OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA ......AS MÍDIAS NA ESCOLA – O USO DO BLOG COMO...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
AS MÍDIAS NA ESCOLA – O USO DO BLOG COMO PRÁTICA DE ENSINO PARA
AS AULAS DE CIÊNCIAS E OS CIRCULOS DE CULTURA
MORAES, Denise Rosana da Silva1
BALLA, Cristiane de Bastiani²
RESUMO: O objetivo deste projeto de ação é contribuir com as práticas de formação dos professores e professoras do Colégio Estadual Dom Manoel Konner com o intuito de estabelecer um dialogo acerca das tecnologias, e seu uso didático-pedagógico. Intenciona ainda, propiciar a reflexão acerca de nossas práticas pedagógicas contribuindo assim para avanços significativos no processo de ensino e de aprendizagem para que realmente ocorra a efetivação do conhecimento científico. Procura responder a seguinte questão: As tecnologias e suas mídias contribuem com o processo de ensino e aprendizagem no âmbito da escola? Com o aporte dos Estudos Culturais e da metodologia da pesquisa ação desenvolvemos estudos no que denominamos círculos de cultura cuja finalidade foi ampliar a compreensão de que os recursos tecnológicos são ferramentas mediadoras importantes para o processo de aprendizagem, entretanto, precisam ser utilizados com cautela para que não fiquem restritos apenas ao uso mecânico. Para a materialidade desse projeto de ação foram oportunizados encontros de estudos, debates e elaboração de material didático com professores/as de diversas áreas. Consideramos que essa junção de esforços tem como possibilidade efetivar a interdisciplinaridade entre as áreas, para contribuir e construir metodologias que dêem novos encaminhamentos para a prática em sala de aula. Os/as profissionais da educação que participaram dos encontros e produções foram certificados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) ao final dos estudos. Como resultado dessa ação de intervenção pedagógica na escola, o mais significativo, além da produção de material didático com o uso das mídias, foi ainda a interlocução entre os pares evidenciando a importância de momentos de formação continuadas. A participação no PDE oportunizou isso, o vislumbre de voltar à universidade dialogar com diferentes áreas e retornar à escola como o espaço legítimo da mudança, para que a formação tenha repercussão na prática-teoria-prática. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia. Mídias. Formação de Professores. Escola. Conhecimento .
1 INTRODUÇÃO
O uso das mídias na escola ainda é fruto de resistência por parte de alguns
professores/as. De um lado temos algumas escolas que contam com essas
ferramentas, porém, as mesmas encontram-se sucateadas e obsoletas, em desuso,
1 Dra. em Educação, Professora Adjunta da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Campus de Foz do Iguaçu. Curso de Pedagogia e do Mestrado em Sociedade, Cultura e Fronteiras. Líder do Grupo de Pesquisa: Políticas Avaliativas, Mídias e Formação de Professores. Orientadora do PDE/PR. Email: [email protected] ² Professora da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná, vinculada ao Programa de Desenvolvimento Educacional PDE/PR. Email: [email protected]
por outro temos professores/as que não se sentem suficientemente formados para
trabalhar com clareza o uso das ferramentas midiáticas em salas de aula.
Pensar no processo de ensino e aprendizagem com o uso de recursos
tecnológicos é necessário, uma vez que convivemos e fazemos parte de uma
sociedade extremamente informatizada.
As escolas públicas do Estado do Paraná contam com a existência de
laboratórios de informática, alguns com acesso à internet onde é possível explorar
este ambiente digital com os/as alunos/as. Além do laboratório de informática,
possuem outros recursos tecnológicos que podem auxiliar o/a professor/a no
exercício docente, como TV multimídia, data show, microscópio óptico, lupa
eletrônica, rádios e outros equipamentos.
Este projeto de formação que intentamos organizar na escola, foi
oportunizado pela participação no Programa de Desenvolvimento Educacional
(PDE/PR)2 e teve como objetivo dialogar com os/as professores/as em relação às
tecnologias, e seu uso didático-pedagógico. Intencionamos ainda, propiciar a
reflexão acerca de nossas práticas pedagógicas contribuindo assim para avanços
significativos no processo de ensino e de aprendizagem para que realmente ocorra a
efetivação do conhecimento científico.
Para a materialidade desse projeto de ação foram oportunizados encontros de
estudos, debates e elaboração de material didático com os/as professores de todas
as disciplinas do Colégio Estadual Dom Manoel Konner. Essa junção de esforços
teve como objetivo efetivar a interdisciplinaridade entre as áreas, para contribuir e
construir metodologias que dêem novos encaminhamentos para a prática em sala de
aula. Os/as profissionais da educação que participaram dos encontros e produções
foram certificados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) ao
final dos estudos.
Para tanto, o objetivo desta ação foi efetivamente a promoção de grupos de
estudos de formação continuada com professores e professoras sobre o uso e
inserção das tecnologias no espaço escolar contribuindo para a qualidade da prática
de ensino e aprendizagem.
2 O PDE é uma política pública de Estado regulamentado pela Lei Complementar nº 130, de 14 de julho de 2010
que estabelece o diálogo entre os professores do ensino superior e os da educação básica, através de atividades
teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na
prática escolar da escola pública paranaense. Disponível em:http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br.
Contudo, com o decorrer dos estudos, observamos junto aos professores/as
dificuldades encontradas na escola quando tentam fazer uso da tecnologia, nos
grupos de estudos havia a abertura da troca de experiências, que oportunizaram
uma discussão pertinente a respeito das tecnologias como contribuição para a
prática pedagógica, sendo elaborado ainda, um importante material didático
referente à disciplina de Ciências e um Blog nas diversas disciplinas do currículo
básico como ferramenta de aprendizagem e troca pedagógica.
A pesquisa que ora apresentamos seu desenvolvimento, bem como os
resultados, é de cunho qualitativa e está pautada na metodologia da pesquisa-ação.
Para Thiollent (2002), a metodologia da pesquisa voltada para descrição de
situações concretas e para intervenção ou a ação orientada é de fundamental
importância para contribuir com a realidade escolar, propondo ações
transformadoras como objetos de deliberação. Na pesquisa ação é realizada uma
estreita aproximação com uma ação ou resolução de um problema coletivo, no qual
o/a pesquisador/a, nesse caso, o professor/a PDE junto com os pares estão
envolvidos de modo cooperativo e participativo.
Assim, organizamos esse artigo da seguinte forma, inicialmente uma breve
introdução do nosso objeto de estudo, num segundo momento como foi organizada
a ação e seu desenvolvimento junto aos colegas professores/as. Após esse
momento inicial apresentamos discussões relativas ao uso das TIC em sala de aula
e dialogamos com autores que defendem a formação continuada do professor e o
Uso das Tecnologias em Sala de Aula, e finalmente abordamos, brevemente como
organizamos o que denominamos como os círculos de cultura junto aos nossos
pares na escola.
2. Desenvolvimento da ação de intervenção na escola.
O projeto de ação foi desenvolvido no Colégio Estadual Dom Manoel Konner,
uma instituição de ensino pública, situada na cidade de Santa Teresinha de Itaipu,
distante cerca de 18 km da cidade de Foz do Iguaçu. Foram convidados à participar
do estudo, professores/as e funcionários/as das diversas áreas da referida escola.
Iniciamos a ação de intervenção no início na semana pedagógica de dois mil e
quatorze após a apresentação do projeto de extensão à comunidade escolar.
Primeiramente foi elaborado um diagnóstico acerca de como os recursos
tecnológicos vinham sendo utilizados pelos/as professores/as e funcionários/as em
seu cotidiano escolar.
Em seguida todos foram convidados a participar de grupos de estudos
referentes ao uso das tecnologias e seus recursos em sala de aula.
O grupo de estudos reuniu-se no Colégio Estadual Dom Manoel Konner no
decorrer do primeiro semestre de 2014, com a realização de oito encontros de
quatro horas de duração, que ocorreram em contra turno.
Inicialmente os debates realizados no grupo de estudo foram subsidiados por
leituras de fundamentação teórica sobre as tecnologias e suas mídias e enfatizaram
a concepção pedagógica crítica do seu uso, já que esse sempre foi o nosso objeto,
desmistificar a idéia da mídia como meramente instrumental.
Por fim, foram elaborados alguns materiais didáticos, mais especificamente
voltados à construção de Blogs, para que todos nós pudéssemos compartilhar
nossas experiências, visto que este recurso tem um grande potencial de contribuição
com a melhoria da aprendizagem dos/as alunos/as.
Optaram em participar dos círculos de cultura doze professores/as das
diversas áreas do currículo básico. Todos participaram dos encontros, até sua
finalização, bem como realizaram as leituras e executaram as atividades propostas.
3. O USO DAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA
Atualmente, muito se discute em relação aos recursos tecnológicos para as
aulas das diversas disciplinas, mas, esses meios são pouco utilizados por parte
dos/as professores/as, ainda mais porque os/as alunos/as tendem a dominar o uso
ferramental das tecnologias e os/as professores/as sentem-se aquém desse
conhecimento.
Consideramos fundamental, e depois da execução dessa ação junto aos
colegas ficou muito mais clara a intenção, de que o/a professor/a conheça os
recursos tecnológicos disponíveis na escola para além do instrumento técnico, mas
pedagógico conforme Moraes (2013). Saber utilizar os mesmos com o objetivo de
contribuir com os encaminhamentos metodológicos e o trabalho pedagógico,
portanto, na tentativa de uma leitura crítica desses aparatos, é tarefa urgente.
É importante lembrar que as instituições escolares só avançarão em relação
ao uso de tecnologias como ferramenta de aprendizagem se houver formação para
os/as profissionais da escola bem como recursos tecnológicos disponíveis como
afirma Moran (2012, pág.90):
Para que uma instituição avance na utilização inovadora das tecnologias na educação, é fundamental a capacitação de docentes, funcionários e alunos no domínio tecnológico e pedagógico. A capacitação técnica os torna mais competentes no uso de cada programa. A capacitação pedagógica os ajuda a encontrar pontes entre as áreas do conhecimento em que atuam e as diversas ferramentas disponíveis, tanto presenciais como virtuais.
Acreditamos que o/a professor/a em formação, precisa estar disposto a
implementar mudanças em sua ação pedagógica, e este é um processo longo e
contínuo, lembrando que as mudanças devem ter como objetivo conhecer
aprofundadamente seu campo de estudo com a finalidade de uma repercussão
crítica em sua sala de aula.
Freire, 1996, p. 23 afirma que:
(...) ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador da fórmula, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém.
Entretanto, é bom salientar que as mudanças no processo educacional não
dependem somente dos/as docentes, que valorizam e estimulam a busca dos
conhecimentos, mas também no âmbito macro, das políticas educacionais e na
escolha de gestores e coordenadores/as pedagógicos que estejam envolvidos nesse
processo de apropriação pedagógica.
A função da equipe diretiva da escola, além de promover a formação,
incentivando os/as professores para que participem ativamente das ações, ainda
deve contribuir com a materialidade dessa formação. Assim, pode organizar tempo e
espaço para estudos bem como, materiais e ferramentas necessárias para que
ocorra.
Essa articulação entre as instancias da escola redundarão em mudanças
que contribuirão para a aprendizagem dos/as alunos no campo da escola e da
educação.
O uso de recursos tecnológicos na prática docente é algo ainda muito
distante para alguns profissionais da educação. Neste sentido, este artigo retrata a
nossa experiência junto a escola com o efetivo trabalho e o uso de recursos
tecnológicos, especificamente o computador como prática de ensino e
aprendizagem nas escolas. A idéia não é de inventar a roda, isso já foi realizado,
mas utilizar os recursos midiáticos disponíveis na escola para atualizar as nossas
aulas, bem como aproximar os nossos saberes aos dos alunos, que podem nos
auxiliar no domínio da ferramenta.
Ao trabalhar com uma diversidade de instrumentos tecnológicos o/a
professor/a possibilita aos alunos dezenas de oportunidades e maneiras de
expressar seu conhecimento, fazendo assim cumprir o verdadeiro papel social da
escola.
Um ambiente de aprendizagem com recursos tecnológicos disponíveis em
bom estado de uso, só fará sentido se o/a professor/a tiver clareza do que pretende
alcançar e com quais objetivos. Ao contrário, um ambiente que não estimula esse
processo de aprender não se constitui como formativo, e com isso, os/as alunos/as
ao não perceberem esse objetivo sentem-se desestimulados.
Para Moreira, (1999, p.62.)
As relações que se estabelecem entre o que o estudante já sabe e o conhecimento específico a ser ensinado pela mediação do professor não são arbitrárias, pois dependem da organização dos conteúdos, de estratégias metodológicas adequadas, de material didático de apoio potencialmente significativo, e de ancoragem em conhecimentos especificamente relevantes já existentes na estrutura cognitiva do estudante.
Para que realmente as relações citadas acima se estabeleçam o/a
professor/a deve ser mediador do processo ensino e aprendizagem, no sentido de
evidenciar a prática-teoria-prática.
Os recursos tecnológicos são ferramentas mediadoras importantes para o
processo de aprendizagem, entretanto, precisam ser utilizados com cautela para que
não fiquem restritos apenas ao uso mecânico. Como conseqüência do uso precisa
ocorrer à aprendizagem como afirma Moraes, (2013, p.89):
É importante o papel do/a professor/a como mediador de conhecimento diante da exposição dos educandos/as aos aparatos midiáticos. Esclarecer que as tecnologias e suas possibilidades de interação são indiscutíveis e tem auxiliado a democratização das relações por exemplo. Entretanto, é necessário tecer uma discussão crítica dessas modalidades interativas, e isso é função do/a professor/a, como responsável pelo ensino com consequente aprendizagem.
Dificilmente encontramos na escola alunos/as que não têm acesso ao
computador com internet em casa. Eles/as utilizam esta ferramenta para fazer
pesquisas curtas, com pouca profundidade, dado a fluidez das informações, e ainda,
se detém mais em jogos e entretenimento. Os/as professores/as são orientadores
legítimos dos alunos sobre os perigos que a rede também pode oferecer, a fim de
auxiliá-los no que chamamos de bom uso. Os perigos que a internet pode oferecer
são muitos, entre eles a pedofilia, crimes de racismo e apologia à violência, entre
outros. É preciso desmistificar esses usos, intentando uma discussão sadia e plural,
com vistas a estabelecer relações de respeito e solidariedade no campo da escola
com repercussão na sociedade.
4. A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR E O USO DAS TECNOLOGIAS
EM SALA DE AULA
O uso das tecnologias e suas mídias em sala de aula exigem do/a professor/a
um conhecimento básico de como lidar com esses aparatos. Assim, precisam estar
preparados pedagogicamente para a inserção das tecnologias na sala de aula. O
processo de formação continuada, com a efetiva participação dos/as professores/as
envolvendo as tecnologias, é uma alternativa para os profissionais da educação que
acreditam na necessidade de adotar uma nova postura e pretendem dinamizar e
aprimorar a sua prática pedagógica. Se tratando da formação de professores, Brito e
Purificação (2008, p.29) afirmam que:
A educação necessita de sentido, e os educadores precisam acreditar em si, nos valores que defendem, ou seja, ter convicção de suas idéias. Assim, tornam-se primordiais a formação e
transformação do professor, que deve estar aberto às mudanças, aos novos paradigmas, os quais obrigarão a aceitar as diversidades, as exigências impostas por uma sociedade que se comunica através de um universo cultural cada vez mais amplo e tecnológico.
Nesse sentido, Moraes (2013) se coaduna as autoras quando se refere à
formação continuada como uma ação intencional que tem início e não tem fim.
A LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) nº 9.394/96, em
seu Título VI, que trata dos profissionais da educação, em dois de seus artigos, o
art. 62 e o art. 67, apresenta a necessidade da utilização das tecnologias na
formação continuada e o compromisso dos sistemas de ensino em promovê-la,
respectivamente.
A Lei nº 12.056/2009 LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) acrescenta no art. 62 três parágrafos que reforçam a necessidade da
formação continuada para os docentes e o uso das tecnologias nestas formações:
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério. § 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância § 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância (BRASIL, 1996, p. 22-23).
No art. 67, a LDBEN assegura a promoção da formação continuada para os
professores da rede pública, por parte dos respectivos sistemas de ensino:
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: II – aperfeiçoamento profissional continuado [...] (BRASIL, 1996, p. 23).
Quando se trata da formação continuada de professores em Tecnologia
Educacional, o Ministério da Educação por meio da SEED/MEC elaborou o Decreto
nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007, que trata do PROINFO – Programa Nacional
de Tecnologia Educacional. No parágrafo único, do Art. 1º, o decreto apresenta
como um dos seus objetivos a capacitação dos professores para o uso das TIC:
“São objetivos do PROINFO: [...] III – promover a capacitação dos agentes
educacionais envolvidos nas ações do Programa” (BRASIL, 2007, p. 1).
Acreditamos, que o maior desafio do/a professor/a seja a mudança na
prática pedagógica com vistas a melhoria do processo de ensino e aprendizagem
como afirma (MORAES, 2013, p.39).
O PROINFO, em sua gênese, intenciona gerar mudanças nas práticas pedagógicas e na gestão escolar, respeitado o princípio da gestão democrática no ensino público nacional. Insere-se em um conjunto de ações voltadas ao fortalecimento da ação pedagógica do/a professor/a em sala de aula, para ampliar o envolvimento da sociedade na busca de soluções educacionais e modernização com inovações tecnológicas a serem introduzidas no processo de ensino e de aprendizagem.
Com tantas mudanças na sociedade atual, faz-se necessário uma nova
organização frente aos encaminhamentos metodológicos e ações voltadas ao
trabalho com os alunos/as. Portanto o PDE/PR pode significar uma nova proposta
formativa quando elenca como prioridade, o tempo e o espaço de formação em
interlocução com as IES.
O professor/a ao problematizar os conteúdos científicos escolares a partir do
contexto de vida dos/as alunos/as, isto é, o conhecimento que os mesmos
aprenderam na educação não formal como: na igreja, nos clubes e na família, deve
utilizar-se destes conhecimentos, proporcionando sua compreensão crítica,
principalmente na disciplina de ciências, nossa área de atuação, onde as crenças e
folclores que muitas vezes são impostos pela sociedade são percebidos como
verdades e não apresentam comprovação científica.
Freire, 1992, p.70 afirma que:
[...] não há como não repetir que ensinar não é pura transferência mecânica do perfil do conteúdo que o professor faz ao aluno, passivo e dócil. Como não há também como não repetir que, a partir do saber que os educandos tenham não significa ficar girando em torno deste saber. Partir significa pôr-se a caminho, ir-se, deslocar-se de um ponto a outro.
Especificamente o professor/a da disciplina de Ciências pode estar voltado/a
para a desmistificação desses preconceitos e tabus impostos aos alunos/as e que
surgem na prática teórica da disciplina, e muitas vezes estão enraigados por muitas
gerações.
Difícil seria pensar num ensino de Ciências, disciplina esta de grande
complexidade, sem a utilização de recursos tecnológicos como estratégias de ensino
que como consequência levaria a aprendizagem dos/as alunos.
4.1 A Ação com os professores/as: repercussões na escola, os círculos de
cultura
Nos oito encontros presenciais de formação, foram disponibilizados aos
professores/as textos que fundamentavam as discussões e atividades práticas
realizadas com aparatos tecnológicos da própria escola.
As discussões eram pautadas no domínio pedagógico e instrumental.
Muitos/as professores/as acreditavam que receberiam nos encontros de formação
“receitas”3 de como trabalhar com o computador sem uma análise teórica.
Os/ as professores/as, conjuntamente nos círculos de cultura discutiram e
receberam orientações metodológicas de como trabalhar em sala de aula com
recortes de filmes, músicas, softwares, pesquisa na internet e construção de blogs.
Enfatizamos que esses recursos devem ser trabalhados de forma que proporcionem
aos alunos/as à compreensão de que são aparatos utilizados no processo de
ensino e de aprendizagem e não vistos com a finalidade de passa tempo ou
momento de distração. Apesar de que também tem essa natureza.
Houve momentos de discussão que desmistificaram a ideia de que o/a
professor/a deve dominar os aparatos tecnológicos relegando a segundo plano o
domínio pedagógico, afinal apresentamos a natureza e a especificidade da
educação e do ato educativo como norteador da nossa ação.
No desenvolvimento de cada encontro os/as professores/as recebiam
orientações sobre uma determinada atividade a ser desenvolvida ao longo da
semana com sua turma de alunos/as. Alguns apresentavam mais dificuldades, e
relatavam isso nos círculos de cultura, outros não enfrentavam problemas e todos
dentro dos seus limites e possibilidades realizavam as experiências docentes
inovadoras, para eles/as, com o uso das mídias.
3 Grifo nosso
Ficou evidente nos debates e troca de experiências que os/as docentes, são
frutos de uma formação descontinuada, onde discute-se pouco, exige-se muito e
cobra-se muitas vezes resultados dos quais o professor não foi preparado para obtê-
los.
Essa distancia entre o que se deseja e o que se têm, foi alvo de intensas
discussões como forma de possíveis novos encaminhamentos na formação.
Ficou claro ainda que os/as professores querem sim, estudar, aperfeiçoar
seus saberes e conhecimentos, assim, foi unânime entre os/as participantes a
defesa da continuidade dos nossos círculos de cultura, inaugurados na escola entre
os/as colegas com repercussão nas salas de aula, de acordo com relatos deles
mesmos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização desta pesquisa de intervenção-ação foi possível concluir
que a realização da formação continuada voltada aos professores não é uma tarefa
fácil, e, portanto, precisa ser repensada de acordo com a maneira que o profissional
administra sua carreira.
A formação continuada é um fator determinante que auxilia o professor em
suas práticas pedagógicas cotidianas, no entanto, são perceptíveis as práticas
descontinuadas desse modelo de formação, que não estão auxiliando o professor a
pensar e redimensionar a sua própria ação. Nossa busca, com esse projeto de
intervenção pedagógica na escola, foi atender o anseio dos/as colegas que sentem
esse distanciamento entre o que se quer e o que se tem. Assim, por meio do que
denominamos nossos círculos de cultura, embasadas nas pesquisas e práticas de
Paulo Freire, tomamos para nós essa responsabilidade de contribuir com a
formação, no sentido de que cada professor e professora sejam autores de sua
história.
A formação no PDE se aproxima do que é denominado por formação de
professores e contribui significativamente com a realização de estudos, de forma
que o profissional dispõe de tempo para desenvolver sua formação em consonância
com a universidade, a partir deste modelo formativo. No entanto, alguns destes
ainda têm a necessidade de receber orientações pedagógicas, salientando que
defendemos que esta lacuna poderá ser preenchida no âmbito da universidade, com
a realização de projetos de formação continuada em serviço.
Desenvolvemos esta proposta de ação através dos círculos de cultura,
baseada nos estudos do PDE, em colaboração com a universidade, utilizando como
tema principal "a inserção das tecnologias e as mídias no espaço escolar e ação do
professor/a. A partir da sua realização, foram detectadas inúmeras dificuldades por
todo o grupo no que se refere ao avanço acirrado das tecnologias no mundo
contemporâneo.
Desta forma foi organizado grupo de estudos possibilitando o diálogo e
vivencia em sala de aula, da prática adquirida sobre o uso da internet. Assim foi
possível trabalhar online através do grupo de trabalho em rede (GTR) da Secretaria
do Estudo e Educação (SEED). Para que a prática no GTR fosse mais eficaz,
deveria haver leituras dos textos que foram somente citados, já que nos círculos de
cultura presenciais, estes textos eram lidos de forma a proporcionarem discussões.
Sendo assim, houve muitas reclamações, pois muitos participantes não
conseguiram absorver as mensagens, e ficaram certos de que os recursos da escola
estão ineficientes apesar de não ser este o objetivo.
Entretanto, para nós ficou claro, no que diz respeito à dificuldade que nos
reserva esta profissão, principalmente em se tratando de acesso as tecnologias, pois
por não terem acesso ao material fornecido, não foi possível aos demais colegas
tornar evidente a prática da teoria adquirida.
Assim finalizamos esse projeto com vontade de continuar, pois foi muito
gratificante para todo nosso grupo. Não teríamos as discussões que nos aguçaram a
construção de um blog educativo, incentivado pelo grupo de estudo. Salientamos
aqui que as novas descobertas, no campo da pedagogia através das mídias foram
discutidas na sala dos professores incitando a curiosidade daqueles que não faziam
parte deste grupo.
Podemos dizer então que o professor é interessado na formação constante,
desde que ele não seja um mero coadjuvante e sim, participante de maneira bem
expressiva.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:
número 9394/96. Brasília: 1996. BRITO, Glaucia da Silva, PURIFICAÇÃO, Ivonélia da. EDUCAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS: UM RE-PENSAR. Curitiba: Ibpex, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MORAES, Denise Rosana da Silva. O PROGRAMA MÍDIAS NA EDUCAÇÃO E NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS: LIMITES E POSSIBILIDADES. Tese de Doutorado em Educação. Universidade Estadual de Maringá. Maringá, PR, 2013. MOREIRA, Marcos Antonio, A aprendizagem significativa. Brasília: UNB, 1999.
MORAN, José Manuel, A Educação Que Desejamos: novos desafios e como chegar lá. São Paulo: Papirus, 2012. THIOLLENT, Michel, Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo; Cortez, 2002. Disponível em: www.educacao.pr.gov.br. Acesso em 04 de junho de 2013.