Os correios do nosso descontentamento D - gazetacaldas.com · que foi notícia nacional e veio...

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Jornal fundado em 1 de Outubro de 1925 ANO XCIII / Nº 5208 SEXTA-FEIRA 12 JANEIRO DE 2018 PREÇO: 0,80€ ASSINATURA ANUAL: 24,50€ DIGITAL: 15€ www.gazetacaldas.com Director: José Luiz de Almeida Silva Director Adjunto: Carlos M. Marques Cipriano facebook.com/gazetacaldas Tel:262870050 / Fax: 262870058/59 [email protected] / [email protected] / [email protected] / [email protected] D esde que os Correios foram privatizados o ser- viço tem piorado e parece agora estar a bater no fundo. As queixas pelos atrasos na distri- buição são uma constante, o serviço na estação das Caldas é desesperante, os carteiros queixam-se que há falta de pessoal e que os obrigam a fazer giros cada vez maiores. Uma coisa é certa: o serviço pos- tal universal, que era uma das condições do cader- no de encargos quando o Estado vendeu os CTT, não está a ser cumprido pelos novos donos da empresa. É certo que pontualmente se vêem carteiros a distri- buir correio ao sábado porque não houve capacidade para o fazer durante os dias úteis. E também é certo que a entrega do correio normal deixou de ser diária. Gazeta das Caldas, dependendo em grande parte dos Correios para poder levar o jornal aos seus mi- lhares de leitores, tem sido gravemente prejudica- da por esta degradação do serviço e perdido mui- tos assinantes porque estes deixaram de encontrar à sexta-feira na sua caixa do correio as notícias que queriam ler no fim-de-semana. Um problema que também é partilhado por toda a imprensa regional, como se pode ver pelos testemunhos do Jornal de Barcelos, Alvorada e Diário do Alentejo. Empresas, Serviços Municipalizados, operadoras de telecomunicações queixam-se do atraso na corres- pondência e em como esta faz com que os clientes paguem as facturas depois do atraso. Gazeta das Caldas perguntou à responsável do Centro de Emprego das Caldas da Rainha, Célia Roque, se sentia o mesmo problema, mas esta não respondeu. Contudo, de acordo com um relatório da Provedora do Desempregado, todos os relatórios da Comissão de Recursos apontam como a principal causa de anu- lação da inscrição para emprego a deficiente pres- tação dos CTT. Politicamente, os partidos mais à esquerda já rei- vindicam a reversão da privatização e os de direita um maior controlo do Estado sobre o serviço pos- tal dos CTT. Por sua vez, a administração dos Correios, contactada pela Gazeta das Caldas mostra que está em estado de negação ao assegurar que não nota qualquer degra- dação do serviço que a empresa presta. Pág. 2 a 7 Há 53 anos houve um “monstro” no Vau que muita tinta fez correr nos jornais Foram três meses em que a aldeia do Vau, em Óbidos, viveu um verdadeiro filme de terror. Estávamos em 1964 e a população saía armada à rua porque tinha medo de dar com a misteriosa fera. Um lobo? Uma hiena? Um urso? Várias eram as versões que se contavam, foram duas as ba- tidas organizadas para caçar o ani- mal, mas a única verdade que se confirmava é que este se alimentava dos cães daque- la zona. O “bicho” foi depois en- contrado morto no Casal do Ameal, na proprieda- de de Henrique Clemente Félix, 96 anos, com quem Gazeta das Caldas falou para recordar esta história – que foi notícia nacional e veio depois a tornar-se uma lenda no Vau. Afinal, a maldita fera era um lobo. Anos mais tarde (1973) a his- tória repetir-se-ia em Rio Maior com um leão que afinal também não era. Centrais Formação em Gestão e Bem-Estar para o Termalismo na EHTO anunciado no dia da concessão da água termal A transformação da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste num centro de especializa- ção para formar recursos na área da gestão e wellness (bem-estar) para apoio ao termalis- mo foi a prenda que a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, trouxe às Caldas aquando da cerimónia de assinatura do contrato de concessão da Água Termal. Este acto, que decorreu na passada terça-feira e que contou com a presença também do se- cretário de Estado da Energia, Jorge Sanches, foi considerado por Tinta Ferreira como um “dia histórico” para as Caldas, que culmina com o processo de negociações com a administração central para a concessão das águas termais, e tam- bém do património termal, do Parque e da Mata. O plano da autarquia prevê uma abertura fasea- da do Centro Termal que começará já este ano com o tratamento por inalações no balneário novo, enquanto que, em 2019 iniciar-se-ão as obras para a requalificação da ala sul do primei- ro piso do hospital termal e começará a funcio- nar uma ala de duches, banheiras e tratamentos com água termal. Em 2020 será aberta a segunda ala no balneá- rio novo, de duches e banheiras e uma pequena piscina, comprometendo-se o autarca a iniciar os procedimentos para que, no futuro, venha a ser construído um balneário novo, moderno e qualificado. Pág. 12 Quem na região apoia Santana Lopes e Rui Rio Amanhã, 13 de Janeiro, há eleições directas para escolher o próximo líder do PSD. Pedro Santana Lopes ou Rui Rio, um destes dois históricos sociais- -democratas irá encabeçar o partido e concorrer às legislativas de 2019. Na região os apoios dividem-se. A candidatura de Santana Lopes reúne apoios em Óbidos, na distrital de Lisboa e Oeste Norte e do ex-presiden- te da Câmara das Caldas, Fernando Costa, entre outros. Já o ex-presi- dente da Câmara do Porto, Rui Rio, é apoiado pelos autarcas caldenses, pelo líder da distrital de Leiria e pelo deputado bombarralense Feliciano Barreiras Duarte. Pág. 18 MVC contra a lei do financiamento dos partidos O MVC - Movimento Viver o Concelho está contra a lei do financiamen- to dos partidos. Os seus novos dirigentes, Emanuel Pontes e Teresa Serrenho (filha da anterior presidente), acham que os portugueses de- veriam ir para a rua mostrar a sua indignação e fazer um debate alarga- do perante esta decisão dos partidos políticos (excepto CDS/PP e PAN) obterem financiamento estatal. Pág. 18 Os correios do nosso descontentamento AMT mantém silêncio sobre CP e Rodoviária As queixas dos passageiros e o mau serviço prestado pelos opera- dores de transportes não parecem ser uma grande preocupação para a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) para a qual o si- lêncio é de ouro no que diz respei- to a comunicar o que está (ou deve- ria estar) a fazer para defender os consumidores. Em Outubro do ano passado estava em curso uma investigação à Rodoviária do Oeste devido às muitas reclama- ções que têm sido feitas pelos passa- geiros, especialmente os utilizadores da Rápida Verde, que se queixam do incumprimento de horários, da supres- são dos autocarros directos e em al- guns casos da falta de manutenção dos veículos. À Gazeta das Caldas, a AMT confirmou que uma análise preliminar permitia concluir que existiam “indí- cios de incumprimento das obriga- ções de serviço público por parte da- quela empresa”, mas que ainda estava em curso a recolha de elementos adi- cionais junto da Rodoviária do Oeste. Nos primeiros nove meses de 2017 a CP suprimiu 490 comboios na linha do Oeste (dos quais 308 na totalidade do seu percurso). Em Outubro, contacta- do pelo nosso jornal, o regulador disse que estava “a analisar e a avaliar a informação recolhida”. Em Janeiro de 2018, contactada mais uma vez pela Gazeta das Caldas acer- ca destas duas questões, a AMT não respondeu. C.C./M.B.R. Isaque Vicente

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Jornal fundado em 1 de Outubro de 1925 ANO XCIII / Nº 5208 SEXTA-FEIRA 12 JANEIRO DE 2018

PREÇO: 0,80€ ASSINATURA ANUAL: 24,50€ DIGITAL: 15€ www.gazetacaldas.comDirector: José Luiz de Almeida Silva Director Adjunto: Carlos M. Marques Cipriano facebook.com/gazetacaldas

Tel:262870050 / Fax: 262870058/[email protected] / [email protected] / [email protected] / [email protected]

Desde que os Correios foram privatizados o ser-viço tem piorado e parece agora estar a bater no fundo. As queixas pelos atrasos na distri-

buição são uma constante, o serviço na estação das Caldas é desesperante, os carteiros queixam-se que há falta de pessoal e que os obrigam a fazer giros cada vez maiores. Uma coisa é certa: o serviço pos-tal universal, que era uma das condições do cader-no de encargos quando o Estado vendeu os CTT, não está a ser cumprido pelos novos donos da empresa.É certo que pontualmente se vêem carteiros a distri-buir correio ao sábado porque não houve capacidade para o fazer durante os dias úteis. E também é certo que a entrega do correio normal deixou de ser diária.Gazeta das Caldas, dependendo em grande parte dos Correios para poder levar o jornal aos seus mi-lhares de leitores, tem sido gravemente prejudica-da por esta degradação do serviço e perdido mui-tos assinantes porque estes deixaram de encontrar à sexta-feira na sua caixa do correio as notícias que queriam ler no fi m-de-semana. Um problema que também é partilhado por toda a imprensa regional,

como se pode ver pelos testemunhos do Jornal de Barcelos, Alvorada e Diário do Alentejo.Empresas, Serviços Municipalizados, operadoras de telecomunicações queixam-se do atraso na corres-pondência e em como esta faz com que os clientes paguem as facturas depois do atraso.Gazeta das Caldas perguntou à responsável do Centro de Emprego das Caldas da Rainha, Célia Roque, se sentia o mesmo problema, mas esta não respondeu. Contudo, de acordo com um relatório da Provedora do Desempregado, todos os relatórios da Comissão de Recursos apontam como a principal causa de anu-lação da inscrição para emprego a defi ciente pres-tação dos CTT.Politicamente, os partidos mais à esquerda já rei-vindicam a reversão da privatização e os de direita um maior controlo do Estado sobre o serviço pos-tal dos CTT.Por sua vez, a administração dos Correios, contactada pela Gazeta das Caldas mostra que está em estado de negação ao assegurar que não nota qualquer degra-dação do serviço que a empresa presta. Pág. 2 a 7

Há 53 anos houve um “monstro” no Vau que muita tinta fez correr nos jornaisForam três meses em que a aldeia do Vau, em Óbidos, viveu um verdadeiro fi lme de terror. Estávamos em 1964 e a população saía armada à rua porque tinha medo de dar com a misteriosa fera. Um lobo? Uma hiena? Um urso? Várias eram as versões que se contavam, foram duas as ba-tidas organizadas para caçar o ani-mal, mas a única verdade que se confi rmava é que este se alimentava dos cães daque-la zona.O “bicho” foi depois en-contrado morto no Casal do Ameal, na proprieda-de de Henrique Clemente Félix, 96 anos, com quem Gazeta das Caldas falou para recordar esta história – que foi notícia nacional e veio depois a tornar-se uma lenda no Vau. Afi nal, a maldita fera era um lobo. Anos mais tarde (1973) a his-tória repetir-se-ia em Rio Maior com um leão que afi nal também não era. Centrais

Formação em Gestão e Bem-Estar para o Termalismo na EHTO anunciado no dia da concessão da água termalA transformação da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste num centro de especializa-ção para formar recursos na área da gestão e wellness (bem-estar) para apoio ao termalis-mo foi a prenda que a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, trouxe às Caldas aquando da cerimónia de assinatura do contrato de concessão da Água Termal.Este acto, que decorreu na passada terça-feira e que contou com a presença também do se-

cretário de Estado da Energia, Jorge Sanches, foi considerado por Tinta Ferreira como um “dia histórico” para as Caldas, que culmina com o processo de negociações com a administração central para a concessão das águas termais, e tam-bém do património termal, do Parque e da Mata.O plano da autarquia prevê uma abertura fasea-da do Centro Termal que começará já este ano com o tratamento por inalações no balneário novo, enquanto que, em 2019 iniciar-se-ão as

obras para a requalifi cação da ala sul do primei-ro piso do hospital termal e começará a funcio-nar uma ala de duches, banheiras e tratamentos com água termal. Em 2020 será aberta a segunda ala no balneá-rio novo, de duches e banheiras e uma pequena piscina, comprometendo-se o autarca a iniciar os procedimentos para que, no futuro, venha a ser construído um balneário novo, moderno e qualifi cado. Pág. 12

Quem na região apoia Santana Lopes e Rui RioAmanhã, 13 de Janeiro, há eleições directas para escolher o próximo líder do PSD. Pedro Santana Lopes ou Rui Rio, um destes dois históricos sociais--democratas irá encabeçar o partido e concorrer às legislativas de 2019. Na região os apoios dividem-se. A candidatura de Santana Lopes reúne apoios em Óbidos, na distrital de Lisboa e Oeste Norte e do ex-presiden-te da Câmara das Caldas, Fernando Costa, entre outros. Já o ex-presi-dente da Câmara do Porto, Rui Rio, é apoiado pelos autarcas caldenses, pelo líder da distrital de Leiria e pelo deputado bombarralense Feliciano Barreiras Duarte. Pág. 18

MVC contra a lei do financiamento dos partidosO MVC - Movimento Viver o Concelho está contra a lei do fi nanciamen-to dos partidos. Os seus novos dirigentes, Emanuel Pontes e Teresa Serrenho (fi lha da anterior presidente), acham que os portugueses de-veriam ir para a rua mostrar a sua indignação e fazer um debate alarga-do perante esta decisão dos partidos políticos (excepto CDS/PP e PAN) obterem fi nanciamento estatal. Pág. 18

Os correios do nosso descontentamento

AMT mantém silêncio sobre CP e RodoviáriaAs queixas dos passageiros e o mau serviço prestado pelos opera-dores de transportes não parecem ser uma grande preocupação para a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) para a qual o si-lêncio é de ouro no que diz respei-to a comunicar o que está (ou deve-ria estar) a fazer para defender os consumidores.Em Outubro do ano passado estava em curso uma investigação à Rodoviária do Oeste devido às muitas reclama-ções que têm sido feitas pelos passa-geiros, especialmente os utilizadores da Rápida Verde, que se queixam do incumprimento de horários, da supres-são dos autocarros directos e em al-guns casos da falta de manutenção dos

veículos. À Gazeta das Caldas, a AMT confi rmou que uma análise preliminar permitia concluir que existiam “indí-cios de incumprimento das obriga-ções de serviço público por parte da-quela empresa”, mas que ainda estava em curso a recolha de elementos adi-cionais junto da Rodoviária do Oeste. Nos primeiros nove meses de 2017 a CP suprimiu 490 comboios na linha do Oeste (dos quais 308 na totalidade do seu percurso). Em Outubro, contacta-do pelo nosso jornal, o regulador disse que estava “a analisar e a avaliar a informação recolhida”. Em Janeiro de 2018, contactada mais uma vez pela Gazeta das Caldas acer-ca destas duas questões, a AMT não respondeu. C.C./M.B.R.

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