OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Educandos do 9º Ano e do 1º Ano do Ensino...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

Ficha de Identificação - Produção Didático-pedagógica

Professor PDE/2013

Título O EXERCÍCIO DEMOCRÁTICO NA CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO FÍSICA: EDUCANDOS E EDUCANDAS EM PERSPECTIVA

Autor CRISTIANE PEREIRA BRITO

Disciplina/Área (ingresso no PDE) EDUCAÇÃO FÍSICA

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

C.E. JOÃO RIBEIRO DE CAMARGO – E.F.M.

Município da Escola COLOMBO

Núcleo Regional de Educação ÁREA METROPOLITANA NORTE

Professor Orientador ELTO LEGNANI

Instituição de Ensino Superior UTFPR

Relação Interdisciplinar (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

HISTÓRIA, SOCIOLOGIA, FILOSOFIA

Resumo: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

A partir dos pressupostos da gestão democrática e participativa da comunidade escolar pautada em estudos freireanos, esta unidade temática apresentará a forma como se dará a participação dos educandos e educandas do 9º Ano do Colégio Estadual João Ribeiro de Camargo – Ensino Fundamental e Médio, localizado no município de Colombo/PR. Para implementar a proposta curricular da disciplina de Educação Física do Ensino Médio, foram aplicados dois questionário, um para os

professores (identificação dos conteúdos ministrados) da disciplina de Educação Física e outro para os alunos (identificação dos interesses sobre novos conteúdos). Essa estratégia permitiu constatar o processo de esportivização das aulas desta área do conhecimento, do 6º ao 9º Ano do Ensino Fundamenta. Com essas ações pretende-se provocar nos educadores e educadoras reflexões sobre proposta das atividades onde serão levantadas questões acerca do currículo e sua concepção; o Projeto Político Pedagógico e possibilidades de criação e elaboração de um instrumento que possibilite aos educandos e educandas expressar seu interesse por novos conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física, tornando-se sujeitos ativos no processo de construção de um novo currículo que atenda as suas necessidades.

Palavras-chave (3 a 5 palavras) Educação física escolar, educandos e educandas, currículo, conteúdo.

Formato do Material Didático UNIDADE TEMÁTICA

Público Alvo (indicar o grupo para o qual o material didático foi desenvolvido: professores, alunos, comunidade...)

Educandos do 9º Ano e do 1º Ano do Ensino Médio, Educadores/as dos Ensinos Fundamental e Médio.

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam

entre si, mediatizados pelo mundo.” Paulo Freire

1 INTRODUÇÃO

A gestão democrática inclui, necessariamente, a ampla participação dos

representantes dos diferentes segmentos da escola nas decisões/ações

administrativo-pedagógicas nela desenvolvidas (VEIGA; 1998). Entre as ações

pedagógicas destaca-se a elaboração do Projeto Político Pedagógico, ou PPP,

por tratar-se de documento onde constam as ações a serem desempenhadas

pelos educadores e educadoras onde se estabelecem as relações de ensino e

aprendizagem junto aos educandos. Neste documento, o PPP, estão previstas as

opções curriculares que serão trabalhados ao longo de cada ano letivo, opções

estas que serão determinantes para a formação dos educandos e educandas

devendo estar nele definido que tipo de sujeito se pretende formar e para que tipo

de sociedade em transformação.

Porém, segundo Apple (2006), a opção curricular traz consigo propósitos

hegemônicos de educação que num contexto histórico de sua elaboração, ação

esta que é política, contribui para a manutenção das desigualdades, visto que

podem atender aos interesses das classes dominantes, se sua concepção não

estiver bem fundamentada e discutida, frente a uma seleção que é verticalizada

onde apenas os educadores determinam o que e quando será ensinado, sem

considerar os interesses dos alunos por determinados conteúdos ou mesmo a

partir de suas próprias limitações.

Nesse sentido, de acordo com Freire (2011), ensinar não pode ser o

simples ato de transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua

produção, em diálogo com os educandos, para que estes se identifiquem com o

que está posto no PPP a fim de verem-se como sujeitos da ação na qual é

educado e educa. Ressalta-se ainda a necessidade de análise e compreensão da

organização das ações pedagógicas pertinentes à disciplina de Educação Física

por parte dos educadores e educadoras, com vistas a produzir um novo

referencial organizacional da prática pedagógica cujos resultados possam reduzir

a fragmentação e o controle hierárquico, a partir de uma perspectiva de nova

proposta curricular.

Face ao exposto, esta unidade didático pedagógica está organizada em

cinco linhas de abordagem: 1) uma perspectiva freireana sobre a ação educativa

e o ato de ensinar; 2) a compreensão sobre a concepção de currículo; 3) o

Projeto Político Pedagógico, ou PPP, da e gestão democrática; 4) procedimentos

metodológicos e 5) orientações metodológicas com base dos resultados obtidos.

2 JUSTIFICATIVA

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Educação Física, mais a

frente mencionada apenas como DCEBEF, constituem-se num documento

essencial para que seja possível destacar, vários marcos referenciais, conceituais

e metodológicos onde as possibilidades de trabalho se distinguem, podendo ser

consideradas as especificidades de cada escola/colégio da rede pública estadual.

Entretanto, a análise e investigação tornam-se relevantes para que os/as

profissionais de Educação Física, que ministram aulas na rede pública do estado

do Paraná, possam utilizar-se dos instrumentos e resultados aqui apresentados,

ainda que parciais, para que possam atuar de modo semelhante em seu espaço

escolar, compreendendo ser esta uma possibilidade, de modo a estabelecer

relações profícuas tanto com os educandos quanto com seus pares, contribuindo

para a elaboração de um currículo que atenda as necessidades da sua

comunidade escolar, em especial aos discentes, numa perspectiva democrática

de construção do currículo.

No entanto, investigando-se a bibliografia produzida acerca do tema,

verificou-se a escassez de estudos que estejam pautados na participação dos

educandos na elaboração do currículo da disciplina de Educação Física, o que

torna mais evidente seu caráter de relevância uma vez que o discurso da gestão

democrática esta muito presente no interior da escola, mas sabe-se que sua

efetividade não se dá com a participação de todas as instâncias de representação

da comunidade escolar.

Por este motivo, o assunto em questão nos faz refletir sobre o que se

pode fazer para que, efetivamente, tenhamos a participação dos educandos e

educandas na indicação de outros conteúdos que estejam, para além das

modalidades esportivas mais comumente selecionadas pelos educadores,

ampliando o arcabouço de seus conhecimentos relativos à cultura corporal1 e

superando o processo de esportivização das aulas, conforme estabelecem as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Educação Física.

3 PÚBLICO ALVO

A escolha do público alvo para a implementação desta unidade didático

pedagógica requer algumas justificativas:

1º) Os 9º(s) Anos do Ensino Fundamental responderam ao questionário

que forneceu subsídios para a elaboração de uma proposta com novos

conteúdos a serem integrados ao currículo, que será implementado já

no 1º Ano do Ensino Médio, ou seja, em 2014.

2º) Os/as alunos/as do 9º Ano, que participaram da 1ª etapa, serão os

primeiros a terem a nova proposta de currículo aplicada nas aulas de

Educação Física cujos conteúdos foram indicados por eles mesmos.

3º) Educadores e educadoras dos ensinos Fundamental e Médio

poderão utilizar-se desta unidade didático pedagógica, elaborando

instrumentos próprios para o levantamento de propostas de

conteúdos junto aos educandos, desde que abordados

previamente com as orientações que se fizerem necessárias no

entendimento dos resultados que se espera bem como sua

efetivação no(s) ano(s) letivo(s) seguinte(s).

Com o modelo proposto a intenção é de que os educandos de cada série

1 A Cultura Corporal “busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de

representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela

expressão corporal (...) que podem ser identificadas como formas de representação simbólica de

realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas” (Coletivo

de Autores, p 38, 1992). Esta é a tendência pedagógica adotada pelo estado do Paraná em suas

Diretrizes Curriculares para a disciplina de Educação Física.

do Ensino Médio possam contribuir com a indicação de conteúdos a serem

trabalhados nas aulas de Educação Física da série subsequente, a exceção do

terceiro ano, numa relação dialógica em que educadores e educandos possam

refletir sobre questões da atualidade que venham fazer parte das aulas, tomando

por base os conteúdos estruturantes das DCEBEF e assuntos de ordem nacional,

estadual e municipal, que possam constituir as discussões e debates no decorrer

do processo de ensino e aprendizagem.

Entretanto, cada educador/a poderá avaliar e pensar formas de trabalhar

na perspectiva democrática de construção do currículo de suas aulas na/o

escola/colégio em que atua a partir das especificidades dos educandos, abertura

da equipe pedagógica para que este tipo de ação seja possível realizar, preparo

individual e coletivo (colegas de área, equipe pedagógica e direção).

4 OBJETIVOS DA UNIDADE TEMÁTICA

4.1 OBJETIVO GERAL

Investigar o nível de participação dos educandos do C.E. João Ribeiro de

Camargo - Ensino Fundamental e Médio, localizado no município de

Colombo, na elaboração de um currículo participativo da disciplina de

Educação Física, assim como, apresentar uma proposta de conteúdos para

as aulas a partir dos resultados das indicações dos alunos e alunas.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar possibilidades de participação de educandos e educandas

processo de elaboração do currículo de Educação Física do

estabelecimento de ensino em questão, considerando o que propõe as

DCEBEF.

Identificar os principais conteúdos de interesse dos alunos para a

elaboração de uma nova proposta curricular participativa.

Evidenciar a importância da escolha do currículo no processo de ensino e

aprendizagem.

Verificar quais são os possíveis problemas encontrados pelas/os

profissionais de Educação Física para ampliação da prática docente com

novos conteúdos.

5 FREIRE E A FUNÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA DO ATO DE ENSINAR

A relação dialógica no ato de ensinar e aprender deve estar presente em

todo processo formativo de educandos/as e de educadores/as. Na medida em

que se desenvolvem as aulas, a partir dos conteúdos politicamente selecionados

que compõem o currículo, estabelece-se uma relação íntima entre o

conhecimento a ser transmitido2, pois tratam da especificidade histórica da

disciplina de Educação Física, e o conhecimento que determina a historicidade de

educandos e educandas que não pode ser negado na escola.

Nesse sentido, cabe tanto a educadores e educadoras quanto à escola

[...] o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os da classes populares, chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas também [...] discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos (FREIRE, 2011, p.31).

Uma vez que para educandos e educandos os conteúdos fazem sentido e

tem um significado para seu cotidiano, educadores e educadoras devem ainda

sobre o fato de que a ação contínua do ato de ensinar requer que se saiba não

ser totalmente acabado aquilo que se ensina. Então, considerando o acesso as

mais variadas tecnologias, faz-se necessário estabelecer amplo diálogo com

os/as educandos/as instigando-os/as a pesquisas na busca de outras possíveis

respostas para aquilo que estiver em questão durante as aulas, dando-lhes

condições de ir além e avançar em seus conhecimentos.

Dessa forma, ao ensinar é fundamental que se leve em conta a autonomia

de educandos e educandas envolvidos no processo educativo. Segundo Freire

2 Em Pedagogia da Autonomia (2011), Freire argumenta ser necessário aos/as educadores/as

entenderem que o ato de ensinar não se refere a transmissão de conhecimento mas dar condições criativas para que este seja construído e produzido.

(2011, p.58), “O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo

ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros”. Portanto,

adotar uma postura que propicie aos educandos expressar sua opção pela

estética, suas inquietações, sua forma de comunicar-se, de estar e colocar-se no

mundo propiciará novos sentidos e significados ao ato de aprender.

Então o ato de ensinar e o ato de aprender devem estar presentes na ação

educativa em tempo integral, numa via de mão dupla. Porém, aos educadores e

educadoras este ato requer reflexão constante a vigilância do bom senso no

sentido de estar reavaliando, constantemente, a prática pedagógica

devidamente planejada (grifo meu). Sobre este tema, Freire diz afirma o

seguinte:

A vigilância do meu bom senso tem uma importância enorme na avaliação que, a todo instante, devo fazer de minha prática. Antes, por exemplo, de qualquer reflexão mais detida e rigorosa é o meu bom senso que me diz ser tão negativo, do ponto de vista de minha tarefa docente, o formalismo insensível que me faz recusar o trabalho de um aluno por perda de prazo, apesar das explicações convincentes do aluno, quanto o desrespeito pleno pelos princípios reguladores da entrega dos trabalhos. É o meu bom senso que me adverte de que exercer a minha autoridade de professor na classe, tomando decisões, orientando atividades, estabelecendo tarefas, cobrando a produção individual e coletiva do grupo não é sinal de autoritarismo de minha parte. É a minha autoridade cumprindo o seu dever. (2011, p.60).

Ainda que no exercício da função, invariavelmente percebe-se uma

confusão entre o exercício da autoridade docente e do autoritarismo que cerceia

educandos e educandas de vivenciar sua autonomia dando-lhes a possibilidade

de, por meio dos conhecimentos adquiridos, conquistar a emancipação,

ampliando-lhes o poder de escolha ao longo da vida. Freire afirma ainda que se

deve

Saber que devo respeito à autonomia, à dignidade e à identidade do educando e, na prática, procurar a coerência com este saber, me leva inapelavelmente à criação de algumas virtudes ou qualidades sem as quais aquele saber vira inautêntico, palavreado vazio e inoperante. De nada serve, a não ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita do educador, falar em democracia e liberdade mas impor ao educando a vontade arrogante do mestre. (2011, p. 59-60).

No entanto, praticar com todo o rigor metodológico, mas sem imposições, a

indagação, a comparação, a dúvida, a aferição, a reflexão, para si e no estímulo

aos educandos e educandas, tenderá a produzir resultados cuja eficácia não será

a mesma quando todas as possibilidades mencionadas não se fazem presentes

na ação educativa. É com base no estímulo constante da problematização

perspicaz, provocativa e fundamentada, que educandos e educandas serão

desafiados a elevar-se a outro nível de tomada de decisão, produzindo novos

conhecimentos a partir de suas próprias interpretações da realidade pautada por

fundamentos teórico-metodológicos com a intervenção pedagógica de

educadores e educadoras.

Porém, o respeito a dignidade dos educandos e educandas cuja identidade

ainda está em processo de formação, só será possível se forem consideradas as

suas condições de existência e suas experiências. Então, não se pode “(...)

subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz consigo para a escola”

(FREIRE, 2011, p.62). No exercício constante da pesquisa mais rigor será

adquirido e mais respeito deverá se ter na intenção de aproximação ao saber

ingênuo do educando, que passará por um processo de superação a partir dos

saberes que serão produzidos por meio do exercício da “curiosidade

epistemológica”, de acordo com Freire.

Face ao exposto, para que a prática educativa do ato de ensinar ocorra, é

necessário ter consciência de que ensinar exige:

Rigorosidade metódica;

Pesquisa;

Respeito aos saberes dos educandos;

Criticidade;

Estética e ética;

Corporeificação das palavras pelo exemplo3;

Risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação;

Reflexão crítica sobre a prática;

Reconhecimento e a assunção da identidade cultural;

Consciência do inacabamento;

Reconhecimento de ser condicionado;

3Para melhor compreensão Freire tem uma frase que diz o seguinte: “É fundamental diminuir a

distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja

a tua prática”. Disponível em: http://paxprofundis.org/livros/paulofreire/paulofreire.htm, consultado

em 13/11/2013.

Respeito à autonomia do ser do educando;

Bom senso;

Humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores;

Apreensão da realidade;

Alegria e esperança;

Convicção de que a mudança é possível;

Curiosidade;

Segurança, competência profissional e generosidade;

Comprometimento;

Compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo;

Liberdade e autoridade;

Tomada consciente de decisões;

Exige saber escutar;

Exige reconhecer que a educação é ideológica;

Disponibilidade para o diálogo e

Querer bem aos educandos4.

Portanto, cabe a todos e todas ampla reflexão acerca de cada tema acima

apresentado, leitura complementar para maior compreensão e rever práticas

pedagógicas que possam estar superadas ou que não mais atinjam aos

interesses de educandos e educandas frente a uma sociedade que está em pleno

processo de movimento constante.

6 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E A GESTÃO DEMOCRÁTICA

A democratização das ações a serem desempenhadas e implementadas na

e para a escola necessitam, efetivamente, de amplo diálogo com a comunidade

escolar, esta entendida como o coletivo representado por pessoas da comunidade

(pais, mães ou outros responsáveis pelos educandos), movimentos sociais,

funcionários administrativos, funcionários de apoio, professores, equipe

4 Cada um dos itens mencionados está descrito e fundamentado na obra Pedagogia da Autonomia

- Saberes Necessários à Prática Educativa, 43ª Edição, de Paulo Freire.

pedagógica e equipe gestora.

A tomada de decisões, que deve considerar vários aspectos relevantes das

relações de ensino-aprendizagem e entre ela destacam-se o histórico, social,

político e econômico, necessita da organização coletiva da escola, exigindo amplo

debate e reflexão, o que influenciará, diretamente, na opção pelo currículo e seus

conteúdos. Se dará com o respaldo, entendimento e aval da comunidade escolar

por meio do Conselho Escolar. Este tipo de ação está intimamente condicionada a

participação da comunidade, não devendo a gestão prescindir do propósito de

organizar mecanismos de consulta e participação.

Há que se considerar ainda que foram dos movimentos pela educação que

se consubstanciaram nos princípios da gestão democrática conquistas

importantes como concurso para professores, eleição de diretores, autonomia

para que cada escola pudesse construir seu PPP, por exemplo. Então deve a

escola, por meio da representação dos sujeitos em suas instâncias, fazer cumprir

o estatuto da gestão democrática possibilitando que toda comunidade escolar,

cuja preocupação com a formação de um cidadão crítico, reflexivo e

transformador, tenha condições de manifestar sua visão acerca da condução das

atividades educativas, cabendo a equipe pedagógica, docente e gestora, proceder

as devidas articulações com o PPP, transformando o discurso da gestão

democrática em ações concretas e efetivas de participação da comunidade

escolar.

Entretanto, participação, autonomia, democracia e cidadania necessitam de

aprendizado que se constitui em saberes, ou seja, estes saberes só se

manifestarão por meio da participação de todos os membros do Conselho Escolar

nos processos decisórios das ações escolares. Isto tornará a escola mais

democrática possibilitando a todos o direito ao exercício da cidadania.

Nesse sentido é necessário compreender que na discussão do trabalho

pedagógico da escola deve-se considerar os tempos e espaços disponíveis,

lembrando ainda que tanto pais quanto educandos e educandas tem suas vozes

pouco ouvidas em reuniões pedagógicas ou mesmo em sala de aula, por

sentirem-se pouco a vontade para se pronunciarem, em boa parte dos casos.

Cabe a equipe pedagógica propiciar estes momentos estimulando a

participação do coletivo, de modo geral, e em especial quando da discussão e

construção do PPP.

Porém, sendo o PPP um documento que deve apresentar-se como a

identidade da escola, torna-se relevante considerar que um de seus elementos

primordiais seja o currículo e este deve ser conhecido, discutido e reformulado,

em consonância com as políticas públicas educacionais vigentes, quando houver

e estiverem nitidamente determinadas, o período histórico vivido, as

manifestações culturais presentes na comunidade, e, principalmente, os

conhecimentos científicos historicamente produzidos pela humanidade, sem

perder de vista a analise crítica da realidade que se manifesta a nível micro, na

instituição escolar, mas que é reflexo da realidade globalizada5.

Uma vez que seja entendida a sua importância o PPP deve ser um

instrumento de emancipação, em que os elementos nele contidos e defendidos

pela comunidade escolar terão maior probabilidade de serem ensinados e

apreendidos, possibilitando assim, que a escola cumpra seu papel social (SEED,

2010, p.42).

Porém, a escola, composta por um coletivo de pessoas, necessita

desenvolver ações pautadas pelas decisões definidas também de modo coletivo.

De acordo com Passos (2002, p. 3)

O projeto político pedagógico, ao mesmo tempo em que exige dos educadores, funcionários, alunos e pais a definição clara do tipo de escola que intentam, requer a definição de fins. Assim, todos deverão definir o tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar. As ações específicas para a obtenção desses fins são os meios. Essa distinção clara ente os fins e meios é essencial para a construção do projeto político-pedagógico.

Entretanto, estes fins e meios devem ser definidos utilizando-se do princípio da

gestão democrática, que ainda segundo Veiga

[...] é um princípio consagrado pela Constituição vigente e abrange as

dimensões pedagógica, administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica na prática administrativa da escola [...]. Esse compromisso

5 Para maior aprofundamento das questões relativas ao PPP e trabalho pedagógico consultar

Caderno Temático da Coordenação de Gestão Escolar intitulado Organização do Trabalho

Pedagógico da Secretária de Estado da Educação do Paraná, disponível no endereço:

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/cge

implica a construção coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação das classes populares. A gestão democrática exige a compreensão em profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. [...] A gestão democrática implica principalmente o repensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o individualismo; da reciprocidade, que elimina a exploração; da solidariedade, que supera a opressão.(2002, p. 3).

Todavia, cabe ressaltar que o PPP, em todas as suas dimensões, é um

documento que requer revisão e reelaboração constante com vistas a manter

atualizadas as ações pedagógicas e o currículo sob pena de perpetuar possíveis

problemas de natureza epistemológica e do exercício de práticas docentes

cristalizadas como verdades absolutas e, muitas vezes, equivocadas.

6.1 O PPP do Colégio Estadual João Ribeiro de Camargo, Ensino

Fundamental e Médio6

O PPP do C.E. João Ribeiro de Camargo E.F.M. apresenta-se como um

documento construído de forma democrática e coletiva. Constitui-se de vários

itens e subitens necessários a sua composição pois aborda as mais variadas

instâncias de organização entre elas logística, administrativa, pedagógica,

funcional, social considerando aspectos políticos, sociais, financeiros e

econômicos que interferem sobre a gestão escolar.

Então se torna relevante informar que mesmo fazendo-se uma leitura

completa desse documento, apenas alguns itens serão objeto de análise nesta

unidade didática por terem relação direta com os conteúdos aqui desenvolvidos e

relevantes para estes estudos.

Por conseguinte, o PPP indica que para se formar educandos e educandas

com vistas ao desenvolvimento de todas as suas potencialidades a escola deve

promover ações que possibilitem a reflexão por meio de conhecimentos teóricos e

6 Segundo informações da direção do estabelecimento de ensino, a última versão do PPP,

aprovada pelo Núcleo Regional de Educação da Área Metropolitana Norte, é do ano de 2011,

sendo este o nosso objeto de análise.

práticos que corroborem com os objetivos articulados neste documento, buscando

um diálogo permanente com a comunidade escolar.

Sobre o processo democrático de elaboração do PPP o documento traz em

seu bojo o registro de sua construção coletiva, mas, aponta também alguns

problemas e soluções para a sua reelaboração segundo quadro abaixo:

TÓPICOS DISCUTIDOS

AÇÕES DA ESCOLA EM 2011

PERÍODO RESPONSÁVEL

Projeto Político-

Pedagógico

- Reuniões com alunos e pais; - Termo de compromisso assinado pelos pais ou responsáveis; - Reuniões ordinárias e extraordinárias do Conselho Escolar para implementação e viabilização do PPP. - Reuniões de pais professores e Equipe Pedagógica; - Palestras dirigidas aos pais. - Revisão e reestruturação do PPP. - Leitura e sugestões de melhoria do PPP.

Durante todo o ano

Direção/ Equipe Pedagógica/ Docentes.

Quadro 17

A previsão para revisão e reestruturação do PPP indica a intencionalidade

de se manter um debate frequente acerca de questões que devam ser revistas

em diálogo com a comunidade escolar, para que seja possível atingir os princípios

orientadores das ações pedagógicas. Da mesma, forma chamar a

responsabilidade coletiva para a leitura e sugestões para que o PPP seja

melhorado é um indicativo de gestão democrática a partir da consulta de suas

bases de organização.

Quanto as questões curriculares, segundo o PPP C.E. João Ribeiro de

Camargo (2011, p. 60)

[...] se o professor possui uma visão crítica de sua prática educativa, de seu papel, não como detentor do saber ou reprodutor de conteúdos

7 Quadro extraído do PPP do C. E. João Ribeiro de Camargo.

previamente selecionados e organizados, mas como mediador do conhecimento e auxiliar no processo de aprendizagem, isto poderá servir de enfrentamento como mecanismo contra-hegemônico.

Logo, a mediação do conhecimento, que deve ser feita pelos professores e

professoras, deve estar alinhada a perspectiva da gestão democrática e de uma

prática pedagógica que supere a visão centralizadora de serem apenas os

docentes que detém o poder de selecionar os conteúdos que serão desenvolvidos

nas aulas de Educação Física, sendo ainda primordial a produção do

conhecimento por meio de problematizações que instiguem educandos e

educandas a curiosidade pelo saber.

Entretanto, esta mesma gestão democrática deve preocupar-se com a função

social da escola, que segundo registra o PPP C.E. João Ribeiro de Camargo

(2011, p. 47)

A escola tem a função social de inserir o aluno numa concepção ética na sociedade sem perder de vista o desenvolvimento cultural e o vínculo com a educação formal, sendo este, o subsídio básico para a conquista da cidadania. A formação de sujeitos autônomos e criativos constitui-se no objetivo principal da instituição escolar que se refletirá em cidadãos capazes de atuar e modificar a sociedade em que vivem.

No entanto, para formar sujeitos autônomos aos quais se refere o PPP, a

escola deve propiciar o exercício da autonomia promovendo a participação dos

educandos e educandas nos seus processos decisórios, neste caso específico,

de construção de um currículo participativo onde possam indicar os conteúdos a

serem trabalhados, chamando-os a responsabilidade no processo de ensino e

aprendizagem. Mas, estes conteúdos precisam ter um sentido e um significado

que agregue conhecimento a vida cotidiana dos alunos e alunas. Segundo

Sacristán e Gómez

Um conteúdo passa a ser valioso e legítimo quando goza do aval social dos que tem poder para determinar sua validade; por isso, a fonte do currículo é a cultura que emana de uma sociedade. Sua seleção deve ser feita em função de critérios psicopedagógicos, mas é preciso considerar antes de mais nada a que idéia de indivíduo e de sociedade servem (1998, p. 155).

Não obstante, os conteúdos selecionados devem ser objeto de estudo e

pesquisa constante por parte de educadores e educadoras. Nesse sentido os

processos de formação continuada devem fazer parte do planejamento da escola

e indicam a preocupação da equipe pedagógica e gestora em possibilitar

aprimoramento constante ao seu corpo docente. Este processo poderá se dar por

meio de

[...] “Capacitação dos Professores e Funcionários” prevista em calendário escolar. Além da capacitação, o Colégio realiza Reuniões Pedagógicas, Grupos de Estudo, Debates, Palestras, com temas do interesse da comunidade escolar. Os cursos ofertados pela SEED – PR estão disponíveis no Portal Dia a dia Educação ficando subordinada a inscrição ao número de vagas por escolas ou por núcleo ofertada. A participação aos cursos observa a condição da escola em dispensar os profissionais sem prejudicar o desenvolvimento das aulas. (PPP C.E. João Ribeiro de Camargo, 2011, p.39).

Consequentemente, quando se “investe” e formação continuada o

conhecimento a ser mediado no processo de ensino e aprendizagem terá um

valor agregado maior, superando o estágio da informação. Então cabe a escola

possibilitar que o conhecimento seja de qualidade para que os sujeitos envolvidos

ampliem sua visão de mundo num debate que problematize questões amplas e de

ordem geral como a produção das desigualdades sociais, política, cultura,

economia, entre outros temas, bem como os avanços da humanidade e das

tecnologias cujo acesso, ou a falta dele, se reflete na qualidade de vida de todos

de modo direto ou indireto.

Portanto, um dos papéis da escola é promover reflexão constante para que

educandos e educandas possam compreender e contextualizar os conhecimentos

adquiridos e estas ações perpassam o currículo e este deve estar voltado a

possibilidade de que os educandos e educandas sejam capazes de pensar e

transformar conhecimento em ações práticas em benefício de uma coletividade.

7 COMPREENDENDO O QUE É O CURRÍCULO

Uma ampla discussão vem sendo feita no Brasil desde 2008, a partir da

organização de um evento, seguido da elaboração de vários cadernos de

orientação, realizado pelo Ministério da Educação – MEC, denominado

“Indagações Sobre o Currículo”. Este evento foi constituído para estabelecer

pontos importantes de discussão acerca do tema cujo resultado corroborou para a

elaboração de cinco cadernos, com o título principal Indagações Sobre o

Currículo, sendo que cada um apresenta os seguintes subtítulos: Currículo e

Desenvolvimento Humano; Educandos e Educadores: seus direitos e o currículo;

Currículo, Conhecimento e Cultura; Diversidade e Currículo; e Currículo e

Avaliação8.

Mas e você, sabe o que é currículo? Então vamos lá! Segundo constam nas

DCEBEF(2000, p.15), Sacristan descreve

[...] o currículo como conjunto de conhecimentos ou matérias a serem superadas pelo aluno dentro de um ciclo – nível educativo ou modalidade de ensino é a acepção mais clássica e desenvolvida; o currículo como programa de atividades planejadas, devidamente sequencializadas, ordenadas metodologicamente tal como se mostram num manual ou num guia do professor; o currículo, também foi entendido, às vezes, como resultados pretendidos de aprendizagem; o currículo como concretização do plano reprodutor para a escola de determinada sociedade, contendo conhecimentos, valores e atitudes; o currículo como experiência recriada nos alunos por meio da qual podem desenvolver-se; o currículo como tarefa e habilidade a serem dominadas como é o caso da formação profissional; o currículo como programa que proporciona conteúdos e valores para que os alunos melhorem a sociedade em relação à reconstrução social da mesma.

Porém, o currículo deve ser um documento cujo resultado tenha sido

travado em discussões e embates políticos no interior da escola atrelado ao PPP

enquanto projeto social. Nesse sentido, para melhor compreensão do que seja o

currículo duas questões suleadoras9 devem ser levadas ao debate: “a intenção

política que o currículo traduz e a tensão constante entre seu caráter prescritivo e

a prática docente” (DCEBEF, p.16).

8 Estas discussões se fizeram necessárias pois ocorreram no momento da implementação do

Ensino Fundamental de nove anos o que exigia um novo olhar para a organização do currículo e o entendimento de sua concepção. Os cadernos estão disponíveis no endereço http://portaldomec.gov.br, publicações da Secretaria de Educação Básica – SEB.

9 Sabe-se que o termo “suleador” foi citado por Paulo Freire numa crítica menção que os

intelectuais da academia faziam ao hemisfério norte como referência de cultura em detrimento a um hemisfério sul aculturado. Consultando mais de quarenta obras, entre livros, artigos e entrevistas do autor, não identificamos, especificamente, onde foi feita originalmente a citação. Em um pequeno artigo disponível no endereço http://entretexto.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html, a autora faz menção a esta citação de Freire, mas sem identificar um local específico.

Fonte: LDP EDUCAÇÃO FÍSICA

Entretanto, o currículo

desenvolvido na escola deve ser

fruto de amplas discussões feitas

com a participação de educadores

e educadoras, educandos e

educandas e comunidade escolar

ou ainda ser um documento

resultado de debates centralizados

em gabinetes, que não contemple a participação daqueles que tem interesse em

sua aplicação: os sujeitos da escola. Na ocorrência desse segundo caso, de um

currículo verticalizado para as escolas, “a prática pedagógica dos sujeitos que

ficaram à margem do processo de discussão e construção curricular, em geral,

transgride o currículo documento” (DCEBEF, p.16).

No entanto, a partir da proposição de um novo modelo de currículo

apresentado as escolas, resultado de embates coletivos, surgirá também a

criação de novas práticas que devem superar o que está proposto no documento

sem deixar de respeitar o referencial teórico-metodológico. Nesse caso é

necessário compreender que o currículo deve ser objeto de análise contínua dos

sujeitos da educação,

“principalmente a concepção de conhecimento que ele carrega, pois, [...] varia de acordo com as matrizes teóricas que o orientam e o estruturam. Cada uma dessas matrizes dá ênfase a diferentes saberes a serem socializados pela escola, tratando o conhecimento escolar sob óticas

diversas.” (DCEBEF, p. 16-17).

Desse modo, o currículo pode ser pensado a partir de três matrizes

importantes:

1. Vinculado ao academicismo e ao cientificismo;

2. Vinculado às subjetividades e experiências vividas pelo aluno e

3. Como configurador da prática, vinculado às teorias críticas.10

Nesse sentido, compreender que a opção curricular está intimamente

10

Para ampliar seus conhecimentos acerca das matrizes do currículo ver Diretrizes Curriculares da

Educação Básica de Educação Física, p. 17-20.

ligada a questões ideológicas11 é fator determinante na discussão sobre o

currículo. Segundo Apple

[...] uma das maneiras pelas quais as escolas são usadas para propósitos hegemônicos está no ensino de valores culturais e econômicos e de propensões supostamente “compartilhadas por todos” e que, ao mesmo tempo, “garantem” que apenas um número determinado de alunos seja selecionado para níveis mais altos de educação por causa da sua “capacidade” em contribuir para a maximização da produção de conhecimento tecnológico de que a economia necessita” (2006, p. 101).

Então, quando fazemos a opção por um currículo que não foi dialogado com

todos os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, tendemos a

impor aos educandos um currículo que cumpre com a manutenção das

desigualdades por privilegiar apenas a um restrito grupo e não a grande maioria

desses educandos. Portanto, a escola acaba exercendo um papel de reprodutora

das desigualdades sociais por não possibilitar, por meio do currículo, o

desenvolvimento de todas as potencialidades dos educandos. Nesse sentido

“Se se considera que um grupo de alunos possui futuros membros de uma classe profissional e administrativa, as escolas e o currículo parecem se organizar em torno de conceitos como flexibilidade, escolha, pesquisa, etc. Se, por outro lado, a destinação provável dos alunos for a de trabalhadores sem habilitação ou semi-habilitados, a experiência escolar tende a enfatizar a pontualidade, a organização, a formação de hábitos, etc. Essas expectativas são reforçadas pelos tipos de currículo e testes que as escolas dão e pelos rótulos afixados a diferentes tipos de alunos.” (Apple, 2006, p. 105).

Nessa perspectiva, o currículo, enquanto opção política hegemônica, é dado

como algo que não se pode discutir, invariavelmente é problematizado, o que gera

um descompasso entre as experiências que a escola proporciona e as

características que se apresentam no mundo social em transformação. Pelos

motivos apresentados, segundo Silva

11

O que é ideologia? No marxismo, conjunto de ideias presentes nos âmbitos teórico, cultural e institucional das sociedades, que se caracteriza por ignorar sua origem materialista nas necessidades e interesses inerentes as relações econômicas de produção, e, portanto, termina por beneficiar as classes sociais dominantes. (Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa 1.0.)

“Irônica e paradoxalmente, a tendência ideológica hegemônica na reestruturação da escola e do currículo vai na direção de reforçar os valores, os conteúdos e as formas de produção e reprodução de identidades sociais que reafirmem as características mais regressivas da presente ordem social – justamente aquelas combatidas pelos novos movimentos sociais e pela insurreição de grupos subjugados”. (1995, p. 185).

Novamente aqui se faz necessário questionar que tipo de sujeito se pretende

formar nos espaços escolares a partir da opção curricular e de sua

construção/elaboração; quais são os interesses representados na forma de

currículo pelo qual se fez opção; quais grupos e interesses estão representados

neste currículo; quem detém o poder de representar outros; e por fim, quais

grupos e que interesses deixam de estar representados ou são representados por

outros (SILVA, 1995, p. 201-202).

No entanto, a que se considerar ainda a escola e o seu coletivo de

docentes da disciplina de Educação Física aqui em questão, enquanto grupo que

deve discutir, de modo aprofundado e crítico, as perspectivas e possibilidades de

organização do currículo e a relação com os educandos pois não se pode ignorá-

los uma vez que são sujeitos da ação educativa. Por isso

À medida que as sensibilidades se voltam para os sujeitos da ação educativa, para nossas identidades e saberes docentes e, sobretudo, para nosso trabalho, e à medida que temos outro olhar sobre os educandos, torna-se obrigatório ter outra visão sobre a prática escolar, os currículos, os tempos e seu ordenamento. (ARROYO, 2007, p. 21).

Porém, a construção de um currículo com a participação de todos os sujeitos

envolvidos na ação educativa só acontecerá se houver uma gestão que atua de

modo democrático possibilitando a participação de todos no processo de

elaboração e revisão deste documento que faz parte da construção da identidade

de cada unidade escolar, identidade esta representada pelo PPP.

8 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Discorreu-se, até agora, sobre alguns elementos importantes que devem

ser do conhecimento de todos os educadores e educadoras que atuam na rede

estadual pública de ensino ou em qualquer outra rede. Tanto o PPP quanto o

currículo devem estar alinhados com a prática pedagógica para que os objetivos

educacionais sejam alcançados.

Parte-se, então, para a os procedimentos metodológicos adotados para se

chegar aos resultados da pesquisa prévia feita junto aos educandos e educandas,

tendo como objetivo desta unidade temática trazer um novo rol de conteúdos

indicados por eles, alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental que estarão no 1º

Ano do Ensino Médio, para que sejam desenvolvidos nas aulas de Educação

Física do ano subsequente.

Porém, para se obter resultados semelhantes nada impede a consulta aos

alunos das demais séries para a construção de um currículo participativo, de

modo a avançar com o trabalho docente para além das práticas habituais e

hegemônicas dos professores de Educação Física, os esportes.

A finalidade desta ação é valorizar a participação dos educandos e

educandas no processo de construção de um currículo onde sejam

reconhecidos como sujeitos e protagonistas da prática educativa (grifo

nosso).

8.1 Procedimentos quanto aos educandos e educandas

Para tornar possível esta proposta elaborou-se questionários que foram

aplicados em educandos e educandas, ação esta que exigiu uma pré-testagem

realizada em escola do município de Colombo, sendo que de um grupo de trinta e

cinco alunos e alunas 24 responderam ao questionário, representando 68,6% do

total, e apenas 11 trouxeram as autorizações dos pais para participar da pré-

testagem, representando 31,4% do total. O objetivo da pré-testagem foi identificar

problemas e inconsistências e posterior retificação dos questionários.

Estabeleceu-se o critério de aplicação da pré-testagem e da aplicação em

turmas do 9º Ano do Ensino Fundamental por tratar-se de educandos/as que

ingressarão no Ensino Médio em 2014, ano este em que serão desenvolvidas as

atividades cujos conteúdos foram selecionados pelos educandos/as,

especificamente, no C.E. João Ribeiro de Camargo. Tanto na pré-testagem como

na aplicação foram considerados os questionários que estavam totalmente

preenchidos uma vez que as questões eram vinculadas.

Os questionários dos alunos foram aplicados por meio da ferramenta

Google Docs e optou-se por este procedimento pela facilidade de aplicação e a

disponibilidade de laboratório de informática no colégio, o que agilizou o processo

de coleta de dados. Para tornar possível o contato com as turmas participantes da

pesquisa houve uma reorganização das aulas.

Porém, antes de iniciar a realização dos trabalhos no C.E. João Ribeiro de

Camargo adotou-se os seguintes procedimentos:

Participaram da pesquisa um total de 140 educandos e educandas do 9º

Ano, dos para os quais foram entregues as autorizações de participação na

pesquisa.

Foram validados 140 questionários respondidos representando 85,4% do

total de 164 alunos e alunas participantes das 6 (seis) turmas do 9º Ano.

Os outros 24 participantes, 14,6%, tiveram seus questionários descartados

por não estarem autorizados a responder a pesquisa.

Iniciou-se um diálogo com todas as turmas do 9º Ano envolvidas, sendo

seis ao todo, com o objetivo de esclarecer a intencionalidade do

desenvolvimento de todo processo que desencadeará a elaboração de

uma nova proposta de conteúdos a ser formulada com a participação direta

destes educandos. Para execução deste primeiro passo, foram

necessários dois dias onde foram entregues as autorizações dos pais ou

responsáveis para que cada qual pudesse participar da pesquisa.

Num segundo momento todas as turmas participantes foram conduzidas ao

laboratório de informática para aplicação do questionário para identificar os

conteúdos de seu interesse, com base na proposta das DCEBEF, cujo

quadro de conteúdos constante na página 90 foi projetado, a fim de que

fizessem suas anotações para posterior registro no questionário a ser

respondido via Google Docs, tendo um contato visual com os conteúdos

também por meio de pesquisa no Youtube e/ou no Google. Para esta ação

foram agendados e utilizados três dias para que todas as seis turmas

pudessem desenvolver suas pesquisas.

Numa terceira etapa, a partir do agendamento do laboratório de

informática, colaboração de toda a equipe pedagógica e educadores/as,

cada turma, em posse de suas anotações prévias, respondeu aos

questionários, que foram posteriormente tabulados.

Com base nos resultados obtidos, nova proposta de conteúdos será

implementada no ano subsequente, com o 1º Ano do Ensino Médio.

O processo de implementação do projeto se dará ao longo do primeiro

semestre do ano 2014, nos 25% do tempo das aulas destinadas ao

desenvolvimento e planejamento das atividades previstas do PDE. O critério da

seleção do ano e da série a ser aplicado o projeto justificou-se pelo fato de que

estes serão, em sua maioria, os educandos que estavam no 9º Ano do Ensino

Fundamental, todos do período da manhã, e que responderam ao questionário

em 2013.

As avaliações das aulas de implementação desta unidade didático

pedagógica ocorrerão em conformidade com o que consta no PPP do colégio bem

como os demais procedimentos didático-pedagógicos.

8.2 Procedimentos quanto aos educadores e educadoras

Após esclarecimentos quanto a natureza do projeto de pesquisa do PDE,

foram tiradas as dúvidas quanto a finalidade e intencionalidade da unidade

didático pedagógica junto aos educadores e educadoras.

No início do ano letivo, havia seis profissionais da área no estabelecimento

de ensino. Porém, com a redução do número de aulas, dois tiveram que fechar

sua carga horária em outros de ensino do município ou em outros municípios da

Área Metropolitana Norte, permanecendo quatro profissionais. Desses quatro, três

são professores do Quadro Próprio do Magistério – QPM, sendo que uma

professora tem apenas suas aulas extraordinárias no colégio. A quarta professora

é oriunda do Processo Seletivo Simplificado – PSS. Um professor QPM não

participou da pesquisa por estar em licença. Dos três questionários enviados para

que fossem respondidos, apenas dois retornaram com o registro das respostas.

No questionário direcionado aos educadores constaram questões

referentes aos conteúdos estruturantes da disciplina considerando em que séries

do Ensino Médio são trabalhados; a seleção de conteúdos; a consulta aos

educandos quanto aos conteúdos a serem trabalhados no Ensino Médio; as

possíveis dificuldades para o trabalho com conteúdos diversificados selecionados

pelos educandos e educandas; e relações interdisciplinares da Educação Física

com outras áreas do conhecimento.

Vale esclarecer que se optou por aplicar os questionários em alunos/as e

professoras/e considerando que o procedimento de remoção ocorreu no ano de

2012, mesmo ano do processo seletivo do PDE, fato este que interferiu,

sobremaneira, na forma de elaboração dos instrumentos de investigação. Em

decorrência disto verificou-se a possibilidade de ter contato com os educandos e

educandas uma vez que serão sujeitos e protagonistas do processo de

implementação desta unidade temática no ano de 2014 bem como com os

colegas com os quais será estabelecido um diálogo mais amplo constantemente.

9 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

O processo de investigação sobre os novos conteúdos a serem

trabalhados indicados pelos alunos poderá ser feito de várias maneiras mas, uma

vez que estando em sala de aula, professores e professoras poderão proceder

esta investigação ao longo do ano letivo, fazendo a abordagem de um conteúdo

estruturante ou dois por bimestre, por exemplo, ou de acordo com sua

necessidade e/ou tempo que possa ser planejado para realização desta tarefa.

A elaboração de um instrumento onde seja possível registrar qual(is)

conteúdo(s) os educandos e educandas manifestam interesse em ter nas aulas

de Educação Física, devem ser pensados a partir da realidade de cada escola em

diálogo com os demais docentes da área e equipe pedagógica.

Conforme já mencionado anteriormente, faz-se necessário apresentar aos

alunos e alunas uma síntese dos conteúdos constantes nas DCEBEF, por ser este

documento oficial vigente para a orientação da prática pedagógica desta área do

conhecimento e para que tenham uma referência de por onde iniciar o processo

de seleção.

No entanto, o instrumento a ser elaborado em outras escolas para

aplicação junto aos/as alunos/as poderá conter questões que possam retratar a

maneira como estes/as veem as aulas de Educação Física e a prática docente,

considerando ainda as condições para realização das ações pedagógicas. O

Fonte: LDP Educação Física

conteúdo deste instrumento poderá ser pensado de forma coletiva já que os

colegas de trabalho poderão contribuir com sua elaboração e trazer para o debate

outras questões importantes a serem direcionadas tanto para os educandos e

educandas quanto para a própria prática docente.

Porém, com base no Anexo ao final desta unidade outros instrumentos

poderão ser elaborados fazendo-se os recortes ou inclusões necessárias aos

interesses da pesquisa, pois o que se pretende é demonstrar o quanto é possível

criar possibilidades para que educandos e educandas possam manifestar seu

interesse por determinados conteúdos que não constam nos currículos escolares

mas que podem e devem ser trabalhados nas aulas de Educação Física,

entendendo-se que esta área do conhecimento no âmbito escolar deve abordar

as diferentes formas de atividades expressivas corporais historicamente

produzidas pela humanidade referentes ao movimento humano.

9.1 Atividade: pesquisa

Tendo conhecimento da importância que o PPP tem, enquanto documento

que apresenta a identidade da escola, é fundamental

conhecer que tipo de informação ele traz acerca do

caminho a ser percorrido na formação de educandos e

educandas. Para ampliar seus conhecimentos sobre

este documento realize e reflita acerca das seguintes

questões:

a) Investigue no PPP e registre que tipo de aluno

sua escola pretende formar e a partir de quais

pressupostos.

b) Avalie sobre o que acabou de escrever,

dialogue com outros colegas da disciplina de Educação Física e registre

suas reflexões elaborando um texto que evidencie se o que está posto no

PPP está em consonância com sua prática docente no cotidiano escolar.

9.2 Atividade: debate

Na atividade anterior os questionamentos foram acerca do que consta no PPP

e o tipo de aluno que se pretende formar. Também nele se circunscreve a

opção por determinado currículo onde estão definidas as ações pedagógicas

que se desencadearão ao longo do ano letivo. Com base no PPP e no breve

texto que você acabou de ler sobre o currículo:

a) Promova um debate com seus colegas de área sobre que concepção de

currículo consta no PPP de sua escola e elencando os pontos mais

relevantes.

b) De que forma a opção por este currículo é determinante na seleção de

conteúdos, organização e desenvolvimento das suas aulas de Educação

Física? Traga para o debate exemplos práticos que justifiquem seus

argumentos.

9.3 Atividade: elaboração de instrumento de pesquisa

Uma vez feita a pesquisa sobre o PPP e o debate acerca do currículo você já

compreendeu como estes elementos são importantes e estão interligados quanto

a seleção dos conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física e

da relevância da participação dos educandos e educandas neste processo de

construção coletiva. Então realize as atividades abaixo para fecharmos este ciclo.

a) Elabore um questionário de pesquisa para se respondido pelos

educandos e educandas onde possam ser registrados quais conteúdos

gostariam de ter nas aulas de Educação Física.

b) Além dos conteúdos outros elementos importantes podem constar

neste mesmo documento colaborando para a melhoria da qualidade

nas aulas de Educação Física. Dialogue com seus colegas e após

concluir o questionário façam uma avaliação critica acerca da validade

deste tipo de procedimento.

Uma vez tendo este instrumento finalizado você, juntamente com seus

colegas de área, poderão elaborar uma agenda para aplicação nas turmas e

discutir em que momento estes novos conteúdos serão inseridos nas aulas,

articuladas as prerrogativas constantes nos documentos oficiais da escola.

Recomenda-se ainda ressaltar junto a alunos e alunas a importância do

exercício democrático de construção de um currículo participativo onde os

conteúdos serão indicados por eles.

10 RESULTADOS OBTIDOS

O foco principal desta unidade didático pedagógica se caracterizou pelo

levantamento dos conteúdos indicados pelos educandos e educandas mas para

os docentes da rede estadual de ensino que já atuam na escola, apresentamos

um modelo de instrumento que pode facilitar a coleta de dados, novamente

esclarecendo o fato de deve ser elaborado de acordo com a necessidade e

interesse de cada unidade escolar. Outros dados levantados serão discutidos na

produção do artigo final deste PDE.

10.1 Resultados de Conteúdos Indicados pelos Educandos e Educandas

Para a seleção destes conteúdos os participantes foram orientados a escolher

quaisquer jogos e brincadeiras que poderiam constar ou não no quadro de

conteúdos específicos do conteúdo estruturante Jogos e Brincadeiras, não

importando a que conteúdo básico pertencesse. Este mesmo critério foi utilizado

para a seleção de todos os demais. Considere-se aqui os percentuais de escolha

a partir de um rol de quarenta e três possibilidades apresentadas e outras que

poderiam indicar mesmo não constando no quadro apresentado:

Gráfico 1

Já para o conteúdo estruturante Esportes, os educandos e educandas

foram orientados a não selecionar os quatro esportes hegemônicos trabalhados

ao longo de todos os anos do ensino fundamental, uma vez que não se trata de

eliminar os esportes handebol, voleibol, basquetebol e futsal dos currículos

escolares, mas ampliar o processo formativo com a inserção de outros esportes

que também promovam o desenvolvimento das potencialidades dos alunos. Veja

como ficou o gráfico:

Gráfico 2

Em relação ao conteúdo estruturante Ginástica, observe abaixo quais

foram as indicações dos alunos e alunas a partir das trinta e cinco opções

apresentadas:

Gráfico 3

Sobre o conteúdo estruturante Dança, as indicações partiram de um

universo de trinta e oito opções registradas nas DCEBEF, página 90, para que se

chegasse ao seguinte resultado:

Gráfico 4 Para indicar os conteúdos de Lutas, foram apresentados aos educandos e

educandas doze possibilidades constantes nas DCEBEF entre outras que

poderiam estar selecionando que não constassem no documento referência:

Gráfico 5 Com estes resultados é possível construir uma nova proposta curricular

para do desenvolvimento das aulas de Educação Física que serão ministradas no

ano subsequente. Especificamente sobre esta unidade didático pedagógica, com

base nestes conteúdos serão implementadas as ações previstas para o primeiro

semestre de 2014.

10.2 Resultados Apresentados pelos Educadores

Citou-se anteriormente houve uma redução significativa de profissionais da

área de Educação Física que atuavam na escola, em função da diminuição do

número de aulas. Uma vez que permaneceram apenas três profissionais em

atividade no momento da pesquisa, sendo que apenas dois responderam o

questionário, os resultados não serão tratados em percentuais.

Os resultados demonstraram que, de fato, esportes como handebol, voleibol,

futsal e basquetebol são trabalhados do 6º Ano do Ensino Fundamental a 3ª Série

do Ensino Médio.

Os docentes responderam ainda que não há participação dos educandos e

educandas no processo de construção do currículo a partir da indicação de

conteúdos e que caso houvesse, as principais dificuldades que poderiam surgir

Imagem: LDP EDUCAÇÃO FÍSICA

para sua implementação são:

Falta de material específico;

Falta de espaço adequado e

Falta de interesse por parte da maioria dos alunos.

Indagados sobre possíveis dificuldades para que fossem desenvolvidos

conteúdos variados para as aulas de Educação Física, dentro do que propõe as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Educação Física no Ensino

Fundamental e Médio, ambos responderam que a falta de material para estudos

na escola, de material específico e de espaço adequado seriam os principais

fatores determinantes.

Registraram ainda que não há participação dos alunos quanto a elaboração

do currículo ou que desconhecem acontecer tal consulta.

Estes resultados parciais corroboram com a hipótese de que não ocorre uma

consulta aos educandos e educandas para a indicação dos conteúdos a serem

trabalhados nas aulas de Educação Física e quais seriam os problemas para que

novos conteúdos fossem inseridos no currículo das aulas.

11 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

Os anexos que vem a seguir são documentos que podem

servir de referencia para que você desenvolva seu instrumento

de pesquisa. A intenção é que se formem grupos de

educadores e educadoras que possam elaborar e trocar

informações acerca de como organizaram seus questionários,

com que objetivo, de que forma os resultados produzidos

alterarão o cotidiano das aulas de Educação Física, sendo o

foco principal estabelecer um diálogo amplo com educandos e

educandas, dando-lhes condições de expressar seus

interesses quanto aos conteúdos da disciplina.

Caberá a cada um e cada uma avaliar se estas ações podem ser

desenvolvidas em todas as séries, dependendo da metodologia utilizada para a

abordagem, ou ainda pode-se fazer um projeto piloto trabalhando com um número

reduzido de turmas para a investigação e avaliar os resultados posteriormente.

Uma hipótese a se considerar é de que aumente o número de participantes

nas aulas já que deles partirá as indicações dos conteúdos que serão incluídos no

currículo construído de modo participativo para as aulas. Mas, sabe-se que a

qualidade das aulas esta condicionada a alguns fatores entre eles a pesquisa; o

material disponível; a possibilidade de agendamento e deslocamento para locais

onde se possa trabalhar com os conteúdos indicados pelos alunos e alunas;

transporte, entre outros. O empenho de cada um e cada uma, com o apoio da

equipe pedagógica e direção, serão necessários para que se ampliem as

possibilidades de trabalho, na teoria e na prática, a partir do que estabelecem as

DCEBEF e na perspectiva da cultura corporal.

Entretanto, ressalta-se ainda que para que a prática educativa do ato de

ensinar ocorra, é fundamental levar-se em conta o que Freire aponta serem

exigências básicas, conforme já registramos no título 5, Freire e a função da ação

educativa do ato de ensinar.

Outros resultados da pesquisa, da primeira e da segunda etapa, serão

abordados, oportunamente, no artigo final de conclusão do PDE.

12 REFERENCIAS

APPLE, Michael. Ideologia e Currículo. Tradução Vinicius FIGUEIRA. Porto

Alegre: Artmed, 2006, p. 101-124. ARROYO, Miguel Gonzáles. Indagações Sobre o Currículo - Educandos e Educadores: seus direitos e o Currículo. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011. Colégio Estadual João Ribeiro de Camargo. Projeto Político Pedagógico.

2011. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Educação Física. Imprensa Oficial, 2008.

SACRISTÁN, José Gimeno. e GÓMEZ PÉREZ, Angel I. Compreender e

Transformar o Ensino. Porto Alegre: Artmed, 1998.

SILVA, Tomaz Tadeu da; MOREIRA, Antonio Flávio (orgs.). Os novos mapas culturais e o lugar do currículo numa paisagem pós-moderna. In: Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. 6 ed.

Petrópolis: Vozes, 1995, p. 184-202.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Escola: espaço de projeto político pedagógico. Campinas: Papirus, 1998.

____________, (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 14a edição Papirus, 2002. Texto extraído sob licença da autora e da editora do livro. Disponível em http://pedagogia.dmd2.webfactional.com/media/gt/VEIGA-ILMA-PASSOS-PPP-UMA-CONSTRUCAO-COLETIVA.pdf. Acessado em 30/11/13.

13 Anexo – Modelo para Levantamento: Indicação de Educandos e

Educandas para Conteúdos das Aulas de Educação Física*

Identificação do(a) Educando(a): ______________________________________________________________ Ano/Série: ___________ Ano da Consulta: ___________

Conteúdo Estruturante: Esportes

Conteúdo Específico Assinalar “X” nas linhas de seu interesse**

Esportes Coletivos

Futebol de Campo

Voleibol

Basquetebol

Handebol

Futebol de salão

Futevolei

Rugby

Beisebol

Esportes Individuais

Atletismo

Natação

Tênis de Mesa

Tênis de Campo

Badminton

Hipismo

Esportes Radicais

Skate

Rappel

Treking

Bungee Jumping

Surf

*Os demais conteúdos estruturantes que não constam neste modelo poderão ser inseridos na mesma tabela ou planilha ou em outra, a critério do/a educador/a. **Educadores e educadoras poderão abrir o número para seleção de conteúdos acordo com sua organização. Por exemplo: se sua intenção for trabalhar ao longo de um ano letivo, poderá abrir seleção para seleção 2 (dois) esportes, lembrando que os demais conteúdos estruturantes também devem compor o processo de seleção para que os educandos e educandas possam ter várias possibilidades de acesso a outros conteúdos da cultura corporal para trabalho no mesmo ano letivo.