OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e...

30
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

Transcript of OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e...

Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: Entre a pena da galhofa e a tinta da melancolia

Autor Melissa Santana Nestorio Pizani

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Escola de Implementação Projeto e sua localização

Colégio Estadual “D. Bosco” – EFM

Rua: Piquiri, nº283, Vila Operária

Município da escola Cianorte

Núcleo Regional de Educação

Cianorte

Professor Orientador Prof. Dra. Aparecida de Fátima Peres

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual de Maringá

Relação Interdisciplinar _____________________________

Resumo

Este projeto tem por objetivo formar leitores a partir da análise dos contos “A cartomante”, “Pai contra mãe”, “A causa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. O reforço da leitura literária pressupõe, no plano formal, a abordagem dos recursos composicionais e estilísticos, no plano temático, as estratégias de compreensão e interpretação dos recursos relacionados aos “espaços vazios”, potencializando a interferência interpretativa do leitor, contribuindo para sua formação. O texto de Machado de Assis parece apropriado para esse trabalho por ser considerado um dos ficcionistas mais expressivos da literatura brasileira, por universalizar as contradições comportamentais do homem, e, neste sentido, propor uma interpretação filosófica da experiência humana. O projeto que escolhemos realizar orienta-se por pressupostos teóricos da Estética da Recepção e teoria do conto.

Palavras-chave Leitura literária; leitor; Machado de Assis; conto

Formato do Material Didático

Unidade Didática

Público Alvo Alunos do Ensino Médio

Page 3: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

1. APRESENTAÇÃO

Propor um trabalho no qual a literatura assume um papel preponderante

nem sempre se constitui numa tarefa fácil, pois até mesmo conceituar o que é

literatura suscitou e suscita inúmeras indagações. Considerando a condição de

formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia de magistério, e também os

objetivos do PDE, parece necessária uma abordagem voltada para a leitura

literária, possibilitando ao aluno o acesso à ficção de qualidade de forma

prazerosa para que ele conheça mais a si mesmo, o mundo que o cerca e atue de

maneira emancipatória.

São vários os motivos que levaram à escolha do tema, o primeiro, e talvez

o principal, seja a paixão por literatura desde muito cedo, o segundo, e não

menos importante, se deve ao fato de o autor escolhido, Machado de Assis, ser

considerado um dos ficcionistas mais expressivos da literatura brasileira. A

escolha do título, “Entre a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, retirada da

fala de um dos personagens mais famosos de Machado de Assis, Brás Cubas,

também merece uma justificativa e a que melhor se adéqua é traduzi-la enquanto

a ironia cética do autor, que tanto nos encanta e ensina, essa riqueza sugestiva

vista, principalmente, nas reflexões de cunho filosófico.

A leitura, enquanto prática social, pode ser ensinada, às vezes precisa.

Desse modo, envolver os alunos no processo ensino-aprendizagem dos contos

machadianos: “A cartomante”, “Pai contra mãe”, “A causa secreta” e “Missa do

galo”, requer dinamismo e criatividade num trabalho de percepção, compreensão

e interpretação. O conto, enquanto gênero literário em prosa, mais curto que o

romance, se torna mais viável para esse tipo de trabalho devido ao tempo de que

dispomos para execução completa desse tipo de projeto, considerando meu

interesse aqui.

Estudos recentes nos mostram que a leitura tem, sim, ao contrário de

alguns entendimentos atuais, assumido um papel importante em nossa sociedade

e, ainda, muitos são os leitores que têm descoberto o prazer nas páginas (ou tela)

de um livro. Para comprovar tal afirmação basta acompanhar os catálogos das

editoras ou caminhar por uma livraria e observar a quantidade de livros que são

Page 4: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

expostos diariamente como lançamentos. A quem se destinam, pois, todos esses

livros?

Na realidade, o que nos importa é qual leitor queremos formar para ser o

consumidor das passadas e futuras (quem sabe atuais) publicações: o leitor

passivo, que absorve o que lhe é imposto, ou o leitor ativo, que tem condições de

analisar criticamente o que lê? Assim, a partir de tais considerações somos

levados a problematizar nosso trabalho e a principal indagação de nosso projeto

baseia-se em como contribuir para a formação do aluno leitor de literatura?

Como optamos por trabalhar com os contos de Machado de Assis, esse

questionamento traz à tona outros: de que recursos o autor se utiliza para

promover a mediação com o leitor? Em que medida se configuram os espaços

vazios no texto, de modo a contribuir para a formação do leitor?

Para responder a essas indagações estabelecemos os objetivos do nosso

trabalho que, de forma geral, é formar leitores literários e, de forma específica,

propiciar a leitura dos contos propostos a partir do exame de seus recursos

composicionais e estilísticos, através dos quais se configuram enquanto literatura;

oportunizar a compreensão e interpretação dos recursos temáticos utilizados pelo

autor para tornar o leitor mais crítico; reconhecer a contribuição dos espaços

vazios para a formação do leitor e estimular a leitura literária de textos de

Machado de Assis.

O projeto que propusemos realizar será pautado sob a perspectiva da

Estética da Recepção, à luz dos pressupostos teóricos de Hans Robert Jauss e

Wolfgang Iser, teorias que valorizam o leitor. Também nos importa sobre a teoria

do conto, mediante as obras de Alfredo Bosi e Nádia Battella Gotlib. O tipo de

material elaborado é uma Unidade Didática e o público alvo são alunos do Ensino

Médio.

Destacamos que ao propor estratégias de leitura para alunos, esse projeto

junta-se a outros já desenvolvidos por professores que valorizam a literatura como

meio de educar pela arte, em busca de uma sociedade mais justa em que

prevaleça o respeito.

Page 5: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

2. MATERIAL DIDÁTICO

2.1. FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (2008) sugere

que o ensino da literatura seja pensado a partir dos pressupostos teóricos de

Hans Robert Jauss, Estética da Recepção, e Wolfgang Iser, Teoria do Efeito,

indicando que a escola, bem como o presente trabalho, deve conceber a literatura

em sua dimensão estética, voltada para a valorização do leitor. Em relação ao

leitor vale suscitar algumas indagações, principalmente em relação a sua

ascensão no cenário literário.

Abalando as teorias vigentes, a resistência do leitor nos argumentos a favor

da leitura começa a incomodar a partir das reflexões das ideias de Proust, ainda

em 1907, nas quais ele insiste em afirmar que não há meios de se atingir um livro

porque se trata de uma reação a ele, por isso, o acesso puro e imediato que se

acreditava obter no contato com a obra, precisava ser repensado, visto que essa

“reação ao livro” só poderia ser mensurada através da figura do leitor.

Os estudos tentavam, de certa forma, mensurar o efeito causado pela obra

nesse leitor, ao mesmo tempo passivo e ativo nesse contato, visto que a obra

adquire sentido na ação de ser lida. Uma única categoria tornou-se insuficiente

para abarcar os trabalhos que surgiram, que foram, segundo Compagnon (2001,

p.148) divididos em duas: “os que dizem respeito à fenomenologia do ato

individual de leitura (originalmente em Roman Ingarden, depois em Wolfgang

Iser), por outro lado, aqueles que se interessam pela hermenêutica da resposta

pública ao texto (em Gadamer e particularmente Hans Robert Jauss).” Tanto uma

abordagem quanto a outra propiciam meios para se analisar com precisão a

experiência de leitura, como as duas linhas não são excludentes, faremos uso das

duas em nosso trabalho para que nossos objetivos sejam alcançados.

Sendo assim, a questão acerca da história da literatura foi um dos

primeiros pontos debatidos por Jauss (1994), na conferência que ministrou em

1967. Para Jauss (1994, p.7-8), a qualidade e a categoria de uma obra literária

vêm “dos critérios da recepção, do efeito produzido pela obra e de sua forma junto

à posteridade, critérios estes de mais fácil apreensão.” Assim, a qualidade ou

valor de uma obra não podem ser julgados a partir de sua origem biográfica ou

Page 6: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

histórica, nem no desenvolvimento do gênero no qual está inserida. Delimitando o

caminho para resolver os problemas da história literária, unindo-a com a estética,

Jauss (1994) fundamenta seus princípios teóricos em sete teses.

Considerando as quatro primeiras teses, que formam a base da estética da

recepção, Jauss (1994) desenvolve outra três, seu programa metodológico, no

qual investiga a literatura sob três aspectos: diacronicamente (recepção das obras

literárias ao longo do tempo – tese 5); sincronicamente (sistema de relações da

literatura numa dada época e a sucessão desses sistemas – tese 6); a relação

entre literatura e vida prática (tese 7).

De acordo com Jauss (1994), a nova obra literária é recebida e julgada

tanto em seu contraste com o pano de fundo oferecido por outras formas

artísticas, quanto contra o pano de fundo da experiência cotidiana de vida. Assim,

uma obra literária pode, mediante uma forma estética desconhecida, romper as

expectativas de seus leitores e, ao mesmo tempo, levá-los a uma questão para a

qual não haja uma solução ‘adequada’, advinda da religião ou do Estado. Então, a

contribuição específica da literatura é aquela de que ela não se esgota na função

de uma arte da ‘representação’, pois vai além do representar ao passo que cria

modelos novos para os quais ainda não há soluções do ponto de vista moral.

A concepção teórica que segue na valorização do leitor em seus

pressupostos, privilegiando o texto e suas estruturas, analisando os efeitos que a

obra literária provoca no leitor por meio da leitura proposta pelo também alemão

Wofgang Iser (1926 – 2007), ficou conhecida como Teoria do Efeito. A origem

desse postulado encontra-se nos estudos do filósofo Roman Ingarden (1893 –

1970), discípulo de Edmund Husserl (1859 – 1938), fundador da Fenomenologia.

Assim, na obra O ato da leitura: uma teoria do efeito estético (1996), Iser

afirma que a obra literária tem dois pólos, o artístico e o estético, em que “o polo

artístico designa o texto criado pelo autor e o estético a concretização produzida

pelo leitor” (ISER, 1996, p.50). Dessa premissa advém que a obra não pode ser

idêntica ao texto nem à sua concretização, mas em algum ponto de intersecção

entre ambos. Assim, a obra literária converge-se num dispositivo a partir do qual o

leitor constrói, num todo coerente, suas representações porque ativam, sobretudo,

processos de realização de sentidos, experiências reais de leitura.

Page 7: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

Durante a leitura, há uma sequência de representações, na qual um objeto

imaginário apresenta-se em oposição ao pano de fundo de um outro já inserido no

passado. Dessa forma, o objeto abre-se para novos sentidos e liga-se ao próximo

objeto imaginário, a partir de sua posição na sequência. Iser (1999) mostra que

por ser condicionada pela duração temporal da leitura, o objeto novo, na

sequência das representações, precisa tornar-se passado, pois somente dessa

forma inscreve as modificações no objeto da representação que está presente no

momento e o sentido do texto emerge, na extensão plena da leitura. “Quando os

objetos de representação ganham seu aspecto temporal na fantasia do leitor, o

sentido se forma a partir da modificação temporal das representações.” (ISER,

1999, p. 77)

Assim, os espaços vazios ou lacunas, propostos por Iser (1999), são os

que originam a comunicação no processo de leitura, em elos fundamentais entre

texto e leitor. Iser (1999) afirma que esses espaços não significam que o texto ou

a ideia que dele se quer obter precise de preenchimento, mas de combinação

entre os elementos textuais. “Pois só quando os esquemas do texto são

relacionados entre si, o objeto imaginário começa a se formar, esta operação

deve ser realizada pelo leitor e possui nos lugares vazios um importante

estímulo.” (ISER, 1999, p. 126).

O efeito e os significados que advém do texto, dessa forma, estão sempre

em evidência, cabendo ao leitor as combinações das partes e seleção do ponto

de vista a ser privilegiado. O teórico afirma que: “o lugar vazio induz o leitor a agir

no texto.” (ISER, 1999, p. 156); ou ainda: “ O lugar vazio permite então que o

leitor participe da realização dos acontecimentos do texto.” (ISER, 1999, p.157).

Mediante o aparato teórico acima, sabemos que ele por si só não é

suficiente para que a produção de significados ocorra, pois implica uma relação

dinâmica entre autor/leitor e aluno/professor, que de acordo com as Diretrizes

Curriculares (2008) ocorre de forma emancipatória, considerando diferentes

possibilidades de diálogo com o texto. Dessa feita também fazem parte desse

processo um trabalho com os elementos estruturais do gênero conto, o autor em

estudo e a época de sua produção.

Page 8: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

2.2. UNIDADE DIDÁTICA

O GÊNERO CONTO

Muitas são as discussões ao longo dos tempos sobre quais os limites da

especificidade do conto enquanto um tipo determinado de narrativa, ou ainda, o

que faz com que continuem sendo contos mediante as mudanças que sofreram

no decorrer da história. Tais questionamentos são amplamente abordados na

obra Teoria do Conto (1998), pela estudiosa Nádia Batella Gotlib que reconhece

não haver consenso sobre a definição do gênero nem mesmo entre os autores.

Mário de Andrade diz ser “conto aquilo que seu autor batizou com o nome

de conto” e reconhece que bons contistas como, Maupassant e Machado de

Assis, encontraram a forma do conto que é “indefinível, insondável, irredutível a

receitas”, enquanto que o próprio Machado de Assis em 1873 reconheceu-o como

um gênero difícil, apesar de sua aparente facilidade.

Para Gotlib (1998) discutir sobre a teoria do conto é “aceitar uma luta em

que a força da teoria pode aniquilar a própria vida do conto”. Por se tratar de uma

narrativa apresenta três pontos distintos em sua composição: uma sucessão de

acontecimentos, pois há sempre algo a narrar; que nos interessa porque é de nós,

para nós, acerca de nós, organizados numa linha temporal estruturada e na

unidade de uma mesma ação. O conto também não se refere só a aquilo que já

aconteceu , pois não tem compromisso com o real, nele, realidade e ficção não

podem ser delimitados de modo preciso.

O conto numa perspectiva terminológica, segundo Gotlib (1998, p.15)

conserva características da fábula e da parábola: “a economia do estilo e a

situação e a proposição temática resumidas”. Ao pensar no que caracteriza o

conto através dos tempos, admite-se que de fato houve uma evolução segundo o

modo tradicional de narrar, a ação e o conflito passam pelo desenvolvimento até o

desfecho, com crise e resolução no final. Segundo o modo moderno, a narrativa

não obedece este esquema e fragmenta-se numa estrutura sem regras pré-

estabelecidas.

Para Gotlib (1998) também foram importantes às contribuições dos escritos

de Edgar Allan Poe em resenha publicada em 1842 na qual analisa os contos de

Nathanael Hawthorne. Poe tece uma comparação entre conto e poema e propõe

Page 9: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

que o efeito de “elevação da alma”, comum no poema, devia ser algo inerente ao

processo de criação do conto na medida em que o contista devia fazer uma

combinação de acontecimentos capaz de alcançar a densidade e a tensão

narrativa. O contista devia planejar qual efeito desejava motivar no receptor para

que seus objetivos fossem alcançados no ato de leitura.

Nessa perspectiva, os contos breves são os mais propensos a estimular no

leitor a exaltação da alma. Para o autor, as narrativas curtas requerem uma leitura

que dura de meia a uma ou duas horas, podendo serem lidas de uma só vez. A

extensão do conto é assim marcada como um critério de valorização da narrativa

curta, ou seja, conseguir com pouco, muito efeito.

Assim, desde a análise do conto excepcional, enquanto marca de

qualidade literária, até compará-lo com a fotografia, em relação à seleção do

significado, passando pela criatividade na definição do gênero, nas quais são

abordadas: a condição de tempo de leitura, condição do maior impacto, flagrância

do presente e até o elemento erótico, sem esquecer-se do “manual do perfeito

contista”, conclui-se que para cada conto, mediante todas as suas especificidades

vistas até aqui, faz-se necessário uma teoria. Dessa maneira, estudaremos os

contos machadianos levando em consideração os elementos da narrativa e as

especificidades de cada um.

ATIVIDADE 1 – PRECISAMOS DE LITERATURA?

Apresentar a Unidade Didática e as questões motivadoras do trabalho,

encaminhando uma conversa para a importância da literatura. Em seguida,

entregar o questionário sobre as leituras realizadas.

Orientações para o professor

Nesse primeiro contato, é necessário que o aluno perceba o nosso entusiasmo.

Então devemos abordar que estudaremos o gênero conto, de um escritor

chamado Machado de Assis, que assistiremos a vídeos e filmes, que montaremos

um painel sobre o século XIX, que dramatização (e o que mais julgarmos

necessário) e dar tempo para os alunos responderem e se sentirem envolvidos no

processo.

Page 10: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

QUESTIONÁRIO

1) Você gosta de literatura? Por quê?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2) Você já leu algum livro este ano?

_________________________________________________________________

3) Quantos livros você já leu, aproximadamente?

( ) 1 a 3 ( ) 7 a 15 ( ) nenhum

( ) 4 a 7 ( ) mais de 15 ___________

4) Você lê somente o texto literário que é pedido na escola ou outros? Quais?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5) Assinale o(s) gênero(s) de que mais gosta:

( ) fábula ( ) conto ( ) poema

( ) crônica ( ) romance ( ) teatro

6) Escreva o título e/ou comente uma história que o marcou.

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7) Por que você considera a história da resposta anterior marcante?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8) Qual a temática que mais lhe agrada?

( ) amor ( ) policial ( ) drama

( ) suspense ( ) terror ( ) ficção científica

9) Na sua opinião, ler textos literários é importante? Por quê?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

10) Onde você tem contato com os textos literários?

( ) casa ( ) escola ( ) amigos ( ) internet

Page 11: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

ATIVIDADE 2 – LITERATURA, UM DIREITO DE TODOS

Leitura silenciosa do texto “Com sua voz de mulher”, da escritora Marina

Colassanti (COLASSANTI, Marina. Longe como meu querer. São Paulo: Ática,

2002.), seguida de discussão oral com a turma sobre a importância do texto

literário, enfatizando que a literatura permite que conheçamos mais a nós

mesmos, o outro e o mundo que nos cerca, sendo, portanto, um direito de todos.

Orientações para o professor

Caso julgue necessário saber mais sobre as funções da literatura que justificam

sua relevância, consulte as obras do teórico Antonio Candido presentes nas

referências do projeto que subsidia essa unidade didática.

PARA O ALUNO

Você sabia que a literatura aparece como manifestação universal de todos os

homens em todos os tempos e que não há povo e não há homem que possa viver

sem ela? E mais, que não há meios de passar um único dia sem entrar em

contato com o universo da ficção e da fantasia? Duvida? Pois faça o teste! Você

costuma contar para seu(sua) amigo(a) sobre aquele filme, novela, vídeo, seriado,

piada, email, recado, livro, declaração de amor, bronca/elogio dos pais ou

professores? Ao reconhecer qualquer uma das opções presentes no seu dia a

dia, comprova o que os estudos sobre literatura apontam. Viu só, a literatura faz

parte da sua vida muito mais do que você imagina!!!!

ATIVIDADE 3 – OUVIR COM A MEMÓRIA E COM A IMAGINAÇÃO

Antes, a criação do conto e sua transmissão oral. Depois, seu registro

escrito e posteriormente, a criação por escrito de contos, quando o narrador

assumiu esta função. A voz de quem conta, seja oral seja escrita, interfere

diretamente no discurso. Nesse momento é importante abordar que há um

repertório no modo de contar e nos detalhes do modo como se conta: entonação

de voz, gestos, olhares, ou mesmo algumas palavras e sugestões, que é passível

de ser elaborado pelo contador, neste trabalho de conquistar e manter a atenção

da sua plateia. Assim, vamos ouvir o conto “Medo”, da escritora Cora Coralina,

Page 12: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

disponível no site da Olímpiada de Língua Portuguesa, na versão impressa e em

áudio.

Orientações para o professor

Leia para os alunos o título do conto: “Medo” e peça que façam uma lista das

emoções, dos sentimentos, das impressões que essa palavra desperta: susto,

pavor, temor, receio, horror, ameaça. A seguir, que prevejam acontecimentos,

fatos, ações e personagens com o objetivo de envolvê-los, trazendo o contexto da

história e evidenciando a utilização dos recursos da oralidade na construção do

sentido.

ATIVIDADE 4 – RELEMBRANDO OS ELEMENTOS DA NARRATIVA

Leitura silenciosa de Um Apólogo, de Machado de Assis, seguida de leitura

oral, valorizando os elementos da oralidade. Discussão oral e registro escrito dos

elementos estéticos e estruturais que compõem a narrativa, mediado pelo

professor e fazendo uso do material de apoio.

UM APÓLOGO

(disponível em www.dominiopublico.gov.br)

Orientações para o professor

Esclareça que apólogo é uma narrativa curta e, como a fábula, tem uma moral.

Questione as funções da agulha, da linha e do alfinete e se gostaram do texto e

por quê. Trabalhe os conceitos de arrogância e o de humilhação a partir da moral.

Em seguida, faça o levantamento dos elementos da narrativa a fim de que

percebam que eles são importantes na construção do sentido.

ELEMENTOS DA NARRATIVA

A narração é o relato de um fato ou acontecimento, contado por um

narrador. Para construir esse tipo de texto, é preciso explorar os elementos da

narrativa: enredo, personagem, espaço, tempo e narrador.

Enredo é o conjunto de fatos de uma história.

Page 13: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

O ENREDO

Situação inicial – personagens e espaço são apresentados.

Quebra da situação inicial – um acontecimento modifica a situação

apresentada.

Estabelecimento de um conflito – surgimento de uma situação a ser resolvida,

que quebra a estabilidade de personagens e acontecimentos.

Desenvolvimento – busca de soluções para o conflito.

Clímax – ponto de maior tensão na narrativa.

Desfecho – solução do conflito. Note-se bem que a solução do conflito não

significa um final feliz. Pode ser um rompimento se, diante de um impasse, os

personagens optarem por essa solução.

Personagem – ser praticante das ações, responsável pelo desenvolvimento do

enredo; pode ser inventado ou inspirado na realidade.

Espaço – lugar onde se passa a ação na narrativa.

Tempo – constitui o pano de fundo para o enredo. A época da história nem

sempre coincide com o tempo real em que foi publicada ou escrita.

Narrador – elemento estruturador da história. Há dois tipos de narrador,

identificados, à primeira vista, pelo pronome pessoal usado na narração: 1ª

pessoa – que participa diretamente do enredo, é conhecido por narrador

personagem; 3ª pessoa – narrador que está fora dos fatos narrados, é conhecido

pelo nome de narrador observador.

ATIVIDADE 5 – CONHECENDO MACHADO E SEU TEMPO

Considerado o maior escritor em língua portuguesa de todos os tempos e

um dos grandes autores que a humanidade já produziu, de acordo com o

repeitado crítico inglês Harold Bloom, Machado de Assis é o autor dos contos que

iremos estudar. Estima-se que ele tenha escrito mais de trezentos, inclusive o que

acabamos de ler. Vamos conhecer mais sobre esse autor e sobre a época em

que viveu? Pesquise com seus colegas, inclusive imagens da época, porque com

os dados montaremos um painel para ficar exposto na sala durante as leituras.

Para auxiliá-lo utilize o material de apoio sobre a biografia, características da obra

e século em que viveu Machado de Assis.

Page 14: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

PARA O ALUNO

O escritor que vamos estudar agora, Machado de Assis, é considerado um

clássico, você sabe por quê? Porque a qualidade da narrativa, a complexidade

com que os conflitos foram nela expostos, a força das ideias que transmitem e os

questionamentos que suscitam dão essa característica aos escritos de Machado.

Mulato, gago e epilético, considerado popular em sua época, mas admirado e

respeitado nos mais nobres salões da corte... quer saber mais? Então venha ler e

aprender sobre Machado de Assis e sua obra!

O BRUXO DO COSME VELHO

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de

junho de 1839 e morreu na mesma cidade em 29 de setembro de 1908.

Descendente de um negro e uma portuguesa cresceu numa casa simples no

morro do Livramento, na então capital do país, em pleno período escravocrata.

Autodidata, se tornou fluente em alemão, francês e inglês só para poder ler os

clássicos que mais admirava. Antes dos 15 anos, escreveu num jornal seu

primeiro trabalho literário, um soneto. Aos 16, foi contratado pela Imprensa

Nacional como tipógrafo e aos 19 já colaborava com várias publicações. Além de

jornalista, foi tradutor, crítico, contista, cronista, poeta, dramaturgo e romancista.

Machado se casou em 1870 com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de

Novaes, seu grande amor e companheira até o fim da vida. Depois de casado,

morou na rua do Cosme Velho, no tradicional bairro de mesmo nome. Por causa

Page 15: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

desse endereço, ganhou o apelido de Bruxo do Cosme Velho, uma homenagem

de Carlos Drummond de Andrade no poema A Um Bruxo, com Amor. Em 1873,

iniciou a carreira de burocrata e funcionário público, o que garantiu seu sustento

até a morte. Sua obra literária abrange quase todos os gêneros. Em 1887, junto

aos maiores nomes da literatura de então, como Rui Barbosa, Olavo Bilac e

Joaquim Nabuco, fundou a Academia Brasileira de Letras – tornando-se depois

seu presidente perpétuo. Era igualmente admirado pela corte e pelo povo.

(Revista Nova Escola, set. 2008, p.46-53)

Orientações para o professor

É por meio dos clássicos, como é o caso da obra de Machado de Assis, que

crianças e adolescentes passam a compartilhar referenciais linguísticos, artísticos

e culturais que permitem a eles estabelecer vínculos com as gerações anteriores

e se integrarem à cultura. Autores como ele têm um papel muito importante na

formação de leitores literários, por isso, professor, mãos à obra!

Ítalo Calvino (2007, p.13), escritor italiano, definiu clássicos como “aqueles livros

que chegaram até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a

nossa e os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou

mais simplesmente na linguagem e nos costumes)”.

REALISMO E CARACTERÍSTICAS DA OBRA MACHADIANA

De acordo com Alfredo Bosi, teórico literário, o Realismo ficcional

aprofunda a narração de costumes contemporâneos da primeira metade do

século XIX e de todo o século XVIII, exibindo poderosos dons de observação e de

análise. “Desnudam-se as mazelas da vida pública e os contrastes da vida íntima;

e buscam-se para ambas causas naturais (raça, clima, temperamento) e culturais

(meio, educação).” O escritor realista leva a sério as suas personagens e fará o

possível para descobrir-lhes a verdade, diante da análise minuciosa de seu

comportamento.

Por isso, a preferência pelos ambientes urbanos e estruturação impessoal

que denota os sentimentos amargos, quase sempre certo fatalismo, que retratam

a impotência submetida ao homem diante do todo social. Para justificar ou

Page 16: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

explicar essa impotência o determinismo se mantinha enquanto filosofia oficial. O

determinismo evidencia-se no modo em que se movimentam os narradores ao

apresentar as suas personagens. Envolto em uma aparente neutralidade, o

narrador não chega ao ponto de esconder a carga sombria que destila sobre o

destino das delas.

Machado de Assis é quem promove o resultado, de forma depurada e

sóbria, da precariedade em que se resume toda a existência humana. Assim, no

Realismo houve um salto para o típico e o factual. Quanto à composição, os

narradores realistas brasileiros buscaram maior consistência na relação dos

episódios, conduzidos por necessidades objetivas do ambiente ou da estrutura

moral das personagens. Para Bosi (1994, p.174) “o ponto mais alto e mais

equilibrado da prosa realista brasileira acha-se na ficção de Machado de Assis”.

Principais características literárias de Machado de Assis:

Enredo não linear.

Microcapítulos digressivos.

Metalinguagem.

Estilo antirretórico, substantivo.

Análise psicológica/ psicanalítica das personagens.

Humor sutil e permanente.

Ironia fina e corrosiva.

Visão metafísica relativista dos valores humanos (pessimismo).

Linguagem repleta de ambiguidades.

A época em que viveu o escritor foi das mais importantes e movimentadas

da história do Brasil. Machado passou toda a vida no Rio de Janeiro, trabalhou

como jornalista e ocupou cargos públicos importantes, convivendo com

personalidades da segunda metade do século XIX.

1808 – Chegada da Família Real, Fundação da Imprensa Régia do Rio de Janeiro

e circulação do primeiro número do jornal Correio Braziliense.

1811 – Inauguração da biblioteca Nacional e circulação do primeiro número de O

Patriota, primeira revista brasileira.

1822 – Proclamação da Independência.

Page 17: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

1839 – Nascimento de Joaquim Maria Machado de Assis, no Morro do

Livramento, no Rio de Janeiro.

1855 – Publicação do poema “Ela” – estreia de Machado de Assis na Imprensa.

1858 – Trabalha como revisor de provas de Francisco de Paula Brito, editor do

jornal A Marmota Fluminense.

1859 – A Companhia Carris de Ferro realizou a primeira viagem experimental da

linha de bonde de tração animal da cidade e do país.

1861 a 1866 – Machado de Assis publica: Quedas que as mulheres têm para

tolos; Desencantos, Crisálidas, Quase ministro; Os deuses da casaca.

1867 – Nomeação de Machado para um cargo público – ajudante do diretor de

publicação do Diário Oficial.

1869 – Seu casamento com Carolina Augusta Xavier de Novais. Machado publica

Contos Fluminenses.

1872 a 1878 – Nesse período Machado publica: Ressurreição; Histórias da meia-

noite; A mão e a luva; Americanas; Helena; Iaiá Garcia.

1879 – Início da publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas em Revista

Brasileira.

1881 – Lançamento do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas.

1882 a 1884 – Machado publica Papéis Avulsos; Tu, só tu, puro amor; Histórias

sem data.

1888 – Lei Áurea: Abolição da Escravatura. Machado de Assis desfila no préstito

organizado para celebrar a abolição.

1889 – Proclamação da República.

1892 – Surgem as primeiras bancas e os primeiros jornaleiros no Rio de Janeiro.

1896 – Machado de Assis lança o livro Várias Histórias.

1897 – É instalada a Academia Brasileira de Letras.

1899 a 1901 – Dom Casmurro; Páginas recolhidas; Poesias completas.

1901 – Reunião de intelectuais no Hotel Rio Branco, Rio de Janeiro.

1904 – Falecimento de Carolina Xavier de Novais. Machado de Assis publica o

livro Esaú e Jacó.

1906 – Lança a coletânea Relíquias de Casa velha.

1908 – Falecimento de Machado de Assis. Nascimento de Guimarães Rosa. Em

julho de 1908 publica a obra Memorial de Aires.

Page 18: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

Orientações para o professor

Sugerimos para a montagem do painel as Imagens do Instituto Moreira Salles

usadas na edição especial sobre Machado de Assis da revista Na Ponta do Lápis,

Olimpíada de Língua portuguesa: ano IV; número 8; fevereiro de 2008; edição

especial.

ATIVIDADE 6 – VERDADE OU MENTIRA?

Você acredita em testes de personalidade? Nestes que veiculados na

internet? Olha que experiência bacana a escritora Martha Medeiros nos conta no

texto que se segue. Leia-o com atenção, primeiramente silenciosamente, e depois

discuta oralmente em grupo sobre VERDADE OU MENTIRA nas questões que

envolvem descobrir peculiaridades da alma humana.

TESTES (MEDEIROS,M. Doidas e santas. Porto Alegre: L&PM, 2008, p.93)

Orientações para o professor

O texto indicado é uma leitura leve, com o objetivo de chamar a atenção dos

alunos para a próxima atividade. Na discussão, aborde questões sobre prever o

futuro, se eles pensam que se é possível, em quais circunstâncias, quem exerce

esse papel ou profissão, quem acredita ou não, por que, dentre outras. Esta

atividade compõe a primeira etapa do método recepcional que é do atendimento

do horizonte de expectativas.

ATIVIDADE 7 – MISTÉRIO

Inicie a atividade questionando os alunos: Você conhece uma cartomante?

Você já fez uma consulta ou conhece quem fez? Em seguida leitura silenciosa do

conto A cartomante, de Machado de Assis. Para instigá-los diga que a história se

inicia com uma conversa de Rita e Camilo após uma consulta que ela faz. Numa

narrativa cheia de mistérios, permeada por uma trama envolvente que culmina

Page 19: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

num desfecho que eles vão ter que ler para descobrir. Sugira que eles venham e

mergulhem nesta surpreendente história!

A CARTOMANTE

(disponível em www.dominiopublico.gov.br)

ATIVIDADE 8 – DESBRAVADOR DA ALMA HUMANA E INTÉRPRETE

DE SEU TEMPO

Nesta atividade a proposta é levar o aluno a perceber, a partir da análise

do conto A cartomante, os elementos composicionais da obra, tanto estéticos

quanto estruturais, os vazios deixados pelo autor. Para isso, abordar as questões

sobre a análise dos elementos constitutivos da narrativa, destacando

personagens, a relação com o contexto representado e de produção,

especialmente em função das relações familiares e de poder. Levantamento e

análise de recursos como ironia, metalinguagem, digressão, dentre outros já

citados, indicando a visão do autor e o tratamento universalizante dos temas,

caracterização da linguagem machadiana, relacionando-a com o movimento

realista.

Orientações para o professor

A análise da obra pode ser feita de várias formas, isso também depende da sua

leitura e do direcionamento da aula, mas questões cruciais não podem deixar de

ser abordadas, principalmente quando o nosso foco é a formação do leitor. Por

isso, faça uma leitura minuciosa do conto a fim de ensinar com propriedade, pois

como nos diz Marisa Lajolo “Creio mais na sedução do que na indução.” Muitas

vezes nossos alunos não gostam porque não entendem a obra. Cabe a nós tornar

esta atividade de descoberta prazerosa e edificante, tanto quanto nos for possível.

PARA O ALUNO

E aí, gostou do conto? Surpreendeu-se com o desfecho? Caso não tenha

gostado, com certeza, a partir da análise proposta para esta atividade, vai se

apaixonar! E, se já gostou, vai gostar mais ainda! Nesse momento, você vai ter a

Page 20: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

oportunidade de discutir e de perceber elementos que compõem a narrativa e que

constroem todo o sentido do texto. Você vai se surpreender observando detalhes

importantes que, muitas vezes, passam despercebidos em uma primeira leitura,

mas que em Machado faz toda a diferença!

ATIVIDADE 9 – CIÚME EM MACHADO DE ASSIS: ENTRE A PROSA

REALISTA E O LEITOR CONTEMPORÂNEO

Comparação do conto A cartomante com releituras em filme (de Wagner de

Assis e Pablo Uranga, 2004) e em vídeo (de Matheus Marconi disponível no site

www.youtube.com). Abordar os recursos utilizados na transposição para a

linguagem cinematográfica e dos vídeos; debate sobre as modificações

decorrentes da mudança do suporte (filme e vídeo) e a intenção comunicativa de

cada um, considerando o contexto de circulação e leitura (Onde se lê ou se vê?) e

avaliando a finalidade da transposição (Qual objetivo?).

ATIVIDADE 10 – É O QUE PARECE SER?

Antes de lermos o próximo conto, a sugestão é treinar o nosso olhar, a

nossa percepção, para que nenhum detalhe da obra passe despercebido. A

verdadeira história vai ser apresentada de uma maneira bem sutil,

propositalmente criada pelo autor Machado de Assis. Observe atentamente a

seleção das ilusões de ótica propostas aqui e faça os testes em grupo, com os

colegas. A ilusão de ótica é uma arte que mexe com o inconsciente, deixando-

nos por momentos sem saber o que está ocorrendo. Essa atividade, com certeza,

vai ajudá-lo a aguçar a sua percepção. Divirta-se!

Orientações para o professor

Na mediação dos testes de ilusão de ótica, sugerimos encaminhar a discussão

para o caráter ambíguo que elas propõem, a fim de que os alunos levem esse

olhar para as duas versões do conto Missa do galo, propostas a seguir. Por isso,

deixe que discutam suas impressões com os colegas, comentando cada detalhe

constitutivo que os testes propõem.

Page 21: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

ILUSÃO DE ÓPTICA

(disponível em www.ifi.unicamp.br/~dfigueir/holosite/ilusao.htm)

ATIVIDADE 11 – QUEM CONTA UM CONTO ACERTA NO PONTO?

Nesta atividade, a proposta é a leitura silenciosa do conto Missa do galo,

de Machado de Assis. Em seguida, discussão oral dos elementos composicionais

do texto, tanto estruturais quanto estéticos, se possível, leitura oral da obra

enfocando esses aspectos. Para tanto, destacamos nas atividades abaixo alguns

dados importantes a serem analisados.

1. Por que o título do conto é Missa do galo?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2. Quem é o narrador da história?

_________________________________________________________________

3. Como pode ser classificada a família descrita no conto? Assinale as

alternativas corretas:

a) da alta burguesia e) idealizada

b) da classe média f) não idealizada

c) pobre g) hábitos simples

d) rica h) hábitos sofisticados

4. Por que se pode afirmar que o ambiente doméstico dessa família se caracteriza

pela dissimulação (disfarce, fingimento, hipocrisia)?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5. O que sobressai no texto: a descrição do ambiente ou a análise psicológica da

personagem? Exemplifique.

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Page 22: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

Orientações para o professor

Caso julgue necessário, explique para os alunos o que é uma missa do galo. Na

biblioteca virtual Wikipédia, você encontra alguns dados relevantes, inclusive

explicação para o nome.

PARA O ALUNO

Agora que você já conhece um pouquinho de Machado de Assis e de sua obra,

não pense que ficará somente nisso! O conto A cartomante foi um aquecimento

para o que ainda está por vir. Com a leitura das imagens, você percebeu que nem

tudo é o que parece ser. Será que essa máxima vale para o conto Missa do

galo? Só lendo para descobrir, mas fica a dica: atenção redobrada em quem está

narrando e nos detalhes daquilo que é narrado. Boa leitura!

MISSA DO GALO

(disponível em www.dominiopublico.gov.br)

ATIVIDADE 12 – QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA UM PONTO?

Agora que analisamos o conto Missa do galo, se ainda restam dúvidas

quanto ao ambiente em que nada se passa aparentemente, criado por Machado,

nessa sugestão de atmosferas na qual o tumulto interior das personagens

transparece em uma conversa sem sentido, de palavras espaçadas e longos

silêncios, permeada pelo jogo de sedução entre uma mulher madura e um jovem

rapaz, a dica é que se leia o quadro abaixo do teórico Afrânio Coutinho. Assim,

sem espaço para as dúvidas, a atividade que se segue é a leitura silenciosa de

outra versão do conto, escrita por Nélida Piñon, em 1977. Após a leitura,

identifique em quais aspectos as versões se DIFERENCIAM.

DICA: “A verdadeira história é um veio oculto, que vai correndo fora da nossa

percepção imediata, mas em contato estreito com os nossos pressentimentos. O

essencial é apenas induzido e se passa discretamente. A utilização de um

Page 23: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

sistema de infiltrações na consciência do leitor, a atmosfera de insinuação

constante e discreta, mantém o interesse suspenso até as últimas páginas,

quando se produz subitamente a revelação de um segredo que podíamos ter

descoberto antes. Todo trabalho do escritor é um ajustamento ou dosagem de

circunstâncias e elementos psicológicos, a fim de formar um ambiente enigmático

de adivinhação, impedindo, entretanto, que se determinem prematuramente.”

(COUTINHO, Afrânio dos Santos. A literatura no Brasil. 7.ed. rev. e atual. São

Paulo: Global, 2004, p. 166)

ATIVIDADE 13 – TEMOS MUITO QUE CONTAR

Essa atividade se inicia com a audição do poema Navio negreiro, de Castro

Alves, interpretado por Caetano Veloso (disponível em www.youtube.com), na

qual você deve anotar a descrição do sofrimento dos escravos e a oposição entre

a condição de escravos e libertos. Sugerimos que ouçam o poema mais de uma

vez e que as anotações sejam feitas somente após a primeira.

ATIVIDADE 14 – TRABALHO OU ESCRAVIDÃO: A CRÍTICA À

REALIDADE NACIONAL

Na época em que publicou Pai contra mãe, na coletânea Relíquias de Casa

Velha, de 1906, o assunto escravidão, apesar de a abolição ter ocorrido em maio

de 1888, era contemporâneo. Após ler o conto, faça o levantamento dos aspectos

da escravidão negra, situada ironicamente como situação paliativa para a torpeza

das atitudes humanas configuradas na obra.

Orientações para o professor

Como já foi dito, a publicação do conto se deu após a abolição, esse fator deve

ser analisado de forma crítica, assim como a sociedade retratada na obra. A

história que o texto narra combina com o tom irônico que o narrador a conta. De

acordo com Marisa Lajolo (2008), não nos esqueçamos de que Machado de Assis

nasceu mulato e em um morro carioca e que, além de ser um grande escritor

brasileiro, ele é um escritor brasileiro negro. Assim, ao fazer o levantamento dos

Page 24: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

aspectos da escravidão como os meios de tortura, a postura da sociedade, dentre

outros que julgar necessários, termine por mediar a leitura com a discussão sobre

a justificativa torpe dos atos de Candinho, ironizados pelo autor.

PAI CONTRA MÃE

(disponível em www.dominiopublico.gov.br)

ATIVIDADE 15 – OBJETO OU SUJEITO/AUTOR DE LITERATURA

Leia a poesia Passo ao mar, de Miriam Alves (disponível em

http://alvesescritorapoeta.blogspot.com.br/p/trajetoria.html). Autora de contos e

poesias, além de alguns ensaios, essa escritora afro brasileira justificou da

seguinte forma o porquê de escrever: “É um desafio desfiar as amarras e nos

libertar. Às vezes temos para isto somente a folha branca de um papel olhando-

nos de esguela. E, é aí que eu jorro. Jorro as histórias que vi no espelho. Jorro

um pouco das histórias que não vi. Nem sempre somos felizes nesta prática. Mas

enfim é um ato irrefutável. É a saída. Ou a entrada para sair-se das encruzas do

mutismo.” Em seguida, com base nos textos lidos, assinale a alternativa correta.

1. Qual(is) do(s) texto(s) propõe(m) uma visão distanciada do negro como objeto

da literatura?

a) Navio negreiro, de Castro Alves

b) Pai contra mãe, de Machado de Assis

c) Passo ao mar, de Miriam Alves

2. Qual(is) do(s) texto(s) retrata(m) uma atitude comprometida do negro como

sujeito/autor da literatura?

a) Navio negreiro, de Castro Alves

b) Pai contra mãe, de Machado de Assis

c) Passo ao mar, de Miriam Alves

ATIVIDADE 16 – FRONTEIRAS TÊNUES

Você acredita que a genialidade e a loucura são coisas díspares ou apenas

separadas por uma tênue fronteira? O certo é que grandes nomes das artes

foram assim considerados: gênios por sua obra e loucos por seus

Page 25: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

comportamentos. A seguir, observe atentamente as obras de dois ícones dessa

premissa, o pintor Vincent van Gogh e o poeta Augusto dos Anjos.

PARA O ALUNO

Caso queira saber um pouquinho mais sobre o pintor e o poeta, pesquise com

seus colegas as obras desses dois fabulosos artistas.

Orientações para o professor

Preparamos dois boxes com informações, um sobre o pintor e o outro sobre o

poeta. Professor, o nosso objetivo aqui não é explorar as questões biográficas,

mas evidenciar que elas existem e que estão presentes na sociedade, por mais

que se tente mascará-las. E, portanto, instigar o aluno para o último conto a ser

lido, no qual Machado abordou com maestria algumas questões filosóficas da

alma humana.

Augusto dos Anjos nasceu em Engenho Pau d’Arco, Paraíba, em 1884 e morreu

em Leopoldina, Minas Gerais, em 1914. Nasceu na riqueza e morreu na pobreza.

A passagem de uma vida a outra reforçou o sentimento de isolamento que o

poeta tinha. Augusto dos Anjos não pertenceu a nenhum movimento literário de

sua época, foi um avis rara: “esse negócio de escolas é esquadria para

medíocres, só há uma regra para a escrita: que é a do escritor conhecer a sua

língua e saber manejá-la de acordo com o seu individualíssimo sentir”. Sofreu, no

entanto, influências naturalistas, simbolistas e neoparnasianas. O poeta teve

muita dificuldade de conviver com as pessoas, fazia provas em época de férias,

tinha pouquíssimos amigos, irritava-se com facilidade, era atormentado por dores

constantes de cabeça e, com o consentimento de sua mãe, manteve relações

sexuais com a irmã mais velha no intuito de tornar sua experiência menos sofrida.

Um dos seus poemas mais conhecidos e significativos é “Versos Íntimos”.

(CERIBELLI, E.; MACIEIRA, H. Arte & Loucura: o mito do artista louco: ciclo de

palestras, de debates e apresentações artísticas: música/ dança/ teatro/ poesia/

artes plásticas/ psiquiatria. Maringá: Sociedade Médica de Maringá, 1998, 12 p.)

Page 26: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

Vincent van Gogh, pintor holandês nascido em 1853. Filho de pastor calvinista,

tentou obstinadamente seguir a carreira religiosa, porém sem sucesso. Viveu uma

vida atormentada com crises frequentes de depressão e melancolia. Sua obra

revela uma sensibilidade inquieta e veemente e causou uma verdadeira revolução

no mundo da pintura. É considerado um poderoso influenciador do

expressionismo na arte moderna. Suicidou-se em julho de 1890 com um tiro no

peito. A obra Autorretrato é uma das mais significativas e como não conseguia

pintar a orelha com perfeição, decidiu arrancá-la. O episódio da automutilação

ocorreu cerca de 1 ano e meio antes do seu suicídio.

(CERIBELLI, E.; MACIEIRA, H. Arte & Loucura: o mito do artista louco: ciclo de

palestras, de debates e apresentações artísticas: música/ dança/ teatro/ poesia/

artes plásticas/ psiquiatria. Maringá: Sociedade Médica de Maringá, 1998, 12 p.)

AUTORRETRATO

(disponível em www.dominiopublico.gov.br)

Page 27: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

VERSOS ÍNTIMOS (disponível em www.dominiopublico.gov.br)

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão — esta pantera — Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! (Pau d‘Arco, 1901)

ATIVIDADE 17 – DE PERTO NINGUÉM É NORMAL?

Leitura silenciosa do conto A causa secreta, de Machado de Assis, seguida

de discussão oral mediada pelo professor sobre os elementos composicionais,

tanto estéticos quanto estruturais, os vazios deixados pelo autor. Após, faça uma

reflexão dos comportamentos humanos retratados no conto a partir das principais

características do autor: análise psicológica/ psicanalítica das personagens;

humor sutil e permanente; ironia fina e corrosiva; visão metafísica relativista

dos valores humanos (pessimismo) e linguagem repleta de ambiguidades.

PARA O ALUNO

Este conto é um dos mais ricos do autor em estudo, foi propositalmente o último,

pois requer mais habilidade do leitor, que é o seu caso agora. Por meio de

explicações de um narrador onisciente, isto é, que domina o universo mental das

personagens, sabendo a respeito delas mais do que elas mesmas podem

compreender. Ao mesmo tempo, fornece a nós, leitores, indícios, pistas sobre a

história que vai contar. Boa leitura!

Orientações para o professor

Page 28: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

Por meio de um narrador onisciente, temos a lógica existente por trás das ações

de cada personagem e se, na verdade, com o seu olhar irônico, Machado queria

antes condenar do que absolver, sua crítica é, portanto, uma crítica da própria

sociedade, visto que são as manifestações individuais que a moldam. Explore

com seus alunos tais questões a partir da análise dos personagens. Bom

trabalho!

A CAUSA SECRETA

(disponível em www.dominiopublico.gov.br)

ATIVIDADE 18 – O QUE É BOM DURA PARA SEMPRE

Nesta atividade, a proposta é relembrar um pouco o que estudamos. Por

isso, retome os contos lidos e responda:

1. De qual conto você mais gostou?

a) A cartomante c) Pai contra mãe

b) Missa do galo d) A causa secreta

2. Faça uma breve explicação do que mais gostou no conto escolhido.

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3. Você indicaria a leitura de Machado de Assis para:

a) amigos

b) família

c) professores

d) outro _______________

4. Qual dos contos lidos você pensa ser o mais apropriado para indicar a um leitor

iniciante de Machado de Assis?

a) A cartomante c) Pai contra mãe

b) Missa do galo d) A causa secreta

5. Você concorda que os assuntos tratados por Machado de Assis em sua obra

são universais e atuais?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Page 29: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

6. Caso fôssemos expandir nossa Proposta Pedagógica para as outras turmas do

colégio, qual seria a forma mais adequada de atrair participantes?

a) Leitura de trechos dos contos.

b) Dramatização de um dos contos.

c) Mural sobre Machado de Assis, sua época e sua obra.

d) Audição de um dos contos.

e) Sinopses das obras, parando em um ponto culminante da narrativa.

f) Todas as respostas anteriores.

g) Outra: ____________________________________________

ATIVIDADE 19 – INSTIGANDO NOVOS LEITORES

A partir do resultado da atividade anterior, apresentar e discutir com os

alunos participantes do projeto uma estratégia de abordagem para incentivar

outros alunos a lerem Machado de Assis e, assim como eles, terem essa nova

visão de si mesmo, do outro e da sociedade, mediante a ordenação mental que a

literatura de qualidade produz em nós.

ATIVIDADE 20 – O FIM PODE SER O COMEÇO

Toda experiência literária tende a ser extremamente significativa, por isso,

crendo na ação transformadora da literatura, mediante as funções que exercem

em nós, para ampliação do repertório, fica a indicação de três romances de

Machado: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro,

todos com suas peculiaridades, mas com o mesmo brilhantismo que o autor

exerceu em todas as suas obras. Leia as sinopses na internet ou na biblioteca da

escola e escolha o que mais lhe agradar. Obrigada pela participação. Boa Leitura,

leitor de Machado de Assis!

3. REFERÊNCIAS

CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.13.

COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. 1.ª reimpr. Tradução: Cleonice P. B. Mourão e Consuelo F. Santiago. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2001.

Page 30: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA · PDF filecausa secreta” e “Missa do galo”, todos de Machado de Assis. ... formadores (no caso, de leitores) implícita na ideia

COUTINHO, Afrânio dos Santos. A literatura no Brasil. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Global, 2004, p. 166

ISER, Wolfgang. O ato de leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer. São Paulo: Ed. 34, 1996, v. 1. ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer. São Paulo: Ed. 34, 1999, v. 2.

JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Ática, 1994.

GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do conto. São Paulo, Ática, 1985.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do. Diretrizes curriculares da educação básica: língua portuguesa. Paraná: Imprensa oficial, 2008.