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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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O CONHECIMENTO POLÍTICO COMO MEIO DE CONSCIENTIZAÇÃO

NA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

Divair Mari de Lima Cruz1

Lino Trevisan2

RESUMO: Este artigo relata a implementação do projeto, O conhecimento político como meio de conscientização na sociedade democrática, desenvolvido com alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Profª Lindaura Ribeiro Lucas, em São José dos Pinhais, PR, como parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná. O principal objetivo do estudo foi o de mostrar que a política não se refere apenas aos processos eleitorais, mas se faz presente também em ações próximas aos educandos, desafiando os discentes a refletir a cidadania enquanto direitos civis, sociais e políticos, relacionados com a política em um sistema democrático, a partir do seu contexto, como Associação de Moradores, Associação de Pais Mestres e Funcionários (APMF), e Sindicato. Desta forma, ao discutir a política presente em atividades cotidianas, foi possível despertar nos discentes o interesse pelo estudo do tema política. Para o desenvolvimento do projeto utilizou-se noções de cidadania, conscientização e participação. Na discussão destas noções recorreu-se às contribuições de autores como Maria Victória Benevides, diferença entre direitos humanos e cidadania. Marshall, definindo cidadania, Maria Lourdes Cerquier-Manzini, cidadania ligada aos direitos, Paulo Freire e Marcelo Ridenti, conscientização e participação política, e outros autores . Metodologicamente foram desenvolvidas ações e atividades com os educandos, com o objetivo de conscientizá-los que o mundo da política existe próximo à eles.

Palavras-chave: Cidadania. Conscientização. Participação. Direitos.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo relata a implementação do projeto, O conhecimento político

como meio de conscientização na sociedade democrática, desenvolvido com

alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Lindaura Ribeiro Lucas, em

São José dos Pinhais, PR, como parte do Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) do Estado do Paraná.

O principal objetivo do estudo foi o de mostrar que a política não se refere

apenas aos processos eleitorais, mas se faz presente também em ações próximas

aos educandos, desafiando os discentes a refletir a cidadania enquanto direitos

civis, sociais e políticos, relacionados com a política em um sistema democrático, a

partir do seu contexto, como Associação de Moradores, Associação de Pais, Mestres

e Funcionários (APMF), e Sindicato. Desta forma, ao discutir a política presente em

atividades cotidianas, foi possível despertar nos discentes o interesse pelo estudo do

tema política. Nas palavras de Freire:

1 Professora PDE 2013/2014- SEED-PR. Pós Graduada, Magistério 1º e 2º Graus. IBPEX2 Professor de Sociologia do Departamento Acadêmico de Estudos Sociais, Câmpus Curitiba, da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mestre em Tecnologia pela UTFPR e Doutor em Sociologia pelo IFCH / Unicamp.

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Na medida em que os homens, simultaneamente refletindo sobre si e sobre o mundo, vão aumentando o campo de sua percepção, vão também dirigindo sua “mirada” a “percebidos” que, até então, ainda que presentes ao que Husserl chama de “visões de fundo”, se destacavam, não estavam postos por si. (FREIRE, 2013, p. 99).

A reflexão da política relacionada com a cidadania, sobre grupos sociais

próximos aos estudantes possibilitou uma articulação dos conhecimentos científicos

contidos na programação do terceiro ano do Ensino Médio de uma forma

significativa, traduzida na linguagem entendida pelos alunos, desvinculando-se a

ideia de que a política se restringe apenas aos processos eleitorais a qual encontra-

se desacreditada pelos estudantes. Promoveu-se um estudo para evidenciar que a

política está presente em diversas situações. Desenvolveram-se várias estratégias

articulando teoria com atividades práticas, para motivar os alunos a perceberem a

importância desse tema na sociedade democrática.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para o desenvolvimento do projeto utiliza-se noções de cidadania,

conscientização e participação. Na discussão destas noções recorre-se às

contribuições de autores como Maria Victória Benevides, diferença entre direitos

humanos e cidadania. Marshall, definindo cidadania, Maria Lourdes Cerquier-

Manzini, cidadania ligada aos direitos, Paulo Freire e Marcelo Ridenti,

conscientização e participação política, e outros autores.

Os direitos dos cidadãos não são iguais aos direitos humanos, para Maria

Victória de Mesquita Benevides:

Cidadania e direitos da cidadania decorrem de uma determinada ordem jurídico-política de um Estado, no qual uma Constituição estabelece os controles sobre os poderes e define quem é cidadão, que direitos e deveres ele terá em razão de uma série de variáveis tais como idade, estado civil, condição de sanidade física e mental, fato de estar ou não em dívida com a justiça. Do ponto de vista legal, os direitos do cidadão e a própria ideia de cidadania não são universais. (MEC/UFPB, 2008, p. 146).

Os governos podem mudar a legislação, por exemplo o Código Civil,

estabelecendo direitos iguais para os homens e mulheres em determinadas

situações, como por exemplo, dos cônjuges em relação aos filhos. Alterar normas

referentes ao dever do voto, isenção de impostos para uma determinada categoria,

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etc.

Para Benevides (2008), mesmo não sendo iguais os direitos do cidadão

podem coincidir com os direitos humanos, os direitos humanos são mais vastos e

abrangentes. Em sistemas de governo democráticos jamais os direitos do cidadão

podem ser invocados para justificar a violação de direitos humanos. A autora cita

como exemplo que “o direito à segurança não justifica violência abusiva da polícia

ou de particulares contra suspeitos, criminosos e o direito de autoridade dos pais

sobre os filhos não justifica humilhações e maus tratos”. (MEC/UFPB, 2008, p.147).

Benevides coloca ainda, alguns exemplos da diferença entre direitos humanos e

direitos ligados à cidadania:

(…) uma criança não é cidadã plena, no sentido jurídico, uma vez que não tem certos direitos do adulto, pois não é responsável pelos seus deveres frente ao Estado, nem outrem. No entanto, as crianças são titulares dos direitos fundamentais; assim também um incapacitado mental não é um cidadão pleno, mas continua integralmente credor dos Direitos Humanos; o mesmo ocorre com os presos, que têm direitos civis limitados, os indígenas tutelados não são cidadãos por inteiro, mas devem ser integralmente respeitados, a começar pelo direito às suas terras e a sua cultura (…). Os jovens têm direitos de cidadania limitados por faixas etárias, para votar, casar, abrir negócios, assumir cargos públicos, prestar contas à justiça etc – mas são plenamente titulares dos direitos humanos. Isto é, daqueles direitos que garantem uma vida digna. (MEC/UFPB,147-148).

O Estado tem a obrigação de garantir os direitos, através da Constituição ou

por meio de políticas públicas. Estas muitas vezes só são implementadas pela

pressão exercida por grupos organizados na sociedade.

A Constituição Federal de 1988, foi a primeira constituição democrática do

país. Fruto de muitas lutas e reivindicações de grupos da sociedade civil

organizados, foi muito importante para o país recém-saído de um sistema de

governo ditatorial, no qual muitos dos direitos constitucionais não foram respeitados.

Somente a Constituição não garante os direitos adquiridos. As sociedades

podem estar mais próximas ou distantes de uma cidadania, isto depende do grau de

ação dos indivíduos, dos grupos e das pessoas aprenderem a incorporar os

princípios da democracia e a conscientização politica. Segundo Maria Lourdes

Cerquier-Manzini “As pessoas tendem a pensar a cidadania apenas em termos dos

direitos a receber, negligenciando o fato de que elas próprias podem ser o agente da

existência desses direitos”. (2010, p. 13).

Os indivíduos transferem para outros os deveres que lhes cabem,

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esquecendo-se que eles próprios são responsáveis pela obtenção dos direitos. Se

existem problemas na sua comunidade, no seu trabalho, na escola é necessário que

se organizem, que conheçam os caminhos e instrumentos legais da democracia

para pressionar os órgãos responsáveis e serem atendidos em suas reivindicações,

assegurando, na prática os direitos previstos constitucionalmente.

Para Norberto Bobbio, o constitucionalismo tem na Declaração Universal dos

Direitos Humanos um dos seus momentos centrais de desenvolvimento e conquista,

que consagra as vitórias do cidadão sobre o poder. O autor acrescenta:

Direitos do homem, democracia e paz são três momentos necessários do mesmo movimento histórico: sem direitos do homem reconhecidos e protegidos, não há democracia; sem democracia, não existem as condições mínimas para a solução pacífica de conflitos. (BOBBIO, 2004 p. 01).

Na concepção de T. H. Marshall (1967) a Europa Ocidental passou por uma

ordem na conquista de direitos. Em primeiro lugar os Direitos Civis, depois os

Direitos Políticos e por último os Direitos Sociais, nos séculos XVIII, XIX e XX,

respectivamente. O autor argumenta que a cidadania só é plena se dotada das três

formas de direito, e esta condição está ligada à classe social.

No Brasil existe ligação entre os direitos, talvez não nesta ordem citada por

Marshall. Os direitos políticos, civis e sociais, efetivaram-se no país, a partir da

Constituição de 1988, com a redemocratização e continuam necessitando de

sustentação pela sociedade, muitas vezes para não perder o que já está garantido,

como é o caso de alguns direitos trabalhistas. Para Benevides, “é fato inegável, no

entanto, que, no Brasil, sempre tivemos a supremacia dos direitos políticos sobre os

direitos sociais”. (2008, p. 150).

Na análise de Cerquier-Manzini (2010) os direitos estão interligados porque

para a consolidação dos direitos civis e sociais, os direitos políticos devem estar

assegurados em termos constitucionais para uma efetiva cidadania.

2.1 Direitos Civis

Os direitos civis referem-se às liberdades individuais, como direito à vida,

dispor do próprio corpo, locomoção, segurança, liberdade de expressão, à

propriedade, à igualdade perante a lei, a não ser julgado fora de um processo

regular, não ter o lar violado.

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Compete ao Estado a garantia dos direitos civis a todos os indivíduos, mas

somente isso não garante o seu estabelecimento. A sociedade sempre tem de estar

alerta pois muitas vezes, dependendo da ideologia de grupos que assumem o poder

em determinadas épocas, alguns direitos podem ser cerceados.

De acordo com Cerquier-Manzini (2010), no Brasil na época da Ditadura

Militar, ocorreu um período de anticidadania, restrições à liberdade, prisões, tortura e

até a eliminação de pessoas que faziam oposição à forma de governar dos

dominantes. A autora reflete sobre as consequências deste regime: “a população é

levada à marginalidade devido à própria exclusão (e, portanto, repressão) que foi

submetida pelo regime tecnocrático militar, cuja estrutura ainda hoje subjaz de algum

modo” (CERQUIER-MANZINI, 2010, p. 17).

No Brasil, da mesma forma que em outros países, a luta pelos direitos civis

têm sido muito intensa, mas é necessário fazer-se respeitar esses direitos. A

efetivação destes dependem dos direitos políticos e estes dependem de uma

verdadeira democracia.

2.2 Direitos sociais

Os direitos sociais foram construídos historicamente e, portanto, fruto das

interações e conflitos de grupos sociais em determinadas épocas da história. Direito

de usufruir da riqueza produzida pelos seres humanos, como moradia, saúde,

alimentação, educação e lazer. Cerquier-Manzini chama atenção para o rumo que

assumiram os direitos sociais na era contemporânea:

É precisamente sobre esses direitos sociais que os detentores do capital e do trabalho têm construído a sua concepção de cidadania. Com ela, procuram administrar de uma forma passiva, receptora desses direitos, que supostamente devem ser agilizados espontaneamente pelos capitalistas e pelos governantes. Mas ao mesmo tempo, essa concepção de cidadania faz parte de um conjunto de modificações do capitalismo contemporâneo que pode acenar com uma sociedade melhor. (CERQUIER-MANZINI, 2010, p. 19).

O exercício da cidadania exige dos sujeitos a prática de uma interpretação da

realidade, pois existirão sempre homens e mulheres, grupos e indivíduos singulares,

minorias e estratos particulares submetidos a algum tipo de humilhação,

degradação, injustiça e opressão.

Segundo Paulo Freire:

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O grande problema está em como os oprimidos, que “hospedam” o opressor em si, participam da elaboração, como seres duplos, inautênticos, da pedagogia de sua libertação. Somente na medida em que se descubram “hospedeiros” do opressor poderão contribuir para o partejamento de sua pedagogia libertadora. Enquanto vivam a dualidade na qual ser é parecer e parecer é ser com o opressor, é impossível fazê-lo. (FREIRE, 2013, p.43).

Ou seja, a educação, ocorre através de mecanismos existentes na sociedade,

além da escola, em outras instituições como a igreja, empresas, família, movimentos

populares, etc, baseando-se em conceitos, valores, ideologias. Este processo

educativo pode ser de reprodução das estruturas estabelecidas, como de

conscientização para para a transformação da sociedade. Nesse contexto a

instituição escolar pode ser um espaço privilegiado para promover a conscientização

visando à construção de uma sociedade digna e humana.

2.3 Direitos políticos

Os direitos políticos, segundo Cerquier Manzini (2010, p. 20) “dizem respeito

à deliberação do homem sobre sua vida, ao direito de ter livre expressão de

pensamento e prática política, religiosa etc”. A autora acrescenta ainda, os direitos

políticos:

(…) relacionam-se à convivência com os outros homens em organismos de representação direta (sindicatos, partidos, movimentos sociais, escolas, conselhos, associações de bairro, etc.) ou indireta (pela eleição de governantes, parlamentos e assembleias), resistindo à imposição de poderes (por meio de greves, pressões, movimentos sociais). (CERQUIER-MANZINI, 2010, p. 20).

No Brasil os direitos políticos revezam-se entre ditaduras e democracias. De

1945 a 1964 pode-se considerar a primeira experiência democrática. Os direitos

políticos e civis são mantidos na Constituição de 1946. Para Carvalho:

Até 1964, houve liberdade de imprensa e de organização política apesar das tentativas de golpes militares, houve eleições regulares para presidente da República, senadores, deputados federais, estaduais, governadores, prefeitos e senadores. (2013, p. 127).

Com a ditadura de 1964 os direitos políticos são suspensos, e também os

direitos civis são prejudicados, principalmente com a suspensão da liberdade de

expressão e de organização, através dos instrumentos legais, os chamados Atos

Institucionais empregados pelos governos militares. Com isso também, as

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associações, movimentos sociais e os sindicatos tiveram suas atuações restringidas.

O período de 1968 a 1974 da ditadura militar representou a fase mais obscura

da história do país, em relação aos direitos civis e políticos. As medidas repressivas

atingiram o seu ápice. A censura foi mais forte aos jornais, livros e outros meios de

comunicação. Controle de partidos, ameaça de intervenções em sindicatos, o

próprio direito à vida foi desrespeitado, entre outros.

Refletir a política relacionada com a cidadania, a partir das noções de direitos

sociais, civis, políticos, deveres, participação e conscientização propiciou uma

superação do conhecimento do plano da doxa para uma capacidade de

racionalização.

A reflexão da política relacionada com a cidadania, sobre grupos sociais

próximos aos estudantes possibilitou uma articulação dos conhecimentos científicos

contidos na programação do terceiro ano do Ensino Médio de uma forma

significativa, traduzida na linguagem entendida pelos alunos, desvinculando-se a

ideia de que a política se restringe apenas aos processos eleitorais a qual encontra-

se desacreditada pelos estudantes.

Metodologicamente foram desenvolvidas ações e atividades com os

educandos, com o objetivo de conscientizá-los que o mundo da política existe

próximo a eles.

3. METODOLOGIA

O Projeto de Intervenção Pedagógica foi uma das atividades realizadas

durante o Programa de Desenvolvimento Educacional em parceria com a IES -

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, sendo orientada pelo professor doutor

Lino Trevisan. O programa foi desenvolvido em etapas. No primeiro ano, 2013, a

elaboração do Projeto de Intervenção Pedagógica, em seguida da Produção de um

Material Didático para ser implementado no segundo ano do programa com os

educandos e compartilhado com o grupo de professores do Estado do Paraná, no

curso de educação à distância, denominado Grupo de Trabalho em Rede (GTR).

Após a implementação da intervenção pedagógica, realizada no primeiro

semestre do segundo ano, conclui-se o trabalho com a escrita deste artigo, última

etapa do PDE, no qual faz-se uma síntese das principais atividades desenvolvidas

durante a implementação do projeto.

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A metodologia utilizada foi uma pesquisa bibliográfica que permitiu o acesso a

ideias de autores relacionados ao tema em questão. Através desta, foi possível obter

um conhecimento mais profundo sobre o tema recorrendo à noções dos autores,

Marshall, Maria Lourdes Cerquier-Manzin, Paulo Freire e Marcelo Ridenti, e outros

autores.

Uma vez descrito os procedimentos, a seguir será apresentada a síntese das

atividades desenvolvidas. A pesquisa ação conduziu à aplicação em sala de aula do

material didático e das ações previstas como dinâmicas de grupo, discussões,

leituras de textos e análise de filme, pesquisa de campo e bibliográfica, atividades

para favorecer a interação entre os educandos com a temática proposta para ser

desenvolvida no projeto “O conhecimento político como meio de conscientização na

sociedade democrática”. As ações foram desenvolvidas e integradas com o material

didático sobre o sindicalismo e suas relações políticas, elaboradas durante a

segunda etapa do PDE.

O tema sindicalismo e suas relações políticas foi priorizado no material

didático, visando trazer à tona, ações políticas presentes nesta instituição e muitas

vezes não percebidas pela sociedade e pelos alunos, como afirma Queiroz 2014,

“um dos objetivos do sindicato é a politização de maneira constante e sempre

visando à consciência política dos trabalhadores”.

Outro motivo é que esses alunos estão a procura de trabalho e outros já

trabalhando em condições precárias em relação aos direitos trabalhistas.

4. RESULTADOS

As atividades do material didático e das ações propostas foram realizadas de

maneira que os alunos entendessem a relação do conteúdo científico e a política

vivenciada no cotidiano.

Inicia-se com a apresentação do projeto para os alunos. Em um segundo

momento, ação sobre o resgate histórico do colégio, com o intuito de familiarizar o

assunto, fez-se perguntas, sobre o tema e alguns alunos já haviam escutado

comentários superficiais de como tinha sido. Ficaram curiosos e interessados em

buscar mais informações.

Recorrem ao Projeto Político Pedagógico da Escola, ao site do colégio e

consulta aos pais. Conseguem elaborar um texto relatando o histórico do Colégio,

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evidenciando que a formação deste dependeu de ações que envolveram a

comunidade. O projeto inicial onde localiza-se a escola hoje, na sua fundação era

para ser uma universidade particular. A comunidade não contava nas imediações

com uma escola pública de grande porte que ofertasse, ensino fundamental e

médio.

Foi então que se uniram, comunidade, professores, políticos, associação de

moradores, religiosos, poderes constituídos, e iniciaram esta reivindicação. O nome

do colégio, professora Lindaura Ribeiro Lucas, foi em homenagem a esta professora

que se envolveu muito neste processo. E ficaram também curiosos para saberem

quem era o prefeito da época. Em uma etapa posterior, pesquisaram e

acrescentaram no texto. Esta ação foi muito construtiva, pois ficou claro para os

estudantes, a força que um grupo organizado exerce, para conseguir algo, no caso a

Escola, que beneficiou a própria comunidade, e que dependeu das ações conjuntas

de vários setores da sociedade. Perceberam que além da participação de

representantes políticos, todo o processo ocorrido constituiu-se em ato político. E

quando todos se unem em torno de um objetivo comum alcança-se um melhor

resultado.

Em seguida, dá-se início à utilização do material didático com os alunos,

sobre o Sindicalismo e Suas Relações Políticas, tendo como primeira atividade a

projeção do filme “Lula, o filho do Brasil”.

Durante o tempo em que os alunos assistem ao filme, ficaram bem

concentrados e interessados, perguntaram sobre o momento político da ditadura

militar, abordado em alguns trechos do filme, quando o personagem Luiz entra para

o Sindicato dos Metalúrgicos e se envolve chegando à presidência do sindicato. E

também cenas como a pobreza, a seca nordestina chamaram a atenção dos alunos.

Foram desenvolvidas questões sobre o filme, para serem respondidas em dupla. Na

sequência, ocorreu a exposição das respostas elaboradas pelos discentes, seguidas

de discussões sobre as questões levantadas e expostas oralmente pelos alunos.

Durante esta etapa procurou-se avaliar o processo ensino-aprendizagem,

observando se houve interação entre o sujeito com o objeto do conhecimento.

Com o objetivo de subsidiar teoricamente as análises dos estudantes sobre o tema

sindicalismo e suas relações políticas promoveu-se uma pesquisa bibliográfica sobre

as três maiores centrais sindicais do Brasil, Central Única dos Trabalhadores( CUT),

Central Geral de Trabalhadores (CGT) e Força Sindical. Após o estudo, os discentes

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apresentaram oralmente as pesquisas e durante as apresentações, mostraram-se

bastante interessados, nas questões dos direitos trabalhistas reivindicados pelas

centrais de trabalhadores, na questão do poder dentro das centrais, do envolvimento

na política de muitos dirigentes, a perda de alguns direitos trabalhistas na

atualidade, como mudanças na questão da hora extra, trocada pelo banco de horas,

flexibilização dos contratos de trabalhos, terceirização, e questões sobre o

neoliberalismo vieram à tona. Também perguntaram se o sindicato pode garantir os

empregos para os trabalhadores. Demonstraram também medo pelo desemprego e

como o Estado poderia garantir isso. Todas as questões suscitadas foram

discutidas, levando os educandos a refletir sobre o tema.

Essa atividade de pesquisa sobre as centrais sindicais foi muito gratificante,

observou-se que a partir de um tema específico, direcionado pelo material didático,

houve uma série de questionamentos relevantes e atuais para a vida dos discentes,

relacionadas ao mundo do trabalho e também ao tema da política.

Outra ação realizada foi uma pesquisa na Internet sobre greves em 2014, e

as que mais chamaram a atenção foram a greve dos metroviários em São Paulo e a

dos Professores no Estado do Paraná. Apresentaram oralmente a pesquisa e

algumas equipes mostraram imagens das greves.

Durante as apresentações surgiram dúvidas relacionadas às falas que os

noticiários das TVs mostram, de um lado os grevistas e de outro os patrões. Sempre

os números anunciados sobre o total de grevistas são diferentes. Aí veio a

pergunta: em quem acreditar? E o esclarecimento foi o de que sempre há interesse

em determinado lado manipular os dados, objetivando fortalecer seu argumento e

enfraquecer o discurso do outro. Após refletir sobre a questão houve a seguinte

resposta deles, “é claro que a corda arrebenta do lado mais fraco”. Falaram também

que a maioria das greves mostradas na TV, é de funcionários públicos, sejam

estaduais, federais ou municipais, e que poucas categorias da iniciativa privada

fazem greves, e indagaram, será que eles têm medo de serem mandados embora?

Lembraram do filme “Lula, o filho do Brasil”, e comentaram, que quando se

tem organização, conscientização e união da categoria a greve é possível.

A ação sobre a Associação de Pais Mestres e Funcionários (APMF), foi bem sucinta.

Os alunos conheceram os membros da APMF, a função de cada um deles através

de uma entrevista com a Diretora da Escola, e uma entrevista com a Presidente da

APMF, que dirige a cantina, perguntas como para quem vai o dinheiro arrecadado

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da cantina era uma das curiosidades dos alunos, se a cantina recebe verbas do

governo, a presidente esclareceu que o dinheiro vai todo para a escola para

complementar as despesas que as verbas do governo não cobrem.

Com os outros membros da APMF professores, funcionários, não foi possível

estender a pesquisa, pois o cotidiano escolar é muito dinâmico, e contamos com a

falta de tempo de todos os envolvidos, para maiores esclarecimentos, estes

questionamentos podem continuar nos próximos anos, com outros alunos a partir

desse trabalho, para o exercício da cidadania num sistema democrático, há a

necessidade de transparência em todas as questões do setor público.

A pesquisa de campo sobre a situação trabalhista nas imediações do Colégio

Lindaura Ribeiro Lucas, de empregados em atividades do comércio, indústrias e

prestação de serviços, foi também uma das atividades propostas no material

didático. Divididos em grupos, os alunos entrevistaram os informantes,3 utilizando-se

de um questionário previamente elaborado. Em seguida os dados coletados foram

organizados, elaboraram-se os gráficos e os resultados foram analisados.

Nesta atividade houve muita interação entre os alunos e a comunidade, despertando

muito interesse e motivação para o trabalho.

Outra ação realizada foi a palestra com o presidente da Associação de

Moradores do Conjunto Urano, bairro Afonso Pena, São José dos Pinhais - PR,

visando uma aproximação da comunidade e dos educandos, para um maior

esclarecimento de questões cotidianas de uma associação e suas relações com a

política.

Esta atividade foi muito dinâmica, os alunos sob orientação da professora,

preparam as perguntas previamente e durante a palestra houve muita interação

entre eles e o palestrante. O que chamou a atenção deles, foi o fato da necessidade

de envolvimento entre os moradores, com a associação e com os poderes

constituídos, principalmente o municipal, e que uma associação pode ser a ponte

entre os órgãos públicos e a população. Quiseram saber os caminhos legais para se

formar uma Associação de Moradores e quais as maiores necessidades dos

moradores que procuram a Associação, como a Associação sobrevive

economicamente, se recebe verbas do governo, se o presidente ganha um salário,

se os políticos usam a Associação para pedir votos, etc.

Todas as perguntas foram respondidas pelo palestrante, havendo um ótimo

3 Foram aplicados 23 questionários com dez perguntas.

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diálogo, com os discentes. Perguntaram também se o presidente pertencia a algum

partido político. Ele respondeu que sim e que na eleição de 2012 tinha sido

candidato a vereador, mas que agora não pretende mais se candidatar.

Paralelamente à aplicação do projeto de intervenção, ocorreu o Grupo de

Trabalho em Rede - GTR que é uma das atividades obrigatórias do PDE previstas

no Plano Integrado de Formação Continuada do Programa, cujo objetivo é a

socialização das produções do Professor PDE por intermédio da interação deste

com os demais professores da Rede Estadual de Ensino, no qual os professores

PDE são tutores deste curso que é na modalidade à distância, e cada professor na

sua disciplina, compartilha o projeto de intervenção pedagógica com os professores

inscritos. Com dezessete professores de Sociologia participantes, discutiu-se,

debateu-se, compartilhou-se experiências, trocas de informações, sugestões e

conhecimentos.

As realidades eram bem diversas, mas o objetivo de todos era o mesmo.

Ampliar os conhecimentos para a melhoria do ensino aprendizagem em sala de

aula. E a Sociologia como disciplina propõe um olhar para além da realidade

aparente dos fenômenos.

A participação dos cursistas foi muito efetiva, houve sugestões que poderiam

ser trabalhadas também para aproximar os alunos da política como por exemplo, o

grêmio estudantil e o Conselho Escolar, pois também sentem em vários alunos um

descrédito com relação à política brasileira, afinal muitos alunos compreendem

somente o que perpassa o senso comum. Enfatizaram que o conhecimento político

é fundamental para que nossos estudantes se sintam sujeitos históricos atuantes e a

necessidade da compreensão de como se deram as conquistas dos direitos dos

cidadãos.

A descrença das instituições políticas nesse momento da história brasileira,

por parte dos alunos, é sentida também em sala de aula por esses professores

participantes do GTR. As abordagens sugeridas no projeto, o conhecimento político

para a participação na sociedade democrática, objetivam proporcionar mais

proximidade da política, com o dia a dia dos discentes, amenizando a aversão, que

são levados a ter sobre o tema, quando vem à tona os escândalos de corrupção

política, noticiados, e evidenciados, pela mídia. Esquecendo da força do povo em

uma democracia.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração das ações e a aplicação do material didático foi significativa para

os discentes envolvidos. Evidenciaram interesse durante todas atividades

realizadas, interagindo com os conteúdos científicos, com a professora enquanto

mediadora das atividades e ações, dialogando, discutindo, tirando dúvidas, trazendo

informações, relacionando a prática com a teoria de uma forma agradável e

descontraída. O desenvolvimento das ações do projeto e a aplicação do material

didático colaborou para uma interação entre os conteúdos científicos previstos na

programação do 3º Ano do Ensino Médio, traduzida em uma linguagem acessível

aos discentes, porém com certas limitações do próprio sistema educacional, como o

número de aulas de Sociologia durante a Semana e a singularidade de cada

discente e legitimação de certos conceitos existentes sobre a política.

O trabalho oportunizou reflexões de maneira responsável, com o envolvimento

de todos os estudantes do 3º A, do Ensino Médio. O desempenho nas atividades e

nas ações foi bom, debatendo, questionando, interagindo uns com os outros. A

aprendizagem destes alunos neste ano foi superior a de turmas anteriores. Outro

diferencial significativo foi comportamental, não ocorrendo durante o ano

praticamente nenhum problema com indisciplina, atraso nas entregas de trabalhos e

atividades solicitadas.

Durante o período de desenvolvimento do projeto foram encontradas algumas

dificuldades na aplicação das ações, primeiro o número de ações previstas no

projeto foram muitas, para o tempo previsto de aplicação e isto fez com que fosse

dado mais ênfase para o material didático, o sindicalismo e suas relações, as outras

ações foram de uma forma mais prática não dando tempo de se aprofundar

teoricamente nos temas. O dia a dia da escola é dinâmico e alguns imprevistos

como a greve dos professores do Estado do Paraná, a adaptação do calendário para

a copa do Mundo, mudança da grade de Sociologia no ano de 2014, passando de

três para duas aulas semanais, foram fatores que contribuíram para que não fosse

possível aprofundar plenamente todas as atividades previstas. Porém o trabalho foi

muito produtivo tanto para os alunos, quanto para mim enquanto docente, dando um

estímulo de continuar o trabalho, com outras turmas nos próximos anos, pois percebi

que o tema política, quando trazido em situações próximas aos educandos causa

um maior interesse em estudá-lo cientificamente.

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Para a continuidade das ações previstas, com o intuito de trazer a política, mais

próxima ao discente, ficaria mais acessível se fosse optada, por uma das ações em

cada turma. Se o Colégio tiver quatro turmas de terceiro ano, trabalhar-se-ia as

quatro ações, a APMF, o Sindicalismo, a Associação de Moradores e Histórico do

Colégio, ou outras que poderão ser adaptadas como por exemplo, o Grêmio

Estudantil do Colégio e o Conselho Escolar, sendo uma ação para cada turma.

O desenvolvimento do projeto permite dizer que através dessas atividades, sobre

temas que muitas vezes não despertam muito interesse nos discentes, como é o

caso da política, é possível através do contexto da escola, da comunidade,

desencadear interesse e motivação tirando o aluno da área de conforto para uma

aprendizagem, teórica e prática significativa.

Como sugestão para explorar o tema política, pode-se também pesquisar na

comunidade da qual a escola faz parte, as pessoas que cumprem um mandato

político, como estas se envolvem em questões do cotidiano da escola, da

comunidade, em temas de cunho social, econômico, postura destes políticos na

votação de projetos, trazendo-os para mais próximo dos alunos, como uma

maneira de incentivar a interação entre os alunos e a política.

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