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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

O USO DO SOFTWARE EDUCATIVO PELO DEFICIENTE INTELECTUAL PARA

APROPRIAÇÃO DA LEITURA E ESCRITA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS

Professora autora: Divina Evangelista Romero1

Orientadora: Profª. Drª Rosangela Aparecida Volpato2

Resumo

Este artigo apresenta os resultados de um Plano de Implementação Pedagógica, alcançados juntos aos alunos da Educação de Jovens e Adultos, da Escola de Educação Básica “Celso Heinzein” na modalidade Educação Especial, da cidade de Alvorada do Sul, Núcleo Regional de Educação de Londrina, cujo tema abordou o uso das Tecnologias junto a Educação Especial. A Proposta é parte do Programa de Desenvolvimento da Educação –PDE, proposta aceita pelos professores da Rede Estadual de Educação no sentido da promoção e execução de um trabalho pedagógico inovador juntos aos alunos das escolas públicas, com vistas ao ensino e aprendizagem da leitura e da escrita de alunos com deficiência intelectual, a partir da utilização de um software educativo, elaborado especialmente para esta finalidade. Estes são, portanto, os resultados das atividades realizadas, que foram divididas em etapas para que se partisse do diagnóstico sobre o que os alunos já conheciam a respeito de do uso das tecnologias, especialmente do computador, a qual foi sendo acrescentada as demais atividades, que constaram de aula-passeio, filmes e prática no Software de autoria Meio Ambiente e Saúde, de onde se originaram as atividades efetivas a respeito da leitura e da escrita. Os resultados atingiram respostas além das esperadas, especialmente a respeito da motivação para o desenvolvimento delas. Palavras-Chave: Educação de Jovens e Adultos. Deficiente Intelectual. Softwares Educativos. Letramento. Aprendizagem

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta o resultado das atividades desenvolvidas junto aos

alunos da Educação de Jovens e Adultos de uma escola da modalidade de

Educação Especial, no sentido de responder a questão problematizadora que

suscitou a elaboração deste trabalho de implementação que perguntava como o uso

de softwares educativos contribui para o processo de letramento dos alunos

deficientes intelectual que frequentam a modalidade da EJA.

1 Professora da Educação Especial, lotada na Escola de Educação Básica “Celso Heinzen”, na modalidade de

Educação Especial, da cidade de Alvorada do Sul- PR, NRE de Londrina, cursista do Programa de Desenvolvimento da Educação PDE (2013). Email: [email protected] 2 Professora Dra. da Universidade Estadual de Londrina- UEL, Orientadora do PDE 2013. Email:

[email protected]

Cabe lembrar que tal proposta faz arte do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, do ano de 2014, e que preza pela busca de melhorias na

Educação, contando com o esforço e a dedicação dos professores-autores, dos

orientadores ligados às Instituições de Ensino Superior (neste caso UEL-

Universidade Estadual de Londrina), da escola pública de Implementação ( Escola

de Educação Básica “ Celso Heinzen” – modalidade de Educação Especial), da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná e de toda comunidade escolar, atores

que, juntos, estiveram empenhados em promover meios para que alunos e

professores, fossem beneficiados dentro do processo de ensino e de aprendizagem,

enquanto participavam da proposta que vista a uma Educação de qualidade.

Neste caso específico, a Proposta de Implementação, se tornou uma Unidade

Didática, e esteve situada junto aos alunos da Educação de Jovens e Adultos da

referida escola, objetivando apresentar a possibilidade da utilização dos softwares

educativos para alunos com deficiência intelectual ou múltiplas deficiências, desta

modalidade específica da Educação, como proposta metodológica para o ensino da

leitura e da escrita.

Para isso, foi necessário especificar os objetivos desde a necessidade do uso

do computador, da experiência prática com este instrumento e do treinamento para

uso com softwares educativos, como mediadores entre a aprendizagem e o trato

com a deficiência intelectual deste público. Foi preciso elaborar e desenvolver

atividades de leitura e escrita, a partir de um software educativo que foi criado

especialmente com este intuito e que demandou do treinamento da professora-

autora, especialmente quanto à parte tecnológica desta criação, de forma a envolver

os conteúdos necessário para atender ao objetivo geral. Para isso, foi necessário

contextualizar o conteúdo proposto pelo Plano Docente elaborando as atividades

para este software educativo que visou à aquisição da leitura e escrita pelo aluno

com deficiência intelectual, buscando instigar nestes alunos a iniciativa, espírito

crítico e independência na produção de textos.

Partindo destes objetivos, foi elaborado o Material Pedagógico para a prática

docente, e que teve seu desenvolvimento durante o período de julho a outubro de

15, totalizando 64 horas, entre a elaboração do material e o desenvolvimento das

atividades em campo.

Neste artigo, são apresentados os resultados e a conclusão deste trabalho

pedagógico que esteve voltado para a percepção do quanto os softwares educativos

podem colaborar com o ensino e aprendizagem da leitura e da escrita para alunos

com deficiência intelectual.

Aqui são verificadas as respostas dadas pelos alunos às atividades do

software educativo intitulado Meio Ambiente e Saúde, de forma a pensar nesta

prática enquanto emancipação da leitura e da escrita, de forma a questionar a

metodologia utilizada junto ao público com deficiência intelectual e, mais ainda,

como meio de inclusão ao mundo das tecnologias, o qual está intimamente

integrado à sociedade atual.

PRODUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO

.1 OS PARTICIPANTES DA IMPLEMENTAÇÃO

O público-alvo da implementação deste trabalho foram os alunos, com

deficiência intelectual da Educação de Jovens e Adultos da Escola de Educação

Básica “Celso Heinzen” na modalidade de Educação Especial, da cidade de

Alvorada do Sul, Estado do Paraná. A faixa etária dos alunos era sempre acima de

anos e a turma formada por alunos, o que tornou o processo de

desenvolvimento desta proposta muito amplo em seus resultados.

Durante o desenvolvimento das atividades propostas junto aos alunos desta

turma, participaram alguns professores deste colégio, bem como, outros professores

que também podem ser chamados de colaboradores, num total de (vinte)

professores da rede Estadual de Educação, que optaram por este Grupo de

Trabalho em Rede, da Educação do Paraná, pois, eles agiram intervindo e

participando da proposta, colaborando com suas informações e troca de

experiências, enquanto percebiam como foi desenvolvido o Programa de

Desenvolvimento da Educação, PDE.

.2 ELABORAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

O Programa do Desenvolvimento da Educação – PDE, esclarece que, a partir

da proposta da formação continuada dos professores, seja estabelecido um diálogo

entre professores e alunos, entre escola e sociedade, para que possam produzir

resultados e mudanças de qualidade na prática escolar e na vida de cada um.

Para definir o tema, a professora-autora baseou-se em sua prática junto ao

público e escola onde trabalha, analisando um conteúdo que atendesse a turma da

EJA desta instituição de ensino, percebendo, então a necessidade de trabalhar a

leitura e escrita com alunos com deficiência intelectual e apresentando as

tecnologias, mais especificamente o uso do software educativo, enquanto

metodologia que pudesse ser adequada a esta demanda.

Os conteúdos e ações da disciplina foram adaptados de acordo com a

necessidade desta turma, para, depois, a professora-autora criar o software de

autoria e elaborar as atividades que constam na Unidade Didática, bem como, as

estratégias metodológicas a serem utilizadas.

Durante o desenvolvimento dos trabalhos, todos os passos da Implementação

foram sendo divulgados juntos aos professores do Grupo de Trabalho em Rede-

GTR, e ao ser concluído partiu-se para o tratamento dos resultados e elaboração

deste artigo, onde são consideradas as formas como este material e outros demais

softwares educativos, poderão subsidiar o trabalho junto aos deficientes intelectuais,

atendendo a demanda do aprendizado da leitura e da escrita ou outras

necessidades que possam ser pensadas a partir da utilização da tecnologia.

2.3 APRESENTAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

A ideia principal do Plano de Implementação Pedagógica foi o de se utilizar a

Tecnologia na Educação Especial, mais especificamente o de utilizar o software

educativo (de autoria da professora-autora), intitulado Meio Ambiente e Saúde, como

estratégia metodológica capaz de atrair os alunos à prática da leitura e da escrita,

bem como, à observação da natureza, de forma a serem inseridos conteúdos de

saúde, preservação, dengue, dentre outros necessários para manutenção da vida

saudável e da qualidade de vida. Os trabalhos foram dispostos em um cronograma

apresentado pelo Projeto e pela Unidade Didática que serviu para subsidiar tais

práticas. Os resultados seguem apresentados conforme foram desenvolvidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Etapa 1 - Círculo de Diálogo Diagnóstico sobre Tecnologia

Atividade 1 - Dinâmica dos Nomes

Para o desenvolvimento desta atividade foi necessária a utilização de crachás

com os nomes dos alunos, distribuídos com antecedência, objetivando diagnosticar

o quanto eles já conseguiam reconhecer seus próprios nomes e a partir da escolha

de seu nome eles fizeram suas apresentações. Esta atividade teve duração de 1

hora/aula.

Os resultados demonstraram que 8 (oito) alunos conseguiram identificar seus

próprios nomes e nomearam corretamente a primeira letra deles. Os outros 2 (dois)

alunos pediram ajuda para os colegas e a professora não precisou intervir.

O diagnóstico na Educação ainda é um desafio para o professor que deseja

que seu planejamento seja desenvolvido adequadamente, pois, ele diz respeito à

realidade do aluno e ao contexto escola, para efetivação de uma prática condizente

as suas necessidades e a produção de resultados de acordo com os objetivos

planejados.

Concordando com este aspecto, Ferreira (2004) esclarece que o diagnóstico

é um conjunto de dados que baseia uma determinação, ou seja, serve, de modo

geral para elencar um conjunto de elementos que irá orientar uma tomada de

decisão.

Sendo assim, a partir deste momento, a professora avaliou o resultado desta

atividade observando a atenção e concentração de cada aluno e pode dar

continuidade à atividade seguinte, pois, considerou concluída esta ação.

Atividade 2 - O que é Tecnologia?

Para o desenvolvimento desta ação foram necessárias 2 horas/aula e como

recursos, necessitou-se da TV pendrive e dos computadores disponíveis, e teve

como objetivo, justamente, apresentar o computador e seus componentes,

identificando o nível de conhecimento a respeito desse instrumento.

As atividades foram iniciadas a partir do vídeo “O que é um computador”3 e a

partir dele é que foram feitos os questionamentos a respeito das partes dos

3 CALINA, Ricardo; O que é um computador. Disponível em: <

https://www.youtube.com/watch?v=17_zRUK37NM>

computadores, tendo como resultado a necessidade de mediação com 5 (cinco)

alunos, que responderam corretamente.

No entanto, no momento da utilização do mouse, a mediação teve que ser

mais efetiva, porque a coordenação motora das maioria deles não era suficiente

para o desenvolvimento da atividade prevista, o que fez com que a professora

necessitasse permanecer em atividades de coordenação antes de adentrar ao

conteúdo.

No entanto, vale perceber as palavras verdadeiras de Freitas (2008, p.176)

que enfatizam que:

A verdadeira integração do computador na realidade da escola supõe uma nova organização escolar [...]. E isto não acontece de um dia para outro: requer tempo, ajudas específicas, incentivos, toda uma estrutura de apoio.

Pode-se dizer que todos os esforços foram dispendidos para que tais

exercícios fossem desenvolvidos flexibilizando a organização de todas as atividades

estipuladas no projeto.

Etapa 2 - Apresentando o Tema Meio Ambiente e Saúde

Atividade 1 - Estudo do Meio e Passeio na Mata dos Macacos

Com duração de 2 (duas) horas/aula, esta atividade necessitou de apoio da

Prefeitura Municipal e Secretaria de Educação no sentido de conceder um meio de

transporte coletivo escolar, para que pudesse ser realizada a visita à Mata dos

Macacos que fica numa distância de, aproximadamente, 8 (oito) quilômetros da

escola.

O passeio teve como objetivo observar e refletir sobre as condições em que

se encontrava aquele local e perceber como as pessoas estão tratando os macacos

que ali passeiam e se relacionam com os seres humanos, bem como, notar o

acúmulo de lixo que é depositado quando as pessoas vão até à mata para tratar dos

animais e qual a qualidade dos alimentos que são levados até eles.

Os alunos também puderam levar comida natural para os animais e foram

instruídos a recolherem todo lixo e colocarem em sacolas levadas com esta

finalidade.

Desta forma os objetivos foram: promover melhor percepção do meio, refletir

sobre a questão ambiental, utilizar experiências como estímulo a mudanças de

hábitos e atitudes, bem como, o exercício e disseminação de ideias sobre as

vantagens na melhoria e preservação dos espaços verdes, sobre as ações possíveis

de serem realizadas pelos alunos, sobre os comportamentos diários em relação ao

meio ambiente. E, pedagogicamente, objetivou-se o desenvolvimento da linguagem

oral e escrita, dos conteúdos de ciência e biologia e de meio ambiente e saúde.

Os resultados constaram do entusiasmo dos alunos ao saírem para o

passeio. Mais alegres ficaram ao se depararem com uma inúmera quantidade de

macacos que vieram recepcioná-los, esperando serem alimentados.

Foi possível observar atitudes muito positivas por parte da turma que se

empenhou, na medida de suas possiblidades, em ajudar a recolher o lixo espalhado

e comentaram sobre como aquele lugar poderia ficar mais limpo. Especialmente

nestes tempos em que a dengue tem sido recorrente nesta cidade, e o acúmulo de

água da chuva fica mais fácil quando encontra recipientes abandonados,

proliferando o mosquito vetor.

Aluna com Síndrome de Asperger4 conseguiu expressar sua alegria e apontar

para o lixo com comportamento desconfortável. Um outro aluno com Paralisia

Cerebral, apontava para os animais e expressou satisfação em estar ali a partir de

gestos.

Ao voltarem para sala de aula, a professora foi muito enfática na questão da

preservação da natureza e na luta pelo bem-estar de todos os animais que ali

habitam. Questionou a respeito do que viram e insistiu até que conseguisse algumas

respostas que lhe permitisse crer que algum o conhecimento a respeito da Natureza

e Saúde havia sido conseguido.

As perguntas deles para a professora se referiam aos animais vistos, como

eles se alimentavam, desde quando viviam ali, se naquele local haviam outros

4 Síndrome de Asperger é o nome dado a um grupo de problemas que algumas crianças (e adultos) têm quando

tentam comunicar com outras pessoas. TEIXEIRA, Paulo. Disponível em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0254.pdf

animais além dos macacos, pássaros, abelhas e borboletas. Isso porque foram estes

os animais que eles viram na mata.

Sobre as aulas-passeio é possível dizer que trata-se da educação sendo

formalizada fora das salas de aula, e com resultados surpreendentes e que esta

metodologia foi proposta e demonstrada por Celestin Freinet (1973) que defende a

ideia de que a partir das experiências os alunos chegam a um verdadeiro

conhecimento, pois isso acontece quando são proporcionadas a eles situações que

os fazem agir a partir das descobertas que lhes despertam o interesse.

As aulas passeio tem como objetivo motivar o processo de ensino e de

aprendizagem a partir do experimental e as descobertas.

Atividade 2- Leitura e Interpretação da Música “Ecologia”

Para esta atividade, foi trazido um aparelho de áudio para sala de aula, e

foram necessárias 3 horas/aula para conclusão da atividade que teve com o objetivo

fazer com que os alunos interpretassem a letra de uma música para que pudessem

ser capazes de levantar palavras-geradoras.

Para isso eles fizeram a audição de uma música intitulada Ecologia 5 e a partir

da letra da canção foram retirando memorizando o refrão e demonstraram algumas

facilidades, como a de memorização, concentração, percepção auditiva e

interpretação do conteúdo, muito mais sobre o que se referia aos cuidados com o

meio.

No entanto, alguns alunos precisaram de mediação, pois 2 (dois) deles, por

exemplo, não conseguiram ligar o computador para realizar as atividades referentes

a letra da música. Outros não conseguiram acessar o jogo e na atividade da palavra

geradora, necessitando de apoio da professora.

O manuseio do mouse ainda foi difícil para 2 (dois) deles. Em seguida eles

precisavam identificar alguma sílaba das palavras ouvidas. O que não os impediu de

conseguirem interpretar o conteúdo da canção contando com auxílio da professora.

5 Ecologia. Zico e Zeca, Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=C2-v5wWi3hw>

No entanto, memorizaram o refrão da canção, o que propiciou um acalorado debate

sobre a natureza.

Atividade 3- Exploração da palavra geradora “Natureza”

Figura 1: Atividade Palavra-Geradora

Fonte: Romero )

O recurso utilizado para estas 4 (quatro) horas/aula, foi o computador e o

software educativo Meio Ambiente e Saúde, criado pela professora (ROMERO,

), e objetivou evidenciar as palavras geradoras utilizando o software.

O software desenvolvido pela professora-autora, é o recurso didático que que

visa contribuir com o processo de ensino e de aprendizagem da leitura e da escrita

dos jovens e adultos com deficiência intelectual, na intenção de que a partir dele

seja promovida a inserção destes alunos também à cultura digital.

Trata-se de um aplicativo que considerou, em sua elaboração, as teorias de

Paulo Freire, especialmente no que diz respeito a busca da palavra-geradora, para

trabalhar com o software que tem a palavra Natureza em suas atividades. A audição

das sílabas e pronúncia dos fonemas proporcionados pelo software auxiliou quanto

a resolução da proposta desta atividade.

Sabe-se que formar consciência fonológica em alunos com deficiência

intelectual que merece muitos cuidados, pois, deve-se lembrar que converter sinais

gráficos em sons envolve a rota de aquisição e de desenvolvimento da linguagem a

nível cognitivo, é torna-se muito importante ao mediador conhecer a teoria de

processamento de informação, ou seja, “o roteiro de entrada, a decodificação, o

armazenamento, a recuperação, a codificação e a saída de palavras” SCHIPPER et

al, s/d, p.8)

É preciso que o professor entenda que “cabe à defectologia estudar os ciclos

e as transformações no desenvolvimento e os processos compensatórios que

permitem transpor as deficiências, pois, a singularidade do desenvolvimento da

pessoa com deficiência está nos caminhos para a superação do déficit” MARQUES,

2001, p. 85).

Atividade 4- Memória Ambiental

Ainda utilizado o software educativo, foram necessárias 2 horas/aula para a

conclusão desta atividade que objetivava identificar os elementos da Fauna e da

Flora do passeio na Mata dos Macacos.

Ao partirem para o desenvolvimento do Jogo da Memória e do Quebra-

Cabeça, disponíveis no software educativo6, e que foram elaborados exclusivamente

para este projeto, os alunos foram observando as imagens na tela do computador e

acabaram reconhecendo que se tratava das fotos feitas na aula-passeio.

Figura 2: Atividade Memória Ambiental

Fonte: Fonte: Romero ( )

Esta atividade possibilitou trabalhar fonemas e grafemas, pois, os alunos

conseguiram formar palavras oralmente e identificar as sílabas correspondentes.

Mas, compensa refletir sobre a “complexidade na composição da linguagem escrita,

pois se deve tomar consciência da estrutura sonora da palavra, dissecá-la e

reproduzi-la em símbolos alfabéticos, memorizados e estruturados antecipadamente”

6 ROMERO, Divina Evangelista. O uso do software educativo pelo deficiente intelectual na apropriação da

leitura e da escrita na educação de jovens e adultos. 2014. Disponível em:< http://divinaeromero.wix.com/meioambientesaude>.

(SCHIPPER et al, s/d, p.4), justamente, foram estes os aspectos a serem

trabalhados com o desenvolvimento desta atividade.

Atividade 5- Adivinha Ambiental

Quanto mais prazerosas, mais fácil de trabalhar com todo tipo da atividade

pedagógica. A atividade de Adivinha Ambiental foi de agradável desenvolvimento,

pois, os alunos conseguiram apresentar o conhecimento adquirido na aula-passeio

se divertindo enquanto respondiam as questões desta atividades.

Os alunos acreditavam estar apenas brincando, enquanto interpretavam as

questões treinando concentração e memória, e ainda enquanto respondiam às

questões de ciências e biologia.

Figura : Atividade de Adivinha Ambiental

Fonte: Romero (2014)

Esta atividade dispendeu de mais tempo de trabalho, pois, foram necessárias

várias retomadas para que os alunos entendessem exatamente o que precisavam

responder, primeiro oralmente, para depois interagirem a partir do computador.

Gardner (apud ARMSTRONG, 2001, p. 15) classifica este tipo de inteligência

dentro da categoria de “inteligência naturalista, quando o indivíduo é capaz de

reconhecer e classificar algumas das numerosas espécies da flora e fauna do seu

meio ambiente”

Sabendo disso, o professor que deseja trabalhar com a inclusão educacional

deve propiciar ações pedagógicas que facilitem e direcionem tal processo.

Atividade 6- Produção de Texto “Cartão Ambiental”

Esta atividade dispendeu do uso de 3 horas/aula junto ao software educativo

Natureza e Saúde (ROMERO, 2014), objetivando o reforço da leitura e da escrita.

Tratou-se da elaboração de uma atividade que demandava da produção de texto,

portanto, com grau de dificuldade bem maior que o das atividades anteriores, aqui

eles deveriam reunir todos seus conhecimentos para conseguirem redigir um texto

que tivesse relação com o tema desenvolvido.

Para recordar os pontos vistos a professora introduziu uma palavra cruzada,

de forma a relembrar palavras e trazer à tona o vocabulários dos alunos. No

momento da redação do conteúdo do cartão, eles precisaram muito do auxílio do

professor, evidenciando que a capacidade destes adultos de ler e escrever precisa,

antes, de estímulo ao pensamento abstrato, de forma que eles sejam capazes de

argumentar, utilizando-se da memória para organizar a comunicação.

Atividade 7 – O Estudo do Meio: “Os Problemas na Mata dos Macacos”

Na visita de reconhecimento, feita previamente pela professora, foram obtidas

algumas imagens que facilitaram a identificação de diversos problemas que a Mata

dos Macacos vem sofrendo.

Estes problemas referem-se tanto aos próprios macacos, cuja alimentação é

feita indevidamente pelos visitantes, que lhes oferecem produtos industrializados e

com data de validade vencida, fazendo com que muitos animais apareçam doentes

e passem fome na estação em que os turistas de veraneio não comparecem, pois,

eles não conseguem mais procurar seu próprio alimento, pois, já estão dependentes

do homem.

As fotos desta visita prévia foram apresentadas aos alunos conforme

conversavam sobre a visita que eles também fizeram, e isso obrigou que eles

usassem a memória recente, identificando os problemas e apresentando propostas,

objetivos desta atividade.

Foi possível levantar vários questionamentos, pois, os alunos se interessaram

em saber como os macacos chegaram até lá, o que deveria ser dado como alimento

para eles, por que eles estava comendo lixo, dentre outras perguntas. Isso

possibilitou a introdução tema sustentabilidade.

Os alunos da Educação de Jovens e Adultos, na modalidade Educação

Especial são bons aprendizes da Educação Ambiental e podem ser, também, bons

disseminadores. Nesta ocasião também foi possível abordar um tema de grande

destaque nesta comunidade, a dengue.

Falou-se sobre o acúmulo de lixo e dos focos de mosquitos que se proliferam

e como fazer para evitar a multiplicação deles.

Os alunos demonstraram conhecimento prévio sobre o tema e sobre demais

problemas ambientais facilitando a mediação a respeito das questões

socioambientais e degradação que havia sido visto na Mata dos Macacos.

Este foi o momento de introduzir um momento de leitura, e a professora levou

até o título Lixo Bicho, livro de autoria de Thiago Zardo lançado em 2013, pela APAE

de Marilândia do Sul. E da interpretação dele, os alunos puderam apresentar uma

dramatização, baseados no conteúdo e na experiência que tiveram com a visita à

Mata dos Macacos.

Após esta discussão eles partiram para uma oficina de reciclagem de material

descartável, e conseguiram compreender a necessidade da seleção, separação e

reciclagem do lixo para manutenção de um meio ambiente saudável.

A apresentação da Oficina foi para toda a escola e muitos dos objetos

elaborados ainda se encontram na escola. Eles trabalharam muito e com

consciência da necessidade de divulgação a respeito da sustentabilidade.

Etapa 3 - Proposta de Sustentabilidade no Espaço Escolar

Atividade 1- O Minhocário

Dentre as atividades de sustentabilidade os alunos, com intervenção da

professora, desenvolveram um Minhocário (Figura 4).

Figura 4: alunos fazem o Minhocário

Fonte: dados da autora (2015)

O objetivo foi o de enfatizar a importância de transformar materiais orgânicos

em outros materiais que, quando decompostos, podem ser uteis à natureza.

O lixo orgânico será utilizado para a manutenção do minhocário de onde,

posteriormente, poderá ser retirado o húmus para servir a pequeno jardim escolar,

numa proposta que conceitua a preservação do meio e a obtenção de resultados

sustentáveis.

Atividade 2- Jardinagem

Para incentivar os alunos a promoverem a integração com o meio ambiente, a

professora elaborou a atividade de manutenção do jardim escolar e lá eles puderam

praticar a sustentabilidade utilizando material orgânico que eram sobras da cozinha,

como cascas de frutas e legumes, por exemplo, material este que sofrendo a

decomposição pode ser utilizado como adubo para o jardim ou horta.

Figura 5: aluna rega o Jardim Fonte: dados da autora (2015)

Este jardim já havia sendo organizado há algum tempo pela professora

pensando no desenvolvimento deste projeto, por isso, eles já tinha afinidade com as

flores e com a horta, gostavam de estar lá e agora, instruídos sobre os adubos

orgânicos passaram a frequentar ainda mais aqueles espaços.

Em sala de aula foi trabalhado a necessidade que também as plantas têm de

se “alimentar”, e que o húmus produzido pelas minhocas servem para elas como

“vitaminas” Falando nesta linguagem eles mantiveram o minhocário com esta

intenção de adubação orgânica, e com interesse pela vida das plantas do jardim e

da horta. Alunos da Educação de Jovens e Adultos respondem melhor à atividades

que fazem parte de seu cotidiano. E a limitação motora deles não impediu que todos

colaborassem uns com os outros para alcançarem as respostas. O que não ficou por

aí, a professora trabalhou um outra oficina de criação e eles confeccionaram latões

de lixo para separação do lixo dentro da escola (Figura ).

Figura : Latões de recicláveis confeccionados pelos alunos

Fonte: dados da autora (2015)

2.5.4 Etapa 4- Apresentação dos resultados para a Comunidade Escolar

O encerramento de todos os trabalhos aconteceu com uma Dramatização

intitulada Meio Ambiente e Saúde, que contou com a participação de todos os

alunos da escola, que cantaram e dançaram a música Ecologia.

Os pais e responsáveis foram convidados e acabou-se por divulgar o trabalho

desenvolvido com os alunos da EJA, de forma que compreendessem qual o trabalho

e como os alunos trabalhando dentro daquele espaço escolar.

Eles puderam assistir no data show aos slides da visita que os alunos fizeram

à Mata dos Macacos, podendo refletir com eles sobre a proposta do projeto e

implementação pedagógica, Natureza e Saúde.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme descrito na Unidade Didática, o objetivo principal era o de

apresentar as Tecnologias, a partir do uso de um Software Educativo como

metodologia para a prática docente da disciplina Educação Especial, com objetivo

de incentivar a leitura e a escrita dos alunos da EJA com deficiência intelectual.

Na primeira parte do desenvolvimento das atividades propostas, foi

trabalhado um breve diagnóstico a respeito da realidade sobre conhecimento dos

alunos, e de como eles trabalhavam com as tecnologias, especialmente com o

computador nos processos educativos, identificando o que eles realmente

conheciam a respeito da utilização deste instrumento e qual a percepção que eles

tiveram sobre desenvolverem atividades no computador.

Para trabalharem como o computador os alunos necessitaram rever alguns

conceitos e praticarem com o mouse, pois a parte física deste trabalho também foi

considerada difícil por alguns deles.

O tema Meio Ambiente e Saúde necessitou de conceituações básicas para

ser empreendido, considerando conceitos de ordem de outras disciplinas como

Ciências, por exemplo.

Os resultados alcançados superaram nossas expectativas. Os alunos

associaram o novo conhecimento aos saberes que já possuíam, ajudando na

construção do tema tratado, trabalhando com aprendizagem significativa e

transformando o aluno em agente do seu aprendizado.

Este Plano de Intervenção teve 100% de aceitação e conclusão, pois, pode-

se constatar que todos os alunos do grupo escolhido participaram e conseguiram

desenvolver as atividades. Mas, superando esta marca, eles ainda propuseram

desenvolver mais atividades, pois, estavam motivados e desejavam trabalhar ainda

mais.

A proposta-tema do da Tecnologia junto a Educação Especial, associado à

ideia da utilização de softwares educativos para ensino e aprendizagem da leitura e

da escrita, constituiu-se numa metodologia capaz de tornar este processo mais

motivador e facilitador da aprendizagem dos conteúdos propostos.

REFERÊNCIAS ARMSTRONG, Thomas. Inteligências múltiplas na sala de aula. Prefácio Howard Gardner. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001. FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004. FREINET, C. Pedagogia do Bom Senso. São Paulo: Martins Fontes, 1973. FREITAS, M. T. de A. Computador/Internet como Instrumentos de Aprendizagem: Uma Reflexão a partir da abordagem Psicológica Histórico-Cultural. In: 2º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação. Universidade Federal de Pernambuco. Recife, anais eletrônicos, 2008. MARQUES, Luciana P. O professor de alunos com deficiência mental: concepções e prática pedagógica. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2001. ROMERO, Divina Evangelista. O uso do software educativo pelo deficiente intelectual na apropriação da leitura e da escrita na educação de jovens e adultos. 2014. Disponível em:< http://divinaeromero.wix.com/meioambientesaude>. ROMERO, Divina Evangelista. Meio Ambiente e Saúde. Software Educativo. Elaborado em 2014. Disponível em: <http://www.class.com.br/projetos/divina_pde/ >