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Cássio Henrique Ribeiro Martins
OS 42 ESTUDOS - CAPRICHOS PARA VIOLINO, DE RODOLPHE KREUTZER: análise técnica para uma
abordagem didático - pedagógica
Escola de Música Universidade Federal de Minas Gerais
Dezembro de 2006
Cássio Henrique Ribeiro Martins
OS 42 ESTUDOS - CAPRICHOS PARA VIOLINO, DE RODOLPHE KREUTZER: análise técnica para uma
abordagem didático - pedagógica
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música.
Linha de Pesquisa: Performance Musical
Instrumento: Violino
Orientador: Professor Edson Queiroz de Andrade
Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Música
Universidade Federal de Minas Gerais Dezembro de 2006
III
Dedico este trabalho aos colegas e professores de violino dos conservatórios e escolas de música.
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que na procura de meu ideal, percorri veredas com passos
tímidos e inseguros e ele com sua grandiosidade, me fez substituir aos poucos a
incerteza pela segurança e o medo pela vitória.
Aos meus pais, dou lhes uma parte do meu futuro, futuro do qual vocês abriram mão
para me reservar um melhor. Pai, Mãe, apenas dou-lhes, pois tudo o que tenho feito
foi receber...
Aos professores, que, para eu conseguir vencer não foi fácil, mas consegui.
Contudo, essa vitória é também de vocês que se empenharam em me passar o
legado do saber. Em especial o meu muito obrigado ao professor e orientador Edson
Queiroz de Andrade, que muito se empenhou em me ajudar a dar mais um passo a
estrada do futuro.
A minha querida esposa e ao meu filho, que se empenharam para que não me
faltasse esperança e alegria em sempre persistir.
Aos colegas, com quem convivi lado a lado, durante esses anos, meu desejo de
sucesso e felicidade nessa nova caminhada que se inicia...
V
RESUMO
Este projeto trata de analisar sistematicamente alguns dos elementos da técnica
violinística presentes nos 42 Estudos-Caprichos de Rodolphe Kreutzer, e elaborar
notas explicativas sobre os procedimentos didático-pedagógicos a serem adotados
para o ensino e aprendizagens eficazes deste material.
Em primeiro lugar procurou-se contextualizar de forma sucinta o compositor, sua
obra, e o que já existe escrito sobre os Estudos-Caprichos. Em seguida foram
levantados os procedimentos de ensino dos Estudos-Caprichos através de
depoimentos feitos por dois importantes professores de violino no Brasil: Paulo
Gustavo Bosisio e Eliane Tokeshi. Além disso, foram coletados procedimentos
adquiridos durante nossa experiência como pesquisador e professor de violino e, em
importantes materiais bibliográficos sobre a pedagogia do violino. Por fim, foram
selecionados três Estudos-Caprichos (nº 19, nº 30, nº 35) da obra para
demonstrarmos a aplicação desses procedimentos pedagógicos.
VI
ABSTRACT
In this project we analyzed systematically some of the elements of the violin
technique present in Rodolphe Kreutzer's 42 Etudes-caprices, and elaborated
explanatory notes on didactic-pedagogical procedures to be adopted for an effective
teaching and learning of this material.
In the first place the composer and his work were briefly contextualized, and what
had been written about the Etudes-caprices were listed. Following that, two of the
most prominent violin teachers in Brazil - Paulo Gustavo Bosisio and Eliane Tokeshi -
were interviewed about their own pedagogical procedures used to teach these
Etudes-Caprices. Also some acquired pedagogical procedures during our own
experience as researcher and violin teacher, and important bibliographical material
on violin pedagogy were collected. Finally, three Etudes-caprices were selected (no.
19, no. 30, no. 35) in order to demonstrate the application of those pedagogical
procedures.
VII
LISTA DE EXEMPLOS E TABELAS
EXEMPLOS
ESTUDO Nº 19
Ex.1. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 1 - 4 ............................................................... 16
Ex.2. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 5 - 8 ............................................................... 16
Ex.3. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 9 - 10 e 15 - 16 .............................................. 17
Ex.4. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 17- 20 ............................................................ 17
Ex.5. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 21- 24 ............................................................ 18
Ex.6. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 25- 26 e 30 - 32 ............................................. 18
Ex.7. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 33- 34 e 42 - 44 ............................................. 18
Ex.8. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 44- 45 e 51 - 52 ............................................. 19
Ex.9. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 52- 53 e 58 - 59 ............................................. 19
Ex.10. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 59- 60 e 63 .................................................. 19
Ex.11. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 1 - 4 ............................................................. 21
Ex.12. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 15 - 16 ......................................................... 22
Ex.13. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 17 - 32 ......................................................... 23
Ex.14. Trecho do Estudo-Capricho nº 19 para dois violinos, compassos 1 - 4. (Hermann) ............. 24
Ex.15. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso das notas auxiliares, compassos 1 - 2 .................... 25
Ex.16a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso das notas auxiliares, compassos 1 - 2 .................. 25
Ex.16b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, execução do trillo, compassos 1 - 2 ............................. 26
Ex.17. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, salto de posição, uso do dedo guia, compasso 54 ........ 26
Ex.18. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, notas auxiliares, compasso 1 ......................................... 27
Ex.19. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados propostos pelos revisores, compasso 1 ...... 28
Ex.20. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados facilitado, compasso 1 ................................. 29
Ex.21. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados – trillo com 4º dedo, compasso 1 ................. 30
Ex.22. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, comparação de dedilhados – Sándor/Galamian,
compasso 1 ............................................................................................................................ 30
Ex.23. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudando o trillo, compasso 1 ....................................... 32
VIII
Ex.24. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de sincronias, compasso 1 ...................................... 33
Ex.25. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de correlações, compasso 1 .................................... 34
Ex.26a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Polo, compasso 1 .......... 35
Ex.26b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Sándor, compasso 1 ...... 35
Ex.26c. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Galamian, compasso 1 .. 35
Ex.26d. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/Paulo Bosísio, compasso 1 ............ 36
Ex.27. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de extensões, compasso 1 ...................................... 36
Ex.28. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo do legato, compasso 1 ....................................... 39
Ex.29a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo de arcadas, compasso 1 .................................. 41
Ex.29b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo de arcadas, compasso 1 .................................. 41
Ex.30a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho,
compassos 33 - 34 e 42 - 43 ................................................................................................ 42
Ex.30b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho,
compasso 44 - 45 e 51 ......................................................................................................... 42
Ex.30c. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho,
compassos 54 - 55 ............................................................................................................... 43
ESTUDO Nº30
Ex.31. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 1 - 10 ........................................................... 50
Ex.32. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 11 - 18 ......................................................... 51
Ex.33. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 19 - 28 ......................................................... 52
Ex.34. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 29 - 39 ......................................................... 53
Ex.35. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 40 - 44 ......................................................... 53
Ex.36. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 45 - 50 ......................................................... 54
Ex.37. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 51 - 55 ......................................................... 54
Ex.38. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 56 - 63 ......................................................... 55
Ex.39. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 64 - 70 ......................................................... 56
Ex.40. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 71 - 74 ......................................................... 57
Ex.41. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 75 - 82 ......................................................... 57
Ex.42. Trechos do Estudo-Capricho nº 30, Análise Harmônica, compassos 1, 32 e 48 .................. 58
IX
Ex.43. Trecho do Estudo-Capricho nº 30 para dois violinos, compassos 1 - 4 ................................ 59
Ex.44. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, uso de glissando mudo, compassos 1 - 2 ...................... 60
Ex.45. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a mudança de posição, compassos 13 - 15 61
Ex.46. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, mudança em blocos, compassos 45 - 47 ....................... 61
Ex.46a. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, visualização dos blocos ................................................ 62
Ex.47. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a extensão, compasso 5 .............................. 63
Ex.48. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, movimento de empurrada e alongamento, compasso 5 63
Ex.49. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado em posição fixa, compassos 19 - 28 ............ 64
Ex.50. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, utilizando notas intermediárias e afinando os intervalos,
compasso 19 .......................................................................................................................... 65
Ex.51. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado na primeira posição, compassos 19 - 20 ...... 66
Ex.52. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, posicionando os dedos, compassos 31 - 39 .................. 67
Ex.53. Executando somente os acordes/formas ............................................................................... 67
Ex.54. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, afinando os arpejos/blocos, compasso 31 ..................... 67
Ex.55. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, comparando dedilhados, compassos 18 - 19 ................ 68
Ex.56. Demonstração dos movimentos e procedimentos ................................................................. 69
Ex.57. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, usando extensões, compassos 13 - 15 .......................... 70
Ex.58. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, ponto de contato/ quantidade de crina, arco, pressão e
velocidade, compassos 1 - 2 ................................................................................................. 71
Ex.59. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a mudança de corda, compasso1 ................ 72
Ex.60. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, clareza na mudança de corda, compasso 11 ................ 72
Ex.61. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, aproximação das cordas, compasso 1 ........................... 73
Ex.62. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, movimento direcional do cotovelo/ mudança de corda,
compassos 49 - 50 e 14 - 15 ................................................................................................. 73
Ex.63. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, détaché regular, compasso 1 ......................................... 74
Ex.64. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, praticando com acentos, compasso 1 ............................ 75
Ex.65. Uso de sincronias e correlações compasso 1 ....................................................................... 76
Ex.66. Arcadas básicas compasso 1 ................................................................................................ 76
Ex.67. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado em spiccato e ricochet, compassos 1 – 3;
12 - 13 e 45 - 47 ..................................................................................................................... 77
X
Ex.68. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, que apresentam desafios técnicos, compassos 40 - 50 78
ESTUDO Nº 35
Ex.69. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 1 - 4 ............................................................. 87
Ex.70. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 4 - 8 ............................................................. 87
Ex.71. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 12 - 16 ......................................................... 88
Ex.72. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 17 - 20 ......................................................... 88
Ex.73. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 21 - 28 ......................................................... 89
Ex.74. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 29 - 36 ......................................................... 89
Ex.75. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 37 - 40 ......................................................... 90
Ex.76. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 40 - 44 ......................................................... 90
Ex.77. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 48 - 56 ......................................................... 91
Ex.78. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 57 - 64 ........................................................ 91
Ex.79. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 65 - 68 ......................................................... 92
Ex.80. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 68 - 72 ......................................................... 92
Ex.81. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 76 - 80 ......................................................... 93
Ex.82. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 84 - 92 ......................................................... 93
Ex.83. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 92 - 96 ......................................................... 94
Ex.84. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 1 - 4 ............................................................. 94
Ex.85. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 13 - 14 ......................................................... 96
Ex.86. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 25 - 28 ......................................................... 97
Ex.87. Trecho do Estudo-Capricho nº 35 para dois violinos, compassos 1 - 4 ................................ 97
Ex.88. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, padrões de articulações, compassos 1 - 4 ..................... 98
Ex.89. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, uso das notas auxiliares, compassos 2 - 3 .................. 100
Ex.90. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, isolando as vozes, compassos 2 - 3 ............................ 101
Ex.91. O terceiro Som: Som Resultante ......................................................................................... 102
Ex.92. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, controlando a pressão dos dedos, compassos 94 - 95 103
Ex.93. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/acordes de quatro sons, compasso 13 . 104
Ex.94. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/acordes de três sons, compasso 25 ..... 105
Ex.95. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/intervalo, compasso 13 ......................... 105
XI
Ex.96. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, ajustando a afinação, compasso 25 ............................. 106
Ex.97. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, usando extensões, compassos 14 e 16 ....................... 106
Ex.98. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, détaché acentuado, compassos 1 - 2 .......................... 107
Ex.99. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, combinações de golpes, compassos 21 - 24 ............... 108
Ex.100. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, realçando a melodia, compassos 29 - 31 .................. 109
Ex.101. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, mudança de corda em legato, compassos 69 - 72 .... 110
Ex.102. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, alternando o ponto de contato, compassos 68 - 69 ... 110
Ex.103. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, acordes quebrados, compassos 12 - 13 e 25 ............ 112
Ex.104. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, com outras arcadas, compassos 1 - 8 ....................... 113
Ex.105. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, acordes simultâneos, compassos 24 - 25 .................. 114
Ex.106. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,
compassos, 49 - 52 ............................................................................................................ 115
Ex.107. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,
compassos 1 - 3 e 98 - 100 ................................................................................................ 116
Ex.108. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,
compassos 12 - 13 .......................................................................................................................... 116
Ex.109. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,
compassos 17 - 20 .......................................................................................................................... 117
Ex.110. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,
compassos 25 - 28 .......................................................................................................................... 117
Ex.111. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,
compassos 43 - 44 e 55 - 56 ........................................................................................................... 118
TABELAS
ESTUDO Nº 19
TAB. 1. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 19 .................................................................... 15
TAB. 2. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 19 ............................................................................... 15
TAB. 3. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 19 ................................................................. 44
XII
ESTUDO Nº 30
TAB. 4. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 30 .................................................................... 49
TAB. 5. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 30 ............................................................................... 49
TAB. 6. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 30 ................................................................. 79
ESTUDO Nº 35
TAB. 7. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 35 .................................................................... 86
TAB. 8. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 35 ............................................................................... 86
TAB. 9. Padrões de articulações ....................................................................................................... 99
TAB. 10. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 35 ............................................................. 118
XIII
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ....................................................................................................... III
AGRADECIMENTOS ............................................................................................ IV
RESUMO ................................................................................................................ V
ABSTRACT ........................................................................................................... VI
LISTA DE EXEMPLOS E TABELAS .................................................................... VII
SUMÁRIO ............................................................................................................ XIII
1- INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
1.2 - Rodolphe Kreutzer .............................................................................. 4
1.3 - Os 42 Estudos-Caprichos ................................................................... 6
1.4 - Revisão da Literatura ......................................................................... 9
2- ASPECTOS DIDÁTICO - PEDAGÓGICOS ....................................................... 12
2.1 - Estudo-Capricho nº 19 ...................................................................... 14
2.1.1 - Introdução ............................................................................. 14
2.1.2 - Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo-Capricho . 14
2.1.3 – Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico .............. 20
2.1.4 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da
Técnica de Mão Esquerda .................................................... 24
2.1.4.1 - Estudo da mudança de posição ..................................... 24
2.1.4.2 - Dedilhados ..................................................................... 27
2.1.4.3 - Trillo ............................................................................... 31
2.1.5 - Soluções para Outros Aspectos Técnicos da Mão
XIV
Esquerda ............................................................................... 36
2.1.6 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da
Técnica de Arco .................................................................... 37
2.1.6.1 - Golpes de Arco .............................................................. 37
2.1.6.2 - Arcadas .......................................................................... 40
2.1.7 - Principais Desafios Técnicos do Estudo ............................... 41
2.1.8 - Exercícios de Apoio .............................................................. 43
2.1.9 - Considerações Finais ............................................................ 45
2.3 - Estudo-Capricho nº 30 ...................................................................... 48
2.3.1 - Introdução ............................................................................. 48
2.3.2 - Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo-Capricho . 48
2.3.3 - Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico ............... 58
2.3.4 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da
Técnica de Mão Esquerda ..................................................... 59
2.3.4.1 - Estudo da mudança de posição ..................................... 59
2.3.4.2 - Extensão ........................................................................ 62
2.3.4.3 – Posição Fixa .................................................................. 64
2.3.4.4 - Forma de Mão (Blocos): Posicionamento dos dedos
sobre as cordas .............................................................. 66
2.3.4.5 - Dedilhados ..................................................................... 68
2.3.5 - Soluções para Outros Aspectos Técnicos da Mão
Esquerda .............................................................................. 69
2.3.6 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da
Técnica de Arco .................................................................... 70
2.3.6.1 - Golpes de Arco .............................................................. 70
2.3.6.2 - Variações Ritmicas ........................................................ 75
2.3.6.3 - Arcadas .......................................................................... 76
XV
2.3.7 - Soluções Para Outros Aspectos Técnicos do Arco ............... 77
2.3.8 - Principais Desafios Técnicos do Estudo ............................... 78
2.3.9 - Exercícios de Apoio .............................................................. 79
2.3.10 - Considerações Finais .......................................................... 80
2.2 - Estudo-Capricho nº 35 .............................................................................. 85
2.2.1 - Introdução ............................................................................. 85
2.2.2 - Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo-Capricho . 85
2.2.3 - Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico ............... 94
2.2.4 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da
Técnica de Mão Esquerda .................................................... 98
2.2.4.1 - Estudo da mudança de posição ..................................... 98
2.2.4.2 - Cordas Duplas (afinação) ............................................ 102
2.2.4.3 - Acordes ........................................................................ 103
2.2.5 - Soluções para Outros Aspectos Técnicos da Mão
Esquerda ............................................................................. 106
2.2.6 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da
Técnica de Arco ............................................................................. 107
2.2.6.1 - Golpes de Arco ............................................................ 107
2.2.6.2 – Cordas Duplas ............................................................ 109
2.2.6.3 - Acordes ........................................................................ 111
2.2.6.4 - Arcadas ........................................................................ 112
2.2.7 - Soluções Para Outros Aspectos Técnicos do Arco ............. 113
2.2.8 - Principais Desafios Técnicos do Estudo ............................. 114
2.2.9 - Exercícios de Apoio ............................................................ 118
2.2.10 - Considerações Finais ........................................................ 120
3 - CONCLUSÃO ................................................................................................ 123
XVI
4 - BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 129
5 - ANEXOS ........................................................................................................ 134
5.1 - Anexo 1 - Partitura do Estudo- Capricho nº 19 ............................... 135
5.2 - Anexo 2 - Partitura do Estudo-Capricho nº 30 ................................ 137
5.3 - Anexo 3 - Partitura do Estudo-Capricho nº 35 ................................ 140
5.4 - Anexo 4 – Tabelas Informativas dos demais Estudos-Caprichos
Edição - Galamian.......................................................... 142
5.5 - Anexo 5 - Questionário ................................................................... 152
5.6 - Programa do Recital de Mestrado .................................................. 172
5.7 - Gravação em DVD do Recital ......................................................... 173
1. INTRODUÇÃO
Acreditamos que a obra “42 Estudos-Caprichos" de Rodolphe Kreutzer constitui-se
num dos mais importantes livros de estudos já escritos, no que concerne aos
aspectos técnico-musicais para uma boa formação violinística. As universais
utilizações desses Estudos nos indicam que há um consenso em relação à
importância dos mesmos na formação técnica e musical do violinista. Conhecer
esses estudos e saber como aplicá-los é uma ferramenta indispensável para
aqueles envolvidos com a pedagogia do violino.
No Brasil, em algumas regiões (principalmente cidades do interior) existem
professores e alunos menos experientes que, além de não possuírem acesso a
materiais didático-pedagógicos sobre a técnica do violino, não conseguem ter uma
orientação contínua de um pedagogo com mais experiência. E, além disso, é raro
encontrar disponível no mercado um guia didático bem detalhado mostrando e
comentando como se deve tocar cada um dos 42 Estudos de Kreutzer para
violino. Nesse sentido, um guia constituído de notas explicativas sobre como
abordar os principais Estudos-Caprichos compostos por Kreutzer é uma forma de
amenizar essa carência.
Grandes pedagogos do século XX, como Carl Flesch1, Max Rostal2 e Ivan
Galamian3, utilizaram os 42 Estudos de Kreutzer como ferramenta de ensino.
1 Violinista e Professor húngaro (Moson, 9 outubro. 1873; Lucerna, 14 novembro. 1944) 2 Violinista e Professor austro-húngaro (Teschen, 7 agosto 1905; Berna – Suíça, 1991) 3 Violinista e Professor Armênio (Tabriz, 23 janeiro 1903; Nova York, 14 abril 1981)
2
Esses mestres do violino estavam mais próximos às fontes primárias, tais como
manuscritos e cartas, e também tiveram acesso à tradição oral relacionada à
aplicação desses estudos. No Brasil podemos encontrar hoje professores que
freqüentaram cursos no exterior e que direta ou indiretamente absorveram o
conhecimento dos pedagogos citados, e de outros com bagagem pedagógica
similar.
Portanto, proponho como objetivo geral desta pesquisa, analisar sistematicamente
os elementos da técnica violinística presentes nos principais Estudos-Caprichos
da obra deste compositor, e elaborar notas explicativas sobre os procedimentos
didático-pedagógicos a serem adotados para o ensino e aprendizagens eficazes
deste material.
As notas dos Estudos-Caprichos serão baseadas nos depoimentos feitos pelos
professores Paulo Gustavo Bosisio (UNIRIO) e Eliane Tokeshi (UNESP), e
também na minha experiência como pesquisador e professor de violino e, em
importantes materiais bibliográficos sobre a pedagogia do violino, coletados
durante a pesquisa.
A primeira proposta do nosso projeto era colher depoimentos de no mínimo três
professores de violino, com formações diferentes uns dos outros (ou seja, de
diferentes escolas). No entanto, devido aos muitos compromissos que esses
pedagogos tinham, não foi possível colher seus depoimentos. Ao todo foram
3
convidados sete professores de violino no Brasil, mas somente tivemos respostas
dos dois mencionados acima.
Para que conseguíssemos objetividade e clareza no estudo desta obra, dividimo-la
em três partes: os Estudos-Caprichos que abordam a Técnica Geral (nºs, 1 ao 14;
23; 26 ao 31); os Estudos-Caprichos sobre a técnica específica do Trinado (nºs, 15
ao 22 e o nº 40) e os de Cordas Dobradas (nºs, 24; 25; 32 ao 39; 41 e 42).
De cada parte foi selecionado um Estudo-Capricho como modelo para
elaborarmos as notas. A partir de então caberá a cada professor e aluno aplicar
de forma semelhante os procedimentos pedagógicos abordados nos Estudos-
Caprichos selecionados nos demais Estudos que não foram analisados. No
entanto, para facilitar ainda mais o ensino para os professores, colocamos em
tabelas informações gerais sobre estes Estudos não analisados.
Da primeira parte foi selecionado o Estudo nº 30, da segunda parte o Estudo nº 19
e da terceira parte o Estudo nº 35. Estes Estudos foram escolhidos por conterem
um maior número de aspectos técnicos de mão esquerda e direita a serem
analisados.
A análise se fundamenta em investigar os seguintes procedimentos pedagógicos:
• Análise Formal, Motívica e Harmônica (Procedimentos para melhorar o
senso Harmônico);
4
• Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica de Mão
Esquerda (Mudança de Posição, Dedilhados, Trillo, etc.);
• Soluções para Outros Aspectos Técnicos de Mão Esquerda;
• Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica de Arco
(Golpes de Arco, Arcadas, etc.);
• Principais Desafios Técnicos do Estudo;
• Exercícios de Apoio;
• Considerações Finais.
1.1 Rodolphe Kreutzer
Rodolphe Kreutzer (1766-1831), nascido em Versalhes, na França, foi violinista,
compositor e professor. Estudou composição e violino com o pai e com Anton
Stamitz4 (1750-1809). Como instrumentista, foi um virtuose do violino. Sua carreira
de concertos em Paris e em turnês foi de 1784 até 1810.
4 Compositor boêmio, filho de Johan Stamitz ( Havlíckuv Brod, 27 nov 1750; Paris ou Versalhes, 1809)
5
Como compositor, Kreutzer, escreveu dezenove concertos para violino e
orquestra, muitos trios, quartetos e óperas. Foi em 1784 que Kreutzer executou o
primeiro de seus dezenove concertos para violino no "Concert Spirituel"5 em Paris,
firmando-se então como um importante virtuose.
Lecionou no Conservatório de Paris de 1793 à 1826. Sua capacidade como
professor é demonstrada em seus notáveis “42 Études ou Caprices” (1796). Ele,
Pierre Baillot (1771-1842)6 e Jacques P. J. Rode (1774 -1830)7 formam a trindade
fundadora da escola francesa de violino (CHARLTON, 2000/2001, vol.14, p. 903-
905).
Segundo, J. Joachim, esta escola tinha como principal objetivo ensinar antes de
tudo, a cantar com o violino de uma maneira alheia a todo charlatanismo, sem
artifícios, obtendo assim uma técnica de mão esquerda adequada a estes
princípios e dando muita importância à liberdade do braço direito, o que permitia
realizar com a maior perfeição o caráter dos golpes de arco. Esta escola tinha por
finalidade converter o violino em algo mais que um simples instrumento de
virtuoso. Segundo pesquisadores, esta escola chegou em Paris com Léclaire e
Viotti (CASADO, 2003)
5 Concert Spirituel: Série de concertos importantes realizados em Paris de 1725 a 1790. (CHARLTON, 1998, ed. Concisa, pág. 213) 6 Violinista e compositor francês. 7 Violinista e compositor francês.
6
1.2 42 Estudos-Caprichos
Em 1796 aparecem os famosos Estudos-Caprichos de Kreutzer para violino solo,
que ocupam uma posição única na literatura dos Estudos para violino, em função
da abordagem técnica que os caracteriza. Originalmente em número de 40, a
obra recebeu outros dois (nº 13 e nº 24) em 1850, o que põe em questionamento
se estes dois últimos são realmente da autoria de Kreutzer (Grove, 2000/2001,
vol.14, p. 904).
Através da composição desses Estudos-Caprichos, Kreutzer parece ter superado
o desafio do violino moderno por objetivar parcialmente a fluência na contração e
extensão da mão esquerda. O comentário de Joseph Szigéti (1892 - 1973)8 nos
mostra a preocupação de Kreutzer com esse aspecto técnico: “extensões e
uníssonos eram mais fáceis no velho violino de braço curto; nos praticamente 19
desconhecidos Études-Caprices(...) é óbvio que o grande professor já era
consciente da necessidade para a abertura da mão” (CHARLTON, 2000/2001, p.
905).
Em 1801, o Conservatório de Paris incumbiu a Kreutzer, Rode e Baillot, a tarefa
de colocarem no papel os princípios de instrução para violino, intitulado “Método
de Violino”, pois até então o ensino era transmitido oralmente de mestre para
discípulo. Este tratado foi publicado em 1803 pelo conservatório. Depois de 30
anos Baillot reeditou o “Método” com o nome The Art of the Violin, tornando-o mais
8 Violinista Húngaro .
7
claro. O “Método” ficou conhecido não só por auxiliar no desenvolvimento técnico
do violinista, mas, especialmente pelo despertar artístico ao tocar o instrumento
(BAILLOT, 1931).
Além da criação do “Método de Violino”, a evolução na manufatura do violino com
o italiano Antonio Stradivari (1644 - 1737) e a do arco com o francês François
Tourte (1747 - 1835) contribuíram em todos os aspectos para o desenvolvimento
artístico, acústico e também da técnica do instrumento. Kreutzer, Rode e Baillot
compuseram um dos mais importantes “Métodos” com Estudos até então escritos
para violino. Nestes métodos encontraremos todos os aspectos técnicos-
instrumentais que já existiam e que estavam em evolução naquela época. Eis aí
então a razão de tanto sucesso destes Estudos e de sua utilização até o presente
momento por vários pedagogos do mundo inteiro.
Segundo Walter Kolneder (1910 - 1994), em The Amadeus Book of Violin, a
importância da obra de Kreutzer é justificada por Joseph Joachim (1831 - 1907)9,
quando uma vez encontrou o grande violinista Henryk Wieniawski (1835 - 1880)10
estudando os 42 Estudos-Caprichos de Kreutzer; então ressaltou: "Os Estudos de
Kreutzer são muito mais difíceis do que a maioria dos violinistas acham". Esta
obra constitui uma bagagem técnica indispensável a todo violinista que aspira a
um ideal elevado. Andreas Moser, que foi aluno de Joachim, lembrou que esse
praticou os 42 Estudos-Caprichos durante toda a sua vida.
9 Violinista e compositor austro-húngaro. 10 Violinista e compositor polonês.
8
Muitos pedagogos e pesquisadores do violino definem a obra de Kreutzer por
diferentes terminologias. Tomemos nota primeiramente do Dicionário Grove de
Música, que a define da seguinte forma: "42 Estudos ou caprichos". Já Carl
Flesch, em seu livro The Art of Violin Playing, nos fala dos " 42 Caprichos ". Ivan
Galamian, em Principles of Violin Playing and Teaching, usa o termo "42 Estudos".
Joseph Joachin no seu Traité du Violon cita "42 Estudos-Caprichos". Paulo
Bosisio, em sua dissertação Paulina d' Ambrosio e a Modernidade Violinística no
Brasil, utiliza o termo usado por Flesch, "42 Caprichos".
Nota-se que várias são as terminologias usadas pelos pedagogos. Entretanto qual
o termo mais correto? Estudos ou Caprichos?
Para termos uma melhor clareza das terminologias recorreremos ao Dicionário
Grove de Música, que nos dá o significado de Estudo da seguinte maneira:
"Estudo (em francês étude) é uma peça instrumental destinada basicamente a
explorar e aperfeiçoar uma faceta particular da técnica de execução". Já o termo
Capricho é definido dessa forma: "termo que designa uma variedade de
composições, habitualmente demonstrando alguma liberdade de modo".
(CHARLTON, 1998 p. 304 e p.169)
Portanto, cremos que se pode dizer que os dois termos estão corretos em relação
à referida obra de Kreutzer. Pois nela existem tanto Estudos como Caprichos, com
o objetivo de apresentar os principais aspectos e características específicas da
técnica do instrumento.
9
Optaremos neste artigo pela terminologia "42 Estudos-Caprichos", pelo motivo
acima justificado.
1.3 Revisão da Literatura
Paulo G. Bosisio, em sua dissertação de mestrado (BOSISIO, 1996, p. 07), cita
que os 42 Estudos - Caprichos de Kreutzer para violino talvez sejam o material
técnico mais importante de todas as épocas.
Vários pedagogos do ensino do violino, do passado até aos da atualidade, têm se
preocupado com a qualidade do ensino e aprendizagem dos 42 Estudos-
Caprichos para violino de Kreutzer. Walter Kolneder (KOLNEDER, 1998 p. 359)
cita alguns pedagogos que direcionaram maior atenção para o seu ensino e
preparação: o pequeno livro de C. Hering de 1858, com o titulo Concerning
Kreutzer's Etudes, a Systematic Manual for Violin Teachers; Benjamin Cutter, How
to Study Kreutzer: a handbook for the daily use of violin teachers and violin
students. Boston: Oliver Ditson Company, 1903; Otakar Sevcík op. 26, quatro
volumes preparatório para o Kreutzer; Alberto Bachmann 1000 coups d' archet ...
sur la deuxième et la huitième étude, publicado em Paris em 1938, dos quais 474
variações são baseados no Estudo nº2, e 526 no Estudo nº8; Demetrius Dounis,
um volume intitulado The Staccato, publicado em Londres em 1925; Préparatorius
aux études de Kreutzer op. 24, de Blumenstengel; e Preparing for Kreutzer, de
Samuel Harvey Whistler. Além desses, outros como Heinrich Ernst Kayser,
10
Jacques-Féréol Mazas e Jacob Dont compuseram estudos preparatórios para os
42 Estudos-Caprichos de Kreutzer.
Segundo Walter Kolneder, existe uma pequena publicação, indicando como
estudar os 42 Estudos-Caprichos, chamada L' art de travailler les études de
Kreutzer, editada por Lambert Massart11, cujos indícios nos sugerem uma edição
preparatória para os Estudos. Segundo o autor, esta edição nos informa de forma
exata como Kreutzer queria que seus Estudos fossem praticados. De acordo com
Walter Kolneder, Massart ficou incumbido de anotar os comentários mais valiosos
que eram continuamente feitos pelo seu mestre Kreutzer. Kolneder ainda diz que o
primeiro a publicar os 42 Estudos de Kreutzer foi Vieuxtemps12.
Mantendo sua abordagem fundamental, sucessivos editores revisaram os 42
Estudos-Caprichos adicionando novos dedilhados e arcadas ou compondo suas
próprias variações. “Eisenberg, na sua edição de 1920, defendeu que Kreutzer
antecipou isso e ensinou versões mais avançadas dos seus Caprichos, do que
aquelas que ele publicou” (CHARLTON, 2000/2001, vol14, p.904-905). Além do
editor Eisenberg, muitos editaram esta obra. Citando os mais recentes, temos:
Ivan Galamian pela Editora International Music Company, Marco Anzolleti pela
Ricordi, Carl Flesch pela Carl Ficher, Edmund Singer pela International Music
Company e Sándor Frigyes pela Editio Musica Budapest.
11 Lambert Massart (1811 - 1892), violinista belga e aluno preferido de Kreutzer. 12 Henry Vieuxtemps (1820 - 1881), violinista e compositor belga.
11
Esta obra de Kreutzer é de tal importância que segundo Walter Kolneder chegou a
ser adaptada para muitos outros instrumentos, tais como: viola, cello, contrabaixo,
flauta, oboé, clarineta e saxofone.
Existe também uma versão para segundo violino (KREUTZER, sd.) e outra com
parte de acompanhamento do piano (EICHHEIM)13 dos 42 Estudos-Caprichos,
para serem executadas em Duo.
13 A informação sobre a parte de acompanhamento de piano foi colhida no depoimento do Professor Paulo Bosisio. Não conseguimos ter acesso a essa parte.
12
2. ASPECTOS DIDÁTICO - PEDAGÓGICOS
Trataremos agora, de uma maneira mais eficiente e sistemática, dos aspectos
didático-pedagógicos para o ensino e aprendizagem dos Estudos-Caprichos
selecionados.
Os tópicos abordados serão: I-Introdução: comentários gerais sobre o Estudo; II-
Análise Formal, Motívica e Harmônica: divisão da obra, principais motivos, a
importância da relação harmônica; III-Procedimentos Pedagógicos para o Estudo
e Execução da Técnica de Mão Esquerda: comentários didáticos sobre os
aspectos técnicos da mão esquerda utilizados no Estudo; IV-Procedimentos
Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica de Arco: Informações sobre a
execução dos golpes de arco e arcadas utilizados no Estudo; V-Principais
Desafios Técnicos do Estudo: demonstraremos neste tópico os trechos mais
complicados do Estudo e como superá-los; VI-Exercícios de Apoio: indicaremos
outros Estudos de outros métodos, que contêm material técnico semelhante para
suporte no desenvolvimento do Estudo analisado; VII-Considerações Finais:
conclusões sobre o Estudo analisado.
Antes de alçarmos enfoque a cada um dos Estudos em particular, é necessário
fazermos uma análise geral do Estudo no sentido de descobrirmos todas as
informações necessárias, para então começarmos a estudá-lo. Estas informações
seriam relacionadas aos seguintes tópicos: qual a finalidade desse Estudo; quais
as dificuldades: encontram-se estas no Arco, na Mão esquerda ou, então, na
13
sincronização de Ambos os movimentos? Uma vez alcançado este objetivo,
estudá-los-emos separada e lentamente, simplificando-os, variando-os e, ao
inverso, dificultando-os até que os obstáculos tenham sido totalmente eliminados.
Em seguida iremos avultar o andamento até chegar-se ao desejado, só então
elaborando uma interpretação da obra para, posteriormente, apresentá-la.
Lembrando que uma dificuldade deve ser considerada superada quando os mais
complicados mecanismos da técnica de mão esquerda e direita forem realizados
com plena desenvoltura.
"Somente um bom estudo trará a perfeição" (GERLE, R. 1983, pg. 6).
14
2.1 ESTUDO - CAPRICHO Nº 19
2.1.1 Introdução
Este Estudo-Capricho foi escrito no tom de ré maior, fórmula de compasso
quaternário, andamento moderato e, segundo Paulo Bosisio, tem como
principal objetivo o aperfeiçoamento da técnica do Trillo em golpe de arco
Legato, com mudanças de posições e de cordas.
2.1.2 Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo.
Este Estudo-Capricho pode ser dividido em três partes, sendo seu
desenvolvimento sobre seis motivos.
Vide TAB. 1 e 2 na página seguinte.
15
TABELA 1:
TAB. 1. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 19
Partes Compassos
Primeira 1 ao 16 (D)
Segunda 17 ao 32 (Bm)
Terceira 33 ao 63 (D)
TABELA 2:
TAB. 2. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 19.
Motivos Compassos Exemplos
Primeiro 1
Segundo 2
Terceiro 15
Quarto 16
Quinto 31
Sexto 44
16
PRIMEIRA PARTE
Começa no compasso nº 1 e estende-se até o compasso nº 16. Inicia-se na
tônica (Ré maior) e finaliza também na tônica. Nesta parte teremos expostos os
quatro primeiros motivos mostrados na tabela 2. Esta parte também é formada
por três frases.
Primeira Frase: Vai do compasso(c.) nº 1 ao nº 4, e inicia-se com o primeiro
motivo(c.1/c.3) seguido do segundo motivo(c.2/c.4).
Ex.1. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 1 – 4.
Segunda Frase: Vai do compasso nº 5 ao nº 8. Articulada também pelo
primeiro e segundo motivos.
Ex.2. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 5 – 8.
Terceira Frase: Vai do compasso nº 9 ao nº 16. É articulada pelo primeiro,
terceiro e quarto motivos.
17
Ex.3. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 9 - 10 e 15 - 16.
...etc
SEGUNDA PARTE
Começa no compasso nº 17 e estende-se até o compasso nº 32. Começa no
sexto grau de ré maior (nota sin) e finaliza no mesmo grau. Nesta parte temos
expostos os cinco primeiros motivos mostrados na tabela 2. Esta parte também
é formada por três frases.
Primeira Frase: Vai do compasso nº 17 ao nº 20, e inicia-se da mesma forma
que a primeira frase da primeira parte, ou seja, com o primeiro
motivo(c.17/c.19) seguido do segundo motivo(c.18/c.20).
Ex.4. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 17- 20.
Segunda Frase: Vai do compasso nº 21 ao nº 24. Articulada também pelo
primeiro e segundo motivos, como a segunda frase da primeira parte.
18
Ex.5. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 21 - 24.
Terceira Frase: Vai do compasso nº 25 ao nº 32. Articulada pelo primeiro,
segundo, terceiro, quarto e quinto motivos.
Ex.6. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 25 - 26 e 30 - 32.
...etc
TERCEIRA PARTE
Começa no compasso nº 33 (tônica) e estende-se até o compasso nº 63 (final).
Nesta parte temos expostos o primeiro, segundo, terceiro, quarto e sexto
motivos mostrados na tabela 2. É formada por quatro frases.
Primeira Frase: Vai do compasso nº 33 ao primeiro tempo do compasso nº 44.
Ex.7. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 33 - 34 e 42 - 44.
...etc
19
Segunda Frase: Vai do compasso nº 44 ao terceiro tempo do compasso nº 52.
Ex.8. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 44- 45 e 51 - 52.
...etc
Terceira Frase: Vai do quarto tempo do compasso nº 52 ao primeiro tempo do
compasso nº 59.
Ex.9. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 52- 53 e 58 - 59.
...etc
Quarta Frase: Vai do segundo tempo do compasso nº 59 ao compasso nº 63.
Ex.10. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 59 - 60 e 63.
...etc
20
2.1.3 Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico
Na construção melódica de uma frase está implícita a questão harmônica
(harmonia), sustentando de forma oculta esta melodia.
A harmonia tonal não está nitidamente presente em alguns Estudos de
Kreutzer, pois foram escritos para violino solo. No entanto, é claro que,
ocultamente, o autor reflexionou essa harmonia para construir o texto musical
de sua obra. Não são Estudos sem uma lógica musical, sem uma estrutura
fraseológica ou até mesmo exercícios melódicos sem bases nas resoluções
cadenciais de uma frase. A própria escolha da tonalidade é um aspecto
harmônico pensado pelo autor. A forma como ele resolve e constrói suas frases
melódicas são totalmente pensadas e elaboradas a partir dos padrões
harmônicos. Existem modulações de uma seção ou frase para outra; sucessão
dos graus da escala na construção das frases (conceitos de repouso - tônica,
movimento -subdominante e dominante, afastamento - subdominante e
aproximação - dominante); intervalos resolvendo-se de acordo com as leis
tonais; combinações de arpejos maiores e menores, movimentos escalares
ressaltando a tonalidade, cromatismos e outros aspectos musicais. Enfim,
muitos são os fatores que nos conduzem à harmonia.
Existem duas obras de suporte para desenvolver e ampliar a percepção
harmônica dos 42 Estudos-Caprichos de Kreutzer. A primeira trata-se de uma
parte de segundo violino escrita por Friedrich Herman, editada pela editora
21
Peters, para que seja tocada em forma de duetos. A segunda é um
acompanhamento de piano escrito por Eichheim.
Para entender estes elementos musicais que nos principiam à exegese da
harmonia, vamos analisar alguns trechos dos Estudos para maiores
esclarecimentos, e que também servirão de exemplos para toda a obra.
Ex.11. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 1- 4.
O exemplo clássico acima mostra os quatro primeiros compassos do Estudo-
Capricho. Estão eles no tom de Ré maior, a estrutura melódica é formada por
escalas descendentes (no caso desse exemplo, a escala do próprio tom (Ré); e
a outra, uma escala partindo do segundo grau de Ré maior, na função
harmônica do quinto grau). O Estudo-Capricho se iniciou na tônica. No
segundo compasso se movimentou para a função harmônica de dominante,
resolvendo o retardo do primeiro grau no sétimo grau (sensível), terça do
acorde de dominante. A resolução da dominante segundo a primeira lei tonal
das funções harmônicas, deve ser na tônica. Notamos claramente neste
exemplo o desenvolvimento e a construção da frase utilizada por Kreutzer,
segundo as funções harmônicas.
22
Vejamos um outro exemplo.
Ex.12. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 15 - 16.
Neste exemplo temos dois arpejos, os quais sabemos também possíveis de
serem analisados como dois acordes desmembrados (Acorde arpejado). Estes
mantêm também uma função com relação à harmonia. Vejamos também a
relação dos graus na finalização da frase, onde temos um movimento do II grau
de ré maior movimentando para o V (considerado um conceito de aproximação
na harmonia funcional), e que este V grau engendra destarte um ponto
culminante, ou seja, de maior tensão; por obrigatoriedade das leis funcionais, o
quinto grau terá que resolver na tônica. Notemos que o autor premeditou este
momento de tensão, resolvendo-a com uma cadência perfeita.
Observemos agora uma passagem onde ele modulou para a tonalidade de Si
menor.
23
Ex.13. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 17- 32.
Do Compasso 17 ao compasso 32 o autor modulou para Si menor, relativa de
Ré maior. Seria também outro aspecto fortemente relacionado com as
características funcionais harmônicas para a elaboração de uma peça musical.
Por fim, para o desenvolvimento auditivo das relações harmônicas, seria muito
interessante que todos os alunos pudessem tocar os Estudos-Caprichos
acompanhados pelas duas obras que foram citadas acima
(Hermann/Eichheim). A primeira seria uma ótima opção para se tocar em sala
de aula com o professor, e a segunda em recitais ou provas.
Vejamos uma pequena amostra do acompanhamento de segundo violino.
24
Ex.14. Trecho do Estudo-Capricho nº 19 para dois violinos, compassos 1- 4. (Hermann)
2.1.4 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica
de Mão Esquerda
2.1.4.1 Estudo da mudança de posição1.
No estudo da mudança de posição, alguns cuidados são importantes, tais
como: 1º) evitar que o dedo guia (nota auxiliar) ultrapasse ou não chegue à
nota de destino. 2º) Após cada mudança, a mão deve estar posicionada de tal
forma que seja possível articular todos os dedos sem que sejam necessários
grandes ajustes do cotovelo e, principalmente, da mão esquerda. A má
colocação do braço esquerdo é um importante fator de bloqueio do
desenvolvimento da condução da mão e velocidade dos dedos. É importante
tanto nos movimentos ascendentes como descendentes ceder
progressivamente com o cotovelo, fazendo com que se diminua a distância
entre as posições.
Observemos alguns procedimentos de estudo da mudança de posição.
1 Trajetória seguida pelo dedo sobre a corda com a pressão relativa a de um harmônico, indo de uma nota a outra. (LA FOSSE, 1985)
25
Primeiro Procedimento:
Estudar sem o trillo usando notas auxiliares (no entanto, mais próximo do
ritmo). Metrônomo e = 90.
Ex.15. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso das notas auxiliares, compassos 1- 2.
Segundo Procedimento:
Estudar com o trillo2, utilizando notas auxiliares (dedo guia). As notas auxiliares
ajudam a direcionar e ajustar a forma da mão e dos dedos na posição desejada
(ou nota desejada).
Ex.16a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso das notas auxiliares, compassos 1- 2.
2 Ornamento que consiste da alternância mais ou menos rápida de uma nota com a nota um tom ou semiton acima dela (Dicionário Grove, 1998).
26
Execução do trillo:
Começar estudando desta forma:
Ex.16b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, execução do trillo, compassos 1- 2.
e
Obs: a apogiatura é tocada na batida do tempo. Metrônomo e = 45
Terceiro Procedimento:
Neste próximo trecho, por exemplo, temos um salto de posição num intervalo
de décima terceira, partindo da primeira posição para atingir a quinta posição.
O dedo guia (notas auxiliares) irá nos conduzir até a próxima nota.
Ex.17. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, salto de posição, uso do dedo guia, compasso 54.
→
27
Quarto Procedimento:
Ênfase na afinação. Segundo La fosse (1995), a desafinação pode ocorrer em
dois casos: dentro da posição e na mudança de posição. A desafinação na
mudança poderá ser causada pela tensão excessiva do polegar ou do dedo
sobre a corda na trajetória, pela falta de conhecimento correto da distância na
mudança, ou ainda pela falta de estudo através das notas auxiliares.
Uso de notas auxiliares (dedo guia) modificando o ritmo. Metrônomo e = 983
Ex.18. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, notas auxiliares, compasso 1.
2.1.4.2 Dedilhados
É importantíssima a escolha de um bom dedilhado para a peça a qual se vai
estudar. Não só em relação à parte mecânica, como também à parte
expressiva, em vista de podermos, pela mudança do dedilhado, alterar o
timbre, a sonoridade e o caráter da composição.
A escolha do dedilhado abrange um dos principais pontos da técnica
violinística: afeta diretamente as mudanças de posição, de corda e a
movimentação do braço que conduz o arco. Um dedilhado mal escolhido pode
3 Exemplo sugerido por Paulo Bosisio.
28
tornar impossível a execução de determinadas passagens de um Estudo. É
verdade também que as qualidades individuais do intérprete, a constituição das
mãos, a experiência adquirida, o gosto e as idéias musicais têm uma grande
importância na escolha do dedilhado. É imprescindível o executante conhecer e
entender bem o esquema de dedilhado proposto por um autor ou sugerido por
um professor. Analisemos alguns trechos deste Estudo4.
Ex.19. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados propostos pelos revisores, compasso 1.
Notemos que os autores são unânimes na escolha do dedilhado acima, embora
seja um dedilhado difícil de ser executado junto com o trillo pois requer uma
clareza e precisão de movimentação do quarto dedo. O objetivo com esse
dedilhado foi realmente explorar a deficiência que vários violinistas têm, ou
seja, de executar o trillo com o quarto dedo. Comparemos esse trecho com a
opção de um dedilhado mais fácil.
4 Usamos três edições com diferentes revisores para fazer a comparação de dedilhados (Galamian, Sándor e Polo).
29
Ex.20. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados facilitado, compasso 1.
O dedilhado usado nas notas si e mi bequadro (1º dedo) facilita a passagem,
tornando-a mais cômoda. No entanto, rompe de uma certa forma o esquema
de dedilhado: 3/2; 3/2; 3/2; 3/2. Além disso, não exercita tanto o quarto dedo.
Mas para aqueles que realmente teham uma enorme dificuldade em apresentar
este Estudo-Capricho, o dedilhado do exemplo 16, poderia, em casos de
exceção, ser uma possível solução. Pois o conteúdo deste Estudo-Capricho
não se resume somente no trillo do quarto dedo, e sim na combinação de
várias técnicas, que podem ser apreendidas pelo aluno (trillo em legato com
mudança de posição e corda).
Já para aqueles que realmente têm facilidade em executar o trillo com o quarto
dedo, ou para aqueles que querem trabalhar mais esse dedo, eis um trecho em
que o dedilhado pode ser alterado para ser executado com o quarto dedo, e
que não foi sugerido nas edições pelos autores citados acima.
30
Ex.21. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados – trillo com 4º dedo, compasso 1.
Comparemos um trecho com dedilhados diferentes proposto por dois autores,
cujas edições estão entre as mais confiáveis segundo os professores de
violino.
Ex.22. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, comparação de dedilhados – Sándor/Galamian,
compasso 1.
Tanto o dedilhado proposto por Galamian quanto o proposto Sándor são muito
bons. Cabe então ao executante definir qual será a intenção de escolha
mediante o resultado sonoro que quer conseguir e a facilidade de articulação
com que um se diferencia do outro.
31
Galamian sugeriu este dedilhado pensando não em um glissando, mas sim
numa extensão descendente e depois ao final uma ascendente. A dificuldade é
justamente esta articulação que a mão faz, ou seja, desmanchando de certo
modo a forma da mão dentro da posição. Já Sándor optou por fazer uma
mudança de posição (3ª p/ 1ª), do si bequadro para o fá sustenido na corda mi,
e depois uma extensão ascendente com o terceiro dedo na nota mi bequadro.
Vejamos então que cabe a escolha de um ou outro segundo o apuro musical, e
a facilidade de cada executante.
2.1.4.3 Trillo
Segundo Hilda Maria Saraiva (SARAIVA, 1949, p. 81), as condições que
permitem a execução de trillos só surgem quando o violinista atinge o grau de
desenvolvimento técnico que lhe permita lançar com rapidez os dedos contra
as cordas e delas levantá-los com curtos abalos alternados dos grupos
musculares agonistas e antagonistas, que produzem as flexões e extensões
necessárias.
Seu estudo prematuro, principalmente se em movimento rápido, pode levar à
crispação da mão e acaba não adestrando os movimentos. Se estudado
também com exagero pode conduzir por vezes a paralisias, dores, etc.
É importantíssimo que os movimentos alternados característicos no estudo do
trillo sejam adestrados em tempo lento e apressando-se gradualmente o
andamento, caso queira evitar-se a crispação da musculatura que os promove.
32
Os dedos não devem levantar demais e não devem bater com força nas
cordas.
Galamian (GALAMIAN, 1962), nos diz que o super desenvolvimento de força
nos dedos é especialmente contra a boa execução do trillo.
O trillo pode começar na nota superior ou na principal. Neste Estudo, é
recomendado que se comece pela nota principal, pois nas mudanças de
posições é mais fácil chegar com a nota real e trinar, do que com a nota
superior.
Primeiro Procedimento:
Ex.23. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudando o trillo, compasso 1.
Não é necessário estudar até se cansar as articulações dos dedos logo no
primeiro compasso do Estudo. O objetivo neste exercício é desenvolver a
articulação dentro do pulso “rítmico”. É imprescindível a busca pela
regularidade e precisão da execução do ritmo. Para isso será necessário
pensarmos que o espelho possa ser uma chapa quente, e o quarto dedo neste
33
exemplo não irá bater e sim sair da corda (movimento ascendente-movimento
reflexivo).
Segundo Procedimento:
Processo de sincronização (aplicação de ritmos que diferenciam a articulação e
velocidade de um dedo dos demais). É usado onde arco e mão esquerda não
se encontram em perfeita sincronização, melhorando, portanto, a igualdade da
queda e do levantar dos dedos. Melhora também a articulação do trillo.
Metrônomo e = 140 para cada colcheia.
Ex.24. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de sincronias, compasso 1.
34
Terceiro Procedimento:
Processo de correlações. Tem o mesmo objetivo que as sincronias, porém
formado por um grupo de figuras com maior quantidade de notas.
Ex.25. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de correlações, compasso 1.
Quarto Procedimento:
Diferentes edições apresentam variações rítmicas propostas por seus autores.
Em seguida listamos exemplos da Editora Ricordi Americana – Polo/Anzoletti,
da Editora Editio Musica Budapest – Sandor, da Editora International Music
Company – Galamian, e também do professor Paulo Bosisio.
35
Editora Ricordi Americana - Polo/Anzoletti.
Ex.26a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Polo, compasso 1.
Editora Editio Musica Budapest/Sándor.
Ex.26b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Sándor, compasso 1.
Editora International Music Company/Galamian.
Ex.26c. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Galamian, compasso 1.
36
Variação proposta pelo professor Paulo Bosisio.
Ex.26d. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/Paulo Bosisio, compasso 1.
2.1.5 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos da Mão Esquerda
Segundo Paulo Bosisio, este Estudo-Capricho nos permite estudar outros
aspectos técnicos, como posicionamento plano do quarto dedo e uso da
segunda e quarta posições alcançadas por extensões. O segundo aspecto
técnico necessita de uma demonstração para melhor compreendermos.
Ex.27. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de extensões, compasso 1.
Vejamos que no primeiro compasso temos duas extensões: a primeira, feita da
primeira posição para a segunda posição; e a segunda, feita da segunda
posição para a terceira posição. Já no segundo compasso temos duas
37
extensões feitas da terceira posição para a quarta posição. É um dedilhado
mais trabalhado e de difícil execução, mas que nos proporciona um grande
avanço na técnica de extensões.
2.1.6 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica
de Arco
2.1.6.1 Golpes de arco5
Segundo Raaben (RAABEN, 2003 p. 117), como os demais elementos da arte
musical, os golpes de arco não podem ser estudados genericamente. Cada
golpe de arco é aplicado para revelar um determinado caráter da música; em
diversas obras musicais, como nos diversos episódios da mesma obra, os
golpes de arco podem ter diversas características e diversos coloridos.
Conseqüentemente, ao se trabalhar um determinado golpe de arco, o momento
da sua definição representará o significado musical-expressivo da obra.
Conhecer suas terminologias, os movimentos que os precedem e dominá-los
com extrema perfeição é um requisito necessário para a carreira violinística e
acadêmica. O grande mestre Giovanni Battista Viotti (1755-1824)6 dizia: "O
violino é o Arco"7. Podemos dizer que "O arco é a vida do instrumento".
5 Refere-se, primordialmente, ao repertório de maneiras diferentes de se articular uma única nota ou grupo de notas em determinada célula musical por meio de um gesto técnico específico, passível de ser identificado e denominado por uma expressão particular.(Dourado, 1998) 6 Violinista e compositor italiano. 7 In: Arcadas e Golpes de Arco, SALLES, M., pág. 116, 1998.
38
O golpe de arco predominante neste Estudo-Capricho é o Legato. No entanto,
em alguns trechos do Estudo-Capricho também surge o détaché.
Algumas informações preambulares aos procedimentos de estudo nos serão
importantes no sentido de conseguirmos obter um entendimento mais claro
sobre a execução dos golpes. Vejamos como estudar o Legato com a mudança
de posição e de corda.
O Legato, no caso deste Estudo, requer a observância de alguns pontos, como:
• Suavidade nas mudanças de posição.
• Equilíbrio de pressão do arco nas cordas, no sentido de não
produzirmos um som com excesso de ruído.
• Controle da velocidade do arco, para que não ocorra de se usar muito
arco no início, deixando pouco para o final da arcada, tornando-se então
o som distorcido.
• Distribuição do arco: usar toda a extensão do arco.
• Aproximação antecipada das crinas do arco, de uma corda para outra,
nas mudanças de cordas, movimento do cotovelo.
• Paralelismo do arco, evitando falhas na sonoridade (arco paralelo ao
cavalete).
39
• Ponto de contato, se no centro (entre o cavalete e o espelho) teremos
uma sonoridade mais clara e nítida, não correndo o risco de se alterar o
som.
• Movimento de punho, para flexibilidade na mudança de corda;
movimentar o arco em forma de ondas.
• Mão esquerda precede o arco, evitando que ocorra o comprometimento
na clareza da passagem.
• Movimento dos dedos, na região do talão, para conectar melhor a virada
de arco. O arco não pode ser atrapalhado pela digitação dos dedos da
mão esquerda.
Primeiro Procedimento:
Ex.28. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo do legato, compasso 1.
40
Aplicar as informações colocadas acima neste exemplo, tanto no procedimento
como também na escrita original do Estudo-Capricho. Na mudança de corda
pensar numa sutil corda dupla.
2.1.6.2 Arcadas8
O significado de arcada é o movimento do arco em relação às notas. Tem ela
por objetivo definir se a nota será executada para cima, para baixo ou se será
ligada ou não.
Segundo Mariana Salles (SALLES, 1998, pg. 20), "na família dos instrumentos
de cordas friccionadas, arcada para baixo é a expressão usada para denominar
o movimento executado pelo instrumentista, que conduz o arco de forma que o
ponto de contato com a corda mova-se do talão em direção à ponta. Da mesma
forma, na arcada para cima, o ponto de contato do arco em relação à corda
move-se da ponta em direção ao talão".
As arcadas são elementos de grande importância no discurso musical. É
completamente evidente que a personalidade de um violinista se exterioriza
também na seleção dos recursos musicais, e que certas indicações referentes
aos arcos, pensadas para alcançar um determinado efeito, não convêm a
todos. É necessário fazer um estudo completo das regras que disciplinam os
acentos nos distintos membros do período musical, pois irá proporcionar ao
intérprete conceitos claros na escolha das arcadas.
8 1. Direção do movimento do arco em relação às cordas. 2. Termo genérico, conjunto de golpes de arco com determinadas características em comum (SALLES, M., 1998).
41
Nas três edições analisadas (Galamian/International Music Company -
Pólo/Ricordi - Sándor/Budapest), nenhuma indica sinal de arcada no início do
Estudo. No entanto, sugerimos que se toque o Estudo-Capricho começando
com a arcada para baixo e depois o estude começando-se com a arcada para
cima.
Ex.29a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo de arcadas, compasso 1.
e
Para facilitar o Estudo-Capricho, estude também com as seguintes arcadas.
Ex.29b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo de arcadas, compasso 1.
e
2.1.7 Principais Desafios Técnicos do Estudo
Os principais desafios técnicos do Estudo-Capricho serão aqueles presentes
em trechos cuja dificuldade de execução supera os demais trechos do Estudo-
Capricho. São trechos mais difíceis e problemáticos quanto à sua execução,
42
onde o risco de incidência ao erro será maior. Por isso, merecem nossa maior
atenção. Vejamos, então, alguns desses trechos.
Ex.30a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho, compassos
33 - 34 e 42 - 43.
...etc
Do compasso 33 ao compasso 43, temos um longo trecho ininterrupto; com
uma seqüência de colcheias pontuadas com semicolcheias; trillo intercalado
com apogiaturas; uma seqüência maior de trillo com o quarto dedo, e
compassos inteiros em ligaduras. O controle de arco, a clareza no movimento
dos dedos serão extremamente necessários.
Ex.30b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho, compasso 44
– 45 e 51.
...etc
Do Compasso 44 ao compasso 51, encontraremos outro trecho em que
predomina a execução em tempo maior de trillo (1 tempo e 3/4 de tempo/
quase 2 tempos), ritmo de semínima pontuada (com dois pontos) seguida de
duas figuras de fusas. A precisão e a clareza do trillo e do ritmo, principalmente
das fusas, é imprescindível.
43
Ex.30c. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho, compassos
54 – 55.
Nos Compassos 54, 60 e 62 temos mudanças de posições que necessitam de
um direcionamento de estudo, o qual já foi elucidado no tópico Estudo da
Mudança de posição (vide ex. 13).
2.1.8 Exercícios de Apoio
Serão exercícios ou Estudos que darão sustentação ao estudo do aluno,
referente à principal técnica abordada em cada Estudo-Capricho.
Estes exercícios virão de sugestões de métodos ou livros que contenham
exercícios similares, ou que ajudarão o violinista a se preparar melhor para a
execução das técnicas abordadas nos Estudos-Caprichos.
44
Para um melhor desenvolvimento do trillo sugerimos os seguintes autores e
obras9:
TAB. 3. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 19.
AUTOR E OBRA ESTUDOS OU EXERCÍCIOS
O. SÉVCIK, OPUS 7 TODO
KAYSER, 36 Etüden op. 20 6 e 15
MAZAS, Seventy-Five Melodious op. 36 13, 14 e 55
DONT, 24 Studies Preparatory to Kreutzer and Rode Studies, op. 37
15
KIEVMAN, Practicing the Violin Mentally-Physically.
1
SPOHR, Violin School 61 e 62
POLO, 30 Studi a Corde 22
WOHLFAHRT, 60 Etuden Op. 45, II 49
9 As obras citadas abaixo foram coletadas do trabalho: Guia Analítico de estudos selecionados para violino e viola – Relatório técnico-científico, desenvolvido pelo professor Cláudio Urgel em 2000.
45
No entanto, será necessário, antes de qualquer escolha dos exercícios, saber
quais são as deficiências pessoais do aluno em questão, para somente depois
indicar o exercício mais correto: “Diagnóstico – Terapia”. 10
2.1.9 Considerações Finais
Constatamos que o Estudo-Capricho nº 19 tem sua estrutura fundamentada
sobre seis motivos; dentre eles, o mais importante é o primeiro.
Notou-se o quanto é semelhante a organização das frases e dos motivos na
primeira e segunda parte. Na terceira parte também se salientou a semelhança
na estrutura das frases, na opção por um motivo principal, ou seja, um motivo
que é sempre mais explorado do que os outros.
Com exceção do terceiro e quinto motivos, os demais são todos escritos em
sentido descendente (Vide TAB. 2).
Foi possível notar também que existe imitações de motivos durante todo o
Estudo-Capricho, não somente imitando a estrutura do ritmo, mas também
notas e intervalos idênticos (compassos semelhantes: 1, 22, 26, 33) e (16, 63).
Nos procedimentos de estudo da técnica de mão esquerda, averiguamos a
importância de estudar as mudanças de posições, através das notas auxiliares
(intermediárias), e os cuidados referentes aos movimentos da mão, dos dedos,
10 Paulo Bosisio nos diz que, antes de indicar qualquer exercício, é necessário diagnosticar o problema, para só então passar o exercício-terapia.
46
do braço e do cotovelo, para que a mudança possa ser executada sem
acentuações e com suavidade. Observando atenciosamente estes aspectos,
conseguiremos alcançar uma afinação mais apurada.
Na execução do trillo, vimos o quanto as variações auxiliam na clareza do
mesmo.
É importante o professor fazer a escolha de uma boa edição11, que contenha
marcações de dedilhados pensados e estudados por estes pedagogos. Caso
seja necessária alteração nas marcações sugeridas pelo revisor, que esta seja
para beneficiar o executante em determinadas passagens onde se apresente
alguma dificuldade. Portanto, é recomendado que a escolha de um dedilhado
não venha a comprometer severamente o esquema de dedilhado proposto pelo
revisor do Estudo-Capricho. Vimos também que o Estudo-Capricho pode ser
usado para se trabalhar outros aspectos técnicos, tais como: posicionamento
plano do quarto dedo nas cordas e uso da segunda e quarta posição.
Quanto aos golpes de arco, notamos o quanto é importante a observação de
alguns pontos e também os movimentos de ambos os braços, no sentido de
promover uma boa execução do golpe Legato.
Quanto às arcadas, analisamos que sua definição colaborará sempre para o
melhoramento da estética e desenvoltura artística da execução musical de uma
obra. A sugestão de se estudar tanto iniciando para cima como para baixo,
11 As melhores Edições segundo os professores entrevistados são: Galamian e Sándor.
47
dará ao executante uma grande liberdade de movimentos e posteriormente um
domínio maior do Estudo.
Outro fator importante analisado foi a identificação dos principais desafios
técnicos do Estudo-Capricho. Esta identificação ajudará num melhor
planejamento do estudo, no sentido de desenvolver um estudo mais consciente
e sistemático dos trechos mais problemáticos e difíceis do Estudo-Capricho.
É importante também fazer uso dos acompanhamentos escritos para os
Estudos-Caprichos (2º Violino e parte de Piano), no sentido de desenvolver o
senso harmônico. Como suporte, é necessário ter conhecimentos mínimos dos
aspectos harmônicos que foram relatados no Estudo-Capricho.
Por fim, cremos que os exercícios de apoio servirão de consultas para um
estudo mais sistemático na preparação do trillo.
48
2.3 ESTUDO - CAPRICHO Nº 30
2.3.1 Introdução
Este Estudo-Capricho foi escrito no tom de Sib maior, fórmula de compasso
quaternário, andamento moderato. Seu principal objetivo é o aperfeiçoamento
da combinação dos golpes de arco détaché com legato e mudança de corda.
Enfoca também a mudança de posição e posição fixa.
2.3.2 Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo.
Este Estudo-Capricho pode ser dividido em três partes, e desenvolve-se sobre
seis motivos.
Vide TAB. 4 e 5 na página seguinte.
49
TABELA 4
TAB. 4. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 30
Partes Compassos
Primeira 1 ao 18
Segunda 19 ao 55
Terceira 56 ao 82
TABELA 5
TAB. 5. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 30.
Motivos Compassos Exemplos Primeiro 1
Segundo 2
Terceiro 11
Quarto 13
Quinto 18
Sexto 45
50
PRIMEIRA PARTE
Começa no compasso nº 1 e estende-se até o compasso nº 18. Inicia-se na
tônica (arpejo de Sib maior) e finaliza-se num arpejo de sol maior. Esta parte,
na qual teremos expostos os cinco primeiros motivos mostrados na tabela 2, é
formada por dois períodos, onde o primeiro é constituído por cinco frases (1ª:
c.1 e c.2/ 2ª: c.3 e c.4/ 3ª: c.5 e c.6/ 4ª: c.7 e c.8/ 5ª: c.9 e c.10).
Primeiro Período: Vai do compasso (c.) nº 1 até o compasso nº 10. É
construído pelo primeiro e segundo motivos (c.1/c.2).
Ex.31. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 1 – 10.
E o segundo por três frases (1ª: c.11 e c.12/ 2ª: c.13 ao c.15/ 3ª: c.16 ao c.18).
51
Segundo Período: Começa no compasso nº 11 e encerra-se no compasso nº
18. Articulado pelo terceiro, quarto e quinto motivos.
Ex.32. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 11 – 18.
SEGUNDA PARTE
Começa no compasso nº 19 e estende-se até o compasso nº 55. Começa no
arpejo de Mib/7 (quarto grau de Sib maior), e se finaliza num movimento
escalar em fá maior. Nesta parte teremos expostos todos os motivos, exceto o
quinto, mostrados na tabela 2. Esta parte é formada por cinco períodos, onde o
primeiro período pode ser dividido em cinco frases (1ª: c.18 e c.19/ 2ª: c.21 e
c.22/ 3ª: c.23 e c.24/ 4ª: c.25 e c.26/ 5ª: c.27 e c.28).
Primeiro Período: Vai do compasso nº 19 ao compasso nº 28. Inicia-se o
primeiro motivo modificado, arpejo de Mib/7 maior, seguido do segundo motivo.
52
Ex.33. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 19 – 28.
O segundo em três (1ª: c.29 e c.30/ 2ª: c.31 ao c.36/ 3ª: c.37 ao c.39).
Segundo Período: Começa no compasso nº 29 e se encerra no compasso nº
39. É articulado pelo terceiro e quarto motivos. Inicia-se com o arpejo de dó
maior.
53
Ex.34. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 29 – 39.
O terceiro em duas (1ª: c.40 ao 1º quarto do 1º tempo do c.42/ 2ª: c.42 ao
c.44).
Terceiro Período: Começa no compasso nº 40 e vai até o compasso nº 44.
Articulado pelo primeiro motivo modificado.
Ex.35. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 40 – 44.
O quarto, frase única.
54
Quarto Período: Vai do compasso nº 45 ao compasso nº 50. Articulado pelo
sétimo e quarto motivos.
Ex.36. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 45 – 50.
E o quinto em duas (1ª: c.51 e c.52/ 3ª: c.53 ao c.55).
Quinto Período: Vai do compasso nº 51 ao compasso nº 55. Articulado pelo
primeiro, segundo e oitavo motivos.
Ex.37. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 51 – 55.
55
TERCEIRA PARTE
Começa no compasso nº 56, com o arpejo de sib maior e se encerra no
compasso nº 82 (final). Podemos considerar esta parte como a reexposição da
primeira. Teremos exposto o primeiro, segundo, terceiro, quarto e sexto
motivos. É formada por quatro períodos. O primeiro período pode ser
subdividido em quatro frases (1ª: c.56 e c.57/ 2ª: c.58 e c.59/ 3ª: c.60 e c.61/ 4ª:
c.62 e c.63).
Primeiro Período: Vai do compasso nº 56 ao compasso nº 63. É articulado
pelo primeiro e segundo motivos.
Ex.38. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 56 – 63.
O segundo período em três (1ª: c.64 e c.65/ 2ª: c.66 e c.67/ 3ª: c.68 ao c.70).
56
Segundo Período: Começa no compasso nº 64 e vai até o compasso nº 70. É
articulado pelo terceiro, primeiro modificado e quarto motivos.
Ex.39. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 64 – 70.
O terceiro constituído de uma frase única (c.71 ao c.74).
Terceiro Período: Começa no compasso nº 71 e vai até o compasso nº 74. É
articulado pelo quarto motivo.
57
Ex.40. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 71 – 74.
E o quarto em duas frases (1ª: c.75/ ao c.78 e 2ª: c.79 ao c.82).
Quarto Período: Começa no compasso nº 75 e vai até o compasso nº 82. É
articulado pelo primeiro, ligeiramente modificado, e segundo motivos.
Ex.41. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 75 – 82.
58
2.3.3 Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico
Este Estudo-Capricho é basicamente todo estruturado em arpejos maiores,
menores e diminutos.
Analisemos alguns trechos desse Estudo-Capricho.
Ex.42. Trechos do Estudo-Capricho nº 30, Análise Harmônica, compassos 1, 32 e 48.
É importante o aluno conhecer as diferenças sonoras de um arpejo para o
outro, e suas especificidades. Por exemplo: vimos que o arpejo maior é
formado por um intervalo de terça maior e uma terça menor sobreposta ou uma
59
terça maior e uma quinta justa. Já o arpejo menor é o contrário do maior, ou
seja, é formado por uma terça menor e uma terça maior sobrepostas, ou uma
terça menor e uma quinta justa. Enquanto que o diminuto é formado por duas
terças menores sobrepostas ou uma terça menor e uma quinta diminuta.
Por fim, para o desenvolvimento auditivo das relações harmônicas, trecho do
Hermann mencionado no Estudo-Capricho anterior.
Ex.43. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, para dois violinos, compassos 1 – 4. (Hermann)
2.3.4 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica
de Mão Esquerda
2.3.4.1 Estudo da mudança de posição.
Neste Estudo-Capricho encontramos a todo momento mudanças de posição.
Assim, um estudo eficaz e sistemático do glissando mudo nas mudanças de
posição será indispensável.
60
Primeiro Procedimento: Utilizando o glissando mudo.
Ex.44. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, uso de glissando mudo, compassos 1 - 2.
No exemplo acima, observamos os procedimentos da mudança:
1º- após tocar a nota sin na primeira posição com o primeiro dedo, alivie a
pressão do dedo.
2º- deslize com o dedo sobre a corda, com a pressão relativa de um harmônico
até a próxima posição.
3º- coloque novamente a pressão do dedo sobre a corda após atingir a posição
desejada.
61
Segundo Procedimento:
Isolando a mudança de posição (c.13 ao c.15): estudem primeiro as mudanças
de posições.
Ex.45. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a mudança de posição, compassos 13 -
15.
Ex.46. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, mudança em blocos, compassos 45 - 47.
62
Ex.46a. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, visualização dos blocos.
Observemos com muita atenção o exemplo acima, ao qual chamarei de
mudança de posição em “blocos de formas”. A mudança de posição acontece
da terceira posição para a segunda, e depois da segunda para a primeira
posição, em graus conjuntos, com intervalos de tons de uma nota à outra (dón-
si¿-la¿).
No entanto, é como se estivéssemos tocando acordes um após o outro,
mudando de uma posição à outra, mas em blocos de fôrmas parecidas.
Podemos equiparar esta técnica de mudança à técnica de mudança executada
por um violonista quando este estiver trocando de um acorde para outro em
casas diferentes. Experimente executar os acordes no exemplo acima.
2.3.4.2 Extensão
A extensão é usada quando se toca uma determinada nota em uma posição
diferente da posição da mão, exigindo assim um alongamento do dedo em
direção a esta nota.
63
Vejamos no exemplo abaixo.
Ex.47. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a extensão, compasso 5.
Nota: O aluno que tiver mão pequena e quarto dedo pequeno deve tirar o
primeiro dedo, permanecendo somente com o terceiro dedo na corda, que será
utilizado como um pivô, para que se consiga fazer a extensão sem mudar de
posição.
Procedimento: Praticando a extensão.
Ex.48. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, movimento de empurrada e alongamento, compasso
5.
64
No primeiro procedimento toque as notas intermediárias, entre o dón e o fán,
bem devagar, através do movimento de articulação empurrada. Já no segundo
procedimento, levantar o dedo e esticá-lo no ar para alcançar a próxima nota.
2.3.4.3 Posição Fixa
É a digitação feita nos instrumentos de cordas, sem que a mão mude de uma
determinada região do espelho, ou seja, de posição.
Ex.49. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado em posição fixa, compassos 19 - 28.
Lembremos que, no Estudo-Capricho nº 19, comentamos sobre os aspectos
relacionados com afinação. Este trecho (c.19 ao c.28) é um trecho sempre
65
propenso à desafinação, pois ela poderá ocorrer se o movimento direcional1 do
braço esquerdo não estiver bem coordenado e assimilado nas mudanças de
cordas.
Outro aspecto de extrema importância é referente ao conhecimento e destreza
com a execução de notas na quarta posição nas quatro cordas, principalmente
no tom de sib maior e sol menor.
Para este trecho começar bem afinado, sugerimos que se estude primeiro
colocando notas intermediárias entre as notas reais do arpejo, e depois estude-
se afinando a relação intervalar entre as notas. Pode-se conferir também com
as cordas soltas.
Ex.50. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, utilizando notas intermediárias e afinando os
intervalos, compasso 19.
1 Movimento Direcional ou Volante é o deslocamento do braço mudando o ângulo para cada corda. LA FOSSE, 1985.
66
Toque as mesmas notas de uma posição em outra posição para melhorar a
afinação.
Ex.51. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado na primeira posição, compassos 19 - 20.
2.3.4.4 Fôrma de Mão (Blocos): Posicionamento dos dedos sobre as
cordas
No exemplo abaixo, temos uma seqüência de arpejos com diferentes formas,
ou seja, articulações de dedos diferentes umas das outras, e em seqüência.
Primeiro Procedimento:
Estude montando a forma a cada mudança de arpejo. Veja o exemplo abaixo e
a seqüência dos acordes durante este trecho.
67
Ex.52. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, posicionando os dedos, compassos 31 - 39.
Ex.53. Executando somente os acordes/formas.
Segundo Procedimento: afinar os arpejos a partir de padrões de blocos (c.31).
Ex.54. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, afinando os arpejos/blocos, compasso 31.
68
2.3.4.5 Dedilhados
No próximo exemplo (c.18 e c.19), faremos uma comparação entre os revisores
dos 42 Estudos-Caprichos a fim de chegarmos a uma conclusão sobre a
importância da escolha dos dedilhados.
Ex.55. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, comparando dedilhados, compassos 18 - 19.
Vejamos que Polo é o único neste trecho que prefere tocar na primeira posição
e depois mudar para a quarta posição. Os demais preferem a terceira posição
e então mudar para a quarta posição. Observemos que, se executarmos o
trecho na primeira posição para depois mudarmos para a quarta posição como
Polo nos sugere, teremos que deslocar primeiramente a mão da primeira corda
(mi) para a quarta corda (sol), e então mudarmos para a quarta posição. Existe
neste procedimento um movimento direcional ou volante do braço, mais
trabalhoso que o feito ao se utilizar os dedilhados propostos pelos demais
autores (Galamian e Sándor).
69
Com o dedilhado sugerido por Galamian e Sándor, a mão estará mais próxima
da posição e da quarta corda. Observe no exemplo subseqüente.
Ex.56. Demonstração dos movimentos e procedimentos.
2.3.5 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos da Mão Esquerda
Em alguns trechos do Estudo-Capricho, pode-se tocar com a técnica de
extensão descendente em lugar de se fazer a mudança de posição. Por
exemplo, do compasso treze ao compasso quinze.
70
Ex.57. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, usando extensões, compassos 13 - 15.
2.3.6 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica
de Arco
2.3.6.1 Golpes de arco
Encontraremos neste Estudo-Capricho os seguintes golpes de arco
combinados entre si: o Détaché Simples, o Legato e o Martelé.
O détaché simples é definido por Galamian (1962, p.67) da seguinte forma:
“Uma arcada separada é tomada para cada nota, sendo o golpe suave e
completamente igual, com nenhuma variação de pressão”. Segundo ele não há
pausas entre as notas, e cada golpe deve, consequentemente, ser executado
até o início do próximo. “O détaché simples pode ser tocado em qualquer parte
do arco e com qualquer extensão, desde o arco inteiro até sua menor fração”.
Segundo Mariana Salles (1998), o détaché possui as seguintes características:
1. Pressão e velocidade contínuas;
71
2. Manter a ausência de pausas entre as notas;
3. Quanto mais rápido o tempo exigido, mais para perto do espelho o arco
deve ser posicionado;
4. A inclinação da vara para o espelho deve ser levada em conta;
5. Flexibilidade dos dedos e pulso;
6. Não tensionar nenhuma das mãos.
Primeiro Procedimento: Delimitar o ponto de contato; quantidade de crina;
quantidade de arco; quantidade de pressão e quantidade de velocidade.
Ex.58. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, ponto de contato/ quantidade de crina, arco, pressão
e velocidade, compassos 1 - 2.
Experimente tocar este exemplo na metade superior do arco, partindo do meio,
com ponto de contato entre o cavalete e o espelho, movimento de antebraço,
movimento ativo de dedos e punho flexíveis, crina do arco plana (toda
assentada na corda), pressão e velocidade constantes. Aplicar depois em todo
o Estudo - Capricho.
72
Segundo Procedimento: Mudança de corda.
Ex.59. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a mudança de corda, compasso1.
Tocar as cordas soltas, onde acontecerá a digitação das notas. Atenção para a
clareza na mudança de corda; cotovelo entre as duas cordas; movimento de
pulso e dedos.
Ex.60. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, clareza na mudança de corda, compasso 11.
Fonte: FISCHER, Practice, 2004 p.30
73
No primeiro procedimento, toque a terceira nota piano e as outras três do grupo
de quatro notas fortes. Já no segundo procedimento, toque a terceira nota em
sforzando e com fermata. Ambos os procedimentos enfatizam a clareza na
mudança de corda e o enfoque na terceira nota, que muitas das vezes não é
escutada claramente.
Terceiro Procedimento: Aproximando as cordas.
Ex.61. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, aproximação das cordas, compasso 1.
Ex.62. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, movimento direcional do cotovelo/ mudança de corda,
compassos 49 - 50 e 14 - 16.
74
Nos dois exemplos é importante focalizar a atenção para o movimento
direcional do cotovelo, ou seja, a aproximação do cotovelo na mudança de uma
corda para a outra.
Quarto Procedimento: Regulando o movimento do Détaché.
Ex.63. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, détaché regular, compasso 1.
Estude tocando quatro, três, e duas vezes cada nota com pulsação e ritmo
regular e tamanho de arco também regular.
75
Quinto Procedimento: Praticando com o acento.
Ex.64. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, praticando com acentos, compasso 1.
Fonte: FISCHER, Practice, 2004 p.43
Praticar com os acentos ajuda no sentido de conseguirmos tocar trechos
rápidos com mais fluência, melhorando a articulação e a sincronização de
ambas as mãos.
2.3.6.2 Variações Rítmicas
Existem inúmeras de variações rítmicas que podem ser trabalhadas neste
Estudo-Capricho. Sévcik, por exemplo, escreveu muitas variações para Estudo,
como esse. Contudo, enumeraremos algumas que são indispensáveis de
serem praticadas.
76
Ex.65. Uso de sincronias e correlações, compasso 1.
Nota: É importante identificar a dificuldade do aluno, para então indicar uma
variação.
2.3.6.3 Arcadas
Para facilitar a execução das arcadas sugeridas neste Estudo-Capricho,
recomendamos que se estude primeiramente desligando-se todas as arcadas,
para se adquirir uma melhor articulação rítmica, e depois se toque com várias
arcadas diferentes. Por exemplo:
Ex.66. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, arcadas básicas, compasso 1.
77
2.3.7 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos do Arco
Este Estudo-Capricho, se aumentarmos o seu andamento, poderá
possivelmente ser tocado em legato combinado com spiccato e ricochet. Veja
os exemplos seguintes.
Ex.67. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado em spiccato e ricochet, compassos 1- 3 e
12 - 13 e 45 - 47.
78
2.3.8 Principais Desafios Técnicos do Estudo
O primeiro desafio técnico do Estudo-Capricho é conseguir um détaché regular
e com uma boa qualidade sonora.
O segundo desafio é a atenção focada na afinação, e clareza na mudança de
corda e mudança de posição. E o trecho que mais apresenta este desafio
técnico é o do exemplo subseqüente (c.40 ao c.50)
Ex.68. Trecho do Estudo-Capricho nº 30; trechos que apresentam desafios técnicos,
compassos 40- 50.
79
2.3.9 Exercícios de Apoio
Para um melhor desenvolvimento do objetivo principal do Estudo-Capricho,
sugerimos os seguintes autores e obras:
TAB. 6. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 30.
AUTOR E OBRA ESTUDOS OU EXERCÍCIOS
FLESCH, SCALE SYSTEM Escalas e arpejos de SibM e Solm.
SITT, OPUS 32, VOL. I
OPUS 32, VOL. II
6, 10, 13 e 17
31 ao 35
MAZAS, Seventy-Five Melodious op.
36
KAYSER, Etüden op. 20 10, 27
DONT, 24 Studies Preparatory to
Kreutzer and Rode Studies, op37
18,
KIEVMAN, Practicing the Violin
Mentally-Physically.
5, 9, 10
80
SPOHR, Violin School 12, 43, 59, 60
KREUTZER, 42 ESTUDOS 2, 3, 8, 13
DANCLA, Escola do Arco - Estudos
para Violino op. 110
6.1, 6.4, 18.3
COHEN, M. Technique takes off! 3, 6, 13
WOHLFAHRT, F. Fifty Easy Melodious
Studies for the violin opus 74, Book I
1 ao 6, 23
HOFMANN, C. H. Practical violin
method, BOOK I
4, 14, 18, 29, 30
O. SÉVCIK, Opus 8
Opus 2
Todo
(3ªparte)
2.3.10 Considerações Finais
Constatamos que o Estudo-Capricho nº 30 se estrutura sobre seis motivos.
Notou-se o quanto é semelhante a organização das frases e dos motivos nas
três partes.
81
Foi possível notar também que existem repetições de motivos durante todo o
Estudo-Capricho, não somente imitando a estrutura do ritmo, mas também
notas e intervalos idênticos. Compassos semelhantes: (1, 5, 10, 19, 23, 28 e
40); (2, 4, 6, 20 e 24) e (11, 16 e 48).
Nos procedimentos de estudo da técnica de mão esquerda, foi averiguada a
necessidade e importância de se estudar as mudanças de posições através do
glissando mudo, evitando o tensionamento dos dedos e da mão esquerda.
Além disso, evitando, é claro, o glissando exagerado. Vimos o quanto é
necessário isolar as passagens onde acontecem as mudanças de posições,
estudando-as separadamente. Averiguamos a presença de mudança de
posição em blocos, como se fossem execuções de acordes.
Referente à extensão, observou-se a importância dos dois procedimentos
adotados para alcançar a nota estendida, no sentido de clarear para o
executante os movimentos básicos que serão necessários para se fazer uma
extensão sem excesso de tensão.
Notamos o quanto é importante uma noção prévia da quarta posição como
posição fixa, para executar o trecho analisado no Estudo-Capricho de forma
bem afinada. Observamos que existe um movimento do braço, chamado
direcional ou volante, necessário para acomodar a passagem dos dedos da
mão esquerda entre as cordas. Outro aspecto foi o grande auxílio que as notas
intermediárias fornecem para a busca de uma melhor afinação e
posicionamento dos dedos em cada corda. Quando possível, é recomendável
82
conferir a afinação dos intervalos através do uso de cordas dobradas. Executar
trechos da quarta posição, quando possíveis, na primeira posição.
No tópico forma de mão, foi analisado um aspecto técnico da mão esquerda
que demonstra o cair dos dedos nas cordas quase que simultaneamente, ou
seja, em blocos, como acordes. Com este procedimento, é possível que a
passagem fique mais clara e fluente. É muito importante utilizar do processo de
afinação demonstrado nos arpejos, buscando uma melhor qualidade de
afinação.
Notamos que é imprescindível a escolha de um bom dedilhado, e que este
esteja mais apropriado anatomicamente para cada aluno, facilitando a
execução de cada Estudo-Capricho.
Em Soluções para outros aspectos técnicos da mão esquerda, observamos
que é possível fazer uso da técnica de extensão descendente dos dedos, no
sentido de mudar a forma de mecanismo e articulação destes no Estudo.
Quanto aos procedimentos pedagógicos do estudo e execução dos golpes de
arco, notou-se que o compositor fez uso da combinação de três golpes de arco:
détaché simples, legato e o martele, que são golpes básicos da técnica
violinística. A partir de uma análise, verificou-se a necessidade de se fazer um
bom planejamento do arco, uso correto da quantidade de arco, pressão,
velocidade. Escolher o ponto de contato ideal refletirá numa sonoridade com
mais qualidade. Vimos que ao se executar o golpe de arco détaché com
movimento correto de antebraço, flexão de dedos e punho, conseguiremos
83
uma melhor regularidade, fluência e clareza no resultado final do golpe, ou
seja, uma excelente sonoridade.
Nas mudanças de corda, notamos o quanto é importante trabalhar com
exercícios que aproximem as cordas umas das outras, visando um movimento
perfeito do cotovelo. Com esses procedimentos, garantimos uma boa emissão
das notas. A prática de estudo com acento reforçará a clareza do ritmo, dos
dedos e da pulsação. É necessário sempre recorrer aos diversos ritmos, ou
seja, às variações para sincronizar melhor a mão direita com a mão esquerda.
No tópico arcadas, foi sugerido que se estude o Estudo-Capricho
primeiramente com arcadas separadas. É importante que se toque bem lento,
com toda a extensão do arco e ouvindo cada nota, cada mudança, seja ela de
posição ou de corda, ou até mesmo de ritmo.
Em Soluções para outros aspectos técnicos do arco, vimos que é possível se
tocar o Estudo com o golpe de arco spiccato e ricochet nos arpejos. No caso do
ricochet, trata-se de uma ampliação da utilização deste Estudo-Capricho, no
sentido de aprender um golpe que não foi originalmente concebido para ser
apreendido na obra os 42 Estudos-Caprichos de Kreutzer.
Vimos que é necessário praticar com mais atenção o trecho em que se
apresenta um nível mais elevado de dificuldade, analisado no tópico Principais
desafios técnicos do Estudo; pois requer uma melhor clareza na mudança de
posição e de corda, e regularidade rítmica.
84
E, por fim, podemos notar a quantidade de autores, ou seja, de materiais e
peças escritas utilizando-se da combinação técnica dos golpes: détaché
simples, legato, martelé, com muita mudança de corda e de posição. É preciso
estabelecer um andamento que caracterize este Estudo-Capricho (semínima a
90). Claro está que possa haver um pouco de flexibilidade no andamento, tanto
para mais como para menos. Portanto, é sempre recomendável que se
selecione exercícios ou estudos de apoio para cada Estudo, com o objetivo de
reforçar o aprendizado de cada técnica exigida nos Estudos-Caprichos.
85
2.2 ESTUDO - CAPRICHO Nº 35
2.2.1 Introdução
Este Estudo-Capricho foi escrito no tom de Mib maior, fórmula de compasso
quaternário, andamento moderato em estilo de marcha. Segundo Eliane
Tokeshi, este Estudo-capricho tem como principal objetivo o aprimoramento da
afinação, desenvoltura em trechos com cordas duplas, execução de acordes
com clareza, qualidade de som e boa distribuição de arco.
2.2.2 Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo.
Este Estudo-Capricho pode ser dividido em três partes, e desenvolve-se sobre
oito motivos.
Vide TAB. 7 e 8 abaixo na página seguinte.
86
TABELA 7
TAB. 7. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 35
Partes Compassos
Primeira 1 ao 36 (Eb)
Segunda 37 ao 64 (Bb/Cm)
Terceira 65 ao 100 (Eb)
TABELA 8
TAB. 8. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 35.
Motivos Compassos Exemplos Primeiro 1-2
Segundo 2-3
Terceiro 5
Quarto 14
Quinto 17
Sexto 25
Sétimo 36
Oitavo 58
87
PRIMEIRA PARTE
Começa no compasso nº 1 e estende-se até o compasso nº 36. Inicia-se na
tônica (sem o baixo), num intervalo de terça menor e finaliza na dominante.
Esta parte, na qual teremos expostos os sete primeiros motivos mostrados na
tabela 2, é formada por seis frases.
Primeira Frase: Vai do compasso(c.) nº 1 até os três primeiros tempos do
compasso nº 4, e inicia-se com o primeiro motivo(c.1/c.2) seguido do segundo
motivo(c.2/c.3).
Ex.69. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 1 – 4.
Segunda Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 4 e encerra-se no
compasso nº 8. Articulada pelo terceiro motivo.
Ex.70. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 4 – 8.
88
Terceira Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 12 e vai até o
compasso nº 16. É articulada pelo terceiro e quarto motivos.
Ex.71. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 12 – 16.
Quarta Frase: Vai do compasso nº 17 ao nº 20. É toda articulada pelo quinto
motivo.
Ex.72. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 17 – 20.
Quinta Frase: Vai do compasso nº 21 ao nº 28. É articulada pelo terceiro e
sexto motivos.
89
Ex.73. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 21 – 28.
Sexta Frase: Vai do compasso nº 29 até o terceiro tempo do nº 36. É
articulada pelo sexto, terceiro, quarto e sétimo motivos.
Ex.74. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 29 – 36.
SEGUNDA PARTE
Começa no compasso nº 37 e estende-se até o compasso nº 64. Começa no
quinto grau de mib maior (intervalo de terça menor entre a nota rén e fán) e
finaliza no arpejo de dó menor (relativa de MibM). Nesta parte temos expostos
90
todos os motivos (exceto o quinto), mostrados na tabela 2. Esta parte é
formada por nove frases.
Primeira Frase: Vai do compasso nº 37 até o terceiro tempo do compasso nº
40 e inicia-se da mesma forma que a primeira frase da primeira parte, ou seja,
com o primeiro motivo, seguido do segundo motivo (uma quarta abaixo).
Ex.75. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 37 – 40.
Segunda Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 40 e se encerra no
compasso nº 44. Articulada pelo terceiro e quarto motivos, como a segunda
frase da primeira parte.
Ex.76. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 40 – 44.
Terceira Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 48 e vai até o
compasso nº 56. Articulada pelo terceiro, sexto e quarto motivos.
91
Ex77. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 48 – 56.
Quarta Frase: Vai do compasso nº 57 até o terceiro tempo do compasso nº 64.
Articulada pelo sexto e oitavo motivos.
Ex.78. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 57 – 64.
TERCEIRA PARTE
Começa no compasso nº 65, num intervalo de terça menor (como na primeira
parte) e estende-se até o compasso nº 100 (final). Nesta parte temos expostos
o primeiro, segundo, terceiro, sexto, sétimo e oitavo motivos, mostrados na
92
tabela 2. É formada por nove frases. Podemos dizer que esta parte é uma re-
exposição dos motivos apresentados na primeira parte, com uma coda no final.
Primeira Frase: Vai do compasso nº 65 até o terceiro tempo do compasso nº
68. É articulada pelo primeiro e segundo motivos.
Ex.79. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 65 – 68.
Segunda Frase: Começa no Quarto tempo do compasso nº 68 e vai até o
compasso nº 72. É articulada pelo terceiro motivo.
Ex.80. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 68 – 72.
Terceira Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 76 e vai até o
compasso nº 80. É articulada pelo terceiro e sexto motivos.
93
Ex.81. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 76 – 80.
Quarta Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 84 e vai até o terceiro
tempo do compasso nº 92. É articulada pelo oitavo, sexto, terceiro e sétimo
motivos.
Ex.82. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 84 – 92.
Quinta Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 92 e vai até o terceiro
tempo do compasso nº 96. É articulada pelo terceiro e segundo motivos.
94
Ex.83. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 92 – 96.
2.2.3 Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico
Já foi comentado no Estudo-Capricho nº 19 que existem duas obras de suporte
para desenvolver e ampliar a percepção harmônica dos 42 Estudos-Caprichos
de Kreutzer. São elas: 1- uma parte de segundo violino escrito por Fr. Herman,
editado pela editora Peters; e 2- um acompanhamento de piano escrito por
Eichheim. É importante, portanto, sempre recorrer a estas obras para conseguir
obter um bom desenvolvimento auditivo da harmonia.
Analisemos alguns trechos desse Estudo-Capricho.
Ex.84. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 1 – 4.
95
Essa frase foi estruturada a partir de um pentacorde de Mib: mi¿-fan-soln-la¿-si¿.
No pentacorde temos um conjunto de cinco notas, onde quatro delas são
consideradas as mais importantes de uma escala (I, III, IV e V graus) ou de um
acorde (I, III e V).
Outro aspecto de extrema importância na harmonia é saber distinguir a relação
intervalar harmônica (duas notas tocadas simultaneamente). No caso desta
frase temos essa seqüência de intervalos: 3ªm, 6ªm, 3ªm, 3ªm, 3ªM, 3ªM, 5ªJ,
5ªJ, 6ªm, 6ªm, 4ªJ, 4ªJ, 3ªm, 3ªm.
Existem três acordes de quinta no início da frase. Dois acordes estão sem a
fundamental e um sem a terça do acorde. No entanto, os três são acordes de
MibM.
No exemplo da página anterior, e no decorrer desse Estudo-Capricho
encontraremos contrapontos de duas vozes.
Notamos neste exemplo vários aspectos que são relacionados com a harmonia
(construção de acordes e sua classificação, relação intervalar, contraponto e o
uso do pentacorde).
Vejamos um outro exemplo.
96
Ex.85. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 13 – 14.
Neste exemplo, temos no primeiro compasso dois acordes de quatro sons
maiores com a nona. O acorde de nona deve ser resolvido segundo os tratados
de harmonia por grau conjunto descendente na quinta do acorde de tônica. E, é
o que acontece neste trecho.
No segundo compasso, encontramos uma escala em terça ascendente. Este
motivo enriquece a frase através do colorido e movimento melódico que
proporciona. Se observarmos com atenção, a partir desta frase o Estudo
começa a se modular para dó menor, relativa menor de Mib maior. Uma
característica remanescente daquela época e das funções harmônicas, sair do
modo maior para o menor e vice-versa.
Observemos agora uma passagem do Estudo-capricho onde ele promove o
acontecimento da polifonia e uso de acorde de três sons.
97
Ex.86. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 25 – 28.
Veja que o compositor usou nesta frase repetidamente os acordes de quinta
alterados. Os acordes de quinta alterados são aqueles formados por notas da
escala alterada, ou seja, é construído a partir de uma escala que não seja a
diatônica. Neste caso, as notas lan e sol¿ não pertencem à escala de MibM e
sim a escala de Lam melódica. Outro aspecto importante utilizado neste
capricho é o uso da polifonia. Na polifonia as linhas melódicas soam
simultaneamente com ritmos diferentes. Kreutzer fez uso desse aspecto nos
seus últimos Estudos - Caprichos, com intenção de preparar o violinista para a
execução de peças que utilizam esse mesmo aspecto, por exemplo,
encontraremos com freqüência a polifonia nas Sonatas e Partitas para violino
solo de J. S. Bach.
Por fim, para o desenvolvimento auditivo das relações harmônicas, trecho da
parte do segundo violino de Hermann, mencionado no início.
98
Ex.87. Trecho do Estudo-Capricho nº 35 para dois violinos, compassos 1- 4. (Hermann)
2.2.4 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica
de Mão Esquerda
2.2.4.1 Estudo da mudança de posição.
Já foram comentados alguns aspectos da mudança de posição no Estudo-
Capricho nº 19. No entanto, no estudo de mudança de posição em cordas
duplas temos que estar atentos ao domínio de três aspectos importantes:
articulação, mudança de posição e mudança de posição com mudança de
corda. Observemos então alguns procedimentos de estudo da mudança de
posição neste Estudo-capricho.
Primeiro Procedimento:
Identificar os padrões de articulação e suas relações. Estudar bem devagar.
99
Ex.88. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, padrões de articulações, compassos 1- 4.
Vejamos que no exemplo acima existem seis padrões de articulação
(a,b,c,d,e,f). Essas articulações dos dedos acontecem da seguinte maneira:
TAB. 9. Padrões de articulações.
Primeiro padrão (a): articulação dos dedos 1e3 para 2e4.
Segundo padrão (b): articulação dos dedos 2e4 para 1e3.
Terceiro padrão (c): articulação dos dedos 1e3 para 1e1.
Quarto padrão (d): articulação dos dedos 1e1 para 4e3.
Quinto padrão (e): articulação dos dedos 4e3 para 1e2.
Sexto padrão (f): articulação dos dedos 1e2 para 2e4.
100
É necessário estarmos atentos às mudanças intervalares de um tempo para o
outro. Notemos que no primeiro padrão acontece uma movimentação intervalar
de menor para menor; no segundo, menor para maior; no terceiro, maior para
justo; no quarto, justo para menor; no quinto, menor para justo; e no sexto,
justo para maior.
A relação tom e semitom da movimentação dos dedos da voz superior em
relação à inferior devem ser compreendidos e memorizados. Vejamos como
acontece essa relação. No primeiro padrão a mudança intervalar da voz
superior e inferior de um tempo para o outro é de tom para tom; no segundo, a
voz superior movimenta em semitom e a inferior em tom; no terceiro, a voz
superior movimenta em tom.
Segundo Eliane Tokeshi, o aluno deve ter plena compreensão das distâncias
entre os dedos nos diversos intervalos utilizados no decorrer do Capricho.
Segundo Procedimento:
Utilizando notas auxiliares. Estudar bem devagar.
Eliane Tokeshi sugere que os alunos procurem dedilhados que auxiliem na
afinação e no estabelecimento de “dedos-guias”.
101
Ex.89. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, uso das notas auxiliares, compassos 2- 3.
Neste trecho, podemos observar que existem três mudanças de posição. No
trecho A, a mudança de posição acontece nas mesmas cordas. Os dedos
guias (notas auxiliares) serão os dedos 1 e 3. O objetivo deste exercício é
direcionar a mão com segurança para a posição em que será tocado o próximo
intervalo. No entanto, mesmo antes da mudança, “é necessário que os dedos 4
e 2 sejam pré-formados no ar, isto é, eles já indicam, antes da mudança, se
articularão uma terça maior ou menor”. (LAVIGNE, sd. Pág. 23).
No trecho B, temos uma mudança de posição (da 1ª para a 2ª) com mudança
de corda. Num caso como este, a mudança de posição com mudança de corda
poderá ser feita através da corda do meio, pelo segundo dedo. Após a
mudança articula-se os dedos 2 e 4. Dessa forma, é importante observar a
posição do cotovelo.
102
Terceiro Procedimento:
Estudo das vozes separadas. No exemplo abaixo, faremos um estudo sem som
com os dois dedos colocados nos devidos lugares, mas só fazendo soar uma
das partes. E somente quando a afinação estiver firme nas duas notas
isoladamente, estaremos em condições de executá-las simultaneamente.
Ex.90. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, isolando as vozes, compassos 2- 3.
A B
Para Eliane Tokeshi, é necessário o estudo lento, tocando as vozes
separadamente e depois conjuntos, de forma gradual. Para ela, a alteração das
ligaduras nessa etapa pode ser um estudo válido, pois auxilia na audição e
aumenta a dificuldade das mudanças de posição. Experimente aplicar nos
compassos nº 1 ao nº 4 e nº 7.
2.2.4.2 Cordas duplas (afinação)
Segundo Bloch, no estudo de cordas duplas, quando a afinação é perfeita,
ocorre o fenômeno do aparecimento de um terceiro som, ao qual chamamos de
som resultante (BLOCH, 1905).
103
De acordo com Heman, Tartini, em seu livro Violinschule, já comentava essa
teoria, ou seja, a “limpeza da afinação” do Estudo de cordas duplas em terças,
depende da observação dos sons resultantes (HEMAN, 1964).
Segundo Pintacuda, Tartini, depois de muitas experiências, afirmou que dois
sons perfeitamente afinados equivaliam a um terceiro som. (PINTACUDA,
1959)
Ex.91. O terceiro som: Som Resultante.
Portanto, no estudo das cordas duplas, é imprescindível se praticar de forma
bem lenta e repetir esses intervalos até que se consiga escutar o som
resultante.
Segundo o pedagogo La Fosse, em cordas duplas, ao contrário do que se
pensa, a pressão dos dedos sobre a corda é menor que a normal,
possibilitando o relaxamento adequado da mão e o mais fácil deslocamento da
mesma. (LA FOSSE, 1985).
104
Procedimento:
Antes da mudança de posição, aliviar a pressão dos dedos.
Ex.92. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, controlando a pressão dos dedos, compassos 94- 95.
2.2.4.3 Acordes
Neste Estudo-Capricho encontraremos acordes de três e quatro sons. Nos
acordes temos que observar os seguintes fatores técnicos: 1- Forma de mão;
2- Relação intervalar; 3-Afinação.
Primeiro Procedimento: Atenção para a forma.
Acorde de quatro sons.
105
Ex.93. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/acordes de quatro sons, compasso 13.
Vejamos que a forma da mão, ou seja, o posicionamento dos dedos neste
acorde, corresponde ao equivalente a uma distância de um tom do primeiro
dedo (nota sin) para o terceiro (la¿); ou seja, a distância do primeiro dedo para o
terceiro é a mesma, se imaginássemos que o primeiro dedo estivesse na corda
mi e não na corda lá. Em seguida, temos um intervalo de um semitom do
terceiro para o segundo dedo na corda mi (soln). Portanto, o primeiro, segundo
e terceiro dedos estarão posicionados bem próximos uns dos outros.
Acorde de três sons.
Ex.94. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/acordes de três sons, compasso 25.
106
Nota-se que, neste exemplo, a forma do posicionamento dos dedos é idêntica a
do exemplo anterior, ou seja, dedos um, dois e três próximos uns dos outros.
Segundo Procedimento: Observar o intervalo a ser tocado.
Ex.95. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/intervalo, compasso 13.
Quando se tem uma plena noção da relação intervalar de um acorde, o aluno
conseguirá compreendê-lo e afiná-lo com mais facilidade.
Terceiro Procedimento: Ajustando a afinação.
Ex.96. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, ajustando a afinação, compasso 25.
107
Para conseguirmos afinar este acorde objetivando ao som resultante, teremos
que trocar a nota sol¿ pela nota fa# e o mi¿ pela nota re#. Assim conseguiremos
obter uma afinação mais perfeita do acorde.
2.2.5 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos da Mão Esquerda
Este Estudo-Capricho nos permite estudar outro aspecto técnico, ou seja, o uso
da técnica de extensão dos dedos, nos compassos nº14 e nº16.
Ex.97. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, usando extensões, compassos 14 e 16.
2.2.6 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica
de Arco
2.2.6.1 Golpes de arco
Encontraremos neste Estudo-Capricho os seguintes golpes de arco
combinados entre si: o Détaché Acentuado, o Legato com acento, e o Martelé;
sendo que, em alguns trechos deste Estudo nos depararemos também com o
détaché porté (c.36, c.64 e c.100).
108
O détaché acentuado “se caracteriza, como o próprio nome sugere, por um
acento executado no início de cada golpe. Este acento, porém, contrário ao
golpe de arco martelé, é produzido durante o início do golpe, através de
aumento de velocidade e pressão”. (SALLES, 1998, pag. 66)
Segundo Salles, a marcação gráfica adequada deste golpe se faz através do
emprego do símbolo de acento nas notas determinadas.
Ex.98. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, détaché acentuado, compassos 1- 2.
Analisemos agora, detalhadamente, um trecho onde as combinações de golpes
de arco referidas no início acontecem simultaneamente.
Ex.99. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, combinações de golpes, compassos 21- 24.
No exemplo acima, acontece em toda a frase a execução de notas em legato
combinada com o martelé.
109
Procedimento de Estudo:
Sugerimos que seja estudado lentamente, para que fiquem devidamente
definidos os seguintes aspectos:
1º Planejamento de arco (quantidade e/ou região do arco).
2º Velocidade.
Usar três quartos de arco para as notas em legato e um quarto de arco para a
nota com o ponto.
Assim, em cada passagem é preciso se pensar sempre no planejamento do
arco antes de estudá-la.
2.2.6.2 Cordas Duplas
Segundo Paulo Bosisio, a execução simultânea de duas cordas exige, em
princípio, o dobro da pressão e maior velocidade de arco. Em geral a corda
mais grave deve receber maior apoio. No entanto, em determinadas
passagens, a voz principal deve ser ressaltada, o que exige uma diferenciação
de pressão a ser usada em uma e outra corda. A corda solta tem a tendência
de soar sempre com maior intensidade (BOSISIO; LAVIGNE, 1999).
110
Primeiro Procedimento:
Nos trechos em que ocorre a polifonia, a voz que está com a melodia deve ser
realçada. Para tal, será necessário focalizar sobre ela uma quantidade maior
de pressão.
Ex.100. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, realçando a melodia, compassos 29- 31.
Segundo Procedimento:
Quando acontecer do trecho musical ter mudança de corda em legato, essa
mudança será realizada através da corda do meio.
Ex.101. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, mudança de corda em legato, compassos 69- 72.
111
Terceiro Procedimento:
Ponto de contato modificado em intervalos de notas distantes um do outro. O
ponto de contato em A será tocado entre o cavalete e o espelho, e o B mais
próximo do cavalete.
Ex.102. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, alternando o ponto de contato, compassos 68- 69.
2.2.6.3 Acordes
Segundo Bosisio, o estudo de acordes de três ou quatro sons envolve uma
série de questões, como ataque, pressão, velocidade do arco, ponto de contato
etc. De acordo com ele, a maneira mais convencional de execução de acordes
implica no apoio das notas superiores, e os ataques podem ser antecipados ou
no tempo (BOSISIO; LAVIGNE, 1999).
Os acordes de três sons podem ser Quebrados, Simultâneos ou Arpejados.
Neste capricho, os acordes em execução serão quebrados, pois, desde
décadas passadas é ensinado desta forma aos violinistas, ou seja, criou-se
assim uma “tradição”. E também por existirem acordes de quatro sons. Sendo
112
assim impossível de serem executados tanto simultaneamente, como
arpejados por ser um Estudo composto em estilo de marcha.
Segundo Bosisio, no acorde quebrado, geralmente, as notas mais graves são
tocadas antes da pulsação e as mais agudas no tempo. Na maioria das vezes,
as duas mais graves são atacadas juntas, antes do tempo, e a transição para a
mais aguda é feita através da corda do meio (BOSISIO; LAVIGNE, 1999).
Galamian recomenda que se intensifique a pressão na corda central durante a
transição, de forma a reduzir a distância entre as cordas mais agudas e as
mais graves (GALAMIAN, 1962).
Ex.103. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, acordes quebrados, compassos 12 - 13 e 25.
A B
Pouco arco nas cordas graves e mais arco nas cordas agudas. Pouca pressão
nas cordas graves e mais nas cordas agudas. Cordas graves, arco entre
cavalete e espelho, e cordas agudas próximo ao cavalete.
113
2.2.6.4 Arcadas
Para facilitar a execução das arcadas sugerida neste Estudo-Capricho,
recomendamos que se estude primeiramente desligando todas as arcadas,
para se adquirir uma melhor articulação rítmica.
Ex.104. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, com outras arcadas, compassos 1- 8.
2.2.7 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos do Arco
Neste Estudo-Capricho, os trechos que contém acordes de três sons podem
ser estudados e tocados como acordes simultâneos.
Carl Flesch nos diz que o ataque simultâneo de acordes de três sons requer
uma quantidade maior de pressão sobre as cordas, assim como a mudança de
ponto de contato para a região do espelho. Ele recomenda que nos
certifiquemos de que as crinas estejam assentadas nas três cordas, antes do
ataque (FLESCH, 1978).
114
Já o pedagogo Galamian recomenda que o ataque venha de cima para baixo, a
partir do ar, ou seja, posicionando-se o arco pouco acima da corda central
(GALAMIAN, 1962).
É recomendado que se estude das duas formas comentadas acima pelos
pedagogos, e, escolha a que o aluno se identificar melhor, ou seja, escolha
aquela que ele conseguir executar os acordes facilmente, sem descaracterizar
a passagem.
Ex.105. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, acordes simultâneos, compassos 24- 25.
Todos os comentários feitos no exemplo acima acontecem entre o quarto
tempo do primeiro compasso e o primeiro do segundo compasso.
2.2.8 Principais Desafios Técnicos do Estudo
As dificuldades encontradas no próximo exemplo podem ser resolvidas, de
acordo com Eliane Tokeshi, com: o estudo separado de arco, que deve enfocar
controle de ponto de contato no talão e principalmente na ponta; distribuição de
arco coerente e uso de pressão apropriada para realizar as articulações e
115
dinâmica; movimento rápido e preciso do braço para realizar a troca de corda.
Segundo ela, para auxiliar na afinação, pode-se tratar o trecho como uma
seqüência de acordes de três notas, estudando separadamente as duas cordas
duplas da base e, posteriormente, as duas do topo do acorde. Conforme ela,
esse estudo ficará mais eficiente se todos os dedos sempre estiverem na
corda, preparados para tocar o acorde. Pode-se tocar o trecho, também, como
uma seqüência de acordes seguidos.
Outra variação de estudo que auxilia no preparo rápido dos dedos para cada
mudança de harmonia, segundo Tokeshi, seria a variação do ritmo, ou seja,
deslocando a figura pontuada para o primeiro e terceiro tempos do compasso.
Ex.106. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,
compassos 49- 52.
116
No primeiro procedimento de estudo serão observados o ponto de contato e a
região do arco nas cordas graves e agudas (T:talão e P:ponta). No segundo
procedimento, a distribuição de arco para cada nota, ou seja, a quantidade de
arco. No terceiro procedimento, afinar os intervalos das cordas inferiores e
depois superiores. No quarto procedimento, tocar em forma de acordes, tendo
uma visão geral do posicionamento dos dedos e da afinação. E no quinto
procedimento, inverter a figura pontuada para o primeiro e terceiro tempo.
Vejamos outros trechos que apresentam dificuldades durante o Estudo-
Capricho.
Dificuldades: distribuição de arco, ritmo pontuado em legato com mudança de
posição e de corda.
Ex.107. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,
compassos 1- 3 e 98 - 100.
Dificuldades: acordes quebrados de quatro sons, afinação e distribuição de
arco.
117
Ex.108. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,
compassos 12 - 13.
Dificuldades: cordas duplas combinadas com legato com mudança de corda,
acento e planejamento de arco.
Ex.109. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,
compassos 17- 20.
Dificuldades: acorde de três sons, afinação e polifonia.
Ex.110. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,
compassos 25- 28.
118
Dificuldades: mudança de posição, arcadas e golpes de arco.
Ex.111. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,
compassos 43 – 44 e 55 - 56.
2.2.9 Exercícios de Apoio
Para um melhor desenvolvimento do objetivo principal do Estudo-Capricho,
sugerimos os seguintes autores e obras:
TAB. 10. Estudos de apoio para o Estudo – Capricho nº 35.
AUTOR E OBRA ESTUDOS OU EXERCÍCIOS
FLESCH, SCALE SYSTEM Escalas em terças, sextas, oitavas e
décimas.
SITT, OPUS 32, VOL. V 81 ao 100
MAZAS, Seventy-Five Melodious op.
36.
13, 14 e 55
119
KAYSER, Etüden op. 20 20 e 21
DONT, 24 Studies Preparatory to
Kreutzer and Rode Studies, op37
19, 22, 24
KIEVMAN, Practicing the Violin
Mentally-Physically.
16
SPOHR, Violin School 55 ao 58
POLO, 30 Studi a Corde Completo
TROTT, Melodious Double-Stops (
Mélodies en Double-Cordes), Book II
Book II completo.
COHEN, Technique takes off! 1, 7, 8 e 9
WOHLFAHRT, opus 74, Book I 50, 59 e 60
HOFMANN, opus 96 Todo
O. SÉVCIK, Opus 9 Todo
120
2.2.10 Considerações Finais
Constatamos que o Estudo-Capricho nº 35 se estrutura sobre oito motivos.
Notou-se o quanto é semelhante a organização das frases e dos motivos nas
três partes. Podemos ver a semelhança existente entre estes últimos (ritmo
pontuado), principalmente entre o sexto motivo e oitavo.
Foi possível notar também que existem imitações de motivos durante todo o
Estudo-Capricho, não somente imitando a estrutura do ritmo, mas também
notas e intervalos idênticos: compassos semelhantes: (1, 37 e 45); (3, 7, 39, 47
e 95); (5, 13, 15, 21,41, 42, 49,50, 52, 77,78, 80, 90,92 e 93); (14, 16 e 43); (25,
27, 29, 30, 34, 57, 59, 81, 83 e 89) e (36, 64 e 100). Os compassos entre
parentes são os semelhantes.
Nos procedimentos de estudo da técnica de mão esquerda, averiguamos a
importância de se estudar as mudanças de posições através das notas
auxiliares, e os cuidados referentes aos padrões de articulação dos dedos; a
importância de se saber a relação intervalar entre as notas, e também o pleno
conhecimento da distância entre os dedos, quando falamos de tom e semitom.
Não podemos nos esquecer da importância de se estudar, quando em cordas
duplas, vozes separadas.
Referente às cordas duplas, notamos o quanto é essencial a busca pelo
terceiro som, som resultante e a quantidade de pressão exigida dos dedos da
mão esquerda sobre as cordas. Nos acordes, vimos que é imprescindível a
121
preparação da forma de mão, a relação intervalar entre as notas e a busca pela
afinação perfeita do acorde.
No tópico Soluções para outros aspectos técnicos da mão esquerda,
observamos que é possível fazer uso da técnica de extensão dos dedos, no
sentido de mudar sua forma de mecanismo da mão esquerda.
Quanto aos procedimentos pedagógicos do estudo e execução dos golpes de
arco, notou-se que o compositor fez uso da combinação de três golpes de arco:
détaché acentuado, legato e martelé. A partir de uma análise, chegou-se à
conclusão de se fazer um bom planejamento do arco para que se consiga uma
melhor execução dos golpes de arco.
Nas cordas duplas, é imprescindível estudar utilizando a corda do meio nas
mudanças de cordas. Nos acordes, não se esquecer de planejar o arco e de
colocar maior quantidade de pressão neste arco sobre a corda central.
Sobre as arcadas, sugiro fazer um estudo desligando as notas ligadas:
conseguiremos uma melhor clareza do ritmo e das mudanças de posições, e
dos movimentos de articulação dos dedos sobre as cordas.
Em Soluções para outros aspectos técnicos do arco, vimos que é possível se
tocar acordes de três sons simultâneos neste Estudo-Capricho.
E, por fim, podemos notar a quantidade de autores, ou seja, de materiais e
peças escritas utilizando-se da técnica em cordas duplas, e suas diferentes
122
maneiras de abordá-las. Segundo Tokeshi, é preciso estabelecer um
andamento que caracterize uma marcha (semínima a 124). Ela acredita que
deve haver um pouco de flexibilidade no andamento e rubato em algumas
seções, para a realização de pequenas variações no caráter e para o aumento
da dramaticidade do Estudo-Capricho.
123
3. CONCLUSÃO
No decorrer desta pesquisa, foram ressaltadas a vida e a obra de Rodolphe
Kreutzer, e diversas publicações de como se ensinar e estudar seus 42 Estudos-
Caprichos para violino.
Posteriormente, analisamos de modo sistemático os elementos da técnica
violinística presentes nos Estudos-Caprichos selecionados: nº 19, nº 35, nº 30; e
elaboramos notas explicativas acerca dos procedimentos didático-pedagógicos a
serem adotados para o ensino e aprendizagens desta obra.
Foram oito os aspectos analisados em cada Estudo-Capricho: I-Introdução; II-
Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo; III-Procedimentos Pedagógicos
para o Estudo e Execução da Técnica de Mão Esquerda; IV-Soluções para Outros
Aspectos Técnicos de Mão Esquerda e Arco; V-Procedimentos Pedagógicos para
o Estudo e Execução da Técnica de Arco; VI-Principais Desafios Técnicos do
Estudo; VII-Exercícios de Apoio; VIII-Considerações Finais.
Em cada aspecto, procuramos identificar e demonstrar diversas possibilidades de
se aprender e executar os Estudos-Caprichos.
No primeiro aspecto, Introdução, deparamo-nos com informações básicas sobre o
Estudo, como por exemplo: tonalidade, andamento, fórmula de compasso e
objetivo principal. Em Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo, fizemos
124
uma análise formal dos Estudos, dividindo-os por partes. Identificamos os
principais motivos e demonstramos alguns procedimentos que possam
desenvolver a percepção harmônica do ouvido do violinista, que estão presentes
em cada Estudo-Capricho. Ficou claro também que através da análise, todos os
três Estudos-Caprichos são estruturados na forma ABA.
Nos Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica de Mão
Esquerda, diversos foram os aspectos técnicos analisados: mudança de posição,
dedilhados, afinação, trillo, variações rítmicas, articulações dos dedos, notas
auxiliares, cordas duplas, acordes, extensões, posição fixa, forma de mão. Todos
sendo abordados de forma bem didática. Já em Soluções para Outros Aspectos
Técnicos de Mão Esquerda e Arco, identificamos outras possibilidades de se tocar
o Estudo-Capricho além da que Kreutzer propôs, podendo-se de certa forma
instaurar uma nova aprendizagem e solucionar outros aspectos técnicos que não
poderiam ser apreendidos se tocados somente da forma como foram
originalmente escritos. Exemplo disso é o Estudo nº 2, no qual vários pedagogos
trabalham com seus alunos diversas formas de se tocarem através da imensa
quantidade de variações, arcadas, dedilhados e golpes de arcos.
É possível averiguar o quanto os Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e
Execução da Técnica de Arco são importantes, e facilitam a compreensão, quando
identificados antes de se começarem a estudar cada Estudo-Capricho. Neste
tópico, analisamos os seguintes aspectos: diferentes golpes de arco, arcadas,
variações rítmicas, planejamento de arco - região do arco, pressão, velocidade,
125
quantidade de arco, ponto de contato, sonoridade, cordas duplas, acordes,
movimentos de pulso, dedos, antebraço, cotovelo e mudança de corda.
O tópico Principais Desafios Técnicos do Estudo, tem como objetivo identificar os
trechos que apresentam níveis de dificuldades mais elevados. Em Exercícios de
Apoio, procuramos enumerar Estudos e exercícios de importantes métodos da
literatura violinística, que servirão de apoio para melhorar a técnica apreendida em
cada Estudo-Capricho. Estas técnicas também podem ser encontradas em
diversos repertórios tradicionais do violino. Por exemplo, o trillo em legato com
mudança de corda e posição identificado como principal objetivo do Estudo-
Capricho nº 19, é utilizado por Viotti no primeiro movimento do concerto nº22
(compassos nº 106 e nº 108).
Partindo dos procedimentos analisados em cada um desses Estudos-Caprichos
selecionados, caberá agora a cada professor e aluno aplicar de forma semelhante
os procedimentos pedagógicos nos demais Estudos que não foram analisados. No
entanto, para facilitar ainda mais o ensino dos professores, foram colocadas em
tabelas informações gerais sobre aqueles. Através das notas, pode-se concluir
que o estudo sistemático de qualquer música é de extrema importância e
enriquecimento para o músico.
É importante ressaltarmos que a escolha de elementos técnicos de mão esquerda
e arco (arcadas, dedilhados, ponto de contato, quantidade de arco, pressão,
velocidade e etc.), analisados nos Estudos-Caprichos é de suma importância para
126
a interpretação de uma obra musical. São meios de expressão, ferramentas que
os instrumentistas usam para realizar a música que está representada no papel.
Estas escolhas podem revelar elementos como timbre, fraseado e o próprio gosto
musical do intérprete.
A interpretação de uma obra musical (aqui no caso um Estudo) no violino, requer,
em primeiro lugar, uma absoluta correção técnica e em segundo, um grau de
cultura musical que torne o intérprete apto a aprender o estilo e o caráter da obra.
Ao interpretar, tentar sentir o fraseado, a dinâmica, a articulação, ou seja, tentar
ver e sentir o que há de mais profundo além das anotações apresentadas nas
partituras. Sugerimos que se escolha a sonoridade e o fraseado que faça você
acreditar ser o mais viável e ideal para a sua interpretação.
Ressaltamos a importante colaboração dos professores Paulo Gustavo Bosísio
(UNIRIO) e Eliane Tokeshi (UNESP), em seus depoimentos para a construção
desta pesquisa.
Portanto, esperamos que pesquisas como esta possam colaborar com vários
professores e alunos menos experientes, que além de não possuírem acesso a
materiais didático-pedagógicos sobre a técnica do violino, não vislumbram uma
orientação contínua de um pedagogo com mais experiência e carecem de um
guia, disponível no mercado, didático e bem detalhado, mostrando e comentando
como deve-se executar cada um dos 42 Estudos-Caprichos de Rodolphe Kreutzer
para violino. Entretanto, este presente guia, constituído de notas explicativas
127
abordando os principais aspectos técnicos de Estudos-Caprichos compostos por
Kreutzer, é uma forma de amenizar a carência que existe em nosso país.
Vimos o quanto é imprescindível a criatividade individual de cada professor, no
sentido de elaborar procedimentos didáticos ou até mesmo escolher determinados
exercícios ou Estudos, para solucionarem eventuais dificuldades técnicas contidas
em cada Estudo-Capricho.
No entanto, com esta pesquisa não pretendemos solucionar nenhum problema
individual de cada violinista, e sim contribuir para uma melhor aprendizagem e
ensino dos 42 Estudos-Caprichos. Mas, se o aluno apresentar alguma deficiência
na hora da execução de um destes Estudos, seja ela de arco ou mão esquerda, é
necessário resolvê-la primeiro, para que só então continue a aprendizagem dos
subseqüentes.
Partindo dos aspectos analisados e explicados em cada tópico, podemos afirmar
que, um guia como este irá com certeza despertar nos professores um
pensamento mais criativo, no sentido de sempre estarem se atualizando sobre os
mais diversos aspectos técnico-musicais, pesquisados pelos grandes pedagogos
do violino durante anos. É certo que, um professor bem atualizado com certeza
refletirá na qualidade de um ensino mais promissor do instrumento e dos seus
alunos.
128
Com esta pesquisa conclui-se que para se ensinar os 42 Estudos-Caprichos é
aconselhado um aprofundamento das questões técnicas ali presentes, através da
consulta aos pedagogos que tiveram acesso à tradição oral relacionada ao ensino
desta obra, ou pela leitura e pelo estudo sistemático dos tratados de violino. Só
assim, conseguiremos orientar os alunos para que, em vez de estudarem horas e
horas de forma maçante e repetitiva, consigam com objetividade e clareza
identificar os problemas e a razão das dificuldades, para então solucionarem os
eventuais desafios da técnica violinística.
129
4. BIBLIOGRAFIA
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134
5. ANEXOS
5.1 - ESTUDO - CAPRICHO Nº 19, EDIÇÃO - GALAMIAN.
5.2 - ESTUDO - CAPRICHO Nº 30, EDIÇÃO - GALAMIAN.
5.3 - ESTUDO - CAPRICHO Nº 35, EDIÇÃO - GALAMIAN.
5.4 - TABELAS INFORMATIVAS DOS DEMAIS ESTUDOS-CAPRICHOS.
5.5 - QUESTIONÁRIOS.
RESPOSTAS DE PAULO BOSÍSIO. RESPOSTAS DE ELIANE TOKESHI.
5.6 - PROGRAMA DO RECITAL DE MESTRADO.
5.7 - GRAVAÇÃO EM DVD DO RECITAL.
142
Tabelas Informativas dos demais Estudos-Caprichos Edição - Galamian
ESTUDO Nº1
Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho ANÁLISE TONALIDADE: Lam; ANDAMENTO: Adágio sostenuto; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4;
FINALIDADE PRINCIPAL: Planejamento de arco, som filé-dinâmica; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, trillo, apogiatura, escalas ascendentes e descendentes.
TÉCNICA DE ARCO: Planejamento de arco, legato, mudança de corda em legato, acentos. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Controle da velocidade e quantidade de arco e pressão, dinâmica.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 2/ Mazas opus 36, nº1/ Dont opus 37 nº8
ESTUDO Nº2 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: DóM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Estudo padrão; RITMO: Semicolcheias
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, movimento escalar ascendente e descendente.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché, mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Détaché regular, mudança de posição.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 1/ Mazas opus 36, nº5.
ESTUDO Nº3 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: DóM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Estudo padrão; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, movimento escalar ascendente e descendente.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché e legato, mudança de corda em legato e détaché.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Mudança de posição, arcadas e mudança de corda.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 9/ Mazas opus 36, nº6.
ESTUDO Nº4 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: DóM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Estudo padrão; RITMO: Tercinas.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, escalas ascendentes e descendentes.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Détaché e ritmos regulares.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 33/ Mazas opus 36, nº34/ Dont opus 37 nº20/ Fiorillo 36 Studies, nº3
143
ESTUDO Nº5 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: MibM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Estudo padrão; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, movimento escalar ascendente e descendente.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché, mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Détaché regular, mudança de posição.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 5/ Mazas opus 36, nº39.
ESTUDO Nº6 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: DóM; ANDAMENTO: Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe martelé em arpejos; RITMO: Tercinas.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, arpejos, movimento escalar ascendente e descendente, extensão.
TÉCNICA DE ARCO: Martelé.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Mudança de posição, afinação dos arpejos, clareza do golpe martelé.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 18/ Mazas opus 36, nº4/ Dont opus 37 nº2/ Fiorillo 36 Studies, nº9
ESTUDO Nº7 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: RéM; ANDAMENTO: Allegro Assai; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe martelé/Brisure; RITMO: Colcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, intervalos de oitavas.
TÉCNICA DE ARCO: Martelé.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Coordenar a mudança de corda com a mudança de arco, sem ouvir cordas intermediárias.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 33/ Mazas opus 36, nº11
ESTUDO Nº8 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: MiM; ANDAMENTO: Allegro non troppo; FÓRMULA DE COMPASSO: 6/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe détaché/arpejos; RITMO: Semicolcheias
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, movimento escalar ascendente e descendente, arpejos.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché, mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Détaché regular, mudança de posição.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 19.
144
ESTUDO Nº9 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: FaM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 3/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Articulação-mecanismo; RITMO: Semicolcheia
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Articulação/mecanismo, mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Legato, mudança de corda em legato.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza na articulação dos dedos da mão esquerda
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 22/ Mazas opus 36, nº13/ Dont opus 37 nº17
ESTUDO Nº10 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: SolM; ANDAMENTO: Allegro, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe détaché/arpejos; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, intervalos com saltos de até duas oitavas.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché/martelé
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Mudança de corda, mudança de posição, posição fixa.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 27.
ESTUDO Nº11 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: MiM; ANDAMENTO: Andante, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe Legato/mudança de posição e de corda; RITMO: Tercinas.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, movimento escalar descendente.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Perfeição na mudança de posição com a de corda em legato.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 32 Mazas opus 36, nº20
ESTUDO Nº12 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Lám; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe détaché/arpejos; RITMO: semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché, mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Afinação dos arpejos, détaché flexível e regular.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 27/ Mazas opus 36, nº52.
145
ESTUDO Nº13 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: LaM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe legato/détaché com mudança de posição e de corda; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, extensão e contração.
TÉCNICA DE ARCO: Golpe legato/détaché, mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Coordenação dos dois golpes com a mudança de corda, articulação dos dedos na formação do arpejo, afinação.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 10/ Mazas opus 36, nº42.
ESTUDO Nº14 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: LaM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe Legato/mudança de posição e de corda; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, dedos fixos, movimento escalar descendente e ascendente.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Conecção na mudança de posição com a de corda em legato.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 12 Mazas opus 36, nº32/ Dont opus 37 nº13
ESTUDO Nº15 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: SibM; ANDAMENTO: Allegro moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: Colcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trillos, apogiaturas, mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Martelé.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza nos trillos.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15 Mazas opus 36, nº/ Dont opus 37 nº17
ESTUDO Nº16 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: RéM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 12/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trillos, mudança de posição, extensão.
TÉCNICA DE ARCO: Martelé. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza na duração e regularidade dos trillos.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15/ Dont opus 37 nº17
146
ESTUDO Nº17 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: SibM; ANDAMENTO: Maestoso, FÓRMULA DE COMPASSO: 12/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: Variado
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trillos, mudança de posição, extensão.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza do trillo e do ritmo.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15 Mazas opus 36, nº53/ Dont opus 37 nº17.
ESTUDO Nº18 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: SolM; ANDAMENTO: Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillo; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trillo, trillos em cordas duplas, apogiaturas, mudança de posição, extensão.
TÉCNICA DE ARCO: Martelé e legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza no trillo/4ºdedo/cordas duplas, com mudança de posição e de corda.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15 Mazas opus 36, nº55.
ESTUDO Nº20 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: LaM; ANDAMENTO: (Allegro), FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos/legato; RITMO: Variado
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trillos, mudança de posição, escalas descendentes.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza na execução do trillo em legato, mudança de posição.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15/ Mazas opus 36, nº14.
ESTUDO Nº21 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Sim; ANDAMENTO: Moderato e sempre marcato, FÓRMULA DE COMPASSO: 12/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: tercinas.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trillos, mudança de posição, escalas descendentes.
TÉCNICA DE ARCO: Martelé. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza na execução do trillo em tempo deslocado.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15.
147
ESTUDO Nº22
Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho ANÁLISE TONALIDADE: LabM; ANDAMENTO: Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4;
FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trillo combinado com legato, mudança de posição, extensão.
TÉCNICA DE ARCO: Martelé e legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza no trillo, modulações.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15.
ESTUDO Nº23 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: SibM; ANDAMENTO: Adagio, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cadência RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, escalas ascendentes e descendentes.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Clareza na articulação, velocidade dos dedos, mudança de posição, planejamento de arco.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Mazas opus 36, nº40, Fiorillo 36 Studies, nº8
ESTUDO Nº24 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Solm; ANDAMENTO: Allegro, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Oitavas; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Afinação das oitavas, mudança de posição, mudança de posição com mudança de corda, articulação.
TÉCNICA DE ARCO: Legato e détaché.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Afinação das oitavas, movimento que precede cada oitava (mudança de posição).
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 26.
ESTUDO Nº25 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: SolM; ANDAMENTO: Allegro moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Oitavas melódicas; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Afinação das oitavas, mudança de posição, mudança de posição com mudança de corda, articulação.
TÉCNICA DE ARCO: Legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Afinação das oitavas, movimento que precede cada oitava (mudança de posição).
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 34.
148
ESTUDO Nº26 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: MibM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Détaché/escalas; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, escalas ascendentes e descendentes, intervalos de décimas.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché, legato, mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Afinação, intervalos de décimas, mudança de posição, modulações.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 29/ Mazas opus 36, nº45.
ESTUDO Nº27 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Rém; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Legato com mudança de corda e posição/dinâmica; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, extensão e contração.
TÉCNICA DE ARCO: Legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Articulação do arco/dinâmica, acidentes ocorrentes e modulações.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 21/ Dont opus 37 nº15
ESTUDO Nº28 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Mim; ANDAMENTO: Grave, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Técnicas combinadas (staccato, trinado, cordas duplas, arpejos, décimas, mudança de corda); RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trinado, mudança de posição, décimas, cordas dobradas.
TÉCNICA DE ARCO: Staccato, legato, détaché.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Staccato, trinados, mudança de posição e de corda, décimas.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 17/ Mazas opus 36, nº23.
ESTUDO Nº29 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: ReM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Legato; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Mudança de posição, arpejos, extensões, trinados.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Mudança de corda, acidentes, extensões.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 36/ Mazas opus 36, nº32/ Dont opus 37 nº18
149
ESTUDO Nº31 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Dóm; ANDAMENTO: Vivace, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Técnica combinada (Semitons/legato/martelé/trinado); RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Relação de semitons, mudança de posição, extensão e contração.
TÉCNICA DE ARCO: Legato, martelé e détaché.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Afinação nos semitons, quantidade de arco, andamento, ritmo, articulação das arcadas.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 14/ Mazas opus 36, nº49/ Dont opus 37 nº12
ESTUDO Nº32 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: FaM; ANDAMENTO: Andante, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/legato; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas, extensão, afinação, articulação, mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Legato com mudança de cordas e articulação dos dedos mão esquerda (afinação).
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 16a/ Dont opus 37 nº22
ESTUDO Nº33 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: FaM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/legato; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas em terças, contração, afinação, articulação, mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Legato com mudança de cordas e articulação dos dedos mão esquerda (afinação) e contração.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 13a/ Mazas opus 36, nº58/ Dont opus 37 nº22
ESTUDO Nº34 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: RéM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/legato; RITMO: Semicolcheias.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas, contração e extensão, afinação, articulação, mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Legato com mudança de cordas e articulação dos dedos mão esquerda (afinação), dedos fixos/ nota pedal.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 9a/ Dont opus 37 nº22
150
ESTUDO Nº36 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Mim; ANDAMENTO: Allegretto, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/arcada Viotti; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas, afinação, articulação.
TÉCNICA DE ARCO: Arcada Viotti. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Cordas duplas com arcadas Viotti.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15a/ Mazas opus 36, nº41/ Dont opus 37 nº23
ESTUDO Nº37 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Fam; ANDAMENTO: Allegro vivace, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/lance; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas, articulação, mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Lancé, legato, détaché.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Combinação de técnicas (Lancé, legato e détaché).
EXERCÍCIOS DE APOIO: Hofmann, opus96 nº21.
ESTUDO Nº38 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: RéM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/polifonia; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas, contração e extensão, afinação, articulação, mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Polifonia, valorização da melodia.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 35a/ Mazas40 opus 36, nº/ Dont opus 47 nº22
ESTUDO Nº39 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: LaM; ANDAMENTO: Allegretto, FÓRMULA DE COMPASSO: 2/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/Polifonia; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas, contração e extensão, afinação, articulação, mudança de posição.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Polifonia, valorização da melodia.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15a/ Mazas opus 36, nº40/ Dont opus 37 nº22, Fiorillo 36 Studies, nº4
151
ESTUDO Nº40 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: SibM; ANDAMENTO: (Allegro), FÓRMULA DE COMPASSO: 3/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillo em cordas duplas; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Trillo, trillo em Cordas duplas, articulação, mudança de posição, apogiaturas.
TÉCNICA DE ARCO: Legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Trillos em cordas duplas/4º dedo.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Fiorillo 36 Studies, nº2
ESTUDO Nº41 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: FaM; ANDAMENTO: Adagio, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/polifonia/acordes de três sons; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas, contração e extensão, afinação, articulação, mudança de posição, acordes, trillos.
TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda, acordes.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Polifonia, condução da melodia, acordes de três sons.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 6a/ Mazas opus 36, nº40/ Dont opus 37 nº22/ Fiorillo 36 Studies, nº29
ESTUDO Nº42 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho
ANÁLISE TONALIDADE: Rem; ANDAMENTO: Allegro, FÓRMULA DE COMPASSO: 6/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/fuga; RITMO: Variado.
TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:
Cordas duplas, contração e extensão, décimas, afinação, articulação, mudança de posição, acordes.
TÉCNICA DE ARCO: Détaché porté/détaché simples/legato, acordes.
PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:
Polifonia, valorização da melodia, acordes de três sons.
EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 24a.
Universidade Federal de Minas Gerais Pós-Graduação em Música da UFMG
Escola de Música da UFMG
Questionário para Embasamento Teórico e Prático na
Dissertação de Mestrado: Os 42 Estudos-Caprichos para
violino, de Rodolphe Kreutzer: Análise Técnica para uma
Abordagem Didático-Pedagógica
Linha de Pesquisa: Performance Musical - Mestrado
Dezembro de 2006 Belo Horizonte
153
CONTATOS:
Nome: Cássio Henrique Ribeiro Martins
Endereço: Rua Guia Lopes, 234 - Matosinhos
São João Del Rei - MG Cep: 36.305.052
email: [email protected]
Telefone: (0xx32-9947.4800)
154
Prezado(a) Professor(a),
Acreditamos que a obra “Os 42 Estudos-Caprichos de R. Kreutzer”
constituem-se num dos mais importantes livros de estudos já escritos, no que
diz respeito aos aspectos técnico-musicais, para uma boa formação violinistica.
A universal utilização desses Estudos nos indica que há um consenso
em relação à importância dos mesmos na formação técnica e musical do
violinista. Conhecer esses estudos e saber como aplicá-los é uma ferramenta
indispensável para aqueles envolvidos com a pedagogia do violino.
E além disso é raro encontrar um guia didático bem detalhado
mostrando e comentando como se deve tocar cada um dos 42 Estudos de
Rodolphe Kreutzer para violino. Essa obra é uma das mais bem cobradas,
pelos professores de violino no Brasil e no Exterior. Tais Estudos são tão
importantes, que fazem parte até de concursos para violino.
No Brasil, em algumas regiões (principalmente cidades do interior)
existem professores e alunos menos experientes que além de não possuírem
acesso a materiais didático-pedagógicos sobre a técnica do violino não
conseguem ter uma orientação contínua de um pedagogo com mais
experiência. Nesse sentido, um guia constituído de notas explicativas sobre
como abordar cada Estudo composto por Kreutzer é uma forma de amenizar
essa carência existente.
Grandes pedagogos do século XX, como Carl Flesch, Max Rostal e
Ivan Galamian, utilizaram os 42 Estudos de Kreutzer como ferramenta de
ensino. Esses mestres do violino estavam mais próximos às fontes primárias,
tais como manuscritos e cartas, e também tiveram acesso à tradição oral
relacionada à aplicação desses estudos. No Brasil podemos encontrar hoje
professores que freqüentaram cursos no exterior e que direta ou
155
indiretamente absorveram o conhecimento dos pedagogos citados, e de
outros com bagagem pedagógica similar.
Portanto, tendo como objetivo geral da pesquisa, analisar
sistematicamente os elementos da técnica violinística presentes nos 42 Estudos
de Rodolphe Kreutzer e elaborar notas explicativas sobre os procedimentos
didático-pedagógicos a serem adotados para uma eficaz utilização deste
material, pretendo através desta entrevista colher, resgatar, analisar e
documentar através de seus depoimentos os possíveis procedimentos didáticos
tradicionalmente utilizados para o ensino dos 42 Estudos de R. Kreutzer.
PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO
O questionário a seguir divide-se em duas partes. Na primeira parte,
pretendemos investigar suas impressões sobre os aspectos históricos e
didáticos pedagógicos (Gerais e Específicos) desta obra. Na segunda parte,
elaboramos questões específicas a serem respondidas para cada Estudo.
Devido ao grande número de Estudos presentes na obra, pedimos que
sejam selecionados aqueles que julgar mais importantes, de acordo as suas
respostas às perguntas 2 e 3 dos Aspectos Didático-Pedagógicos Específicos, na
primeira parte.
No entanto, para a coleta de material no presente trabalho, quanto
maior o número de Estudos abordados, tanto melhor.
Desde já nossos agradecimentos pela sua colaboração para o andamento
desta pesquisa.
156
Primeira Parte
Aspectos Históricos (Biografia, Escola, contexto, obra): 1. É possível ter acesso à edição original de R. Kreutzer, ou cartas e manuscritos? Você a têm? 2. Na sua opinião, existem pontos negativos nesta obra, nesta escola, ou nesse momento histórico, violinísticamente falando? 3. Você já ouviu falar de uma edição comentada dos Estudos de Kreutzer, organizada por Flesch e também por Massart (aluno de Kreutzer)? Você as têm? 4. Você conhece alguma outra edição comentada sem ser estas mencionadas? 5. Quais foram os elementos técnicos que Kreutzer inovou com os seus 42 Estudos?
Aspectos Didático - Pedagógicos Gerais: 1. Segundo sua opinião, quais as contribuições que os 42 Estudos de R. Kreutzer trazem para uma melhor performance violinística? 2. Qual a importância desses Estudos em termos de preparação para o repertório violinístico? 3. Existe alguma gravação na íntegra dos 42 Estudos? 4. Como você vê a preparação dos professores de violino no Brasil, para o ensino desses Estudos?
5. Você considera interessante fazer comentários que acompanhem os estudos, com o objetivo de facilitar o trabalho do professor e do aluno menos experiente?
Aspectos Didáticos - Pedagógicos Específicos:
1. Existe uma ordem, ou seqüência de Estudos a ser seguida em função da dificuldade técnica? Acha necessário alterar a ordem presente na maioria das edições? 2. De acordo com a sua visão sobre esta obra, em quantas partes você acha que ela se divide? 3. Quais são os Estudos que você acha mais importante em cada parte desta obra? (Ou seja, para o desenvolvimento técnico do violinista). 4. Segundo sua opinião, qual a melhor edição dos 42 Estudos? Porque? 5. O que você acha das arcadas, dedilhados e variações proposto por esta Edição do 42 Estudos? (edição sugerida pelo entrevistado).
157
Segunda Parte
Aspectos Específicos para cada Estudo (Responder estas perguntas de acordo a resposta
3 dos Aspectos Didático-Pedagógicos específicos)
1. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos? 2. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses
Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções) 3. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. 4. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações,
justificá-las) 5. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o
metrônomo? 6. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do
exigido? Quais? 7. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos.
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Respostas de Paulo Bosísio. Primeira Parte
Aspectos Históricos (Biografia, Escola, contexto, obra):
1. É possível ter acesso à edição original de R. Kreutzer, ou cartas e manuscritos? Você a têm?
Desconheço, infelizmente.
2. Na sua opinião, existem pontos negativos nesta obra, nesta escola, ou nesse momento histórico, violinisticamente falando?
Não. Há momentos talvez menos brilhantes, algo repetitivo e pouco trabalho para o “cantabile”. Também nem sempre uma ordem coerente na escala de dificuldades, mesmo quando este ou aquele editor altera a ordem mais usual, mas o material é todo bom e importantíssimo. É necessário estudar todos os estudos de Kreutzer, mesmo que em outra ordem.
3. Você já ouviu falar de uma edição comentada dos Estudos de Kreutzer, organizada por Flesch e também por Massart (aluno de Kreutzer)? Você as têm?
Sim. Massart era o aluno preferido de Kreutzer e parece ter ficado com manuscritos do velho mestre. Além de tudo Massart é considerado por muitos especialistas como o maior professor de violino de todos os tempos. Parece que em sua edição há uma fidelidade enorme às idéias origionais de Kreutzer. A ordem de numeração dos estudos, infelizmente pouco usado hoje, é a melhor. Não podemos esquecer, entretanto, que a edição do grande Sevcik (Edition Gl. Pazdirek, Brno, antiga Tchekoslováquia) é a mais detalhista. Vai ao extremo, como tudo que é de Sevcik.
4. Você conhece alguma outra edição comentada sem ser estas mencionadas? Vide resposta anterior, edição do Sevcik, a mais comentada. Também há a edição com 100 paráfrases para o domínio superior da técnica do violino, de Maxim Jacebcere, mas isso já é técnica transcendental.
5. Quais foram os elementos técnicos que Kreutzer inovou com os seus 42 Estudos?
A melhor definição de todo o tipo de trillo, a melhor condução de vozes nas duplas, e a esse nível técnico (médio) o melhor trabalho de variações de arco.
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Aspectos Didático - Pedagógicos Gerais: 1. Segundo sua opinião, quais as contribuições que os 42 Estudos de R. Kreutzer trazem para uma melhor performance violinística?
O trabalho sólido da afinação quer em posições fixas, com mudanças ou em duplas, o domínio completo do trillo, e com ele a técnica de afinação de tom – semiton e sincronização com o arco, , a adequação da técnica da mão esquerda com o repertório tradicional.
2. Qual a importância desses Estudos em termos de preparação para o repertório violinístico?
Imprescindível, pelos motivos já expostos. 3. Existe alguma gravação na íntegra dos 42 Estudos? Desconheço. Dos estudos de Rode várias. 4. Como você vê a preparação dos professores de violino no Brasil, para o ensino desses Estudos?
Acho que a coisa tem melhorado, está havendo uma postura mais intelectual e ao mesmo tempo prática.
5. Você considera interessante fazer comentários que acompanhem os estudos, com o objetivo de facilitar o trabalho do professor e do aluno menos experiente?
Não só é interessante como essencial. O aluno tem que, por exemplo, saber qual ou quais são os objetivos técnicos e artísticos daquele estudo, e se possível, pelo menos nos principais, até executá-los de cor e com engajamento na interpretação.
Aspectos Didáticos - Pedagógicos Específicos: 1. Existe uma ordem, ou seqüência de Estudos a ser seguida em função da dificuldade técnica? Acha necessário alterar a ordem presente na maioria das edições?
160
Eu prefiro a ordem que o próprio Massart apresenta, também feita paralelamente por alguns poucos editores, como Sándor (nem sempre Sándor segue a orden de Massart), pedagogo húngaro, que editou os 42 Estudos na Editio Musica Budapest. Acho necessário alterar a ordem na maioria das edições, incluindo Flesch e Galamian.
2. De acordo com a sua visão sobre esta obra, em quantas partes você acha que ela se divide?
3 partes: 1ª, técnica geral; 2ª Trillo; 3ª duplas.
3. Quais são os Estudos que você acha mais importante em cada parte desta obra? (Ou seja, para o desenvolvimento técnico do violinista).
Bom o problema vai estar na numeração. Acho prudente dar a tonalidade do estudo. Vou dar a numeração pela ordem do Flesch, que mesmo não concordando, é a mais conhecida: 2,4,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,19,20,21,22,24,25,26,27,28,29,30,31,32, 33,34,35,36,37,38,39,40,41,42. Ou seja, tudo. Sublinhados alguns mais importantes.
4. Segundo sua opinião, qual a melhor edição dos 42 Estudos? Porque?
Nenhuma é realmente boa. Quase sempre repleta de dedilhados que refletem o violinismo do século 19. A melhor mesmo assim necessitando de muita remarcação é a da revisão de Sándor, citada anteriormente, que aparece na “Editio Musica Budapest, 2.2560”.
5. O que você acha das arcadas, dedilhados e variações proposto por esta Edição do 42 Estudos? (edição sugerida pelo entrevistado).
Vide resposta anterior.
Segunda Parte
Aspectos Específicos para cada Estudo
(Responder estas perguntas de acordo a resposta 3 dos Aspectos Didático-Pedagógicos específicos)
1. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?
Tomei o estudo nº 19 (ordem edição Flesch) como exemplo. O estudo é em Ré Maior com compasso quaternário em moderato. Nas páginas impressas no
161
anexo, em um questionário para a Universidade Estadual de Santa Catarina (o Edson Queiroz também colaborou) mando 5 processos de estudo. O objetivo principal é a continuidade sonora do trillo em legato, com mudanças de posição de posição e de cordas.
2. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções)
Vide páginas impressas em anexo. 3. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos.
O opus do Sevcik voltado para o trillo (opus 7) está repleto de ótimos exercícios de suporte, mas é necessário antes perceber as deficiências pessoais do aluno em questão para depois indicar o exercício (diagnóstico – terapia).
4. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Sugiro com outro dedilhado em posições próximas, dentro do possível, no caso utilizando-se em inúmeras vezes da 4ª e da 2ª posição, mesmo quando pareçam pouco usuais, para também executar o estudo todo sem glissandos.
5. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Tempo final semínima 58.
6. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? Posicionamento plano do 4º dedo, além do dedilhado tradicional, o uso da 2ª e 4ª posições, alcançando as posições em extensão.
7. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Um estudo como esse, apesar de não ser nem de longe um dos mais importantes do Kreutzer (vide sublinhados na lista), é meio único na literatura. Veja que nem Rode, nem Dont, nem Gaviniés tem algo parecido (trillo em legato, com mudança de corda e posição). P.S. Acho interessante você citar que para complementação do processo violinístico – musical de todos estes estudos, necessitamos de ampliar a percepção harmônica de forma eficaz, coisa que é tão pobre conosco, violinistas, utilizando-se, quando o estudo estiver pronto, de um segundo violino, escrito por Hermann, ou um acompanhamento de piano, apesar de bem simples, escrito por Eichheim. P. Bosísio.
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Respostas de Eliane Tokeshi. Primeira Parte
Aspectos Históricos (Biografia, Escola, contexto, obra):
1. É possível ter acesso à edição original de R. Kreutzer, ou cartas e manuscritos? Você a têm?
Imagino que sim. A Editora Fuzeau, por exemplo, está publicando uma série de fac-símiles de métodos franceses. Eu não possuo nenhuma cópia de fac-símile ou carta.
2. Na sua opinião, existem pontos negativos nesta obra, nesta escola, ou nesse momento histórico, violinisticamente falando?
Não acho que haja nenhum aspecto negativo nesta obra de grande importância didática. Gostaria, no entanto, de ressaltar que nesse método não há estudos abordando alguns recursos técnicos muito utilizados na música atual, como pizzicato (mão esquerda e direita), sul ponticello e sul tasto. Sabe se que esses recursos eram utilizados no repertório violinístico escrito no período em questão e que outros pedagogos como Baillot, Spohr, Woldemar, Löhlein e Campagnoli os incluíram em seus métodos.
3. Você já ouviu falar de uma edição comentada dos Estudos de Kreutzer, organizada por Flesch e também por Massart (aluno de Kreutzer)? Você as têm?
Desconheço a edição de Massart e possuo a de Carl Flesch.
4. Você conhece alguma outra edição comentada sem ser estas mencionadas? Conheço algumas edições que possuem exercícios preparatórios, pequenos textos explanatórios, sugestões de dedilhados, golpes de arco e regiões do arco, como as editadas por Galamian, Rostal e Davisson.
5. Quais foram os elementos técnicos que Kreutzer inovou com os seus 42 Estudos?
Desconheço elementos técnicos inovadores nesse método.
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Aspectos Didático - Pedagógicos Gerais: 1. Segundo sua opinião, quais as contribuições que os 42 Estudos de R. Kreutzer trazem para uma melhor performance violinística?
Para que o violinista seja capaz de executar com precisão as inúmeras repetições de cada aspecto técnico específico do estudo é necessário que tenha atingido certa solidez técnica. Em todos os estudos cada aspecto técnico é abordado de várias maneiras, com pequenas alterações, que exigem formas diversas de estudo. Os estudos são relativamente longos, exigem concentração e um maior amadurecimento do aluno, já que muitos dos estudos têm menos enfoque no conteúdo musical do que os encontrados em outros métodos como Mazas, por exemplo. Essas qualidades auxiliam na formação do violinista para que esse tenha maior sucesso durante a preparação e execução do repertório tradicional do violino.
2. Qual a importância desses Estudos em termos de preparação para o repertório violinístico?
Esses estudos abordam de forma detalhada todos os aspectos técnicos mais importantes encontrados no repertório. Acredito que se o método é bem estudado no período de formação do violinista o aluno estará apto a executar o repertório tradicional violinístico, ou saberá procurar formas alternativas de estudo para aperfeiçoar.
3. Existe alguma gravação na íntegra dos 42 Estudos? Conheço uma única gravação de Jacques Israelievitch. 4. Como você vê a preparação dos professores de violino no Brasil, para o ensino desses Estudos?
Tenho percebido que no Brasil, em muitos casos, os professores utilizam conhecimentos transmitidos a eles de forma oral, durante suas próprias aulas de violino no período de formação. Ou seja, os professores abordam o estudo com seus alunos da mesma forma como esse foi abordado consigo próprio. Essa postura tem mudado já que atualmente existem mais opções de edições, o que possibilita um contato com outras abordagens do método, provocando, portanto, um maior questionamento e instigando a criatividade do professor. Existem alguns professores de nível universitário que têm oferecido disciplinas que abordam a didática do violino. Acredito que dessa forma possa se criar o hábito de investigar meios de utilização e exploração dos métodos de ensino de violino.
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5. Você considera interessante fazer comentários que acompanhem os estudos, com o objetivo de facilitar o trabalho do professor e do aluno menos experiente?
Acho essencial.
Aspectos Didáticos - Pedagógicos Específicos: 1. Existe uma ordem, ou seqüência de Estudos a ser seguida em função da dificuldade técnica? Acha necessário alterar a ordem presente na maioria das edições?
Acredito que existe uma ordem no método estabelecida por aspecto técnico e por nível de dificuldade. A principal alteração seria adiar o estudo número 1 em Adagio sostenuto1 devido ao alto grau de dificuldade técnico exigido. Esse pode ser estudado antes do estudo número 23. Também concordo com muitas das alterações na ordem proposta por Davisson (ed. Peters). No entanto, não alternaria os estudos de trinado com outros, como ele propõe.
2. De acordo com a sua visão sobre esta obra, em quantas partes você acha que ela se divide?
Os estudos são agrupados por aspectos técnicos. 1ª parte: número 2 a 14
2ª parte: 15 a 22 3ª parte: 24 a 31
4ª parte: 23 e 1 5ª parte: 32 a 42
3. Quais são os Estudos que você acha mais importante em cada parte desta obra? (Ou seja, para o desenvolvimento técnico do violinista).
1ª parte: 2, 7, 8, 9, 11, 12 e 13. 2ª parte: 15 e 19. 3ª parte: 24, 28, 29 e 30. 4ª parte: 1 5ª parte: 32, 33, 35, 40 e 42.
4. Segundo sua opinião, qual a melhor edição dos 42 Estudos? Porque?
1 Os números dos estudos utilizados pelo entrevistado correspondem aos utilizados na edição de Ivan Galamian publicada por International Music Company.
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Acredito que todas as edições que conheço e tenho acesso têm muitas qualidades. Não uso uma única edição e procuro utilizar as sugestões de estudos preparatórios, arcadas e dedilhados de diversos pedagogos.
5. O que você acha das arcadas, dedilhados e variações proposto por esta Edição do 42 Estudos? (edição sugerida pelo entrevistado).
Ver resposta anterior.
Segunda Parte
Aspectos Específicos para cada Estudo
(Responder estas perguntas de acordo a resposta 3 dos Aspectos Didático-Pedagógicos específicos)
1ª Parte - Estudo número 2 1. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?
Afinação: a tonalidade do estudo e suas progressões harmônicas relativamente simples levam a uma melhor percepção de afinação. Forma de mão: com o raro uso de extensão e mantendo os dedos da mão esquerda próximos a corda o estudo enfoca o estabelecimento de uma forma de mão coesa em diversas posições. Posição da mão direita: Mantendo golpes de arco mais elementares como détaché e constantes é mais fácil concentrar se na colocação dos dedos e compreensão da função de cada dedo da mão direita no arco. Golpes de arco: o estudo pode ser estudado com muitas variações de ligaduras e articulações, o que possibilita o aprimoramento nas diversas regiões do arco e desenvolvimento de noções de distribuição de arco. Peso do braço e flexibilidade dos dedos: executando o estudo com as variações de arco acima citadas pode se compreender o uso do peso do braço e dedos.
2. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções)
Afinação: manter os dedos próximos ou mesmo na corda e tocar cordas duplas com a próxima nota ou corda solta.
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Produção de som: tocar détaché ou com ligaduras de duas notas em várias regiões do arco para obter som homogêneo. Usar variações 7 e 332 para aprimorar a variação de pressão e velocidade do arco.
3. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. Escalas em posição fixa na tonalidade de dó maior. Schradieck: primeiro estudo (em dó maior) em várias posições e cordas. Yolst: para mudanças de posição. Fazer os exercícios nas mudanças de posição que apresentarem dificuldades.
4. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Ver resposta da questão 2.
5. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Recomendo os andamentos mais variados: do mais lento (42 a colcheia) para o estudo de som e afinação até mais rápido (104 a semínima) para agilidade e spiccato.
6. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? Como mencionei na resposta anterior, pode ser utilizado para estudo de spiccato, além de flexibilidade do pulso (ver compasso 16 e 20) e troca de corda sutil.
7. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Excelente estudo de fácil memorização que pode ser abordado de várias formas para ajudar a resolver diversos aspectos da técnica. Muitas vezes peço para o aluno retornar a esse estudo e utilizá-lo para aplicar qualquer aspecto técnico que esteja tendo dificuldade.
2ª Parte - Estudo número 15 8. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?
Aperfeiçoamento do trinado.
9. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções)
2 Ver edição Galamian.
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Relaxamento: utilização de ritmos que favoreçam o movimento vertical com impulso para cima e para baixo dos dedos. Impulso: relacionar o impulso dos dedos com o impulso de arco usando golpe de arco martelé.
10. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. Estudar de início com mordente ou grupeto de acordo com o nível de desenvolvimento do aluno. Iniciar com arcada para cima: dessa forma o impulso de arco em conjunto com o trinado torna-se mais fácil, pois é para baixo. A nota do trinado pode ser tocada com tenuto de forma prolongada facilitando o trinado.
11. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Variações no trinado: com ritmos pontuados para enfatizar o movimento descendente ou ascendente dos dedos; variando o número de notas (de 3 a 12) para auxiliar aumento progressivo de velocidade e começando com a nota superior.
12. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Os mais variados possíveis que dependem do tipo de trinado utilizado.
13. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? Esse estudo pode auxiliar no estudo do martelé (clareza do som, articulação, relaxamento do braço), relaxamento dos dedos da mão esquerda e mudança de posição.
14. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Durante o aprendizado desse estudo deve ser abordada a importância do controle do arco, com enfoque especial ao ponto de contato. Muitas vezes a má combinação de pressão e ponto de contato causa a falha do trinado.
Estudo número 29 1. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?
Sutileza nas trocas de corda em longas arcadas. Esse estudo exige movimentos pequenos e redondos do braço direito bem coordenados com os dedos da mão esquerda.
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2. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções) É necessário ter noção da proximidade das cordas vizinhas. Como Flesch sugere em seus comentários pode se estudar tocando cordas duplas com a próxima nota da troca de corda para antecipar o movimento do braço. Deve se criar o hábito de preparar de forma gradual a troca de corda, aproximando o arco para a próxima corda que será tocada. Enfatizar na necessidade de se ter flexibilidade do pulso e dedos da mão direita relaxados para obter movimentos pequenos e ondulados. Ritmos podem ajudar especialmente se agruparem notas nas quais acontece a troca de corda (2 colcheias + 6 semicolcheias, por exemplo). Os ritmos, no entanto, só auxiliam se o aluno não associá-los a pressão e articulação exagerada dos dedos.
3. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. Exercícios de son filé auxiliarão na produção de som e distribuição de arco no estudo.
4. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Pode-se estudar como exercício de cordas duplas para auxiliar na afinação. Uma forma de tornar a distribuição de arco e qualidade de som melhor é aumentar ainda mais o número de tempos por ligadura, ou reduzir a quantidade de arco para cada ligadura.
5. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Deve ser estudado em vários andamentos, mas creio que não há necessidade de ser tocado mais rápido que 88-92 a semínima.
6. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? O aluno pode utilizá-lo também para aprimorar as extensões de 4º dedo, ou seja, da expansão da forma de mão. O estudo exige também o encolhimento da forma da mão devido aos acidentes, dessa forma, alternando as duas movimentações da mão.
7. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Acho importante enfatizar a necessidade de se tocar com pouca articulação dos dedos (dedos leves, sem pressão sobre as cordas). Muitas vezes é
169
necessário estudá-lo somente com a mão esquerda, sem a utilização do arco para cuidar desse aspecto.
3ª Parte - Estudo número 1 8. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?
Aprimoramento da distribuição de arco, produção e sustentação de som.
9. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções) É necessário que se tenha um planejamento da distribuição do arco para cada arcada. De início esse “mapeamento” do arco deve ser feito de forma minuciosa para que se possa ter o controle de qualidade sonora e dinâmica.
10. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. Exercícios de son filé com metrônomo podem ajudar na complementação desse estudo.
11. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Pode se estudá-lo utilizando menos arco propositalmente para aumentar a dificuldade do arco. Esse estudo pode ser usado como estudo de vibrato com o metrônomo para auxiliar na contagem das oscilações. O vibrato por sua vez pode facilitar o relaxamento e expansão da mão esquerda para preparação das mudanças de posição.
12. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Acho essencial o uso do metrônomo nesse estudo, que pode ser pode volta de 60 a semínima.
13. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? O aluno deve por fim preocupar se também com as trocas de direção do arco. Para que sejam imperceptíveis é necessário o controle da velocidade do arco, da pressão e dos movimentos dos dedos da mão direita.
14. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos.
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Esse estudo deve ser executado com total compreensão musical e para tanto, o aluno deve também se preocupar com diferentes velocidades e amplitudes de vibrato que auxiliam no fraseado.
4ª Parte - Estudo número 35 15. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?
Aprimoramento de afinação e desenvoltura com trechos em cordas duplas. Execução de acordes com clareza, qualidade de som e boa distribuição de arco. Esse estudo mescla diversos golpes de arco, os quais dependem de planejamento de distribuição de arco para boa execução.
16. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções) Nos trechos de cordas duplas o aluno deve procurar dedilhados que auxiliem na afinação e no estabelecimento de “dedos-guia”. Deve se ter plena compreensão das distâncias entre os dedos nos diversos intervalos utilizados no decorrer do estudo. Para tanto, é necessário o estudo lento, tocando as vozes separadamente e depois juntamente de forma gradual. A alteração das ligaduras nessa etapa pode ser um estudo válido, pois auxilia na audição e aumenta a dificuldade das mudanças de posição (por exemplo, aplicar em compassos 1-4 e 7). As dificuldades encontradas nos compassos 49-53 podem ser resolvidas com: estudo separado de arco que deve enfocar controle de ponto de contato no talão e principalmente na ponta; distribuição de arco coerente e uso de pressão apropriada para realizar as articulações e dinâmica; movimento rápido e preciso do braço para realizar a troca de corda. Para auxiliar na afinação pode se tratar o trecho como uma seqüência de acordes de três notas, estudando separadamente as duas cordas duplas da base e posteriormente a duas do topo do acorde. Esse estudo ficará mais eficiente se todos os dedos sempre estiverem na corda preparados para tocar o acorde. Pode se tocar o trecho como uma seqüência de acordes seguidos. Outra variação de estudo que auxilia no preparo rápido dos dedos para cada mudança de harmonia seria a variação do ritmo (pode se deslocar a figura pontuada para o 1º e 3º tempo do compasso).
17. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos.
As escalas, arpejos e cordas duplas do método Scale System de Carl Flesch são fundamentais para o preparo desse estudo.
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O método Developing Double-Stops de Harvey Whistler também propõe alguns estudos de cordas duplas em acordes.
18. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Ver respostas da questão 16.
19. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? É importante estabelecer um andamento que caracterize uma marcha (semínima a 124). Acredito que nesse estudo possa haver um pouco de flexibilidade no andamento e rubato em algumas sessões para realização de pequenas variações no caráter e aumentar a dramaticidade do estudo.
20. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? Esse é um dos estudos mais difíceis do método por explorar uma variedade imensa de golpes de arco e cordas duplas. É a forma como aparecem combinados que exige do aluno um domínio de muitos elementos da técnica violinística tradicional.
21. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Além de exigir o aperfeiçoamento técnico, esse estudo pode ser utilizado também para auxiliar no desenvolvimento interpretativo do aluno, explorando elementos de estilo, buscando um fraseado apropriado e diferenciando sessões de caráter distinto.
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