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A ORALIDADE NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO

CONHECIMENTO NO CEEBJA

Laoderene BATTISTELLA

Andréia Cristina de SOUZA

Resumo: Este artigo é de caráter pedagógico, tendo como foco a necessidade de desenvolver um trabalho dinâmico, envolvendo a modalidade oral na escola e apresentar os resultados das unidades temáticas desenvolvidas em sala de aula a partir de enfoques do uso da oralidade. Torna-se importante apresentar que com o uso de algumas intervenções didáticas é possível exercitar a produção oral, já que o ensino da língua materna privilegia atividades de leitura e escrita. O artigo traz exemplos de atividades vivenciadas em uma turma do ensino Médio do CEEBJA – Matelândia, Ensino Fundamental e Médio que comprovam e valorizam os saberes compartilhados numa interação entre educador e educandos demonstradas por meio da montagem e apresentação de seminário. A pesquisa bibliográfica, que fundamentou a proposta, esteve voltada para autores que abordam temas e conceitos relacionados à aprendizagem; ao trabalho com gêneros orais em sala de aula; à exposição oral e aos Parâmetros curriculares que regem a modalidade de ensino da Educação de Jovens e Adultos. O estudo integra a pesquisa do projeto PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) e oportunizou ao aluno reconhecer-se como membro ativo na construção das práticas escolares, considerando que a modalidade oral amplia as possibilidades de inserção social.

Palavras-chave: Seminário, gênero oral; práticas escolares; valorização do saberes.

INTRODUÇÃO

O tema deste Projeto teve como perspectiva conduzir e propor estudos e

pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de competências da oralidade. Propõe

algumas estratégias especialmente sugestivas de organizar o trabalho de ensino de

Língua Portuguesa envolvendo o Gênero Oral – seminário. A partir dessa proposta

inicial, necessitou-se selecionar e escolher juntamente com os alunos do ensino

Médio do CEEBJA - Matelândia, Ensino Fundamental e Médio, do município de

Matelândia – PR, os assuntos a serem estudados, seguindo uma programação

específica sobre os saberes organizados para a apresentação do seminário.

As práticas para o estudo e montagem do seminário ocorreram numa

comparação de práticas da professora, com critérios expostos aos alunos e que

surgiram de atividades úteis tanto para o desenvolvimento dos trabalhos em sala de

aula, como para a melhoria da aprendizagem.

Os desafios foram encarados mediante enfoques comprometidos,

desenvolvendo a autonomia e permitindo que os alunos os enfrentassem e os

controlassem da melhor maneira possível. Pensando nesse comprometimento e na

necessidade de um currículo mais vivo na escola é que se elegeu uma turma do

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ensino médio do CEEBJA para, durante as aulas da disciplina de língua Portuguesa,

fossem desenvolvidos assuntos focados em temas de interesse dos estudantes e

privilegiando essa modalidade de Ensino.

A tarefa foi desenvolver a oralidade com a intenção de apresentar

oportunidades de construção de aprendizagens significativas, partindo do que o

aluno já conhece e fazendo-o interagir com os conhecimentos de forma crítica.

O que aqui é apresentado originou-se da ausência e do desinteresse

constatado nas escolas em relação à oralização e também levando em conta que os

próprios PCNS demonstram que a escola é que deve preparar os alunos para a

linguagem oral, planejando objetivos para que isso aconteça.

Destacam-se aqui sugestões e ideias que envolvem diretamente a oralidade

numa construção coletiva, com ações a partir de questões relevantes para os

principais integrantes da escola que são os alunos.

O que orienta a metodologia de estudo, tem como intenção motivar os alunos

para uma atuação argumentativa frente aos assuntos estudados. O projeto foi

estruturado em unidades temáticas e tem como centralidade o desenvolvimento oral,

oferecendo possibilidades de escolhas, estudos, pesquisas e exposições orais.

Trabalhar sob esta perspectiva significa atuar pedagogicamente por meio do

conhecimento sistematizado, em busca de pessoas capazes de pensar e agir

criticamente na sociedade, com vistas à emancipação e a transformação social.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Escola tem como objetivo maior a qualidade e a busca constante da

melhoria. Devido a isso, há uma preocupação com a falta de sistematização didática

das atividades relacionadas à exposição oral.

Como Escola devemos estar abertos ao novo, aos estudos que enfatizam a

importância da interação e da informação para a construção do conhecimento, em

que o papel do professor seja de um parceiro especial, preparado para colaborar

com a construção de significados e para transformar o ambiente de aprendizagem

num espaço privilegiado, utilizando-se de uma pedagogia dinâmica, de

aprendizagens vivas e enriquecedoras, na qual o estudante possa participar

ativamente.

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Faz-se necessário trabalhar com o interesse dos alunos, com a diversidade,

dando ênfase à criatividade e autonomia. Questões que estão diretamente ligadas à

falta de escolarização, contribuem para que a desigualdade se fortaleça ainda mais

em toda a sociedade, pois há gente talentosa em pólos de miséria, que não

conseguem resultados por falta de oportunidades. A escola vive momentos de

transformações, de busca da qualidade, em que o presente, o passado e o futuro

compartilham espaços e diariamente nos desafiam a rever os valores, as

prioridades, as posturas e os conhecimentos.

Durante o período do projeto, os alunos estiveram realizando pesquisas em

diversas fontes e com oportunidade de interagir e desempenhar o papel de orador.

Foi importante encorajá-los a expor suas ideias e opiniões, a falar de suas aptidões.

Nesse contexto o professor passa a conhecê-los e cria-se um vínculo de confiança

que contribui para a aprendizagem.

O ensino da modalidade oral, uma das formas da comunicação, tem sido

indiscutivelmente um dos grandes desafios para os professores de língua

portuguesa. A escola não pode manter-se fora dessa realidade. As ações

desenvolvidas nas aulas de Língua Portuguesa são restritas e ineficientes para

desenvolver a oralidade dos nossos alunos, pois é natural o ser humano ser falante

e ouvinte, mas torná-lo um leitor crítico e potencialmente preparado para enfrentar o

mundo da escrita e da oralidade, deve ser visto como função da escola. Devido a

isso, o trabalho precisa acontecer de forma dinâmica para que o aluno desenvolva a

oralidade de forma eficiente, juntamente com a leitura e a escrita.

Por meio da pesquisa e da busca do conhecimento procurou-se estar aberto

para reflexões sobre o processo de melhoras na construção do conhecimento dos

alunos, na sua participação e interação no grupo e na comunidade onde está

inserido. O trabalho com a Comunicação Oral é fundamental para desenvolver

melhor a capacidade de se expressar, Dolz et al. (2004, p. 219) afirmam que

O papel do Expositor-especialista é o de transmitir um conteúdo, ou, dito de outra forma, de informar, de esclarecer, de modificar os conhecimentos dos ouvintes nas melhores condições possíveis, procurando diminuir, assim, assimetria inicial de conhecimentos que distingue os dois atores desse contexto de comunicação.

A preocupação deu-se com o que a escola precisa ensinar, em relação aos

três eixos da língua portuguesa, “Oralidade, Leitura e Escrita”, que envolvem muitos

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objetivos a serem atingidos e com o trabalho de interação. É de muita expectativa,

que surgiu a necessidade de resgatar o conhecimento prático do aluno do CEEBJA,

bem como incentivar suas vivências cotidianas. Para isso foi importante refletir sobre

os encaminhamentos metodológicos a serem empregados como estratégias, ou

seja, a necessidade de repensar metodologias e condições de trabalho, tomando

como ponto de partida o conhecimento e a habilidade de uso da modalidade oral já

adquirida pelo aluno.

O propósito maior esteve dedicado a entender situações reais de linguagem

que o aluno poderá enfrentar, de acordo com a situação em que poderá se encontrar

ou que esta exigirá. Muitas vezes a escola se prepara para escolarizar um educando

ideal, que, dificilmente ou nunca se encontra em salas de aula, e depara-se com

grande diversidade de situações, principalmente na modalidade de Educação de

Jovens e Adultos.

A partir das atividades, procurou-se promover a inserção da oralidade no

cotidiano desse aluno e estimulá-lo no processo de busca e produção de

conhecimento, motivando-o para a pesquisa. Acima de tudo desenvolvê-lo para uma

boa exposição oral, auxiliando-o na construção do saber, interagindo na construção

do seu próprio saber para enriquecer a sua comunicação oral.

Refletindo sobre a prática escolar, ainda numa perspectiva de melhoria da

qualidade de ensino da Escola Pública do Estado do Paraná, verificou-se que a

forma do trabalho realizado nas escolas é um empreendimento para uma sociedade

mais justa, crítica e consciente. Por conta disso em nossas escolas necessita-se um

trabalho mais eficaz em relação ao trabalho com a oralidade. Em seus estudos Dolz

e Schneuwly (2004, p. 149), nos dizem que,

Embora a linguagem oral esteja bastante presente nas salas de aula (nas rotinas cotidianas, na leitura de instruções, na correção de exercícios etc.), afirma-se frequentemente que ela não é ensinada, a não ser incidentalmente, durante atividades diversas e pouco controladas.

O comprometimento e a continuidade para um processo envolvente e

desafiador, nesse sentido, leva a escola, na área de língua portuguesa, a organizar

meios para que os alunos se desenvolvam nas suas relações discursivas, na

interação com o outro e em situações que os levem a perceber a importância, o

alcance e as possibilidades de linguagem.

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Os alunos do CEEBJA, por estarem muitos anos fora da escola, possuem

maiores dificuldades de adaptação. Eles buscam na escola pública, estímulos para a

vida em comunidade. É preciso um tratamento diferenciado para esse público,

muitos deles já possuem uma vasta experiência de vida. Ao professor cabe o

desafio de engajá-los para a continuidade dos estudos, bem como de estudar

aspectos da realidade dos mesmos.

Na tentativa de garantir a funcionalidade do gênero Seminário e pensando em

colocar os alunos do CEEBJA em interação em sala de aula, para pesquisar, ler e

discutir vários textos coletivamente, é que surgiu a intenção de trabalhar o assunto

oralidade, pois além de desenvolver a capacidade dos estudantes, facilita a

socialização e a integração nas atividades em grupo. A escola é o lugar apropriado

para desenvolver-se, e trabalhar a exposição oral, é tão importante quanto executar

as atividades de leitura e escrita. Como o próprio Paulo Freire (2002, p. 55) dizia “a

mera aprendizagem da leitura e da escrita não faz milagres”, não é ela, em si

mesma, a que cria empregos. é tão importante quanto executar as atividades de

leitura e escrita. Num mundo cada vez mais globalizado e em pleno

desenvolvimento no campo das comunicações e da informática, é inegável a

importância da oralidade para a boa comunicação, na formação dos alunos, no

aperfeiçoamento e atualização profissional e no exercício pleno e abrangente da

cidadania.

Levou-se em consideração a reflexão e investigação e o trabalho com o

gênero Seminário, com observação dos efeitos de sentido e estudos realizados pela

exposição oral, para estimular e criar condições de realização de seminários,

promovendo a construção do saber; acompanhando e orientando os alunos por meio

de propostas com a abordagem na oralidade e atribuindo tarefas de envolvimento,

de interdependência de divisão justa do trabalho em grupo.

É impossível falar de Língua Portuguesa no processo de ensino-

aprendizagem da fala, escrita e leitura no CEEBJA sem envolvê-los em temas

conhecidos e ligados à realidade deles. A oralidade deve ter um lugar assegurado

em sala de aula, pois é a principal modalidade de comunicação utilizada por todos

nós quando interagimos.

As possibilidades de trabalho com a oralidade são muito ricas e nos apontam

diferentes caminhos que podemos usar para analisar a linguagem em uso. Pensada

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dessa maneira é entendida como forma de interação, articulando em nossas

relações com o meio e nos distinguindo dos animais.

As competências para a comunicação estão vinculadas a situações informais

de conversação para que aprendam: a valorizar a opinião dos colegas; a expressar

ideias relacionadas a temas estudados; ao recitar poemas, ocorrendo uma

ampliação das possibilidades de inserção social; ou seja, a oportunidade de usar a

fala em situações significativas permite ao aluno desenvolver as competências

necessárias para decidir o que falar como falar e a maneira mais adequada de se

expressar, adequar a fala às circunstâncias em que ocorre a comunicação. O

Seminário é uma ótima oportunidade para esse trabalho com a língua oral.

Conforme relatam Cavalcante e Melo (2007,p. 89),

Um trabalho consistente com a oralidade em sala de aula não diz respeito a ensinar o aluno a falar, nem simplesmente propor apenas que o aluno converse com o colega a respeito de um assunto qualquer. Trata-se de identificar, refletir e utilizar a imensa riqueza e variedade de usos da língua na modalidade oral.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (1998) nos

colocam a necessidade do desenvolvimento com a modalidade oral, na medida em

que os alunos serão avaliados na hora das exigências de fala e adequação às

marcas de diferentes gêneros do oral.

Para o documento (BRASIL, 1998, p. 67):

Ensinar língua oral deve significar para a escola possibilitar acesso a usos da linguagem mais formalizados e convencionais, que exijam controle mais consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a importância que o domínio da palavra pública tem no exercício da cidadania. Ensinar língua oral significa trabalhar a capacidade de falar em geral. Significa desenvolver o domínio dos gêneros que apóiam a aprendizagem escolar de Língua Portuguesa e de outras áreas [...], e, também, os gêneros da vida pública no sentido mais amplo do termo [...].

Os objetivos para o trabalho com a oralidade estão bem definidos nos

Parâmetros Curriculares e a maioria dos livros didáticos não tem dado conta disso,

então cabe ao professor dar conta de preparar o aluno para utilizar a linguagem oral,

planejando com objetivos definidos para que isso aconteça. Para Dolz etal (2004,

p.216):

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A exposição representa, no entanto, um instrumento privilegiado de transmissão de diversos conteúdos. Para a audiência, mas também e, sobretudo para aquele(a) que prepara e apresenta, a exposição fornece um instrumento para aprender conteúdos diversificados, mas estruturados graças ao enquadramento viabilizado pelo gênero textual. A exploração de fontes diversificadas de informação, a seleção das informações em função do tema e da finalidade visada e a elaboração de um esquema destinado a sustentar a apresentação oral constituem um primeiro nível de intervenção didática, ligado ao conteúdo.

Os professores das várias disciplinas, incluindo Língua Portuguesa, usam a

oralidade em atividades como leituras, conversas, correções de atividades e até

para avaliar, por isso, há necessidade de ampliarmos ouso da oralidade.

Está claro o que Souza (2007, p.7-8) afirma:

Cada um de nós, professores, tem uma contribuição a oferecer na trajetória do mundo escolar de tantos seres humanos com experiências diversas, e cada um de nós, educadores, tem muito a aprender com a trajetória de vida do outro; mas é sempre importante lembrar que ao professor cabe o desafio de oferecer ao aluno subsídios para que este instaure relações entre tudo o que é estudado na escola e o que é experienciado no mundo da vida. Eis o sentido de ser profissional da educação: os conteúdos não estão prontos e acabados; o estudo e o planejamento são essenciais para o desenvolvimento de uma prática educativa que se pretende crítica, portanto criativa, fortalecida nos conhecimentos históricos já acumulados e no respeito a cada uma das experiências pontuais da prática social dos sujeitos da educação. O ser crítico é aquele que considera o saber do outro, que o escuta e que se disponibiliza a rever os seus paradigmas, com respeito ao pensamento do outro o qual dialoga e com a clareza dos princípios humanos que defende.

A preocupação e as inquietações, intensificam-se em relação a problemas

direcionados às ações pedagógicas da oralidade, pois ela serve de suporte da

sociedade, participar no grupo e estar juntos, é manter um espaço de interação.

METODOLOGIA

Na proposta metodológica, levamos em consideração a busca de uma

contextualização que facilitasse o aprimoramento da fala organizada e possibilitasse

um desempenho satisfatório no ambiente discursivo do seminário. O estudo

desenvolveu reflexões sobre a experiência do desenvolvimento da oralidade em sala

de aula, para tanto, consideramos estratégias de aproximação entre os textos em

estudo e da pesquisa, buscando incentivar a leitura e a escrita para a produção de

seminários, em uma turma do Ensino Médio, do CEEBJA – Matelândia, Ensino

Fundamental e Médio, localizado no município de Matelândia – PR, totalizando 20

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alunos. Em se tratando do CEEBJA, com faixa etária bem variada. Houve a

explanação aos alunos da forma como seria desenvolvido o Projeto de Intervenção

Pedagógica na escola.

A Língua Portuguesa é uma das disciplinas escolares em que os alunos

podem ser levados a desenvolver a oralidade e a sua capacidade de expor, devido a

isso, desenvolvemos um trabalho participante, com atividades de linguagem

significativas, seguindo a temática da Exposição Oral em ações coletivas e em

alguns momentos em ações individuais.

Para a realização das atividades foram incluídas três unidades temáticas. Na

primeira delas, houve a sintetização das informações; o estudo das fases do projeto

e das características pertencentes ao gênero seminário; exploramos a estrutura,

estilo, conteúdos, função social e interlocutores do gênero oral; houve a

apresentação de vídeos com a realização de seminários e convidamos uma

profissional psicóloga para fazer uma explanação sobre motivação. Nesta primeira

unidade, os alunos puderam compreender que o seminário se subdivide em etapas,

começaram a se preparar para realizar leituras, levantamento de bibliografias, de

dados e informações. Os alunos assistiram um seminário gravado em vídeo e

puderam observar as habilidades de uma profissional em uma exposição oral.

Sentiram-se motivados para realizar o trabalho, aprendendo a elaborar esquemas

que são orientadores da fala e compreendendo as características fundamentais da

organização interna de uma exposição oral. Momento em que os alunos

aproveitaram para fazer registros de como os assuntos eram abordados, analisaram

e verificaram: a postura dos apresentadores; a linguagem utilizada; harmonia entre

os apresentadores e com o público presente e; a maneira como ocorre à

organização das falas. Elaboramos uma discussão com troca de ideias de todas as

anotações feitas pelo grupo. Os detalhes de como proceder para dar andamento em

um seminário foram pesquisados no laboratório de informática.

Na segunda unidade, montamos os grupos, realizamos os estudos, as

pesquisas e a elaboração dos textos para a apresentação do Seminário. Nesse

trabalho, os alunos interagiram entre si, não só para expressar o pensamento, mas

para transmitir informações e estar em constante ação desenvolvendo aptidões para

a pesquisa e exposição oral. Após debater, discutir, defender pontos de vista, emitir

opiniões sobre os assuntos mais lidos, verificamos os valores considerados por eles,

como modismos, estilos de vida, preferências quanto a trabalho e lazer,

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preconceitos de ordem moral ou social, preferências de assuntos para leitura. O

alunos então, posicionaram-se em relação aos assuntos e o que promoveu maior

satisfação e interesse foram escolhidos para a pesquisa.

Para a realização das atividades, inicialmente foram selecionados dois temas:

“Saúde física e mental” e “Cidadania e direitos humanos”. Para tanto os alunos

foram divididos em grupos e escolheram o assunto dentro de cada tema. Deste

processo resultaram 4 (quatro) grupos.

Com os grupos formados e os temas definidos, elegeram um líder que

representasse o grupo e orientasse as pesquisas, feitas em diversas fontes online,

jornais, revistas e livros. Foi de suma importância que todos estivessem por dentro

do assunto em pesquisa. Dividiram as tarefas referentes a todo o processo de

trabalho e elaboraram as fichas com tópicos contendo as passagens mais

importantes, contendo curiosidades e utilidades do tema em estudo para servir de

roteiro, e que possibilitou aprofundar o tema no dia da apresentação.

Na elaboração dos textos da apresentação, os alunos aprenderam a utilizar

os recursos tecnológicos e audiovisuais para esse tipo de apresentação e

apropriaram-se de planejamento, da produção e revisão de uma exposição oral.

Usaram também cartolina para confeccionar cartazes e outros materiais decorrentes

dos recursos que podem ser utilizados como auxiliares nas apresentações: DVD,

fotografias, apresentações musicais, danças, data show, tudo o que fosse mais

adequado para esclarecer a audiência sobre o tema, incluindo exposição de artigos

interessantes de cada uma das falas realizadas.

A terceira Unidade constituiu-se da organização do espaço; da apresentação

dos seminários e da avaliação de encerramento. Antes do momento da

apresentação, o grupo ficou responsável em organizar o espaço de forma a facilitar

o trabalho dos apresentadores, garantindo assim que os ouvintes pudessem ver e

ouvi-los. Usando as disposições mais adequadas para a apresentação.

Para a abertura, ou no decorrer de cada seminário, os alunos executaram

uma dinâmica pré-elaborada de acordo com o assunto trabalhado, incluindo até

mesmo paródia de música elaborada por eles para a abertura do seminário. As

apresentações ocorreram no PowerPoint com uso de vídeos relevantes para o

assunto, dessa forma o seminário tornou-se mais interativo e, além disso, o grupo

pode recorrer a esse recurso para dar informações.

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Na apresentação do seminário o objetivo maior era resgatar com eficácia o

conteúdo pesquisado e transmitir oralmente com clareza as informações

pesquisadas de maneira a possibilitar a compreensão dos ouvintes. Todos os

participantes contribuíram nas apresentações, usando além da Exposição Oral,

estratégias como, slides, cartazes, trechos de filmes, etc.

Depois da apresentação de todos os seminários, realizaram uma

autoavaliação dos trabalhos, em que cada grupo falou sobre as dificuldades

encontradas e aprendizados adquiridos.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Toda a elaboração dos Seminários, certamente despertou no grupo de alunos

o senso de pesquisa, de aplicação do método Seminário, de abordagens críticas e

do trabalho em equipe. Os alunos obtiveram uma visão global do assunto e

aprofundaram-se no tema em estudo. Todos os grupos tiveram um ou dois

componentes que se destacaram mais, outros por timidez, acabaram não

correspondendo tanto, mas todos se envolveram e se comprometeram com a

realização das atividades.

Na execução das unidades temáticas, incluíram-se as pesquisas, as

discussões, os debates, a defesa dos pontos de vista, as opiniões e até

depoimentos. Para isso, foi necessário um bom planejamento e organização,

constituindo-se papel do professor, a mediação, de forma a contribuir na

aprendizagem dos ouvintes e dos expositores; com pesquisas abordadas nas mais

variadas fontes de informação, além de elaborar estratégias orientadoras da fala.

Isso se deu baseado em Dolz et all. (2004), quando tratam do ensino da Exposição

Oral.

Essa metodologia não buscou apenas aprofundar os conhecimentos, mas

atingir a prática docente e a ampliação do repertório dos alunos. Na realização das

atividades constatou-se que os alunos, além de resgatar conhecimentos prévios a

respeito do assunto em estudo, desenvolveram a capacidade de ouvir atentamente e

de sintetizar informações, houve a participação efetiva dos alunos em que a prática

serviu consideravelmente para a efetivação de todo o processo do trabalho.

Dessa forma, vemos a importância de se reverem algumas propostas que

norteiam a formação dos professores de língua materna, não podemos ver a língua

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como uma construção acabada, mas como um elemento vivo, produtora da história

e que se constitui em enunciados nas diferentes situações sociais. Levar os alunos a

apresentações de trabalhos realizados durante o ano letivo, também os levará a

exercitar a fala organizada, com dicção e desembaraço, podendo sair do ambiente

da sala de aula e alcançar o domínio público.

Poder realizar um trabalho produtivo de reflexão sobre a oralidade é colocar

essa discussão no centro das atenções, já que normalmente ela nem aparece nas

atividades de sala de aula, é urgente que a língua oral passe a ter o seu papel nas

questões de ensino de língua materna, pois usar esse conhecimento é possibilitar

um caminho de grandes objetivos do ensino, que é aumentar a competência

comunicativa de cada aluno que pela escola passar.

A PARTICIPAÇÃO NO GTR

O Grupo de Trabalho em Rede foi de fundamental importância para o

aprimoramento do trabalho a ser realizado com os alunos. O GTR contou com

participações, intervenções e apontamentos realizados pelos professores cursistas,

foram momentos de ricas aprendizagens. Os estudos serviram para desenvolver

reflexões coletivas e individuais sobre a experiência do uso da oralidade e das

tecnologias no estímulo e auxílio à exposição oral.

Percebeu-se com o GTR que é a partir de coisas simples, na oportunidade e

na troca de informações que nascem trabalhos interessantes, de certa forma

fundamental, e que faz a diferença em nossa profissão.

No período do GTR tivemos dias de partilhas e questionamentos sobre a

nossa prática pedagógica, houve um considerável nível de reflexões a respeito da

utilização da língua oral como parte integrante do currículo. Cumprimos a etapa de

forma ativa, colaborativa e reflexiva na relação grupo de trabalho. A cada temática

as expectativas foram superadas, de acordo com a participação dos professores de

vários lugares do Estado do Paraná, o que considero a chave para o bom

desenvolvimento do GTR.

Compartilhando as impressões nos fóruns, e lendo os diários pudemos

construir uma visão geral do nosso próprio projeto a ser executado na Escola. A

participação é fundamental para a efetivação do processo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este artigo pôde-se constatar o quanto a oralidade é importante, não

apenas para fundamentar a escrita, mas para expressar-se oralmente em situações

extra-escolares. A realização dos seminários ajudou a desenvolver a análise de

fatos e a reflexão, possibilitando ao aluno a elaboração clara e objetiva sobre o

assunto em estudo.

O fazer pedagógico vai além do ensino de conteúdos em sala de aula, o que

é totalmente possível em turmas do CEEBJA, pois quando se proporciona ocasiões

de escrita e de fala apropriam-se das noções e das técnicas necessárias ao

desenvolvimento da expressão oral em diversas situações de comunicação.

Estimular a oralidade e planejar o desenvolvimento das competências da fala

são tarefas da escola. Torna-se necessário que a escola forme cidadãos da

coletividade e da cultura oral. Por essas razões, a prática do seminário e da

discussão sobre os assuntos em estudo, contribuiu, em suma, à reflexão geral sobre

o sentido do trabalho com a oralidade.

É imprescindível que se crie espaço e condição para a integração de

atividades orais nas aulas dando oportunidade de fala a todos os alunos.

O trabalho levou a reflexões que nos possibilitam formular hipóteses de que a

exposição oral na perspectiva pedagógica nunca teve uma presença consistente,

embora seja realmente um instrumento importante e fundamental na escola,

proporcionando o desenvolvimento e habilidades juntamente com a leitura, escrita e

em contextos formais dentro e fora da escola, evidenciando que as intervenções

didáticas podem ter como papel central a construção de uma mudança significativa

das práticas de linguagem.

Desta forma, a proposta reforça a necessidade de proporcionar aos nossos

alunos do CEEBJA o desenvolvimento na produção da fala e no processo de

participação no contexto social, eles precisam encontrar nas atividades por nós

propostas um lugar em sua experiência humana. Os próprios PCNs nos fazem

perceber a articulação dos conteúdos de língua portuguesa em torno de dois

grandes eixos: o do uso da língua oral e escrita e o da reflexão sobre esses usos.

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