OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · “Era uma vez...”, “Num certo país...”,...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
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SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPO MOURÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE
ARTIGO FINAL
PDE/2014
“CONTOS DE FADAS: o reencontro com a formação de leitores no mundo real”
Autora: Mirian Spacov Ribeiro dos Santos
Orientador prof. Mestre: Devalcir Leonardo
Artigo Final apresentado à Universidade Estadual de Campo Mourão – UNESPAR e à Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, como requisito para conclusão da participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, sob orientação do Professor Mestre Devalcir Leonardo.
CAMPO MOURÃO
2014
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“CONTOS DE FADAS: o reencontro com a formação de leitores no mundo real”
Autora: Mirian Spacov Ribeiro dos Santos Orientador Profº. Mestre: Devalcir Leonardo
Resumo
Por meio desta pesquisa, pretendemos provocar nos estudantes os interesses das práticas discursivas de oralidade, leitura e escrita, com Contos de Fadas clássicos dos Irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, Hans Christian Anderson, no século XIX e da escritora contemporânea Marina Colasanti, do gênero maravilhoso, reencontrando com leitores no mundo real, visando formação e transformação crítica do sujeito. O suporte teórico que respalda todo trabalho é composto pelos autores: Bruno Bettelheim (2006), Bordini e Aguiar (1993), Vygotsky (2004), entre outros. Baseado na metodologia da Estética da Recepção, na medida em que as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa do Estado do Paraná estão fundamentadas. A leitura de Contos de Fadas é uma porta de entrada que estimula a imaginação, criando seus roteiros, suas cenas e histórias, podendo suscitar novos horizontes de expectativas. Com estímulo, dá asas à imaginação, ampliando sua consciência e desenvolvendo a linguagem oral, proporcionando momentos mais profundos de cada história ouvida ou lida. Assim, terá uma compreensão de seu universo, de si mesmo e do meio em que vive, auxiliando a se situar no tempo e no espaço, com esperança para o futuro, e oferecendo a promessa de um final feliz.
Palavras-chave: Contos; leitura; recepção; expectativas; transformação.
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1. INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados e análises do projeto de
intervenção pedagógica do programa PDE/2014. Com este artigo pretende-se
fomentar a formação o leitor no mundo real. Tendo como estratégia trabalhar com os
“Contos de Fadas”, a partir, destes textos, proporcionar uma formação acadêmica de
sujeito crítico, capaz de agir, atuar no mundo onde está inserido, transformando a
sua realidade.
Considerando que vivemos em uma sociedade cada vez mais fragmentada,
isso inclui uma fragmentação do ensino. Surge a necessidade de resgatar esses
fragmentos construindo uma proposta que visa o ensino e aprendizagem que
qualificam cidadãos, suas necessidades intrínsecas, bem como a valorização mútua
das particularidades que cada um naturalmente possui.
Visando a formação do cidadão, os educadores devem se engajarem num
trabalho conjunto, de integração dos alunos à sociedade, a fim de que possam ser
críticos mediante a visão global do mundo em que cada um vive,sendo capaz de
enfrentar os problemas com coragem e conhecimento. Hoje, como no passado, a
tarefa mais importante e também mais difícil na educação de uma criança ou
adolescente é ajudá-los a encontrar significado na vida.
Desde tempos muito antigos, o ser humano vem tentando responder a
questões primordiais como: quem sou eu? De onde viemos? Para onde vamos?
Como tudo se fez? Para isso se busca explicações nas forças da natureza, em
divindades, criaturas sobrenaturais, cultos a animais, etc. Sob essa linha de
valorização ao irreal é que surgiram também as lendas, os mitos e os contos, ou
seja, por meio da ficção se tentaram responder as inquietações da existência
humana.
A leitura de Contos de Fadas é uma porta de entrada que estimula a
imaginação, criando seus roteiros, suas cenas e histórias; podendo suscitar muitos
questionamentos e despertar o interesse por novas leituras. Com estímulo, dá asas
à imaginação, ampliando sua consciência e desenvolvendo a linguagem oral,
proporcionando momentos de prazer. Assim, terá uma compreensão de seu
universo, de si mesmo e do meio em que vive, auxiliando a se situar no tempo e no
espaço. Bettelheim ressalta:
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O Conto de Fadas é apresentado de um modo simples, caseiro; não fazem solicitações ao leitor. Isto evita que até a menor das crianças se sinta compelida a atuar de modo específico, e nunca a leva a se sentir inferior. Longe de fazer solicitações, o conto de fadas reassegura, dá esperança para o futuro, e oferece a promessa de um final feliz. (Bettelheim, 2006, p.35)
Este artigo apresenta os Contos de Fadas, com perspectiva de envolver os
jovens alunos a refletirem sobre pontos que lhes eram obscuros na infância, uma
vez que a caminhada de vida na infância é curta, não permitindo apreciar, identificar
e viver os momentos mais profundos de cada história ouvida ou lida.
A proposta de leitura evidenciada neste artigo buscou, num processo de
interação, estabelecer relações, provocar reflexões, compreender outras realidades,
modificá-las e ser por elas modificadas e principalmente, compreender que a prática
da leitura é uma atividade indispensável.
Assim sendo, constatamos a necessidade de promover o reencontro com a
leitura de texto através da literatura, reconhecendo a importância dos Contos de
Fadas para o desenvolvimento cognitivo, psicológico, social e escolar do
adolescente, bem como, para a formação de leitores motivados pela leitura literária,
ampliando nossos horizontes, com novas buscas e conquistas.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 LITERATURA E METODOLOGIA
O projeto de intervenção pedagógica “CONTOS DE FADAS: o reencontro
com a formação de leitores no mundo real” desenvolveu uma nova abordagem no
processo de ensino e aprendizagem da Literatura, bem como suas práticas
pedagógicas que potencializaram a formação de novos leitores. Com mais
dinâmicas de leitura em sala de aula, despertando o interesse em descobrir e
partilhar novas descobertas. A participação ativa do 7º ano, do Ensino Fundamental
foi feita por meio do encontro dos leitores com o texto e respaldada pelas
contribuições teóricas dos estudos de Bruno Bettelheim (2006), Bordini e Aguiar
(1993), Vygotsky (2004), entre outros, baseado nas teorias da Estética da Recepção,
que se inicia numa aproximação entre leitor, elemento fundamental no processo da
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leitura e o texto, enfatiza a comparação entre o familiar e o novo, entre o próximo e o
distante no tempo e espaço, implicando no processo de recepção textual com
participação ativa e criativa do leitor. O processo de recepção se completa quando o
leitor compara e inclui a obra ou não como componente de seu horizonte de
expectativas, mantendo-a como ela era ou preparando-a para novas leituras, ou
novas experiências de rupturas; considerando as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica de Língua Portuguesa do Estado do Paraná.
No contexto do mundo atual e os avanços tecnológicos, impõem grandes
desafios que é fazer o aluno “ler e gostar de fazê-lo”, a ponto de se tornar um leitor
que sozinho busque novas leituras, que possam desempenhar um papel atuante no
contexto social. Uma tarefa bastante complexa, pois exige do educador uma visão
ampla sobre os recursos que estão no cotidiano, como pode ser utilizado para
despertar o prazer pela leitura e ao mesmo tempo criar um clima favorável à
aprendizagem.
Deparamos com situações de necessidade de fruição, obrigações,
divertimento ou até para passar o tempo, baixo nível de aproveitamento da leitura
realizada na escola, constatação da decadência da qualidade das produções
textuais dos alunos. É desafiante, mas necessário primeiro fazer uma reflexão sobre
a nossa cultura de leitura, superando com motivação e criatividade.
A aprendizagem é permanente, implica um longo caminho desde a definição
do projeto até a implementação do caderno pedagógico, o que deve ser avaliado até
as formas de abordagem, um processo humano contínuo e gradativo. A leitura e a
literatura contribuem para o processo de amadurecimento, uma habilidade a ser
adquirida ainda criança e facilitada de muitas formas. Lemos para entender e
conhecer, viajar na imaginação, sonhar, curiosidade ou simples prazer.Lemos para
resolver problemas e questionar. A leitura efetivamente participa na construção e
reconstrução da sociedade e de si mesmo.
Diante de tal problemática, como a literatura através dos Contos de Fadas
Clássicos, dos Irmãos Grimm e Joseph Jacobs; os contos contemporâneos de
Marina Colasanti poderão proporcionar práticas discursivas de oralidade, escrita e
leitura, para a formação de leitores do 7º ano do Ensino Fundamental, contribuindo
com uma sociedade mais justa e democrática?
Vygotsky (2004), Bruno Bettelheim (2006), Maria da Glória Bordini (1993),
Vera Teixeira Aguiar (1993), Jauss (1994), Bermam (2000) entre outros autores,
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além dos pressupostos teóricos das Diretrizes Curriculares para a Escola Pública do
Paraná - Língua Portuguesa (2008), são os convidados para ajudar a enfrentar nesta
tarefa de reencontrar novas leituras, e a literatura está no centro deste movimento.
Para Bordini e Aguiar (1993, p. 13-14) os livros literários são capazes de
conferir uma significação mais ampla à vida. Desse modo, podemos afirmar que a
literatura é fundamental para construção de conhecimentos e para o
desenvolvimento intelectual, ético e estético do ser humano. O professor será
sempre o mediador e o maior dentre os leitores, por ter conhecimento, entusiasmo e
preparação para lidar com as ocorrências inesperadas do cotidiano.
A aprendizagem é permanente, implica um longo caminho desde a definição
do projeto, o que deve ser avaliado até as formas de abordagem, um processo
humano contínuo e gradativo.
A leitura e a literatura contribuem para o processo de amadurecimento, uma
habilidade a ser adquirida ainda criança e facilitada de muitas formas. Além de
leituras voluntárias na escola, também são necessária leituras planejadas pelo
professor, atuando como mediador, provocando reflexões, comentando aspectos da
organização do discurso, identificando os problemas, os avanços e verificando as
possibilidades de redimensionamentos de continuidades do processo educativo.
A proposta de “CONTOS DE FADAS: o reencontro com a formação de
leitores no mundo real” incorpora práticas com novas visões sobre a leitura. Diante
disso, as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (2008, p.56), diz que:
“compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve
demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de
determinados momentos”.
Considerando a necessidade de envolver demandas sociais, trabalhamos nos
contextos das histórias dos contos de fadas, atitudes relacionadas com a
convivência. Assim, direcionando uma prática educacional que abarca relações entre
os alunos, entre professores e alunos e entre diferentes membros da comunidade
escolar.
A inclusão de atitudes relacionadas com a convivência, implica a necessidade
de um trabalho sistemático e contínuo na escola, voltada para a compreensão da
realidade social e dos direitos e responsabilidade em relação à vida pessoal e
coletiva.
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O professor estará acompanhando permanentemente, oportunizando ação-
reflexão acerca do mundo, formando segundo Hoffmann (1998), pessoas críticas,
libertárias e participativas, na construção de verdades formuladas e reformuladas.
O Projeto sobre “CONTOS DE FADAS: o reencontro com a formação de
leitores no mundo real” veio ao encontro dos anseios dos alunos, criando um
ambiente em que todos expressaram e comunicaram suas próprias opiniões.
Diante da perspectiva, de que a leitura é fundamental e uma atividade
permanente no desenvolvimento de qualquer ser humano, e que a escola possui um
papel importante no desenvolvimento do hábito da leitura, acreditamos na
importância do projeto para nossa realidade.
2.2 RESULTADOS: TEORIA E PRÁTICA SE COMPLETAM
Diante da tarefa, de deduzir quais as experiências na vida infantis mais
adequadas para promover sua capacidade de encontrar o sentido da vida,
Bettelheim (2006), afirma que nada mais importante que a presença dos pais e a
herança cultural, quando transmitida de forma correta. Partindo desses pressupostos
detecta que os livros e as cartilhas não possuem, por si só, significado na vida das
crianças. Eles cumprem uma tarefa isolada do mundo infantil, tirando da criança o
significado mais profundo, na fase de vida a qual se encontra.
“Era uma vez...”, “Num certo país...”, “Há muitos anos...”, são inícios de contos
que sugerem que o que se segue não pertence ao aqui e agora que nós
conhecemos, mas permite que sentidos novos possam ser vistos em textos antigos.
Esta indefinição deliberada do início dos contos simboliza que estamos deixando o
mundo concreto da realidade comum, implica que vamos tomar conhecimento de
fatos mais longínquos. O conto de fada é capaz de reviver o imaginário da própria
literatura e até mesmo a sua estrutura fica misturada a uma metaficção
contemporânea, Bettelheim (2006, p.78). Eles ajudam esclarecendo emoções,
através do estímulo à imaginação, ao encorajamento de soluções na autoestima e
abordam questões psíquicas, edipianas, amor paterno e ritos de passagem para a
vida adulta, informações dadas por Bettelheim.
Há histórias nos contos de fadas que aparentemente são ingênuas e sem
importância como o conto dos “Os três porquinhos” que mostra as vantagens e a
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evolução da maturidade dos três irmãos e suas construções. Só o terceiro e mais
velho dos porquinhos aprendeu a viver de acordo com o princípio da realidade: ele é
capaz de adiar seu desejo de brincar, e de acordo com sua habilidade de prever o
que pode acontecer no futuro. Também é até capaz de predizer o comportamento do
lobo, seu inimigo, que tenta fazer cair na armadilha, porém o terceiro porquinho foi
capaz de derrotar os poderes mais fortes e mais poderosos que ele. O lobo feroz e
destrutivo vale por todos os poderes não sociais, inconscientes e devoradores,
contra os quais a gente deve aprender a se proteger, e se pode derrotar através do
próprio ego.
Os contos de fadas em algumas histórias possuem vários significados
mostrando os conflitos internos aos protagonistas. O conto Chapeuzinho Vermelho
ensina a criança obediência aos pais e a ser cuidadosa, não seguindo caminhos
perigosos, também o desenvolvimento da sexualidade. O título “Chapeuzinho
Vermelho”, como o nome da menina, enfatiza-se a cor vermelha, cor que significa as
emoções violentas, incluindo as sexuais.
O conto João e Maria, os pais são pobres e se preocupam como poderão
cuidar dos filhos, a necessidade de comer é central na narrativa, os pais caíram
numa fase de declínio. João e Maria acreditam que os pais planejam deixá-los
morrerem de fome. O pai permanece uma figura apagada e ineficaz através da
estória, como aparece à criança durante a vida inicial, quando a Mãe é importante,
tanto nos aspectos de bondade como nos ameaçadores. João e Maria, dois irmãos
que cooperam mutuamente alcançando o sucesso com seus esforços para volta ao
lar de onde partiram. A criança e o adolescente precisam ser expostos a essas
linguagens, e devem aprender a prestar atenção a elas, se desejar dominar ou
mudar suas atitudes de vida, valorizando também o apoio dos companheiros de
idade, pois são estórias que tratam da solidariedade e superação dos obstáculos da
vida.
O livro de Marina Colasanti, em “Uma ideia toda azul”, com dez contos, curto
é pequeno, de fácil manuseio, analisando os textos e as ilustrações feitas pela
própria autora, podemos dizer que o livro está empregado numa linguagem para
leitores jovens e não tão infantis, faltam ilustrações e cores. A organização dos
textos em parágrafos curtos, assim como o tamanho das letras, pouca presença de
diálogos, a leitura é fácil e rápida. Tudo isto nos leva a pensar, que o livro será um
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recurso interessante para despertar nos jovens encorajamentos à luta por valores
amadurecidos e uma vida positiva conduzindo para novas realidades.
São textos fantásticos que Marina Colasanti dialoga não só com as fontes
originais dos contos de fadas, mas também com as obras que os contestam. O
primeiro conto do livro “Uma idéia toda azul”, tem como título “O último rei”, que é
construído em torno da figura de estilo prosopopeia, visto que seres inanimados
ganham vida. Um exemplo disso é: “O vento vinha de longe e tinha o mundo inteiro
para contar” (Colasanti, p.4, 2001).
No conto “A primeira só”, o dilema existencial já se apresenta, desde o título,
pois a solidão da personagem principal acarreta angústia existencial e a
necessidade de encontrar o “outro” para obter a felicidade. O fato de a princesa ser
a primeira resulta em responsabilidade para com o seu reino, por isso a condição de
ser só, não podendo interagir com outras crianças para compartilhar brinquedos e
sentimentos. Em “Sete anos e mais sete”, lembra a Bela Adormecida, conta a
história da princesa que se apaixona pelo príncipe pobre e através dos sonhos são
felizes, casam com um casamento cheio de festa, músicas e danças, sonharam que
tiveram filhos. A mulher é a protagonista que escolhe o homem com quem decide se
casar e serem felizes para sempre.
Marina Colasanti nos traz a fantasia que faz parte da nossa vida, contribuindo
no processo de como lidar com o simbólico, fator imprescindível no desenvolvimento
humano, cumprindo um papel importante na construção da sociedade,
compreendendo a natureza da criança, do jovem e do adulto, respeitando suas
peculiaridades.
O teórico Bruno Bettelheim nos ajuda a fundamentar o reencontro com os
Contos de Fadas, trabalha a narrativa como fantasias, tentando estabelecer uma
possibilidade cognitiva concreta, para que a criança possa alcançar objetivos e
construir significados para vida, como a imaginação, as emoções e o intelecto. O
conto de fada também ajuda cada criança ou jovens a conhecer histórias, relações
sociais de mundo, como age a humanidade neste mundo, construindo e destruindo
sociedades, questionando sistemas de governo e comportamentos de vida, segundo
Bettelheim, (Ano 2006), diz: “construir uma ligação verdadeiramente satisfatória com
outra pessoa”.
Sendo assim, acreditamos que a leitura dos contos de fadas proporcionou
aos jovens educandos possibilidades de resignificar o mundo com mais sabedoria
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encontrando possíveis soluções para os problemas do cotidiano utilizando a
esperança e, principalmente a imaginação.
Portanto, esse referencial ressalta que é importante semear sempre, em
qualquer lugar, disponibilizando para o leitor experiências imaginárias, desde que se
tenha consciência de enriquecer o desenvolvimento do sujeito, para crescer,
aprender sobre a vida, os costumes, as pessoas, a sociedade e principalmente
sobre si mesmo.
2.3 DISCUSSÃO: RESULTADOS OBTIDOS COM A IMPLEMENTAÇÃO DO
PROJETO E GRUPO DE TRABALHO EM REDE-GTR
Partindo do reencontro com os Contos de Fadas clássicos, “João e Maria,
Chapeuzinho Vermelho e Os três Porquinhos”; e a recepção inovadora do livro de
Marina Colasanti, “Uma ideia toda azul” (1978), que nos contam dez histórias
fantásticas e maravilhosas, cuidadosamente selecionadas. Os contos permitiram
instigar os leitores ampliando conhecimento de mundo pela forma sintética como se
apresenta e explora temas universais com o que propõe as DCEs. Esta proposta
contemplou as práticas de oralidade, leitura e escrita, seguindo a metodologia de
seleção de textos, reflexão sobre eles e o trabalho interdisciplinar com base nesses
textos.
O conto foi o gênero textual apresentado neste Plano de Trabalho para
desenvolvimento qualitativo da habilidade estética dos alunos, com o Método
Recepcional proposto por Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira Aguiar, pautadas
na teoria da recepção de Jauss. Utiliza-se o método citado em cinco etapas dos
horizontes de expectativas: 1º)Determinação; 2º) Atendimento; 3º) Ruptura; 4º)
Questionamento; 5º) Ampliação.
Ao se observar o dia a dia da sala de aula, da realidade sóciocultural dos
educandos, análise do interesse e o nível de leitura. Em seguida foram
questionados: O que é conto pra você? Quais os contos que já leram? Se gostam de
ler e outras questões sobre a vida estudantil. As respostas foram vagas, dos 28
alunos do 7º ano “A”, 10 alunos leram muitos contos ou ouviram e gostam de ler. Em
seguida apresentamos em um grande painel do Projeto, proporcionando
curiosidades sobre os contos, para ampliar seus horizontes de expectativas.
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Em seguida apresentou-se o reencontro com as histórias de “Chapeuzinho
vermelho” e “João e Maria” dos Irmãos Grimm; “Os três porquinhos”, versão de
Joseph Jacobs. Foram questionados os três contos, mas analisado e ampliado nos
horizontes de expectativas somente a história de “João e Maria”, com leituras em
slides, pesquisas da biografia do escritor e dramatização com fantasias; um
momento “cinema” com o filme “Shrek Terceiro”, produzido por Jeffrey Katzenberg,
da Dream WorKs Animation, baseado em temas de contos de fadas para
complementação do reencontro com os contos clássicos.
A partir das leituras dos contos os leitores se reencontraram com épocas,
lugares, fatos, objetos, personagens, tudo enfim que nos remetem a um mundo
repleto de magia e encantamento. Porém, trataram de assuntos sempre presentes
na vida do ser humano, como: liberdade, paixão, medo, coragem, verdade, mentira,
alegria, tristeza, etc. Neste momento, encaixamos cada texto literário dentro do
horizonte de valores de expectativas de cada um, ampliando entendimento do
evento estético. Em seguida, apresentamos o Livro “Uma ideia toda azul”, da
escritora Marina Colasanti, dez contos sobre reis, príncipes, princesas, fadas,
unicórnio e gnomo; para mostrar aos leitores inovações da nossa literatura infanto-
juvenil contemporânea e comparações com os contos clássicos.
Após leituras, iniciamos questionamentos dos contos clássicos citados, com
reflexões para perceber que os textos oferecidos na etapa posterior trouxeram
dificuldades de leitura, e com outras releituras ajudaram a ampliar seus horizontes
de expectativas. Nos dez contos de Marina Colasanti questionamos o título do Livro
“Uma ideia toda azul”; analisamos e fizemos compreensão dos contos: “A primeira
só”, “Além do Bastidor” e “Sete anos mais sete”. Sistematizamos situações-
problemas e de felicidade no mundo da fantasia, para possíveis soluções para os
problemas do mundo real; analisamos os elementos e os momentos que formam as
narrativas.
A ampliação do horizonte de expectativa, após as oralidades, as leituras e
atividades escritas sugeridas, refletimos os saberes diferentes, valores que existem
em nosso imaginário e como configuram ou se manifestam em nossa sociedade.
Percebemos que muitos valores existentes nos contos clássicos ou contemporâneos
deveriam ser essenciais às pessoas.
Entre a maternidade e o túmulo, nossas mentes talvez passem mais tempo
passeando por mundos imaginários do que pelo mundo real. (A Origem das
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Histórias. Folha de São Paulo, 08/09/2013). A psicologia diz: a mente humana
normal é composta de: 1/3 de realidade, 1/3 de enganos e 1/3 de mentiras. A
literatura é a incorporação do outro em mim. No exercício da literatura podemos ser
outros, viver os outros, mas não podemos deixar a nossa essência. Podemos
romper os limites do tempo e do espaço de nossa experiência, ainda assim, seremos
nós mesmos.
Com finalidades de estreitar laços entre leitores, escritores e comunidade,
com assuntos relevantes da vida dos estudantes e escola, os alunos escreveram e
ilustraram um conto contextualizado no clássico conto: “João e Maria”; escreveram
uma carta formal contextualizada no conto contemporâneo “A primeira só”,
convidando o promotor da comarca para uma reunião com alunos e pais do Colégio.
O primeiro olhar para os textos escritos e reescritos foram na sala de aula.
Momento importante em que cada aluno se percebeu como coautor e tiveram
contato com outras leituras dos colegas de sala. Observamos as estruturas de apelo
e marcas linguísticas, oportunizando a ampliação do horizonte de expectativas, com
mudanças significativas nas posturas dos novos leitores, principalmente em sala de
aula. Essas informações ficam mais claras quando observamos a tabela abaixo.
Tabela- Evolução das mudanças positivas dos alunos do 7º ano “A”
28 Alunos do 7º Ano “A”- 2014 Início do Projeto Final do Projeto
Visita na biblioteca 10 18
Interesse por leitura na sala 10 27
É preciso dar sentido ao que se lê na escola. Ler para saber, ler para agir
conscientemente. O ato de ler ultrapassa a fronteira de ação individual e ganha
significação mais amplo. Os textos produzidos e pesquisados alguns foram lidos na
“Rádio Comunitária” da cidade e organizado um “Arquivo Viajante: Era uma vez...”
para biblioteca do Colégio, em uma pasta especial, para reencontrar novos leitores.
Sendo assim, dividimos conhecimentos, exercendo direitos de leitores,
escritores e aprendizes das diferentes áreas do conhecimento, para compreender as
relações humanas em suas contradições e conflitos. A pedagogia histórico-crítica vê
a educação como mediação da prática social. Saviani (2007, p. 420) diz: “A prática
social, põe-se, como ponto de partida e ponto de chegada da prática educativa”.
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como educadores, pensamos e repensamos nossas práticas, refletimos e
buscamos respostas, caminhos para seguirmos. Muitas vezes, nos perguntamos
qual dos caminhos levará nossos alunos e a nós mesmos a sermos cidadãos,
sujeitos de nossa história, críticos, livres e responsáveis, conscientes dos nossos
direitos e deveres?
A leitura e a escrita abrem tantas possibilidades de conhecer, relacionar,
contextualizar, decodificar, interpretar e compreender os fatos que aconteceram no
decorrer da história e os fatos que acontecem no mundo de hoje, com a liberdade de
criticar ou elogiar os feitos da humanidade.
Precisamos fazer de nossa sala de aula um local de aperfeiçoamento, de
crescimento e desenvolvimento desta linguagem. Portanto, caberá ao professor e ao
aluno contribuir com interesse no processo de ensino aprendizagem significativo,
qualitativo, com seriedade, encantamento e amor. Segundo as Diretrizes
Curriculares de Língua Portuguesa e Literatura (2008, p.81), é imprescindível que a
avaliação deste processo de aprendizagem seja contínuo, formativa, pois considera
que os alunos possuem ritmos e processos de aprendizagem diferentes, e por ser
contínua e diagnóstica, aponta dificuldades, possibilitando que a intervenção
pedagógica aconteça a todo tempo.
Diante do exposto, buscamos ampliar o universo de leituras do aluno,
inserindo-o em situações que levem a refletir a sua própria realidade. Pretende-se
propiciar o contato com o gênero “Contos de Fadas”, abordado neste trabalho,
textos que não conhecem ou se esqueceram com o passar do tempo, com
expectativas que ampliem a partir de experiências e desenvolvam a sua concepção
de mundo.
Sendo assim, este trabalho pedagógico possibilita aos jovens educando
vivenciar por meios dos contos, com sabedoria o modo como melhor solucionar os
problemas cotidianos, utilizando a esperança e, principalmente, a imaginação. Como
disse Bettelheim (2006, p.189), trabalhar com contos de fadas é “espalhar
sementes”.
Portanto, esse referencial ressalta que é importante semear sempre, em
qualquer lugar, disponibilizando para o leitor experiências imaginárias, desde que se
tenha consciência de enriquecer o desenvolvimento do sujeito, para crescer,
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aprender sobre a vida, os costumes, as pessoas, a sociedade e principalmente
sobre si mesmo.
4. REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4. Ed. São Paulo:
Scipione, 1994.
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo. 4ª ed. São Paulo, ED. Martins Fontes, 2003.
BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fadas. Tradução de Arlene
Caetano. Rio de Janeiro. 20ª ed. Editora Paz e Terra, 2006.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar- A aventura da modernidade. São Paulo: Companhias das Letras, 2000.
BORDINI, Maria da Glória & AGUIAR Vera Teixeira. Literatura e Formação do Leitor: alternativas metodológicas. 2ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
COLASANTI, Marina. Uma ideia toda azul. 21ª ed. Ed. Global, 2001.
DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Língua Portuguesa. Paraná, 2008.
FERREIRA, Givan. Língua Portuguesa: Trabalhando com a Linguagem. São Paulo, Editora Quinteto Editorial, 2004.
GRIMM, Irmãos. Contos de Fadas, 4 ed. São Paulo: Editora Iluminuras Ltda, 2002.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da Pré-Escola à universidade. 14. ed. Porto Alegre: Mediação, 1998.
HUAISS. Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa, Versão 1., 2000.
JAUSS, H. R. A história da literatura como provocação a teoria literária. São
Paulo: Ática, 1994.
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO. A Origem das Histórias. Domingo,
pg.Ilustríssima, 08/09/2013.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar, 9.ed. São Paulo: Cortez, l999.
SAVIANI, D. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. São Paulo: Autores
associados, 2007.
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Vygotsky, L. S. Psicologia Pedagógica. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes. Trad. de
Paulo Bezerra, 2004.