OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · A LINGUAGEM POÉTICA COM ILUSTRAÇÕES COMO...
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
A LINGUAGEM POÉTICA COM ILUSTRAÇÕES COMO FORMA DE INCENTIVO À LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
Ana Maria Vieira Lopes
Orientador: Cleverson Ribas Carneiro
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Resumo: O presente artigo tem por finalidade destacar a importância da linguagem poética no
contexto escolar. Em virtude das diversas dificuldades que os estudantes têm apresentado quanto à
leitura e produção textual é que o trabalho com poesias ilustradas faz-se necessário, com o intuito de
contribuir para reparar essas dificuldades. Quando se fala em poesia, se fala da arte, da habilidade
de tornar algo poético, pelo fato da poesia convidar o leitor a desvendar as pistas que ela apresenta
para a interpretação de seus sentidos. As ilustrações das poesias representam, descrevem, narram,
simbolizam, expressam, brincam, persuadem, normatizam, pontuam, além de enfatizar sua própria
configuração e chamar a atenção para o seu suporte ou para a linguagem visual utilizada. Através da
linguagem poética, os alunos são instigados a adquirir hábitos de leitura e escrita que favorecem e
enriquecem o vocabulário dos mesmos, diante de um contexto social que exige uma postura
linguística adequada à realidade em que se encontram inseridos.
Palavras-chave: Leitura. Produção de texto. Poesias Ilustradas. Ensino e Aprendizagem.
Curitiba
2014
1. INTRODUÇÃO
A escola pode ser um espaço onde a aproximação com a poesia aconteça
concretamente, de forma que permita ao estudante conhecer autores e estilos,
reavivando a capacidade de olhar e ver o que é a essência do poético, através de
atividades que favoreçam uma compreensão maior da linguagem poética,
proporcionando condições para que o aluno ensaie seus próprios passos na leitura e
produção de poesias.
Por ser pouco trabalhado em sala de aula, o gênero poético perde lugar para
os textos prosódicos, ou seja, há uma valorização maior pela prosa literária do que
pela poesia, porém, é na utilização dos versos poéticos que o estudante pode
desenvolver a linguagem e a criatividade por meio das palavras.
A linguagem poética mexe com os cinco sentidos, despertando prazer e
interesse pela leitura em qualquer fase ou faixa etária, permitindo que os alunos
ampliem suas capacidades comunicativas.
Embora a poesia se mostre difícil e mesmo impossível de ser totalmente
explicada, delimitada ou definida, cabe ao educador levantar hipóteses e trabalhar
com algumas noções, todavia, o texto poético é passível de ser expresso pela
linguagem utilizada.
O trabalho com poesia é desafiador porque nem sempre o estudante tem a
criatividade, a sensibilidade e a imaginação necessárias para escrever seus versos.
Para que a produção textual aconteça, o aluno precisa desenvolver várias leituras
que estimulem a reflexão para a posterior criação dos versos e estrofes.
Pelo fato da ilustração ser uma imagem que acompanha um texto e ser
reconhecida não como uma função isolada, mas que está relacionada
exclusivamente ao texto, nesse caso, ao texto poético, articula dois sistemas
semióticos que são as linguagens verbal e visual, conferindo ao estudante uma
aprendizagem significativa e efetiva.
Ao ler e produzir poesias, o aluno está desenvolvendo uma atividade lúdica,
criativa e original, porque quanto mais se sabe, mais se quer descobrir e aprender
sobre o texto. Através das palavras, o leitor e o poeta encontram a finalidade para
toda a produção poética no que se refere ao prazer, tanto para quem escreve,
quanto para aquele que lê.
Portanto, compreende-se que o exercício da escrita está totalmente e
indissociavelmente ligado à prática de leitura. Ao propiciar a leitura e a escrita do
gênero poético, o professor está mediando de forma satisfatória o processo de
ensino e aprendizagem.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Visto que o hábito da leitura é tão precário, as reincidências involuntárias de
um modo de agir ou de falar revelam-se condutas típicas de alguns cidadãos. A falta
de leitura traz prejuízos imensuráveis, estendendo-se desde a pobreza vocabular até
a limitação do próprio pensamento.
Fairclough (1992, p.150), “coloca a leitura como pratica social e os leitores
como agentes sociais que precisam desenvolver e incorporar a sua prática de
leitura, uma consciência crítica da linguagem e de práticas discursivas. Com isso,
terão bases não só para críticas e resistência, mas também, e principalmente, para
transformação, reconstrução e construção de uma cidadania democrática”.
Assumir uma postura crítica diante das práticas relacionadas à linguagem
resulta em uma ampliação da consciência do indivíduo e de seu papel na sociedade,
pois se entende que a leitura é de extrema importância para a formação de um ser
humano crítico e capaz de superar problemas enfrentados na sociedade a qual
pertence.
De acordo com Jolibert (1994, p. 14):
É lendo que nos tornamos leitores e não aprendendo primeiro para poder ler depois: não é legítima instaurar uma defasagem nem no tempo, nem na natureza da atividade entre “aprender a ler” e “ler” não se ensina a ler com a nossa ajuda... A ajuda lhe vem do confronto com as proporções dos colegas com quem esta trabalhando, porém, é ela quem desempenha a parte inicial de seu aprendizado.
Há algumas frases para reflexão relacionadas à leitura, como a do poeta
Mário Quintana, ao afirmar que “o verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas
não lê”; e como a do jornalista Paulo Francis, que diz que “quem não lê não pensa e
quem não pensa será para sempre um servo”. A impossibilidade de leitura, não só a
dos livros, mas também a do mundo faz com que haja a crença em todo e qualquer
sensacionalismo, faz com que não exista opinião própria e consistente, faz com que
exista a manipulação.
Conforme as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa da Educação
Básica do Estado do Paraná (DCEs, 2008, p.25-26):
A prática de leitura constitui-se num importante eixo da ação pedagógica uma vez que se têm configurado com uma das principais exigências do mundo contemporâneo. Lendo, o homem dialoga com mundo, com a história, com a tradição e se insere no mundo letrado não somente para compreendê-lo, mas também para transformá-lo.
O gênero poético é um importante recurso para trabalhar a leitura e a
produção textual, devido à linguagem poética ser a mais antiga forma de expressão
da arte literária e também pelo fato da sua conceituação ser bastante complexa (Cf.
Moisés, 1997, p. 102–134).
A poesia popular em língua portuguesa vem de um tempo em que os textos
eram manuscritos e tinham circulação restrita a palácios e conventos.
As cantigas medievais na verdade passaram a ser registradas e sobreviveram
ao tempo, provavelmente existiam antes, mas não se tem registros que comprovem
isso até o momento. A partir do século XII as poesias se tornaram muito populares
sendo memorizadas para serem ditas ou cantadas para o público. Para facilitar a
memorização, elas tinham um ritmo bem marcado e muitos recursos de repetição,
além das rimas, reiteração de letras, de palavras e versos.
Certa poesia existe silenciosamente em livros. Porém, sabe-se que nas
canções ela também se encontra presente. Assim, a poesia faz parte do dia a dia
das pessoas.
É preciso que o educador busque estratégias que familiarizem e aproximem
as crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos da poesia. E essa forma de
familiarização e aproximação deve ser feita com paciência e através de um
planejamento para evitar as várias afirmações de que as poesias são de difíceis
interpretações e entendimento.
Segundo Pinheiro (2002, p.23) “N a leitura do texto poético tem
peculiaridades e carece, portanto, de mais cuidados do que o texto em prosa”.
Observa-se então, que a poesia precisa de mais cuidado e atenção na leitura
e produção para que haja uma interpretação e aprendizagem significativa. Desta
forma, a aprendizagem da interpretação da poesia compreende o desenvolvimento
de coordenar conhecimentos dos vários sentidos que um texto poético proporciona.
2.1 A ESCOLA E A PRÁTICA DE LEITURA E ESCRITA
A Língua Portuguesa é uma disciplina escolar que oportuniza ao aluno as
práticas de leitura e escrita, com o propósito básico de desenvolver neste o interesse
pelo ato de ler e escrever, visando à formação de sujeitos leitores e escritores.
De acordo com Freire (1994, p. 98), “a leitura de mundo precede sempre a
leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”.
Não há como conceber o ensino de Língua Portuguesa dissociado dessas
duas práticas tão importantes dentro e fora da sala de aula, frente aos desafios
educacionais contemporâneos, visto que, a escola é um dos lugares que devem
proporcionar ao aluno opções, possibilidades e prazeres de leitura e escrita.
Segundo Scliar (1995):
APRENDI que o ato de escrever é uma sequela do ato de ler. É preciso captar com os olhos as imagens das letras, guardá-las no reservatório que temos em nossa mente e utilizá-las para compor depois as nossas próprias palavras. [...] APRENDI que, para aprender a escrever, tinha de escrever. Não adiantava só ficar falando de como é bonito escrever; eu tinha mesmo de enfrentar o trabalho braçal (e glúteo) de sentar e trabalhar.
Para ler e escrever é preciso considerar a parte e o todo, notar igualdades e
desigualdades, semelhanças e diferenças, assim como, determinar intensidade e
analogia, descobrir causas e consequências e encontrar incoerências, concordando
com as simetrias e assimetrias. Conviver tendo consciência do imenso mundo das
palavras onde se escrevem e gravam coisas da vida.
Compreende-se que o trabalho com os diversos gêneros textuais é uma ótima
oportunidade de se lidar com a língua em seus mais variados usos no dia a dia, pois
se acredita que nada do que se faz linguisticamente está inteiramente fora de ser um
gênero.
O que se observa é que o processo de leitura e escrita requer esforço por
parte do estudante e consequentemente uma intercessão constante do educador
para que ele se sinta motivado a adquirir esses hábitos, sabendo que estes
contribuem para o seu desenvolvimento global.
Conforme Matêncio (1994) “percebe-se que um dos problemas mais
frequentes nos alunos relaciona-se à escrita e à leitura que, por sua vez
representam parte das dificuldades que os mesmos apresentam em uma sociedade,
na qual os indivíduos necessitam tanto compreender o sentido da leitura quanto da
escrita”.
Nesse sentido, sabe-se que a prática da leitura e escrita é indispensável ao
processo educativo, considerando o bom desenvolvimento do estudante. Essas
práticas devem permitir ao aluno a aquisição da Língua Portuguesa, de forma que
este possa expressar-se adequadamente nas inúmeras situações a que for
submetido.
2.2 LEITURA E ESCRITA DE POESIA
Acredita-se que a poesia é uma linguagem individual em que o poeta ou
escritor, através das palavras procura dar um sentido novo ao já conhecido. Deve-se
trabalhar a poesia como sendo tudo aquilo que comove, que sensibiliza e desperta
sentimentos e também como arte que inspira, encanta, tornando o texto poético
sublime e belo.
Segundo Bakhtin (apud Freitas, 1992, p. 127), o gênero poético está inter-
relacionado ao contexto social, ”O poeta, afinal, seleciona palavras não do
dicionário, mas do contexto da vida onde as palavras foram embebidas e se
impregnaram de julgamentos de valor”.
Ao incentivar a leitura e a escrita de poesia na sala de aula, o educador está
contribuindo para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento
sociolinguístico, cognitivo e afetivo dos estudantes.
De acordo com Filipouski (2006, p.338):
“A poesia é uma das formas mais radicais que a educação pode oferecer de exercício de liberdade através da leitura, de oportunidade de crescimento e problematização das relações entre pares e de compreensão do contexto onde interagem”.
No decorrer da história, têm-se feito muitas tentativas sobre a definição de
poesia, mas até o presente momento, nenhuma se apresentou com a universalidade
e os rigores necessários à sua afirmação estética, filosófica ou científica. No entanto,
alguns poetas e escritores conceituaram poesia da seguinte maneira:
“Crítica da Vida” (Mathew Arnold); “Uma Viagem ao Desconhecido”
(Maiokovski); “Vivência e Paixão” (Vigny); “Permanente Hesitação entre Som e
Sentido” (Paul Valéry); “Um Fingimento Deveras” (Fernando Pessoa); "A poesia é a
arte de comunicar a emoção humana pelo verbo musical" (René Waltz, apud
Massaud Moisés - A Criação Literária - Poesia, Ed. Cultrix); "A poesia é a expressão
natural dos mais violentos modos de emoção pessoal" (J. Middleton Murry, apud
Massaud Moisés, op. cit.); A poesia é o "extravasar espontâneo de poderosos
sentimentos" (William Wordsworth, prefácio à segunda edição de Lyrical Ballads,
1800).
Partindo desse pressuposto, deve-se atentar para o fato de que a poesia é
algo que pode estar presente não só nos textos poéticos ou nos poemas, que,
enquanto tal, devem ser carregados de poesia, mas também, se encontra
disseminada na vida e no trato com a linguagem em suas diferentes esferas.
É necessário que o educador coordene os estudos de poesia de forma lúdica,
procurando despertar a imaginação dos estudantes, considerando a seriedade que o
trabalho requer. Segundo Vygotsky (1992) "a imaginação é um momento totalmente
necessário, inseparável do pensamento realista”.
Para Elias José (2003, p. 101), “ser poeta é um dom que exige talento
especial. Brincar de poesia é uma possibilidade aberta a todos. Então, se todos
podem brincar de poesia, por que não trabalharmos a poesia de forma lúdica”?
A busca da palavra exata, da forma mais expressiva, do verso mais sonoro e
sugestivo é que vai consagrar beleza e estilo ao texto poético, de maneira que
sensibilize e seduza o leitor. Sendo assim, o gênero poético é um suporte importante
para o ensino e aprendizagem de leitura e escrita, devido permitir ao estudante à
liberdade de ideias, o desenvolvimento da subjetividade e a experiência da arte de
criação.
3. METODOLOGIA
De acordo com Thiollent (2007, p.16), a metodologia utilizada foi a pesquisa-
ação, uma vez que “é uma pesquisa social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”.
Para o desenvolvimento das atividades com poesias ilustradas, o professor
trouxe para a sala de aula poesias que melhor se adéquam à faixa etária e
sociocognitiva dos alunos. Para que a leitura das poesias se tornasse algo
prazeroso e simples para eles, optou-se pelos seguintes poetas e poetisas: Carlos
Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Rubem Alves, Elias
José, José de Nicola, José Paulo Paes, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira, Roseana
Murray, Ana Maria Machado, Helena Kolody, Fernando Pessoa, Mário Quintana e
Adélia Prado.
A partir das leituras dos textos desses poetas e poetisas, observou-se que foi
mais fácil aproximar os adolescentes da poesia, auxiliando-os a conhecer a
diversidade de autores e obras poéticas. Através do laboratório de informática e TV
pendrive, os estudantes assistiram algumas declamações de poesias para que
ficassem mais familiarizados com os requisitos necessários a um bom leitor como a
entonação de voz, a pontuação, a postura e a expressividade.
Nas primeiras aulas de estudo de poesias, os estudantes ficaram livres de
temas para produzirem seus versos poéticos, a fim de que seus anseios internos
fossem retratados enquanto escreviam, pois foram estimulados diversos pontos de
aprendizagem como a leitura, a interpretação, a criação e a reflexão. Em alguns
momentos, o professor disse o tema que era para ser abordado na poesia. Os
alunos escreveram, ilustraram e consequentemente leram seus versos para a turma.
Dentre as leituras e produções desenvolvidas, encontram-se haicais, quadras,
autorretrato, paródias e produções a partir de imagens. Foi confeccionado um
caderno com as melhores poesias produzidas e ilustradas pelos estudantes, o qual
foi contemplado pelos pais numa reunião de entrega de boletins no final do segundo
trimestre. Posteriormente, foi confeccionado também um álbum com fotografias
trazidas pelos alunos, das quais eles em grupo produziram poesias sobre as
mesmas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Implementação do Projeto de Pesquisa foi desenvolvida no Colégio
Estadual André Andreatta no Município de Quatro Barras, PR, com os alunos dos 6º
anos do Ensino Fundamental.
Os resultados obtidos na elaboração e aplicabilidade deste trabalho foram
significativos e satisfatórios, embora se compreenda que o processo é contínuo. O
estudo sobre poesias ilustradas possibilitou aos alunos um contato maior com o
ensino de Língua Portuguesa quanto ao ensino e aprendizagem de leitura e escrita.
A vivência dessa experiência foi muito importante para os estudantes, pois
instigou à curiosidade, a criatividade, a reflexão, o entendimento e o interesse destes
pela poesia.
Durante o período de leituras e produções, confecção do caderno e álbum de
poesias, os estudantes acompanhavam como o trabalho estava sendo desenvolvido,
o que favoreceu a interação e tornou as aulas bastante lúdicas.
Todas as atividades realizadas em sala de aula e no laboratório de
informática são observadas como importantes recursos pedagógicos que auxiliam o
professor no processo de ensino e aprendizagem. As aulas aconteceram ao longo
de cinco meses, uma vez por semana com a duração de cinquenta minutos.
Os alunos foram avaliados conforme o desempenho na realização das
atividades individuais ou de grupo, durante o processo de construção do
conhecimento.
4.1 ALGUMAS FUNÇÕES DO TEXTO POÉTICO
Cognitiva Alimenta o espírito.
Social, Política e Ideológica Retratam de modo implícito os dramas sociais, responde ao mundo aspectos da existência humana com suas contradições e ambiguidades.
Catártica Mexe com o nosso interior.
Lúdica Brinca com as palavras, com os aspectos sonoros, visuais e semânticos.
Estética É literatura, obra de arte, uma recriação da realidade.
4.2 GRUPO DE TRABALHO EM REDE - GTR
O Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE oportunizou neste 1º
semestre de 2014, a 3ª etapa de formação continuada. Este período proporcionou
aos professores um aprimoramento de suas ações por meio do Grupo de Trabalho
em Rede - GTR.
O professor PDE disponibilizou aos cursistas seu Projeto de Intervenção
Pedagógica na Escola, sua Produção Didática Pedagógica e a Implementação do
Projeto de Intervenção na Escola para leitura e conhecimento das ações e
aplicabilidade. Dentro de cada temática realizada, o professor participante e
professor tutor tiveram momentos de discussão em fóruns, diários e vivências
práticas.
O tema proposto - “A linguagem poética com ilustrações como forma de
incentivo à leitura e produção textual”, possibilitou que dezessete professores
participassem das etapas do GTR, embora apenas um deles não concluísse o curso.
A maioria dos professores contribuiu significativamente com argumentos e
posicionamentos sobre as possíveis formas de motivar o aluno ao ato de aprender,
colaborando com a construção do conhecimento do mesmo, para que por meio da
leitura e produção de poesias ilustradas haja possibilidades para o desenvolvimento
de atividades pertinentes ao ensino de Língua Portuguesa.
Portanto, nota-se que o GTR favoreceu o aperfeiçoamento da prática
pedagógica do professor PDE e também permitiu uma socialização com os outros
profissionais que atuam na educação, visando o conhecimento, a troca de
experiências e saberes.
Turma PDE GTR - Grupo de Trabalho em Rede
Participantes Concluintes
2013 17 16
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Língua Portuguesa é uma disciplina escolar que oportuniza ao aluno as
práticas de leitura e escrita, com o propósito básico de desenvolver neste o interesse
pelo ato de ler e escrever, visando à formação de sujeitos leitores e escritores.
O professor como mediador do conhecimento no processo de ensino e
aprendizagem pode proporcionar a leitura e a escrita do gênero poético, através de
estratégias e de uma postura educadora, interagindo e propiciando o crescimento
intelectual do estudante.
Ao ler e produzir poesias, o aluno está desenvolvendo uma atividade lúdica
por meio das palavras, desta forma, o leitor e o poeta encontram a finalidade para
toda a produção poética no que se refere ao prazer, tanto para quem escreve,
quanto para quem lê.
O trabalho com poesias ilustradas é necessário ao processo educativo, pelo
fato da imagem acompanhar o texto poético e ser reconhecida não como uma
função isolada, mas que está relacionada exclusivamente ao mesmo, articulando
dois sistemas semióticos que são as linguagens verbal e visual, conferindo ao
estudante uma aprendizagem significativa.
A escola é o lugar que pode formar literariamente o leitor. O aluno precisa
entender o processo da dinâmica do texto, ou seja, é no ambiente escolar que se
deve favorecer ao estudante o conhecimento das convenções literárias que regem a
forma de funcionamento e composição dos textos literários.
Vale ressaltar que a formação de leitores e escritores é um processo longo e
contínuo. Vive-se numa sociedade em que o acesso à cultura é ao mesmo tempo
tão valorizado e tão restrito à maioria da população, a disseminação da leitura e da
escrita é extremamente importante para o exercício da cidadania.
Os professores que participaram do GTR mencionaram que a Produção
Didática Pedagógica, o Projeto de Intervenção e a Implementação do Projeto dos
quais tiveram acesso para a leitura e observação durante o curso de Educação a
Distância, contribuíram e contribuirão para o aprimoramento das aulas de Língua
Portuguesa.
Diante do exposto, acredita-se que este trabalho tenha colaborado para o
desenvolvimento da leitura e escrita através do gênero poético, visto que, é na
utilização dos versos poéticos que o estudante pode desenvolver a linguagem e a
criatividade por meio das palavras.
6. REFERÊNCIAS
BANDEIRA, Manuel. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Ática, 1985. FAIRCLOUGH, N. Critical Language Awareness. London: Longman, 1992.
FILIPOUSKI, Ana Mariza Ribeiro. “Para formar leitores e combater a crise da leitura na escola: acesso à poesia como direito humano”. In: Ciências e Letras: Revista da Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciência e Letras. Momentos da Poesia Brasileira-Dossiê Mario Quintana. Porto-Alegre, JUN./JUL. 2006.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler, em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1994. FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Psicologia e educação: um intertexto. Tese de Doutorado, PUC/RJ, 1992. JOLIBERT, J. Formando Crianças Leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. JOSÉ, Elias. A poesia pede passagem: um guia para levar a poesia às escolas. São Paulo: Paulus, 2003.
MATÊNCIO, Maria de Lourdes Meirelles. Escrita e leitura: natureza do processo. In: Leitura, produção de textos e escola. Reflexões sobre o processo de letramento. Campinas: Mercado de Letras, 1994. MOISÉS, Massaud. A Criação Literária. Poesia. 13. ed. São Paulo: Cultrix, 1997.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa. Curitiba: SEED/DEB-PR, 2008. PESSOA Fernando. Obra poética VI. Porto Alegre: L&PM, 2008. PINHEIRO, Helder; BANBERGER, Richard. Poesia na sala de aula. 2ª ed., João Pessoa: Ideia, 2002.
SCLIAR, Moacyr. In: Blau – Jornal bimestral de literatura, Porto Alegre, n. 5, agosto de 1995.
THIOLLENT, Michel. A Metodologia da pesquisa-ação. 15. ed. São Paulo: Cortez, (Coleção temas básicos de pesquisa-ação). 2007.
ANEXO - PRODUÇÃO DO ALUNO
ALUNO 1
Pintei a casa de azul anil
Passei tinta amarela
E a cor azul sumiu.
ALUNO 2
Dia de chuva
Não sairei de casa
Para não me molhar.
ALUNO 3
Meu amor por você é verdadeiro
Apesar de você não me amar
Por você conquisto o mundo inteiro.
ALUNO 4
Pensar no futuro
É o dever de todo cidadão
Não importa a raça ou religião.
ALUNO 5
O sol e a lua
Marcaram um encontro
O sol não foi
A lua ficou esperando.