OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … todos no processo de filosofar, visto que até o final...
Transcript of OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE … todos no processo de filosofar, visto que até o final...
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O MARXISMO FRENTE AO RACISMO E À ESCRAVIDÃO, SEGUNDO MOORE
João Batista Rodrigues Lopes1
Professor PDE 2013/2014 Remi Schorn
2
Professor Orientador
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo aproximar a filosofia africana da filosofia ocidental, mostrando que a cosmovisão africana tem como perspectiva compreender o mundo de uma maneira inclusiva, coletiva e equitativa e, que, mediante o materialismo histórico pode transformá-lo. A filosofia africana possui conceitos e categorias fundamentadas na valorização da ancestralidade e da oralidade numa dinâmica que harmoniza homem e natureza, elementos muito presentes em sua religiosidade. Como fio condutor desse estudo, utilizamos o pensamento de Carlos Moore. Assim, ao abordar esse tema buscamos contribuir para que os afrodescendentes brasileiros resgatem suas raízes para construir sua identidade, ou seja, para que os negros, mediante um pensamento filosófico próprio, possam interagir com os demais, construindo uma identidade. Aos afrodescendentes, cuja história tem raízes na África, foi-lhe negado o direito de conhecerem a filosofia de seus ancestrais, devido à hegemonia da filosofia eurocêntrica. Esta se impôs como dominante, refutando as visões de mundo, distintas das tradicionais, vendo-as como periféricas marginais e sem expressão, portanto, subalternas .
Palavras chaves: Filosofia Africana. Oralidade. Eurocentrismo. Cosmovisão.
Introdução
Iniciamos nosso trabalho no Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE) na área de Filosofia com a contextualização do tema: O marxismo frente
ao racismo e à escravidão, segundo Moore. Este foi fundamentado no
conteúdo estruturante de filosofia política e na seguinte linha de estudo:
Etnocentrismo e racismo (rejeição x respeito; e, relações de poder).
A partir disso, buscamos responder à seguinte questão: De que forma o
eurocentrismo pode ter contribuído para a inexistência nos conteúdos
estruturantes das Diretrizes Curriculares Estaduais (DCEs) de Filosofia, do
ensino de filosofia africana nas escolas paranaenses? Ou ainda, quais seriam
outros possíveis motivos para essa omissão?
De acordo com as DCEs, a justificativa para essa omissão seria o fato de
que os conhecimentos relativos à filosofia africana estariam fundamentados
1 Profº João Batista Rodrigues Lopes, graduado em filosofia, na UNIOESTE- Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, professor PDE, 2013/2014. 2 Profº Dr. Remi Schorn, orientador, PDE, 2013/2014. UNIOESTE- Campus de Toledo.
na oralidade e que, por esse motivo, não havia bibliografia suficiente para
abordar, aprofundar esse estudo, ou seja, a ausência de bibliografia não
possibilitaria inseri-los no currículo e nos conteúdos das disciplinas de filosofia
de nosso estado e no do Brasil. Nesse momento, é possível perceber-se que,
na filosofia tradicional, sempre que há opostos, é o hegemônico que possui a
supremacia, nesse caso, a hegemonia seria da escrita, sobre a oralidade, fator
que legitima a escrita como modelo a ser seguido, desconsiderando-se a
oralidade. Assim, isto se reproduz nos currículos e na concepção de filosofia
que é ensinada nas escolas. Deste modo, quando escolhemos uma
concepção em detrimento de outra, desconsideramos todo o restante, mesmo
sabendo que, no caso da filosofia africana, ela possa estar relacionada aos
conhecimentos das primeiras civilizações.
Assim, ao iniciarmos nosso trabalho procuramos mostrar que isso foi
construído de maneira convencional, cultural, mas, também, podemos
aprender o contrário, ou seja, desconstruir essa visão limitada de que só existe
ensino-aprendizagem de filosofia na escrita. Para isso, é preciso quebrar tabus,
postular novos paradigmas, expandir nossa leitura de mundo e de filosofia,
enriquecendo os conteúdos a serem ensinados. Num primeiro momento,
procuramos mostrar que possuímos bibliografia suficiente para fundamentar
uma discussão sobre o tema, o que realmente falta para aprofundar o debate
são mais pesquisadores ou professores que se interessem pelo assunto. E,
ainda, num segundo momento, questionar a afirmação de que a filosofia
africana possui uma linguagem muito complexa, devido a sua diversidade de
idiomas e dialetos, o que impediria a compreensão por parte dos alunos. Este
seria um argumento plausível se não existisse material produzido já em língua
portuguesa que pudesse ser pesquisado, o que pudemos mostrar durante a
realização do trabalho. Por outro lado, com relação à complexidade do tema
sabemos que isso é um silogismo, pois a filosofia também é uma área do
conhecimento muito complexa e nem por isso deve ser deixada de lado,
devemos procurar uma metodologia adequada à realidade dos alunos, ou seja,
uma linguagem que faça sentido aos alunos do ensino médio e que contribua
para resgatar a identidade dos afrodescendentes. Pois,
A identidade é para os indivíduos fonte de sentido e experiência... É necessário que a escola resgate a identidade dos afro-brasileiros. Negar qualquer etnia, além de esconder uma parte da história, leva os indivíduos á sua negação. MUNANGA, 1999.
Centralizamos nosso estudo em três obras específicas, sendo duas delas
de Moore, a fim de discutir e debater sobre o assunto com uma linguagem
acessível aos alunos. Os temas desenvolvidos podem e devem ser
conhecidos e analisados pelos alunos de uma maneira crítica e com
aprofundamento. As obras que estudamos pra desenvolver o trabalho foram:
O marxismo e a questão racial: Karl Mark e Friedrich Engels, frente ao racismo
e à escravidão; e Racismo e Sociedade, ambas do etnólogo cubano Carlos
Moore. Na primeira obra, Moore faz uma crítica ao eurocentrismo,
representado no marxismo, o qual exerce muita influência na filosofia ensinada
nas universidades e, posteriormente, é reproduzido no ensino médio, acusando
seus principais representantes, Marx e Engels, de racistas e indiferentes às
questões raciais de seu tempo. Na segunda obra, Racismo e sociedade, nosso
autor busca demonstrar que o racismo no Brasil é de marca, está no fenótipo,
na aparência, em detrimento da essência, algo que o ensino de filosofia
combate com veemência , pois reforçar isso, seria o mesmo que reforçar o
preconceito e a discriminação. E, finalmente, para inserir o conteúdo de
filosofia africana, utilizamos a obra: Cosmovisão africana no Brasil: elementos
para uma filosofia afrodescendente, do filósofo brasileiro David de Oliveira,
baseando sua análise num ensino de filosofia fundamentado numa cosmovisão
africana.
Os conceitos e categorias dessa concepção de mundo foram
apresentados aos alunos mediante diversas metodologias didático-
pedagógicas, sendo elas: um mapa conceitual em forma de “teia de aranha”;
num jogo pedagógico com o título: “conhecendo o continente africano”; na
reflexão sobre o filme “Cafundó” e em um de seus recortes que debate a
questão “sagrado e profano”.
A partir do momento em que foi definido, o tema, o objeto de estudo,
estávamos preparados para escolher as turmas que seriam contempladas pelo
projeto PDE. Os critérios utilizados foram: afinidade do professor com os
alunos e destes com o professor; aceitação do tema (identificação); e, ainda, a
diversidade heterônoma de ambas. A partir disso, definiu-se que o tema
definido anteriormente , ficaria a cargo dos alunos dos terceiros anos A e B
(matutino e noturno), do Ensino Médio, do Colégio Estadual Antonio José Reis.
Na produção didático-pedagógica dividimos nosso trabalho num caderno
pedagógico, com seis unidades temáticas, tendo a avaliação presente em
todas elas, perpassando-as, visando dar sentido à filosofia africana,
ressignificando os seus conteúdos, sempre com a preocupação de utilizar uma
linguagem acessível ao público alvo de nossa pesquisa, já que a principal
crítica seria a complexidade do assunto a ser desenvolvido.
Devido à relevância da avaliação no projeto, esta foi fundamentada no
pensamento do filósofo Mathew Lipman. Nesta perspectiva, a avaliação passou
a ser diagnóstica, contínua, permanente, sendo revisada sempre que
necessária, e assim procedemos para possibilitar uma maior eficiência na
abordagem, pois a linguagem, a metodologia e os exemplos deveriam ser
adequados aos alunos participantes. Portanto, a avaliação, vai percorrer todo
o corpo do texto, está na construção de todas as unidades do caderno, de
maneira similar ao rizoma de Deleuze ou ao mapa conceitual construído por
nós, em forma de teia de aranha, trazendo todos os conceitos da cosmovisão
africana, juntos e separados para a reflexão filosófica.
Após a organização e delimitação, o caderno pedagógico foi dividido nas
seguintes unidades temáticas: Carlos Moore: Vida e Obra; Cosmovisão
Africana; A África antes da chegada dos europeus; Elementos Constitutivos de
uma Filosofia Africana; O Mito da Democracia Racial e da Cor Cubana;
Oralidade Versus Escrita; Teorias Racistas Contemporâneas.
DESENVOLVIMENTO
Iniciamos as atividades do PDE 2013/2014 com a preparação do ambiente
adequado para o ensino-aprendizagem de filosofia africana. As carteiras e as
cadeiras foram dispostas em círculo, com o objetivo de trabalhar a circularidade
africana, com sua hierarquia própria. A partir disso, conceitos e categorias,
como a ancestralidade, o tempo, o espaço, a religiosidade, o respeito, foram
abordados, elementos essenciais para compreender aspectos históricos e
filosóficos da cultura africana. Para relacioná-la com a filosofia da Grécia Antiga
e seu modo de ensinar, utilizamos o ambiente externo de sala de aula. No pátio
do colégio estudamos à sombra das árvores, num contato imediato com a
natureza, necessário para posteriormente abordar a religiosidade do povo
africano, acrescentando a circularidade, vista anteriormente; posteriormente,
avançando na temática visitamos e utilizamos a pracinha do bairro para as
nossas aulas, com isso, imaginamos de maneira análoga a uma praça grega, a
ágora, onde se exercia a cidadania na prática e, dessa maneira, aproximamos
Grécia e África. E, a partir disso, filosofamos nos corredores, nos passeios, no
pátio e em todo o espaço do ambiente e da comunidade escolar, inserindo,
acolhendo todos no processo de filosofar, visto que até o final deste projeto, de
uma maneira natural e espontânea, todos e todas foram envolvidos, tornando-
se protagonistas no processo de construção do conhecimento filosófico. Deste
modo, a filosofia greco-romana e africana tomaram conta de tudo, contagiando
a escola e pudemos analisar o pensamento sobre a questão racial desde a
antiguidade até a modernidade, discutindo sobre suas mudanças e
permanências. Portanto, é “no chão da escola”, segundo Oliveira, que
realizamos a filosofia da práxis, numa junção de teoria e prática. Assim,
debatemos, discursamos, argumentamos com trechos de textos de filosofia
africana e eurocêntrica, mostrando a distinção entre ambas, se uma, por um
lado, era acolhedora, inclusiva, coletiva, matriarcal, a outra, era fortemente
hierarquizada, individualista, patriarcal e excludente, com atitudes muitas vezes
racistas e preconceituosas, com relação ao outro, ao diferente, tanto na
antiguidade clássica de Platão e Aristóteles, como na modernidade em Hegel,
Marx e Engels, ou seja, isso ocorre em todos os períodos da história da
filosofia.
A partir disso, tudo começa a fazer sentido para os nossos alunos, eles
são chamados para o tema, começamos a promover o desdobramento do
significado dos conceitos e categorias, ferramentas imprescindíveis para a sua
compreensão.
Com relação a isso Lipman afirma o seguinte:
Todos nós (...) sabemos quando as coisas não fazem sentido. É uma experiência profundamente perturbadora, muito mais do que simplesmente causar perplexidade. Quando ficamos confusos, suspeitamos que, em algum lugar, existe uma resposta que nos permitirá compreender. Mas a falta de sentido pode ser uma sensação assustadora”. LIPMAN, 1994, P.31.
Portanto, descobrimos que seria impossível pensar com eficiência em
algo que não tivesse sentido. Como diria o poeta: “(...) me recuso a viver num
mundo sem sentido. (...) ele não existe nas coisas, tem que ser buscado, numa
busca que é a sua própria fundação. Só buscar o sentido faz, realmente,
sentido. Tirando isso, não tem sentido. LEMINSKI, 1986. Portanto, superamos
o primeiro obstáculo, as coisas começaram a fazer sentido, descobrimos o seu
significado, apropriamo-nos de seus conceitos e categorias, então, tudo ficou
próximo, finalmente, compreendemos o nosso objeto de estudo.
Retomamos os questionamentos iniciais: a dificuldade em inserir o
ensino da filosofia africana nos conteúdos estruturantes da disciplina de
filosofia no ensino médio. Quais seriam os motivos? A marcante presença da
oralidade no seu ensinamento e, consequentemente, a alegação de escassez
de bibliografia? Disto surge a seguinte pergunta: Como provar que podemos
conservar a oralidade africana, repassar seus conhecimentos e,
concomitantemente, produzir material para trabalhar a temática? Ou ainda,
mostrar que existe material produzido em língua portuguesa, não só em
filosofia, mas em todas as áreas, o que falta é uma exploração adequada
desses materiais por parte dos professores e dos estudiosos em geral, tanto na
academia, como no ensino fundamental e médio.
Como estratégia no ensino-aprendizagem, elaboramos slides que
serviram como síntese do caderno pedagógico. Cada um deles abordava uma
das unidades temáticas presentes no caderno, visando apresentá-las de
maneira detalhada. O objetivo desta estratégia foi situar os alunos sobre a
forma que os conteúdos seriam desenvolvidos, seus objetivos e a avaliação de
cada unidade. Isso seria um esboço do projeto, respeitando-se o cronograma
previamente elaborado, criteriosamente pensado, respeitando prazos e
delimitando os conteúdos. Isto foi apresentado e disponibilizado aos alunos, à
direção, à equipe pedagógica e aos demais educadores do estabelecimento de
ensino, os quais puderam acompanhar a aplicação do projeto e a produção
didático-pedagógica nas aulas de filosofia dos terceiros anos do ensino médio,
no conteúdo estruturante de filosofia política. Este projeto foi desenvolvido no
primeiro semestre do ano de 2014.
Desta forma, teve inicio o trabalho sobre o tema: “O marxismo frente ao
racismo e à escravidão segundo Moore”, com a preocupação de contribuir para
uma ação histórica mais complexa que possa transformar os negros em
protagonistas de sua própria história. Infelizmente, vivemos em um país onde
os afrodescendentes nem sempre têm voz. Esse comportamento está
fundamentado num racismo estrutural, velado, mascarado, aos processos
conscientes de pertencimento da população negra à diversidade cultural
brasileira. Essa situação de exclusão poderia ser ilustrada com a afirmação de
Elie Wiesel, prêmio Nobel da paz, que diz o seguinte: “O carrasco mata sempre
duas vezes, a segunda pelo silêncio”. (MUNANGA, Apud MOORE, 2012, p.13).
Assim, podemos perceber que: “Enquanto os leões não contarem sua história,
ela seguirá sendo contada pelos caçadores.” (Provérbio africano). Isso legitima
a necessidade dos oprimidos poderem expressar seus sentimentos, seu
pensamento, serem eles próprios com suas vivências e suas concepções de
mundo, sujeitos de sua história. Algo que só lhe foi garantido com a
promulgação da lei 10.639/2003 que retira dos porões do navio negreiro; das
cinzas dos documentos queimados por Rui Barbosa3 e, ainda, da bondade da
princesa Isabel com a promulgação da lei Áurea, fatos tão destacados ou
omitidos da história oficial. Com essa lei de 2003 os negros e pardos são
retirados da clandestinidade, o silencio é quebrado, o racismo passa a ser
debatido, discutido, porque não filosoficamente, mostrando a contribuição
desse povo para a formação do estado brasileiro. Hoje mais de 50% da
população se declara negra ou parda. Essa maioria que antes não assumia sua
negritude aceitava uma condição de minoria e, com isso, não era considerada
no âmbito do pensamento tradicional, que ainda guarda características
extremante eurocêntrico.
3 Rui Barbosa escreveu um triste capítulo da nossa história quando queimou os arquivos da
escravidão, segundo ele para “acabar com o passado negro do Brasil”. Esse fato,
aparentemente nobre e positivo, como foi alardeado durante longo tempo, em verdade,
favoreceu a elite conservadora brasileira de então e impediu e impede, até hoje, que
conheçamos uma parte importantíssima da história do nosso país e, consequentemente, da
nossa cultura; o que em muito ajudaria compreendermos melhor o singular e complexo
processo de formação da sociedade brasileira e os caminhos a serem percorridos para a
superação do nefasto legado que foi a escravidão. http://racismoambiental.net.br/2013/01/rui-
barbosa-e-a-queima-de-arquivos-gesto-nobre-ou-condenavel/ VER Citação
Na primeira parte do trabalho , abordamos primeiramente a biografia de
Carlos Moore, autor cubano crítico do marxismo, que acusa Marx e Engels de
racistas e indiferentes a essas questões no seu tempo histórico; e, por outro
lado, temos o seu biografado4 Féla Kuti, um nigeriano fundador do “Afrobeat”5,
movimento que possuía na música uma arma contra a opressão. O tema foi
abordado por meio de aulas expositivas e vídeos de entrevistas, depoimentos,
possibilitando a discussão sobre o racismo institucional em Cuba, na África e
no Brasil. O objetivo foi obter maior êxito na descrição e compreensão do autor
e de seu biografado. Para isso, o professor PDE fez a transcrição de todas as
entrevistas antes de passá-la aos alunos, isso enriqueceu muito o trabalho,
subsidiando as discussões, proporcionando boas argumentações e
aprofundamento filosófico no assunto que foi desenvolvido nas aulas.
Estrategicamente, sempre que necessário discutíamos sobre o vídeo a fim de
suprir possíveis dúvidas. Como avaliação da unidade foi desenvolvido um caça
palavras contendo os principais conceitos, categorias e personalidades dos
textos trabalhados com os alunos. O envolvimento de todos foi percebido
quando uma professora da turma da disciplina de Artes relatou o depoimento
de uma aluna: “Os olhos do professor João brilham quando este fala de
filosofia africana”; isto mostra que o tema estava sendo apaixonante. Portanto,
é nítido perceber que, quando alguém fala sobre algo em que acredita e que
conhece se emociona. Aproximando-se da verdade, as coisas começaram a
fazer sentido, conforme Lipmann (1994), ou seja, o sentido desperta o
interesse, facilita a compreensão. Os apontamentos sobre o nosso trabalho
demonstraram em todo o seu processo que estamos no caminho certo. Alguém
que era estranho, como o autor Carlos Moore e Féla Kuti, como diria Platão,
desconhecidos, distantes do mundo dos alunos e dos professores; tornam-se
próximos, referência e alvo de pesquisas posteriores destes e demais
educadores que passaram a interessar-se sobre o tema.
4 Féla Kuti é um músico nigeriano que utiliza a música como arma para combater o racismo
e que é biografado por Carlos Moore.
5 Afrobeat é uma combinação de música Yorubá, jazz, Highlife, funk e ritmos, fundido com
percussão africana e estilos vocais, popularizado na África na década de 1970. ) principal
criador do Afrobeat e artista nigeriano exclusivo de longa data foi o multi-instrumentista e líder
de banda Féla Kuti, que cunhou o termo Afrobeat, moldado a estrutura musical, e também o
contexto político do gênero na Nigéria. http://www.lastfm.com.br/tag/afrobeat.
No Grupo de Trabalho em Rede (GTR) descobrimos que, para nós não
foi surpresa, muitos professores, não só de filosofia, mas de outras áreas do
conhecimento, também não conheciam os autores abordados e que este tema
poderia estar inserido nos conteúdos de filosofia e de outras áreas do
conhecimento humano. Mas, isso não serviu de pretexto para desconsiderar a
relevância do assunto, porque rapidamente apropriaram-se do debate sobre
Moore e da musicalidade de Féla Kuti, trabalhando alguns textos e músicas em
suas salas de aula, isso mostra como o tema é inédito e atual, entretanto, não
menos importante que os atualmente desenvolvidos nas aulas de filosofia
política de nossas escolas.
Na segunda unidade, mediante pesquisas individuais e em grupo
conhecemos um pouco da África e de seus reinos. As aulas ocorreram, a
princípio, no laboratório de informática, depois voltamos para sala de aula e os
alunos mostraram os frutos de suas pesquisas que foram socializadas com os
demais da turma, desenvolvendo a oralidade, para a apresentação dos
resultados obtidos. O objetivo desse estudo consistiu em capacitar os alunos
para realizar com êxito o jogo pedagógico: “Conhecendo o continente africano”,
com pistas (perguntas e respostas), pois conhecer esse continente seria
essencial para ser o vencedor do jogo, o motivador externo. Finalmente,
concluindo a atividade, plantou-se no pátio da escola um pé de camélia branca,
significando que nesse território não seria permitido qualquer forma de
preconceito e discriminação, resgatando um símbolo histórico da época dos
abolicionistas e que significava que pessoas negras eram bem vindas, ou
aceitas em locais onde existia um pé de camélia branca plantada nos seus
quintais. Durante seu plantio, uma aluna declamou o poema intitulado “A flor
Camélia”, da professora Fátima Alves, potiguar, poetisa da caatinga,
representando nesse ato o movimento da negritude de Abdias do Nascimento e
de Aimé Cesáire, onde o racismo era combatido mediante a poesia, possuindo
sua expressão no hip-hop, no grafite, marcas da juventude nas periferias de
nossas cidades, lutando por uma sociedade mais justa e igualitária. Assim,
resgatamos a importância dessa flor utilizada como símbolo de resistência dos
negros à aculturação europeia que estava presente na história brasileira,
facilmente encontrada nos vestidos da princesa Isabel e na lapela dos ternos
de inúmeros líderes abolicionistas. Portanto, é responsabilidade dos
educadores e dos alunos, o cultivo e a preservação dessa planta, cultivando,
desse modo, um símbolo de resistência dos africanos em nosso país e a
resistência ao racismo em nossa escola, “território livre de qualquer forma de
preconceito e de discriminação”.
Na terceira unidade, a cosmovisão africana foi explanada por meio de um
mapa conceitual, arquitetado em forma de “teia de aranha”, abordando os
diversos conceitos e categorias da filosofia africana. Após a exposição para
suprir possíveis dúvidas foi produzido pelos alunos um texto onde eles
fizeram uma releitura do que foi estudado, ressignificando os conceitos a
partir do entendimento individual. Depois disso, houve a retomada após uma
análise realizada pelo professor. Essa atividade foi desenvolvida com base no
livro: Cosmovisão Africana no Brasil: elementos para uma filosofia
afrodescendente, de autoria do filósofo brasileiro, baiano, Eduardo David de
Oliveira, autor que, nessa obra, organizou uma filosofia fundamentada segundo
uma cosmovisão africana. Finalmente, os alunos assistiram ao filme: Cafundó,
visando compreender a importância da religiosidade na cosmovisão africana.
Para ilustrar o assunto foi utilizado um recorte do filme em que há um debate
sobre o duelo entre o bem e o mal, o sagrado e o profano.
Na unidade quatro, abordamos o mito da democracia racial e o mito da cor
cubana que, ao invés de discutir o racismo, silencia-o, criando uma ideologia
de igualdade que ajuda a perpetuar o racismo estrutural, tratando desiguais
(negros) como iguais na sociedade, “todos somos iguais perante a lei”. Com
um pouco mais de aprofundamento e leitura percebemos que essa discussão
busca resumir o debate à questão de capacidade e não de oportunidades ou
ausência delas. Assim, o racismo estrutural só será superado quando todos
forem tratados com equidade no acesso aos bens produzidos pela sociedade,
pois vivemos num sistema capitalista e este, para nós brasileiros, talvez tenha
uma das faces mais perversas, o que não descarta outras formas de suas
manifestações do racismo em outras partes do mundo, tão perversas quanto
esta, mas no Brasil é a questão econômica que evidencia a presença do
racismo em nossa sociedade. Este é o lado que conhecemos e vivenciamos
com mais propriedade, por isso, o escolhemos para debater, pois a
desigualdade não é algo natural, pelo contrário, é uma convenção humana,
cultural, que necessita ser superada com ações afirmativas, mediante cotas
sociais e raciais.
As atividades dessa unidade foram ilustradas com um jornal mural,
intitulado “classificados negros”, mostrando a forma como os negros eram
comercializados na condição de mercadorias. A música interpretada por Elza
Soares sobre a carne mais barata do mercado, a carne negra, foi importante
para contextualizar o tema. Então, traçou-se um paralelo entre a escravidão na
África e no Brasil. Isto tudo foi, finalmente, analisado num exercício, mostrando
as diferenças entre a escravatura nesses dois continentes.
Na unidade cinco, abordamos o tema oralidade versus escrita, com o
poema: O preto velho e o filósofo, ressaltando a importância de todos os
conhecimentos, sejam eles científicos, filosóficos ou populares. Escolhemos
um livro de contos africanos e os alunos realizaram uma oficina em que
desenvolveram e executaram a oralidade na práxis. Eles caracterizaram-se,
utilizando-se de vestimentas africanas, as meninas com panos de costas e a
decoração adequada do ambiente da sala de aula. Os alunos dispuseram-se
em forma circular, transformando-se em griots. Nesse momento, toda a escola
foi envolvida pela atividade, desde o ensino fundamental ao médio; períodos
diurno e noturno, funcionários e professores das demais disciplinas. Assim, os
griots, representando os pretos velhos, a ancestralidade, o tempo africano
foram trazidos para o cotidiano dos alunos. O interessante desta atividade, que
julgo importante relatar, e que, para nós, foi uma grata surpresa, foi a atenção
dos alunos na realização desta atividade, até mesmo os menores, geralmente
mais agitados, respeitosamente fizeram silêncio absoluto na realização da
oficina “Griots: contadores de história”, prestando atenção nos contos e
interagindo com os negros representados pelos alunos. Assim, esta oficina foi
desenvolvida e apresentada ao professor em sala e depois foi socializada para
os demais como encerramento da aplicação do projeto e da produção didático-
pedagógica. O espaço também foi dividido com a apresentação do jogo:
Conhecendo o continente africano e culminando com o plantio da “camélia
branca”.
Na unidade seis buscamos aprofundar a discussão, baseando-se,
fundamentalmente, no pensamento filosófico marxista e nos seus principais
representantes. Entretanto, enfatizamos que a questão racial e a indiferença
de Marx e Engels em relação a esse tema reforçavam o eurocentrismo. Com
isto definido, organizamos as turmas com o objetivo de realizar um seminário
sobre “As Teorias Racistas e seus Principais Representantes”. Para isso,
selecionamos os trechos de textos filosóficos onde o racismo e a discriminação
se encontravam presentes, e os alunos foram divididos em grupos, por tema e
por filósofo e cada grupo apresentou o resultado de suas pesquisas e suas
conclusões aos demais. Depois, promovemos um amplo debate sobre o
assunto com um importante aprofundamento filosófico. Assim, cada grupo
escolheu um assunto selecionado pelo professor PDE, na obra de Carlos
Moore: O marxismo e a questão racial: Karl Marx e Friedrich Engels frente ao
racismo e à escravidão. A discussão filosófica foi pautada no tema, com um
debate de possíveis atitudes racistas ou não de Marx, Engels e demais
filósofos abordados pelo autor nessa obra. A atividade foi bastante interessante
com posicionamentos a favor e contra o marxismo. Sendo que alguns
acreditavam que realmente Marx e Engels foram racistas usando as
argumentações de Moore, e outros, disseram que, ao trabalhar as lutas de
classes já contemplaram todos os trabalhadores, por isso não seria relevante
tratar a questão racial em separado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante a produção didático-pedagógica, quando apresentamos a África,
na unidade II, discutimos as três barreiras epistemológicas que legitimam o
eurocentrismo, criando preconceitos e discriminação. Assim, quando trazemos
a mitologia africana sobre a origem do mundo, percebemos que a versão é
muito parecida com a criacionista, por isso, buscamos demonstrar a
semelhança dos ensinamentos judaico-cristãos com o dos africanos na origem
do homem, do mundo e de tudo o que existe. Posteriormente, quando
passamos pelos clássicos (Platão e Aristóteles), percorremos as duas
principais concepções racistas da filosofia greco-romana e grande parte da
história da filosofia, com seus principais representantes até chegarmos às
teorias filosóficas racistas da modernidade. Tivemos a percepção de que o
racismo foi criado e reforça-se todos os dias com uma linguagem própria, com
determinados valores, com a permissibilidade do estado e com a maioria das
nossas principais instituições sociais. Para desconstruir isso implicaria muito
tempo, dedicação e desconstrução de estereótipos, fenótipos construídos ao
longo de nossa história. Surgiram questões, por parte dos discentes, que
ressaltaram a incorreção das classificações vigentes de alguns filósofos
considerados anteriormente como grandes humanistas, por exemplo,
Montesquieu, que tem frases ou argumentos racistas. Esse teórico, como
qualquer outro, cristão, ateu, moderno ou clássico, esteve sujeito aos valores
dominantes de seu tempo e foi pouco crítico relativamente a eles.
Deste modo, nossa preocupação central na realização deste trabalho foi
demonstrar que há possibilidade de ensinar-se a filosofia africana no ensino
médio.
A este respeito, a nossa pesquisa no PDE oportunizou que nossos alunos
e demais educadores do estabelecimento de ensino em que foi aplicado este
projeto, tivessem um contato mais aprofundado com a ampla bibliografia sobre
o assunto e mais, em língua portuguesa, algo que, dizia-se ser muito difícil
num período precedente. Além disso, pudemos, por meio da oralidade retomar
as raízes histórico-culturais de nossos alunos negros e afrodescendentes,
possibilitando conhecer o outro, o diferente que, na maioria das vezes,
encontra-se excluído dos grandes debates filosóficos da nossa
contemporaneidade. Essa inclusão se tornou real com a retomada dos griots e
materializou-se com a oficina “Contadores de histórias africanas”.
Do mesmo modo, conforme fomos desenvolvendo o projeto de
implementação e aplicando a produção didático-pedagógica, percebemos que
alguns ajustes deveriam ser feitos, por exemplo, o GTR substituiria, com
sucesso, a pesquisa que pensamos em realizar com os educadores de várias
regiões do estado; outro caso que precisamos rever foi o jogo pedagógico que,
inicialmente, seria único “gigante”, mas que, para ser mais didático, foi
minimizado, transformado em cinco tabuleiros, dando maior praticidade e
funcionalidade à atividade, portanto, a hipótese de fazer um tabuleiro gigante e
transformar os alunos em personagens “vivos “ não foi descartada, só foi
adiada pra realizar com maior êxito a atividade num tempo estendido, algo que
não seria possível no tempo pré determinado no projeto.E, finalmente, revemos
nosso seminário, ao substituir o júri por um amplo debate sobre o tema, com
uma participação dos outros alunos, de outras turmas e outros educadores em
forma de capacitação. Por outro lado, modificamos a forma de avaliação
prevista anteriormente, ao invés de trabalhá-la em separado, essa perpassou
todo o processo de ensino-aprendizagem, colocando, deste modo, o proceder
de cada um e de todos nas atividades desenvolvidas em cada uma das
unidades temáticas do caderno pedagógico, atingindo com maior eficiência os
objetivos propostos anteriormente.
E, finalmente, foi um verdadeiro “xeque mate” criticar Marx por meio do
pensamento de Moore, pois pela envergadura do autor em debate, valorizamos
e despertamos o interesse de público alvo e dos demais educadores para o
assunto, com a ampla adesão de marxistas e simpatizantes para a discussão
da questão racial, no âmbito da filosofia política, mesmo sabendo que muitos
estavam mais preocupados em defender o marxismo que admitir lacunas em
seu pensamento. Portanto, nossa sensação de dever cumprido é o resultado
ao final do trabalho realizado e pronto para alçar novos desafios, saindo da
mesmice para debruçar-se sobre temas polêmicos e atuais. O desafio valeu a
pena, foi cansativo, mas valoroso na produção de conhecimento numa área tão
carente de produção filosófica, mas que, graças a nossa atenção e dedicação
pode ser desmitificada, tornada mais acessível para um grupo maior de
pessoas de alunos e educadores.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda: MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. 4ª ed. – São Paulo: moderna, 2009.
__________. Temas de Filosofia. - 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1998.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Brasília: Ministério da Educação, 2003.
______. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília/DF, SECAD, 2004.
CADERNOS DE EDUCAÇÃO. V Encontro Nacional do Coletivo Antirracismo “Dalvani Lellis” - Ano XV, n.23, jul./ dez.2010 – 2ª ed. Brasília: CNTE.
CADERNOS NEGROS, volume 34: Contos afro-brasileiros/ organizadores Esmeralda Ribeiro, Márcio Barbosa. São Paulo: Quilombhoje, 2011.
CARDOSO, Pedro. Entrevista a Carlos Moore. In: Semanário Angolano Novo Jornal. Editado por Mario Pinto de Andrade. 2010.
GOMES, Nilma Lino. Levantamento bibliográfico sobre relações raciais e educação: uma contribuição aos pesquisadores e pesquisadoras da área. In: MIRANDA, Claudia; AGUIAR, Francisco Lopes; DI PIERRO, Maria Clara. Bibliografia básica sobre relações raciais e educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2004, p. 7-21.
HEGEL, G.W. Friedrich. Filosofia da História. Brasília, Editora da UnB, 1999.
KANT, Emmanuel. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. Campinas, Papirus, 1993.
LEMINSKI, Paulo. Ensaios e Anseios Crípticos. Alice Ruiz e Áurea Leminski (Org.) Pólo Editorial do Paraná, Curitiba, 1997.
LIPMAN, Matthew. A Filosofia na Sala de Aula. Trad. FALCONE, Ana Luiza Fernandes. São Paulo: Nova Alexandria. 1994.
MARX, Karl. “A dominação britânica na Índia”. / “Resultados futuros da dominação britânica na Índia”. In: MARX & ENGELS. Obras escolhidas. Tomo I. Lisboa, Edições Avante! / Moscou, Edições Progresso, 1982.
_____. Diversidade étnico-racial e educação no contexto brasileiro: algumas reflexões. In: GOMES, Nilma Lino (Org.) Um olhar além das fronteiras: educação e relações raciais. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 97-109.
MOORE, Carlos. Racismo & Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. 2ª ed. – Belo Horizonte: Nandyala, 2012.
________ O Marxismo e a questão racial: Karl Mark e Friedrich Engels frente ao racismo e a escravidão. Belo Horizonte: Nandyala; Uberlândia: Cenafro, 2010.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil. Petrópolis, Vozes, 1999.
______. Abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. In: BRANDÃO, André Augusto P. (org.). Programa de educação sobre o negro na sociedade brasileira. Niterói-RJ: Eduff, 2004a, p. 15- 34.
_____. A difícil tarefa de definir quem é o negro no Brasil (entrevista). In: Estudos avançados. O Negro no Brasil. São Paulo: IEA, vol. 18, nº 50, jan/abr, 2004b, p.51-60.
OLIVEIRA, Eduardo. Cosmovisão Africana no Brasil: elementos para uma filosofia afrodescendente. Fortaleza: LCR, 2003.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Proposta curricular para o ensino de Filosofia 2º grau, 1994.
PRAXEDES, Walter. “Eurocentrismo e Racismo na Filosofia e nas Ciências Sociais” In: Revista espaço acadêmico. Nº 83, abril 2008. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/083/83praxedes.htm>. Acesso em: 07 nov. 2013.
ROCHA, Rosa Margarida de Carvalho. História da África na Educação Básica: Almanaque pedagógico – referenciais para uma proposta de trabalho. Belo Horizonte: Nandyala, 2009.
Vários autores/Filosofia. Curitiba: SEED-PR, 2006. – 336 p.
Sugestões de Sites Relacionados a temática:
Disponível em: <http://exercicios.brasilescola.com/geografia/exercicios-sobre-Africa.htm.>. Acesso em: 07 Nov. 2013.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/escravidao-no-brasil/exercicios/>. Acesso em: 07 Nov. 2013.
Disponível em: <http://exercicios.brasilescola.com/historia/exercicios-sobre-escravidao-africana.htm>. Acesso em: 07 Nov. 2013.
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/questao-72-biologia.htm>. Acesso em 07 Nov. 2013.
Disponível em: < http://jornalprimeiraedicao.com.br/2013/o-filosofo-e-o-preto-velho/ >. Acesso em: 07 Nov. 2013.
Disponível em: < http://www.cantinhodefrancisco.com.br/2012/08/o-filosofo-e-o-preto-velho/>. Acesso em: 07 Nov. 2013.
Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:The_white_mans_burden.gif>. Acesso em: 07 Nov. 2013.
Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=4L7IIiwELb4>. Acesso em: 07 Nov. 2013.
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=IYH7Nhz1D-Q>. Acesso em: 11 Nov. 2013.
Disponível em: <http://www.significados.com.br/imperialismo/>. Acesso em: 22 Nov. 2013.
Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=PwLrl9zhsuA>. Acesso em: 22 Nov. 2013.