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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Renata Alves Costa
A Geometria Plana dos estádios de futebol
Jacarezinho 2014
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Renata Alves Costa
A Geometria Plana dos estádios de futebol
Artigo científico apresentado ao Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE/SEED na área de Matemática encaminhado pela Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP de Jacarezinho. Orientador: Professor Mestre George Francisco Santiago Martin
Jacarezinho 2014
A Geometria Plana dos estádios de futebol
Renata Alves Costa.( UENP/Jacarezinho.) 1
[email protected] George Francisco Santiago Martin (UENP/Jacarezinho.)
2
RESUMO
A Geometria é um componente curricular essencial ensinado nas escolas de educação básica do estado do Paraná, bem como na maioria dos demais estados. Ela ajuda a desenvolver um olhar crítico para a sociedade, sendo muito aplicada na prática de diferentes atividades humanas: engenharia, agricultura, pecuária, comércio, artes, entre outros. Por esta razão este artigo aborda a preocupação do docente em experimentar alternativas de trabalho que permita estimular o ensino e a aprendizagem de Geometria por meio de novas estratégias, objetivando promover um aprendizado diferenciado e relevante no ensino dos conceitos de área e perímetro de figuras planas, tendo em vista que a maioria das vezes essa temática é trabalhada muito superficialmente no contexto escolar, dando maior atenção às fórmulas com aplicação direta, sem uma contextualização e significação das mesmas, o que geralmente dificulta a aprendizagem dos discentes. O foco principal do trabalho é despertar o interesse dos educandos pelo conhecimento geométrico e desenvolver e melhorar habilidades matemáticas relacionadas a situações do dia-a-dia. As estratégias de ação incluíram o uso de laboratório, vídeos e materiais manipuláveis, construindo os conceitos necessários para realização e construção de uma maquete de um estádio de futebol, assim como o cálculo do número de torcedores. Participaram como sujeitos deste trabalho alunos do 6ºano do Colégio Estadual Dr. Generoso Marques - Pr. Constatou-se motivação, empenho e resultados satisfatórios, tornando o ensino da Geometria relacionada a um esporte mais expressivo do que o ensino tradicional.
Palavras-Chave: Geometria plana; contextualização; estádio de futebol.
ABSTRACT
Geometry is an essential curricular component taught at schools of basic education in the state of Paraná, as well as in most of the other states. It helps to develop a critical view for the society, being widely applied in the practice of different human activities: engineering, agriculture, livestock, trade, arts and so on. Therefore, this article is about the worry of the teachers about trying work alternatives that allow it to simulate the teaching and learning Geometry through new strategies, aiming at promoting a differentiated and relevant learning in the teaching of concepts in the area and perimeter of plain pictures, knowing that most of the time this theme is worked quite slightly in the school context, giving more attention to formulas with direct application, without a contextualization and meaning of them, what generally makes the students’ learning hard. The main focus of the work is to arouse the interest of the students for the geometrical knowledge, to develop and to improve mathematical skills related to daily situations. The strategies of action included the use of laboratory, videos and handle materials in order to build the necessary concepts to accomplish and make a
1Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), na área de matemática, na Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP.
2 Professor Mestre Orientador da UENP – Campus de Jacarezinho.
soccer stadium mockup, as well as the calculation of number of supporters. Students of 6𝑡ℎ grade of Dr. Generoso Marques school in Paraná participated in this work. It was found motivation, effort and satisfying results, making the teaching of Geometry linked to sport more expressive than traditional teaching.
Keywords: Plain Geometry; Contextualization; Soccer stadium.
1. INTRODUÇÂO
A manifestação matemática mais antiga que se tem conhecimento é a
Geometria, surgida das necessidades práticas do homem na utilização de formas e
espaços. Ela percorre a história da humanidade em diferentes atividades práticas e
com grande importância na engenharia, agricultura, pecuária, comércio, arte e
muitas outras. Porém o que se observa nas escolas de educação básica do estado
do Paraná, bem como na maioria dos demais estados é a não contemplação de
maneira satisfatória dos conteúdos referentes à Geometria, tais conteúdos ajudam a
desenvolver um olhar crítico do mundo ao nosso redor. Observa-se também que nas
aulas de matemática acaba dando-se maior ênfase para o ensino da álgebra.
O fato de se excluir a geometria dos planos de trabalho escolares ou seu
tratamento inadequado podem causar sérios prejuízos à formação dos educandos,
isto pode ser comprovado baseando-se nos resultados das avaliações do Saeb,
Prova Brasil e OBMEP, nas quais a Geometria está presente como componente
específico da área de Matemática, verificando-se um rendimento muito abaixo do
esperado, o que nos leva a pensar que o ensino da geometria deve ser analisado,
aprofundando as investigações em busca de metodologias mais eficazes.
Os conteúdos de geometria quando tratados apenas como uma coleção de
definições, nomes e fórmulas, sem quaisquer sentidos práticos ou explicações de
natureza histórica ou lógica, reduzidos apenas em aplicações de fórmulas, não são
absorvidos pelos alunos de forma significativa, gerando desinteresse da maioria em
relação a esses conteúdos, os mesmos acabam não se dando conta que existem
situações cotidianas que são solucionadas através do pensamento elaborado de
Geometria.
A Geometria é parte integrante do cotidiano, muitas atividades manuais ou
intelectuais utilizam suas proposições de uma forma ou outra e entende-se que nem
todos os alunos de escolas públicas irão ingressar em Universidades, devido a isso,
se faz necessário redefinir ações , que articule o saber teórico com o fazer prático, a
fim de desenvolver nesses educandos uma participação ativa na sociedade, de
modo a tornarem-se sujeitos no processo de ensino e aprendizagem melhorando
suas capacidades, principalmente no que diz respeito à geometria.
Some-se a isso os avanços tecnológicos que são sentidos no mundo de hoje
com muita intensidade, onde o maior desafio é o preparo adequado das novas
gerações, e a Geometria é um elemento matemático essencial na construção
desses conhecimentos científicos e tecnológicos, das quais os cidadãos devem se
apropriar (KUENZER, 2005).
Portanto, é um desafio necessário inserir novas práticas educacionais a fim
de enriquecer o planejamento do docente com ações concretas, propondo sempre
que possíveis novos saberes para os docentes, para que eles possam investigar e
refletir seu plano de trabalho, buscando estratégias de ensino para que o educando
de hoje se aproprie de maneira significativa do conhecimento geométrico
elaborado.
Então, várias questões surgem a respeito do ensino de Geometria com: De
que forma promover um aprendizado diferenciado e relevante no ensino da
Geometria? A contextualização é das maneiras mais adequadas para que ocorra a
aprendizagem? O uso de recursos estimuladores como vídeos, materiais
manipulativos, resolução de problemas práticos e contextualizados podem
representar uma metodologia válida para a construção do conhecimento no ensino
de Geometria?
Por isso, o presente projeto centraliza a atenção nas atividades
desenvolvidas na sala de aula, com a intenção de fazer com que o ensino da
Geometria venha ter uma nova configuração para minimização ou superação dos
problemas de aprendizagem no conteúdo específico de Geometria Plana.
Assim o presente trabalho foi desenvolvido no “Colégio Estadual Dr.
Generoso Marques” – Cambará – Pr. O trabalho foi desenvolvido com alunos de 6º
ano, proporcionando material de apoio para as aulas de Geometria, com a finalidade
de motivar o aluno e despertar o interesse pelo conhecimento geométrico e
melhorar suas habilidades matemáticas para solucionar problemas
contextualizados, presentes no seu cotidiano.
Durante todo o desenvolvimento do trabalho, foram feitas anotações sobre o
desenvolvimento dos alunos, com a finalidade de orientá-los no processo de ensino-
aprendizagem efetivo, incutindo nos alunos a importância da aprendizagem da
Geometria, desmistificando que ela é muito difícil de aprender.
Diversificar as aulas de matemática faz com que o aluno tenha entusiasmo,
se empolgue e aprenda sem perceber, deixando, consequentemente, mais
prazerosa e preparando o aluno para a melhoria de uma aprendizagem.
Para tanto foram propostas atividades com uso de vídeo, laboratório de
informática, materiais manipulativos, construção de maquete e resolução de
problemas práticos e contextualizados num estádio de futebol, aproveitando a
oportunidade que estava ocorrendo a Copa 2014, este tema foi escolhido por
abranger inúmeras possibilidades de abordagens em um contexto que provoca
muito interesse nos alunos. É importante ressaltar que este projeto valoriza a
apreciação dos conteúdos de forma lúdica, sem a necessidade de memorização de
dados.
2. FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA
No Brasil, a partir da década de 1980, a valorização do ensino da geometria
teve destaque nas reformas educacionais de todo país. Nos anos 90, pesquisas em
História da Matemática, surgiram com grande força na busca de embasamentos de
novas abordagens do ensino da geometria com o resgate de seu valor, trazendo-a
de volta aos textos nos livros didáticos e sendo contemplada nas propostas
curriculares nacionais.
Os conceitos geométricos constituem parte importante do currículo de
matemática no Ensino Fundamental, através deles, o aluno desenvolve um tipo
especial de pensamento que lhe permite compreender, descrever e representar, de
forma organizada, o mundo em que vive e pelo qual costuma se interessar
naturalmente. O trabalho com noções geométricas contribui para a aprendizagem de
números e medidas, pois estimula a criança a observar, perceber semelhanças e
diferenças, identificar regularidades e vice-versa.
Além disso, se esse trabalho for bem feito a partir da exploração do mundo
físico, de obras de arte, pinturas, desenhos, esculturas e artesanato, ele permitirá ao
aluno estabelecer conexões entre a Matemática e outras áreas do conhecimento.
(PCNs, 1997, p.39).
A geometria é a mais antiga manifestação da matemática. Ela surgiu das
necessidades do uso prático do espaço, as formas geométricas percorrem a história
da humanidade com grande riqueza empregada em diferentes atividades.
Afirmações sobre as origens da matemática sejam da aritmética seja da geometria
são necessariamente arriscadas, pois os primórdios do assunto são mais antigos
que a arte de escrever. [...] Heródoto e Aristóteles não quiseram se arriscar a propor
origens mais antigas que a civilização egípcia, mas é claro que a geometria que
tinham em mente tinha raízes mais antigas. Heródoto afirmava a ideia de que a
geometria se originava no Egito, pois acreditava que tinha surgido da necessidade
prática de fazer novas medidas de terras após cada inundação anual no vale do rio.
Já Aristóteles achava que a existência no Egito de uma classe sacerdotal com
lazeres é que tinha conduzido ao estudo da geometria. [...] O fato de os geômetras
egípcios serem às vezes chamados “esticadores de corda” (ou agrimensores) pode
ser tomado como apoio de qualquer das duas teorias, pois as cordas eram
indubitavelmente usadas tanto para traçar as bases de templos, como para realinhar
demarcações apagadas de terras. [...] O homem neolítico pode ter tido pouco lazer e
pouca necessidade de medir terras, porém seus desenhos e figuras sugerem uma
preocupação com relações espaciais que abriu caminho para a geometria.[...]
A preocupação do homem pré-histórico com configurações e relações pode
ter origem em seu sentimento estético e no prazer que lhe dava a beleza das
formas, motivos que muitas vezes propelem a matemática de hoje. [...]. (Boyer 1996,
p.4 – 5)
Assim, a importância do ensino da geometria é inquestionável. Ela aparece
como conteúdo estruturante de grande amplitude, considerada fundamental para a
compreensão histórica, legitimada nas relações sociais, constituindo elemento
fundamental nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (SEED,
2008) no estado do Paraná, além de constar em vários programas de avaliações,
dos diversos níveis, que fazem amplas abordagens da geometria.
Porém, o ensino da geometria ainda continua sem muita ênfase nas
escolas, muitos professores que atuam na rede estadual são oriundos da formação
acadêmica em que se relegava a geometria ao final dos textos didáticos e dão maior
importância apenas aos cálculos algébricos. As dificuldades encontradas por alunos
e professores no processo de ensino e aprendizagem da geometria são muito
conhecidas. De um lado o aluno não aprende o conteúdo apresentado por
desinteresse ou falta de relação com a realidade; por outro, professores que não
sabem como agir para que os estudantes aprendam a geometria com facilidade e
percam o medo dela.
Daí a necessidade de repensar os métodos, porque ainda existem muitos
professores que usam apenas o livro didático, o quadro e o giz para dar suas aulas
de geometria. Sendo assim é imprescindível que o docente deixe de lado o medo e
ouse mais no uso de novas metodologias que utilizam materiais manipulativos,
recursos tecnológicos e atividades contextualizadas, a fim de tornar as aulas de
matemática mais próximas da realidade do aluno.
D’Ambrósio, U. (2002, p. 20) pontua que: “O mundo atual está a exigir outros
conteúdos, naturalmente outras metodologias, para que se atinjam os objetivos
maiores de criatividade e cidadania plena”.
Por isso a educação escolar deve dar oportunidades aos educandos de
aprenderem através de atividades que tenham significado real, dando subsídios para
torná-los cidadãos capazes de resolverem problemas ligados a situações adversas
do seu cotidiano. Categoricamente isto é afirmado por D’Ambrósio:
O acesso a um número maior de instrumentos materiais e intelectuais dá, quando devidamente contextualizados, maior capacidade de enfrentar situações e de resolver problemas novos, de modelar adequadamente uma situação real para, com esses instrumentos, chegar a uma possível solução ou curso de ação. (D’AMBROSIO, 2002, p. 81)
Nos dias atuais, um dos grandes desafios no ensino de geometria é abordar
seus conteúdos na resolução de problemas, pois traduzir situações reais para a
linguagem matemática constitui uma maneira própria para melhor compreender,
prever, estimular e ainda mudar determinadas vias de acontecimentos, com
estratégias de ações nas mais variadas áreas de conhecimento.
Para Silva (1992) é urgente recorrer a um ensino de Matemática que articule
teoria e prática, conteúdo e forma a partir do resgate da questão cultural, para que
haja o desenvolvimento do raciocínio lógico, da criatividade, e do espírito crítico.
Desse modo o ensino da geometria torna-se significativo quando utiliza conceitos
aplicáveis na vida diária e ainda como suporte das inúmeras ciências como
arquitetura, física, engenharia, biologia, arte, entre outras. A geometria é um
elemento da matemática imprescindível na construção desses conhecimentos
científicos e tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se apropriar.
Os caminhos a seguir para proporcionar uma aprendizagem equilibrada no
ensino da matemática, em especial da geometria, apresentam conflitos entre vários
elementos contrastantes, como: concreto e abstrato, particular e geral, formal e
informal, útil e inútil, teórico e prático, entre outros. Sendo assim a matemática
precisa, entusiasmar, seduzir, apontar possibilidades e realizar novos
conhecimentos e práticas, porque o conhecimento se constrói através situações
desafiadoras de atividades significativas, que excitam a curiosidade, a imaginação e
a criatividade. Logo o desenvolvimento integral do educando só é possível quando
se promove a união do conteúdo escolar com vivências em outros espaços de
aprendizagem.
Diante deste cenário, é essencial criar estratégias que possibilitem ao
estudante atribuir sentido e construir significado às ideias matemáticas a fim de
torná-lo capaz de articular o que se aprende na escola, com o seu cotidiano, que são
práticas fundamentadas por vários documentos, como:
Na DCE – Rede Pública de Educação do Paraná diz:
A função da matemática não é apenas levar o educando ao domínio
de fórmulas e resoluções de problemas que exija raciocínio, mas a
formação de um estudante crítico, capaz de agir com autonomia nas
suas relações sociais e para isso, é preciso que ele se aproprie
também de conhecimentos matemáticos. (SEED – DEC-PR, 2008)
Desse modo é necessário ofertar ao educando a possibilidade de se apropriar
dos conceitos da matemática básica, para torná-lo crítico, politizado e ativo na
sociedade, pois os programas de capacitação orientam sobre as metodologias, e
deixam espaços a certa variação de parâmetros na abordagem dos conteúdos. E
adentrando nessa problemática cabe ao professor sistematizá-los, superando uma
perspectiva utilitarista, sem perder o caráter científico da disciplina, além de rever
sua postura, reavaliar seu propósito, remodelar as ferramentas, reestruturar-se, o
que requer estudo, análise: preparação.
Portanto a criatividade do docente se faz necessária na escolha de
estratégias valorosas que auxiliam a compreensão do aluno. Uma das ações
inovadoras referente ao ensino de geometria, que será utilizada na implantação
desse projeto, encontra-se na organização proposta pela DCNEM (MEC, 1999), na
qual destaca a importância de ”estimular todos os procedimentos e atividades que
permitam ao aluno reconstruir ou reinventar o conhecimento didaticamente
transposto para a sala de aula, entre eles a experimentação, a execução de
projetos, o protagonismo em situações sociais”.
Assim, a contextualização é uma estratégia que pode auxiliar o processo
ensino-aprendizagem da Geometria, articulando-a a situações reais do educando,
sendo isso destacado nos pressupostos dos Parâmetros Curriculares Nacionais:
O tratamento contextualizado de um conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo. Se bem trabalhado permite que, ao longo da transposição didática, o conteúdo do ensino provoque aprendizagens significativas que mobilizam o aluno e estabeleçam entre ele e o objeto de conhecimento uma relação de reciprocidade. (BRASIL, 1999, p. 42)
Segundo Smole é importante a busca dos conhecimentos que dão significado
ao aprendizado do aluno, aqueles que fazem parte do seu cotidiano, do mundo a
sua volta, da sua escola, da sua comunidade.
A contextualização do conhecimento sinaliza na direção de buscar
conhecimentos próximos ao vivencial dos alunos, da escola e de sua
comunidade de modo a dar significado ao que se aprende e evidenciar que
as aprendizagens escolares permitem um novo olhar para o mundo à volta
do aluno. (SMOLE, 2002, p. 40)
Na LDB também é salientada a importância da contextualização dos
conteúdos, e que se deve vincular a educação escolar com a prática social, a fim de
formar alunos com melhor desempenho de suas capacidades, principalmente no que
diz respeito à matemática:
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), aprovada em 1996,
título I da Educação, parágrafo 2º do artigo 1º: “A Educação escolar deverá
vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”, consta-se que foram
incorporadas preocupações a respeito de que a educação escolar se
constituísse de forma contextualizada, levando em conta o princípio
educativo do trabalho.
“Um cuidado, porém deve ser tomado na efetivação do que reza este artigo,
para que não se fortaleça a ótica do “mercado” que visa atrelar mecanicamente a
escola ao mundo de trabalho, buscando a formação de “mão-de-obra” flexível e
adequada às leis do próprio “mercado”. Cabe, portanto a defesa do princípio
educativo do trabalho, identificando-se as responsabilidades da escolar para com a
formação do homem trabalhador e cidadão”. (BRASIL, 1996, p. 8).
O aluno não pode passar pela escola sem que nele fique cravada a
responsabilidade de mudar sua realidade através dos estudos, para isso é preciso
que o coletivo escolar assuma sua função relevante para uma boa formação dos
alunos.
3. METODOLOGIA
Este trabalho de pesquisa teve como objetivo maior contribuir para a
melhoria da prática pedagógica nas aulas de Geometria, utilizando vídeo, atividades
contextualizadas, laboratório de informática e materiais manipuláveis, ou seja, a
experimentação como recurso, com a finalidade de desenvolver nos alunos o
interesse e a compreensão de conceitos fundamentais do currículo como área e
perímetro das figuras planas. Foram sujeitos os alunos do 6º ano do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual Dr. Generoso Marques, na cidade de Cambará e
sua linha de estudos organizada em ações que permitiram a concretização dos
objetivos gerais e específicos numa tentativa de estimular práticas inovadoras no
ensino e na aprendizagem desta disciplina.
Primeira Ação: Apresentação da produção didática-pedagógica para diretor,
professores e funcionários durante a semana pedagógica, a fim de obter
apoio para a implementação do projeto.
Segunda Ação: Desenvolvida com apresentação do Projeto de Intervenção
Pedagógica aos alunos do 6º ano “A”, destacando o seu objetivo, neste
momento houve por parte dos mesmos grandes entusiasmo e interesse sobre
o trabalho, principalmente quando souberam que seria com o futebol, a
paixão nacional.
Terceira Ação: Foram preparadas cópias de atividades impressas com
questões para análise sobre o vídeo que trata da Matemática no futebol. De
forma investigativa, procurou-se através dela descobrir os conhecimentos que
os alunos já haviam adquirido ao longo de seus estudos.
Quarta Ação: Nesta ação foi utilizado um vídeo sensibilizador Matemática no
Futebol, mostrando que em um simples jogo de futebol, que os alunos
apreciam tanto, pode-se extrair conteúdos matemáticos e diferentes formas
de serem explorados.
O vídeo escolhido faz parte da coleção de vídeos da TV Escola, na
série Matemática por toda parte, disponível no site do Mec, que trata da
relação de um estádio de futebol com figuras geométricas planas,
possibilitando, por meio do cálculo da área de figuras, chegar no número
aproximado da capacidade total de torcedores de um estádio.
Como era esperado correu tudo bem, os alunos assistiram
atentamente ao vídeo e gostaram muito, pediram para reprisá-lo, alguns
fizeram anotações que lhes foram pertinentes. Na medida em que surgiram
questões ou temas que não eram dos conhecidos por eles, foram feitas as
interferências necessárias, esclarecendo as principais dúvidas, como termos
matemáticos mencionados: vértice, arestas, nome de alguns polígonos,
pediram explicações quanto a esses termos e também já explorando os
conceitos que seriam necessários para a construção das maquetes.
Após o término do vídeo, foram feitos registros no quadro-de-giz
quanto à classificação dos polígonos de acordo com o número de lados, e a
importante classificação dos quadriláteros, logo após responderam às
seguintes questões sobre o vídeo:
Qual o assunto principal abordado no vídeo?
Quais Figuras Geométricas foram abordadas no vídeo?
O vídeo mostra como se chegar aos cálculos aproximados do número de
torcedores num estádio de futebol? Explique com suas palavras.
Para análise do trabalho foram escolhidas aleatoriamente algumas
respostas dos alunos e relacionadas no quadro abaixo:
Aluno A A matemática do futebol e a Geometria.
Trapézio e o retângulo.
Contava os números da arquibancada e fazia uma
multiplicação simples.
Aluno B Matemática no futebol.
Trapézio e retângulo.
Usando figuras geométricas.
Aluno C A geometria e a matemática no futebol.
Retângulo e trapézio.
Eles usaram formas geométricas, eles contavam as
pessoas e multiplicavam pela altura.
Aluno D A matemática no futebol.
Retângulo e o trapézio e outras.
Sim, ele conta primeira fileira e depois multiplica pelas
outras.
Aluno E Geometria na matemática.
Retângulo, trapézio, etc.
É simples é só contar quantas pessoas cabem na
primeira fileira e dos lados da arquibancada e assim tem
mais ou menos os cálculos.
Aluno F A geometria matemática do futebol.
Retângulo e trapézio.
Multiplica o comprimento pela altura.
Aluno G A geometria na matemática.
O retângulo e trapézio.
Sim, porque ele mede altura, fórmula, base maior +
base menor e dava a resposta.
Aluno H A geometria e o futebol.
O retângulo e o trapézio.
Sim, multiplicava o comprimento e a altura ou contava a
primeira fileira e multiplicava pelas as outras fileiras.
Aluno I Futebol com a geometria.
Retângulos e trapézios.
Em uma área retangular é só multiplicar o comprimento
com a altura que dá o resultado. E no trapézio é só
somar quantos torcedores cabem na fileira menor com a
fileira maior e multiplicar por quantas fileiras tem e dá
aproximadamente o valor.
Os alunos gostaram de assistir ao vídeo. De acordo com as respostas
da questão, qual o assunto principal do vídeo, ficou claro que todos
compreenderam e lembraram de quase todas as figuras que o vídeo mostrou,
porém algumas delas eles ainda não tinham conhecimento, que é
compreensível. Na última questão poucos responderam com clareza, outros
deixaram em branco, mesmo com o professor orientando para que
respondessem com as próprias palavras.
Como último passo dessa ação, foi entregue em folha cópia figuras
planas para que os alunos classificassem, houve facilidade por parte deles
nesta atividade, pois as figuras tinham sido muito comentadas por causa do
vídeo.
Através dessa ação pode-se perceber que esse vídeo Matemática no
Futebol é uma excelente opção para introdução de Geometria em todas as
séries do Ensino Fundamental, pois ele é muito bem explicado, suas imagens
são claras e bem objetivo em todos os conceitos nele tratado.
Quinta Ação: Para a realização desta ação foi preparado atividades
impressas, com o objetivo principal de que os alunos conseguissem construir
o conceito de área de figuras planas através de figuras quadriculadas, com o
auxílio de estórias infantis e um Tangram também construído em papel
quadriculado.
Com as estórias infantis os alunos foram construindo passo-a-passo o
conceito de perímetro e área de forma bem simples e com a linguagem do
cotidiano deles, pois as estorinhas retratavam como eles, que após a aula
Ronaldinho combinava com os coleguinhas para um jogo de futebol indo nas
casas do quarteirão de seu bairro, com isso, chegaram a conclusão de que
perímetro é o contorno lateral das figuras. Na outra estorinha eles se
identificaram ainda mais, pois ela contava que um menino, convidou os
coleguinhas para arrumar a bagunça de um terreno, ao final contaram os
quadradinhos respectivos à área do campinho que eles limparam para
brincar, encontrando assim área do terreno que conseguiram limpar pintando
e contando os quadradinhos iguais. Uma segunda folha foi entregue e nela
calcularam a área e o perímetro também usando os quadradinhos para
encontrar a área e o perímetro.
Na última folha entregue tiveram que traçar o Tangram no papel
quadriculado, após a leitura de sua lenda. Recortaram, pintaram cada peça e
calcularam a área e o perímetro uma a uma.
Logo após montaram personagens utilizando as peças do Tangram,
ficou um trabalho muito bonito e colorido, pois os alunos capricharam,
ninguém apresentou dificuldades para efetuar os cálculos pedidos. Foi feito
também a socialização dos trabalhos com a comunidade escolar através de
uma exposição.
Sexta Ação: Esta ação iniciou com uma conversa com os alunos, levando-os
a pensar sobre a necessidade da utilização das fórmulas para potencializar os
cálculos das áreas.
Os alunos manipularam materiais para revisar a medidas de área,
recortando o cm² em EVA e sobrepondo em figuras quadradas e retangulares
previamente desenhadas. Foi feito primeiro as figuras quadradas, onde
colaram os quadradinhos de EVA de 1cm² de lado sobre as mesmas, levando-
os a observarem que as medidas da base e da altura eram iguais, logo eram
quadrados, e sua área poderia ser calculada multiplicando os quadradinhos
dos lados iguais, concluindo que para calcular a área do quadrado basta
multiplicarmos lado x lado, então A= L x L.
Retângulos também foram sobrepostos pelas pecinhas de 1cm² e
observaram que as medidas eram iguais duas a duas, uma lado podia ser
chamado de base e o outro de medida diferente de altura, concluindo que sua
área pode ser calculada por A = b x h. Assim, foram calculados o perímetro e
a área do quadrado e do retângulo com suas fórmulas resolutivas.
Para complementar foram feitos quadrados de jornal de 1m de lado
(1m²) para medir a área do chão da quadra esportiva da escola, através da
comparação com a unidade de medida que construíram, chegaram a
conclusão de que seria mais prático se medissem suas dimensões e
utilizassem a fórmula resolutiva para realizarem o cálculo.
Os alunos gostaram muito desta atividade, porque além de ser feita
fora das paredes da sala de aula, colocaram em prática o que aprenderam na
sala de aula em uma situação real.
A respeito das áreas do quadrado e do retângulo, não houve
dificuldades por parte dos alunos quanto a utilização das fórmulas resolutivas.
No entanto, as áreas do triângulo, do paralelogramo e do trapézio
necessitaram de auxílio para compreenderem as suas fórmulas para o cálculo
de suas áreas.
Sétima Ação: Para a realização desta ação foram confeccionados
paralelogramos, retângulos e trapézios de EVA em tamanhos pequenos para
os alunos manipulassem e um cartaz em tamanho maior, para que todos
acompanhassem no quadro de giz a composição e decomposição da área de
figuras já conhecidas por eles e levando assim ao conhecimento das fórmulas
resolutivas da área: do trapézio, do paralelogramo e do triângulo.
Todos prestaram muita atenção, observando que a área do triângulo é
a metade da área do retângulo, por isso sua fórmula é A = b .h
2 e que a área
do paralelogramo é igual a do retângulo, bastava recortar uma das pontas e
fazer o encaixe na outra, assim a área do paralelogramo é A = b x h.
Os alunos compreenderam bem as fórmulas para calcular as áreas do
triângulo, retângulo e paralelogramo. Porém a do trapézio, não foi possível
que fizessem sozinhos, mas acompanharam bem o processo de composição
e, principalmente, entenderam que são dois trapézios encaixados, formando
um novo paralelogramo, então concluíram que a área do trapézio é
A=( B+b ). h
2.
Todas às expectativa quanto a construção do conceito de área das
figuras planas sugeridas foram superadas pelos educandos.
Os resultados desta ação estão de acordo com o citado no PCN: “Além
de organizador, o professor também é consultor nesse processo. Não aquele
que expõe todo o conteúdo aos alunos, mas aquele que fornece as
informações necessárias, que o aluno não tem condições de obter sozinho.
Nessa função, faz explanações, oferece materiais, textos, etc.” (2001, p.31).
Oitava Ação: Para esta ação foram preparadas atividades impressas com
figuras tema de futebol (trave de gol, campo) para que os alunos
respondessem questões referentes a áreas e perímetro de acordo com o que
se pedia. Os alunos apresentaram dificuldades na execução da atividade por
causa das operações que apareceram nos cálculos, alguns eram com
números decimais, tornando assim, esta ação difícil de ser concluída sem o
auxílio do professor, não em relação ao cálculo da área e do perímetro, e sim
quanto a realização das operações.
Nona Ação: Esta ação teve como objetivo a proposta para a construção das
maquetes e a formação dos grupos de alunos por afinidade, o entusiasmo foi
contagiante. Logo após, foram levados até o laboratório de informática para
pesquisar informações sobre os campos de futebol, suas medidas originais,
etc., onde comportaram-se muito bem, pois foram orientados de que
precisavam pesquisar e obter ideias para as construções das maquetes.
Décima Ação: Nesta ação os alunos começaram a construção das
maquetes do estádio de futebol. O entusiasmo foi contagiante, dedicaram-se
e trabalharam igualmente, dividindo as tarefas. Muitos alunos trouxeram os
materiais necessários para a confecção do trabalho, mas tiveram os que
esqueceram, a direção do colégio providenciou os materiais que faltaram,
para que nenhum aluno ficasse sem realizar a tarefa neste dia. Como as
medidas originais do campo de futebol foram obtidas através da pesquisa
feita no laboratório de informática da escola, foi baseando-se nelas que os
alunos trabalharam combinando que a escala seria de 1:100 para realizar a
construção do estádio, as linhas do campo foram riscadas igualmente por
todos os grupos. Quanto às arquibancadas, a construção foi feita com a
criatividade de cada grupo, porém para facilitar os cálculos ficou combinado
que, a cada metro de largura sentariam três pessoas.
Devido ao tempo, os alunos não conseguiram finalizar as maquetes,
todos acordaram que concluiriam os trabalhos nos próximos dois dias nas
aulas de matemática. As finalizações das maquetes foram surpreendentes,
realmente ficaram muito bem apresentadas, a direção do colégio elogiou os
maravilhosos trabalhos que foram produzidos pelos alunos.
Décima primeira ação: Esta ação foi realizada como fechamento de todas as
anteriores. Os alunos responderam e entregaram quatro perguntas propostas
quanto à construção de sua maquete:
1.Quais figuras geométricas você utilizou para construir sua maquete?
2. Qual é a área em cm² do gramado que você construiu?
3. Qual o perímetro em cm do gramado que você construiu?
4. Calcule a capacidade de torcedores, que possui o estádio que você
construiu?
Os alunos efetuaram os cálculos e chegaram ao número aproximado
da capacidade de torcedores de cada maquete. Observando os cálculos
constatou-se que eles não se esqueceram de seguir aos parâmetros
combinados, que eram de estimar que a cada 1 metro de comprimento ( no
caso centímetro) contariam 3 torcedores. Teve grupo que esqueceu de
calcular todas as arquibancadas, então, foi solicitado que mostrassem seus
cálculos e sua representação na maquete para que percebessem o que
estava faltando.
Apesar dos muitos resultados positivos com a aplicação do trabalho, o
que mais causou preocupação é com um dos maiores adversários da
Matemática: A distração, muitos alunos cometem erros não porque não
sabem, mas pela falta de concentração no que estão fazendo, muitos efetuam
cálculos errados, copiam errado, não memorizam a tabuada, etc. Nesses
casos os grupos foram convocados para fazer os devidos acertos.
Também foi realizada uma exposição oral dos resultados obtidos na
questão quatro a respeito do número aproximado de torcedores de cada
maquete, os alunos concluíram que apesar de terem feito arquibancadas de
formatos diversificados os resultados ficaram próximos.
Tal proposta foi implementada no primeiro semestre de 2014, com alunos do
6ºano Colégio Estadual Dr. Generoso Marques, no município de Cambará – Pr.
Participaram como sujeitos 28 alunos. Durante o percurso os alunos foram
receptivos ao projeto, demonstrando-se bastante diligentes à realização das
atividades.
4. RESULTADOS
Os resultados das atividades confirmaram a necessidade e a
importância do professor trabalhar com a Geometria de forma contextualizada, isto
é, a partir da realidade do meio em que os alunos vivem, para tentar obter a
melhoria no cenário do ensino e da aprendizagem desse importante eixo da
Matemática. O projeto proporcionou aos alunos reconhecimento de figuras planas
em seus cotidianos, e mostrou que, saber calcular suas áreas além de importante é
muito útil.
Segundo PCN (2001, p.25):
“A Matemática faz-se presente na quantificação do real – contagem, medições de grandezas – e no desenvolvimento das técnicas de cálculo com os números e com as grandezas. No entanto, esse conhecimento vai muito além, sistemas abstratos, ideias, que organizam, inter-relacionam e revelam fenômenos do espaço, do movimento, das formas e dos números, associados quase sempre a fenômenos do mundo físico”.
Através do desenvolvimento da Unidade Didática ficou claro que a
contextualização é um recurso que contribui para um trabalho pedagógico fecundo,
pois ocupa-se em evidenciar, junto aos conceitos, as razões, as necessidades, os
problemas e as dúvidas que constituem a produção de um conhecimento e faz com
que o aluno tenha entusiasmo, se empolgue e aprenda através da construção
desses conceitos evocando os âmbitos e dimensões presentes na vida pessoal e
social dos educandos.
Portanto, os conhecimentos almejados com esta proposta, para que
os alunos se apropriassem dos cálculos de área e perímetro de figuras planas e, por
conseguinte calculassem a capacidade de torcedores representados pela maquete
que eles construíram estavam corretos, logo se conclui que os mesmos aprenderam
a realizar tais cálculos de maneira satisfatória, com isso foi possível observar de
maneira geral que o objetivo foi atingido. Os alunos se sentiram muito mais
motivados do que quando são ensinados os conceitos geométricos como nos
moldes tradicionais da educação. É importante ressaltar que este projeto valorizou a
apreciação dos conteúdos de forma diferenciada e contextualizada, sem a
necessidade de memorização de dados.
No decorrer da implementação foram obtidos relatos dos alunos
sobre desenvolvimento do projeto. Segue abaixo alguns selecionados aletoriamente:
Aluno A Foi muito legal, eu nunca tinha ido no laboratório, porque nenhuma
professora tinha me levado.
Aluno B Eu achei muito legal, eu pesquisei muito e usei o que tinha
pesquisado no meu trabalho.
Aluno C Eu gostei de ter aplicado o que a professora ensinou na maquete
que nós mesmos construímos.
Aluno D Eu achei uma boa ideia porque além de eu saber mais sobre as
figuras geométricas aprendi a calcular a área delas de modo
diferente, parecia brincadeira.
Aluno E Foi muito importante a maquete, pois me fez estudar a as figuras
geométricas de agora sabemos que podemos usá-la no nosso dia a
dia.
Aluno F A maquete me fez entender bem as áreas das figuras planas,
quando meu pai for usar para alguma coisa vou poder ajuda-lo.
Aluno G Aprendi muito sobre as áreas e como calcula os torcedores de um
estádio de futebol.
Aluno H Muito bom, aprendi que com as áreas podemos calcular as pessoas
que cabe nos estádios de futebol.
Aluno I Aprendi que se eu saber as áreas das figuras facilita muito alguns
cálculos importantes, mas tenho que saber também as tabuadas.
Diante das respostas obtidas foi possível verificar uma tomada de
consciência sobre a importância de contextualizar conhecimentos, enriquecendo as
aulas de Geometria e também cabe dizer que é mais uma alternativa apta para
auxiliar o professor no dia a dia. Entretanto é necessário para que fique claro o papel
da contextualização, é necessário conduzi-la num fundamento epistemológico, que é
a relação entre parte e totalidade.
Assim contextualizar conceitos, não é exemplificar onde ele se aplica
ou que situação ele explica, mas sim mostrar que qualquer conhecimento existe
como uma resposta às necessidades sociais. É preciso saber articular os conteúdos
escolares ao cotidiano. Por esta razão considera-se necessário o domínio de novas
práticas metodológicas de ensinar, pois a boa formação só terá sentido se estiver
integrada com uma pedagogia diferenciada. De forma geral as atividades
contextualizadas trabalhadas com objetivos pré-definidos e com aspectos
qualitativos de aprendizagem, faz com que valorize a apreciação dos conteúdos
qualificando o nível de aprendizagem, despertando e beneficiando a interação,
favorecendo a participação e a motivação.
5. CONSIDERAÇÔES FINAIS
Este trabalho nos permite afirmar que as junções de atividades que
beneficiem a interação social, a cooperação e a experimentação em sala de aula,
podem fazer a diferença no ambiente escolar, pois é desse modo que ocorre a
participação ativa do educando em todo processo de construção do conhecimento.
Segundo Lorenzato (2006): Dar aula é diferente de ensinar. Ensinar é dar condições
para que o educando construa o seu próprio conhecimento. Vale salientar a
concepção de que há ensino somente quando, em decorrência dele, houver
aprendizagem. Portanto, só existirá aprendizagem realmente se o que se aprende
na escola tem sentido, consequentemente, é necessário que a Geometria leve o
aluno a uma melhor compreensão de sua teoria, e que na medida do possível seja
aplicada no seu cotidiano.
Destaca-se então que os conceitos geométricos quando trabalhados
a partir da realidade do meio em que vivem os alunos, passam a ser mais
interessantes e significativos, servindo como ótima opção metodológica para o
ensino de Geometria.
Vale lembrar também que as mídias como o vídeo sensibilizador
utilizado no trabalho geram desafios aos professores, exigindo dos educadores uma
nova postura frente à prática pedagógica. Conhecer as novas formas de aprender,
ensinar, produzir, comunicar e reconstruir conhecimento, é fundamental para a
formação de cidadãos melhor qualificados para atuar e conviver na sociedade,
conscientes de seu compromisso, expressando sua criatividade e transformando
seu contexto.
Segundo Moran (1995, p. 27- 35)
O vídeo parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos
os sentidos. Mexe com o corpo, com a pele, nos toca e “tocamos” os outros,
estão ao nosso alcance através dos recortes visuais, do close, do som
estéreo envolvente. Pelo vídeo sentimos, experienciamos sensorialmente o
outro, o mundo, nós mesmos.
Às práticas educacionais distintas pode provocar transformações na
prática dos professores, porém a inserção de recursos como a TV, vídeo,
computador, materiais manipuláveis, etc. em sala de aula somada a atividades
contextualizadas é apenas um passo, sendo necessário ir além da inovação,
transformando as aulas de Geometria, prazerosas e qualificadas, valorizando o
processo de aprendizagem através da construção de conhecimentos.
6. REFERÊNCIAS
BRASIL. Leis, Decretos, etc. Leis Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9394/96. Brasília, MEC, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais – Matemática. Brasília, 1997.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio): Ciências da Natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC, 1999.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. 3ª ed. Brasília, 2001.
BOYER, C. História da Matemática. 2. Ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1996.
CHIUMMO, Ana. O Conceito de área de figuras planas: Capacitação para professores no ensino fundamental. 1998. 181 f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Matemática, Puc, São Paulo, 1998. CONSTRUÇÃO de Tangram. Disponível em:< http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/como-construir-tangram.htm/> Acesso: 30/09/2013. D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. 2. Ed. Campinas: Papirus, 2002. DINIZ, Mª Inês de S.Vieira; SMOLE, Kátia Stocco. Um professor competente para o ensino médio proposto pelos PCNEM. São Paulo, Educação Matemática em Revista, ano 9- nº 11ª – Edição Especial – p.39-43, abril de 2002. LORENZATO, Sérgio. Para aprender matemática. Campinas: Autores Associados. 2006. MAURI, Rita de Cássia Pavani Lamas, Alexsandra Ribeiro Cáceres, Fabiana Mara da Costa, Inaiá Marina Constantino Pereira, Juliana. ENSINANDO ÁREA NO ENSINO FUNDAMENTAL. 2005. 449 f. Artigo (3º) – Unesp - Ibilce, São José do Rio Preto, 2005. MATEMÀTICA no futebol. Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=WUV06dhQYXI/> Acesso: 06/09/2013 MORAN, J. M. O Vídeo em sala de Aula. Comunicação & Educação, São Paulo, v. 2, p. 27–35, jan./abr. 1995.
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