significa para você a palavra “janela”,

neste contexto?

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3. Qual o significado e a importância de “ aprender a olhar” em nossa vida?

4. Você já aprendeu a olhar a vida? O que você te

- Crônica:“ Como comecei a escrever” - Fernando Sabino. (sugestão)

“Para gostar de ler” - Volume 4 – Crônicas”, Ática – São Paulo, 1980, p.8.

Questões para interpretação:

1. Os poemas “Infância e A arte de ser feliz”, bem como a crônica “Como comecei a

escrever”, retratam memórias. Em qual pessoa gramatical estão escritos estes

textos?

2. Logo, no primeiro parágrafo há uma expressão que revela temporalidade. Cite-a.

3. O que você lembra de quando tinha 10 anos? Compartilhe com seus colegas.

4. O escritor fala da importância da amizade. Você é ajudado e tem ajudado as

pessoas sendo um amigo verdadeiro? Escreva um exemplo.

-Discussão acerca dos textos: este é o momento de sucumbir a leitura -

possibilitar que o aluno interaja com a memória nos diferentes gêneros literários,

fazendo uma correlação com as experiências de vida de cada um, favorecendo a

intertextualidade e o desenvolvimento do senso crítico. Após a interpretação dos

textos faz-se necessário que seja proporcionado este momento para uma discussão

acerca da obra literária “ Memórias da Emília”.

As memórias expressam a vida. Na música, nos textos estudados e o livro

“Memórias da Emília” há a arte do relato das lembranças. Você conhece a história

deste livro de Monteiro Lobato? Converse com seus colegas e escreva o que ela

expressa de interessante que também se pode observar na música e nos textos

estudados.

- Leitura da biografia de Monteiro Lobato – Pré-modernismo: explicar aos

alunos que ao final do séc XIX início do séc XIX houve muitas manifestações

populares contra o sistema político republicano. Autores dessa época, como

Monteiro Lobato tinham perfil ideológico e buscavam retratar a realidade através de

seus escritos. O pré-modernismo nasce a partir de mudanças na cidade e no campo,

e seus conflitos. Os autores buscavam romper com as ideias do passado. Havia

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disparidade econômica, abolição mal executada e anseio da população por uma vida

melhor.

- Leitura do Livro – Memórias da Emília, de Monteiro Lobato: será proporcionada

leitura coletiva do livro com pausas para compreensão dos elementos da

narrativa. Logo após será proposto a interpretação da obra, primeiramente, de forma

escrita e individual e, então, será compartilhada para promover a observação das

diversas opiniões, o respeito a cada uma delas e a reflexão acerca.

Questões para interpretação:

1. Emília - Marquesa de Rabicó, em uma conversa com Tia Nastácia diz que

memórias são a história da vida da gente, com tudo o que acontece desde o dia do

nascimento até o dia da morte. Diz ainda, que não pretende morrer. Por que você

acha que ela pretende sempre viver?

2. Quem Emília escolheu para escrever suas memórias? Por que ela fez esta

escolha?

3. Em uma conversa entre Emília e o Visconde, a história de Robinson Crusoé é

citada como memória, por quê? Você conhece esta história? O que ela revela que

pode ser considerada memória?

4. Emília é uma menina muito esperta e inteligente, mas ao descrever-se, ou seja,

atribuir-se características, diz: “nasci de uma saia velha de tia Nastácia. Eu nasci

vazia. Enchida de macela. Feia...como uma bruxa”. O que ela quis dizer com a

palavra vazia? Você concorda com ela? Justifique.

5. Explique o que Emília quis nos dizer com a frase: “ Piscar é abrir e fechar os olhos

– viver é isso”.

6. A boneca Emília adora um anjinho de asa quebrada. Ao conversar com ele, fala;

“você não imagina como é interessante a língua que falamos aqui”! Você acha

interessante a língua que falamos? Por quê?

7. A menina também relata que a língua tem muitos segredos. Qual é o motivo para

ela assim se referir à língua que fala?

8. As explicações para com o anjinho das coisas aqui da terra continuam e, Emília

diz que o animal mais amigo do homem é o cão. Para você que é jovem, o que é ser

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um amigo? Você tem amigos? Qual é o perfil deles: amigos velhos ou velhos

amigos?

9. Você acha importante ter amigos? Em qual idade?

10. Mencione o nome de alguns amigos que você considera verdadeiros.

11. O sítio de Dona Benta, onde Emília morava era cheio de pessoas que se

consideravam amigas verdadeiras. A amizade e o anjinho atraia crianças do mundo

todo, todos queriam visitar o sítio. Que tipo de amigo mais te chama a atenção e te

faz confiar mais?

12. O anjinho que morava no sítio recebeu o nome de Flor das Alturas. Escreva sua

opinião a respeito, como ele era para merecer esse nome? Parecia ser amigo?

13.Ao ser questionado por crianças que visitavam o sítio, o anjinho responde: “ flor é

um sonho colorido e cheiroso, que com as raízes as plantas tiram do escuro da terra

e abrem no ar. Foi como Emília me ensinou”. De acordo com esta frase e com a

música “A lista” acima citada, cite alguns sonhos coloridos e cheirosos que você tem.

14. A boneca de pano disse à tia Nastácia que suas memórias eram fantásticas. Por

que ela assim as caracterizou? Releia a página 54 e responda.

15. Releia a página 58 e relate o que deixava emília triste. Você concorda com ela?

Justifique.

16. A criançada, no sítio, só cuida de duas coisas, segundo Emília: Brincar e

aprender. Por que isso é importante em nossas vidas?

17. Memórias de Emília acontece em um meio parecido com o poema “Infância” de

Drummond? Justifique.

18. Qual é a história citada neste poema “Infância”e na obra de Monteiro Lobato?

19. Cecília Meireles em seu poema “A arte de ser feliz” menciona a importância de

“aprender a olhar”. Como a personagem Emília de Monteiro Lobato aprendeu a olhar

a vida?

20. De acordo com a crônica de Fernando Sabino “Como comecei a escrever e do

conto “Memórias da Emília” de Monteiro Lobato, qual a diferença quanto à escrita

dessas obras?

Vídeo: Sugestão: assistir ao vídeo “ Memórias da Emília”.

www. youtube .com/watch?v=WNbefMsEIh Acesso em 21.10.2013

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4ª ETAPA: Questionamento dos Horizontes de Expectativas (12 aulas)

Nesta etapa há uma consciência maior do gênero estudado, os alunos sentem-se

mais seguros ao falar a respeito. Assim, eles já podem identificar palavras que são

indispensáveis na estruturação das Narrativas de Memórias. Para ressaltar a

importância do relato dos detalhes – adjetivos - da caracterização das personagem e

do espaço, bem como verbos no pretérito, serão desenvolvidas as atividades

seguintes:

- Produção coletiva de descrição escrita do sítio em que Emília vivia, bem

como das pessoas que moravam com ela.

- Relato escrito de algumas palavras e expressões que se referem ao

passado contidas em “Memórias da Emília”.

- Oswaldo Montenegro na música “A lista” faz um paralelo entre passado e

presente. Quais palavras revelam este paralelo?

- Produção de peça teatral sobre o tema e apresentação.

- Produção de maquete do Sítio do Picapau Amarelo e suas personagens.

- Atividades sobre adjetivos e verbos: faz-se necessário que se recorde as duas

classes gramaticais que sempre estão presentes no gênero memórias literárias:

adjetivos e verbos no pretérito, bem como expressões que remetem ao passado.

Com a apresentação teatral, a produção de maquete e as atividades escritas os

alunos observam essa caracterização. Desta forma, eles podem ser encaminhados

à próxima atividade, para que ao chegar nas produções finais, estruturem uma

narrativa de memória de forma adequada:

- Produção de poesia com rima atribuindo adjetivos as pessoas da família

relatando as características de cada um.

5ª ETAPA: Ampliação dos Horizontes de Expectativas (6 aulas)

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Nesta etapa os alunos estão mais críticos podendo observar que, no dia a dia, as

pessoas falam e ouvem muito mais do que escrevem e que há a necessidade de

registro do passado. Com maior conhecimento do assunto, os alunos observam

que das leituras e oralidade surgem histórias que retratam memórias e

precisam ser preservadas. O resultado de uma comunicação oral eficiente pode

ser registrado através da escrita, que também merece atenção e aperfeiçoamento.

Proporcionar o ato da leitura e da oralidade é tarefa de todo educador, visto que o

ler, o saber ouvir e o saber expressar-se é de extrema importância para que a

comunicação se concretize. Desta forma pode-se envolver os alunos nas práticas de

uso da língua e aperfeiçoando o discurso, proporcionando o relato escrito dessas

histórias.

- Produção de Entrevista: o professor questiona os alunos sobre quais

curiosidades têm quanto às épocas que os antecederam, os acontecimentos, os

fatos vividos, as mudanças na sociedade, e assim, coletivamente, formular

questionário para posterior entrevista à pessoas de mais idade. É preciso motivá-los

para que imaginem, a princípio, qual pessoa deseja entrevistar. É preciso despertar

a curiosidade do aluno quanto à pesquisação, fazendo um paralelo sobre passado e

presente e suas respectivas transformações, resgatando respeito, admiração e

reconhecimento.

- Produção Textual: o professor deverá fazer oralmente uma retrospectiva das

atividades realizadas, ou seja, expor a importância da leitura literária, da interação e

do resgate histórico e propor aos alunos a escrita de uma Narrativa em terceira

pessoa, de acordo com a entrevista realizada anteriormente, explicando que

precisam registrar características, sentimentos e sensações observadas no decorrer

da mesma. Com isso, os alunos podem reconhecer que somos parte de uma história

e que o passado se faz presente na vida de todos, e ainda, que a produção de um

texto memórias é instrumento de comunicação que amplia nossos horizontes. A

partir de então, as Narrativas de Memórias serão lidas aos colegas.

- Produção de uma Narrativa sobre sua Infância: os alunos devem ser instigados

a escrever sua própria história – uma autobiografia

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- Produção de uma coletânea com os textos produzidos: digitação dos textos

pelos alunos, produção da coletânea e ilustração. Os alunos poderão compartilhar

com a comunidade escolar através de exposição em mural e também presentear as

pessoas entrevistadas com uma coletânea, para que as mesmas sintam-se

lisonjeadas observando sua história de vida escrita e compartilhada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LOBATO, Monteiro. Memórias da Emília. 43ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

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Pré – modernismo Monteiro Lobato. Disponível em:<http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?

conteudo=563 Acesso em 07.11.2013