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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013

Título: As Políticas Educacionais e os usos da Informação e Comunicação Como Promotores da Gestão Democrática

Autora: Eloni dos Santos Perin

Disciplina/Área: Gestão Escolar

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Polivalente –Rua Padre João Antonio S/N

Município da escola: Ponta Grossa PR

Núcleo Regional de Educação: Ponta Grossa PR

Professor Orientador: Zelia Maria Lopes Marochi

Instituição de Ensino Superior: UEPG

Relação Interdisciplinar:

Políticas Educacionais, Gestão Escolar Democrática, Ambientes Virtuais, Gestão do Conhecimento e da Informação.

Resumo:

Na atualidade as políticas educacionais incentivam na escola a gestão democrática e participativa. No entanto, a autonomia da escola é relativa, pois é limitada pelas políticas públicas e precisa dar conta das demandas sociais e educacionais, considerando a pouca participação da comunidade escolar e o avanço tecnológico, que exigem mudanças na forma de gestão. Neste contexto, este trabalho (PDE) tem o objetivo de investigar os usos da informação e comunicação, a partir de ambientes virtuais colaborativos e, identificar nestes ambientes, ações que favoreçam a comunicação interna, promovam a participação da comunidade na gestão escolar e propiciem conhecimento e discussões sobre as políticas públicas externas e os problemas que permeiam o cotidiano escolar. Por isso, ambientes virtuais contribuem para melhorar a interação e participação da comunidade escolar. Para tal, será proposto uso de ambiente virtual colaborativo na escola, onde as informações e experiências possam ser socializadas, por meio de cursos e atividades permanentes. Como resultados, espera-se favorecer a comunicação interna da instituição escolar, propiciando engajamento da comunidade na luta social pela evolução das políticas educacionais e auxiliando a escola a cumprir sua função social com a qualidade social demandada pela sociedade e pelas políticas públicas.

Palavras-chave:

(3 a 5 palavras)

Políticas Educacionais, Gestão Escolar Democrática, Ambientes Virtuais, Gestão do Conhecimento e da Informação.

Formato do Material Didático: Caderno Pedagógico

Público: Equipe Gestora, Professores, Agentes Educacionais I e II

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – UEPG

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

ÁREA: GESTÃO ESCOLAR

ELONI DOS SANTOS PERIN

AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS E OS USOS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO COMO PROMOTORES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA

PONTA GROSSA

2013

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ELONI DOS SANTOS PERIN

AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS E OS USOS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO COMO PROMOTORES DA GESTÃO DEMOCRÁTICA

Produção didático-pedagógica desenvolvida para o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), Secretaria de Estado da Educação (SEED) em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Orientadora: Drª Zelia Maria Lopes Marochi

PONTA GROSSA 2013

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................... 2

Unidade 1 - INRODUÇÃO ...................................................................................................... 2

Unidade 2 – CONTEXTO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL .................. 2

Unidade 3 – GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E A PROMOÇÃO DA ESCOLA DE QUALIDADE PRA TODOS .............................................................................................. 2

Unidade 4 – AÇÕES DE COMUNICAÇÃO E GESTÃO DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO NA ESCOLA ................................................................................................. 2

Unidade 5 – SÍNTESE E AVALIAÇÃO .................................................................................. 2

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ste caderno pedagógico está organizado em cinco unidades

temáticas, que serão analisadas, discutidas e implementadas com a

comunidade escolar.

A primeira unidade apresenta a introdução geral da proposta de intervenção,

abordando os principais temas do caderno pedagógico, que servirão como

referência no processo de formação a serem deflagrados para equipe técnica,

professores e funcionários em geral.

A segunda unidade abordará as políticas educacionais no Brasil, no seu

contexto histórico, de acordo com os ciclos de políticas, para favorecer o debate no

contexto da prática.

Na terceira unidade os debates estarão centrados na questão da gestão

democrática e participação social, com foco na qualidade da educação.

Na quarta unidade, discute-se a gestão do conhecimento e da informação

como suporte para a troca de informações e experiências no contexto escolar, como

forma de potencializar a comunicação institucional interna, bem como poderá servir

como ambiente favorecedor da socialização dos projetos e trabalhos de

enriquecimento curricular desenvolvidos na escola, em busca do necessário apoio

de todos.

E por fim, na quinta e última unidade, será feita uma retomada geral sobre os

temas estudados, com a proposta de um curso para implementação do projeto PDE

na escola. Como forma de avaliação, será proposta a elaboração de um paper1

sobre um dos assuntos abordados neste caderno pedagógico, como forma de

avaliação do sistema implementado, desenvolvido por equipes de discussão

formadas por áreas de formação/conhecimento.

1 O paper é um pequeno artigo científico com um tema pré-determinado. Mais informações acesse:

<http://pt.scribd.com/doc/6874861/PAPER-como-fazer>.

E

APRESENTAÇÃO

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ambiente escolar é um espaço marcado por contínua tensão entre o

proposto pelas políticas educacionais e a prática real, desafiadora, do

cotidiano. As políticas públicas desenvolvidas no Brasil a partir da década

de 1990, norteiam as ações das instituições educacionais através das concepções

de gestão democrática, resultantes do gerencialismo2.

No entanto, a democracia não pode se

resumir às decisões do contexto da prática da

instituição, mas deve ser capaz de influenciar o

contexto da elaboração das políticas.

Por isso, faz-se necessário conhecer as

políticas educacionais e as suas interferências no

cotidiano da escola, na cultura organizacional e

no seu contexto social. É também necessário

que o trabalho do gestor escolar, embora tenha

atribuições, compromissos e responsabilidades

diante do Estado, não esteja apenas atrelado ao

este poder, mas seja o profissional de gestão não

somente envolvido, mas comprometido com a

comunidade na qual a escola está inserida.

A gestão participativa ou democrática

incentivada pelas atuais políticas educacionais

deve levar em consideração que o gestor escolar

possui autonomia relativa para fazer alterações e ponderações sobre as políticas

educacionais ou a cultura organizacional do sistema a que pertence. Ao mesmo

tempo, precisa dar conta das demandas sociais e educacionais, levando em conta o

avanço tecnológico que exige mudanças na forma de gestão. Conforme comentam

Minioli e Silva (2013, p. 180):

2 O gerencialismo é um conceito que caracteriza-se por uma reforma na Administração Pública

ocorrida no Brasil na década de 1990 e que foi pautada nas concepções do neoliberalismo, contrapondo-se a Administração Pública Burocrática (PAULA, 2005).

O

A gestão da escola pública pode ser entendida como um processo democrático, no qual a democracia é compreendida como princípio, posto que se tem em conta que essa é a escola financiada por todos e para atender ao interesse que é de todos; e também como método, como um processo democratizante, uma vez que a democracia é também uma ação educativa, no sentido da conformação de práticas coletivas na educação política dos sujeitos (SOUZA, 2009).

Unidade 1 - INRODUÇÃO

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A escola tendo em vista as mudanças provenientes dos avanços tecnológicos, neste início de século e as lacunas deixadas pela não incorporação dos conhecimentos provenientes da cultura da informação no espaço escolar, necessita incorporar em suas práticas, um modelo ecológico de gerenciamento da informação.

Além destas questões, há ainda grande quantidade de informações que

chegam à escola e que necessitam ser compartilhadas pelo coletivo de profissionais

que atuam nas instituições. No entanto, muitos dos profissionais trabalham em mais

de uma instituição e, com isso, a participação em reuniões e debates coletivos pode

ser prejudicada, como também a participação democrática nas decisões ou até

mesmo nos processos de mudança.

Lück (2011) identifica aspectos de mudança nas organizações a partir da

cultura organizacional, dinâmica e mutável, como resultado da aprendizagem

coletiva. Essa aprendizagem pode ser considerada como uma participação

responsável nas decisões e execução de ações da escola, em busca de resultados

educacionais efetivos e significativos.

As novas experiências, derivadas de

novos eventos e circunstâncias, se bem

direcionados podem promover um clima

organizacional voltado à proatividade. O gestor

pode aproveitar este clima para “reforçar a

autoimagem de todos os participantes da

dinâmica escolar e levá-los a incorporar, como

seu modo de ser e de fazer (sua cultura) as

novas práticas e atitudes, os sentimentos e

emoções favoráveis” (Ibid, p. 96).

A pouca participação social dos pais e responsáveis pelos estudantes é outra

questão a ser discutida, pois numa sociedade que prioriza o consumo, concebido

como “apropriação coletiva” (CANCLINI, apud LYRA, 2001), em que só interessa

aquilo que trouxer vantagem imediata ao indivíduo, há de se esperar que a

participação da comunidade nas questões educacionais seja restrita a uma condição

minimista.

O clima organizacional é visto por Lück (2011, p. 66) como a maneira que as pessoas reagem à organização, a normas formais e a comportamentos e costumes no interior da escola. O clima faz parte da cultura organizacional

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Além disso, as mudanças das políticas públicas também afetam a rotina e

ações desenvolvidas na escola, uma vez que limitam as decisões da gestão escolar

de acordo com as verbas liberadas e os programas de cada governo.

Para o auxílio à gestão na discussão de propostas, elaboração de planos e

projetos, bem como à formação continuada de professores e como ferramenta de

apoio ao ensino e aprendizagem, uma opção são os ambientes virtuais, que são

cada vez mais difundidos e assumem com a disseminação de informações, ampla

função social no espaço escolar. Assim, poderá contribuir à gestão escolar a criação

de mais um espaço de comunicação na escola, democratizando o acesso às

informações e promovendo a participação social através de ambientes virtuais, como

o moodle e as redes de comunicação (internet). Quanto mais esclarecida, educada e

informada for a sociedade, mais cresce a demanda por serviços públicos em

quantidade e qualidade, conforme conceito de governabilidade discutido por Préve,

et at (2010, p.153).

Na sociedade da informação, o povo sabe muito bem o que quer e do que

precisa, passando a exigir com naturalidade que instituições burocráticas e

obsoletas sejam substituídas por organizações ágeis e flexíveis. Nesse contexto, as

novas instituições devem centrar-se nas necessidades dos usuários e, por isso,

encontram-se em constante transformação. A gestão coerente está, portanto, mais

próxima da mudança do que da estabilidade.

A gestão democrática, neste aspecto, considera que a sociedade precisa

conhecer as políticas públicas que norteiam as ações escolares, participar

efetivamente dessas ações e perceber o resultado do trabalho coletivo. Da mesma

forma, os ambientes virtuais devem ser usados para agilizar as trocas de

informações entre indivíduos e organizações e entre estas.

UNIDADE 1A - PARA REFLETIR:

1. As situações apresentadas podem acarretar falhas na comunicação

interna da instituição?

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Uma das vantagens da comunicação eficaz numa instituição é contribuir para

melhorar o clima da organização.

Também é possível transformar o sistema de comunicação informal em um

sistema formal. O sistema de comunicação formal é uma parte da estrutura

organizacional e inclui as relações de supervisão, grupos de trabalho, comitês

permanentes e sistemas de informação da administração. Já o sistema informal

surge da interação diária dos membros de uma organização e baseia-se em

proximidade, amizade, interesses comuns e benefícios políticos, mais do que em

deveres formais do cargo (PRÉVE, et al., 2010, p. 134).

Portanto, é importante que a escola tenha uma proposta de gestão do

conhecimento, que busque compreender e desenvolver técnicas e metodologias que

possam ampliar as experiências, as habilidades e as competências da sociedade e

dos envolvidos com os sistemas de ensino (ALBUQUERQUE, 2011, p104).

Também é importante observar que o gestor escolar precisa atuar de acordo

com os princípios da Administração Pública: a legalidade, a impessoalidade, a

moralidade, a publicidade e a eficiência (art. 37, CF, 1988).

A partir de uma gestão democrática, baseada nestes princípios

constitucionais, nas políticas educacionais, na gestão do conhecimento e da

informação e com auxílio dos ambientes virtuais, esta proposta de intervenção

pretende disseminar informações, discutir questões da realidade escolar para

auxiliar o desenvolvimento de ações estratégicas que visam fortalecer a gestão

democrática na escola.

UNIDADE 1B - PARA REFLETIR:

1. Qual tema da prática escolar dos abordados no texto considera

importante ser aprofundado? Sugira temas para serem estudados em

ambientes virtuais.

2. Como a participação por meio de ambientes virtuais pode contribuir

com o trabalho da gestão escolar?

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Referências

ALBUQUERQUE, J. C. M. de Sistemas de Informação e Comunicação no Setor Público. Florianópolis: UFSC; Brasília: CAPES: UAB. 2011.

BALL, S. J. Diretrizes Políticas Globais e Relações Políticas Locais em Educação. Currículo sem Fronteiras, v.1, n.2, pp.99-116, Jul/Dez 2001.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 28 set 2013.

FREITAS, M. E. de. Cultura Organizacional: evolução e crítica. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

LYRA, R. M. da S. Consumo, comunicação e cidadania. Ciberlegenda n. 6, 2001. Disponível em: <http://www.uff.br/mestcii/renata2.htm>. Acesso em: 28 mai 2013.

LÜCK, H. Gestão da cultura e do clima organizacional da escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011

MINIOLI, C. S. SILVA, H. de F. N. Gestão do conhecimento no espaço escolar: a memória organizacional como estratégia do trabalho pedagógico. Curitiba, PR: CRV, 2013.

MORAN, J. M. Desafios na comunicação pessoal. 3ª ed. São Paulo: Paulinas, 2007.

PAULA, A. P. P. de Administração pública brasileira entre o gerencialismo e a gestão social. Revista de Administração de Empresas. vol. 45 n.1 São Paulo: Jan./Mar. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75902005000100005>. Acesso em: 20 jun 2013.

PRÉVE, A. D. et. al. Organização, Processos e Tomada de Decisão. Florianópolis: UFSC; Brasília: CAPES:UAB. 2010.

SOUZA, A. R. de. Explorando e construindo um conceito de Gestão escolar democrática. Educação em Revista. Belo Horizonte. v.25. n.03. p.123-140 | dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/v25n3/07.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2013.

SOUZA, T. R. de, A relação política entre o Brasil e a organização para cooperação e desenvolvimento econômico (OCDE). UFF-NEIC. 33ª ANPED: Educação no Brasil:o balanço de uma década. GT05, Estado e Política Educacional. Caxambu/MG: 2010. Disponível em: http://www.anped.org.br/33encontro/internas/ver/trabalhos-gt05. Acesso em: 25 set. 2013.

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o contexto das políticas públicas brasileiras instituídas a partir da

década de 1990, evidencia-se o crescimento das instituições

democráticas, decorrentes da Administração Pública Gerencial. Esta

é um modelo de administração do serviço público, resultado de políticas de ideologia

neoliberal, em que o Estado destitui-se de sua responsabilidade financeira,

passando-a para a sociedade civil. No entanto, o Estado mantém seu controle nas

questões administrativas e estruturais, conservando sua ideologia.

Segundo Souza (2010, p. 5), na década de 1990, pacotes de “reformas”

atreladas ao liberalismo que favoreceriam empresários da educação e da indústria,

elaboradas por organismos internacionais, como a Organização de Cooperação e

Desenvolvimento Econômico – OCDE, foram propostas para serem implantadas

pelos ministérios de educação de diversos países que, em troca, obtinham

financiamento para a Educação.

Foram sugeridos para discussão os seguintes temas: o desenvolvimento

humano tomado por políticas de contenção à pobreza; a formação contínua ou

educação ao longo da vida garantindo espaços para a reprodução do capital,

especialmente através da educação à distância (EaD); tecnologias da informação e

comunicação (TICs) para justificar o desemprego; a democracia significando

liberdade de acordos entre diferentes esferas do poder e frações burguesas, de

modo que os termos cidadania e sociedade civil fossem, também, ressignificados a

partir da economia corporativa; e, por fim, a avaliação dos sistemas de ensino como

a nova estratégia de gestão.

No Brasil, reformas educacionais3 estão sendo propostas a partir do Todos

Pela Educação4, que tem como membros do Conselho de Governança do

movimento, megaempresários que são também assessores do governo e

comandam a Secretaria de Educação Básica do MEC.

3 Freitas (2012), faz uma análise crítica das políticas educacionais brasileiras, que tem base no modelo norte-

americano e as quais envolvem uma combinação de responsabilização, meritocracia e privatização. 4 Para saber mais sobre o Movimento acesse o site: http://www.todospelaeducacao.org.br/institucional/.

N

Unidade 2 – CONTEXTO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL

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Os sistemas de avaliação de larga escala como ENEM, IDEB, Prova Brasil,

são consequências das políticas educacionais fortemente influenciadas pelos

interesses dos organismos internacionais e que tem apoio direto do governo.

Em discussões sobre as políticas públicas de articulação e fortalecimento dos

sistemas de ensino através do “Seminário Internacional Gestão Democrática da

Educação e Pedagogias Participativas”, promovido pelo Ministério da Educação –

MEC, em 2006, convencionou-se que essas políticas têm como princípio e como

preceito legal a Gestão Democrática da Educação, que possibilitam a participação

da sociedade civil na formulação, avaliação, definição e fiscalização das políticas

educacionais, implementadas pelos diversos sistemas de ensino do País. As

discussões sobre as políticas educacionais abordam as políticas neoliberais que

predominam no Brasil e no mundo.

Vieira (2001, p. 61) refere-se ao endividamento externo no cenário econômico

brasileiro como razão para a entrada de ideias e capital internacional, influenciando

fortemente a educação com os acordos estabelecidos. Cita três variáveis de

investimentos externos que influenciam a educação não somente no Brasil, como

em diversos outros países.

A primeira se refere à definição de uma agenda internacional para a

educação, em eventos internacionais ocorridos desde 1990, onde foram elaboradas

intenções e recomendações em que os países signatários se comprometem com os

acordos firmados. A segunda expressa as políticas internacionais para a educação,

com propostas que articulam a educação ao desenvolvimento do país, seguindo a

tendência da época conhecida como revolução do conhecimento. A terceira diz

respeito a projetos de educação desenvolvidos por organizações como Unicef e

Banco Mundial.

Segundo a autora, a influência internacional só acontece se estiver alinhada

aos governos e às políticas públicas do país. Neste aspecto, as políticas públicas

foram elaboradas de acordo com as concepções e ideologias neoliberais.

Afirma Sader, (2006) que “é sabido que o neoliberalismo é forte, não pela

economia, é forte pela ideologia que ele propaga”, ao se referir as políticas

brasileiras que privilegiam uma pequena parcela da população em detrimento das

massas populares, resultando em aumento da desigualdade social e tirando o direito

das pessoas nas decisões políticas que afetarão suas vidas.

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O autor afirma que as políticas públicas de apoio à economia das exportações

de produtos e das grandes corporações ou bancos, que exploram a economia de

forma especulativa e que visam somente a acumulação de capital, são formas de

aumentar a desigualdade social e levar milhões de pessoas à margem da

sociedade, resultando em indivíduos sem direitos, até mesmo destituindo-se o

próprio conceito de sociedade. Em contrapartida, as pessoas destituídas de seus

direitos são reféns da mídia que propaga a ideologia dominante, fazendo-as

acreditarem no que a política neoliberal concebe como sendo uma “sociedade

democrática”.

Democracia esta a qual o autor afirma não existir, já que os indivíduos estão

destituídos dos seus direitos fundamentais, como ter emprego, moradia, decidir o

quanto vai ser cobrado de imposto e onde esse imposto será aplicado.

A participação da sociedade nas políticas públicas, desde sua concepção,

formulação, implementação e avaliação seria o ideal de uma sociedade democrática.

Neste aspecto, Mainardes (2006) a partir dos nos estudos de Ball (2001) faz

uma análise das políticas públicas nos contextos da influência, da produção de texto,

da prática, dos resultados/efeitos e da estratégia política.

O contexto da influência é onde ocorre a disputa dos grupos de interesse para

a formulação de políticas e estas são formuladas com base em influências globais e

internacionais por meio da circulação de ideias, ou são modelos de políticas de

outros países (empréstimos de políticas), ou ainda derivam de estudos acadêmicos.

Nesse contexto atuam os partidos políticos que representam interesses sociais, o

governo e o legislativo.

O contexto da produção de texto é a fase da elaboração de textos oficiais no

processo de formulação da política. Nesse contexto acontecem as disputas e

acordos políticos dos grupos de interesse e por isso os textos possuem limitações

materiais e possibilidades .

As respostas a esses textos acontecem no contexto da prática, na

implementação da política, e tem consequências reais, que podem significar

mudanças na política originalmente traçada. Considera-se que um texto pode ser

interpretado de formas diferentes, conforme interesses, experiências, valores de

quem o lê:

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Os professores e demais profissionais exercem um papel ativo no processo de interpretação e reinterpretação das políticas educacionais e, dessa forma, o que eles pensam ou acreditam têm implicações para o processo de implementação das políticas (MAINARDES, 2006, p.5).

É no contexto da prática que a política se efetiva e pode ser recriada,

produzindo efeitos e consequências que representam mudanças na prática ou na

estrutura e impactos dessas mudanças nos padrões de acesso social, oportunidade

e justiça social. O contexto dos resultados/efeitos se insere no contexto da prática.

Já o contexto da estratégia política procura identificar as atividades sociais e

políticas necessárias para trabalhar com as desigualdades criadas ou reproduzidas

pela política investigada.

As políticas públicas elaboradas na concepção do Estado gerencialista ou

Estado mínimo, tem como característica a descentralização, pois estimulam a

participação dos cidadãos nas decisões tomadas no interior da escola e propagam a

ideia de gestão democrática, numa visão parcial e fragmentada de sociedade.

Santos (2010, p. 8) afirma que a gestão educacional no Brasil é mais uma

transferência de responsabilidades para níveis mais micros do que uma

descentralização. A autora a caracteriza como ‘economicista instrumental’ ou

desconcentração. A descentralização teria aspecto ‘democrático-participativa’, se

houvesse coerência entre democracia e gestão, ao partilhar o poder nas decisões

sobre os processos educativos, na esfera política.

Foi no contexto da influência (Mainardes, 2006) que as políticas públicas

brasileiras efetivadas pela Constituição Federal de 1998 trouxeram propostas de

participação da sociedade civil em diversas instâncias da administração pública. Os

conselhos de educação como representação da sociedade foram constituídos

baseando-se nos princípios da gestão democrática do ensino público e da garantia

de qualidade (art. 206, inc. VI e VII), na afirmação da educação como direito público

e subjetivo (art. 208, § 1º) e na descentralização administrativa do ensino (art. 211).

Aos conselhos compete estabelecer a relação entre a sociedade e o Estado,

conforme Teixeira (2004, p.702):

Como órgãos da esfera pública, os conselhos possuem uma estrutura mista, que conta com a presença da sociedade civil, vinculada ao Estado. Essa composição cria a possibilidade de uma ação mais articulada e global das organizações e define as bases para uma ação política sobre as esferas de decisão do poder.

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Neste aspecto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 cita

como um dos princípios para assegurar a gestão democrática, a “participação das

comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes” (Art 14, II).

De certa forma, é através da participação social que a democracia se efetiva e

é na escola que o processo democrático se inicia. No entanto, as decisões tomadas

pelo coletivo da escola através dos conselhos escolares, de forma democrática, não

necessariamente influenciam as políticas públicas educacionais, as quais são

elaboradas e decididas em outros contextos. Ficam assim, decisões restritas ao

campo das ações de implementação destas políticas, o contexto da prática conforme

analisa Mainardes (2006). Ou seja, não integram questões técnicas e políticas, o

que confirma uma das características do gerencialismo (JUNQUILHO, 2010, p.158).

No discurso das políticas neoliberais, quanto maior for a participação da

comunidade, melhores os resultados educacionais. No entanto, a gestão

democrática está presente no discurso, mas não acontece no cotidiano da escola,

pois esta, na maioria dos casos, funciona mecanicamente, apenas reproduzindo os

interesses dominantes e não contempla as contradições dos interesses de classes.

(ARAÚJO E MORAES, 2009, p. 13).

Apesar disso, a escola que está inserida no contexto da prática das políticas

públicas, encontra-se em constante busca da superação de desafios no seu sistema

de ensino e na sua transformação. O gestor escolar assume um papel de

fundamental importância para que essa transformação ocorra, atuando como

norteador das ideias a fim de alcançar mudanças, instigando a participação mais

efetiva por parte de pedagogos, professores, funcionários, alunos, pais e

comunidade. Como afirma Ball (2001):

O trabalho do gestor envolve a infusão de atitudes e culturas nas quais os/as trabalhadores/as se sentem, eles/as próprios/as, responsabilizados/as e, simultaneamente, comprometidos/as ou pessoalmente envolvidos/as na organização.

Para o alcance deste comprometimento, é preciso considerar que os

indivíduos possuem comportamentos diante de outros indivíduos em um processo

de interação recíproca, que se produz quando as pessoas realizam juntas seus

papeis sociais, sendo estes resultantes de uma construção cultural (SILVA, 2010, p.

83).

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No entanto, a cultura de construção do trabalho coletivo se contrapõe a

cultura do individualismo, próprio da sociedade capitalista, que privilegia as questões

econômicas em detrimento das questões sociais.

A tecnologia de redes de comunicação veio contribuir para a participação

social, principalmente na fiscalização e acompanhamento da implementação de

políticas. Faça uma pesquisa nos sites dos governos Federal e Estadual e

identifique pelo menos três ações de implementação de políticas educacionais no

nível de Ensino em que atua. Comente sobre essas políticas, explicitando seu

posicionamento sobre a implementação destas e como elas podem ser socializadas

e conhecidas pela comunidade escolar.

UNIDADE 2A - PARA REFLETIR:

1. Discuta com sua equipe de trabalho sobre a importância da

participação social na elaboração e implementação das políticas

educacionais.

2. Você considera importante participar da formulação de políticas?

De que maneira a população pode participar na elaboração e

controle das políticas educacionais?

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17

Referências

ARAÚJO, R. H. P. de, MORAES, R. de A. Informática educativa e gestão democrática – uma história de incongruências. VIII Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas: História, Sociedade e Educação no Brasil. UNICAMP, 2009. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario8/trabalhos.html. Acesso em: 20 mai 2013.

BALL, S. J. Diretrizes Políticas Globais e Relações Políticas Locais em Educação. Currículo sem Fronteiras, v.1, n.2, pp.99-116, Jul/Dez 2001.

FREITAS, L. C. de. Os Reformadores Empresariais da Educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. Revista Educação e Sociedade. Campinas, v. 33, n. 119, p. 379-404, abr.-jun. 2012. Disponível em: <http://www.cedesunicamp.br>. Acesso em 30 out. 2013.

FREITAS, M. E. de. Cultura Organizacional: evolução e crítica. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

JUNQUILHO, G. S. Teorias da Administração Pública. Florianópolis: UFSC; Brasília: CAPES:UAB. 2010.

MAINARDES, Jefferson. ABORDAGEM DO CICLO DE POLÍTICAS: uma contribuição para a análise de políticas educacionais. Educação e Sociedade. Campinas, vol. 27, n. 94, p. 47-69, jan./abr. 2006. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 29 jul. 2012.

SADER, E. Anais do Seminário Internacional Gestão Democrática na Educação e Pedagogias Participativas. Brasília: MEC, 2006.

SILVA, G. Sociologia organizacional. Florianópolis: UFSC; Brasília: CAPES:UAB. 2010.

PARA REFLETIR:

Discuta com sua equipe de trabalho sobre a importância da participação

social na elaboração e implementação das políticas educacionais.

Você considera importante participar da formulação de políticas? De que

maneira a população pode participar na elaboração e controle das

políticas educacionais?

Sugestão de pesquisa:

Ações e Programas do MEC: http://portal.mec.gov.br/index.php

Programas e Projetos SEED-PR: http://www.educacao.pr.gov.br/index.php

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SOUZA, T. R. de, A relação política entre o Brasil e a organização para cooperação e desenvolvimento econômico (OCDE). UFF-NEIC. 33ª ANPEd: Educação no Brasil:o balanço de uma década. GT05, Estado e Política Educacional. Caxambu/MG: 2010. Disponível em: http://www.anped.org.br/33encontro/internas/ver/trabalhos-gt05. Acesso em: 25 abr 2013.

TEIXEIRA, L. H. G. Cultura Organizacional e projeto de mudança em escolas públicas. Campinas, SP: UMESP: ANPAE, 2002.

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Educação no Brasil passa por um processo de (re)democratização,

que exige luta constante por inclusão, inclusive política, de

participação da comunidade nas decisões e ações do coletivo da

escola.

Conselho Escolar, Associação de Pais,

Mestres e Funcionários (APMF) e Grêmios

Estudantis se constituem em espaços de

representação da comunidade escolar e de

expressão da gestão democrática. É neles que

se legitimam as proposições do coletivo escolar

e a garantia do cumprimento efetivo de ações

voltadas às necessidades da comunidade de

acordo com o Projeto Político Pedagógico de

cada instituição.

A gestão democrática depende dos

encaminhamentos tomados para a participação

do coletivo escolar, por suas Instâncias

Colegiadas na elaboração do Projeto Político

Pedagógico voltado à realidade da escola e que

busca orientar ações autônomas para sua

gestão.

O Conselho Escolar é, neste sentido, o

principal espaço de decisão e deliberação das

questões pedagógicas, administrativas,

financeiras e políticas da escola. As decisões do

Conselho Escolar resultam em ações de gestão,

identificadas por meio do regimento escolar e do

Projeto Político Pedagógico (PPP).

O Regimento escolar é o primeiro

A

Unidade 3 – GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA E A PROMOÇÃO DA ESCOLA DE QUALIDADE PRA TODOS

A gestão escolar democrática é compreendida como um processo político no qual as pessoas que atuam na escola identificam problemas, discutem, planejam, encaminham, acompanham, controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao desenvolvimento da própria escola na busca da solução daqueles problemas. Esse processo sustentado no diálogo, na alteridade e no reconhecimento às especificidades técnicas das diversas funções presentes na escola, tem como base a participação ativa dos sujeitos do universo escolar, o respeito às normas coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões e na constituição de canais de comunicação, como forma de ampliar o domínio das informações a todas as pessoas que atuam na escola (SOUZA, 2009).

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documento a que deve ser conhecido por toda a comunidade escolar, pois é o

documento que sistematiza toda a organização pedagógica e administrativa da

escola.

Para sua elaboração é necessária a participação de todos os envolvidos,

sejam pais, alunos, professores, funcionários, equipe pedagógica e direção da

escola, abordando os aspectos de todos os segmentos da escola.

O regimento escolar orienta as ações de gestão da escola, sendo este o

documento que dá o suporte legal para as decisões em relação à sua estrutura e

funcionamento ou as propostas do sistema de ensino. Também propicia

embasamento legal à Proposta Pedagógica Curricular e ao Projeto Político

Pedagógico.

A Associação de Pais, Mestres e Funcionários – APMF caracteriza-se como a

participação dos pais e responsáveis pelos alunos, bem como dos docentes e

agentes educacionais. E por ela passam os recursos públicos oriundos da

comunidade, seja de forma voluntária ou por meio de parcerias5. Por isso, quanto

maior for a participação da comunidade, maior será a eficiência6 da atuação da

APMF na escola.

O Grêmio Estudantil pode despertar os jovens estudantes para a política e

favorecer o sentimento de valorização destes enquanto sujeitos ativos e

participativos. A participação dos alunos para as questões sociais constitui um dos

maiores desafios da escola hoje, por conta do modelo de sociedade onde está

presente o individualismo, o consumismo e a desigualdade social.

Neste sentido, há necessidade de ações articuladas das instâncias colegiadas

da escola com a comunidade, que visem a proteção dos direitos e deveres das

crianças e dos adolescentes, tendo a escola como espaço para discussão e para

transformação social.

Para tal, foi proposto o fortalecimento dos conselhos escolares. Segundo

Dourado (2007, p. 934) “os conselhos escolares configuram- se, historicamente,

5 As parcerias são formas de gestão pública incentivadas pelas políticas neoliberais e neste caso, podem ser

compreendidas como parcerias entre a escola e a sociedade civil ou o Estado, por meio de programas e projetos

que financiam a educação. 6 O conceito de eficiência refere-se ao máximo de resultados com o mínimo de recursos e tempo. A esse respeito,

Flach (2012) faz referência a política neoliberal da década de 1990, em que “inúmeros governos estaduais, sem

contar a própria organização da rede privada, investiram em uma organização escolar gerencial em que a

eficiência e produtividade passaram a ser as palavras de ordem”, pois a educação representava um problema

gerencial, pela baixa qualidade e falta de eficiência.

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como espaços de participação de professores, funcionários, pais, alunos, diretores e

comunidade nas unidades escolares”. São espaços coletivos de deliberação e

atuam como co-responsáveis pela gestão administrativa e pedagógica das escolas.

A participação da sociedade por meio de conselhos escolares é

regulamentada pelas políticas públicas, que disponibilizam apoio técnico,

pedagógico e financeiro às escolas, através do Ministério da Educação e Cultura

(MEC). O programa “Fortalecimento dos Conselhos Escolares” foi criado pela

Secretaria de Educação Básica do MEC, mediante a Portaria Ministerial n.

2.896/2004 e apresenta-se organizado a partir de cinco eixos iniciais, conforme

comenta Dourado (2007, p. 935):

Conselhos escolares, democratização da escola e construção da cidadania; conselho escolar e o respeito e valorização do saber e da cultura do estudante e da comunidade; conselho escolar e o aproveitamento significativo do tempo pedagógico; conselho escolar e a aprendizagem na escola; conselho escolar, gestão democrática da educação e escolha do diretor. Em seguida, o Programa ampliou tais eixos com as seguintes temáticas: conselho escolar como espaço de formação humana; conselho escolar e o financiamento da educação; conselho escolar e a educação no campo; conselho escolar e a relação entre a escola e o desenvolvimento com igualdade social. Além desses núcleos temáticos, contemplou-se a discussão sobre os indicadores de qualidade da educação e os conselhos escolares como estratégia de gestão democrática da educação pública.

A autonomia da escola está, portanto, vinculada à política educacional do

Estado, por meio de programas e projetos. O Conselho Escolar, APMF, Grêmio e o

PPP são formas democráticas de administrar a escola, pela participação coletiva.

UNIDADE 3A - PARA REFLETIR:

1. Como entendemos o papel das instâncias colegiadas na gestão da

escola?

2. De que maneira podemos incentivar a participação da comunidade nas

ações da escola, de forma a favorecer a gestão democrática? Reflita sobre

como acontece a participação coletiva na gestão de sua escola.

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Sem a participação da comunidade - alunos, professores, pais, funcionários,

gestores – inclusive no contexto da elaboração de políticas, não há processo

democrático.

Entretanto, a participação regulamentada pelas instâncias colegiadas pode

servir de instrumento de controle do Estado na medida em que se estabelecem

normas e obrigatoriedade de instituição destas, atreladas à escola. Santos (2009)

entende que:

A participação política ativa, ainda que garantida pelos instrumentos organizacionais e legais escolares e dos sistemas de ensino, não se efetiva apenas pela existência desses instrumentos, uma vez que estes (conselhos, eleições, associações de pais, grêmios estudantis), isoladamente, não se fazem suficientes para a implementação da gestão democrática. Eles a auxiliam, seguramente, mas podem mesmo se tornar aparelhos burocratizantes e pouco democráticos.

Para o autor, tão importante quanto a participação da comunidade na escola é

o envolvimento desta com o enfrentamento dos problemas sociais, pautando-se no

diálogo como princípio e como um fundamento da vida.

Segundo Paro (2005, p. 11) “o que nós temos hoje é um sistema hierárquico

que pretensamente coloca todo o poder nas mãos do diretor”. Esse poder centrado

no Diretor ou Diretora da escola lhe impõe também a responsabilidade pela

efetivação da gestão democrática, para assegurar o alcance dos objetivos

educacionais definidos no Projeto Político Pedagógico;

No entanto a falta de autonomia do gestor escolar em relação à subordinação

aos planos de Governo e às políticas educacionais, bem como a precariedade das

condições concretas de ação geradas pela escassez de recursos a que se

submetem as escolas públicas, gera um sentimento de “impotência” e forma uma

imagem negativa do gestor, a qual é confundida com o próprio cargo (Ibid).

“A democracia também prometia acabar com o poder invisível e instituir um regime de publicização das ações governamentais, com o intuito de controlá-las. Ao que parece, atualmente, o que se tem é o oposto: em vez de a população controlar o governo, na democracia moderna é o governo quem tem o poder de controlar o povo” (SOUZA, 2009, p. 130).

Neste aspecto, a democracia é relativa, pois sua autonomia existe apenas no

contexto da prática, sem considerar outros contextos mais amplos da sociedade, do

Estado e seus governos, como a influência na elaboração de políticas por exemplo.

A autonomia relativamente concedida ao gestor sintetiza a pouca autonomia

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23

da escola, desprovendo-a da sua função de transformação social. Conforme Paro

(2005, p. 12):

A escola só poderá desempenhar um papel transformador se estiver junto com os interessados, se se organizar para atender aos interesses (embora nem sempre conscientes) das camadas às quais essa transformação favorece, ou seja, das camadas trabalhadoras.

Ao mesmo tempo em que se confere à gestão escolar a autonomia

relativamente subordinada ao controle do Estado, por meio das políticas

educacionais expressas em Programas e Projetos, há uma pressão social

estimulada por essas mesmas políticas, por resultados baseados na qualidade.

Segundo o artigo 4º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB

9394/96), é dever do Estado, oferecer educação escolar pública que garanta, entre

outros, “padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e

quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do

processo de ensino aprendizagem.”

O Decreto nº 6.094/2007, documento que regulamenta a implementação do

Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, determina que:

Art. 3o A qualidade da educação básica será aferida, objetivamente, com base no IDEB, calculado e divulgado periodicamente pelo INEP, a partir dos dados sobre rendimento escolar, combinados com o desempenho dos alunos, constantes do censo escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB, composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica - ANEB e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil).

O plano evidencia a busca de resultados na educação, que são verificados

pelos exames nacionais de larga escala, centralizados no Estado avaliador

(AFONSO, 2000) e que não levam em conta as realidades locais.

Por outro lado, a qualidade proposta no Plano tem mais relação com a

qualidade total, originada do gerencialismo e sujeita às regras mercadológicas, do

que com a qualidade social, buscada pela sociedade democrática.

A concepção de qualidade total na educação refere-se a racionalidade

técnica, onde a educação aparece como mercadoria e os alunos são clientes, os

resultados devem ser medidos pelo investimento do governo em ‘insumos’ e por

testes de avaliação (quantitativos), medindo a eficiência, eficácia e efetividade,

conceitos que influenciam as políticas no Brasil a partir da LDB.

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Já a qualidade social é citada nas Diretrizes Curriculares Nacionais, no art. 8º

da Resolução nº 4/2010:

A garantia de padrão de qualidade, com pleno acesso, inclusão e permanência dos sujeitos das aprendizagens na escola e seu sucesso, com redução da evasão, da retenção e da distorção de idade/ano/série, resulta na qualidade social da educação, que é uma conquista coletiva de todos os sujeitos do processo educativo.

O tema qualidade social aponta a participação dos sujeitos na construção de

uma escola de qualidade, com elementos que promovem desenvolvimento social e

humano. A mesma resolução no art. 9º refere-se à qualidade social como

centralidade o estudante e a aprendizagem.

No entanto, a qualidade social envolve aspectos mais amplos, como comenta

Silva (2009, p. 225):

A escola de qualidade social é aquela que atenta para um conjunto de elementos e dimensões socioeconômicas e culturais que circundam o modo de viver e as expectativas das famílias e de estudantes em relação à educação; que busca compreender as políticas governamentais, os projetos sociais e ambientais em seu sentido político, voltados para o bem comum; que luta por financiamento adequado, pelo reconhecimento social e valorização dos trabalhadores em educação; que transforma todos os espaços físicos em lugar de aprendizagens significativas e de vivências efetivamente democráticas.

Em termos de qualidade, portanto, a

educação terá resultados socialmente adequados

quando houver a participação dos diversos atores

sociais na construção de políticas educacionais

voltadas às necessidades reais da sociedade.

Escolas autônomas só conseguem

gerenciar e organizar seus recursos e seu espaço

de forma democrática se houver a participação da

comunidade na execução, mas principalmente na

tomada de decisões da gestão e na elaboração

das políticas.

A dificuldade de participação da

comunidade em parte é consequência de

diferentes classes sociais inseridas num mesmo

contexto, as quais podem divergir ideias e

Como a qualidade social se efetiva pela prática da democracia, a gestão educacional precisa ser democrática, possibilitando a participação real da população nas decisões sobre os assuntos da educação, seja por meio de conselhos escolares atuantes, eleições democráticas para dirigentes escolares, ou até mecanismos de controle social. A qualidade social, nesta perspectiva, extrapola a própria escola para envolver toda a sociedade na formação de cidadãos democráticos. (FLACH, 2012, p. 10)

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25

interesses. Conforme Flach (2012, p. 19), “sendo contraditório e difícil, o processo

participativo se fundamenta no exercício do diálogo entre as partes, pelo qual elas

procuram alcançar um consenso sobre ideias pró e contra”.

Ou seja, a garantia de uma sociedade democrática é a participação e o

controle da sociedade nas políticas educacionais. Para garantir a qualidade da

educação, é preciso mais que democratizar o acesso e a permanência em uma

escola para todos, gratuita e laica, mas também garantir que a escola cumpra sua

função social, pela participação da sociedade nas decisões e na gestão.

Referências

AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional: Regulação e emancipação: para uma sociologia das políticas avaliativas contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2000.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9394/96. Brasília, 1996.

_______. Plano De Metas Compromisso Todos Pela Educação: Decreto nº 6.094/2007. Brasília, 2007. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6094.htm>. Acesso em: 15 nov. 2013.

UNIDADE 3B - PARA REFLETIR:

1. Reflita sobre as formas de participação social nos processos de gestão

e no controle da qualidade, propostos pelas políticas educacionais, de

forma a democratizar o acesso à informação e ao conhecimento.

2. De que forma as tecnologias podem auxiliar no processo de

democratização da escola e da sociedade?

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26

DOURADO, L. F. Políticas e gestão da educação básica no Brasil: Limites e perspectivas. Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, p. 921-946, out. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a1428100.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2013.

FLACH, S. de F. Contribuições para o debate sobre a qualidade social da educação na realidade brasileira. Contexto & Educação. Ano 27. nº 87. Jan./Jun. 2012. Disponível em: <https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/download/191/303.> Acesso em: 13 nov. 2013.

Gestão escolar. org. Elma Julia Gonçalves de Carvalho ... [et al.]. - Maringá, PR: Secretaria de Estado da Educação do Paraná : Universidade Estadual de Maringá, 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/218-2.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2013.

LÜCK, H. Gestão da cultura e do clima organizacional da escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais. Resolução n.4/2010. Brasília, 2010. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12992:diretrizes-para-a-educacao-basica>. Acesso em: 16 nov. 2013.

SILVA, M. A. da. Qualidade social da educação pública: algumas aproximações. Cad. CEDES [online]. 2009, vol.29, n.78, pp. 216-226. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v29n78/v29n78a05.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2013.

SOUZA, A. R. de. Explorando e construindo um conceito de Gestão escolar democrática. Educação em Revista. Belo Horizonte. v.25. n.03. p.123-140 | dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edur/v25n3/07.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2013.

SOUZA, T. R. de, A relação política entre o Brasil e a organização para cooperação e desenvolvimento econômico (OCDE). UFF-NEIC. 33ª ANPED: Educação no Brasil:o balanço de uma década. GT05, Estado e Política Educacional. Caxambu/MG: 2010. Disponível em: http://www.anped.org.br/33encontro/internas/ver/trabalhos-gt05. Acesso em: 25 set. 2013.

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s organizações públicas, inclusive a escola, em sua maioria possuem

culturas diferentes, de acordo com o clima organizacional, que está

em constante mudança, devido à influência dos vários atores sociais7

(indivíduos, coletividade), que passam pela organização.

Segundo as teorias de Vygotsky citadas por Minioli e Silva (2013, p.43), a

relação indivíduo/sociedade se constrói a partir da interação dialética do homem

com o seu meio sociocultural. A consciência humana se forma pela internalização de

modos historicamente construídos, de operacionalizar as informações.

Essa operacionalização é o processo mais complexo de desenvolvimento

humano e se expressa pela linguagem, um sistema simbólico que constitui o

principal instrumento de representação da realidade e de mediação dos seres

humanos entre si e deles com o mundo. É responsável, portanto, pela construção do

pensamento e pela formação da cultura8.

Assim, a comunicação constitui a ferramenta de desenvolvimento da cultura

e a comunicação estratégica é a forma pela qual as pessoas se relacionam, criando

valores9 para a organização (MARCHIORI, 2006, p. 81).

Para Teixeira (2002, p. 30), existem forças que tendem para a mudança e

forças que tendem para a estabilidade e o equilíbrio, contrapondo-se. As

organizações que experimentam alternativas de mudanças de seus sistemas

culturais possuem mais chance de se transformarem e de consolidarem como

instituição.

Conhecer e compreender a cultura no seu contexto, portanto, permite que as

mudanças estruturais de uma organização sejam efetivas por longo tempo.

Conforme Silva (2010, p. 53), “as pessoas em sua sociedade ou em seu local de

7 Ator social, segundo Matus (1993) apud Misoczky e Guedes (2011, p. 21) “é uma personalidade,

uma organização ou agrupamento humano que, de forma estável ou transitória, tem capacidade de acumular força, desenvolver interesses e necessidades e atuar produzindo fatos na situação”. 8 Segundo Pires e Macêdo (2006), a cultura expressa os valores e as crenças que os membros de

um determinado grupo partilham. É o resultado de ações cujos componentes e determinantes são

compartilhados e transmitidos pelos membros de um dado grupo. 9 Os valores representam o fazer da escola e podem ser humanos, sociais, educacionais ou

individualistas, corporativistas, em relação às decisões no cotidiano escolar (Lück, 2011, p. 132).

A

Unidade 4 – AÇÕES DE COMUNICAÇÃO E GESTÃO DO CONHECIMENTO E DA INFORMAÇÃO NA ESCOLA

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trabalho estão sujeitas à inércia social”. O autor considera inércia social a

característica das estruturas sociais, que ocorre quando um conjunto social estável

tende a rejeitar alterações que possam modificar sua situação.

A escola, “ao ignorar a existência e o papel do clima e da cultura

organizacional da escola” tende a preservar essa inércia (Lück, 2011, p. 160). Uma

vez que a cultura é resultado de aprendizagem a partir das experiências de um dado

grupo e para transformá-la, as aprendizagens não podem ser “espontâneas,

aleatórias e desorganizadas”, mas necessitam de uma sistemática, com orientação

específica e ação intencional ordenada, a partir do pensar coletivo da organização.

Essa sistematização constitui o que se conhece por Gestão do

Conhecimento, que pode ser expresso também como a maneira com que as

instituições escolares gerenciam e usam as informações e conhecimentos

construídos no seu interior, sejam individuais ou coletivos, sobre problemas ou

decisões tomadas, e que repercutem nas ações do cotidiano escolar.

Ao refletir sobre a realidade da escola, o conhecimento10 se constrói e gera

inovações que podem ampliar as opções para tomada de decisões e que podem

levar ao crescimento da instituição e a transformações da cultura da escola.

Para Minioli e Silva (2013, p. 58-96), o conhecimento organizacional começa

pela socialização11 e está ligado ao fazer coletivo, que utiliza recursos mentais,

materiais e sociais, em ciclos contínuos de interpretação, inovação e ação. Para a

autora, a reflexão, a socialização e o compartilhamento de informações constituem

estratégias para compreender e interpretar a realidade, criar novos conhecimentos e

tomar decisões.

A ação acontece quando se toma uma decisão baseada no conhecimento

organizacional. Com isso, se muda o ambiente e se produzem novas experiências,

criando outras informações que são novamente interpretadas, construindo outros

conhecimentos e gerando um novo ciclo.

A comunicação é responsável pelas interações, trocas e compartilhamentos.

Sua função está relacionada à “Memória Organizacional e ao trabalho de captura,

10

Na visão de Polanyi (1966) apud Minioli e Silva (2013), o conhecimento numa visão epistemológica, pode ser tácito ou explícito. O tácito é pessoal, subjetivo e difícil de ser formulado e comunicado. Já o explícito pode ser transmissível em linguagem formal e sistemática (códigos). 11

A socialização é o processo de conversão do novo conhecimento tácito a partir do compartilhamento de experiências e informações. (Minioli e Silva, 2013, P. 94).

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organização, disseminação, compartilhamento e reuso das informações construídas

no espaço escolar e de seu registro” (MINIOLI E SILVA, 2013).

As autoras também citam Davenport e Prusak (1998) que consideram que a

Gestão do Conhecimento deve atender aos seguintes objetivos: 1. Criar um

repositório de conhecimento constituído de: conhecimento externo (inteligência

competitiva); conhecimento interno estruturado e conhecimento interno informal. 2.

Melhorar o acesso ao conhecimento. 3. Desenvolver um ambiente e uma cultura

organizacional que estimulem a criação, a transferência e o uso do conhecimento. 4.

Gerenciar o conhecimento como um recurso mensurável por meio de auditorias

internas, buscando o conhecimento (capital intelectual) disperso pela organização.

A Gestão do Conhecimento nas organizações, segundo Albuquerque (2011),

é tarefa de todos e contempla três etapas: 1. Aquisição e criação do conhecimento;

2. Compartilhamento do conhecimento; 3. Registro do conhecimento.

Assim, a Memória Organizacional é uma das práticas da Gestão do

Conhecimento, voltada à organização e sistematização do conhecimento construído

no dia a dia. E as tecnologias da informação são fundamentais para captar e

disseminar a informação, de modo que auxiliem na construção do conhecimento

organizacional.

Neste sentido, Moran (2007), se refere ao desenvolvimento da tecnologia na

sociedade:

A cultura implica padrões, repetição, consolidação. A cultura comunicacional e educacional, também. As tecnologias permitem mudanças profundas já, hoje, que praticamente permanecem inexploradas pela inércia da cultura tradicional, pelo medo, pelos valores consolidados. Por isso sempre haverá um distanciamento entre as possibilidades e a realidade.

Para o autor, as tecnologias se desenvolvem e evoluem mais rapidamente

que a sociedade e sua cultura. A tecnologia embora já presente na escola, ainda

não é amplamente utilizada, em todas as todas as suas potencialidades.

A ineficácia quando se trata de incorporação das tecnologias, segundo Lück

(2011, p. 161) é a tendência de comportamentos reativos dos atores das escolas,

pela tendência de pensar “sobre a escola e não com a escola” e por desconsiderar

os princípios da gestão democrática nos processos de descentralização na tomada

de decisões e também ao ignorar o clima e a cultura das escolas.

Neste aspecto, as alternativas que se apresentam para as organizações

públicas carentes de mudanças e inovações em suas estruturas e sistemas,

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perpassam pela cultura, que se modifica a medida que crescem os usos da

informação e comunicação.

A interação proporcionada pela tecnologia promove a transformação social e

cultural e pode se estabelecer mais facilmente através dos ambientes virtuais.

...em uma comunicação em ambientes virtuais, a interação não está na máquina como tal, mas no sujeito que se comunica ao usá-la. O computador por si só não é interativo, não comunica, mas é um recurso que possibilita a comunicação entre os habitantes dos espaços virtuais (SCHERER, 2005, p.62).

A tecnologia se faz presente em praticamente todos os ambientes, seja em

casa, no trabalho, na escola. E em grande parte a tecnologia das redes (internet) e

dos ambientes virtuais passa a ter um significado maior quando promove a interação

entre as pessoas, que não precisam se

deslocar de seus ambientes para se

comunicarem com outras, em outros locais.

Essa praticidade de comunicação, em

se tratando de internet, onde a interação é

mais complexa e mais rápida, traz mudanças

significativas também para a gestão das

instituições. A gestão depende do

gerenciamento da informação, justamente

porque este agrega conhecimento e favorece

os processos de mudança da cultura.

Os ambientes virtuais constituem

uma ferramenta valiosa para formação

profissional e para o necessário

gerenciamento de informações.

Para Almeida (2003), cada integrante

de um curso ou ambiente virtual pode

compartilhar com o outro, por meio da escrita,

suas experiências, reflexões,

questionamentos, dúvidas, sentimentos,

expectativas, dificuldades e conquistas. A

partir do uso dos diferentes recursos do

Ambientes Virtuais são sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma

intencionalidade explícita e um planejamento prévio denominado design educacional, o qual constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, sendo revisto e reelaborado continuamente no andamento da atividade (Almeida, 2003).

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ambiente virtual “a rede humana e dinâmica se forma, permitindo que cada

participante seja, ao mesmo tempo, aprendente e ensinante do outro”.

Para a autora, ambientes virtuais são sistemas computacionais disponíveis na

internet que possibilitam integrar diferentes mídias, linguagens e recursos, promover

interações, produzir, apresentar e socializar informações, com as pessoas mesmo

que separadas em tempos e espaços.

Em um ambiente virtual todos podem expressar suas opiniões, pois o tempo

pode ser organizado de acordo com a disponibilidade das pessoas, diferentemente

de uma reunião ou de uma aula, em que o tempo é restrito ao momento de encontro

das pessoas presentes. Além disso, podem ser criados e armazenados vários tipos

de textos, ao mesmo tempo ou em tempos diferentes, que propiciam uma

aprendizagem individual ou coletiva.

Para Sherer, 2005, p. 55:

O ambiente virtual possibilita a busca de informações, a pesquisa, a organização de ideias, o registro de diferentes maneiras, a reflexão pela entrada de colegas no ambiente, enquanto se produz, cria... A estética do ambiente presencial muitas vezes é apenas textual, linear, sem links para outros espaços e textos, numa comunicação unidirecional entre professor(a) e aluno(a), dificultando outras direções – comunicações entre alunos, entre grupos,... Por isso esses dois espaços se complementam. O espaço virtual, ou ciberespaço favorece a comunicação multidirecional: de um para todos, de um para um (possibilitando o atendimento individualizado em alguns momentos) e de todos para todos (a possibilidade de troca com várias outras comunidades).

Desta forma, ao se propor o uso de ambiente virtual em uma instituição, para

auxílio à comunicação interna, o que se espera é que a comunidade escolar e a

equipe gestora tenham mais um espaço para discussões coletivas, abrindo canais

de comunicação entre os envolvidos, sem deixar de lado os momentos presenciais e

as interações face a face, que são de grande importância em um ambiente

democrático.

UNIDADE 4A - PARA REFLETIR:

Os ambientes virtuais podem favorecer a cultura de socialização de

informações e a comunicação interna e externa de uma instituição?

Justifique sua opinião.

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Referências

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s questões apontadas em cada unidade desse caderno trazem para

o debate com a equipe escolar, temas que permeiam a gestão

escolar, a partir de um sistema virtual utilizado como disseminador

das discussões sobre as políticas e para formação continuada, como forma de

interação e comunicação interna da instituição e auxílio à gestão escolar

democrática.

Ao abordar as políticas educacionais, pretendia-se discutir temas como a

participação social, não somente na execução destas na escola, em nível micro,

mas também nas possibilidades de discussão das políticas a nível macro, com a

possibilidade de analisar a elaboração e a avaliação do texto político.

Entender o contexto das políticas públicas propicia a compreensão da própria

prática pedagógica, bem como o papel social da escola enquanto instituição

pertencente a um amplo sistema educacional.

A implementação de políticas acontece por meio de programas e projetos e

sua efetividade depende dos recursos e condições empreendidas para sua

execução, mas também da adesão da comunidade escolar e de seus atores sociais.

O resultado de uma política pública pode ter resultados de qualidade social,

dependendo de como elas são interpretadas e executadas, sendo que sua execução

requer os cidadãos envolvidos e comprometidos com a escola.

Devemos ser capazes de analisar criticamente e influenciar a elaboração de

políticas, bem como avaliar e interferir no contexto da prática, como também na

produção do texto político, a partir da participação democrática.

Neste aspecto, é de grande relevância o trabalho da gestão escolar, na

mobilização da comunidade para as discussões e na tomada de decisões no

contexto da prática educacional.

Assim, a gestão participativa e democrática se faz necessária, em face às

condições em que a escola se encontra, imersa em uma sociedade capitalista e

permeada de ideologia predominantemente neoliberal, verificada através da prática

do Gerencialismo na Educação Brasileira. Ou como diz Flach (p. 11) “neste contexto

nebuloso de contradições crescentes, a escola adentra num gerenciamento

A

Unidade 5 – SÍNTESE E AVALIAÇÃO

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transplantado do modelo empresarial”, onde as palavras de ordem são “eficiência e

produtividade”, em que o Estado propõe políticas de descentralização e incute a

ideia de responsabilização dos sujeitos pelos problemas sociais, incentivando a

participação.

Ainda conforme Flach (p. 13) “como a qualidade social se efetiva através da

prática da democracia, a Gestão Educacional precisa ser democrática possibilitando

a participação real da população nas decisões sobre os assuntos da educação”.

A participação popular na gestão constitui um dos eixos indicadores de

qualidade social. Essa participação deve ser entendida como um exercício

democrático, onde as pessoas aprendem no próprio processo de participação

(FLACH, 2012).

Por isso, a discussão destes temas tem o intuito de mobilizar para a

participação da comunidade na discussão das políticas educacionais e na gestão

escolar, por meio de suas instâncias colegiadas e dos seus atores sociais, mas

principalmente, quebrar mitos e promover a cultura da comunicação virtual. A

possibilidade de participação social através de

ambientes virtuais é crescente e necessária.

Uma das alternativas é utilizar a

tecnologia como ferramenta para

transformação do status quo vigente,

representado pela cultura da escola. A proposta

deste trabalho é a utilização de um ambiente

virtual, que oportunize a comunicação em

dupla via, tanto para repasse das informações

de normas, leis e regulamentos do sistema

educacional para a comunidade escolar, como

da participação dos seus atores sociais na

elaboração e produção do conhecimento

organizacional e educacional12, bem como das

ações de gestão e das políticas educacionais.

12 Sugestão de leitura sobre o tema a Unidade IV do livro: LÜCK, H. Gestão da cultura e do clima

organizacional da escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

Um Ambiente Virtual não é um espaço físico, mas é um espaço de encontro, um espaço que comporta a entrada de muitas pessoas, que é democrático ao possibilitar o acesso a todos, mesmo que ainda tenhamos problemas com a via tecnológica de acesso a ele, sendo limitada a poucos. O ambiente virtual é real, pois estamos presentes nele, sentindo, aprendendo, comunicando, habitando...

(SHERER, 2005)

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Esses espaços virtuais de aprendizagem oferecem condições para a interação (síncrona e assíncrona) permanente entre os seus usuários. A hipertextualidade facilita a propagação de atitudes de cooperação entre os seus participantes, para fins de aprendizagem. A conectividade garante o acesso rápido à informação e à comunicação interpessoal, em qualquer tempo e lugar, sustentando o desenvolvimento de projetos em colaboração e a coordenação das atividades. Essas três características - interatividade, hipertextualidade e conectividade - já garantem o diferencial dos ambientes virtuais para a aprendizagem individual e grupal (KENSKI, 2005, p. 76).

Ao analisar a utilização de um ambiente virtual (moodle) como ferramenta de

gestão escolar, faz-se importante a avaliação do processo de participação e do uso

da informação como processo de construção de conhecimento coletivo. Poderá ser

observado a partir da participação da comunidade nas discussões propostas neste

caderno pedagógico.

Sugerimos um curso ofertado em ambiente virtual onde cada módulo

compreende o estudo de uma unidade do caderno, de forma bimodal que conforme

Almeida e Prado (2005) compreende encontros presenciais e a distância.

O curso para a equipe gestora, professores e agentes educacionais, pode se

desenvolver em módulos, conforme a tabela abaixo:

Módulos Carga horária

Modalidade Duração Desenvolvimento

Módulo 1 4h Presencial 1 dia Familiarização com o ambiente virtual de suporte ao curso; Elaboração de proposta de ação de uso de tecnologias a realizar no espaço de trabalho do aluno/participante.

Módulo 2 8h A distância 1 semana Debates coletivos e produções sobre a Unidade 1 do caderno pedagógico.

Módulo 3 8h A distância 1 semana Debates coletivos e produções sobre a Unidade 2 do caderno pedagógico.

Módulo 4 8h A distância 1 semana Debates coletivos e produções sobre a Unidade 3 do caderno pedagógico.

Módulo 5 8h A distância 1 semana Debates coletivos e produções sobre a Unidade 4 do caderno pedagógico.

Módulo 6 8h A distância 1 semana Debates coletivos e produções sobre a Unidade 5 do caderno pedagógico.

Módulo 7 4h Presencial 1 dia Sistematização das discussões desenvolvidas nos módulos anteriores.

Modulo 8 16h A distância 2

semanas

Elaboração de um plano de ação a ser entregue em forma de paper sobre um dos temas dos módulos anteriores; ou projeto, seja uma aula, um curso, uma proposta de discussão coletiva com a comunidade escolar, ou outra produção do aluno/cursista.

Tabela 1. Curso a ser desenvolvido em um ambiente virtual, baseado em Almeida e Prado (2005).

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Para a execução do curso é recomendado a utilização de um software livre,

sem custos, como o Moodle13 que pode ser instalado e gerenciado na própria

instituição, pela equipe de gestão.

13

Tutorial de instalação do moodle: https://moodle.org/

UNIDADE 5A - PARA REFLETIR:

1. Discuta sobre a importância do uso da informação e da

comunicação a partir de ambientes virtuais, para o trabalho

pedagógico e de gestão.

2. Atividade de conclusão:

a) Escolha um dos temas abordados neste caderno e elabore um

paper sobre o tema. A atividade pode ser realizada em equipes

de até 4 pessoas de áreas afins, através da ferramenta wiki

ou

b) Proponha um curso na sua área de atuação, para que possa ser

realizado em ambiente virtual. O curso deve ser elaborado e

apresentado ao final do curso.

ou

c) Organize um texto de um trabalho que tenha realizado na

escola, para ser socializado com toda a equipe escolar, em um

ambiente virtual.

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Referências

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