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Cássio Henrique Ribeiro Martins OS 42 ESTUDOS - CAPRICHOS PARA VIOLINO, DE RODOLPHE KREUTZER: análise técnica para uma abordagem didático - pedagógica Escola de Música Universidade Federal de Minas Gerais Dezembro de 2006

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Cássio Henrique Ribeiro Martins

OS 42 ESTUDOS - CAPRICHOS PARA VIOLINO, DE RODOLPHE KREUTZER: análise técnica para uma

abordagem didático - pedagógica

Escola de Música Universidade Federal de Minas Gerais

Dezembro de 2006

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Cássio Henrique Ribeiro Martins

OS 42 ESTUDOS - CAPRICHOS PARA VIOLINO, DE RODOLPHE KREUTZER: análise técnica para uma

abordagem didático - pedagógica

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música.

Linha de Pesquisa: Performance Musical

Instrumento: Violino

Orientador: Professor Edson Queiroz de Andrade

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Música

Universidade Federal de Minas Gerais Dezembro de 2006

III

Dedico este trabalho aos colegas e professores de violino dos conservatórios e escolas de música.

IV

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que na procura de meu ideal, percorri veredas com passos

tímidos e inseguros e ele com sua grandiosidade, me fez substituir aos poucos a

incerteza pela segurança e o medo pela vitória.

Aos meus pais, dou lhes uma parte do meu futuro, futuro do qual vocês abriram mão

para me reservar um melhor. Pai, Mãe, apenas dou-lhes, pois tudo o que tenho feito

foi receber...

Aos professores, que, para eu conseguir vencer não foi fácil, mas consegui.

Contudo, essa vitória é também de vocês que se empenharam em me passar o

legado do saber. Em especial o meu muito obrigado ao professor e orientador Edson

Queiroz de Andrade, que muito se empenhou em me ajudar a dar mais um passo a

estrada do futuro.

A minha querida esposa e ao meu filho, que se empenharam para que não me

faltasse esperança e alegria em sempre persistir.

Aos colegas, com quem convivi lado a lado, durante esses anos, meu desejo de

sucesso e felicidade nessa nova caminhada que se inicia...

V

RESUMO

Este projeto trata de analisar sistematicamente alguns dos elementos da técnica

violinística presentes nos 42 Estudos-Caprichos de Rodolphe Kreutzer, e elaborar

notas explicativas sobre os procedimentos didático-pedagógicos a serem adotados

para o ensino e aprendizagens eficazes deste material.

Em primeiro lugar procurou-se contextualizar de forma sucinta o compositor, sua

obra, e o que já existe escrito sobre os Estudos-Caprichos. Em seguida foram

levantados os procedimentos de ensino dos Estudos-Caprichos através de

depoimentos feitos por dois importantes professores de violino no Brasil: Paulo

Gustavo Bosisio e Eliane Tokeshi. Além disso, foram coletados procedimentos

adquiridos durante nossa experiência como pesquisador e professor de violino e, em

importantes materiais bibliográficos sobre a pedagogia do violino. Por fim, foram

selecionados três Estudos-Caprichos (nº 19, nº 30, nº 35) da obra para

demonstrarmos a aplicação desses procedimentos pedagógicos.

VI

ABSTRACT

In this project we analyzed systematically some of the elements of the violin

technique present in Rodolphe Kreutzer's 42 Etudes-caprices, and elaborated

explanatory notes on didactic-pedagogical procedures to be adopted for an effective

teaching and learning of this material.

In the first place the composer and his work were briefly contextualized, and what

had been written about the Etudes-caprices were listed. Following that, two of the

most prominent violin teachers in Brazil - Paulo Gustavo Bosisio and Eliane Tokeshi -

were interviewed about their own pedagogical procedures used to teach these

Etudes-Caprices. Also some acquired pedagogical procedures during our own

experience as researcher and violin teacher, and important bibliographical material

on violin pedagogy were collected. Finally, three Etudes-caprices were selected (no.

19, no. 30, no. 35) in order to demonstrate the application of those pedagogical

procedures.

VII

LISTA DE EXEMPLOS E TABELAS

EXEMPLOS

ESTUDO Nº 19

Ex.1. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 1 - 4 ............................................................... 16

Ex.2. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 5 - 8 ............................................................... 16

Ex.3. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 9 - 10 e 15 - 16 .............................................. 17

Ex.4. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 17- 20 ............................................................ 17

Ex.5. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 21- 24 ............................................................ 18

Ex.6. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 25- 26 e 30 - 32 ............................................. 18

Ex.7. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 33- 34 e 42 - 44 ............................................. 18

Ex.8. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 44- 45 e 51 - 52 ............................................. 19

Ex.9. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 52- 53 e 58 - 59 ............................................. 19

Ex.10. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 59- 60 e 63 .................................................. 19

Ex.11. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 1 - 4 ............................................................. 21

Ex.12. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 15 - 16 ......................................................... 22

Ex.13. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 17 - 32 ......................................................... 23

Ex.14. Trecho do Estudo-Capricho nº 19 para dois violinos, compassos 1 - 4. (Hermann) ............. 24

Ex.15. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso das notas auxiliares, compassos 1 - 2 .................... 25

Ex.16a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso das notas auxiliares, compassos 1 - 2 .................. 25

Ex.16b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, execução do trillo, compassos 1 - 2 ............................. 26

Ex.17. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, salto de posição, uso do dedo guia, compasso 54 ........ 26

Ex.18. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, notas auxiliares, compasso 1 ......................................... 27

Ex.19. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados propostos pelos revisores, compasso 1 ...... 28

Ex.20. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados facilitado, compasso 1 ................................. 29

Ex.21. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados – trillo com 4º dedo, compasso 1 ................. 30

Ex.22. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, comparação de dedilhados – Sándor/Galamian,

compasso 1 ............................................................................................................................ 30

Ex.23. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudando o trillo, compasso 1 ....................................... 32

VIII

Ex.24. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de sincronias, compasso 1 ...................................... 33

Ex.25. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de correlações, compasso 1 .................................... 34

Ex.26a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Polo, compasso 1 .......... 35

Ex.26b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Sándor, compasso 1 ...... 35

Ex.26c. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Galamian, compasso 1 .. 35

Ex.26d. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/Paulo Bosísio, compasso 1 ............ 36

Ex.27. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de extensões, compasso 1 ...................................... 36

Ex.28. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo do legato, compasso 1 ....................................... 39

Ex.29a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo de arcadas, compasso 1 .................................. 41

Ex.29b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo de arcadas, compasso 1 .................................. 41

Ex.30a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho,

compassos 33 - 34 e 42 - 43 ................................................................................................ 42

Ex.30b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho,

compasso 44 - 45 e 51 ......................................................................................................... 42

Ex.30c. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho,

compassos 54 - 55 ............................................................................................................... 43

ESTUDO Nº30

Ex.31. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 1 - 10 ........................................................... 50

Ex.32. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 11 - 18 ......................................................... 51

Ex.33. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 19 - 28 ......................................................... 52

Ex.34. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 29 - 39 ......................................................... 53

Ex.35. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 40 - 44 ......................................................... 53

Ex.36. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 45 - 50 ......................................................... 54

Ex.37. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 51 - 55 ......................................................... 54

Ex.38. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 56 - 63 ......................................................... 55

Ex.39. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 64 - 70 ......................................................... 56

Ex.40. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 71 - 74 ......................................................... 57

Ex.41. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 75 - 82 ......................................................... 57

Ex.42. Trechos do Estudo-Capricho nº 30, Análise Harmônica, compassos 1, 32 e 48 .................. 58

IX

Ex.43. Trecho do Estudo-Capricho nº 30 para dois violinos, compassos 1 - 4 ................................ 59

Ex.44. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, uso de glissando mudo, compassos 1 - 2 ...................... 60

Ex.45. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a mudança de posição, compassos 13 - 15 61

Ex.46. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, mudança em blocos, compassos 45 - 47 ....................... 61

Ex.46a. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, visualização dos blocos ................................................ 62

Ex.47. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a extensão, compasso 5 .............................. 63

Ex.48. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, movimento de empurrada e alongamento, compasso 5 63

Ex.49. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado em posição fixa, compassos 19 - 28 ............ 64

Ex.50. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, utilizando notas intermediárias e afinando os intervalos,

compasso 19 .......................................................................................................................... 65

Ex.51. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado na primeira posição, compassos 19 - 20 ...... 66

Ex.52. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, posicionando os dedos, compassos 31 - 39 .................. 67

Ex.53. Executando somente os acordes/formas ............................................................................... 67

Ex.54. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, afinando os arpejos/blocos, compasso 31 ..................... 67

Ex.55. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, comparando dedilhados, compassos 18 - 19 ................ 68

Ex.56. Demonstração dos movimentos e procedimentos ................................................................. 69

Ex.57. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, usando extensões, compassos 13 - 15 .......................... 70

Ex.58. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, ponto de contato/ quantidade de crina, arco, pressão e

velocidade, compassos 1 - 2 ................................................................................................. 71

Ex.59. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a mudança de corda, compasso1 ................ 72

Ex.60. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, clareza na mudança de corda, compasso 11 ................ 72

Ex.61. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, aproximação das cordas, compasso 1 ........................... 73

Ex.62. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, movimento direcional do cotovelo/ mudança de corda,

compassos 49 - 50 e 14 - 15 ................................................................................................. 73

Ex.63. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, détaché regular, compasso 1 ......................................... 74

Ex.64. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, praticando com acentos, compasso 1 ............................ 75

Ex.65. Uso de sincronias e correlações compasso 1 ....................................................................... 76

Ex.66. Arcadas básicas compasso 1 ................................................................................................ 76

Ex.67. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado em spiccato e ricochet, compassos 1 – 3;

12 - 13 e 45 - 47 ..................................................................................................................... 77

X

Ex.68. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, que apresentam desafios técnicos, compassos 40 - 50 78

ESTUDO Nº 35

Ex.69. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 1 - 4 ............................................................. 87

Ex.70. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 4 - 8 ............................................................. 87

Ex.71. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 12 - 16 ......................................................... 88

Ex.72. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 17 - 20 ......................................................... 88

Ex.73. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 21 - 28 ......................................................... 89

Ex.74. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 29 - 36 ......................................................... 89

Ex.75. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 37 - 40 ......................................................... 90

Ex.76. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 40 - 44 ......................................................... 90

Ex.77. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 48 - 56 ......................................................... 91

Ex.78. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 57 - 64 ........................................................ 91

Ex.79. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 65 - 68 ......................................................... 92

Ex.80. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 68 - 72 ......................................................... 92

Ex.81. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 76 - 80 ......................................................... 93

Ex.82. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 84 - 92 ......................................................... 93

Ex.83. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 92 - 96 ......................................................... 94

Ex.84. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 1 - 4 ............................................................. 94

Ex.85. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 13 - 14 ......................................................... 96

Ex.86. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 25 - 28 ......................................................... 97

Ex.87. Trecho do Estudo-Capricho nº 35 para dois violinos, compassos 1 - 4 ................................ 97

Ex.88. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, padrões de articulações, compassos 1 - 4 ..................... 98

Ex.89. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, uso das notas auxiliares, compassos 2 - 3 .................. 100

Ex.90. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, isolando as vozes, compassos 2 - 3 ............................ 101

Ex.91. O terceiro Som: Som Resultante ......................................................................................... 102

Ex.92. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, controlando a pressão dos dedos, compassos 94 - 95 103

Ex.93. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/acordes de quatro sons, compasso 13 . 104

Ex.94. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/acordes de três sons, compasso 25 ..... 105

Ex.95. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/intervalo, compasso 13 ......................... 105

XI

Ex.96. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, ajustando a afinação, compasso 25 ............................. 106

Ex.97. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, usando extensões, compassos 14 e 16 ....................... 106

Ex.98. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, détaché acentuado, compassos 1 - 2 .......................... 107

Ex.99. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, combinações de golpes, compassos 21 - 24 ............... 108

Ex.100. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, realçando a melodia, compassos 29 - 31 .................. 109

Ex.101. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, mudança de corda em legato, compassos 69 - 72 .... 110

Ex.102. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, alternando o ponto de contato, compassos 68 - 69 ... 110

Ex.103. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, acordes quebrados, compassos 12 - 13 e 25 ............ 112

Ex.104. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, com outras arcadas, compassos 1 - 8 ....................... 113

Ex.105. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, acordes simultâneos, compassos 24 - 25 .................. 114

Ex.106. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,

compassos, 49 - 52 ............................................................................................................ 115

Ex.107. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,

compassos 1 - 3 e 98 - 100 ................................................................................................ 116

Ex.108. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,

compassos 12 - 13 .......................................................................................................................... 116

Ex.109. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,

compassos 17 - 20 .......................................................................................................................... 117

Ex.110. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,

compassos 25 - 28 .......................................................................................................................... 117

Ex.111. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, que apresentam dificuldades técnicas,

compassos 43 - 44 e 55 - 56 ........................................................................................................... 118

TABELAS

ESTUDO Nº 19

TAB. 1. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 19 .................................................................... 15

TAB. 2. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 19 ............................................................................... 15

TAB. 3. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 19 ................................................................. 44

XII

ESTUDO Nº 30

TAB. 4. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 30 .................................................................... 49

TAB. 5. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 30 ............................................................................... 49

TAB. 6. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 30 ................................................................. 79

ESTUDO Nº 35

TAB. 7. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 35 .................................................................... 86

TAB. 8. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 35 ............................................................................... 86

TAB. 9. Padrões de articulações ....................................................................................................... 99

TAB. 10. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 35 ............................................................. 118

XIII

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ....................................................................................................... III

AGRADECIMENTOS ............................................................................................ IV

RESUMO ................................................................................................................ V

ABSTRACT ........................................................................................................... VI

LISTA DE EXEMPLOS E TABELAS .................................................................... VII

SUMÁRIO ............................................................................................................ XIII

1- INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

1.2 - Rodolphe Kreutzer .............................................................................. 4

1.3 - Os 42 Estudos-Caprichos ................................................................... 6

1.4 - Revisão da Literatura ......................................................................... 9

2- ASPECTOS DIDÁTICO - PEDAGÓGICOS ....................................................... 12

2.1 - Estudo-Capricho nº 19 ...................................................................... 14

2.1.1 - Introdução ............................................................................. 14

2.1.2 - Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo-Capricho . 14

2.1.3 – Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico .............. 20

2.1.4 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da

Técnica de Mão Esquerda .................................................... 24

2.1.4.1 - Estudo da mudança de posição ..................................... 24

2.1.4.2 - Dedilhados ..................................................................... 27

2.1.4.3 - Trillo ............................................................................... 31

2.1.5 - Soluções para Outros Aspectos Técnicos da Mão

XIV

Esquerda ............................................................................... 36

2.1.6 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da

Técnica de Arco .................................................................... 37

2.1.6.1 - Golpes de Arco .............................................................. 37

2.1.6.2 - Arcadas .......................................................................... 40

2.1.7 - Principais Desafios Técnicos do Estudo ............................... 41

2.1.8 - Exercícios de Apoio .............................................................. 43

2.1.9 - Considerações Finais ............................................................ 45

2.3 - Estudo-Capricho nº 30 ...................................................................... 48

2.3.1 - Introdução ............................................................................. 48

2.3.2 - Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo-Capricho . 48

2.3.3 - Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico ............... 58

2.3.4 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da

Técnica de Mão Esquerda ..................................................... 59

2.3.4.1 - Estudo da mudança de posição ..................................... 59

2.3.4.2 - Extensão ........................................................................ 62

2.3.4.3 – Posição Fixa .................................................................. 64

2.3.4.4 - Forma de Mão (Blocos): Posicionamento dos dedos

sobre as cordas .............................................................. 66

2.3.4.5 - Dedilhados ..................................................................... 68

2.3.5 - Soluções para Outros Aspectos Técnicos da Mão

Esquerda .............................................................................. 69

2.3.6 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da

Técnica de Arco .................................................................... 70

2.3.6.1 - Golpes de Arco .............................................................. 70

2.3.6.2 - Variações Ritmicas ........................................................ 75

2.3.6.3 - Arcadas .......................................................................... 76

XV

2.3.7 - Soluções Para Outros Aspectos Técnicos do Arco ............... 77

2.3.8 - Principais Desafios Técnicos do Estudo ............................... 78

2.3.9 - Exercícios de Apoio .............................................................. 79

2.3.10 - Considerações Finais .......................................................... 80

2.2 - Estudo-Capricho nº 35 .............................................................................. 85

2.2.1 - Introdução ............................................................................. 85

2.2.2 - Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo-Capricho . 85

2.2.3 - Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico ............... 94

2.2.4 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da

Técnica de Mão Esquerda .................................................... 98

2.2.4.1 - Estudo da mudança de posição ..................................... 98

2.2.4.2 - Cordas Duplas (afinação) ............................................ 102

2.2.4.3 - Acordes ........................................................................ 103

2.2.5 - Soluções para Outros Aspectos Técnicos da Mão

Esquerda ............................................................................. 106

2.2.6 - Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da

Técnica de Arco ............................................................................. 107

2.2.6.1 - Golpes de Arco ............................................................ 107

2.2.6.2 – Cordas Duplas ............................................................ 109

2.2.6.3 - Acordes ........................................................................ 111

2.2.6.4 - Arcadas ........................................................................ 112

2.2.7 - Soluções Para Outros Aspectos Técnicos do Arco ............. 113

2.2.8 - Principais Desafios Técnicos do Estudo ............................. 114

2.2.9 - Exercícios de Apoio ............................................................ 118

2.2.10 - Considerações Finais ........................................................ 120

3 - CONCLUSÃO ................................................................................................ 123

XVI

4 - BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 129

5 - ANEXOS ........................................................................................................ 134

5.1 - Anexo 1 - Partitura do Estudo- Capricho nº 19 ............................... 135

5.2 - Anexo 2 - Partitura do Estudo-Capricho nº 30 ................................ 137

5.3 - Anexo 3 - Partitura do Estudo-Capricho nº 35 ................................ 140

5.4 - Anexo 4 – Tabelas Informativas dos demais Estudos-Caprichos

Edição - Galamian.......................................................... 142

5.5 - Anexo 5 - Questionário ................................................................... 152

5.6 - Programa do Recital de Mestrado .................................................. 172

5.7 - Gravação em DVD do Recital ......................................................... 173

1. INTRODUÇÃO

Acreditamos que a obra “42 Estudos-Caprichos" de Rodolphe Kreutzer constitui-se

num dos mais importantes livros de estudos já escritos, no que concerne aos

aspectos técnico-musicais para uma boa formação violinística. As universais

utilizações desses Estudos nos indicam que há um consenso em relação à

importância dos mesmos na formação técnica e musical do violinista. Conhecer

esses estudos e saber como aplicá-los é uma ferramenta indispensável para

aqueles envolvidos com a pedagogia do violino.

No Brasil, em algumas regiões (principalmente cidades do interior) existem

professores e alunos menos experientes que, além de não possuírem acesso a

materiais didático-pedagógicos sobre a técnica do violino, não conseguem ter uma

orientação contínua de um pedagogo com mais experiência. E, além disso, é raro

encontrar disponível no mercado um guia didático bem detalhado mostrando e

comentando como se deve tocar cada um dos 42 Estudos de Kreutzer para

violino. Nesse sentido, um guia constituído de notas explicativas sobre como

abordar os principais Estudos-Caprichos compostos por Kreutzer é uma forma de

amenizar essa carência.

Grandes pedagogos do século XX, como Carl Flesch1, Max Rostal2 e Ivan

Galamian3, utilizaram os 42 Estudos de Kreutzer como ferramenta de ensino.

1 Violinista e Professor húngaro (Moson, 9 outubro. 1873; Lucerna, 14 novembro. 1944) 2 Violinista e Professor austro-húngaro (Teschen, 7 agosto 1905; Berna – Suíça, 1991) 3 Violinista e Professor Armênio (Tabriz, 23 janeiro 1903; Nova York, 14 abril 1981)

2

Esses mestres do violino estavam mais próximos às fontes primárias, tais como

manuscritos e cartas, e também tiveram acesso à tradição oral relacionada à

aplicação desses estudos. No Brasil podemos encontrar hoje professores que

freqüentaram cursos no exterior e que direta ou indiretamente absorveram o

conhecimento dos pedagogos citados, e de outros com bagagem pedagógica

similar.

Portanto, proponho como objetivo geral desta pesquisa, analisar sistematicamente

os elementos da técnica violinística presentes nos principais Estudos-Caprichos

da obra deste compositor, e elaborar notas explicativas sobre os procedimentos

didático-pedagógicos a serem adotados para o ensino e aprendizagens eficazes

deste material.

As notas dos Estudos-Caprichos serão baseadas nos depoimentos feitos pelos

professores Paulo Gustavo Bosisio (UNIRIO) e Eliane Tokeshi (UNESP), e

também na minha experiência como pesquisador e professor de violino e, em

importantes materiais bibliográficos sobre a pedagogia do violino, coletados

durante a pesquisa.

A primeira proposta do nosso projeto era colher depoimentos de no mínimo três

professores de violino, com formações diferentes uns dos outros (ou seja, de

diferentes escolas). No entanto, devido aos muitos compromissos que esses

pedagogos tinham, não foi possível colher seus depoimentos. Ao todo foram

3

convidados sete professores de violino no Brasil, mas somente tivemos respostas

dos dois mencionados acima.

Para que conseguíssemos objetividade e clareza no estudo desta obra, dividimo-la

em três partes: os Estudos-Caprichos que abordam a Técnica Geral (nºs, 1 ao 14;

23; 26 ao 31); os Estudos-Caprichos sobre a técnica específica do Trinado (nºs, 15

ao 22 e o nº 40) e os de Cordas Dobradas (nºs, 24; 25; 32 ao 39; 41 e 42).

De cada parte foi selecionado um Estudo-Capricho como modelo para

elaborarmos as notas. A partir de então caberá a cada professor e aluno aplicar

de forma semelhante os procedimentos pedagógicos abordados nos Estudos-

Caprichos selecionados nos demais Estudos que não foram analisados. No

entanto, para facilitar ainda mais o ensino para os professores, colocamos em

tabelas informações gerais sobre estes Estudos não analisados.

Da primeira parte foi selecionado o Estudo nº 30, da segunda parte o Estudo nº 19

e da terceira parte o Estudo nº 35. Estes Estudos foram escolhidos por conterem

um maior número de aspectos técnicos de mão esquerda e direita a serem

analisados.

A análise se fundamenta em investigar os seguintes procedimentos pedagógicos:

• Análise Formal, Motívica e Harmônica (Procedimentos para melhorar o

senso Harmônico);

4

• Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica de Mão

Esquerda (Mudança de Posição, Dedilhados, Trillo, etc.);

• Soluções para Outros Aspectos Técnicos de Mão Esquerda;

• Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica de Arco

(Golpes de Arco, Arcadas, etc.);

• Principais Desafios Técnicos do Estudo;

• Exercícios de Apoio;

• Considerações Finais.

1.1 Rodolphe Kreutzer

Rodolphe Kreutzer (1766-1831), nascido em Versalhes, na França, foi violinista,

compositor e professor. Estudou composição e violino com o pai e com Anton

Stamitz4 (1750-1809). Como instrumentista, foi um virtuose do violino. Sua carreira

de concertos em Paris e em turnês foi de 1784 até 1810.

4 Compositor boêmio, filho de Johan Stamitz ( Havlíckuv Brod, 27 nov 1750; Paris ou Versalhes, 1809)

5

Como compositor, Kreutzer, escreveu dezenove concertos para violino e

orquestra, muitos trios, quartetos e óperas. Foi em 1784 que Kreutzer executou o

primeiro de seus dezenove concertos para violino no "Concert Spirituel"5 em Paris,

firmando-se então como um importante virtuose.

Lecionou no Conservatório de Paris de 1793 à 1826. Sua capacidade como

professor é demonstrada em seus notáveis “42 Études ou Caprices” (1796). Ele,

Pierre Baillot (1771-1842)6 e Jacques P. J. Rode (1774 -1830)7 formam a trindade

fundadora da escola francesa de violino (CHARLTON, 2000/2001, vol.14, p. 903-

905).

Segundo, J. Joachim, esta escola tinha como principal objetivo ensinar antes de

tudo, a cantar com o violino de uma maneira alheia a todo charlatanismo, sem

artifícios, obtendo assim uma técnica de mão esquerda adequada a estes

princípios e dando muita importância à liberdade do braço direito, o que permitia

realizar com a maior perfeição o caráter dos golpes de arco. Esta escola tinha por

finalidade converter o violino em algo mais que um simples instrumento de

virtuoso. Segundo pesquisadores, esta escola chegou em Paris com Léclaire e

Viotti (CASADO, 2003)

5 Concert Spirituel: Série de concertos importantes realizados em Paris de 1725 a 1790. (CHARLTON, 1998, ed. Concisa, pág. 213) 6 Violinista e compositor francês. 7 Violinista e compositor francês.

6

1.2 42 Estudos-Caprichos

Em 1796 aparecem os famosos Estudos-Caprichos de Kreutzer para violino solo,

que ocupam uma posição única na literatura dos Estudos para violino, em função

da abordagem técnica que os caracteriza. Originalmente em número de 40, a

obra recebeu outros dois (nº 13 e nº 24) em 1850, o que põe em questionamento

se estes dois últimos são realmente da autoria de Kreutzer (Grove, 2000/2001,

vol.14, p. 904).

Através da composição desses Estudos-Caprichos, Kreutzer parece ter superado

o desafio do violino moderno por objetivar parcialmente a fluência na contração e

extensão da mão esquerda. O comentário de Joseph Szigéti (1892 - 1973)8 nos

mostra a preocupação de Kreutzer com esse aspecto técnico: “extensões e

uníssonos eram mais fáceis no velho violino de braço curto; nos praticamente 19

desconhecidos Études-Caprices(...) é óbvio que o grande professor já era

consciente da necessidade para a abertura da mão” (CHARLTON, 2000/2001, p.

905).

Em 1801, o Conservatório de Paris incumbiu a Kreutzer, Rode e Baillot, a tarefa

de colocarem no papel os princípios de instrução para violino, intitulado “Método

de Violino”, pois até então o ensino era transmitido oralmente de mestre para

discípulo. Este tratado foi publicado em 1803 pelo conservatório. Depois de 30

anos Baillot reeditou o “Método” com o nome The Art of the Violin, tornando-o mais

8 Violinista Húngaro .

7

claro. O “Método” ficou conhecido não só por auxiliar no desenvolvimento técnico

do violinista, mas, especialmente pelo despertar artístico ao tocar o instrumento

(BAILLOT, 1931).

Além da criação do “Método de Violino”, a evolução na manufatura do violino com

o italiano Antonio Stradivari (1644 - 1737) e a do arco com o francês François

Tourte (1747 - 1835) contribuíram em todos os aspectos para o desenvolvimento

artístico, acústico e também da técnica do instrumento. Kreutzer, Rode e Baillot

compuseram um dos mais importantes “Métodos” com Estudos até então escritos

para violino. Nestes métodos encontraremos todos os aspectos técnicos-

instrumentais que já existiam e que estavam em evolução naquela época. Eis aí

então a razão de tanto sucesso destes Estudos e de sua utilização até o presente

momento por vários pedagogos do mundo inteiro.

Segundo Walter Kolneder (1910 - 1994), em The Amadeus Book of Violin, a

importância da obra de Kreutzer é justificada por Joseph Joachim (1831 - 1907)9,

quando uma vez encontrou o grande violinista Henryk Wieniawski (1835 - 1880)10

estudando os 42 Estudos-Caprichos de Kreutzer; então ressaltou: "Os Estudos de

Kreutzer são muito mais difíceis do que a maioria dos violinistas acham". Esta

obra constitui uma bagagem técnica indispensável a todo violinista que aspira a

um ideal elevado. Andreas Moser, que foi aluno de Joachim, lembrou que esse

praticou os 42 Estudos-Caprichos durante toda a sua vida.

9 Violinista e compositor austro-húngaro. 10 Violinista e compositor polonês.

8

Muitos pedagogos e pesquisadores do violino definem a obra de Kreutzer por

diferentes terminologias. Tomemos nota primeiramente do Dicionário Grove de

Música, que a define da seguinte forma: "42 Estudos ou caprichos". Já Carl

Flesch, em seu livro The Art of Violin Playing, nos fala dos " 42 Caprichos ". Ivan

Galamian, em Principles of Violin Playing and Teaching, usa o termo "42 Estudos".

Joseph Joachin no seu Traité du Violon cita "42 Estudos-Caprichos". Paulo

Bosisio, em sua dissertação Paulina d' Ambrosio e a Modernidade Violinística no

Brasil, utiliza o termo usado por Flesch, "42 Caprichos".

Nota-se que várias são as terminologias usadas pelos pedagogos. Entretanto qual

o termo mais correto? Estudos ou Caprichos?

Para termos uma melhor clareza das terminologias recorreremos ao Dicionário

Grove de Música, que nos dá o significado de Estudo da seguinte maneira:

"Estudo (em francês étude) é uma peça instrumental destinada basicamente a

explorar e aperfeiçoar uma faceta particular da técnica de execução". Já o termo

Capricho é definido dessa forma: "termo que designa uma variedade de

composições, habitualmente demonstrando alguma liberdade de modo".

(CHARLTON, 1998 p. 304 e p.169)

Portanto, cremos que se pode dizer que os dois termos estão corretos em relação

à referida obra de Kreutzer. Pois nela existem tanto Estudos como Caprichos, com

o objetivo de apresentar os principais aspectos e características específicas da

técnica do instrumento.

9

Optaremos neste artigo pela terminologia "42 Estudos-Caprichos", pelo motivo

acima justificado.

1.3 Revisão da Literatura

Paulo G. Bosisio, em sua dissertação de mestrado (BOSISIO, 1996, p. 07), cita

que os 42 Estudos - Caprichos de Kreutzer para violino talvez sejam o material

técnico mais importante de todas as épocas.

Vários pedagogos do ensino do violino, do passado até aos da atualidade, têm se

preocupado com a qualidade do ensino e aprendizagem dos 42 Estudos-

Caprichos para violino de Kreutzer. Walter Kolneder (KOLNEDER, 1998 p. 359)

cita alguns pedagogos que direcionaram maior atenção para o seu ensino e

preparação: o pequeno livro de C. Hering de 1858, com o titulo Concerning

Kreutzer's Etudes, a Systematic Manual for Violin Teachers; Benjamin Cutter, How

to Study Kreutzer: a handbook for the daily use of violin teachers and violin

students. Boston: Oliver Ditson Company, 1903; Otakar Sevcík op. 26, quatro

volumes preparatório para o Kreutzer; Alberto Bachmann 1000 coups d' archet ...

sur la deuxième et la huitième étude, publicado em Paris em 1938, dos quais 474

variações são baseados no Estudo nº2, e 526 no Estudo nº8; Demetrius Dounis,

um volume intitulado The Staccato, publicado em Londres em 1925; Préparatorius

aux études de Kreutzer op. 24, de Blumenstengel; e Preparing for Kreutzer, de

Samuel Harvey Whistler. Além desses, outros como Heinrich Ernst Kayser,

10

Jacques-Féréol Mazas e Jacob Dont compuseram estudos preparatórios para os

42 Estudos-Caprichos de Kreutzer.

Segundo Walter Kolneder, existe uma pequena publicação, indicando como

estudar os 42 Estudos-Caprichos, chamada L' art de travailler les études de

Kreutzer, editada por Lambert Massart11, cujos indícios nos sugerem uma edição

preparatória para os Estudos. Segundo o autor, esta edição nos informa de forma

exata como Kreutzer queria que seus Estudos fossem praticados. De acordo com

Walter Kolneder, Massart ficou incumbido de anotar os comentários mais valiosos

que eram continuamente feitos pelo seu mestre Kreutzer. Kolneder ainda diz que o

primeiro a publicar os 42 Estudos de Kreutzer foi Vieuxtemps12.

Mantendo sua abordagem fundamental, sucessivos editores revisaram os 42

Estudos-Caprichos adicionando novos dedilhados e arcadas ou compondo suas

próprias variações. “Eisenberg, na sua edição de 1920, defendeu que Kreutzer

antecipou isso e ensinou versões mais avançadas dos seus Caprichos, do que

aquelas que ele publicou” (CHARLTON, 2000/2001, vol14, p.904-905). Além do

editor Eisenberg, muitos editaram esta obra. Citando os mais recentes, temos:

Ivan Galamian pela Editora International Music Company, Marco Anzolleti pela

Ricordi, Carl Flesch pela Carl Ficher, Edmund Singer pela International Music

Company e Sándor Frigyes pela Editio Musica Budapest.

11 Lambert Massart (1811 - 1892), violinista belga e aluno preferido de Kreutzer. 12 Henry Vieuxtemps (1820 - 1881), violinista e compositor belga.

11

Esta obra de Kreutzer é de tal importância que segundo Walter Kolneder chegou a

ser adaptada para muitos outros instrumentos, tais como: viola, cello, contrabaixo,

flauta, oboé, clarineta e saxofone.

Existe também uma versão para segundo violino (KREUTZER, sd.) e outra com

parte de acompanhamento do piano (EICHHEIM)13 dos 42 Estudos-Caprichos,

para serem executadas em Duo.

13 A informação sobre a parte de acompanhamento de piano foi colhida no depoimento do Professor Paulo Bosisio. Não conseguimos ter acesso a essa parte.

12

2. ASPECTOS DIDÁTICO - PEDAGÓGICOS

Trataremos agora, de uma maneira mais eficiente e sistemática, dos aspectos

didático-pedagógicos para o ensino e aprendizagem dos Estudos-Caprichos

selecionados.

Os tópicos abordados serão: I-Introdução: comentários gerais sobre o Estudo; II-

Análise Formal, Motívica e Harmônica: divisão da obra, principais motivos, a

importância da relação harmônica; III-Procedimentos Pedagógicos para o Estudo

e Execução da Técnica de Mão Esquerda: comentários didáticos sobre os

aspectos técnicos da mão esquerda utilizados no Estudo; IV-Procedimentos

Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica de Arco: Informações sobre a

execução dos golpes de arco e arcadas utilizados no Estudo; V-Principais

Desafios Técnicos do Estudo: demonstraremos neste tópico os trechos mais

complicados do Estudo e como superá-los; VI-Exercícios de Apoio: indicaremos

outros Estudos de outros métodos, que contêm material técnico semelhante para

suporte no desenvolvimento do Estudo analisado; VII-Considerações Finais:

conclusões sobre o Estudo analisado.

Antes de alçarmos enfoque a cada um dos Estudos em particular, é necessário

fazermos uma análise geral do Estudo no sentido de descobrirmos todas as

informações necessárias, para então começarmos a estudá-lo. Estas informações

seriam relacionadas aos seguintes tópicos: qual a finalidade desse Estudo; quais

as dificuldades: encontram-se estas no Arco, na Mão esquerda ou, então, na

13

sincronização de Ambos os movimentos? Uma vez alcançado este objetivo,

estudá-los-emos separada e lentamente, simplificando-os, variando-os e, ao

inverso, dificultando-os até que os obstáculos tenham sido totalmente eliminados.

Em seguida iremos avultar o andamento até chegar-se ao desejado, só então

elaborando uma interpretação da obra para, posteriormente, apresentá-la.

Lembrando que uma dificuldade deve ser considerada superada quando os mais

complicados mecanismos da técnica de mão esquerda e direita forem realizados

com plena desenvoltura.

"Somente um bom estudo trará a perfeição" (GERLE, R. 1983, pg. 6).

14

2.1 ESTUDO - CAPRICHO Nº 19

2.1.1 Introdução

Este Estudo-Capricho foi escrito no tom de ré maior, fórmula de compasso

quaternário, andamento moderato e, segundo Paulo Bosisio, tem como

principal objetivo o aperfeiçoamento da técnica do Trillo em golpe de arco

Legato, com mudanças de posições e de cordas.

2.1.2 Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo.

Este Estudo-Capricho pode ser dividido em três partes, sendo seu

desenvolvimento sobre seis motivos.

Vide TAB. 1 e 2 na página seguinte.

15

TABELA 1:

TAB. 1. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 19

Partes Compassos

Primeira 1 ao 16 (D)

Segunda 17 ao 32 (Bm)

Terceira 33 ao 63 (D)

TABELA 2:

TAB. 2. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 19.

Motivos Compassos Exemplos

Primeiro 1

Segundo 2

Terceiro 15

Quarto 16

Quinto 31

Sexto 44

16

PRIMEIRA PARTE

Começa no compasso nº 1 e estende-se até o compasso nº 16. Inicia-se na

tônica (Ré maior) e finaliza também na tônica. Nesta parte teremos expostos os

quatro primeiros motivos mostrados na tabela 2. Esta parte também é formada

por três frases.

Primeira Frase: Vai do compasso(c.) nº 1 ao nº 4, e inicia-se com o primeiro

motivo(c.1/c.3) seguido do segundo motivo(c.2/c.4).

Ex.1. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 1 – 4.

Segunda Frase: Vai do compasso nº 5 ao nº 8. Articulada também pelo

primeiro e segundo motivos.

Ex.2. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 5 – 8.

Terceira Frase: Vai do compasso nº 9 ao nº 16. É articulada pelo primeiro,

terceiro e quarto motivos.

17

Ex.3. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 9 - 10 e 15 - 16.

...etc

SEGUNDA PARTE

Começa no compasso nº 17 e estende-se até o compasso nº 32. Começa no

sexto grau de ré maior (nota sin) e finaliza no mesmo grau. Nesta parte temos

expostos os cinco primeiros motivos mostrados na tabela 2. Esta parte também

é formada por três frases.

Primeira Frase: Vai do compasso nº 17 ao nº 20, e inicia-se da mesma forma

que a primeira frase da primeira parte, ou seja, com o primeiro

motivo(c.17/c.19) seguido do segundo motivo(c.18/c.20).

Ex.4. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 17- 20.

Segunda Frase: Vai do compasso nº 21 ao nº 24. Articulada também pelo

primeiro e segundo motivos, como a segunda frase da primeira parte.

18

Ex.5. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 21 - 24.

Terceira Frase: Vai do compasso nº 25 ao nº 32. Articulada pelo primeiro,

segundo, terceiro, quarto e quinto motivos.

Ex.6. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 25 - 26 e 30 - 32.

...etc

TERCEIRA PARTE

Começa no compasso nº 33 (tônica) e estende-se até o compasso nº 63 (final).

Nesta parte temos expostos o primeiro, segundo, terceiro, quarto e sexto

motivos mostrados na tabela 2. É formada por quatro frases.

Primeira Frase: Vai do compasso nº 33 ao primeiro tempo do compasso nº 44.

Ex.7. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 33 - 34 e 42 - 44.

...etc

19

Segunda Frase: Vai do compasso nº 44 ao terceiro tempo do compasso nº 52.

Ex.8. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 44- 45 e 51 - 52.

...etc

Terceira Frase: Vai do quarto tempo do compasso nº 52 ao primeiro tempo do

compasso nº 59.

Ex.9. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 52- 53 e 58 - 59.

...etc

Quarta Frase: Vai do segundo tempo do compasso nº 59 ao compasso nº 63.

Ex.10. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 59 - 60 e 63.

...etc

20

2.1.3 Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico

Na construção melódica de uma frase está implícita a questão harmônica

(harmonia), sustentando de forma oculta esta melodia.

A harmonia tonal não está nitidamente presente em alguns Estudos de

Kreutzer, pois foram escritos para violino solo. No entanto, é claro que,

ocultamente, o autor reflexionou essa harmonia para construir o texto musical

de sua obra. Não são Estudos sem uma lógica musical, sem uma estrutura

fraseológica ou até mesmo exercícios melódicos sem bases nas resoluções

cadenciais de uma frase. A própria escolha da tonalidade é um aspecto

harmônico pensado pelo autor. A forma como ele resolve e constrói suas frases

melódicas são totalmente pensadas e elaboradas a partir dos padrões

harmônicos. Existem modulações de uma seção ou frase para outra; sucessão

dos graus da escala na construção das frases (conceitos de repouso - tônica,

movimento -subdominante e dominante, afastamento - subdominante e

aproximação - dominante); intervalos resolvendo-se de acordo com as leis

tonais; combinações de arpejos maiores e menores, movimentos escalares

ressaltando a tonalidade, cromatismos e outros aspectos musicais. Enfim,

muitos são os fatores que nos conduzem à harmonia.

Existem duas obras de suporte para desenvolver e ampliar a percepção

harmônica dos 42 Estudos-Caprichos de Kreutzer. A primeira trata-se de uma

parte de segundo violino escrita por Friedrich Herman, editada pela editora

21

Peters, para que seja tocada em forma de duetos. A segunda é um

acompanhamento de piano escrito por Eichheim.

Para entender estes elementos musicais que nos principiam à exegese da

harmonia, vamos analisar alguns trechos dos Estudos para maiores

esclarecimentos, e que também servirão de exemplos para toda a obra.

Ex.11. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 1- 4.

O exemplo clássico acima mostra os quatro primeiros compassos do Estudo-

Capricho. Estão eles no tom de Ré maior, a estrutura melódica é formada por

escalas descendentes (no caso desse exemplo, a escala do próprio tom (Ré); e

a outra, uma escala partindo do segundo grau de Ré maior, na função

harmônica do quinto grau). O Estudo-Capricho se iniciou na tônica. No

segundo compasso se movimentou para a função harmônica de dominante,

resolvendo o retardo do primeiro grau no sétimo grau (sensível), terça do

acorde de dominante. A resolução da dominante segundo a primeira lei tonal

das funções harmônicas, deve ser na tônica. Notamos claramente neste

exemplo o desenvolvimento e a construção da frase utilizada por Kreutzer,

segundo as funções harmônicas.

22

Vejamos um outro exemplo.

Ex.12. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 15 - 16.

Neste exemplo temos dois arpejos, os quais sabemos também possíveis de

serem analisados como dois acordes desmembrados (Acorde arpejado). Estes

mantêm também uma função com relação à harmonia. Vejamos também a

relação dos graus na finalização da frase, onde temos um movimento do II grau

de ré maior movimentando para o V (considerado um conceito de aproximação

na harmonia funcional), e que este V grau engendra destarte um ponto

culminante, ou seja, de maior tensão; por obrigatoriedade das leis funcionais, o

quinto grau terá que resolver na tônica. Notemos que o autor premeditou este

momento de tensão, resolvendo-a com uma cadência perfeita.

Observemos agora uma passagem onde ele modulou para a tonalidade de Si

menor.

23

Ex.13. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, compassos 17- 32.

Do Compasso 17 ao compasso 32 o autor modulou para Si menor, relativa de

Ré maior. Seria também outro aspecto fortemente relacionado com as

características funcionais harmônicas para a elaboração de uma peça musical.

Por fim, para o desenvolvimento auditivo das relações harmônicas, seria muito

interessante que todos os alunos pudessem tocar os Estudos-Caprichos

acompanhados pelas duas obras que foram citadas acima

(Hermann/Eichheim). A primeira seria uma ótima opção para se tocar em sala

de aula com o professor, e a segunda em recitais ou provas.

Vejamos uma pequena amostra do acompanhamento de segundo violino.

24

Ex.14. Trecho do Estudo-Capricho nº 19 para dois violinos, compassos 1- 4. (Hermann)

2.1.4 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica

de Mão Esquerda

2.1.4.1 Estudo da mudança de posição1.

No estudo da mudança de posição, alguns cuidados são importantes, tais

como: 1º) evitar que o dedo guia (nota auxiliar) ultrapasse ou não chegue à

nota de destino. 2º) Após cada mudança, a mão deve estar posicionada de tal

forma que seja possível articular todos os dedos sem que sejam necessários

grandes ajustes do cotovelo e, principalmente, da mão esquerda. A má

colocação do braço esquerdo é um importante fator de bloqueio do

desenvolvimento da condução da mão e velocidade dos dedos. É importante

tanto nos movimentos ascendentes como descendentes ceder

progressivamente com o cotovelo, fazendo com que se diminua a distância

entre as posições.

Observemos alguns procedimentos de estudo da mudança de posição.

1 Trajetória seguida pelo dedo sobre a corda com a pressão relativa a de um harmônico, indo de uma nota a outra. (LA FOSSE, 1985)

25

Primeiro Procedimento:

Estudar sem o trillo usando notas auxiliares (no entanto, mais próximo do

ritmo). Metrônomo e = 90.

Ex.15. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso das notas auxiliares, compassos 1- 2.

Segundo Procedimento:

Estudar com o trillo2, utilizando notas auxiliares (dedo guia). As notas auxiliares

ajudam a direcionar e ajustar a forma da mão e dos dedos na posição desejada

(ou nota desejada).

Ex.16a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso das notas auxiliares, compassos 1- 2.

2 Ornamento que consiste da alternância mais ou menos rápida de uma nota com a nota um tom ou semiton acima dela (Dicionário Grove, 1998).

26

Execução do trillo:

Começar estudando desta forma:

Ex.16b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, execução do trillo, compassos 1- 2.

e

Obs: a apogiatura é tocada na batida do tempo. Metrônomo e = 45

Terceiro Procedimento:

Neste próximo trecho, por exemplo, temos um salto de posição num intervalo

de décima terceira, partindo da primeira posição para atingir a quinta posição.

O dedo guia (notas auxiliares) irá nos conduzir até a próxima nota.

Ex.17. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, salto de posição, uso do dedo guia, compasso 54.

27

Quarto Procedimento:

Ênfase na afinação. Segundo La fosse (1995), a desafinação pode ocorrer em

dois casos: dentro da posição e na mudança de posição. A desafinação na

mudança poderá ser causada pela tensão excessiva do polegar ou do dedo

sobre a corda na trajetória, pela falta de conhecimento correto da distância na

mudança, ou ainda pela falta de estudo através das notas auxiliares.

Uso de notas auxiliares (dedo guia) modificando o ritmo. Metrônomo e = 983

Ex.18. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, notas auxiliares, compasso 1.

2.1.4.2 Dedilhados

É importantíssima a escolha de um bom dedilhado para a peça a qual se vai

estudar. Não só em relação à parte mecânica, como também à parte

expressiva, em vista de podermos, pela mudança do dedilhado, alterar o

timbre, a sonoridade e o caráter da composição.

A escolha do dedilhado abrange um dos principais pontos da técnica

violinística: afeta diretamente as mudanças de posição, de corda e a

movimentação do braço que conduz o arco. Um dedilhado mal escolhido pode

3 Exemplo sugerido por Paulo Bosisio.

28

tornar impossível a execução de determinadas passagens de um Estudo. É

verdade também que as qualidades individuais do intérprete, a constituição das

mãos, a experiência adquirida, o gosto e as idéias musicais têm uma grande

importância na escolha do dedilhado. É imprescindível o executante conhecer e

entender bem o esquema de dedilhado proposto por um autor ou sugerido por

um professor. Analisemos alguns trechos deste Estudo4.

Ex.19. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados propostos pelos revisores, compasso 1.

Notemos que os autores são unânimes na escolha do dedilhado acima, embora

seja um dedilhado difícil de ser executado junto com o trillo pois requer uma

clareza e precisão de movimentação do quarto dedo. O objetivo com esse

dedilhado foi realmente explorar a deficiência que vários violinistas têm, ou

seja, de executar o trillo com o quarto dedo. Comparemos esse trecho com a

opção de um dedilhado mais fácil.

4 Usamos três edições com diferentes revisores para fazer a comparação de dedilhados (Galamian, Sándor e Polo).

29

Ex.20. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados facilitado, compasso 1.

O dedilhado usado nas notas si e mi bequadro (1º dedo) facilita a passagem,

tornando-a mais cômoda. No entanto, rompe de uma certa forma o esquema

de dedilhado: 3/2; 3/2; 3/2; 3/2. Além disso, não exercita tanto o quarto dedo.

Mas para aqueles que realmente teham uma enorme dificuldade em apresentar

este Estudo-Capricho, o dedilhado do exemplo 16, poderia, em casos de

exceção, ser uma possível solução. Pois o conteúdo deste Estudo-Capricho

não se resume somente no trillo do quarto dedo, e sim na combinação de

várias técnicas, que podem ser apreendidas pelo aluno (trillo em legato com

mudança de posição e corda).

Já para aqueles que realmente têm facilidade em executar o trillo com o quarto

dedo, ou para aqueles que querem trabalhar mais esse dedo, eis um trecho em

que o dedilhado pode ser alterado para ser executado com o quarto dedo, e

que não foi sugerido nas edições pelos autores citados acima.

30

Ex.21. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, dedilhados – trillo com 4º dedo, compasso 1.

Comparemos um trecho com dedilhados diferentes proposto por dois autores,

cujas edições estão entre as mais confiáveis segundo os professores de

violino.

Ex.22. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, comparação de dedilhados – Sándor/Galamian,

compasso 1.

Tanto o dedilhado proposto por Galamian quanto o proposto Sándor são muito

bons. Cabe então ao executante definir qual será a intenção de escolha

mediante o resultado sonoro que quer conseguir e a facilidade de articulação

com que um se diferencia do outro.

31

Galamian sugeriu este dedilhado pensando não em um glissando, mas sim

numa extensão descendente e depois ao final uma ascendente. A dificuldade é

justamente esta articulação que a mão faz, ou seja, desmanchando de certo

modo a forma da mão dentro da posição. Já Sándor optou por fazer uma

mudança de posição (3ª p/ 1ª), do si bequadro para o fá sustenido na corda mi,

e depois uma extensão ascendente com o terceiro dedo na nota mi bequadro.

Vejamos então que cabe a escolha de um ou outro segundo o apuro musical, e

a facilidade de cada executante.

2.1.4.3 Trillo

Segundo Hilda Maria Saraiva (SARAIVA, 1949, p. 81), as condições que

permitem a execução de trillos só surgem quando o violinista atinge o grau de

desenvolvimento técnico que lhe permita lançar com rapidez os dedos contra

as cordas e delas levantá-los com curtos abalos alternados dos grupos

musculares agonistas e antagonistas, que produzem as flexões e extensões

necessárias.

Seu estudo prematuro, principalmente se em movimento rápido, pode levar à

crispação da mão e acaba não adestrando os movimentos. Se estudado

também com exagero pode conduzir por vezes a paralisias, dores, etc.

É importantíssimo que os movimentos alternados característicos no estudo do

trillo sejam adestrados em tempo lento e apressando-se gradualmente o

andamento, caso queira evitar-se a crispação da musculatura que os promove.

32

Os dedos não devem levantar demais e não devem bater com força nas

cordas.

Galamian (GALAMIAN, 1962), nos diz que o super desenvolvimento de força

nos dedos é especialmente contra a boa execução do trillo.

O trillo pode começar na nota superior ou na principal. Neste Estudo, é

recomendado que se comece pela nota principal, pois nas mudanças de

posições é mais fácil chegar com a nota real e trinar, do que com a nota

superior.

Primeiro Procedimento:

Ex.23. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudando o trillo, compasso 1.

Não é necessário estudar até se cansar as articulações dos dedos logo no

primeiro compasso do Estudo. O objetivo neste exercício é desenvolver a

articulação dentro do pulso “rítmico”. É imprescindível a busca pela

regularidade e precisão da execução do ritmo. Para isso será necessário

pensarmos que o espelho possa ser uma chapa quente, e o quarto dedo neste

33

exemplo não irá bater e sim sair da corda (movimento ascendente-movimento

reflexivo).

Segundo Procedimento:

Processo de sincronização (aplicação de ritmos que diferenciam a articulação e

velocidade de um dedo dos demais). É usado onde arco e mão esquerda não

se encontram em perfeita sincronização, melhorando, portanto, a igualdade da

queda e do levantar dos dedos. Melhora também a articulação do trillo.

Metrônomo e = 140 para cada colcheia.

Ex.24. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de sincronias, compasso 1.

34

Terceiro Procedimento:

Processo de correlações. Tem o mesmo objetivo que as sincronias, porém

formado por um grupo de figuras com maior quantidade de notas.

Ex.25. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de correlações, compasso 1.

Quarto Procedimento:

Diferentes edições apresentam variações rítmicas propostas por seus autores.

Em seguida listamos exemplos da Editora Ricordi Americana – Polo/Anzoletti,

da Editora Editio Musica Budapest – Sandor, da Editora International Music

Company – Galamian, e também do professor Paulo Bosisio.

35

Editora Ricordi Americana - Polo/Anzoletti.

Ex.26a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Polo, compasso 1.

Editora Editio Musica Budapest/Sándor.

Ex.26b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Sándor, compasso 1.

Editora International Music Company/Galamian.

Ex.26c. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/edição do Galamian, compasso 1.

36

Variação proposta pelo professor Paulo Bosisio.

Ex.26d. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, variações rítmicas/Paulo Bosisio, compasso 1.

2.1.5 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos da Mão Esquerda

Segundo Paulo Bosisio, este Estudo-Capricho nos permite estudar outros

aspectos técnicos, como posicionamento plano do quarto dedo e uso da

segunda e quarta posições alcançadas por extensões. O segundo aspecto

técnico necessita de uma demonstração para melhor compreendermos.

Ex.27. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, uso de extensões, compasso 1.

Vejamos que no primeiro compasso temos duas extensões: a primeira, feita da

primeira posição para a segunda posição; e a segunda, feita da segunda

posição para a terceira posição. Já no segundo compasso temos duas

37

extensões feitas da terceira posição para a quarta posição. É um dedilhado

mais trabalhado e de difícil execução, mas que nos proporciona um grande

avanço na técnica de extensões.

2.1.6 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica

de Arco

2.1.6.1 Golpes de arco5

Segundo Raaben (RAABEN, 2003 p. 117), como os demais elementos da arte

musical, os golpes de arco não podem ser estudados genericamente. Cada

golpe de arco é aplicado para revelar um determinado caráter da música; em

diversas obras musicais, como nos diversos episódios da mesma obra, os

golpes de arco podem ter diversas características e diversos coloridos.

Conseqüentemente, ao se trabalhar um determinado golpe de arco, o momento

da sua definição representará o significado musical-expressivo da obra.

Conhecer suas terminologias, os movimentos que os precedem e dominá-los

com extrema perfeição é um requisito necessário para a carreira violinística e

acadêmica. O grande mestre Giovanni Battista Viotti (1755-1824)6 dizia: "O

violino é o Arco"7. Podemos dizer que "O arco é a vida do instrumento".

5 Refere-se, primordialmente, ao repertório de maneiras diferentes de se articular uma única nota ou grupo de notas em determinada célula musical por meio de um gesto técnico específico, passível de ser identificado e denominado por uma expressão particular.(Dourado, 1998) 6 Violinista e compositor italiano. 7 In: Arcadas e Golpes de Arco, SALLES, M., pág. 116, 1998.

38

O golpe de arco predominante neste Estudo-Capricho é o Legato. No entanto,

em alguns trechos do Estudo-Capricho também surge o détaché.

Algumas informações preambulares aos procedimentos de estudo nos serão

importantes no sentido de conseguirmos obter um entendimento mais claro

sobre a execução dos golpes. Vejamos como estudar o Legato com a mudança

de posição e de corda.

O Legato, no caso deste Estudo, requer a observância de alguns pontos, como:

• Suavidade nas mudanças de posição.

• Equilíbrio de pressão do arco nas cordas, no sentido de não

produzirmos um som com excesso de ruído.

• Controle da velocidade do arco, para que não ocorra de se usar muito

arco no início, deixando pouco para o final da arcada, tornando-se então

o som distorcido.

• Distribuição do arco: usar toda a extensão do arco.

• Aproximação antecipada das crinas do arco, de uma corda para outra,

nas mudanças de cordas, movimento do cotovelo.

• Paralelismo do arco, evitando falhas na sonoridade (arco paralelo ao

cavalete).

39

• Ponto de contato, se no centro (entre o cavalete e o espelho) teremos

uma sonoridade mais clara e nítida, não correndo o risco de se alterar o

som.

• Movimento de punho, para flexibilidade na mudança de corda;

movimentar o arco em forma de ondas.

• Mão esquerda precede o arco, evitando que ocorra o comprometimento

na clareza da passagem.

• Movimento dos dedos, na região do talão, para conectar melhor a virada

de arco. O arco não pode ser atrapalhado pela digitação dos dedos da

mão esquerda.

Primeiro Procedimento:

Ex.28. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo do legato, compasso 1.

40

Aplicar as informações colocadas acima neste exemplo, tanto no procedimento

como também na escrita original do Estudo-Capricho. Na mudança de corda

pensar numa sutil corda dupla.

2.1.6.2 Arcadas8

O significado de arcada é o movimento do arco em relação às notas. Tem ela

por objetivo definir se a nota será executada para cima, para baixo ou se será

ligada ou não.

Segundo Mariana Salles (SALLES, 1998, pg. 20), "na família dos instrumentos

de cordas friccionadas, arcada para baixo é a expressão usada para denominar

o movimento executado pelo instrumentista, que conduz o arco de forma que o

ponto de contato com a corda mova-se do talão em direção à ponta. Da mesma

forma, na arcada para cima, o ponto de contato do arco em relação à corda

move-se da ponta em direção ao talão".

As arcadas são elementos de grande importância no discurso musical. É

completamente evidente que a personalidade de um violinista se exterioriza

também na seleção dos recursos musicais, e que certas indicações referentes

aos arcos, pensadas para alcançar um determinado efeito, não convêm a

todos. É necessário fazer um estudo completo das regras que disciplinam os

acentos nos distintos membros do período musical, pois irá proporcionar ao

intérprete conceitos claros na escolha das arcadas.

8 1. Direção do movimento do arco em relação às cordas. 2. Termo genérico, conjunto de golpes de arco com determinadas características em comum (SALLES, M., 1998).

41

Nas três edições analisadas (Galamian/International Music Company -

Pólo/Ricordi - Sándor/Budapest), nenhuma indica sinal de arcada no início do

Estudo. No entanto, sugerimos que se toque o Estudo-Capricho começando

com a arcada para baixo e depois o estude começando-se com a arcada para

cima.

Ex.29a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo de arcadas, compasso 1.

e

Para facilitar o Estudo-Capricho, estude também com as seguintes arcadas.

Ex.29b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, estudo de arcadas, compasso 1.

e

2.1.7 Principais Desafios Técnicos do Estudo

Os principais desafios técnicos do Estudo-Capricho serão aqueles presentes

em trechos cuja dificuldade de execução supera os demais trechos do Estudo-

Capricho. São trechos mais difíceis e problemáticos quanto à sua execução,

42

onde o risco de incidência ao erro será maior. Por isso, merecem nossa maior

atenção. Vejamos, então, alguns desses trechos.

Ex.30a. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho, compassos

33 - 34 e 42 - 43.

...etc

Do compasso 33 ao compasso 43, temos um longo trecho ininterrupto; com

uma seqüência de colcheias pontuadas com semicolcheias; trillo intercalado

com apogiaturas; uma seqüência maior de trillo com o quarto dedo, e

compassos inteiros em ligaduras. O controle de arco, a clareza no movimento

dos dedos serão extremamente necessários.

Ex.30b. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho, compasso 44

– 45 e 51.

...etc

Do Compasso 44 ao compasso 51, encontraremos outro trecho em que

predomina a execução em tempo maior de trillo (1 tempo e 3/4 de tempo/

quase 2 tempos), ritmo de semínima pontuada (com dois pontos) seguida de

duas figuras de fusas. A precisão e a clareza do trillo e do ritmo, principalmente

das fusas, é imprescindível.

43

Ex.30c. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, desafios técnicos do Estudo-Capricho, compassos

54 – 55.

Nos Compassos 54, 60 e 62 temos mudanças de posições que necessitam de

um direcionamento de estudo, o qual já foi elucidado no tópico Estudo da

Mudança de posição (vide ex. 13).

2.1.8 Exercícios de Apoio

Serão exercícios ou Estudos que darão sustentação ao estudo do aluno,

referente à principal técnica abordada em cada Estudo-Capricho.

Estes exercícios virão de sugestões de métodos ou livros que contenham

exercícios similares, ou que ajudarão o violinista a se preparar melhor para a

execução das técnicas abordadas nos Estudos-Caprichos.

44

Para um melhor desenvolvimento do trillo sugerimos os seguintes autores e

obras9:

TAB. 3. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 19.

AUTOR E OBRA ESTUDOS OU EXERCÍCIOS

O. SÉVCIK, OPUS 7 TODO

KAYSER, 36 Etüden op. 20 6 e 15

MAZAS, Seventy-Five Melodious op. 36 13, 14 e 55

DONT, 24 Studies Preparatory to Kreutzer and Rode Studies, op. 37

15

KIEVMAN, Practicing the Violin Mentally-Physically.

1

SPOHR, Violin School 61 e 62

POLO, 30 Studi a Corde 22

WOHLFAHRT, 60 Etuden Op. 45, II 49

9 As obras citadas abaixo foram coletadas do trabalho: Guia Analítico de estudos selecionados para violino e viola – Relatório técnico-científico, desenvolvido pelo professor Cláudio Urgel em 2000.

45

No entanto, será necessário, antes de qualquer escolha dos exercícios, saber

quais são as deficiências pessoais do aluno em questão, para somente depois

indicar o exercício mais correto: “Diagnóstico – Terapia”. 10

2.1.9 Considerações Finais

Constatamos que o Estudo-Capricho nº 19 tem sua estrutura fundamentada

sobre seis motivos; dentre eles, o mais importante é o primeiro.

Notou-se o quanto é semelhante a organização das frases e dos motivos na

primeira e segunda parte. Na terceira parte também se salientou a semelhança

na estrutura das frases, na opção por um motivo principal, ou seja, um motivo

que é sempre mais explorado do que os outros.

Com exceção do terceiro e quinto motivos, os demais são todos escritos em

sentido descendente (Vide TAB. 2).

Foi possível notar também que existe imitações de motivos durante todo o

Estudo-Capricho, não somente imitando a estrutura do ritmo, mas também

notas e intervalos idênticos (compassos semelhantes: 1, 22, 26, 33) e (16, 63).

Nos procedimentos de estudo da técnica de mão esquerda, averiguamos a

importância de estudar as mudanças de posições, através das notas auxiliares

(intermediárias), e os cuidados referentes aos movimentos da mão, dos dedos,

10 Paulo Bosisio nos diz que, antes de indicar qualquer exercício, é necessário diagnosticar o problema, para só então passar o exercício-terapia.

46

do braço e do cotovelo, para que a mudança possa ser executada sem

acentuações e com suavidade. Observando atenciosamente estes aspectos,

conseguiremos alcançar uma afinação mais apurada.

Na execução do trillo, vimos o quanto as variações auxiliam na clareza do

mesmo.

É importante o professor fazer a escolha de uma boa edição11, que contenha

marcações de dedilhados pensados e estudados por estes pedagogos. Caso

seja necessária alteração nas marcações sugeridas pelo revisor, que esta seja

para beneficiar o executante em determinadas passagens onde se apresente

alguma dificuldade. Portanto, é recomendado que a escolha de um dedilhado

não venha a comprometer severamente o esquema de dedilhado proposto pelo

revisor do Estudo-Capricho. Vimos também que o Estudo-Capricho pode ser

usado para se trabalhar outros aspectos técnicos, tais como: posicionamento

plano do quarto dedo nas cordas e uso da segunda e quarta posição.

Quanto aos golpes de arco, notamos o quanto é importante a observação de

alguns pontos e também os movimentos de ambos os braços, no sentido de

promover uma boa execução do golpe Legato.

Quanto às arcadas, analisamos que sua definição colaborará sempre para o

melhoramento da estética e desenvoltura artística da execução musical de uma

obra. A sugestão de se estudar tanto iniciando para cima como para baixo,

11 As melhores Edições segundo os professores entrevistados são: Galamian e Sándor.

47

dará ao executante uma grande liberdade de movimentos e posteriormente um

domínio maior do Estudo.

Outro fator importante analisado foi a identificação dos principais desafios

técnicos do Estudo-Capricho. Esta identificação ajudará num melhor

planejamento do estudo, no sentido de desenvolver um estudo mais consciente

e sistemático dos trechos mais problemáticos e difíceis do Estudo-Capricho.

É importante também fazer uso dos acompanhamentos escritos para os

Estudos-Caprichos (2º Violino e parte de Piano), no sentido de desenvolver o

senso harmônico. Como suporte, é necessário ter conhecimentos mínimos dos

aspectos harmônicos que foram relatados no Estudo-Capricho.

Por fim, cremos que os exercícios de apoio servirão de consultas para um

estudo mais sistemático na preparação do trillo.

48

2.3 ESTUDO - CAPRICHO Nº 30

2.3.1 Introdução

Este Estudo-Capricho foi escrito no tom de Sib maior, fórmula de compasso

quaternário, andamento moderato. Seu principal objetivo é o aperfeiçoamento

da combinação dos golpes de arco détaché com legato e mudança de corda.

Enfoca também a mudança de posição e posição fixa.

2.3.2 Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo.

Este Estudo-Capricho pode ser dividido em três partes, e desenvolve-se sobre

seis motivos.

Vide TAB. 4 e 5 na página seguinte.

49

TABELA 4

TAB. 4. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 30

Partes Compassos

Primeira 1 ao 18

Segunda 19 ao 55

Terceira 56 ao 82

TABELA 5

TAB. 5. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 30.

Motivos Compassos Exemplos Primeiro 1

Segundo 2

Terceiro 11

Quarto 13

Quinto 18

Sexto 45

50

PRIMEIRA PARTE

Começa no compasso nº 1 e estende-se até o compasso nº 18. Inicia-se na

tônica (arpejo de Sib maior) e finaliza-se num arpejo de sol maior. Esta parte,

na qual teremos expostos os cinco primeiros motivos mostrados na tabela 2, é

formada por dois períodos, onde o primeiro é constituído por cinco frases (1ª:

c.1 e c.2/ 2ª: c.3 e c.4/ 3ª: c.5 e c.6/ 4ª: c.7 e c.8/ 5ª: c.9 e c.10).

Primeiro Período: Vai do compasso (c.) nº 1 até o compasso nº 10. É

construído pelo primeiro e segundo motivos (c.1/c.2).

Ex.31. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 1 – 10.

E o segundo por três frases (1ª: c.11 e c.12/ 2ª: c.13 ao c.15/ 3ª: c.16 ao c.18).

51

Segundo Período: Começa no compasso nº 11 e encerra-se no compasso nº

18. Articulado pelo terceiro, quarto e quinto motivos.

Ex.32. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 11 – 18.

SEGUNDA PARTE

Começa no compasso nº 19 e estende-se até o compasso nº 55. Começa no

arpejo de Mib/7 (quarto grau de Sib maior), e se finaliza num movimento

escalar em fá maior. Nesta parte teremos expostos todos os motivos, exceto o

quinto, mostrados na tabela 2. Esta parte é formada por cinco períodos, onde o

primeiro período pode ser dividido em cinco frases (1ª: c.18 e c.19/ 2ª: c.21 e

c.22/ 3ª: c.23 e c.24/ 4ª: c.25 e c.26/ 5ª: c.27 e c.28).

Primeiro Período: Vai do compasso nº 19 ao compasso nº 28. Inicia-se o

primeiro motivo modificado, arpejo de Mib/7 maior, seguido do segundo motivo.

52

Ex.33. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 19 – 28.

O segundo em três (1ª: c.29 e c.30/ 2ª: c.31 ao c.36/ 3ª: c.37 ao c.39).

Segundo Período: Começa no compasso nº 29 e se encerra no compasso nº

39. É articulado pelo terceiro e quarto motivos. Inicia-se com o arpejo de dó

maior.

53

Ex.34. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 29 – 39.

O terceiro em duas (1ª: c.40 ao 1º quarto do 1º tempo do c.42/ 2ª: c.42 ao

c.44).

Terceiro Período: Começa no compasso nº 40 e vai até o compasso nº 44.

Articulado pelo primeiro motivo modificado.

Ex.35. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 40 – 44.

O quarto, frase única.

54

Quarto Período: Vai do compasso nº 45 ao compasso nº 50. Articulado pelo

sétimo e quarto motivos.

Ex.36. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 45 – 50.

E o quinto em duas (1ª: c.51 e c.52/ 3ª: c.53 ao c.55).

Quinto Período: Vai do compasso nº 51 ao compasso nº 55. Articulado pelo

primeiro, segundo e oitavo motivos.

Ex.37. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 51 – 55.

55

TERCEIRA PARTE

Começa no compasso nº 56, com o arpejo de sib maior e se encerra no

compasso nº 82 (final). Podemos considerar esta parte como a reexposição da

primeira. Teremos exposto o primeiro, segundo, terceiro, quarto e sexto

motivos. É formada por quatro períodos. O primeiro período pode ser

subdividido em quatro frases (1ª: c.56 e c.57/ 2ª: c.58 e c.59/ 3ª: c.60 e c.61/ 4ª:

c.62 e c.63).

Primeiro Período: Vai do compasso nº 56 ao compasso nº 63. É articulado

pelo primeiro e segundo motivos.

Ex.38. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 56 – 63.

O segundo período em três (1ª: c.64 e c.65/ 2ª: c.66 e c.67/ 3ª: c.68 ao c.70).

56

Segundo Período: Começa no compasso nº 64 e vai até o compasso nº 70. É

articulado pelo terceiro, primeiro modificado e quarto motivos.

Ex.39. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 64 – 70.

O terceiro constituído de uma frase única (c.71 ao c.74).

Terceiro Período: Começa no compasso nº 71 e vai até o compasso nº 74. É

articulado pelo quarto motivo.

57

Ex.40. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 71 – 74.

E o quarto em duas frases (1ª: c.75/ ao c.78 e 2ª: c.79 ao c.82).

Quarto Período: Começa no compasso nº 75 e vai até o compasso nº 82. É

articulado pelo primeiro, ligeiramente modificado, e segundo motivos.

Ex.41. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, compassos 75 – 82.

58

2.3.3 Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico

Este Estudo-Capricho é basicamente todo estruturado em arpejos maiores,

menores e diminutos.

Analisemos alguns trechos desse Estudo-Capricho.

Ex.42. Trechos do Estudo-Capricho nº 30, Análise Harmônica, compassos 1, 32 e 48.

É importante o aluno conhecer as diferenças sonoras de um arpejo para o

outro, e suas especificidades. Por exemplo: vimos que o arpejo maior é

formado por um intervalo de terça maior e uma terça menor sobreposta ou uma

59

terça maior e uma quinta justa. Já o arpejo menor é o contrário do maior, ou

seja, é formado por uma terça menor e uma terça maior sobrepostas, ou uma

terça menor e uma quinta justa. Enquanto que o diminuto é formado por duas

terças menores sobrepostas ou uma terça menor e uma quinta diminuta.

Por fim, para o desenvolvimento auditivo das relações harmônicas, trecho do

Hermann mencionado no Estudo-Capricho anterior.

Ex.43. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, para dois violinos, compassos 1 – 4. (Hermann)

2.3.4 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica

de Mão Esquerda

2.3.4.1 Estudo da mudança de posição.

Neste Estudo-Capricho encontramos a todo momento mudanças de posição.

Assim, um estudo eficaz e sistemático do glissando mudo nas mudanças de

posição será indispensável.

60

Primeiro Procedimento: Utilizando o glissando mudo.

Ex.44. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, uso de glissando mudo, compassos 1 - 2.

No exemplo acima, observamos os procedimentos da mudança:

1º- após tocar a nota sin na primeira posição com o primeiro dedo, alivie a

pressão do dedo.

2º- deslize com o dedo sobre a corda, com a pressão relativa de um harmônico

até a próxima posição.

3º- coloque novamente a pressão do dedo sobre a corda após atingir a posição

desejada.

61

Segundo Procedimento:

Isolando a mudança de posição (c.13 ao c.15): estudem primeiro as mudanças

de posições.

Ex.45. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a mudança de posição, compassos 13 -

15.

Ex.46. Trecho do Estudo-Capricho nº 19, mudança em blocos, compassos 45 - 47.

62

Ex.46a. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, visualização dos blocos.

Observemos com muita atenção o exemplo acima, ao qual chamarei de

mudança de posição em “blocos de formas”. A mudança de posição acontece

da terceira posição para a segunda, e depois da segunda para a primeira

posição, em graus conjuntos, com intervalos de tons de uma nota à outra (dón-

si¿-la¿).

No entanto, é como se estivéssemos tocando acordes um após o outro,

mudando de uma posição à outra, mas em blocos de fôrmas parecidas.

Podemos equiparar esta técnica de mudança à técnica de mudança executada

por um violonista quando este estiver trocando de um acorde para outro em

casas diferentes. Experimente executar os acordes no exemplo acima.

2.3.4.2 Extensão

A extensão é usada quando se toca uma determinada nota em uma posição

diferente da posição da mão, exigindo assim um alongamento do dedo em

direção a esta nota.

63

Vejamos no exemplo abaixo.

Ex.47. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a extensão, compasso 5.

Nota: O aluno que tiver mão pequena e quarto dedo pequeno deve tirar o

primeiro dedo, permanecendo somente com o terceiro dedo na corda, que será

utilizado como um pivô, para que se consiga fazer a extensão sem mudar de

posição.

Procedimento: Praticando a extensão.

Ex.48. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, movimento de empurrada e alongamento, compasso

5.

64

No primeiro procedimento toque as notas intermediárias, entre o dón e o fán,

bem devagar, através do movimento de articulação empurrada. Já no segundo

procedimento, levantar o dedo e esticá-lo no ar para alcançar a próxima nota.

2.3.4.3 Posição Fixa

É a digitação feita nos instrumentos de cordas, sem que a mão mude de uma

determinada região do espelho, ou seja, de posição.

Ex.49. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado em posição fixa, compassos 19 - 28.

Lembremos que, no Estudo-Capricho nº 19, comentamos sobre os aspectos

relacionados com afinação. Este trecho (c.19 ao c.28) é um trecho sempre

65

propenso à desafinação, pois ela poderá ocorrer se o movimento direcional1 do

braço esquerdo não estiver bem coordenado e assimilado nas mudanças de

cordas.

Outro aspecto de extrema importância é referente ao conhecimento e destreza

com a execução de notas na quarta posição nas quatro cordas, principalmente

no tom de sib maior e sol menor.

Para este trecho começar bem afinado, sugerimos que se estude primeiro

colocando notas intermediárias entre as notas reais do arpejo, e depois estude-

se afinando a relação intervalar entre as notas. Pode-se conferir também com

as cordas soltas.

Ex.50. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, utilizando notas intermediárias e afinando os

intervalos, compasso 19.

1 Movimento Direcional ou Volante é o deslocamento do braço mudando o ângulo para cada corda. LA FOSSE, 1985.

66

Toque as mesmas notas de uma posição em outra posição para melhorar a

afinação.

Ex.51. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado na primeira posição, compassos 19 - 20.

2.3.4.4 Fôrma de Mão (Blocos): Posicionamento dos dedos sobre as

cordas

No exemplo abaixo, temos uma seqüência de arpejos com diferentes formas,

ou seja, articulações de dedos diferentes umas das outras, e em seqüência.

Primeiro Procedimento:

Estude montando a forma a cada mudança de arpejo. Veja o exemplo abaixo e

a seqüência dos acordes durante este trecho.

67

Ex.52. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, posicionando os dedos, compassos 31 - 39.

Ex.53. Executando somente os acordes/formas.

Segundo Procedimento: afinar os arpejos a partir de padrões de blocos (c.31).

Ex.54. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, afinando os arpejos/blocos, compasso 31.

68

2.3.4.5 Dedilhados

No próximo exemplo (c.18 e c.19), faremos uma comparação entre os revisores

dos 42 Estudos-Caprichos a fim de chegarmos a uma conclusão sobre a

importância da escolha dos dedilhados.

Ex.55. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, comparando dedilhados, compassos 18 - 19.

Vejamos que Polo é o único neste trecho que prefere tocar na primeira posição

e depois mudar para a quarta posição. Os demais preferem a terceira posição

e então mudar para a quarta posição. Observemos que, se executarmos o

trecho na primeira posição para depois mudarmos para a quarta posição como

Polo nos sugere, teremos que deslocar primeiramente a mão da primeira corda

(mi) para a quarta corda (sol), e então mudarmos para a quarta posição. Existe

neste procedimento um movimento direcional ou volante do braço, mais

trabalhoso que o feito ao se utilizar os dedilhados propostos pelos demais

autores (Galamian e Sándor).

69

Com o dedilhado sugerido por Galamian e Sándor, a mão estará mais próxima

da posição e da quarta corda. Observe no exemplo subseqüente.

Ex.56. Demonstração dos movimentos e procedimentos.

2.3.5 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos da Mão Esquerda

Em alguns trechos do Estudo-Capricho, pode-se tocar com a técnica de

extensão descendente em lugar de se fazer a mudança de posição. Por

exemplo, do compasso treze ao compasso quinze.

70

Ex.57. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, usando extensões, compassos 13 - 15.

2.3.6 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica

de Arco

2.3.6.1 Golpes de arco

Encontraremos neste Estudo-Capricho os seguintes golpes de arco

combinados entre si: o Détaché Simples, o Legato e o Martelé.

O détaché simples é definido por Galamian (1962, p.67) da seguinte forma:

“Uma arcada separada é tomada para cada nota, sendo o golpe suave e

completamente igual, com nenhuma variação de pressão”. Segundo ele não há

pausas entre as notas, e cada golpe deve, consequentemente, ser executado

até o início do próximo. “O détaché simples pode ser tocado em qualquer parte

do arco e com qualquer extensão, desde o arco inteiro até sua menor fração”.

Segundo Mariana Salles (1998), o détaché possui as seguintes características:

1. Pressão e velocidade contínuas;

71

2. Manter a ausência de pausas entre as notas;

3. Quanto mais rápido o tempo exigido, mais para perto do espelho o arco

deve ser posicionado;

4. A inclinação da vara para o espelho deve ser levada em conta;

5. Flexibilidade dos dedos e pulso;

6. Não tensionar nenhuma das mãos.

Primeiro Procedimento: Delimitar o ponto de contato; quantidade de crina;

quantidade de arco; quantidade de pressão e quantidade de velocidade.

Ex.58. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, ponto de contato/ quantidade de crina, arco, pressão

e velocidade, compassos 1 - 2.

Experimente tocar este exemplo na metade superior do arco, partindo do meio,

com ponto de contato entre o cavalete e o espelho, movimento de antebraço,

movimento ativo de dedos e punho flexíveis, crina do arco plana (toda

assentada na corda), pressão e velocidade constantes. Aplicar depois em todo

o Estudo - Capricho.

72

Segundo Procedimento: Mudança de corda.

Ex.59. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, Estudando a mudança de corda, compasso1.

Tocar as cordas soltas, onde acontecerá a digitação das notas. Atenção para a

clareza na mudança de corda; cotovelo entre as duas cordas; movimento de

pulso e dedos.

Ex.60. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, clareza na mudança de corda, compasso 11.

Fonte: FISCHER, Practice, 2004 p.30

73

No primeiro procedimento, toque a terceira nota piano e as outras três do grupo

de quatro notas fortes. Já no segundo procedimento, toque a terceira nota em

sforzando e com fermata. Ambos os procedimentos enfatizam a clareza na

mudança de corda e o enfoque na terceira nota, que muitas das vezes não é

escutada claramente.

Terceiro Procedimento: Aproximando as cordas.

Ex.61. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, aproximação das cordas, compasso 1.

Ex.62. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, movimento direcional do cotovelo/ mudança de corda,

compassos 49 - 50 e 14 - 16.

74

Nos dois exemplos é importante focalizar a atenção para o movimento

direcional do cotovelo, ou seja, a aproximação do cotovelo na mudança de uma

corda para a outra.

Quarto Procedimento: Regulando o movimento do Détaché.

Ex.63. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, détaché regular, compasso 1.

Estude tocando quatro, três, e duas vezes cada nota com pulsação e ritmo

regular e tamanho de arco também regular.

75

Quinto Procedimento: Praticando com o acento.

Ex.64. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, praticando com acentos, compasso 1.

Fonte: FISCHER, Practice, 2004 p.43

Praticar com os acentos ajuda no sentido de conseguirmos tocar trechos

rápidos com mais fluência, melhorando a articulação e a sincronização de

ambas as mãos.

2.3.6.2 Variações Rítmicas

Existem inúmeras de variações rítmicas que podem ser trabalhadas neste

Estudo-Capricho. Sévcik, por exemplo, escreveu muitas variações para Estudo,

como esse. Contudo, enumeraremos algumas que são indispensáveis de

serem praticadas.

76

Ex.65. Uso de sincronias e correlações, compasso 1.

Nota: É importante identificar a dificuldade do aluno, para então indicar uma

variação.

2.3.6.3 Arcadas

Para facilitar a execução das arcadas sugeridas neste Estudo-Capricho,

recomendamos que se estude primeiramente desligando-se todas as arcadas,

para se adquirir uma melhor articulação rítmica, e depois se toque com várias

arcadas diferentes. Por exemplo:

Ex.66. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, arcadas básicas, compasso 1.

77

2.3.7 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos do Arco

Este Estudo-Capricho, se aumentarmos o seu andamento, poderá

possivelmente ser tocado em legato combinado com spiccato e ricochet. Veja

os exemplos seguintes.

Ex.67. Trecho do Estudo-Capricho nº 30, executado em spiccato e ricochet, compassos 1- 3 e

12 - 13 e 45 - 47.

78

2.3.8 Principais Desafios Técnicos do Estudo

O primeiro desafio técnico do Estudo-Capricho é conseguir um détaché regular

e com uma boa qualidade sonora.

O segundo desafio é a atenção focada na afinação, e clareza na mudança de

corda e mudança de posição. E o trecho que mais apresenta este desafio

técnico é o do exemplo subseqüente (c.40 ao c.50)

Ex.68. Trecho do Estudo-Capricho nº 30; trechos que apresentam desafios técnicos,

compassos 40- 50.

79

2.3.9 Exercícios de Apoio

Para um melhor desenvolvimento do objetivo principal do Estudo-Capricho,

sugerimos os seguintes autores e obras:

TAB. 6. Estudos de apoio para o Estudo-Capricho nº 30.

AUTOR E OBRA ESTUDOS OU EXERCÍCIOS

FLESCH, SCALE SYSTEM Escalas e arpejos de SibM e Solm.

SITT, OPUS 32, VOL. I

OPUS 32, VOL. II

6, 10, 13 e 17

31 ao 35

MAZAS, Seventy-Five Melodious op.

36

KAYSER, Etüden op. 20 10, 27

DONT, 24 Studies Preparatory to

Kreutzer and Rode Studies, op37

18,

KIEVMAN, Practicing the Violin

Mentally-Physically.

5, 9, 10

80

SPOHR, Violin School 12, 43, 59, 60

KREUTZER, 42 ESTUDOS 2, 3, 8, 13

DANCLA, Escola do Arco - Estudos

para Violino op. 110

6.1, 6.4, 18.3

COHEN, M. Technique takes off! 3, 6, 13

WOHLFAHRT, F. Fifty Easy Melodious

Studies for the violin opus 74, Book I

1 ao 6, 23

HOFMANN, C. H. Practical violin

method, BOOK I

4, 14, 18, 29, 30

O. SÉVCIK, Opus 8

Opus 2

Todo

(3ªparte)

2.3.10 Considerações Finais

Constatamos que o Estudo-Capricho nº 30 se estrutura sobre seis motivos.

Notou-se o quanto é semelhante a organização das frases e dos motivos nas

três partes.

81

Foi possível notar também que existem repetições de motivos durante todo o

Estudo-Capricho, não somente imitando a estrutura do ritmo, mas também

notas e intervalos idênticos. Compassos semelhantes: (1, 5, 10, 19, 23, 28 e

40); (2, 4, 6, 20 e 24) e (11, 16 e 48).

Nos procedimentos de estudo da técnica de mão esquerda, foi averiguada a

necessidade e importância de se estudar as mudanças de posições através do

glissando mudo, evitando o tensionamento dos dedos e da mão esquerda.

Além disso, evitando, é claro, o glissando exagerado. Vimos o quanto é

necessário isolar as passagens onde acontecem as mudanças de posições,

estudando-as separadamente. Averiguamos a presença de mudança de

posição em blocos, como se fossem execuções de acordes.

Referente à extensão, observou-se a importância dos dois procedimentos

adotados para alcançar a nota estendida, no sentido de clarear para o

executante os movimentos básicos que serão necessários para se fazer uma

extensão sem excesso de tensão.

Notamos o quanto é importante uma noção prévia da quarta posição como

posição fixa, para executar o trecho analisado no Estudo-Capricho de forma

bem afinada. Observamos que existe um movimento do braço, chamado

direcional ou volante, necessário para acomodar a passagem dos dedos da

mão esquerda entre as cordas. Outro aspecto foi o grande auxílio que as notas

intermediárias fornecem para a busca de uma melhor afinação e

posicionamento dos dedos em cada corda. Quando possível, é recomendável

82

conferir a afinação dos intervalos através do uso de cordas dobradas. Executar

trechos da quarta posição, quando possíveis, na primeira posição.

No tópico forma de mão, foi analisado um aspecto técnico da mão esquerda

que demonstra o cair dos dedos nas cordas quase que simultaneamente, ou

seja, em blocos, como acordes. Com este procedimento, é possível que a

passagem fique mais clara e fluente. É muito importante utilizar do processo de

afinação demonstrado nos arpejos, buscando uma melhor qualidade de

afinação.

Notamos que é imprescindível a escolha de um bom dedilhado, e que este

esteja mais apropriado anatomicamente para cada aluno, facilitando a

execução de cada Estudo-Capricho.

Em Soluções para outros aspectos técnicos da mão esquerda, observamos

que é possível fazer uso da técnica de extensão descendente dos dedos, no

sentido de mudar a forma de mecanismo e articulação destes no Estudo.

Quanto aos procedimentos pedagógicos do estudo e execução dos golpes de

arco, notou-se que o compositor fez uso da combinação de três golpes de arco:

détaché simples, legato e o martele, que são golpes básicos da técnica

violinística. A partir de uma análise, verificou-se a necessidade de se fazer um

bom planejamento do arco, uso correto da quantidade de arco, pressão,

velocidade. Escolher o ponto de contato ideal refletirá numa sonoridade com

mais qualidade. Vimos que ao se executar o golpe de arco détaché com

movimento correto de antebraço, flexão de dedos e punho, conseguiremos

83

uma melhor regularidade, fluência e clareza no resultado final do golpe, ou

seja, uma excelente sonoridade.

Nas mudanças de corda, notamos o quanto é importante trabalhar com

exercícios que aproximem as cordas umas das outras, visando um movimento

perfeito do cotovelo. Com esses procedimentos, garantimos uma boa emissão

das notas. A prática de estudo com acento reforçará a clareza do ritmo, dos

dedos e da pulsação. É necessário sempre recorrer aos diversos ritmos, ou

seja, às variações para sincronizar melhor a mão direita com a mão esquerda.

No tópico arcadas, foi sugerido que se estude o Estudo-Capricho

primeiramente com arcadas separadas. É importante que se toque bem lento,

com toda a extensão do arco e ouvindo cada nota, cada mudança, seja ela de

posição ou de corda, ou até mesmo de ritmo.

Em Soluções para outros aspectos técnicos do arco, vimos que é possível se

tocar o Estudo com o golpe de arco spiccato e ricochet nos arpejos. No caso do

ricochet, trata-se de uma ampliação da utilização deste Estudo-Capricho, no

sentido de aprender um golpe que não foi originalmente concebido para ser

apreendido na obra os 42 Estudos-Caprichos de Kreutzer.

Vimos que é necessário praticar com mais atenção o trecho em que se

apresenta um nível mais elevado de dificuldade, analisado no tópico Principais

desafios técnicos do Estudo; pois requer uma melhor clareza na mudança de

posição e de corda, e regularidade rítmica.

84

E, por fim, podemos notar a quantidade de autores, ou seja, de materiais e

peças escritas utilizando-se da combinação técnica dos golpes: détaché

simples, legato, martelé, com muita mudança de corda e de posição. É preciso

estabelecer um andamento que caracterize este Estudo-Capricho (semínima a

90). Claro está que possa haver um pouco de flexibilidade no andamento, tanto

para mais como para menos. Portanto, é sempre recomendável que se

selecione exercícios ou estudos de apoio para cada Estudo, com o objetivo de

reforçar o aprendizado de cada técnica exigida nos Estudos-Caprichos.

85

2.2 ESTUDO - CAPRICHO Nº 35

2.2.1 Introdução

Este Estudo-Capricho foi escrito no tom de Mib maior, fórmula de compasso

quaternário, andamento moderato em estilo de marcha. Segundo Eliane

Tokeshi, este Estudo-capricho tem como principal objetivo o aprimoramento da

afinação, desenvoltura em trechos com cordas duplas, execução de acordes

com clareza, qualidade de som e boa distribuição de arco.

2.2.2 Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo.

Este Estudo-Capricho pode ser dividido em três partes, e desenvolve-se sobre

oito motivos.

Vide TAB. 7 e 8 abaixo na página seguinte.

86

TABELA 7

TAB. 7. Divisões das partes do Estudo-Capricho nº 35

Partes Compassos

Primeira 1 ao 36 (Eb)

Segunda 37 ao 64 (Bb/Cm)

Terceira 65 ao 100 (Eb)

TABELA 8

TAB. 8. Seis motivos do Estudo-Capricho nº 35.

Motivos Compassos Exemplos Primeiro 1-2

Segundo 2-3

Terceiro 5

Quarto 14

Quinto 17

Sexto 25

Sétimo 36

Oitavo 58

87

PRIMEIRA PARTE

Começa no compasso nº 1 e estende-se até o compasso nº 36. Inicia-se na

tônica (sem o baixo), num intervalo de terça menor e finaliza na dominante.

Esta parte, na qual teremos expostos os sete primeiros motivos mostrados na

tabela 2, é formada por seis frases.

Primeira Frase: Vai do compasso(c.) nº 1 até os três primeiros tempos do

compasso nº 4, e inicia-se com o primeiro motivo(c.1/c.2) seguido do segundo

motivo(c.2/c.3).

Ex.69. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 1 – 4.

Segunda Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 4 e encerra-se no

compasso nº 8. Articulada pelo terceiro motivo.

Ex.70. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 4 – 8.

88

Terceira Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 12 e vai até o

compasso nº 16. É articulada pelo terceiro e quarto motivos.

Ex.71. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 12 – 16.

Quarta Frase: Vai do compasso nº 17 ao nº 20. É toda articulada pelo quinto

motivo.

Ex.72. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 17 – 20.

Quinta Frase: Vai do compasso nº 21 ao nº 28. É articulada pelo terceiro e

sexto motivos.

89

Ex.73. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 21 – 28.

Sexta Frase: Vai do compasso nº 29 até o terceiro tempo do nº 36. É

articulada pelo sexto, terceiro, quarto e sétimo motivos.

Ex.74. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 29 – 36.

SEGUNDA PARTE

Começa no compasso nº 37 e estende-se até o compasso nº 64. Começa no

quinto grau de mib maior (intervalo de terça menor entre a nota rén e fán) e

finaliza no arpejo de dó menor (relativa de MibM). Nesta parte temos expostos

90

todos os motivos (exceto o quinto), mostrados na tabela 2. Esta parte é

formada por nove frases.

Primeira Frase: Vai do compasso nº 37 até o terceiro tempo do compasso nº

40 e inicia-se da mesma forma que a primeira frase da primeira parte, ou seja,

com o primeiro motivo, seguido do segundo motivo (uma quarta abaixo).

Ex.75. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 37 – 40.

Segunda Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 40 e se encerra no

compasso nº 44. Articulada pelo terceiro e quarto motivos, como a segunda

frase da primeira parte.

Ex.76. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 40 – 44.

Terceira Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 48 e vai até o

compasso nº 56. Articulada pelo terceiro, sexto e quarto motivos.

91

Ex77. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 48 – 56.

Quarta Frase: Vai do compasso nº 57 até o terceiro tempo do compasso nº 64.

Articulada pelo sexto e oitavo motivos.

Ex.78. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 57 – 64.

TERCEIRA PARTE

Começa no compasso nº 65, num intervalo de terça menor (como na primeira

parte) e estende-se até o compasso nº 100 (final). Nesta parte temos expostos

o primeiro, segundo, terceiro, sexto, sétimo e oitavo motivos, mostrados na

92

tabela 2. É formada por nove frases. Podemos dizer que esta parte é uma re-

exposição dos motivos apresentados na primeira parte, com uma coda no final.

Primeira Frase: Vai do compasso nº 65 até o terceiro tempo do compasso nº

68. É articulada pelo primeiro e segundo motivos.

Ex.79. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 65 – 68.

Segunda Frase: Começa no Quarto tempo do compasso nº 68 e vai até o

compasso nº 72. É articulada pelo terceiro motivo.

Ex.80. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 68 – 72.

Terceira Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 76 e vai até o

compasso nº 80. É articulada pelo terceiro e sexto motivos.

93

Ex.81. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 76 – 80.

Quarta Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 84 e vai até o terceiro

tempo do compasso nº 92. É articulada pelo oitavo, sexto, terceiro e sétimo

motivos.

Ex.82. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 84 – 92.

Quinta Frase: Começa no quarto tempo do compasso nº 92 e vai até o terceiro

tempo do compasso nº 96. É articulada pelo terceiro e segundo motivos.

94

Ex.83. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 92 – 96.

2.2.3 Procedimentos para melhorar o Senso Harmônico

Já foi comentado no Estudo-Capricho nº 19 que existem duas obras de suporte

para desenvolver e ampliar a percepção harmônica dos 42 Estudos-Caprichos

de Kreutzer. São elas: 1- uma parte de segundo violino escrito por Fr. Herman,

editado pela editora Peters; e 2- um acompanhamento de piano escrito por

Eichheim. É importante, portanto, sempre recorrer a estas obras para conseguir

obter um bom desenvolvimento auditivo da harmonia.

Analisemos alguns trechos desse Estudo-Capricho.

Ex.84. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 1 – 4.

95

Essa frase foi estruturada a partir de um pentacorde de Mib: mi¿-fan-soln-la¿-si¿.

No pentacorde temos um conjunto de cinco notas, onde quatro delas são

consideradas as mais importantes de uma escala (I, III, IV e V graus) ou de um

acorde (I, III e V).

Outro aspecto de extrema importância na harmonia é saber distinguir a relação

intervalar harmônica (duas notas tocadas simultaneamente). No caso desta

frase temos essa seqüência de intervalos: 3ªm, 6ªm, 3ªm, 3ªm, 3ªM, 3ªM, 5ªJ,

5ªJ, 6ªm, 6ªm, 4ªJ, 4ªJ, 3ªm, 3ªm.

Existem três acordes de quinta no início da frase. Dois acordes estão sem a

fundamental e um sem a terça do acorde. No entanto, os três são acordes de

MibM.

No exemplo da página anterior, e no decorrer desse Estudo-Capricho

encontraremos contrapontos de duas vozes.

Notamos neste exemplo vários aspectos que são relacionados com a harmonia

(construção de acordes e sua classificação, relação intervalar, contraponto e o

uso do pentacorde).

Vejamos um outro exemplo.

96

Ex.85. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 13 – 14.

Neste exemplo, temos no primeiro compasso dois acordes de quatro sons

maiores com a nona. O acorde de nona deve ser resolvido segundo os tratados

de harmonia por grau conjunto descendente na quinta do acorde de tônica. E, é

o que acontece neste trecho.

No segundo compasso, encontramos uma escala em terça ascendente. Este

motivo enriquece a frase através do colorido e movimento melódico que

proporciona. Se observarmos com atenção, a partir desta frase o Estudo

começa a se modular para dó menor, relativa menor de Mib maior. Uma

característica remanescente daquela época e das funções harmônicas, sair do

modo maior para o menor e vice-versa.

Observemos agora uma passagem do Estudo-capricho onde ele promove o

acontecimento da polifonia e uso de acorde de três sons.

97

Ex.86. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, compassos 25 – 28.

Veja que o compositor usou nesta frase repetidamente os acordes de quinta

alterados. Os acordes de quinta alterados são aqueles formados por notas da

escala alterada, ou seja, é construído a partir de uma escala que não seja a

diatônica. Neste caso, as notas lan e sol¿ não pertencem à escala de MibM e

sim a escala de Lam melódica. Outro aspecto importante utilizado neste

capricho é o uso da polifonia. Na polifonia as linhas melódicas soam

simultaneamente com ritmos diferentes. Kreutzer fez uso desse aspecto nos

seus últimos Estudos - Caprichos, com intenção de preparar o violinista para a

execução de peças que utilizam esse mesmo aspecto, por exemplo,

encontraremos com freqüência a polifonia nas Sonatas e Partitas para violino

solo de J. S. Bach.

Por fim, para o desenvolvimento auditivo das relações harmônicas, trecho da

parte do segundo violino de Hermann, mencionado no início.

98

Ex.87. Trecho do Estudo-Capricho nº 35 para dois violinos, compassos 1- 4. (Hermann)

2.2.4 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica

de Mão Esquerda

2.2.4.1 Estudo da mudança de posição.

Já foram comentados alguns aspectos da mudança de posição no Estudo-

Capricho nº 19. No entanto, no estudo de mudança de posição em cordas

duplas temos que estar atentos ao domínio de três aspectos importantes:

articulação, mudança de posição e mudança de posição com mudança de

corda. Observemos então alguns procedimentos de estudo da mudança de

posição neste Estudo-capricho.

Primeiro Procedimento:

Identificar os padrões de articulação e suas relações. Estudar bem devagar.

99

Ex.88. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, padrões de articulações, compassos 1- 4.

Vejamos que no exemplo acima existem seis padrões de articulação

(a,b,c,d,e,f). Essas articulações dos dedos acontecem da seguinte maneira:

TAB. 9. Padrões de articulações.

Primeiro padrão (a): articulação dos dedos 1e3 para 2e4.

Segundo padrão (b): articulação dos dedos 2e4 para 1e3.

Terceiro padrão (c): articulação dos dedos 1e3 para 1e1.

Quarto padrão (d): articulação dos dedos 1e1 para 4e3.

Quinto padrão (e): articulação dos dedos 4e3 para 1e2.

Sexto padrão (f): articulação dos dedos 1e2 para 2e4.

100

É necessário estarmos atentos às mudanças intervalares de um tempo para o

outro. Notemos que no primeiro padrão acontece uma movimentação intervalar

de menor para menor; no segundo, menor para maior; no terceiro, maior para

justo; no quarto, justo para menor; no quinto, menor para justo; e no sexto,

justo para maior.

A relação tom e semitom da movimentação dos dedos da voz superior em

relação à inferior devem ser compreendidos e memorizados. Vejamos como

acontece essa relação. No primeiro padrão a mudança intervalar da voz

superior e inferior de um tempo para o outro é de tom para tom; no segundo, a

voz superior movimenta em semitom e a inferior em tom; no terceiro, a voz

superior movimenta em tom.

Segundo Eliane Tokeshi, o aluno deve ter plena compreensão das distâncias

entre os dedos nos diversos intervalos utilizados no decorrer do Capricho.

Segundo Procedimento:

Utilizando notas auxiliares. Estudar bem devagar.

Eliane Tokeshi sugere que os alunos procurem dedilhados que auxiliem na

afinação e no estabelecimento de “dedos-guias”.

101

Ex.89. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, uso das notas auxiliares, compassos 2- 3.

Neste trecho, podemos observar que existem três mudanças de posição. No

trecho A, a mudança de posição acontece nas mesmas cordas. Os dedos

guias (notas auxiliares) serão os dedos 1 e 3. O objetivo deste exercício é

direcionar a mão com segurança para a posição em que será tocado o próximo

intervalo. No entanto, mesmo antes da mudança, “é necessário que os dedos 4

e 2 sejam pré-formados no ar, isto é, eles já indicam, antes da mudança, se

articularão uma terça maior ou menor”. (LAVIGNE, sd. Pág. 23).

No trecho B, temos uma mudança de posição (da 1ª para a 2ª) com mudança

de corda. Num caso como este, a mudança de posição com mudança de corda

poderá ser feita através da corda do meio, pelo segundo dedo. Após a

mudança articula-se os dedos 2 e 4. Dessa forma, é importante observar a

posição do cotovelo.

102

Terceiro Procedimento:

Estudo das vozes separadas. No exemplo abaixo, faremos um estudo sem som

com os dois dedos colocados nos devidos lugares, mas só fazendo soar uma

das partes. E somente quando a afinação estiver firme nas duas notas

isoladamente, estaremos em condições de executá-las simultaneamente.

Ex.90. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, isolando as vozes, compassos 2- 3.

A B

Para Eliane Tokeshi, é necessário o estudo lento, tocando as vozes

separadamente e depois conjuntos, de forma gradual. Para ela, a alteração das

ligaduras nessa etapa pode ser um estudo válido, pois auxilia na audição e

aumenta a dificuldade das mudanças de posição. Experimente aplicar nos

compassos nº 1 ao nº 4 e nº 7.

2.2.4.2 Cordas duplas (afinação)

Segundo Bloch, no estudo de cordas duplas, quando a afinação é perfeita,

ocorre o fenômeno do aparecimento de um terceiro som, ao qual chamamos de

som resultante (BLOCH, 1905).

103

De acordo com Heman, Tartini, em seu livro Violinschule, já comentava essa

teoria, ou seja, a “limpeza da afinação” do Estudo de cordas duplas em terças,

depende da observação dos sons resultantes (HEMAN, 1964).

Segundo Pintacuda, Tartini, depois de muitas experiências, afirmou que dois

sons perfeitamente afinados equivaliam a um terceiro som. (PINTACUDA,

1959)

Ex.91. O terceiro som: Som Resultante.

Portanto, no estudo das cordas duplas, é imprescindível se praticar de forma

bem lenta e repetir esses intervalos até que se consiga escutar o som

resultante.

Segundo o pedagogo La Fosse, em cordas duplas, ao contrário do que se

pensa, a pressão dos dedos sobre a corda é menor que a normal,

possibilitando o relaxamento adequado da mão e o mais fácil deslocamento da

mesma. (LA FOSSE, 1985).

104

Procedimento:

Antes da mudança de posição, aliviar a pressão dos dedos.

Ex.92. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, controlando a pressão dos dedos, compassos 94- 95.

2.2.4.3 Acordes

Neste Estudo-Capricho encontraremos acordes de três e quatro sons. Nos

acordes temos que observar os seguintes fatores técnicos: 1- Forma de mão;

2- Relação intervalar; 3-Afinação.

Primeiro Procedimento: Atenção para a forma.

Acorde de quatro sons.

105

Ex.93. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/acordes de quatro sons, compasso 13.

Vejamos que a forma da mão, ou seja, o posicionamento dos dedos neste

acorde, corresponde ao equivalente a uma distância de um tom do primeiro

dedo (nota sin) para o terceiro (la¿); ou seja, a distância do primeiro dedo para o

terceiro é a mesma, se imaginássemos que o primeiro dedo estivesse na corda

mi e não na corda lá. Em seguida, temos um intervalo de um semitom do

terceiro para o segundo dedo na corda mi (soln). Portanto, o primeiro, segundo

e terceiro dedos estarão posicionados bem próximos uns dos outros.

Acorde de três sons.

Ex.94. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/acordes de três sons, compasso 25.

106

Nota-se que, neste exemplo, a forma do posicionamento dos dedos é idêntica a

do exemplo anterior, ou seja, dedos um, dois e três próximos uns dos outros.

Segundo Procedimento: Observar o intervalo a ser tocado.

Ex.95. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, forma de mão/intervalo, compasso 13.

Quando se tem uma plena noção da relação intervalar de um acorde, o aluno

conseguirá compreendê-lo e afiná-lo com mais facilidade.

Terceiro Procedimento: Ajustando a afinação.

Ex.96. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, ajustando a afinação, compasso 25.

107

Para conseguirmos afinar este acorde objetivando ao som resultante, teremos

que trocar a nota sol¿ pela nota fa# e o mi¿ pela nota re#. Assim conseguiremos

obter uma afinação mais perfeita do acorde.

2.2.5 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos da Mão Esquerda

Este Estudo-Capricho nos permite estudar outro aspecto técnico, ou seja, o uso

da técnica de extensão dos dedos, nos compassos nº14 e nº16.

Ex.97. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, usando extensões, compassos 14 e 16.

2.2.6 Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica

de Arco

2.2.6.1 Golpes de arco

Encontraremos neste Estudo-Capricho os seguintes golpes de arco

combinados entre si: o Détaché Acentuado, o Legato com acento, e o Martelé;

sendo que, em alguns trechos deste Estudo nos depararemos também com o

détaché porté (c.36, c.64 e c.100).

108

O détaché acentuado “se caracteriza, como o próprio nome sugere, por um

acento executado no início de cada golpe. Este acento, porém, contrário ao

golpe de arco martelé, é produzido durante o início do golpe, através de

aumento de velocidade e pressão”. (SALLES, 1998, pag. 66)

Segundo Salles, a marcação gráfica adequada deste golpe se faz através do

emprego do símbolo de acento nas notas determinadas.

Ex.98. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, détaché acentuado, compassos 1- 2.

Analisemos agora, detalhadamente, um trecho onde as combinações de golpes

de arco referidas no início acontecem simultaneamente.

Ex.99. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, combinações de golpes, compassos 21- 24.

No exemplo acima, acontece em toda a frase a execução de notas em legato

combinada com o martelé.

109

Procedimento de Estudo:

Sugerimos que seja estudado lentamente, para que fiquem devidamente

definidos os seguintes aspectos:

1º Planejamento de arco (quantidade e/ou região do arco).

2º Velocidade.

Usar três quartos de arco para as notas em legato e um quarto de arco para a

nota com o ponto.

Assim, em cada passagem é preciso se pensar sempre no planejamento do

arco antes de estudá-la.

2.2.6.2 Cordas Duplas

Segundo Paulo Bosisio, a execução simultânea de duas cordas exige, em

princípio, o dobro da pressão e maior velocidade de arco. Em geral a corda

mais grave deve receber maior apoio. No entanto, em determinadas

passagens, a voz principal deve ser ressaltada, o que exige uma diferenciação

de pressão a ser usada em uma e outra corda. A corda solta tem a tendência

de soar sempre com maior intensidade (BOSISIO; LAVIGNE, 1999).

110

Primeiro Procedimento:

Nos trechos em que ocorre a polifonia, a voz que está com a melodia deve ser

realçada. Para tal, será necessário focalizar sobre ela uma quantidade maior

de pressão.

Ex.100. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, realçando a melodia, compassos 29- 31.

Segundo Procedimento:

Quando acontecer do trecho musical ter mudança de corda em legato, essa

mudança será realizada através da corda do meio.

Ex.101. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, mudança de corda em legato, compassos 69- 72.

111

Terceiro Procedimento:

Ponto de contato modificado em intervalos de notas distantes um do outro. O

ponto de contato em A será tocado entre o cavalete e o espelho, e o B mais

próximo do cavalete.

Ex.102. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, alternando o ponto de contato, compassos 68- 69.

2.2.6.3 Acordes

Segundo Bosisio, o estudo de acordes de três ou quatro sons envolve uma

série de questões, como ataque, pressão, velocidade do arco, ponto de contato

etc. De acordo com ele, a maneira mais convencional de execução de acordes

implica no apoio das notas superiores, e os ataques podem ser antecipados ou

no tempo (BOSISIO; LAVIGNE, 1999).

Os acordes de três sons podem ser Quebrados, Simultâneos ou Arpejados.

Neste capricho, os acordes em execução serão quebrados, pois, desde

décadas passadas é ensinado desta forma aos violinistas, ou seja, criou-se

assim uma “tradição”. E também por existirem acordes de quatro sons. Sendo

112

assim impossível de serem executados tanto simultaneamente, como

arpejados por ser um Estudo composto em estilo de marcha.

Segundo Bosisio, no acorde quebrado, geralmente, as notas mais graves são

tocadas antes da pulsação e as mais agudas no tempo. Na maioria das vezes,

as duas mais graves são atacadas juntas, antes do tempo, e a transição para a

mais aguda é feita através da corda do meio (BOSISIO; LAVIGNE, 1999).

Galamian recomenda que se intensifique a pressão na corda central durante a

transição, de forma a reduzir a distância entre as cordas mais agudas e as

mais graves (GALAMIAN, 1962).

Ex.103. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, acordes quebrados, compassos 12 - 13 e 25.

A B

Pouco arco nas cordas graves e mais arco nas cordas agudas. Pouca pressão

nas cordas graves e mais nas cordas agudas. Cordas graves, arco entre

cavalete e espelho, e cordas agudas próximo ao cavalete.

113

2.2.6.4 Arcadas

Para facilitar a execução das arcadas sugerida neste Estudo-Capricho,

recomendamos que se estude primeiramente desligando todas as arcadas,

para se adquirir uma melhor articulação rítmica.

Ex.104. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, com outras arcadas, compassos 1- 8.

2.2.7 Soluções Para Outros Aspectos Técnicos do Arco

Neste Estudo-Capricho, os trechos que contém acordes de três sons podem

ser estudados e tocados como acordes simultâneos.

Carl Flesch nos diz que o ataque simultâneo de acordes de três sons requer

uma quantidade maior de pressão sobre as cordas, assim como a mudança de

ponto de contato para a região do espelho. Ele recomenda que nos

certifiquemos de que as crinas estejam assentadas nas três cordas, antes do

ataque (FLESCH, 1978).

114

Já o pedagogo Galamian recomenda que o ataque venha de cima para baixo, a

partir do ar, ou seja, posicionando-se o arco pouco acima da corda central

(GALAMIAN, 1962).

É recomendado que se estude das duas formas comentadas acima pelos

pedagogos, e, escolha a que o aluno se identificar melhor, ou seja, escolha

aquela que ele conseguir executar os acordes facilmente, sem descaracterizar

a passagem.

Ex.105. Trecho do Estudo-Capricho nº 35, acordes simultâneos, compassos 24- 25.

Todos os comentários feitos no exemplo acima acontecem entre o quarto

tempo do primeiro compasso e o primeiro do segundo compasso.

2.2.8 Principais Desafios Técnicos do Estudo

As dificuldades encontradas no próximo exemplo podem ser resolvidas, de

acordo com Eliane Tokeshi, com: o estudo separado de arco, que deve enfocar

controle de ponto de contato no talão e principalmente na ponta; distribuição de

arco coerente e uso de pressão apropriada para realizar as articulações e

115

dinâmica; movimento rápido e preciso do braço para realizar a troca de corda.

Segundo ela, para auxiliar na afinação, pode-se tratar o trecho como uma

seqüência de acordes de três notas, estudando separadamente as duas cordas

duplas da base e, posteriormente, as duas do topo do acorde. Conforme ela,

esse estudo ficará mais eficiente se todos os dedos sempre estiverem na

corda, preparados para tocar o acorde. Pode-se tocar o trecho, também, como

uma seqüência de acordes seguidos.

Outra variação de estudo que auxilia no preparo rápido dos dedos para cada

mudança de harmonia, segundo Tokeshi, seria a variação do ritmo, ou seja,

deslocando a figura pontuada para o primeiro e terceiro tempos do compasso.

Ex.106. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,

compassos 49- 52.

116

No primeiro procedimento de estudo serão observados o ponto de contato e a

região do arco nas cordas graves e agudas (T:talão e P:ponta). No segundo

procedimento, a distribuição de arco para cada nota, ou seja, a quantidade de

arco. No terceiro procedimento, afinar os intervalos das cordas inferiores e

depois superiores. No quarto procedimento, tocar em forma de acordes, tendo

uma visão geral do posicionamento dos dedos e da afinação. E no quinto

procedimento, inverter a figura pontuada para o primeiro e terceiro tempo.

Vejamos outros trechos que apresentam dificuldades durante o Estudo-

Capricho.

Dificuldades: distribuição de arco, ritmo pontuado em legato com mudança de

posição e de corda.

Ex.107. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,

compassos 1- 3 e 98 - 100.

Dificuldades: acordes quebrados de quatro sons, afinação e distribuição de

arco.

117

Ex.108. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,

compassos 12 - 13.

Dificuldades: cordas duplas combinadas com legato com mudança de corda,

acento e planejamento de arco.

Ex.109. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,

compassos 17- 20.

Dificuldades: acorde de três sons, afinação e polifonia.

Ex.110. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,

compassos 25- 28.

118

Dificuldades: mudança de posição, arcadas e golpes de arco.

Ex.111. Trecho do Estudo-Capricho nº 35; trecho que apresenta dificuldades técnicas,

compassos 43 – 44 e 55 - 56.

2.2.9 Exercícios de Apoio

Para um melhor desenvolvimento do objetivo principal do Estudo-Capricho,

sugerimos os seguintes autores e obras:

TAB. 10. Estudos de apoio para o Estudo – Capricho nº 35.

AUTOR E OBRA ESTUDOS OU EXERCÍCIOS

FLESCH, SCALE SYSTEM Escalas em terças, sextas, oitavas e

décimas.

SITT, OPUS 32, VOL. V 81 ao 100

MAZAS, Seventy-Five Melodious op.

36.

13, 14 e 55

119

KAYSER, Etüden op. 20 20 e 21

DONT, 24 Studies Preparatory to

Kreutzer and Rode Studies, op37

19, 22, 24

KIEVMAN, Practicing the Violin

Mentally-Physically.

16

SPOHR, Violin School 55 ao 58

POLO, 30 Studi a Corde Completo

TROTT, Melodious Double-Stops (

Mélodies en Double-Cordes), Book II

Book II completo.

COHEN, Technique takes off! 1, 7, 8 e 9

WOHLFAHRT, opus 74, Book I 50, 59 e 60

HOFMANN, opus 96 Todo

O. SÉVCIK, Opus 9 Todo

120

2.2.10 Considerações Finais

Constatamos que o Estudo-Capricho nº 35 se estrutura sobre oito motivos.

Notou-se o quanto é semelhante a organização das frases e dos motivos nas

três partes. Podemos ver a semelhança existente entre estes últimos (ritmo

pontuado), principalmente entre o sexto motivo e oitavo.

Foi possível notar também que existem imitações de motivos durante todo o

Estudo-Capricho, não somente imitando a estrutura do ritmo, mas também

notas e intervalos idênticos: compassos semelhantes: (1, 37 e 45); (3, 7, 39, 47

e 95); (5, 13, 15, 21,41, 42, 49,50, 52, 77,78, 80, 90,92 e 93); (14, 16 e 43); (25,

27, 29, 30, 34, 57, 59, 81, 83 e 89) e (36, 64 e 100). Os compassos entre

parentes são os semelhantes.

Nos procedimentos de estudo da técnica de mão esquerda, averiguamos a

importância de se estudar as mudanças de posições através das notas

auxiliares, e os cuidados referentes aos padrões de articulação dos dedos; a

importância de se saber a relação intervalar entre as notas, e também o pleno

conhecimento da distância entre os dedos, quando falamos de tom e semitom.

Não podemos nos esquecer da importância de se estudar, quando em cordas

duplas, vozes separadas.

Referente às cordas duplas, notamos o quanto é essencial a busca pelo

terceiro som, som resultante e a quantidade de pressão exigida dos dedos da

mão esquerda sobre as cordas. Nos acordes, vimos que é imprescindível a

121

preparação da forma de mão, a relação intervalar entre as notas e a busca pela

afinação perfeita do acorde.

No tópico Soluções para outros aspectos técnicos da mão esquerda,

observamos que é possível fazer uso da técnica de extensão dos dedos, no

sentido de mudar sua forma de mecanismo da mão esquerda.

Quanto aos procedimentos pedagógicos do estudo e execução dos golpes de

arco, notou-se que o compositor fez uso da combinação de três golpes de arco:

détaché acentuado, legato e martelé. A partir de uma análise, chegou-se à

conclusão de se fazer um bom planejamento do arco para que se consiga uma

melhor execução dos golpes de arco.

Nas cordas duplas, é imprescindível estudar utilizando a corda do meio nas

mudanças de cordas. Nos acordes, não se esquecer de planejar o arco e de

colocar maior quantidade de pressão neste arco sobre a corda central.

Sobre as arcadas, sugiro fazer um estudo desligando as notas ligadas:

conseguiremos uma melhor clareza do ritmo e das mudanças de posições, e

dos movimentos de articulação dos dedos sobre as cordas.

Em Soluções para outros aspectos técnicos do arco, vimos que é possível se

tocar acordes de três sons simultâneos neste Estudo-Capricho.

E, por fim, podemos notar a quantidade de autores, ou seja, de materiais e

peças escritas utilizando-se da técnica em cordas duplas, e suas diferentes

122

maneiras de abordá-las. Segundo Tokeshi, é preciso estabelecer um

andamento que caracterize uma marcha (semínima a 124). Ela acredita que

deve haver um pouco de flexibilidade no andamento e rubato em algumas

seções, para a realização de pequenas variações no caráter e para o aumento

da dramaticidade do Estudo-Capricho.

123

3. CONCLUSÃO

No decorrer desta pesquisa, foram ressaltadas a vida e a obra de Rodolphe

Kreutzer, e diversas publicações de como se ensinar e estudar seus 42 Estudos-

Caprichos para violino.

Posteriormente, analisamos de modo sistemático os elementos da técnica

violinística presentes nos Estudos-Caprichos selecionados: nº 19, nº 35, nº 30; e

elaboramos notas explicativas acerca dos procedimentos didático-pedagógicos a

serem adotados para o ensino e aprendizagens desta obra.

Foram oito os aspectos analisados em cada Estudo-Capricho: I-Introdução; II-

Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo; III-Procedimentos Pedagógicos

para o Estudo e Execução da Técnica de Mão Esquerda; IV-Soluções para Outros

Aspectos Técnicos de Mão Esquerda e Arco; V-Procedimentos Pedagógicos para

o Estudo e Execução da Técnica de Arco; VI-Principais Desafios Técnicos do

Estudo; VII-Exercícios de Apoio; VIII-Considerações Finais.

Em cada aspecto, procuramos identificar e demonstrar diversas possibilidades de

se aprender e executar os Estudos-Caprichos.

No primeiro aspecto, Introdução, deparamo-nos com informações básicas sobre o

Estudo, como por exemplo: tonalidade, andamento, fórmula de compasso e

objetivo principal. Em Análise Formal, Motívica e Harmônica do Estudo, fizemos

124

uma análise formal dos Estudos, dividindo-os por partes. Identificamos os

principais motivos e demonstramos alguns procedimentos que possam

desenvolver a percepção harmônica do ouvido do violinista, que estão presentes

em cada Estudo-Capricho. Ficou claro também que através da análise, todos os

três Estudos-Caprichos são estruturados na forma ABA.

Nos Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e Execução da Técnica de Mão

Esquerda, diversos foram os aspectos técnicos analisados: mudança de posição,

dedilhados, afinação, trillo, variações rítmicas, articulações dos dedos, notas

auxiliares, cordas duplas, acordes, extensões, posição fixa, forma de mão. Todos

sendo abordados de forma bem didática. Já em Soluções para Outros Aspectos

Técnicos de Mão Esquerda e Arco, identificamos outras possibilidades de se tocar

o Estudo-Capricho além da que Kreutzer propôs, podendo-se de certa forma

instaurar uma nova aprendizagem e solucionar outros aspectos técnicos que não

poderiam ser apreendidos se tocados somente da forma como foram

originalmente escritos. Exemplo disso é o Estudo nº 2, no qual vários pedagogos

trabalham com seus alunos diversas formas de se tocarem através da imensa

quantidade de variações, arcadas, dedilhados e golpes de arcos.

É possível averiguar o quanto os Procedimentos Pedagógicos para o Estudo e

Execução da Técnica de Arco são importantes, e facilitam a compreensão, quando

identificados antes de se começarem a estudar cada Estudo-Capricho. Neste

tópico, analisamos os seguintes aspectos: diferentes golpes de arco, arcadas,

variações rítmicas, planejamento de arco - região do arco, pressão, velocidade,

125

quantidade de arco, ponto de contato, sonoridade, cordas duplas, acordes,

movimentos de pulso, dedos, antebraço, cotovelo e mudança de corda.

O tópico Principais Desafios Técnicos do Estudo, tem como objetivo identificar os

trechos que apresentam níveis de dificuldades mais elevados. Em Exercícios de

Apoio, procuramos enumerar Estudos e exercícios de importantes métodos da

literatura violinística, que servirão de apoio para melhorar a técnica apreendida em

cada Estudo-Capricho. Estas técnicas também podem ser encontradas em

diversos repertórios tradicionais do violino. Por exemplo, o trillo em legato com

mudança de corda e posição identificado como principal objetivo do Estudo-

Capricho nº 19, é utilizado por Viotti no primeiro movimento do concerto nº22

(compassos nº 106 e nº 108).

Partindo dos procedimentos analisados em cada um desses Estudos-Caprichos

selecionados, caberá agora a cada professor e aluno aplicar de forma semelhante

os procedimentos pedagógicos nos demais Estudos que não foram analisados. No

entanto, para facilitar ainda mais o ensino dos professores, foram colocadas em

tabelas informações gerais sobre aqueles. Através das notas, pode-se concluir

que o estudo sistemático de qualquer música é de extrema importância e

enriquecimento para o músico.

É importante ressaltarmos que a escolha de elementos técnicos de mão esquerda

e arco (arcadas, dedilhados, ponto de contato, quantidade de arco, pressão,

velocidade e etc.), analisados nos Estudos-Caprichos é de suma importância para

126

a interpretação de uma obra musical. São meios de expressão, ferramentas que

os instrumentistas usam para realizar a música que está representada no papel.

Estas escolhas podem revelar elementos como timbre, fraseado e o próprio gosto

musical do intérprete.

A interpretação de uma obra musical (aqui no caso um Estudo) no violino, requer,

em primeiro lugar, uma absoluta correção técnica e em segundo, um grau de

cultura musical que torne o intérprete apto a aprender o estilo e o caráter da obra.

Ao interpretar, tentar sentir o fraseado, a dinâmica, a articulação, ou seja, tentar

ver e sentir o que há de mais profundo além das anotações apresentadas nas

partituras. Sugerimos que se escolha a sonoridade e o fraseado que faça você

acreditar ser o mais viável e ideal para a sua interpretação.

Ressaltamos a importante colaboração dos professores Paulo Gustavo Bosísio

(UNIRIO) e Eliane Tokeshi (UNESP), em seus depoimentos para a construção

desta pesquisa.

Portanto, esperamos que pesquisas como esta possam colaborar com vários

professores e alunos menos experientes, que além de não possuírem acesso a

materiais didático-pedagógicos sobre a técnica do violino, não vislumbram uma

orientação contínua de um pedagogo com mais experiência e carecem de um

guia, disponível no mercado, didático e bem detalhado, mostrando e comentando

como deve-se executar cada um dos 42 Estudos-Caprichos de Rodolphe Kreutzer

para violino. Entretanto, este presente guia, constituído de notas explicativas

127

abordando os principais aspectos técnicos de Estudos-Caprichos compostos por

Kreutzer, é uma forma de amenizar a carência que existe em nosso país.

Vimos o quanto é imprescindível a criatividade individual de cada professor, no

sentido de elaborar procedimentos didáticos ou até mesmo escolher determinados

exercícios ou Estudos, para solucionarem eventuais dificuldades técnicas contidas

em cada Estudo-Capricho.

No entanto, com esta pesquisa não pretendemos solucionar nenhum problema

individual de cada violinista, e sim contribuir para uma melhor aprendizagem e

ensino dos 42 Estudos-Caprichos. Mas, se o aluno apresentar alguma deficiência

na hora da execução de um destes Estudos, seja ela de arco ou mão esquerda, é

necessário resolvê-la primeiro, para que só então continue a aprendizagem dos

subseqüentes.

Partindo dos aspectos analisados e explicados em cada tópico, podemos afirmar

que, um guia como este irá com certeza despertar nos professores um

pensamento mais criativo, no sentido de sempre estarem se atualizando sobre os

mais diversos aspectos técnico-musicais, pesquisados pelos grandes pedagogos

do violino durante anos. É certo que, um professor bem atualizado com certeza

refletirá na qualidade de um ensino mais promissor do instrumento e dos seus

alunos.

128

Com esta pesquisa conclui-se que para se ensinar os 42 Estudos-Caprichos é

aconselhado um aprofundamento das questões técnicas ali presentes, através da

consulta aos pedagogos que tiveram acesso à tradição oral relacionada ao ensino

desta obra, ou pela leitura e pelo estudo sistemático dos tratados de violino. Só

assim, conseguiremos orientar os alunos para que, em vez de estudarem horas e

horas de forma maçante e repetitiva, consigam com objetividade e clareza

identificar os problemas e a razão das dificuldades, para então solucionarem os

eventuais desafios da técnica violinística.

129

4. BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, C. C. F. Elementos Básicos da Técnica Violinística da Mão Esquerda. [sd]. 61 f. Tese de concurso para provimento do cargo de professor catedrático de violino na Escola de Música da Universidade do Brasil. Rio de Janeiro [sd].

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134

5. ANEXOS

5.1 - ESTUDO - CAPRICHO Nº 19, EDIÇÃO - GALAMIAN.

5.2 - ESTUDO - CAPRICHO Nº 30, EDIÇÃO - GALAMIAN.

5.3 - ESTUDO - CAPRICHO Nº 35, EDIÇÃO - GALAMIAN.

5.4 - TABELAS INFORMATIVAS DOS DEMAIS ESTUDOS-CAPRICHOS.

5.5 - QUESTIONÁRIOS.

RESPOSTAS DE PAULO BOSÍSIO. RESPOSTAS DE ELIANE TOKESHI.

5.6 - PROGRAMA DO RECITAL DE MESTRADO.

5.7 - GRAVAÇÃO EM DVD DO RECITAL.

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Tabelas Informativas dos demais Estudos-Caprichos Edição - Galamian

ESTUDO Nº1

Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho ANÁLISE TONALIDADE: Lam; ANDAMENTO: Adágio sostenuto; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4;

FINALIDADE PRINCIPAL: Planejamento de arco, som filé-dinâmica; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, trillo, apogiatura, escalas ascendentes e descendentes.

TÉCNICA DE ARCO: Planejamento de arco, legato, mudança de corda em legato, acentos. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Controle da velocidade e quantidade de arco e pressão, dinâmica.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 2/ Mazas opus 36, nº1/ Dont opus 37 nº8

ESTUDO Nº2 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: DóM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Estudo padrão; RITMO: Semicolcheias

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, movimento escalar ascendente e descendente.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché, mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Détaché regular, mudança de posição.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 1/ Mazas opus 36, nº5.

ESTUDO Nº3 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: DóM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Estudo padrão; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, movimento escalar ascendente e descendente.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché e legato, mudança de corda em legato e détaché.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Mudança de posição, arcadas e mudança de corda.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 9/ Mazas opus 36, nº6.

ESTUDO Nº4 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: DóM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Estudo padrão; RITMO: Tercinas.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, escalas ascendentes e descendentes.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Détaché e ritmos regulares.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 33/ Mazas opus 36, nº34/ Dont opus 37 nº20/ Fiorillo 36 Studies, nº3

143

ESTUDO Nº5 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: MibM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Estudo padrão; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, movimento escalar ascendente e descendente.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché, mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Détaché regular, mudança de posição.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 5/ Mazas opus 36, nº39.

ESTUDO Nº6 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: DóM; ANDAMENTO: Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe martelé em arpejos; RITMO: Tercinas.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, arpejos, movimento escalar ascendente e descendente, extensão.

TÉCNICA DE ARCO: Martelé.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Mudança de posição, afinação dos arpejos, clareza do golpe martelé.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 18/ Mazas opus 36, nº4/ Dont opus 37 nº2/ Fiorillo 36 Studies, nº9

ESTUDO Nº7 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: RéM; ANDAMENTO: Allegro Assai; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe martelé/Brisure; RITMO: Colcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, intervalos de oitavas.

TÉCNICA DE ARCO: Martelé.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Coordenar a mudança de corda com a mudança de arco, sem ouvir cordas intermediárias.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 33/ Mazas opus 36, nº11

ESTUDO Nº8 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: MiM; ANDAMENTO: Allegro non troppo; FÓRMULA DE COMPASSO: 6/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe détaché/arpejos; RITMO: Semicolcheias

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, movimento escalar ascendente e descendente, arpejos.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché, mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Détaché regular, mudança de posição.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 19.

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ESTUDO Nº9 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: FaM; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 3/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Articulação-mecanismo; RITMO: Semicolcheia

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Articulação/mecanismo, mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Legato, mudança de corda em legato.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza na articulação dos dedos da mão esquerda

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 22/ Mazas opus 36, nº13/ Dont opus 37 nº17

ESTUDO Nº10 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: SolM; ANDAMENTO: Allegro, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe détaché/arpejos; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, intervalos com saltos de até duas oitavas.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché/martelé

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Mudança de corda, mudança de posição, posição fixa.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 27.

ESTUDO Nº11 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: MiM; ANDAMENTO: Andante, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe Legato/mudança de posição e de corda; RITMO: Tercinas.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, movimento escalar descendente.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Perfeição na mudança de posição com a de corda em legato.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 32 Mazas opus 36, nº20

ESTUDO Nº12 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Lám; ANDAMENTO: Allegro Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe détaché/arpejos; RITMO: semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché, mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Afinação dos arpejos, détaché flexível e regular.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 27/ Mazas opus 36, nº52.

145

ESTUDO Nº13 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: LaM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe legato/détaché com mudança de posição e de corda; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, extensão e contração.

TÉCNICA DE ARCO: Golpe legato/détaché, mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Coordenação dos dois golpes com a mudança de corda, articulação dos dedos na formação do arpejo, afinação.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 10/ Mazas opus 36, nº42.

ESTUDO Nº14 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: LaM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Golpe Legato/mudança de posição e de corda; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, dedos fixos, movimento escalar descendente e ascendente.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Conecção na mudança de posição com a de corda em legato.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 12 Mazas opus 36, nº32/ Dont opus 37 nº13

ESTUDO Nº15 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: SibM; ANDAMENTO: Allegro moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: Colcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trillos, apogiaturas, mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Martelé.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza nos trillos.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15 Mazas opus 36, nº/ Dont opus 37 nº17

ESTUDO Nº16 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: RéM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 12/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trillos, mudança de posição, extensão.

TÉCNICA DE ARCO: Martelé. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza na duração e regularidade dos trillos.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15/ Dont opus 37 nº17

146

ESTUDO Nº17 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: SibM; ANDAMENTO: Maestoso, FÓRMULA DE COMPASSO: 12/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: Variado

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trillos, mudança de posição, extensão.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza do trillo e do ritmo.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15 Mazas opus 36, nº53/ Dont opus 37 nº17.

ESTUDO Nº18 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: SolM; ANDAMENTO: Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillo; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trillo, trillos em cordas duplas, apogiaturas, mudança de posição, extensão.

TÉCNICA DE ARCO: Martelé e legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza no trillo/4ºdedo/cordas duplas, com mudança de posição e de corda.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15 Mazas opus 36, nº55.

ESTUDO Nº20 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: LaM; ANDAMENTO: (Allegro), FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos/legato; RITMO: Variado

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trillos, mudança de posição, escalas descendentes.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza na execução do trillo em legato, mudança de posição.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15/ Mazas opus 36, nº14.

ESTUDO Nº21 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Sim; ANDAMENTO: Moderato e sempre marcato, FÓRMULA DE COMPASSO: 12/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: tercinas.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trillos, mudança de posição, escalas descendentes.

TÉCNICA DE ARCO: Martelé. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza na execução do trillo em tempo deslocado.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15.

147

ESTUDO Nº22

Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho ANÁLISE TONALIDADE: LabM; ANDAMENTO: Moderato; FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4;

FINALIDADE PRINCIPAL: Trillos; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trillo combinado com legato, mudança de posição, extensão.

TÉCNICA DE ARCO: Martelé e legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza no trillo, modulações.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15.

ESTUDO Nº23 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: SibM; ANDAMENTO: Adagio, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cadência RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, escalas ascendentes e descendentes.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Clareza na articulação, velocidade dos dedos, mudança de posição, planejamento de arco.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Mazas opus 36, nº40, Fiorillo 36 Studies, nº8

ESTUDO Nº24 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Solm; ANDAMENTO: Allegro, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Oitavas; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Afinação das oitavas, mudança de posição, mudança de posição com mudança de corda, articulação.

TÉCNICA DE ARCO: Legato e détaché.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Afinação das oitavas, movimento que precede cada oitava (mudança de posição).

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 26.

ESTUDO Nº25 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: SolM; ANDAMENTO: Allegro moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Oitavas melódicas; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Afinação das oitavas, mudança de posição, mudança de posição com mudança de corda, articulação.

TÉCNICA DE ARCO: Legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Afinação das oitavas, movimento que precede cada oitava (mudança de posição).

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 34.

148

ESTUDO Nº26 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: MibM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Détaché/escalas; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, escalas ascendentes e descendentes, intervalos de décimas.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché, legato, mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Afinação, intervalos de décimas, mudança de posição, modulações.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 29/ Mazas opus 36, nº45.

ESTUDO Nº27 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Rém; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Legato com mudança de corda e posição/dinâmica; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, extensão e contração.

TÉCNICA DE ARCO: Legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Articulação do arco/dinâmica, acidentes ocorrentes e modulações.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 21/ Dont opus 37 nº15

ESTUDO Nº28 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Mim; ANDAMENTO: Grave, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Técnicas combinadas (staccato, trinado, cordas duplas, arpejos, décimas, mudança de corda); RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trinado, mudança de posição, décimas, cordas dobradas.

TÉCNICA DE ARCO: Staccato, legato, détaché.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Staccato, trinados, mudança de posição e de corda, décimas.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 17/ Mazas opus 36, nº23.

ESTUDO Nº29 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: ReM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Legato; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Mudança de posição, arpejos, extensões, trinados.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Mudança de corda, acidentes, extensões.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 36/ Mazas opus 36, nº32/ Dont opus 37 nº18

149

ESTUDO Nº31 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Dóm; ANDAMENTO: Vivace, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Técnica combinada (Semitons/legato/martelé/trinado); RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Relação de semitons, mudança de posição, extensão e contração.

TÉCNICA DE ARCO: Legato, martelé e détaché.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Afinação nos semitons, quantidade de arco, andamento, ritmo, articulação das arcadas.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 14/ Mazas opus 36, nº49/ Dont opus 37 nº12

ESTUDO Nº32 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: FaM; ANDAMENTO: Andante, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/legato; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas, extensão, afinação, articulação, mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Legato com mudança de cordas e articulação dos dedos mão esquerda (afinação).

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 16a/ Dont opus 37 nº22

ESTUDO Nº33 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: FaM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/legato; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas em terças, contração, afinação, articulação, mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Legato com mudança de cordas e articulação dos dedos mão esquerda (afinação) e contração.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 13a/ Mazas opus 36, nº58/ Dont opus 37 nº22

ESTUDO Nº34 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: RéM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/legato; RITMO: Semicolcheias.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas, contração e extensão, afinação, articulação, mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Legato com mudança de cordas e articulação dos dedos mão esquerda (afinação), dedos fixos/ nota pedal.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 9a/ Dont opus 37 nº22

150

ESTUDO Nº36 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Mim; ANDAMENTO: Allegretto, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/arcada Viotti; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas, afinação, articulação.

TÉCNICA DE ARCO: Arcada Viotti. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Cordas duplas com arcadas Viotti.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15a/ Mazas opus 36, nº41/ Dont opus 37 nº23

ESTUDO Nº37 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Fam; ANDAMENTO: Allegro vivace, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/lance; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas, articulação, mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Lancé, legato, détaché.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Combinação de técnicas (Lancé, legato e détaché).

EXERCÍCIOS DE APOIO: Hofmann, opus96 nº21.

ESTUDO Nº38 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: RéM; ANDAMENTO: Moderato, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/polifonia; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas, contração e extensão, afinação, articulação, mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Polifonia, valorização da melodia.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 35a/ Mazas40 opus 36, nº/ Dont opus 47 nº22

ESTUDO Nº39 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: LaM; ANDAMENTO: Allegretto, FÓRMULA DE COMPASSO: 2/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/Polifonia; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas, contração e extensão, afinação, articulação, mudança de posição.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Polifonia, valorização da melodia.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 15a/ Mazas opus 36, nº40/ Dont opus 37 nº22, Fiorillo 36 Studies, nº4

151

ESTUDO Nº40 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: SibM; ANDAMENTO: (Allegro), FÓRMULA DE COMPASSO: 3/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Trillo em cordas duplas; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Trillo, trillo em Cordas duplas, articulação, mudança de posição, apogiaturas.

TÉCNICA DE ARCO: Legato. PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Trillos em cordas duplas/4º dedo.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Fiorillo 36 Studies, nº2

ESTUDO Nº41 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: FaM; ANDAMENTO: Adagio, FÓRMULA DE COMPASSO: 4/4; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/polifonia/acordes de três sons; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas, contração e extensão, afinação, articulação, mudança de posição, acordes, trillos.

TÉCNICA DE ARCO: Legato com mudança de corda, acordes.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Polifonia, condução da melodia, acordes de três sons.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 6a/ Mazas opus 36, nº40/ Dont opus 37 nº22/ Fiorillo 36 Studies, nº29

ESTUDO Nº42 Orientação Pedagógica para o Ensino do Estudo-Capricho

ANÁLISE TONALIDADE: Rem; ANDAMENTO: Allegro, FÓRMULA DE COMPASSO: 6/8; FINALIDADE PRINCIPAL: Cordas duplas/fuga; RITMO: Variado.

TÉCNICA DE MÃO ESQUERDA:

Cordas duplas, contração e extensão, décimas, afinação, articulação, mudança de posição, acordes.

TÉCNICA DE ARCO: Détaché porté/détaché simples/legato, acordes.

PRINCIPAIS DESAFIOS TÉCNICOS DO ESTUDO:

Polifonia, valorização da melodia, acordes de três sons.

EXERCÍCIOS DE APOIO: Kayser opus 20 nº 24a.

Universidade Federal de Minas Gerais Pós-Graduação em Música da UFMG

Escola de Música da UFMG

Questionário para Embasamento Teórico e Prático na

Dissertação de Mestrado: Os 42 Estudos-Caprichos para

violino, de Rodolphe Kreutzer: Análise Técnica para uma

Abordagem Didático-Pedagógica

Linha de Pesquisa: Performance Musical - Mestrado

Dezembro de 2006 Belo Horizonte

153

CONTATOS:

Nome: Cássio Henrique Ribeiro Martins

Endereço: Rua Guia Lopes, 234 - Matosinhos

São João Del Rei - MG Cep: 36.305.052

email: [email protected]

Telefone: (0xx32-9947.4800)

154

Prezado(a) Professor(a),

Acreditamos que a obra “Os 42 Estudos-Caprichos de R. Kreutzer”

constituem-se num dos mais importantes livros de estudos já escritos, no que

diz respeito aos aspectos técnico-musicais, para uma boa formação violinistica.

A universal utilização desses Estudos nos indica que há um consenso

em relação à importância dos mesmos na formação técnica e musical do

violinista. Conhecer esses estudos e saber como aplicá-los é uma ferramenta

indispensável para aqueles envolvidos com a pedagogia do violino.

E além disso é raro encontrar um guia didático bem detalhado

mostrando e comentando como se deve tocar cada um dos 42 Estudos de

Rodolphe Kreutzer para violino. Essa obra é uma das mais bem cobradas,

pelos professores de violino no Brasil e no Exterior. Tais Estudos são tão

importantes, que fazem parte até de concursos para violino.

No Brasil, em algumas regiões (principalmente cidades do interior)

existem professores e alunos menos experientes que além de não possuírem

acesso a materiais didático-pedagógicos sobre a técnica do violino não

conseguem ter uma orientação contínua de um pedagogo com mais

experiência. Nesse sentido, um guia constituído de notas explicativas sobre

como abordar cada Estudo composto por Kreutzer é uma forma de amenizar

essa carência existente.

Grandes pedagogos do século XX, como Carl Flesch, Max Rostal e

Ivan Galamian, utilizaram os 42 Estudos de Kreutzer como ferramenta de

ensino. Esses mestres do violino estavam mais próximos às fontes primárias,

tais como manuscritos e cartas, e também tiveram acesso à tradição oral

relacionada à aplicação desses estudos. No Brasil podemos encontrar hoje

professores que freqüentaram cursos no exterior e que direta ou

155

indiretamente absorveram o conhecimento dos pedagogos citados, e de

outros com bagagem pedagógica similar.

Portanto, tendo como objetivo geral da pesquisa, analisar

sistematicamente os elementos da técnica violinística presentes nos 42 Estudos

de Rodolphe Kreutzer e elaborar notas explicativas sobre os procedimentos

didático-pedagógicos a serem adotados para uma eficaz utilização deste

material, pretendo através desta entrevista colher, resgatar, analisar e

documentar através de seus depoimentos os possíveis procedimentos didáticos

tradicionalmente utilizados para o ensino dos 42 Estudos de R. Kreutzer.

PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO

O questionário a seguir divide-se em duas partes. Na primeira parte,

pretendemos investigar suas impressões sobre os aspectos históricos e

didáticos pedagógicos (Gerais e Específicos) desta obra. Na segunda parte,

elaboramos questões específicas a serem respondidas para cada Estudo.

Devido ao grande número de Estudos presentes na obra, pedimos que

sejam selecionados aqueles que julgar mais importantes, de acordo as suas

respostas às perguntas 2 e 3 dos Aspectos Didático-Pedagógicos Específicos, na

primeira parte.

No entanto, para a coleta de material no presente trabalho, quanto

maior o número de Estudos abordados, tanto melhor.

Desde já nossos agradecimentos pela sua colaboração para o andamento

desta pesquisa.

156

Primeira Parte

Aspectos Históricos (Biografia, Escola, contexto, obra): 1. É possível ter acesso à edição original de R. Kreutzer, ou cartas e manuscritos? Você a têm? 2. Na sua opinião, existem pontos negativos nesta obra, nesta escola, ou nesse momento histórico, violinísticamente falando? 3. Você já ouviu falar de uma edição comentada dos Estudos de Kreutzer, organizada por Flesch e também por Massart (aluno de Kreutzer)? Você as têm? 4. Você conhece alguma outra edição comentada sem ser estas mencionadas? 5. Quais foram os elementos técnicos que Kreutzer inovou com os seus 42 Estudos?

Aspectos Didático - Pedagógicos Gerais: 1. Segundo sua opinião, quais as contribuições que os 42 Estudos de R. Kreutzer trazem para uma melhor performance violinística? 2. Qual a importância desses Estudos em termos de preparação para o repertório violinístico? 3. Existe alguma gravação na íntegra dos 42 Estudos? 4. Como você vê a preparação dos professores de violino no Brasil, para o ensino desses Estudos?

5. Você considera interessante fazer comentários que acompanhem os estudos, com o objetivo de facilitar o trabalho do professor e do aluno menos experiente?

Aspectos Didáticos - Pedagógicos Específicos:

1. Existe uma ordem, ou seqüência de Estudos a ser seguida em função da dificuldade técnica? Acha necessário alterar a ordem presente na maioria das edições? 2. De acordo com a sua visão sobre esta obra, em quantas partes você acha que ela se divide? 3. Quais são os Estudos que você acha mais importante em cada parte desta obra? (Ou seja, para o desenvolvimento técnico do violinista). 4. Segundo sua opinião, qual a melhor edição dos 42 Estudos? Porque? 5. O que você acha das arcadas, dedilhados e variações proposto por esta Edição do 42 Estudos? (edição sugerida pelo entrevistado).

157

Segunda Parte

Aspectos Específicos para cada Estudo (Responder estas perguntas de acordo a resposta

3 dos Aspectos Didático-Pedagógicos específicos)

1. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos? 2. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses

Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções) 3. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. 4. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações,

justificá-las) 5. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o

metrônomo? 6. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do

exigido? Quais? 7. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos.

158

Respostas de Paulo Bosísio. Primeira Parte

Aspectos Históricos (Biografia, Escola, contexto, obra):

1. É possível ter acesso à edição original de R. Kreutzer, ou cartas e manuscritos? Você a têm?

Desconheço, infelizmente.

2. Na sua opinião, existem pontos negativos nesta obra, nesta escola, ou nesse momento histórico, violinisticamente falando?

Não. Há momentos talvez menos brilhantes, algo repetitivo e pouco trabalho para o “cantabile”. Também nem sempre uma ordem coerente na escala de dificuldades, mesmo quando este ou aquele editor altera a ordem mais usual, mas o material é todo bom e importantíssimo. É necessário estudar todos os estudos de Kreutzer, mesmo que em outra ordem.

3. Você já ouviu falar de uma edição comentada dos Estudos de Kreutzer, organizada por Flesch e também por Massart (aluno de Kreutzer)? Você as têm?

Sim. Massart era o aluno preferido de Kreutzer e parece ter ficado com manuscritos do velho mestre. Além de tudo Massart é considerado por muitos especialistas como o maior professor de violino de todos os tempos. Parece que em sua edição há uma fidelidade enorme às idéias origionais de Kreutzer. A ordem de numeração dos estudos, infelizmente pouco usado hoje, é a melhor. Não podemos esquecer, entretanto, que a edição do grande Sevcik (Edition Gl. Pazdirek, Brno, antiga Tchekoslováquia) é a mais detalhista. Vai ao extremo, como tudo que é de Sevcik.

4. Você conhece alguma outra edição comentada sem ser estas mencionadas? Vide resposta anterior, edição do Sevcik, a mais comentada. Também há a edição com 100 paráfrases para o domínio superior da técnica do violino, de Maxim Jacebcere, mas isso já é técnica transcendental.

5. Quais foram os elementos técnicos que Kreutzer inovou com os seus 42 Estudos?

A melhor definição de todo o tipo de trillo, a melhor condução de vozes nas duplas, e a esse nível técnico (médio) o melhor trabalho de variações de arco.

159

Aspectos Didático - Pedagógicos Gerais: 1. Segundo sua opinião, quais as contribuições que os 42 Estudos de R. Kreutzer trazem para uma melhor performance violinística?

O trabalho sólido da afinação quer em posições fixas, com mudanças ou em duplas, o domínio completo do trillo, e com ele a técnica de afinação de tom – semiton e sincronização com o arco, , a adequação da técnica da mão esquerda com o repertório tradicional.

2. Qual a importância desses Estudos em termos de preparação para o repertório violinístico?

Imprescindível, pelos motivos já expostos. 3. Existe alguma gravação na íntegra dos 42 Estudos? Desconheço. Dos estudos de Rode várias. 4. Como você vê a preparação dos professores de violino no Brasil, para o ensino desses Estudos?

Acho que a coisa tem melhorado, está havendo uma postura mais intelectual e ao mesmo tempo prática.

5. Você considera interessante fazer comentários que acompanhem os estudos, com o objetivo de facilitar o trabalho do professor e do aluno menos experiente?

Não só é interessante como essencial. O aluno tem que, por exemplo, saber qual ou quais são os objetivos técnicos e artísticos daquele estudo, e se possível, pelo menos nos principais, até executá-los de cor e com engajamento na interpretação.

Aspectos Didáticos - Pedagógicos Específicos: 1. Existe uma ordem, ou seqüência de Estudos a ser seguida em função da dificuldade técnica? Acha necessário alterar a ordem presente na maioria das edições?

160

Eu prefiro a ordem que o próprio Massart apresenta, também feita paralelamente por alguns poucos editores, como Sándor (nem sempre Sándor segue a orden de Massart), pedagogo húngaro, que editou os 42 Estudos na Editio Musica Budapest. Acho necessário alterar a ordem na maioria das edições, incluindo Flesch e Galamian.

2. De acordo com a sua visão sobre esta obra, em quantas partes você acha que ela se divide?

3 partes: 1ª, técnica geral; 2ª Trillo; 3ª duplas.

3. Quais são os Estudos que você acha mais importante em cada parte desta obra? (Ou seja, para o desenvolvimento técnico do violinista).

Bom o problema vai estar na numeração. Acho prudente dar a tonalidade do estudo. Vou dar a numeração pela ordem do Flesch, que mesmo não concordando, é a mais conhecida: 2,4,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,19,20,21,22,24,25,26,27,28,29,30,31,32, 33,34,35,36,37,38,39,40,41,42. Ou seja, tudo. Sublinhados alguns mais importantes.

4. Segundo sua opinião, qual a melhor edição dos 42 Estudos? Porque?

Nenhuma é realmente boa. Quase sempre repleta de dedilhados que refletem o violinismo do século 19. A melhor mesmo assim necessitando de muita remarcação é a da revisão de Sándor, citada anteriormente, que aparece na “Editio Musica Budapest, 2.2560”.

5. O que você acha das arcadas, dedilhados e variações proposto por esta Edição do 42 Estudos? (edição sugerida pelo entrevistado).

Vide resposta anterior.

Segunda Parte

Aspectos Específicos para cada Estudo

(Responder estas perguntas de acordo a resposta 3 dos Aspectos Didático-Pedagógicos específicos)

1. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?

Tomei o estudo nº 19 (ordem edição Flesch) como exemplo. O estudo é em Ré Maior com compasso quaternário em moderato. Nas páginas impressas no

161

anexo, em um questionário para a Universidade Estadual de Santa Catarina (o Edson Queiroz também colaborou) mando 5 processos de estudo. O objetivo principal é a continuidade sonora do trillo em legato, com mudanças de posição de posição e de cordas.

2. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções)

Vide páginas impressas em anexo. 3. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos.

O opus do Sevcik voltado para o trillo (opus 7) está repleto de ótimos exercícios de suporte, mas é necessário antes perceber as deficiências pessoais do aluno em questão para depois indicar o exercício (diagnóstico – terapia).

4. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Sugiro com outro dedilhado em posições próximas, dentro do possível, no caso utilizando-se em inúmeras vezes da 4ª e da 2ª posição, mesmo quando pareçam pouco usuais, para também executar o estudo todo sem glissandos.

5. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Tempo final semínima 58.

6. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? Posicionamento plano do 4º dedo, além do dedilhado tradicional, o uso da 2ª e 4ª posições, alcançando as posições em extensão.

7. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Um estudo como esse, apesar de não ser nem de longe um dos mais importantes do Kreutzer (vide sublinhados na lista), é meio único na literatura. Veja que nem Rode, nem Dont, nem Gaviniés tem algo parecido (trillo em legato, com mudança de corda e posição). P.S. Acho interessante você citar que para complementação do processo violinístico – musical de todos estes estudos, necessitamos de ampliar a percepção harmônica de forma eficaz, coisa que é tão pobre conosco, violinistas, utilizando-se, quando o estudo estiver pronto, de um segundo violino, escrito por Hermann, ou um acompanhamento de piano, apesar de bem simples, escrito por Eichheim. P. Bosísio.

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Respostas de Eliane Tokeshi. Primeira Parte

Aspectos Históricos (Biografia, Escola, contexto, obra):

1. É possível ter acesso à edição original de R. Kreutzer, ou cartas e manuscritos? Você a têm?

Imagino que sim. A Editora Fuzeau, por exemplo, está publicando uma série de fac-símiles de métodos franceses. Eu não possuo nenhuma cópia de fac-símile ou carta.

2. Na sua opinião, existem pontos negativos nesta obra, nesta escola, ou nesse momento histórico, violinisticamente falando?

Não acho que haja nenhum aspecto negativo nesta obra de grande importância didática. Gostaria, no entanto, de ressaltar que nesse método não há estudos abordando alguns recursos técnicos muito utilizados na música atual, como pizzicato (mão esquerda e direita), sul ponticello e sul tasto. Sabe se que esses recursos eram utilizados no repertório violinístico escrito no período em questão e que outros pedagogos como Baillot, Spohr, Woldemar, Löhlein e Campagnoli os incluíram em seus métodos.

3. Você já ouviu falar de uma edição comentada dos Estudos de Kreutzer, organizada por Flesch e também por Massart (aluno de Kreutzer)? Você as têm?

Desconheço a edição de Massart e possuo a de Carl Flesch.

4. Você conhece alguma outra edição comentada sem ser estas mencionadas? Conheço algumas edições que possuem exercícios preparatórios, pequenos textos explanatórios, sugestões de dedilhados, golpes de arco e regiões do arco, como as editadas por Galamian, Rostal e Davisson.

5. Quais foram os elementos técnicos que Kreutzer inovou com os seus 42 Estudos?

Desconheço elementos técnicos inovadores nesse método.

163

Aspectos Didático - Pedagógicos Gerais: 1. Segundo sua opinião, quais as contribuições que os 42 Estudos de R. Kreutzer trazem para uma melhor performance violinística?

Para que o violinista seja capaz de executar com precisão as inúmeras repetições de cada aspecto técnico específico do estudo é necessário que tenha atingido certa solidez técnica. Em todos os estudos cada aspecto técnico é abordado de várias maneiras, com pequenas alterações, que exigem formas diversas de estudo. Os estudos são relativamente longos, exigem concentração e um maior amadurecimento do aluno, já que muitos dos estudos têm menos enfoque no conteúdo musical do que os encontrados em outros métodos como Mazas, por exemplo. Essas qualidades auxiliam na formação do violinista para que esse tenha maior sucesso durante a preparação e execução do repertório tradicional do violino.

2. Qual a importância desses Estudos em termos de preparação para o repertório violinístico?

Esses estudos abordam de forma detalhada todos os aspectos técnicos mais importantes encontrados no repertório. Acredito que se o método é bem estudado no período de formação do violinista o aluno estará apto a executar o repertório tradicional violinístico, ou saberá procurar formas alternativas de estudo para aperfeiçoar.

3. Existe alguma gravação na íntegra dos 42 Estudos? Conheço uma única gravação de Jacques Israelievitch. 4. Como você vê a preparação dos professores de violino no Brasil, para o ensino desses Estudos?

Tenho percebido que no Brasil, em muitos casos, os professores utilizam conhecimentos transmitidos a eles de forma oral, durante suas próprias aulas de violino no período de formação. Ou seja, os professores abordam o estudo com seus alunos da mesma forma como esse foi abordado consigo próprio. Essa postura tem mudado já que atualmente existem mais opções de edições, o que possibilita um contato com outras abordagens do método, provocando, portanto, um maior questionamento e instigando a criatividade do professor. Existem alguns professores de nível universitário que têm oferecido disciplinas que abordam a didática do violino. Acredito que dessa forma possa se criar o hábito de investigar meios de utilização e exploração dos métodos de ensino de violino.

164

5. Você considera interessante fazer comentários que acompanhem os estudos, com o objetivo de facilitar o trabalho do professor e do aluno menos experiente?

Acho essencial.

Aspectos Didáticos - Pedagógicos Específicos: 1. Existe uma ordem, ou seqüência de Estudos a ser seguida em função da dificuldade técnica? Acha necessário alterar a ordem presente na maioria das edições?

Acredito que existe uma ordem no método estabelecida por aspecto técnico e por nível de dificuldade. A principal alteração seria adiar o estudo número 1 em Adagio sostenuto1 devido ao alto grau de dificuldade técnico exigido. Esse pode ser estudado antes do estudo número 23. Também concordo com muitas das alterações na ordem proposta por Davisson (ed. Peters). No entanto, não alternaria os estudos de trinado com outros, como ele propõe.

2. De acordo com a sua visão sobre esta obra, em quantas partes você acha que ela se divide?

Os estudos são agrupados por aspectos técnicos. 1ª parte: número 2 a 14

2ª parte: 15 a 22 3ª parte: 24 a 31

4ª parte: 23 e 1 5ª parte: 32 a 42

3. Quais são os Estudos que você acha mais importante em cada parte desta obra? (Ou seja, para o desenvolvimento técnico do violinista).

1ª parte: 2, 7, 8, 9, 11, 12 e 13. 2ª parte: 15 e 19. 3ª parte: 24, 28, 29 e 30. 4ª parte: 1 5ª parte: 32, 33, 35, 40 e 42.

4. Segundo sua opinião, qual a melhor edição dos 42 Estudos? Porque?

1 Os números dos estudos utilizados pelo entrevistado correspondem aos utilizados na edição de Ivan Galamian publicada por International Music Company.

165

Acredito que todas as edições que conheço e tenho acesso têm muitas qualidades. Não uso uma única edição e procuro utilizar as sugestões de estudos preparatórios, arcadas e dedilhados de diversos pedagogos.

5. O que você acha das arcadas, dedilhados e variações proposto por esta Edição do 42 Estudos? (edição sugerida pelo entrevistado).

Ver resposta anterior.

Segunda Parte

Aspectos Específicos para cada Estudo

(Responder estas perguntas de acordo a resposta 3 dos Aspectos Didático-Pedagógicos específicos)

1ª Parte - Estudo número 2 1. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?

Afinação: a tonalidade do estudo e suas progressões harmônicas relativamente simples levam a uma melhor percepção de afinação. Forma de mão: com o raro uso de extensão e mantendo os dedos da mão esquerda próximos a corda o estudo enfoca o estabelecimento de uma forma de mão coesa em diversas posições. Posição da mão direita: Mantendo golpes de arco mais elementares como détaché e constantes é mais fácil concentrar se na colocação dos dedos e compreensão da função de cada dedo da mão direita no arco. Golpes de arco: o estudo pode ser estudado com muitas variações de ligaduras e articulações, o que possibilita o aprimoramento nas diversas regiões do arco e desenvolvimento de noções de distribuição de arco. Peso do braço e flexibilidade dos dedos: executando o estudo com as variações de arco acima citadas pode se compreender o uso do peso do braço e dedos.

2. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções)

Afinação: manter os dedos próximos ou mesmo na corda e tocar cordas duplas com a próxima nota ou corda solta.

166

Produção de som: tocar détaché ou com ligaduras de duas notas em várias regiões do arco para obter som homogêneo. Usar variações 7 e 332 para aprimorar a variação de pressão e velocidade do arco.

3. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. Escalas em posição fixa na tonalidade de dó maior. Schradieck: primeiro estudo (em dó maior) em várias posições e cordas. Yolst: para mudanças de posição. Fazer os exercícios nas mudanças de posição que apresentarem dificuldades.

4. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Ver resposta da questão 2.

5. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Recomendo os andamentos mais variados: do mais lento (42 a colcheia) para o estudo de som e afinação até mais rápido (104 a semínima) para agilidade e spiccato.

6. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? Como mencionei na resposta anterior, pode ser utilizado para estudo de spiccato, além de flexibilidade do pulso (ver compasso 16 e 20) e troca de corda sutil.

7. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Excelente estudo de fácil memorização que pode ser abordado de várias formas para ajudar a resolver diversos aspectos da técnica. Muitas vezes peço para o aluno retornar a esse estudo e utilizá-lo para aplicar qualquer aspecto técnico que esteja tendo dificuldade.

2ª Parte - Estudo número 15 8. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?

Aperfeiçoamento do trinado.

9. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções)

2 Ver edição Galamian.

167

Relaxamento: utilização de ritmos que favoreçam o movimento vertical com impulso para cima e para baixo dos dedos. Impulso: relacionar o impulso dos dedos com o impulso de arco usando golpe de arco martelé.

10. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. Estudar de início com mordente ou grupeto de acordo com o nível de desenvolvimento do aluno. Iniciar com arcada para cima: dessa forma o impulso de arco em conjunto com o trinado torna-se mais fácil, pois é para baixo. A nota do trinado pode ser tocada com tenuto de forma prolongada facilitando o trinado.

11. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Variações no trinado: com ritmos pontuados para enfatizar o movimento descendente ou ascendente dos dedos; variando o número de notas (de 3 a 12) para auxiliar aumento progressivo de velocidade e começando com a nota superior.

12. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Os mais variados possíveis que dependem do tipo de trinado utilizado.

13. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? Esse estudo pode auxiliar no estudo do martelé (clareza do som, articulação, relaxamento do braço), relaxamento dos dedos da mão esquerda e mudança de posição.

14. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Durante o aprendizado desse estudo deve ser abordada a importância do controle do arco, com enfoque especial ao ponto de contato. Muitas vezes a má combinação de pressão e ponto de contato causa a falha do trinado.

Estudo número 29 1. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?

Sutileza nas trocas de corda em longas arcadas. Esse estudo exige movimentos pequenos e redondos do braço direito bem coordenados com os dedos da mão esquerda.

168

2. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções) É necessário ter noção da proximidade das cordas vizinhas. Como Flesch sugere em seus comentários pode se estudar tocando cordas duplas com a próxima nota da troca de corda para antecipar o movimento do braço. Deve se criar o hábito de preparar de forma gradual a troca de corda, aproximando o arco para a próxima corda que será tocada. Enfatizar na necessidade de se ter flexibilidade do pulso e dedos da mão direita relaxados para obter movimentos pequenos e ondulados. Ritmos podem ajudar especialmente se agruparem notas nas quais acontece a troca de corda (2 colcheias + 6 semicolcheias, por exemplo). Os ritmos, no entanto, só auxiliam se o aluno não associá-los a pressão e articulação exagerada dos dedos.

3. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. Exercícios de son filé auxiliarão na produção de som e distribuição de arco no estudo.

4. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Pode-se estudar como exercício de cordas duplas para auxiliar na afinação. Uma forma de tornar a distribuição de arco e qualidade de som melhor é aumentar ainda mais o número de tempos por ligadura, ou reduzir a quantidade de arco para cada ligadura.

5. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Deve ser estudado em vários andamentos, mas creio que não há necessidade de ser tocado mais rápido que 88-92 a semínima.

6. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? O aluno pode utilizá-lo também para aprimorar as extensões de 4º dedo, ou seja, da expansão da forma de mão. O estudo exige também o encolhimento da forma da mão devido aos acidentes, dessa forma, alternando as duas movimentações da mão.

7. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Acho importante enfatizar a necessidade de se tocar com pouca articulação dos dedos (dedos leves, sem pressão sobre as cordas). Muitas vezes é

169

necessário estudá-lo somente com a mão esquerda, sem a utilização do arco para cuidar desse aspecto.

3ª Parte - Estudo número 1 8. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?

Aprimoramento da distribuição de arco, produção e sustentação de som.

9. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções) É necessário que se tenha um planejamento da distribuição do arco para cada arcada. De início esse “mapeamento” do arco deve ser feito de forma minuciosa para que se possa ter o controle de qualidade sonora e dinâmica.

10. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos. Exercícios de son filé com metrônomo podem ajudar na complementação desse estudo.

11. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Pode se estudá-lo utilizando menos arco propositalmente para aumentar a dificuldade do arco. Esse estudo pode ser usado como estudo de vibrato com o metrônomo para auxiliar na contagem das oscilações. O vibrato por sua vez pode facilitar o relaxamento e expansão da mão esquerda para preparação das mudanças de posição.

12. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? Acho essencial o uso do metrônomo nesse estudo, que pode ser pode volta de 60 a semínima.

13. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? O aluno deve por fim preocupar se também com as trocas de direção do arco. Para que sejam imperceptíveis é necessário o controle da velocidade do arco, da pressão e dos movimentos dos dedos da mão direita.

14. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos.

170

Esse estudo deve ser executado com total compreensão musical e para tanto, o aluno deve também se preocupar com diferentes velocidades e amplitudes de vibrato que auxiliam no fraseado.

4ª Parte - Estudo número 35 15. Qual(is) é(são) o(s) objetivo(s) principal(ais) destes Estudos?

Aprimoramento de afinação e desenvoltura com trechos em cordas duplas. Execução de acordes com clareza, qualidade de som e boa distribuição de arco. Esse estudo mescla diversos golpes de arco, os quais dependem de planejamento de distribuição de arco para boa execução.

16. Como você solucionaria os principais desafios técnicos apresentados nesses Estudos? (Cite pelo menos 3 possibilidades de soluções) Nos trechos de cordas duplas o aluno deve procurar dedilhados que auxiliem na afinação e no estabelecimento de “dedos-guia”. Deve se ter plena compreensão das distâncias entre os dedos nos diversos intervalos utilizados no decorrer do estudo. Para tanto, é necessário o estudo lento, tocando as vozes separadamente e depois juntamente de forma gradual. A alteração das ligaduras nessa etapa pode ser um estudo válido, pois auxilia na audição e aumenta a dificuldade das mudanças de posição (por exemplo, aplicar em compassos 1-4 e 7). As dificuldades encontradas nos compassos 49-53 podem ser resolvidas com: estudo separado de arco que deve enfocar controle de ponto de contato no talão e principalmente na ponta; distribuição de arco coerente e uso de pressão apropriada para realizar as articulações e dinâmica; movimento rápido e preciso do braço para realizar a troca de corda. Para auxiliar na afinação pode se tratar o trecho como uma seqüência de acordes de três notas, estudando separadamente as duas cordas duplas da base e posteriormente a duas do topo do acorde. Esse estudo ficará mais eficiente se todos os dedos sempre estiverem na corda preparados para tocar o acorde. Pode se tocar o trecho como uma seqüência de acordes seguidos. Outra variação de estudo que auxilia no preparo rápido dos dedos para cada mudança de harmonia seria a variação do ritmo (pode se deslocar a figura pontuada para o 1º e 3º tempo do compasso).

17. Cite alguns exercícios de suporte/apoio, para estes Estudos.

As escalas, arpejos e cordas duplas do método Scale System de Carl Flesch são fundamentais para o preparo desse estudo.

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O método Developing Double-Stops de Harvey Whistler também propõe alguns estudos de cordas duplas em acordes.

18. Quais as outras formas de tocar estes Estudos você sugere? (Variações, justificá-las) Ver respostas da questão 16.

19. Qual o andamento você sugere para se tocar estes Estudos, de acordo com o metrônomo? É importante estabelecer um andamento que caracterize uma marcha (semínima a 124). Acredito que nesse estudo possa haver um pouco de flexibilidade no andamento e rubato em algumas sessões para realização de pequenas variações no caráter e aumentar a dramaticidade do estudo.

20. Estes Estudos servem para solucionar outros aspectos técnicos além do exigido? Quais? Esse é um dos estudos mais difíceis do método por explorar uma variedade imensa de golpes de arco e cordas duplas. É a forma como aparecem combinados que exige do aluno um domínio de muitos elementos da técnica violinística tradicional.

21. Comentários e observações pessoais sobre estes Estudos. Além de exigir o aperfeiçoamento técnico, esse estudo pode ser utilizado também para auxiliar no desenvolvimento interpretativo do aluno, explorando elementos de estilo, buscando um fraseado apropriado e diferenciando sessões de caráter distinto.

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