ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E MORFOLOGIA DA CIDADE DE...

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1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS Programa de Pós-Graduação em Geografia UHALLAS CORDEIRO SILVA ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E MORFOLOGIA DA CIDADE DE RUBIATABA-GOIÁS Goiânia, outubro de 2017.

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS

Programa de Pós-Graduação em Geografia

UHALLAS CORDEIRO SILVA

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E MORFOLOGIA DA CIDADE DE

RUBIATABA-GOIÁS

Goiânia, outubro de 2017.

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UHALLAS CORDEIRO SILVA

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E MORFOLOGIA DA CIDADE DE

RUBIATABA-GOIÁS

Dissertação Apresentada ao Programa de Pesquisa e

Pós-Graduação em Geografia do Instituto de

Estudos Socioambientais da Universidade Federal de

Goiás, como Requisito para a Obtenção do Título de

Mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Deus

Goiânia, outubro de 2017.

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do

Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

Silva, Uhallas Cordeiro Organização espacial e morfologia da cidade de Rubiataba-Goiás [manuscrito] / Uhallas Cordeiro Silva. - 2017. 144, CXLIV f.: il.

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Deus. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa), Programa de Pós-Graduação em Geografia, Goiânia, 2017. Bibliografia. Anexos. Inclui mapas, fotografias, abreviaturas, gráfico, tabelas, lista de figuras, lista de tabelas.

1. Rubiataba. 2. Espaço urbano. 3. Formação socioespacial. 4. Organização espacial. I. Deus, João Batista de , orient. II. Título.

CDU 911

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UHALLAS CORDEIRO SILVA

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E MORFOLOGIA DA CIDADE DE RUBIATABA-

GOIÁS

Dissertação apresentada ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia da

Universidade Federal de Goiás, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre

em Geografia, aprovada em 20 de outubro de 2017, pela Banca Examinadora constituída

pelos seguintes Professores:

PROF. DR. JOÃO BATISTA DE DEUS

Orientador e Presidente da banca

Universidade Federal de Goiás – Campus Samambaia

PROF. DR. ALEX TRISTÃO DE SANTANA

Membro externo

Instituto Federal Goiano – Campus Trindade

PROF. DR. RONAN EUSTÁQUIO BORGES

Membro interno

Universidade Federal de Goiás – Campus Samambaia

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Dedicatória

Dedico este trabalho ao meu pai Hamilton Cordeiro e minha mãe

Irani M. S. Cordeiro, que me apoiaram em todos os momentos, ao

meu irmão, a minha namorada Patrícia Paula, meus avós e todos os

familiares e amigos. Dedico também este trabalho a todos

Rubiatabenses, que merecem uma atenção especial neste trabalho,

pois são eles os elementos mais importantes desta cidade, tornando-a

um excelente local para consolidação da vida humana.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, que me deu forças permitindo que pudesse

efetuar e concluir este trabalho. Sou grato pela vida e pelas pessoas que fazem parte dela, mas

acima de tudo grato a Deus por me conceder tudo isso.

Agradeço ao meu pai Hamilton Cordeiro e minha mãe Irani M. S. Cordeiro,

juntamente com minha namorada Patrícia, que são pessoas que eu amo muito e que me

apoiaram de todas as formas, sendo eles responsáveis pelo apoio necessário a essa conquista,

devido sempre estarem presentes nos momentos mais difíceis, pois sem eles eu não

conseguiria ter chegado até o presente momento.

Quero agradecer em especial meu amigo Carlos Wanderley, pois dizem que “os

verdadeiros amigos são aqueles que aparecem nas horas mais difíceis de nossas vidas. ”

Agradeço pelas palavras de apoio, que foram importantes e me ajudaram organizar e

desenvolver este trabalho, mas também conselhos que me ajudaram a ser uma pessoa cada vez

melhor. Fica aqui o meu “muito obrigado”.

Ao meu orientador Prof. Dr. João Batista de Deus, pela confiança e por me passar

tranquilidade, permitindo que pudesse desenvolver minha proposta de projeto com segurança.

Obrigado pelas orientações e diálogos, que foram de fundamental importância na

concretização desta pesquisa e que tem me auxiliado em meu crescimento enquanto

profissional.

Agradeço ao professor Denis Castilho, por ser prestativo e atencioso, sempre se

dispondo a me ajudar em todos os momentos em que me deparei com algumas dificuldades,

me apresentando sugestões e sempre aberto a qualquer questionamento.

Agradeço aos professores Adriano Rodrigues de Oliveira e Ronan Eustáquio Borges

pelas importantíssimas considerações durante a Qualificação deste trabalho.

Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a construção

deste trabalho.

Muito obrigado!

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“O começo e fim estão em todo lugar. Um é imediatamente o outro

e, ao mesmo tempo, a sua negação. No ponto final (formal) de um

trabalho está a chave para um novo processo de investigação

científica. Não há conclusões terminadas, elaboradas, acabadas e,

sim questionamentos, interrogações, para que se avance

progressivamente na produção do conhecimento que não acaba

nunca. ”

(Lenyra Rique da Silva)

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RESUMO

Partindo do conceito de espaço urbano, compreende-se a articulação existente na organização

espacial da cidade de Rubiataba, buscando analisar de que forma estabelecem as relações

entre as suas partes, com a finalidade de sistematizar esse espaço. O principal objetivo será

analisar a formação e configuração do espaço urbano da cidade de Rubiataba através da sua

dinâmica socioespacial, a fim de compreender a lógica das relações existentes neste espaço

urbano quanto às suas particularidades. Tendo como ponto de partida a ideia de articulação de

partes dentro do espaço urbano, buscando compreender esse conjunto de relações, deverá se

caracterizar cada parte (setor) da cidade analisando sua forma e funcionalidade, na qual essa

análise resultará na compreensão da totalidade desse espaço urbano. Os procedimentos

metodológicos da pesquisa foram baseados em revisão e leitura bibliográfica, sendo realizado,

também, um levantamento de artigos, dissertações e teses sobre cidades médias e pequenas na

proposta de averiguar as metodologias relacionadas ao tema. Foi realizado também um

levantamento de dados oficiais referentes às instituições de serviços, à infraestrutura

produtiva, à dinâmica demográfica e ao sistema financeiro de Rubiataba junto aos órgãos

públicos desse município. Foram utilizados dados da Secretaria de Estado do Planejamento e

Desenvolvimento, e institutos como o IBGE, IPEA, IMB e Secretaria do Tesouro Nacional.

Foram aplicados questionários em instituições de saúde, educação, em órgãos públicos e

estabelecimentos do comércio varejista e realizadas entrevistas com autoridades locais,

secretários, comerciantes, trabalhadores, funcionários e estudantes. Foram realizados

questionários no comércio da cidade, casas agropecuárias, indústria no setor de estofados e

também na indústria de produção de álcool e açúcar, denominada Cooper Rubi e Agro Rubi.

O estudo aqui apresentado se encontra dividido em três capítulos delineando-se a partir do

objeto de estudo. No primeiro capítulo foram analisados os processos de formação territorial

de Rubiataba, sendo apontados os principais fatores de povoamento e de urbanização do

território goiano, as influências do governo de Getúlio Vargas com a política de Marcha para

o Oeste na formação do município de Rubiataba e os aspectos de povoamento nas origens do

município. No segundo capítulo, pretende-se destacar aspectos gerais deste município,

enfatizando os principais elementos territoriais de seu núcleo urbano, tais como órgãos

públicos de saúde e educação, além do comércio varejista, buscando compreender a atual

conjuntura socioespacial deste espaço urbano. Em seguida foi realizada uma discussão

envolvendo o espaço rural e urbano na cidade de Rubiataba com intuito de consolidá-la como

um espaço urbano, a partir de um embasamento teórico voltado ao entendimento desta cidade

enquanto um espaço urbano socialmente produzido. No terceiro capítulo, foram abordados

aspectos envolvendo a morfologia urbana da cidade e sua dinâmica socioeconômica,

analisando suas funcionalidades dentro do espaço intraurbano, no qual através de uma

minuciosa leitura e da própria pesquisa na cidade (entrevistas, observação, descrição e análise

deste espaço urbano), foi possível estabelecer características de sua organização espacial,

além de estabelecer o conjunto de influências estabelecidos por este município. E também,

será dedicado em último momento, uma breve caracterização do espaço e do sujeito,

enfatizando aspectos como o cotidiano, o lazer e a religiosidade, buscando compreender

algumas particularidades.

Palavras-chave: Rubiataba; Espaço urbano; Formação socioespacial; Organização espacial.

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ABSTRACT

Starting from the concept of urban space, it is understood the articulation existing in the

spatial organization of the city of Rubiataba, seeking to analyze how they establish the

relations between their parts, with the purpose of systematizing this space. The main objective

will be to analyze the formation and configuration of the urban space of the city of Rubiataba

through its socio-spatial dynamics, in order to understand the logic of the existing

relationships in this urban space as to its particularities. Having as a starting point the idea of

articulating parts within the urban space, seeking to understand this set of relations, each part

(sector) of the city should be characterized by analyzing its form and functionality, in which

this analysis will result in the comprehension of the totality of this space urban. The

methodological procedures of the research were based on review and bibliographical reading,

and a survey of articles, dissertations and theses on medium and small cities was also carried

out in the proposal to ascertain the methodologies related to the topic. A survey of official

data concerning the service institutions, the productive infrastructure, the demographic

dynamics and the financial system of Rubiataba was also carried out with the public agencies

of this municipality. Data from the State Department of Planning and Development and

institutes such as IBGE, IPEA, IMB and the National Treasury Secretariat were used.

Questionnaires were applied to health institutions, education, public agencies and retail

establishments, and interviews were conducted with local authorities, secretaries, traders,

workers, employees and students. Questionnaires were carried out in the city's commerce,

agricultural houses, industry in the upholstery sector and also in the alcohol and sugar

production industry, called Cooper Rubi and Agro Rubi. The study presented here is divided

into three chapters outlining the study object. In the first chapter the processes of territorial

formation of Rubiataba were analyzed, being pointed the main factors of population and

urbanization of the Goian territory, the influences of the Getúlio Vargas government with the

policy of March to the West in the formation of the municipality of Rubiataba and the aspects

of settlement in the origins of the municipality. In the second chapter, we intend to highlight

general aspects of this municipality, emphasizing the main territorial elements of its urban

nucleus, such as public health and education agencies, as well as the retail trade, seeking to

understand the current socio-spatial conjuncture of this urban space. Next, a discussion was

carried out involving the rural and urban space in the city of Rubiataba with the purpose of

consolidating it as an urban space, based on a theoretical foundation aimed at understanding

this city as a socially produced urban space. In the third chapter, aspects related to the urban

morphology of the city and its socioeconomic dynamics were analyzed, analyzing its

functionalities within the intraurban space, through a thorough reading and the own research

in the city (interviews, observation, description and analysis of this urban space ), it was

possible to establish characteristics of its spatial organization, in addition to establishing the

set of influences established by this municipality. Also, a brief characterization of space and

subject will be dedicated at the last moment, emphasizing aspects such as daily life, leisure

and religiosity, seeking to understand some particularities.

Keywords: Rubiataba; Urban space; Socio-spatial formation; Spatial organization.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - (a) Carga de Algodão, 1960 (Grande produção da época). (b) Carga de Café, 1962

(Costume de ir à Igreja, em agradecimento pela colheita). (c) Caminhão do Jorge Sírio,

carregado de café, 1965......................................................................................................45

Figura 2: Localização do Município de Rubiataba em Goiás e no Brasil.........................54

Figura 3: Localização do Município de Rubiataba-Go......................................................55

Figura 4 - Rubiataba: gráfico climático..............................................................................56

Figura 5 - Rio Novo............................................................................................................57

Figura 6 - a) horta comunitária; b) feira do agricultor........................................................60

Figura 7 - a) carroça em área central da cidade; b) leiteiro com motocicleta....................61

Figura 8: - Hospital Municipal Dr. Ubiratan Carneiro.......................................................67

Figura 9 - Alcance socioespacial dos serviços e infraestrutura do núcleo urbano de

Rubiataba...........................................................................................................................75

Figura 10 - Mapa dos setores/bairros de Rubiataba-GO....................................................88

Figura 11 – Crescimento do perímetro urbano de 1950 a 2016.........................................89

Figura 12 - Setor Centro: a) Igreja Catedral; b) Faculdade de Ciências e Educação de

Rubiataba (FACER); c) Supermercado popular; d) Banco do Brasil................................90

Figura 13 - Zona Central (Avenida Aroeira e Avenida Jatobá)......................................... 92

Figura 14 - Zona Pericentral (Avenida Saranhão e Avenida Tarumã).............................. 93

Figura 15 - Zona Periférica (setor Serrinha)..................................................................... 93

Figura 16 - Zona Periurbana..............................................................................................95

Figura 17 - Residências de famílias com melhor poder aquisitivo....................................98

Figura 18 - Lojas Centro....................................................................................................100

Figura 19 - Placa indicando Rubiataba como polo moveleiro no percurso da GO-434.... 103

Figura 20 – Indústria de móveis Estofados Solar..............................................................105

Figura 21 - Usina Sucroalcooleira de Rubiataba (Cooper-Rubi) ..................................... 107

Figura 22 - Plantações de cana-de-açúcar ao longo da rodovia GO-434 .........................110

Figura 23 - Praça dos Trabalhadores................................................................................117

Figura 24: Praça das Palmeiras.........................................................................................118

Figura 25 - Igrejas católicas na cidade de Rubiataba-Go..................................................122

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Pg.

Quadro 1 - Redes de ensino em Rubiataba, 2017.......................................................53

Tabela 1 – Educação: estatística municipal de Rubiataba (2000 a 2015)...................70

Quadro 2 - Lista de igrejas registradas em Rubiataba...............................................120

LISTA DE GRÁFICOS

Pg.

Gráfico 1 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Rubiataba, Goiás e

Brasil (1991, 2000 e 2010)..............................................................................................73

Gráfico 2 – Produto Interno Bruto do município de Rubiataba, 2014 (Valor

Adicionado)................................... ........................................................ 76

Gráfico 3 - Número de alunos por cidade na FACER.................................................... 91

Gráfico 4 - Produção total de álcool na Cooper Rubi (Safras de 1986 a 2007)..............109

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LISTA DE ABREVIATURAS

AABB – Associação Atlética Banco do Brasil

AEE - Associação Educativa Evangélica

CANG – Colônia Agrícola Nacional de Goiás

CENTROLEITE - Cooperativa Central de Laticínios de Goiás

CESUR - Centro de Ensino Superior de Rubiataba

CIBRAZEM - Companhia Brasileira de Armazenamento

COOPER AGRO – Cooperativa Regional Agroindustrial de Rubiataba

CSA – Centro Social de Aprendizagem

DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

EJA - educação de jovens e adultos

FACER – Faculdade de Ciências e Educação de Rubiataba

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IGC - Índice Geral de Cursos

IFG – Instituto Federal Goiano

IMB – Instituto Mauro Borges

FJP - Fundação João Pinheiro

MDF- Medium Density Fiberboard

MDP- Medium Density Particleboard

MEC - Ministério da Educação

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SAMAR – Sociedade Assis do Menor Abandonado de Rubiataba

SICOOB – Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil

SINASC - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos

SUS – Sistema Único de Saúde

UNOPAR – Universidade Norte do Paraná

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Sumário

RESUMO ................................................................................................................................. 10

ABSTRACT ............................................................................................................................ 11

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. 12

LISTA DE QUADROS E TABELAS ................................................................................... 13

LISTA DE GRÁFICOS ......................................................................................................... 13

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................... 14

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 17

CAPÍTULO I – A FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DE RUBIATABA ............................... 24

1.1 O ponto de partida: breves considerações sobre povoamento e urbanização do

território goiano para uma análise de formação socioespacial. ......................................... 27

1.2 As influências do Governo de Getúlio Vargas com a política de Marcha para o Oeste

na formação do município de Rubiataba ........................................................................... 35

1.3 Os aspectos de povoamento nas origens do município de Rubiataba ........................ 43

CAPÍTULO II – O ESPAÇO URBANO DE RUBIATABA E SUA DINÂMICA

SOCIOESPACIAL ATUAL .................................................................................................... 52

2.1 A cidade de Rubiataba e os aspectos gerais desse município ..................................... 52

2.2 Rubiataba: rural ou urbano? ........................................................................................ 57

2.3 Os serviços do núcleo urbano de Rubiataba: órgão públicos, saúde e educação. ....... 65

2.3.1 Os serviços de saúde ................................................................................................ 66

2.3.2 Os serviços de Educação ......................................................................................... 68

2.4 O sentido socioespacial dos serviços em Rubiataba.................................................... 74

CAPÍTULO III – MORFOLOGIA URBANA, CENTRALIDADE E DINÂMICA

SOCIOECONÔMICA DE RUBIATABA ............................................................................... 79

3.1 Organização espacial e morfologia do espaço intraurbano de Rubiataba ................... 79

3.2 Centralidade, funcionalidade e dinâmica socioeconômica do município .................. 96

3.2.1 Comércio varejista e casas agropecuárias ............................................................. 100

3.2.2 A indústria moveleira ............................................................................................ 102

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3.2.3 A indústria sucroalcooleira .................................................................................... 106

3.3 Particularidades do espaço e do sujeito em Rubiataba ............................................. 113

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 126

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 131

ANEXOS ............................................................................................................................... 138

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem por objetivo estudar o processo de formação e dinâmica

socioespacial da cidade de Rubiataba, que ao longo do tempo tem sido motivo de observação

e interesse por parte de algumas empresas que se instalaram nesta cidade, sendo estas

juntamente com outros fatores, os fatores responsáveis pela produção do espaço urbano nesta

localidade.

Mais especificamente, trata-se de uma questão sobre o espaço urbano, que em razão de

sua complexidade, permeada pela caracterização social, possuem contradições que precisam

ser analisadas para se entender como o mesmo funciona, levando em conta a sua

materialização em nível de um sistema local e, por conseguinte, suas implicações na lógica do

sistema global.

Não obstante, não se deve esquecer do conjunto de ações que determinam esse

processo de formação socioespacial, que neste caso busca distinguir o nível de ocorrência dos

eventos tendo como plano de fundo os ditames da globalização e as implicações do capital. O

foco principal é buscar caracterizar e compreender o espaço urbano em Rubiataba quanto a

sua formação, organização e particularidade.

O presente tema tem como recorte espacial a cidade de Rubiataba, no qual o recorte

temporal envolve desde o surgimento do povoado na década de 1950, colocando alguns

pontos importantes que ocorrem a partir dessa datação, visando analisar a dinâmica da cidade

na contemporaneidade, buscando compreender como esse território foi sendo estruturado ao

longo de sua formação.

Pretende-se com esta pesquisa, então, aprofundar e buscar informações

especificamente sobre o processo de ocupação e exploração do espaço viabilizando meios que

favoreçam o fornecimento de informações que possam subsidiar a análise geográfica.

A análise dos dados da pesquisa será feita numa perspectiva de reflexão crítica, que

associado à fundamentação teórica, servirá de instrução para o desenvolvimento do trabalho

de campo. Essa delimitação do tema surgiu em razão de alguns condicionantes importantes,

tais como: fundamentação teórica, relevância do tema e sua aplicabilidade.

Rubiataba, assim como outros municípios da região do Vale do São Patrício, teve um

processo de formação a partir de um determinado tempo histórico, que teve início em 1930

com a política de Marcha para o Oeste, e se intensificou com a formação do município no

início da década de 1950, desenvolvendo-se de maneira paralela aos munícipios de seu

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entorno. A cada período histórico a partir do momento em que começou a se estabelecer o

povoamento do município, este foi adquirindo características e influências advindas

principalmente dos migrantes que ali foram se instalando.

Um dos incentivos do governo para a formação do Município de Rubiataba fez parte

da campanha de desenvolvimento, urbanização e exploração do território goiano, no caso,

mais especificamente na região em que se localiza Rubiataba, que faz parte do Centro Goiano,

pertencendo à microrregião de Ceres.

A presente pesquisa baseia-se num primeiro momento, em informações empíricas, no

que tange os estudos relativos às categorias de classificação em cidades pequenas e médias, e

que estão ligadas à problemática das transformações sofridas no espaço por meio de

influências que envolvam a dinâmica social e do capital. É importante destacar também,

alguns fatores importantes que contribuem para a compreensão dessa problemática, tais como

os fatores socioeconômicos, socioculturais e socioespaciais.

A escolha dessa pesquisa se deve à necessidade de uma análise mais detalhada sobre

os fenômenos e eventos no espaço urbano de Rubiataba, sendo preciso ir além da simples

percepção da sua materialidade, buscando então compreender o conjunto de influências que

está inserido neste processo, como por exemplo, a valorização daquele espaço, as relações

sociais e diversos outros elementos, sempre ligados ao capitalismo.

A primeira parte da análise é definir no contexto histórico o perfil da cidade, ou seja,

descrevê-la ressaltando suas características, pois toda cidade tem uma especificidade de

formação, na qual, sua configuração espacial atual é resultado de elementos associados à sua

formação, sempre moldados às exigências da lógica atual, como afirma Castilho: “A

configuração do sistema urbano de um território, como o goiano, segue uma lógica. Na

contemporaneidade, o mercado tem sido fator determinante nesta configuração. E ainda

relevante nesse processo, é a formação de cada localidade. ” (2007, p. 65).

A formação socioespacial de Rubiataba revela como esse espaço constituiu-se ao

longo do processo histórico, levando em consideração suas determinadas particularidades,

sendo construído e reconstruído por uma determinada sociedade. Enfocar essa categoria é

essencial principalmente na busca da interpretação e compreensão do espaço, revelando a

forma como se configura a sua dinâmica socioespacial.

As sociedades humanas encontram-se num processo de reconstrução do espaço

herdado das gerações precedentes, que se realiza através das diversas instâncias da produção.

Para Santos (1986), o espaço humano é aquele transformado pelo movimento de uma história

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feita em diferentes níveis (internacional, nacional, local), descrevendo que a sociedade não

seria reconhecida apenas como agente transformador, em seu diálogo com a natureza

transformada, mas também como um de seus resultados. Para melhor compreensão dessa

questão surge o conceito de formação socioespacial, que parece ser o mais adequado a uma

tarefa dessa natureza.

Santos (1986) aponta que as formações sociais nascem das desigualdades das forças

produtivas e das transformações que ocorrem nas relações sociais, porém essas ações se

concretizam espacialmente, por causa das formações sociais não se realizarem de nenhuma

maneira fora do espaço. “A ciência geográfica assim revivificada seria a disciplina das

formações sócio-econômico-espaciais, ou, para abreviar formações sócio-espaciais.”

(SANTOS, 1986, p. 196).

A cidade de Rubiataba é dotada de uma significação particular a cada momento

histórico, que depende tanto das necessidades concretas de realização da formação social

quanto das características locais, e o uso desse espaço num momento revela suas condições.

“O movimento do espaço, isto é, sua evolução, é ao mesmo tempo um efeito e uma condição

do movimento de uma sociedade global. ” (SANTOS, 1982, p. 16). Diante da impossibilidade

de se criar novas formas ou a renovação das formas antigas, as determinações sociais se

adaptam a essas restrições impostas pela lógica global vigente e que atendem aos interesses

do capital. As formas atribuem à possibilidade de tornar-se um conteúdo abstrato em

conteúdo real e concreto, no qual, a forma adquire uma função cedida pelo conteúdo, e as

modificações da forma-conteúdo são determinadas pelo modo de produção, tal como ele se

realiza na formação social.

A análise do conceito de formação socioespacial encontra-se estruturada no estudo

sobre a configuração do espaço urbano em Rubiataba, sendo possível dizer que a evolução da

formação social desta cidade está condicionada pela organização do espaço, e de que temos as

diferenciações dos lugares como sendo resultado do arranjo espacial dos modos de produções

particulares.

As principais contribuições desta pesquisa possuem relevâncias sociais como a de

possibilitar uma melhor compreensão da dinâmica econômica e social da cidade de Rubiataba,

permitindo assim contribuir para novas formas de pensar e repensar esse território, atribuindo

subsídios que favoreçam o planejamento e infraestrutura urbana, podendo auxiliar na

elaboração de políticas públicas que envolvam o município. E também possuem relevâncias

científica e acadêmica, tendo em vista que essa pesquisa poderá servir como base acadêmica

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em futuras pesquisas que envolvam a temática, no fornecimento de referenciais teórico-

metodológicos que fomentem estudos sobre pequenas cidades, principalmente no que se

refere ao contexto do território goiano, e principalmente porque essa pesquisa irá possibilitar a

descoberta de novos conhecimentos no domínio científico.

A ideia principal desta parte é evidenciar as respostas obtidas pela pesquisa e elencar

novos questionamentos que ficam para futuras pesquisas. Também, desperta questões acerca

do futuro das cidades pequenas, de modo geral, e das cidades na área de estudo.

Não é objeto dessa pesquisa encerrar essa temática sobre a dinâmica do espaço urbano

de Rubiataba, pretendendo-se além de levantar o seu perfil como início do processo de

pesquisa, mostrando como a cidade se desenvolveu economicamente, quais as razões desse

desenvolvimento e a quem serve.

Para início do estudo envolvendo o espaço urbano de Rubiataba, no que se refere a sua

dinâmica socioespacial, verifica-se a variabilidade de elementos que possam subsidiar a

análise geográfica, sendo necessário ressaltar apenas três, que vão configurar a presente

pesquisa sendo eles: as formas urbanas, os indivíduos que ali configuram suas relações sociais

e as empresas que ali se instalaram e que determinam as forças produtivas da cidade. A partir

da observação desses elementos surgem problematizações que nortearam esta pesquisa, tais

como: O que fundamenta a dinâmica socioespacial de Rubiataba dentro do atual contexto do

território goiano? Levando em consideração que o território está em movimento

(Santos,1996) e buscando compreendê-lo a partir de seus elementos, surgem os seguintes

questionamentos: quais são as principais forças produtivas atuantes em Rubiataba, e como as

relações sociais influenciam as formas espaciais? De que maneira aparecem a renovação ou

adaptação das formas urbanas que são reinseridas em Rubiataba através das lógicas sociais e

econômicas vigentes? Qual o papel de Rubiataba na atual divisão territorial do trabalho e de

que maneira a dinâmica cultural e a formação do sujeito ali se constituem?

É imprescindível, antes de iniciar a pesquisa, fazer algumas reflexões sobre a questão

da formação da cidade visando compreender suas particularidades dentro do processo

histórico. Ao optar por este espaço urbano como unidade de análise, serão consultados alguns

autores que abordam a questão da leitura socioespacial de pequenos municípios, além das

contradições do espaço e suas transformações.

Ao adentrar no desenvolvimento da temática percebe-se que é possível obter

resultados. Tendo como ponto de partida a análise do conjunto de diferenciações da paisagem,

tem-se como resultado características das desigualdades sociais refletidos nesta.

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Observando a morfologia da cidade é possível afirmar que um dos principais fatores

que compõem a heterogeneidade do espaço urbano são as disparidades sociais geradas pela

lógica da economia global atual, que tem como veículo atender as necessidades do capital,

sendo necessário verificar de que maneira ela atua nesta localidade.

O que se pode obter, então, é uma gama de elementos fundamentais na incorporação

da estrutura deste espaço, o que explica de uma forma determinada a dinâmica socioespacial

de Rubiataba atualmente.

Na presente proposta de pesquisa, verificou-se, mesmo que empiricamente, a

possibilidade de se obter resultados em face da presença dos indicativos apresentados no

objeto de pesquisa.

Sendo assim, a constatação dessas condições é que possibilitou a direção nesse rumo

como proposta de oferecer academicamente os resultados indicados. Não, é então, pretensão

solucionar todos os problemas desse trabalho, mas oferecer o que há de melhor nessa

produção.

A pergunta central que norteia o objetivo geral dessa pesquisa é a seguinte: o que

fundamenta a dinâmica socioespacial de Rubiataba dentro do atual contexto do território

goiano? Ou seja, de que maneira as variáveis externas existem em Rubiataba e de que modo

esse núcleo urbano se dinamiza no contexto contemporâneo?

Partindo destes questionamentos, o objetivo desta pesquisa é analisar a formação e

configuração do espaço urbano da cidade de Rubiataba através da sua dinâmica socioespacial,

com a finalidade de compreender a lógica das relações existentes neste espaço urbano quanto

às suas particularidades. A presente pesquisa tem como foco: a análise do processo histórico

da cidade; compreensão das formas e funções desse espaço urbano; e buscar definir a lógica

de ações do sujeito social principalmente no que tange a produção daquele espaço em

específico, sempre ressaltando as influências de fatores externos diretamente ligados ao

processo de globalização.

Há a intenção ainda de verificar a forma como as disparidades sociais influenciam na

dinâmica do espaço e nas características da população, que muitas vezes, não tem condições

de arcar com as despesas e assumem compromissos só para entrarem no padrão que o

mercado impõe sobre essas pessoas.

O estudo aqui apresentado se encontra dividido em três momentos delineando-se a

partir do objeto de estudo. No primeiro capítulo, serão analisados os processos de formação

socioespacial de Rubiataba, sendo apontados os principais fatores de povoamento e de

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urbanização do território goiano, as influências do governo de Getúlio Vargas com a política

de Marcha para o Oeste na formação do município de Rubiataba e os aspectos de povoamento

nas origens do município.

No segundo capítulo, pretende-se destacar aspectos gerais deste município,

enfatizando os principais elementos territoriais de seu núcleo urbano, tais como órgãos

públicos de saúde e educação, além do comércio varejista, buscando compreender a atual

conjuntura socioespacial deste espaço urbano. Em seguida será realizada uma discussão

envolvendo o espaço rural e urbano na cidade de Rubiataba com intuito de consolidá-la como

um espaço urbano, a partir de um embasamento teórico voltado ao entendimento desta cidade

enquanto um espaço urbano socialmente produzido.

No terceiro capítulo, serão abordados aspectos envolvendo a morfologia urbana da

cidade e sua dinâmica socioeconômica, analisando suas funcionalidades dentro do espaço

intraurbano, no qual através de uma minuciosa leitura e da própria pesquisa na cidade

(entrevistas, observação, descrição e análise deste espaço urbano), será possível estabelecer

características dessa morfologia e a centralidade de Rubiataba, além de estabelecer o conjunto

de influências estabelecidos por este munícipio. E também, será dedicado em último

momento, uma breve caracterização do espaço e do sujeito, enfatizando aspectos como o

cotidiano, o lazer e a religiosidade, visando compreender algumas particularidades.

Os procedimentos metodológicos da pesquisa foram baseados em revisão e leitura

bibliográfica, sendo realizado, também, um levantamento de artigos, dissertações e teses sobre

cidades médias e pequenas na proposta de averiguar as metodologias relacionadas ao tema.

Foi realizado também um levantamento de dados oficiais referentes às instituições de

serviços, à infraestrutura produtiva, à dinâmica demográfica e ao sistema financeiro de

Rubiataba junto aos órgãos públicos desse município. Foram utilizados dados da Secretaria de

Estado do Planejamento e Desenvolvimento, e institutos como o IBGE, IPEA, IMB e

Secretaria do Tesouro Nacional. Foram aplicados questionários em instituições de saúde,

educação, em órgãos públicos e estabelecimentos do comércio varejista e realizadas

entrevistas com autoridades locais, secretários, comerciantes, trabalhadores, funcionários e

estudantes. Foram realizados questionários no comércio da cidade, casas agropecuárias,

indústria no setor de estofados e também na indústria de produção de álcool e açúcar,

denominada Cooper Rubi e Agro Rubi.

Além disso, foram extraídas informações de endereços eletrônicos; formulários e

questionários para levantarem opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas e

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situações vivenciadas. E também foram consultadas pesquisas documentais, e que envolvem:

recenseamentos, arquivos e dados de registros, essenciais numa investigação histórica e na

descrição e comparação de fatos sociais.

E por fim, não excedendo muito à área a ser pesquisada, verificar os resultados desta

forma de ocupação com pesquisa e coleta de dados junto à população local. E ainda, será

trabalhada uma bibliografia básica levando em consideração os conceitos teóricos em torno

do assunto.

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CAPÍTULO I – A FORMAÇÃO SOCIOESPACIAL DE RUBIATABA

A cidade de Rubiataba assim como as demais do Estado de Goiás, está inserida dentro

de um conjunto de processos históricos que através das transformações efetivadas ao longo do

tempo, remontam sua configuração espacial atual, sendo necessário verificar a procedência

desses processos com a finalidade de sistematizar e compreender a complexidade do espaço

urbano na sua lógica de organização espacial de procedência atual.

O processo histórico é marcado por períodos de transição ocorrendo mudanças de

tempos, resultando em momentos de ruptura da continuidade histórica, sendo a Globalização

um momento de ruptura nos dias de hoje, responsável por reflexões teóricas que buscam

compreendê-la. “Diferentes em suas análises, essas reflexões são unânimes ao apontar para o

tempo como a categoria de análise fundamental para a compreensão do momento atual. ”

(ABREU, 2011, p.20-21).

Buscar remir o tempo histórico de Rubiataba analisando seu processo de formação

socioespacial permitirá resgatar momentos urbanos e formas espaciais não mais existentes,

podendo-se dizer então, que ao iniciar-se o estudo sobre uma cidade na sua configuração

atual, torna-se necessário primeiramente resgatar sua história em particular.

[...] é indispensável que, além da História Urbana e da História da Cidade,

fundamentais para que possamos contextualizar os processos sociais no

tempo e no espaço, recuperemos também a história daquela determinada

cidade, sendo esta mais do que a soma das duas primeiras. Ela é a síntese de

como aquelas duas histórias se empiricizaram, como materialidade e como

ação humana, não no espaço geográfico em geral, mas naquele lugar.

(ABREU, 2011, 32).

A formação socioespacial de Rubiataba revela como esse espaço constituiu-se ao

longo do processo histórico, levando em consideração suas determinadas particularidades,

sendo construído e reconstruído por uma determinada sociedade. Enfocar essa categoria é

essencial principalmente na busca da interpretação e compreensão sobre o viés de análise do

espaço urbano de Rubiataba, revelando a forma como se configura a sua dinâmica

socioespacial.

Quando recorremos ao conceito de formação socioespacial, estamos referindo a

produção do espaço pela sociedade, não reduzindo-se apenas à sua materialidade, inserindo

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também um conjunto de interesses e ações que estão interligados à lógica de todo processo

existente.

De acordo com Souza (2013), existem diferenças na utilização dos conceitos

socioespacial e sócio-espacial. O primeiro, sem o hífen, estaria ligado diretamente ao espaço

no seu sentido material e que o evidencia como social, não fazendo referência direta com as

relações sociais de produção deste espaço. O segundo, com o hífen, estaria ligado não

somente à questão material do espaço, mas levaria em conta o conjunto de relações sociais

existentes. “É necessário interessar-se pela sociedade concreta, em que as relações sociais e

espaço são inseparáveis, mesmo que não se confundam. ” (SOUZA, 2013, p. 16). Neste caso,

além da materialidade, outro fator importante a se considerar será o conjunto de interações no

marco de uma espacialidade determinada.

As sociedades humanas encontram-se num processo de reconstrução do espaço

herdado das gerações precedentes, que se realiza através das diversas instâncias da produção.

Para Santos (1986), o espaço humano seria aquele transformado pelo movimento de uma

história feita em diferentes níveis (internacional, nacional, local), na qual a sociedade não

seria reconhecida apenas como agente transformador, em seu diálogo com a natureza

transformada, mas também com um de seus resultados. Para melhor compreensão dessa

questão surge o conceito de formação socioespacial, que parece ser o mais adequado a uma

tarefa dessa natureza.

As formações sociais nascem das desigualdades das forças produtivas e das

transformações que ocorrem nas relações sociais, porém essas ações se concretizam

espacialmente, por causa das formações sociais não se realizarem de nenhuma maneira fora

do espaço. “A ciência geográfica assim revivificada seria a disciplina das formações sócio-

econômico-espaciais, ou, para abreviar formações sócio-espaciais.” (SANTOS, 1986, p. 196).

Ao se falar em formação social, também se pode falar em formação socioeconômica, e

temos as categorias modo de produção, formação social e espaço, como sendo

interdependentes, nas quais, Santos ressalta:

Modo de produção, formação social, espaço – essas três categorias são

interdependentes. Todos os processos que, juntos, formam o modo de

produção (produção propriamente dita, circulação, distribuição, consumo)

são histórica e espacialmente determinados num movimento de conjunto, e

isto através de uma formação social. (SANTOS, 1982, p. 14).

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Segundo Santos (1986), é indispensável uma distinção entre modo de produção e

formação social. O modo de produção é responsável pelo valor das formas, inclusive as

formas geográficas, no que tange sua sucessão temporal. “A noção de formação social nos

oferece a possibilidade de interpretar a acumulação e a superposição das formas, a paisagem

geográfica inclusive. ” (SANTOS, 1986, p. 198).

A cidade de Rubiataba é dotada de uma significação particular a cada momento

histórico, que depende tanto das necessidades concretas de realização da formação social

quanto das características locais, nas quais, o uso desse espaço num momento revela as

condições do momento. “O movimento do espaço, isto é, sua evolução, é ao mesmo tempo

um efeito e uma condição do movimento de uma sociedade global. ” (SANTOS, 1982, p. 16).

Diante da impossibilidade de se criar novas formas ou a renovação das formas antigas, as

determinações sociais se adaptam a essas restrições. As formas atribuem a possibilidade de

tornar-se um conteúdo abstrato em conteúdo real e concreto, no qual, a forma adquire uma

função cedida pelo conteúdo, em que as modificações da forma-conteúdo, são determinadas

pelo modo de produção, tal como ele se realiza na formação social. Sobre essa questão das

formas espaciais Santos acrescenta o seguinte:

Cada combinação de formas espaciais e de técnicas correspondentes

constitui o atributo produtivo de um espaço, sua virtualidade e sua limitação.

A função da forma espacial depende da redistribuição, a cada momento

histórico, sobre o espaço total da totalidade das funções que uma formação

social é chamada a realizar. Esta redistribuição-relocalização deve tanto às

heranças, notadamente o espaço organizado, como ao atual, ao presente,

representado pela ação do modo de produção ou de um dos seus momentos.

(SANTOS, 1982, p. 16).

A análise do conceito de formação socioespacial encontra-se estruturada no

estudo sobre a configuração do espaço urbano de Rubiataba, no qual podemos dizer que a

evolução da formação social desta cidade está condicionada pela organização do espaço, e de

que temos as diferenciações dos lugares como sendo resultado do arranjo espacial dos modos

de produção particulares.

O espaço é composto por um conjunto de temporalidades diferenciadas resultando de

um conjunto de processos históricos que ocorreram e que ocorrem dentro de uma história

concretizada. A essência do espaço é social, portanto, os processos sociais constituem-se de

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um conjunto de forças que atuam ao longo do tempo, permeando a dinâmica e o conjunto de

atividades que a população estabelece sobre o processo urbano. Através disso, percebe-se o

quanto o espaço urbano é complexo variando em sua escala de análise.

Buscando uma verificação histórica da cidade de Rubiataba, este capítulo destina-se a

analisar seu processo de formação socioespacial ao longo do tempo, dividindo-o em três

momentos a partir da delimitação do recorte temporal. No primeiro momento serão

ressaltadas as principais características de povoamento e urbanização das cidades goianas que

variaram ao longo do processo de territorialização deste Estado. No segundo momento serão

analisadas as influências do governo de Getúlio Vargas com total destaque à sua política da

Marcha para Oeste a partir da década de 1930, iniciando-se a partir deste período um

importante processo de ocupação e expansão territorial não apenas no Estado de Goiás, mas

também de todo território nacional. Por último neste capítulo, será ressaltado em particular o

processo de formação da cidade de Rubiataba e seus principais fatores dentro da análise

socioespacial.

1.1 O ponto de partida: breves considerações sobre povoamento e urbanização do

território goiano para uma análise de formação socioespacial.

Estudar os aspectos de povoamento e urbanização de Rubiataba antes de qualquer

coisa requer uma contextualização partindo de uma análise do seu processo histórico,

principalmente no que se diz respeito a sua formação e consolidação territorial. Para isso não

se pode negar as particularidades envolvendo a realização desse processo. Antes de adentrar

nelas é preciso fazer uma contextualização de maneira geral, mas breve, da própria história de

formação do território goiano.

O território goiano hoje se constitui em seu âmbito regional sobre o que antes era

predominantemente território indígena, povos esses que ali viviam (e muitos ainda continuam

vivendo) antes do início do processo de colonização. Diversas dessas tribos e povos se

estabeleciam e se deslocavam de forma regular por todo o território e muitos desses acabaram

sendo exauridos devido às guerras e batalhas que ocorreram com a chegada de colonizadores

e invasores. Dentre os vários povos, e muitos ainda prevalecem nos dias atuais, Gomes,

Teixeira Neto e Barbosa afirmam:

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[...] podemos afirmar que o sul da antiga Capitania de Goiás era o espaço

privilegiado dos Kaiapó e dos Goyá, o norte era domínio dos Apinagé, dos

Xambioá, dos Xerente, dos Krahô, dos Akroá e dos Xekriabá. Os Karajá se

estabeleceram no baixo do Rio Vermelho e nas margens do Araguaia, a aí

vivem há mais de mil anos. (2004, p. 49).

Além desses citados pelo autor existem também vários outros. Na região em que se

localiza o município de Rubiataba e também próxima ao município de Nova América,

viveram os índios Tapuias, que ainda podem ser encontrados no município hoje concentrados

numa reserva indígena situado próxima a esses municípios. Em 1998, essa reserva contava

com uma estimativa de oitenta índios. Os índios dessa aldeia recebem assistência da Fundação

Nacional do Índio (FUNAI), da prefeitura municipal de Rubiataba, principalmente nas áreas

de educação e saúde, e também conta com a participação do departamento religioso da

diocese de Rubiataba. Esses índios perderam boa parte de sua cultura, tradições e idioma,

porém, mesmo com a influência e caracterização advindas de outras culturas responsáveis por

essas mudanças na tribo ao longo do tempo marcado pelo processo de territorialização do

estado de Goiás, é possível perceber ainda alguns valores sendo conservados.

Devido às desigualdades de forças existentes, os indígenas não tiveram como impedir

a instalação do território institucional da Capitania de Goiás. “Em 1744, Goiás se separou da

Capitania de São Paulo, mas somente em 1748, pela Provisão Régia de 2 de agosto, é que

foram precariamente estabelecidos seus limites” (GOMES, TEIXEIRA NETO e BARBOSA,

2004, 2 ed., p. 49).

A partir desse período deu-se o início do processo de disputas e definições fronteiriças

dos limites da Capitania de Goiás com outras Capitanias acarretando perdas territoriais para as

mesmas, nas quais, conforme a apreciação de Gomes, Teixeira Neto e Barbosa, temos que:

As perdas territoriais da antiga Capitania de Goiás – para Mato Grosso e

Mato Grosso do Sul estão sendo computados mais de 160 mil quilômetros

quadrados, para Minas Gerais, foi o atual Triângulo Mineiro e mais “ajustes”

menores – totalizam cerca de 250 mil quilômetros quadrados, sem contar

com a criação do estado do Tocantins, conforme podemos constatar nos

mapas sobre a evolução das fronteiras do Brasil e de Goiás–Tocantins.

(2004, p. 52).

O fato de o território goiano se localizar numa posição central no território brasileiro

facilita a relação e o contato com as outras regiões do Brasil, no qual, antes em decorrência do

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poder centralizado no litoral, essa localização foi bastante prejudicial em função do

isolamento da capitania. Porém essa localização hoje é muito benéfica devido à capacidade do

território em receber excedentes populacionais advindos de outros estados brasileiros, no qual

esse contato com outros territórios intensificou o fluxo migratório a partir dos anos de 1930-

1940.

As bandeiras remontam processos históricos que marcaram a formação do Brasil e de

Goiás, principalmente no que se refere às conquistas das dimensões territoriais. O

bandeirismo interfere na caracterização da sociedade nacional durante o período colonial até o

presente, transcendendo a sua realidade histórica. “[...] a mobilidade, por meio do espaço,

fixou não só as bases territoriais, como também determinou o desenvolvimento histórico e a

evolução social para além do tempo das bandeiras. ” (SOUZA, 1997, p. 41). Durante o

período entre o século XVI e XVIII, através da ação bandeirante é que se data a conquista do

território brasileiro.

O período que se estende do século XVI ao XVIII data a conquista do

patrimônio geográfico brasileiro sob a ação das expedições bandeirantes,

que, em suas diversas formas de organização, objetivos, seriam o movimento

coletivo de expansão da sociedade colonial avançando além dos núcleos de

povoamento situados na costa. (SOUZA, 1997, p. 41).

Desde o primeiro século de colonização do Brasil, diversas bandeiras percorreram

parte do território atual goiano, que organizadas na Bahia, centro da colonização, eram de

caráter oficial, na busca de riquezas minerais ou de empresas comerciais particulares, ligadas

ao processo de captura dos índios. Há notícias de documentadas pelo menos 16 bandeiras em

Goiás a partir do ano de 1630.

Outra expedição desse período, além das bandeiras eram as “descidas”, concernentes

aos jesuítas que vinham para Goiás do Pará, descendo através do Rio Tocantins, o que explica

o nome dessa expedição, e que buscavam índios para as aldeias de aculturação indígena na

Amazônia.

Tanto os bandeirantes como os jesuítas, nesse período não vinham para fixar-se e

estabelecer povoações, isso em razão de interesses aos quais o território goiano estava

submetido no momento, faltando ainda algum fator que pudesse influenciar esse processo de

fixação e de povoamento.

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Com o descobrimento de ouro em Minas Gerais em 1690 e em Mato Grosso em 1718,

se estabeleceu aí o argumento para a busca de ouro em Goiás devido este se situar entre os

dois Estados. Deu-se o início da expedição da bandeira liderada por Bartolomeu Bueno da

Silva, conhecido como “Anhanguera”, sendo este considerado o primeiro a vir a Goiás com

intenção de fixar-se no território, tendo como ponto de partida a descoberta de ouro no Rio

Vermelho. “A primeira região ocupada foi a do rio Vermelho, onde se fundou o arraial de

Sant’ Anna, que depois seria chamado Vila Boa, e, mais tarde, cidade de Goiás, sendo durante

200 anos a capital do território. ” (PALACÍN,1994, p. 11).

As povoações eram instáveis, irregulares e sem planejamento, e a duração de uma

garimpagem podia determinar a duração de um povoado. Durante o século XVIII, três zonas

povoaram-se com maior densidade; a primeira situada no centro-sul do estado, a segunda

situada no Tocantins próximo ao Maranhão e a terceira localizada entre o Tocantins e os

chapadões dos limites com a Bahia. Além dessas zonas, ocorreram vários arraiais isolados no

Estado.

O resto do território goiano, dois terços pelo menos do atual estado de Goiás,

ficava ainda sem nenhuma povoação: o sul e o sudeste, todo o Araguaia e o

norte, desde Porto Nacional, até o Estreito. A ocupação humana destas zonas

processar-se-ia com a extensão da pecuária e da lavoura, durante os séculos

XIX e XX. (PALACÍN, 1994, p.12-13).

Em relação ao processo de povoamento há evidências de que “o território de Goiás-

Tocantins se povoou de populações de migrantes que, em ondas sucessivas, ocuparam e

colonizaram seu espaço geográfico – o antigo e o atual” (GOMES, TEIXEIRA NETO e

BARBOSA, 2004, p. 59). Os principais migrantes vieram do Maranhão e Minas Gerais,

correspondendo a mais da metade dos migrantes entre os anos de 1940 e 1960.

A atividade agropastoril foi o fator mais importante desse processo de povoamento, e

além desse, diversos outros fatores também contribuíram e foram preponderantes para tal

configuração, dentre os quais os mais significativos, segundo Gomes, Neto e Barbosa foram:

a corrida do ouro, nos tempos coloniais – séculos XVII; a agropecuária

tradicional a que nos referimos, que à mineração deu sustentação

abastecendo as minas e a ela substituiu como principal atividade econômica,

nos séculos XIX e XX; a colonização espontânea e oficial em zonas

pioneiras tanto de Goiás quanto do Tocantins, nas primeiras décadas do

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século XX; a garimpagem de pedras preciosas e de cristal de rocha, nos anos

1940 e 1950; os caminhos, os que abriram passagem no início da

colonização – séculos XVIII e XIX, e os que, hoje, dão sustentação à

articulação espacial do território; a expansão recente da fronteira agrícola

baseada nas culturas da soja e da cana-de-açúcar e na pecuária melhorada em

imensas propriedades rurais de alta tecnologia e modernização. (2004, p.

59).

Muitos foram os fatores que contribuíram para o povoamento do território goiano, que

além dos já citados podem-se colocar diversos outros como: os postos aduaneiros e de

fiscalização que se localizavam nas regiões fronteiriças; os postos de policiamento e vigia do

território; pousos de tropas e boiadas; e aldeamentos. Além desses, outros comparecem de

maneiras bem particulares e isoladas, tendo que se levar em consideração suas

especificidades.

O surgimento das cidades goianas, e sua consequente urbanização, devem-se aos

mesmos fatores geográficos e históricos de povoamento. Dentre os principais fatores que

tiveram papel importante nesse processo podem ser mencionados alguns deles e que foram de

fundamental importância neste processo, tais como: a mineração, a atividade agropastoril, as

estradas (antigas e atuais) e também as ferrovias.

No período colonial, durante a corrida do ouro que vai de 1722 a 1822, ocorreram

formações de diversos núcleos urbanos concentrados nos locais de garimpo, no qual o

desenvolvimento desses aglomerados dependia da duração e fartura da garimpagem. Isso

acarretou constantes povoamentos e despovoamentos em dependência do ouro.

Esses aglomerados possuíam uma precária infraestrutura, na qual a maioria era

desprovida de qualquer conforto, não possuindo qualidades no que se poderia chamar de

“urbano”. Em decorrência disso muitos desses aglomerados não resistiram por muito tempo, e

hoje já não existem mais, sendo poucos os arraiais que conseguiram esse feito.

Em relação ao aparecimento das cidades no período colonial, a mineração foi um dos

acontecimentos que teve maior influência neste processo, mesmo apesar dos problemas que

ali existiram. O arranjo espacial urbano daquelas aglomerações, no que diz respeito a certa

hierarquização, assemelha-se com muitas cidades atuais. Gomes, Teixeira Neto e Barbosa

(2004, p. 66), apontam que “Naquela época, a ocupação do espaço urbano obedecia à mesma

lógica de segregação espacial presente nas cidades atuais. ” E dentro do perfil dessas cidades,

no caso núcleos urbanos, eles traçam o seguinte:

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A fisionomia urbana das cidades nessas áreas era praticamente a mesma,

principalmente em Goiás-Tocantins e em Mato Grosso: uma grande praça no

centro, com uma igreja matriz ocupando lugar de destaque, para onde

convergiam as ruas geralmente tortuosas decorrentes do relevo acidentado

predominante nas regiões auríferas. (GOMES, TEIXEIRA NETO e

BARBOSA 2004, p. 66).

Além do ouro no período colonial, da garimpagem no século XX, surgiram muitas

cidades em decorrência da busca das pedras preciosas e não-preciosas, que marcaram

profundas mudanças sociais e no meio ambiente goiano-tocantinense1, como por exemplo as

pedras do cristal de rocha e o diamante.

Outro fator importante foi o da atividade agropastoril, que inicialmente tinha o

objetivo de abastecer as minas de ouro, com mantimentos de primeira necessidade. Nesse

tempo a criação de gado foi o principal elemento de mobilidade espacial do território goiano-

tocantinense. As fazendas, que produziam o básico, foram o principal fator de povoamento

que de maneira direta ou indireta, também influenciou a urbanização desse território.

“Associado ao efeito transformador das estradas, a atividade agropastoril no território goiano-

tocantinense é “mãe” direta de mais de dois terços das cidades e, indiretamente, de

praticamente todas elas. ” (GOMES, TEIXEIRA NETO e BARBOSA, 2004, p.69). E dentro

da atividade agropastoril, são desencadeados diversos outros fatores como:

[...] a atividade agropastoril, como fator de urbanização, pode ser desdobrada

em vários outros fatores particulares. Trata-se de fatores que podem ser

citados como elementos motivadores para origem de inúmeras cidades em

Goiás-Tocantins – fazendas, colonizações espontâneas e particulares,

patrimônios da Igreja, frentes pioneiras e frentes de expansão da fronteira

agrícola, modernização da agricultura, - entre outros – [...] (GOMES,

TEIXEIRA NETO e BARBOSA, 2004, p. 69).

As estradas tiveram um papel muito importante no processo de povoamento e

urbanização do território goiano-tocantinense, caracterizado pela rapidez nas transformações

1 O uso deste termo, abordado por Gomes, Teixeira Neto e Barbosa (2004), remete-se ao fato de que ao abordar

o estudo sobre a formação do território goiano, intrinsecamente estará sendo abordada também a formação

territorial de Tocantins e todos os processos incluídos nesta questão, pois até o ano de 1988, data da criação deste

Estado, este por sua vez, era exclusivamente território goiano e qualquer questão referente ao Estado de Goiás

antecedente a esta data incluiu ambos como apenas um Estado.

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da fisionomia espacial dos dois estados, isso porque quando ela chega, causa grandes

mudanças nos lugares. O homem com seus permanentes deslocamentos no espaço acaba

deixando suas marcas por onde passa, e que para efetivar sua mobilidade acaba tendo como

resultado o surgimento de estradas, construindo toda uma vida de relações desenvolvidas no

espaço, favorecendo a evolução da sociedade. Devido um caráter flexível e articulado, as

estradas interferem na vida das regiões determinando o distanciamento ou a aproximação

entre os homens, sendo o principal elemento de sustentação econômica do espaço.

Porém, qualquer que seja a sua classificação, a estrada é o resultado da

mobilidade dos homens em seus deslocamentos permanentes. Refletem toda

uma vida de relações que no espaço se estabeleceu e se desenvolveu, e foi

certamente essa vida de relações que, mais do que os processos de produção,

dominou a evolução da sociedade. Em sentido amplo, a estrada é o primeiro

e, talvez, principal elemento de sustentação econômica do espaço. De todas

as vias de comunicação, ela não é apenas a mais antiga, mas também a mais

flexível, leve e polivalente. Dá passagem a tudo e a todos, a pé ou em

montaria. A estrada, contudo, não é apenas traçado e abertura, é também

manutenção. Ela é um organismo vivo, por isso raramente vive

isoladamente. Ao contrário, se articula, se comunica, como fios de uma

mesma rede, como artérias de um mesmo corpo, com outras estradas.

(GOMES, TEIXEIRA NETO e BARBOSA, 2004, p. 74).

Foram os caminhos antigos que primeiramente deixaram suas marcas no chão, que no

início não passavam pistas rudimentares, mas que serviriam como referência para a

implantação das grandes rodovias nacionais que se tem hoje. As motivações que marcam o

início do processo de surgimento das estradas através dos deslocamentos pelo espaço goiano,

estão pautadas na busca pelo ouro e entre outras riquezas, enraizadas por um “espírito” de

aventura, além da busca de índios para serem escravizados. “De simples trilhas, esses velhos

caminhos evoluíram, mais tarde, para estradas de chão batido e, depois, para auto-estradas

pavimentadas e ricamente ornadas com obras de engenharia. ” (GOMES, TEIXEIRA NETO e

BARBOSA, 2004, p. 74). As estradas, tanto as antigas como as atuais causaram grandes

mudanças na paisagem geográfica goiano-tocantinense, principalmente no aspecto social e

econômico, que como os caminhos coloniais, deram início às transformações espaciais,

resultando nas grandes rodovias nacionais responsáveis pelo surgimento de muitas cidades.

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Primeiramente, foram os caminhos coloniais que deram início às

transformações espaciais que não mais cessariam de acontecer. Muitos deles,

em boa parte, se transformaram mais tarde em grandes rodovias nacionais:

esse é o caso, por exemplo, das rodovias BR-040, BR-050, BR-070 e BR-

242. Depois, já no século XX, foram as chamadas rodovias de integração

nacional e regional – BR-153, BR-020, BR-060, GO-118, GO-164, TO-220,

TO-230, para citar apenas algumas delas – que vieram de vez provocar a

mais espetacular revolução na vida econômica e social do território goiano-

tocantinense que se tem notícia. (GOMES, TEIXEIRA NETO e

BARBOSA, 2004, p. 79).

De todas essas rodovias a mais influente delas, com destaque a partir da metade do

século XX, foi a BR-153, sendo essa a que mais provocou mudanças no campo e na cidade,

além de grandes impactos sociais. Em Goiás influenciou o nascimento de cidades como

Rianápolis, Nova Glória e entre outras; já no Tocantins a grande maioria das cidades

receberam influência dela, pois ela é a causa principal no que se refere ao crescimento urbano,

desenvolvido da criação deste estado.

As estradas como um elemento de progresso e desenvolvimento, refletem-se numa

realidade contraditória, pois ao mesmo tempo em que busca atingir o progresso em áreas

isoladas, acabam modificando a vida de relações de um lugar para outro, que junto a

mobilidade dos indivíduos através delas, também estão inseridos neste contexto o

deslocamento de hábitos e costumes, gerando atritos entre essas divergências existentes e

específicas, variando de uma região para outra, sendo essas estradas permeadas de embates

referentes a essas questões.

A análise desses principais fatores é de grande importância no estudo sobre a formação

do território goiano-tocantinense, e esse pode ser considerado um dos mais novos do país se

for respaldado quanto à ocupação, povoamento e organização do espaço urbano. Os fatores

que influenciaram o surgimento das cidades goianas variaram de acordo com cada região e a

fixação das pessoas numa ou noutra região do estado tiveram motivações diversas.

O nascimento e crescimento das cidades goianas tiveram um ritmo alternado, estando

lento nos dois primeiros séculos de sua existência, acelerando o ritmo a partir da Revolução

de 1930, intensificando-se ainda mais este crescimento com a construção de Brasília. Assim

como as demais cidades do estado, Rubiataba também foi influenciada por alguns desses

fatores, o que deixa claro a importância dessa questão, pois eles ajudam a compreender o

processo de configuração do território goiano. A relevância do assunto fornecerá subsídios

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para um melhor entendimento acerca da construção, formação e produção do espaço goiano e

de Rubiataba.

1.2 As influências do Governo de Getúlio Vargas com a política de Marcha para o Oeste

na formação do município de Rubiataba

Após delineado os principais fatores que corroboraram para a formação do território

goiano, que é crucial ao estudo do processo de construção urbana do Estado, não podendo se

desenvolver o estudo aqui proposto sem pelo menos destacá-los quanto às suas contribuições,

será necessário agora analisar mais especificamente o processo de formação do município de

Rubiataba, sendo este enfocado a partir de um recorte temporal, que permitirá direcionar e ter

dimensões que marcam a gênese deste processo. O recorte temporal para esta análise remonta

o período dos anos de 1930 a 1950, iniciado com a presidência de Getúlio Vargas. É nesse

período que ocorrem preponderantes transformações na região do Vale do São Patrício2,

concretizando-se o povoamento desta área e consequentemente o seu desenvolvimento. Então

neste tópico serão destacadas as principais características e acontecimentos importantes desse

período nesta região com total destaque à instalação da CANG (Colônia Agrícola Nacional de

Goiás), sendo destacados no próximo tópico desta pesquisa os aspectos mais específicos e

particulares da construção da cidade de Rubiataba.

Em 1930 ocorreu uma Revolução que marcou o fim da República Velha, sendo os

grandes estados e oligarquias que estabeleciam o domínio da federação, então Getúlio Vargas

assumiu o governo, de maneira provisória.

Nesse período surgiram várias divergências compostas pelas oligarquias tradicionais,

pelos tenentes e pelos militares legalistas. Entre os anos de 1931 e 1932, Getúlio fez

concessões aos tenentes, e no final de 1930 o prestígio de Vargas foi concedido aos militares,

porém ele não conseguiu resolver os conflitos existentes entre as divergências. Um dos

acontecimentos que marcaram o seu governo provisório foi a realização da Revolução

Constitucionalista de 1932.

No ano de 1933 realizaram-se as eleições para a Assembleia Constituinte, e com ela

foi promulgada em 1934 uma nova Constituição, procurando defender a independência dos

2 Também conhecida como Microrregião de Ceres e está localizada na Mesorregião do Centro

Goiano e Microrregião de Ceres, tendo este nome em decorrência do rio São Patrício, que é predominante nesta

região.

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três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), preservando o presidencialismo e o

federalismo.

Houve após essa revolução, o surgimento do Partido Comunista Brasileiro no início da

década de 1920 e a formação da frente antintegralista3 resultando na Aliança Nacional

Libertadora, preparando o país e dando pretexto para a implantação da ditadura. Através do

pedido “estado de guerra”, Vargas fechou o Congresso e decretou a nova Constituição no ano

de 1937, dando o início do Estado Novo, e o presidente passou a ser definido como autoridade

suprema do Estado.

Vargas esteve na testa do governo central durante quase dezenove anos: os

quinze anos da fase autoritária (presidente provisório, de 1930 a 1934);

como presidente constitucional eleito pelo Congresso, de 1934 a 1937; e

presidente-ditador, de 1937 a 1945; além de mais três anos e seis meses na

fase democrática, eleito diretamente pelo voto popular. (CASTRO, 2004, p.

84).

É importante ressaltar esse governo de Getúlio Vargas, principalmente porque ele

contribuiu e muito na produção do território brasileiro e do estado de Goiás, marcado pela

criação de projetos, como por exemplo, o de industrialização, com o objetivo de impulsionar o

crescimento do país, sendo esta, na visão do governo, a chave para o desenvolvimento rumo

ao progresso. “A partir dos anos 30, mais claramente com o Estado Novo, o projeto de uma

união civilizadora e nacionalizante para o Brasil aparece profusamente nomeado como

Marcha para o Oeste.” (SOUZA, 1997, p. 109).

Com o Plano de Desenvolvimento, foi promovido um sistema de expansão que

consistia numa expansão rumo ao Oeste e à Amazônia, dando início a chamada “Marcha para

o Oeste”, que teve grande contribuição para a intensificação do processo de povoamento e da

urbanização no estado de Goiás, sendo esta, um projeto geopolítico que surgiu em decorrência

da necessidade de se afirmar a soberania nacional.

A Marcha para o Oeste visava ocupar o Planalto Central e, a partir deste,

desbravar a Amazônia, pois havia um grande vazio demográfico no território

3 Doutrina política contrária as ideias integralistas, por elas adotarem um pensamento tradicionalista defendendo

que cada nação deveria ter um sistema político adequado a própria cultura, pensamento, história e religião, sendo

contrárias ao modernismo filosófico e prático com tendência uniformizadora e massificadora.

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brasileiro e era necessário ocupá-lo e integrá-lo. Esse projeto não estava

desvinculado do econômico, pois seu objetivo era suprimir barreiras que

isolavam as regiões, para que a economia pudesse fluir de uma forma

homogênea, articulando, ao mesmo tempo, os meios de transportes, para que

a produção econômica pudesse escoar. (CASTRO, 2004, p. 85).

A ocupação da região proposta na política da Marcha para o Oeste, no ano de 1941, foi

marcada por antagonismos tanto pela sensação de incertezas relacionadas ao conflito nacional

da Segunda Guerra Mundial, quanto por outro lado, pelo otimismo gerado pelo discurso dessa

política aos grupos sociais migrantes, principalmente no que se diz respeito ao aparecimento

de novas oportunidades de emprego e melhorias na qualidade de vida.

A intensificação da ocupação dessa região deu-se a partir de 1942, em que a imigração

estava relacionada aos discursos de “brasilidade”, e que foram característicos dos primeiros

anos de ocupação desse espaço. Esses discursos inflamados de “brasilidade” estavam

relacionados com a iniciativa política de ocupação de fronteira do Estado Nacional (1937-

1945), que utilizavam os recursos da imprensa e a propaganda, divulgando a política da

Marcha para o Oeste, evidenciando o caráter nacional da colonização e construindo signos

que representavam a nação em marcha, reforçando assim este sentimento de “brasilidade”.

Como foi evidenciado, houve uma participação ativa dos governos estadual e federal

quanto a produção do território goiano, criando condições para a expansão da fronteira

agrícola e especialização da produção no campo, isso sem alterar a estrutura agrária

tradicional. Dentre as ações mais expressivas para a apropriação e produção do território

destaca-se, como ressalta Castro (2004, p. 85), a construção de Goiânia, a construção de uma

rede rodoviária e prolongamento dos trilhos da estrada de ferro, a fundação da CANG

(Colônia Agrícola Nacional de Goiás) e a criação da Fundação Brasil Central.

Em 1943, durante o período da Segunda Guerra Mundial, em que ganhava destaque a

conquista do espaço, despertando interesses no Presidente Vargas que passou a tomar

iniciativas para ocupar essa região que concentrava grande riqueza natural. E para alcançar

essa meta foi criada a Fundação Brasil Central (órgão subordinado ao Ministério do Interior),

tendo como finalidade coordenar nas áreas desabitadas das regiões oeste e central do Brasil o

processo de ocupação.

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Já as Colônias Agrícolas Nacionais foram criadas pelo Decreto de Lei nº 3.059/19414,

preocupando-se com a instalação de núcleos de atividades agrícolas e núcleos urbanos, porém

esse projeto era muito mais abrangente devido suas intencionalidades serem impulsionadas

pelo Estado, que tinha postura centralizadora e nacionalista.

A partir da ideia de povoar o interior de Goiás, o governo Federal tomou iniciativas e

organizou um processo de criação da primeira Colônia Agrícola do país, localizada na região

do Vale do São Patrício, constituindo hoje o município de Ceres, com intenção de ocupar os

vazios do Estado, sendo distribuídas terras para pessoas que pudessem desenvolver essa

região. “O governo estadual, na pessoa do interventor, Pedro Ludovico Teixeira, fez uma

doação de terra nas matas do Vale do São Patrício, para a instalação da CANG.” (SILVA,

2002, p. 35).

A institucionalização da Colônia Agrícola Nacional de Goiás foi realizada a partir da

publicação do Decreto Lei Federal nº 6.882/1941, e essa foi a primeira de uma série de oito

colônias nacionais, dando início à escolha das áreas a serem demarcadas e ocupadas,

destinadas a receberem esse núcleo.

Para coordenar os trabalhos de instalação da Colônia, foi nomeado por Getúlio Vargas,

o engenheiro agrônomo Bernardo Sayão5, tomando como ponto de partida, a construção da

estrada partindo de Anápolis até o local em que se estabeleceria a Colônia (denominada

Transbrasiliana), aproveitando o trecho em uso entre Anápolis e Jaraguá, que através do

andamento da obra foi escolhida a área de fixação da Colônia às margens do Rio das Almas.

A escolha do local da Colônia gerou variações de aprovações. Alguns questionavam

que a região iria prejudicar o desenvolvimento da cidade planejada devido o terreno

acidentado, já outros diziam que as questões topográficas não prejudicariam em nada na

instalação da cidade. Foi neste período em que surgiram rumores sobre a possibilidade da

Colônia ser instalada no seu antigo povoamento (em que se localiza a cidade de Nova Glória

hoje, sendo emancipada no dia 10 de Junho de 1983). Mas devido os recursos federais para a

4 Por meio do Decreto-Lei 3.059/1941 foram criadas as Colônias Agrícolas Nacionais e o Decreto Lei

6.882/1941 criava a Colônia Agrícola Nacional de Goiás, que foi mantida pelo governo federal até 1953, quando

ocorreu a emancipação do município. 5 Teve como principal projeto o desenvolvimento da região central do Brasil, Fundou a "CANG" Colônia

Agrícola Nacional de Goiás, que deu origem posteriormente ao Município de Ceres. Em 1954, foi eleito vice-

governador de Goiás, e governou o estado interinamente por três meses entre o período de 31 de janeiro a 12 de

março de 1955. Participou do processo de a construção do trecho norte da Transbrasiliana (a Belém-Brasília)

durante o governo de Juscelino Kubitschek.

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deconstrução da rodovia “estarem se esgotando” essa instalação não foi possível, reforçando a

ideia de instalação diante do Rio das Almas6.

Feita a travessia do Rio das Almas, iniciou-se a construção de uma estrutura

provisória para receber os colonos. A sede compreendia o centro

administrativo, onde se localizava o escritório de cadastramento e

distribuição dos colonos nos lotes rurais, a área comercial, igrejas, escola,

hospital da Colônia, a garagem e oficina do maquinário e a área residencial.

Também na sede foi edificada a casa do administrador Bernardo Sayão e

também as residências de todos os técnicos contratados pelo Ministério da

Agricultura, responsáveis pela parte administrativa. O projeto de construção

da sede da Colônia previa, além do núcleo administrativo, um centro urbano,

em que o colono pudesse ter acesso a diferentes tipos de serviços. (SILVA,

2009, p. 13).

Os primeiros anos de instalação foram marcados por muitas dificuldades, que segundo

Silva (2009, p. 13), as principais dificuldades relatadas pelos pioneiros foram em conseguir

mantimentos e assistência de serviços que ainda não haviam sido instalados, além da

precariedade das moradias, isolamento de outros centros urbanos, estradas em períodos

chuvosos por não serem pavimentadas, e também a travessia do rio pela ponte de tambor

improvisada por Sayão. “A região encontrava-se numa região de mata virgem muito densa, e,

além da precária infraestrutura, os primeiros colonos sofreram com as epidemias tropicais.”

(SILVA, 2009, p. 13).

Porém, nos anos seguintes ocorreu uma intensa migração para o local da Colônia,

composta por camponeses advindos principalmente de Minas Gerais, São Paulo e Bahia. A

partir daí foram estabelecidos critérios para a solicitação dos lotes, nos quais os colonos eram

entrevistados e, se recebessem os lotes rurais, tinham que esperar até meses para

estabelecerem o assentamento. Aqueles que não conseguiam autorização para a ocupação dos

lotes acabavam retornando a sua região de origem, buscavam novas fronteiras rumo ao norte

do Estado seguindo a rodovia, ou então, estabeleciam-se na margem oposta do Rio das Almas,

o que deu origem ao povoado da “Barranca”, que viria a se tornar a cidade de Rialma.

6 Rio com nascente no Parque Estadual da Serra dos Pireneus, no município de Pirenópolis-Goiás, seguindo seu

curso no sentido sul-norte e compondo a bacia do Tocantins. Corta também as cidades de

Jaraguá, Ceres, Rialma e Nova Glória. O rio é principal divisor do perímetro urbano entre as cidades de Ceres e

Rialma.

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A formação da Colônia estava totalmente aplicada à conduta moral de valorização do

trabalho, estabelecendo uma concepção de que aquele lugar era voltado exclusivamente para

quem estivesse disposto a trabalhar, associando colono à ideia de trabalhador. Isso se deve à

representação política do trabalho nessa época, ocorrendo uma busca pela “sacralização”, do

papel do trabalhador pelo Estado Novo. Os pré-requisitos exigidos para a ocupação dos lotes

estavam pautados nessa conduta moral de valorização do trabalho e que criava as condições

para a elaboração dos critérios desta questão, como por exemplo, a preferência dada aos

cidadãos brasileiros, pobres e com habilidades e capacidade de produção agrícola tendo certo

compromisso de residir nos lotes. Já a não aplicação correta desse processo do “trabalho”,

acarretado pela desvalorização dos lotes e pela falta de cultivo, ou então pela má conduta do

morador, poderia resultar na perda dos lotes doados.

O processo de seleção estabelecia quais seriam os imigrantes “eleitos” para a

Colônia, e que, estes “estabelecidos” deveriam se enquadrar nos pré-

requisitos propostos pelo decreto nº 3.059/1941, que dispunha acerca das

exigências para a ocupação. Pelo referido decreto, teriam preferência aos

lotes os cidadãos brasileiros, comprovadamente pobres, com habilidades

agrícolas, de prole numerosa, acima de 18 anos, não proprietários de rurais e

com compromisso de residência dos lotes (Art. 11 e 20). O artigo 24 do

referido decreto dispunha das possibilidades do colono perder os lotes

doados. Isso poderia acontecer pela falta de cultivo, pela desvalorização dos

lotes pelo mau uso da propriedade e ainda por má conduta do morador,

perturbando a ordem na Colônia, [...] (SILVA, 2009, p. 14).

Quanto ao prolongamento urbano da Colônia, e ainda, recorrendo à Silva (2009, p.

19), além da seleção e conduta dos colonos, outros elementos importantes quanto às

experiências urbanas, foi a racionalização da colonização, caracterizada pelas burocracias na

ocupação e pelo planejamento urbano e rural. Com isso a sede urbana da Colônia foi

projetada, impondo uma regra urbanística no espaço como uma coerção racional, tendo

complemento a esse planejamento urbanístico, a instalação de instituições burocráticas, tais

como indústrias, escolas, serviços de saúde, etc. Essas regras urbanísticas, segundo o artigo 5º

do Decreto-Lei nº 3.059/1941, “[...] serviria de modelo civilizatório para outras cidades do

interior do país.” (SILVA, 2009, p. 19).

Mas enquanto os colonos eram amparados por benefícios, estes também estavam

sendo regidos por normas de sociabilidade. “Portanto, essas racionalidades impostas pelas

instituições, serviços e regras da burocracia tornaram o espaço social da Colônia como um

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lugar constituído por esquemas sociais de residência, trânsito, produção e convivência.”

(SILVA, 2009, p. 20).

O planejamento foi mais do que uma forma de organização, pois interferia na forma

como o indivíduo ali situado percebia este espaço e relacionava com ele. “O planejamento

urbano em si não determina as experiências que marcam o desenvolvimento histórico de uma

cidade.” (SILVA, 2009, p. 22). Ou seja, a formação de uma cidade é constituída a partir das

experiências resultantes das relações expressas naquele espaço. Portanto pode-se dizer que as

experiências urbanas da colônia agrícola contribuíram, para que os moradores estabelecessem

um sentido na percepção daquele espaço urbano em construção, possibilitando compreender

como esse planejamento interferiu na representação dos valores e das normatividades que

eram estabelecidas.

As experiências urbanas da Colônia contribuíram para que seus moradores

estabelecessem o sentido do “espaço visual da cidade”, não apenas porque

tiveram que se submeter às regras urbanísticas pré-estabelecidas, mas

também porque essa compreensão, ao longo do tempo, possibilitou a

percepção e assimilação dos signos arquitetônicos, do planejamento na

representação dos valores e das normatividades constituídas para o lugar.

(SILVA, 2009, p. 22).

Segundo Silva (2002, p. 36), a CANG foi dividida em dois momentos: no primeiro,

nos anos de 1941 a 1944, ela estava equipada com instalações necessárias para o seu

desenvolvimento contando com apenas 10 famílias na região. E no segundo momento, de

1946 a 1950, marcado pela desorganização administrativa por parte de Sayão, no qual em

1950, com a acusação de desvio de verba da Colônia, ele foi afastado, sendo assumida a

administração da CANG por Datis Oliva7. “Este procurou regularizar os lotes, demarcando os

limites de cada um, distribuídos a cerca de 2.230 famílias, além das 1.313 que já tinham sido

regularizadas por Sayão.” (SILVA, 2002, p. 37). No ano de 1955, ocorreu a extinção da

CANG, restando apenas colonos e lotes no local.

A Colônia Agrícola Nacional de Goiás fracassou, em decorrência da pouca

assistência do poder público. Os recursos técnicos e financeiros prometidos

7 Engenheiro agrônomo, assumiu como novo administrador da CANG em 1949, após o afastamento de Bernardo

Sayão, sendo responsável pela emancipação da colônia.

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pelos governos não vieram e foi o fim de um projeto. Com o passar dos anos,

a Colônia foi engolida pelos latifúndios. (CASTRO, 2004, p. 87).

Como parte da Marcha para o Oeste a Colônia Agrícola Nacional de Goiás foi um dos

grandes projetos desenvolvidos pelo governo brasileiro na ocupação da parte central do país.

Essa passou por muitos problemas, porém, obtiveram resultados sociais positivos, pois, a

divisão dos lotes e a participação das famílias na produção agrícola, favoreceram o

crescimento da região. Esse crescimento foi de grande importância principalmente porque

favoreceu a capacidade de abastecer várias cidades e povoados situados na região, no entorno

da Colônia, possibilitando também, o surgimento e o desenvolvimento de povoados nas

proximidades que viriam a se tornar cidades, como é o caso de Carmo do Rio Verde (à 14 km

de Ceres pela GO-460) e Rubiataba (distância de Ceres: à 47 km pelas GO-434 e BR-153, 30

km pela GO-478 e 43 km pelas GO-334 e GO-460).

Com o fim do Governo Vargas, em 1945, o território goiano sofreu sensíveis

modificações nas partes central e sul, e na parte norte tendo um crescimento populacional

muito lento, continuou isolada. As grandes mudanças na produção do território de Goiás

realmente vão ocorrer a partir da década de 1950, como destaca Castro:

A partir da década de 1950, o processo de integração do território brasileiro

vai acelerar-se, com várias medidas tomadas pelo Estado e que são

fundamentais para Goiás. Dentre elas podem-se citar a construção de

Brasília e a implantação e aprimoramento da infra-estrutura dos meios de

transportes, que foram imprescindíveis para a integração do território

brasileiro e especialmente do território goiano. (CASTRO, 2004, p. 88).

É a partir de 1950, com as novas medidas adotadas pelo Estado, que ocorreram as

condições para a consolidação da formação da cidade de Rubiataba que resultaram, via de

regra, da apropriação do espaço em que se localiza atualmente, formando primeiramente um

povoado a partir da década de 19308. A formação desse povoado ocorreu concomitantemente

8 Quando se investiga a formação histórico-territorial de Rubiataba depara-se com um imenso hiato. Essa

localidade é citada esporádica e superficialmente nas abordagens em geral, sejam elas sociológicas, históricas e,

no caso presente, geográficas. Em virtude de tal “lacuna documental”, intenta-se aqui incorporar relatos de

moradores que, através de suas memórias mais ou menos esgarçadas pelo passar dos anos, relembram os

principais incidentes envolvidos na formação histórica do município. Evidentemente que outras fontes serão

utilizadas, sobretudo as escritas, na medida em que o acesso as mesmas sejam enfim logradas.

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à Colônia Agrícola Nacional de Goiás, que devido à proximidade, tinham certa relação, o que

explica a necessidade, como foi colocado até aqui, de contextualizar esse projeto da CANG,

sendo a formação do povoado de Rubiataba, não totalmente dependente, porém inerente a ela,

pois assim como a cidade de Ceres teve sua formação a partir da ideia da Colônia Agrícola

Nacional de Goiás, Rubiataba teve sua formação a partir da ideia de Colônia Estadual de

Goiás, com a finalidade de favorecer o abastecimento da zona rural da região na qual se

localiza (no caso a área em que se constitui o município), além de favorecer também o acesso

a áreas ainda desabitadas, tendo a cidade como referência estratégica para a consolidação do

planejamento destinado ao desenvolvimento dessa região. Partindo dessa contextualização

vamos analisar esses aspectos de povoamento nas origens do município.

1.3 Os aspectos de povoamento nas origens do município de Rubiataba

Como já foi colocado, foram vários os fatores de povoamento e que contribuíram para

o processo de urbanização do território goiano-tocantinense, sendo ressaltados os principais

deles. Dentre esses fatores, em particular, o fator que caracterizou o processo de povoamento

e urbanização de Rubiataba, foram os de colonização oficial9, sendo esse um dos vários

fatores desdobrados da atividade agropastoril. A colonização oficial não deu certo em todo

território goiano sendo característico e de grande importância na formação de Ceres e Rialma,

que surgiram da implantação da Colônia Agrícola Nacional de Goiás nas margens do Rio das

Almas, e de Rubiataba, que foi construída principalmente para dar apoio logístico a

colonização no Vale do São Patrício, empreendida pelo governo do Estado, sendo estas no

território goiano, que em Tocantins influenciou a formação da cidade de Combinado10.

A colonização espontânea também é um fator importante para o povoamento e

urbanização nos estados de Goiás e Tocantins, e que de acordo com Gomes, Teixeira Neto e

9 A colonização oficial caracteriza-se por uma ação exclusiva do Governo Federal, em que ele se utiliza de suas

próprias terras ou as adquire para essa finalidade e, depois de um minucioso estudo, as redimensiona em

parcelas, as entregam aos beneficiários que recruta e seleciona, e lhes presta assistência. 10 Município localizado no estado do Tocantins, há 483 km da capital Palmas - TO. Sua população estimada

em 2016 era de 4 863 habitantes. Possui uma área de 209,572 km². O Combinado foi fundado em 1962, pelo

Governador Mauro Borges. Foi denominado Combinado Agro Urbano de Arraias, por pertencer ao Município de

Arraias. Mauro Borges trouxe várias famílias de diversos estados do Brasil. A 20 de outubro de 1962, foram

distribuídos lotes agrícolas para as 1114 famílias, num total de 250 colonos que implantaram a 1ª Rurópolis,

comportando 4 Rurópolis, todas combinando-se com o núcleo urbano central (acampamento), daí a denominação

de Combinado. Em 30 de dezembro de 1987, foi desmembrado o Distrito de Combinado da cidade de Arraias,

tornando-se um município independente. (IBGE, 2016).

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Barbosa, esse foi o mais importante fator de povoamento e, sobretudo, de urbanização que os

dois estados conheceram ao longo de sua história principalmente por ser responsável pelos

imensos fluxos migratórios que ocuparam e colonizaram esse espaço geográfico.

Por seu lado, a colonização espontânea, que tem por característica principal

os imensos fluxos migratórios em direção a Goiás-Tocantins desde meados

do século XIX, intensificados até metade do século XX, foi o mais

importante fator de povoamento e, sobretudo, de urbanização que os dois

estados conheceram ao longo de sua história. Seu melhor exemplo é o que

ocorreu na região pioneira do Mato Grosso de Goiás, entrada da qual foi

construída a nova capital de Goiás – Goiânia – no início dos anos 1930.

Como dizíamos, os fluxos migratórios penetravam no território goiano-

tocantinense pelas portas do sul – abertas, sobretudo, para Minas Gerais – e

do norte, voltadas principalmente para o Maranhão. (GOMES, TEIXEIRA

NETO e BARBOSA, 2004, p. 71).

Embora esse conceito seja enfatizado como o mais importante fator de povoamento e

urbanização de Goiás-Tocantins, o uso do termo “espontânea”, não seria o mais apropriado

para caracterizar o tipo de colonização que se desencadeou, até porque todo o processo de

colonização que envolveu desenvolvimento territorial de Goiás-Tocantins, deve-se a uma

ação política que levaram o processo de migração para essa área do território nacional, tais

como ação de indústrias, fundação das colônias agrícolas, abertura de rodovias, ferrovias e

dentre outros. O que fez com que essas pessoas migrassem foram os fatores estruturais (falta

de emprego, perseguições políticas ou religiosas, pobreza, etc.), do que simplesmente um ato

espontâneo de migrar.

A partir da década de 1930, com a distribuição de terras no estado de Goiás pelo

governo, iniciou-se o processo de migração de agricultores buscando novos meios de vida.

Antes da formação do povoado nas localidades na qual posteriormente resultaria na cidade de

Rubiataba-Go, formaram-se primeiro os povoados de Valdelândia (há 26,5 km pela GO-434)

e Bragolândia (há a 11 km pela GO-478). O povoado de Bragolândia foi constituído por

migrantes advindos do estado de Minas Gerais, tendo esse nome com referência à família

“Braga” os primeiros a se situarem no local, no qual, logo após chegaram outras famílias

também advindas de Minas Gerais.

E foram várias as famílias que, na busca por lugares com maior facilidade no

abastecimento de água e melhores condições para realização de suas atividades, chegaram às

margens do Rio Novo e habitaram o local, sendo alguns destes migrantes advindos também

dos povoados de Valdelândia e Bragolândia. Eles foram se situando naquela região e

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constituindo um grande aglomerado de agricultores no entorno dessa área. A principal

atividade exercida ali era a criação de gado e a agricultura de subsistência, sendo cultivados

arroz, feijão seguido pelo cultivo do café, sendo este da família da rubiácea, e que motivou e

deu origem ao nome da cidade, dando a etimologia Rubia= rubiácea e taba= aldeia, devido os

aldeamentos indígenas que caracterizavam a região Centro-Oeste.

Entre as décadas de 1950 e 1960 o município recém consolidado se destacava pela

produção de arroz, feijão, milho e algodão, além do café. Em razão desse crescimento na

produção agrícola, o Governo Federal atuou através da Companhia Brasileira de

Armazenamento (CIBRAZEM), que se implementava em áreas distintas e complementares no

abastecimento e armazenagem da produção agrícola, respectivamente. Essa é encarregada de

gerir as políticas agrícolas e de abastecimento, destinada a assegurar o atendimento das

necessidades básicas da sociedade, preservando e estimulando os mecanismos de mercado. A

produção era armazenada em lonas e em seguida os caminhões buscavam-nas, como pode ser

constatado na figura 1.

Figura 1 - (a) Carga de Algodão, 1960 (Grande produção da época). (b) Carga de Café,

1962 (Costume de ir à Igreja, em agradecimento pela colheita). (c) Caminhão do Jorge

Sírio, carregado de café, 1965.

Fonte: Prefeitura municipal de Rubiataba.

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Com a política de ocupação dos vazios no país, Goiás recebeu uma atenção toda

especial de Getúlio Vargas com apoio do interventor Pedro Ludovico Teixeira, começando a

aparecer indícios para uma produção do espaço na região do Vale do São Patrício e que viria

dar início ao processo de formação de Rubiataba. Esse processo começou a se desenvolver

durante o governo do estado de Coimbra Bueno (1947-1950), que influenciado por esse

modelo regido pelo governo federal, fez com que ele decidisse implantar uma colônia agrícola

estadual no Vale do São Patrício, isso porque o governador buscou iniciativas que pudessem

favorecer a implantação da futura capital federal que viria a se localizar no Planalto Central, à

noroeste do Estado, sendo esta transferida do Rio de Janeiro, que passaria de Distrito Federal

para a condição de Estado.

O governo investiu na criação de agrovilas com intenção de que essas pudessem

abastecer a futura capital do país com produtos de vários gêneros. É nessa ideia de agrovilas

que se insere a iniciativa de criação de Rubiataba pelo Governo de Coimbra Bueno, na qual, a

fundação da cidade foi concedida em 1948, pelo então diretor da Divisão de Terras e

Colonização da Secretaria da Agricultura do Governo de Goiás, Oscar Campos Júnior.

Na região em que se localiza Rubiataba o governo tinha à disposição vastas extensões

de terras devolutas, sendo intenção do governador fundar ali a primeira cidade rural de Goiás,

que serviria como ponto estratégico de auxílio à chegada em outras regiões despovoadas,

como consta na Súmula Municipal11:

É pensamento do Governo fundar naquela região uma cidade rural a que,

pela existência do café nativo, desejamos denominar “RUBIATABA” –

nome híbrido de “rubia”, rubiácea, e “taba”, aldeamento. Para tal fim

consideramos côo reservada uma área de 7000 hectares na qual foi projetada

a futura cidade rural, dentro da técnica moderna, circundada de pequenas

áreas para chácaras destinadas ao abastecimento local de hortaliças, frutas,

leite, ovos, distanciando do perímetro pequenas propriedades rurais.

(SÚMULA MUNICIPAL, 1998, p. 21).

O início do processo de formação do povoado deu-se na região localizada à margem

direita do Rio Novo, entre os córregos da Serra, Cipó e Barra Funda, sendo uma área

11 A Súmula Municipal é um documento elaborado pela Prefeitura Municipal de Rubiataba no ano de 1998,

contento informações importantes (de maneira bem sintetizada) e que envolvem a história do município, além de

seus aspectos gerais como cultura, população, economia e lazer.

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praticamente plana e que já era composta por uma grande quantidade de agricultores que

ocupavam o local.

Com a intensificação do processo de ocupação, em razão dessas necessidades e

percebendo a possibilidade de transformação do núcleo urbano em formação em um centro

importante de atendimento a essas necessidades, alguns pequenos produtores reúnem-se na

sede da gleba de Alvino Luiz da Silva em 1947, isso segundo a Súmula Municipal (1998, p.

22), tendo como motivo da reunião discutir a possibilidade de fundar um povoado na região

do Rio Novo, estando presente mais de uma dezena de produtores rurais, e também sobre a

demarcação dos lotes urbanos.

A área escolhida foi a do posseiro João Tavares, que esteve presente na reunião. Ele

havia acabado de desmatar essa área situada à margem direita do Rio Novo. A fundação teria

grande importância principalmente porque viria a facilitar o abastecimento de famílias que se

deslocavam a grandes distâncias apenas para comprarem artigos de necessidades simples, tais

como açúcar, sal e entre outros.

Após a demarcação e distribuição dos primeiros lotes, no ano de 1948, estava

consolidado o surgimento do povoado, denominado de São José do Rio Novo, isso devido os

moradores serem devotos de São José concernente às suas tradições religiosas. A partir daí o

povoado começou a se desenvolver rapidamente, sendo instalado em poucos dias, os

primeiros estabelecimentos comerciais como uma venda, uma farmácia e um açougue, dando

início à construção de moradias e à construção da primeira estrada. Após um ano da

consolidação do povoado começam a aparecer as iniciativas do governo, de criação de uma

cidade no local, como é relatado na Súmula Municipal:

Cerca de um ano após, técnicos da divisão de terras e Colonização do

governo de Goiás dirigem-se à região para escolher o local onde o estado

faria a locação da “primeira cidade rural de Goiás”, (Coimbra Bueno,

1948/53). Os idealizadores do povoado de são José do Rio Novo tentaram

transformar a localidade iniciada por eles na sede da futura cidade. No

entanto, em face da topografia desfavorável, escolheu-se o local onde, hoje,

se situa a cidade de Rubiataba. Estava, assim, lançada a semente da “cidade

rural cujas ruas, avenidas e praças receberiam os nomes de árvores

integrantes da flora brasileira, tornando-se a única do país a ostentar tal

destaque”, numa feliz iniciativa do engenheiro, agrônomo Oscar Campos

Júnior, entusiasta idealizador de Rubiataba. Essa característica permanece

até hoje e constitui-se num símbolo de Rubiataba. (SÚMULA MUNICIPAL,

1998, p. 23).

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De acordo com o relatado no documento da Súmula Municipal, o crescimento e o

desenvolvimento da região foram tão acelerados que no ano de 1951, o município contava

com mais de 20 mil habitantes. Se compararmos a população do povoado nesse período com

o período atual, que de acordo com o censo do IBGE de 2010, Rubiataba conta com 18.915

habitantes (com população estimada de 19.914 habitantes em 2016), percebe-se que houve um

decréscimo da população. Um motivo que se encaixa neste decréscimo está relacionado ao

fato de que nas primeiras décadas após a emancipação da cidade, passada a fase áurea do café

e da colonização agrícola, novos loteamentos estavam sendo demarcados e distribuídos nas

vastas terras do Norte do país, principalmente no estado do Pará, favorecendo a emigração de

alguns habitantes de Rubiataba, sendo este processo mais intenso durante a década de 1980.

As motivações dessa migração giravam entorno das expectativas de encontrarem melhores

condições de vida, sendo muitos destes iludidos por visões oníricas que os levavam a pensar

que as condições do Norte do país seriam mais favoráveis.

A emancipação da cidade de Rubiataba sendo elevada à categoria de município foi

criada pela Lei Estadual nº 807 de 12 de outubro de 1953, instalando-se no dia 1 de Janeiro de

1954, elevando Rubiataba de povoado para cidade, sem ter que passar pelo estágio de distrito,

tendo como primeiro Prefeito, Vitor José de Araújo que foi nomeado pelo Governador Pedro

Ludovico Teixeira no final do ano de 1953 (o primeiro prefeito eleito foi Oliveira Paulino da

Silva). A zona urbana foi composta pela sede do município, a cidade de Rubiataba, ligada por

estradas que davam acesso a sua zona rural, composta pelos povoados de Bragolândia,

Cruzeirinho, Goiataba, Santa Luzia e o Distrito de Valdelândia criado e anexado ao município

pela lei nº 44 de 12 de Dezembro de 1958. Outro distrito que compunha o município era o

denominado Cruzelândia criado pela lei municipal nº 45 de 12 de Dezembro de 1958, sendo

desmembrado de Rubiataba pela lei nº 10425 de 05 de Janeiro de 1988, elevando-se à

categoria de município, denominando-se a cidade de Morro Agudo de Goiás.12

Após a emancipação da cidade de Rubiataba, erguem-se cerca de 100 habitações

provisórias, sendo instaladas casas comerciais, além também, da instalação de serrarias,

máquinas de beneficiar arroz, cerâmicas e a construção de uma escola pública. Em relação a

esse desenvolvimento da cidade é importante ressaltar o que diz José Ribeiro Camelo, agente

12 Morro Agudo de Goiás é um município do Estado de Goiás, situado na região do vale de São Patrício. O nome

da cidade é em homenagem ao grande morro que se encontra próximo à cidade. A distância aproximada do

município até a capital Goiânia é de 201 km, tendo uma população estimada de 2360 habitantes em 2016.

(IBGE, 2016).

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de Estatística do IBGE de Rubiataba do ano de 1967, como está relatado na Súmula

Municipal:

Ribeiro Camelo prossegue, “tal era Rubiataba no seu primeiro ano de vida. E

o núcleo populacional ampliou-se extraordinariamente desde logo. Todas as

terras da região de domínio do Estado, que as dividia em pequenos lotes

rurais, eram vendidas em condições sobremodo favoráveis aos legítimos

lavradores. O fluxo de gente, de todos os pontos do Brasil, à nova Canaã,

dedicar-se aos labores da agricultura e contribuir, assim, para o crescimento

de seu progresso e ali criasse um “distrito administrativo” e a respectiva

“sub-prefeitura”, já reunia todos os elementos exigidos pela Constituição

Estadual para a criação de um novo Município”. (SÚMULA

MUNICIPAL,1998, p. 22).

A partir da consolidação do município, este além das melhorias dos investimentos do

governo em infraestrutura urbana, obteve-se um crescimento resultante da intensificação do

fluxo migratório para esta região, que dentre os principais imigrantes que passaram a compor

a população rubiatabense foram os advindos dos estados de Minas Gerais (sendo desse a

maioria), Bahia e Maranhão. Está também constatado na Súmula Municipal o que seriam os

primeiros habitantes da cidade:

Os seus primeiros habitantes segundo as fontes de pesquisa-informativa

foram José Custódio, Manoel Francisco do Nascimento, Ancieto Baiano,

Gabriel Pereira do Nascimento, Juvêncio Mariano Rodriguez. Em 1949 foi

feito o serviço de localização técnica da cidade pelo engenheiro João Edgar

Sheler, tendo como auxiliar, para fins de fiscalização o Sr. Joaquim Elias

Martins que no mesmo ano promoveu o início da abertura das ruas da futura

e acolhedora cidade. (SÚMULA MUNICIPAL,1998, p. 24).

Para uma melhor compreensão, dando maior enfoque ao colocar essa questão da

migração para essa cidade, é preciso levar em consideração a sua própria localização, que

embora tenha sofrido processos particulares quanto a sua formação, acaba se inserindo na

formação da micro e mesorregião, e cada uma das mesorregiões possui características

específicas de formação que as diferenciam.

O município está localizado na mesorregião do Centro Goiano, também chamada de

Mato Grosso Goiano desde a chegada dos primeiros bandeirantes em Goiás, pertencendo à

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microrregião de Ceres (além de Ceres, as outras microrregiões do Centro Goiano são as de

Goiânia, Anápolis, Anicúns e Iporá). As características dessa região goiana são responsáveis e

explicam o porquê da maior concentração do fluxo migratório e que consequentemente

contribui para a compreensão da composição do município de Rubiataba.

O Mato Grosso Goiano como um todo é, sob todos os aspectos a região mais

dinâmica, a mais rica, a mais urbanizada e povoada de todas as regiões do

estado de Goiás. Ela esconde quase metade da população goiana e abriga

cerca de um terço de todas as cidades do estado. Apesar de “velha”, porque

conhecida e frequentada há muito tempo, esta região pioneira teve sua

ocupação e seu povoamento acelerados somente a partir dos anos 1930. De

lá para cá, Goiânia comandou todo o processo de organização do espaço que

deu forma à sua fisionomia urbana econômica atual. (GOMES, TEIXEIRA

NETO e BARBOSA, 2004, p. 125-127).

Nessa parte central do Estado se encontra uma placa de solos de boa fertilidade natural

que existe em todo o estado de Goiás, constituindo um polo de atrações dessas populações de

migrantes a partir de meados do século XIX. Já no século XX, ela acabou se tornando a mais

importante região pioneira de toda a região Centro-Oeste do Brasil, principalmente a partir

dos anos de 1930, sendo objeto de uma política de ocupação e organização do espaço

destinado à expansão demográfica e econômica, além da expansão da fronteira agrícola, a tal

“Marcha para o Oeste”, que teve como consequência a criação da Colônia Agrícola Nacional

de Goiás e a criação de Goiânia. Malgrado o Mato Grosso Goiano ter sido bastante explorado

pelos bandeirantes, pode-se dizer então, que ele começou a ser colonizado a partir de 1930, no

qual Castro ressalta:

O projeto de colonização e a marcha para o interior provocaram mudanças

na produção do território de Goiás, principalmente na área centro-sul (zona

do Mato Grosso de Goiás), que teve seu contingente populacional

aumentado, principalmente pelo surto migratório de outras regiões do país,

com destaque para Minas Gerais. Tratava-se trabalhadores despossuídos e de

grandes fazendeiros em busca de terras de cultura a preço acessível para

exploração agropecuária. (CASTRO, 2004, p. 87).

A urbanização e o crescimento da cidade de Rubiataba a partir de sua emancipação se

manifestaram concomitantemente a esse mesmo processo inserido no Estado como todo,

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marcado pelo seu desenvolvimento ao longo dos anos que se prosseguem a partir da década

de 1950.

A partir de 1950, Goiânia se consolidou de vez como o mais importante centro urbano

de Goiás e Tocantins, elevando a migração para essa região mudando totalmente a fisionomia

urbana do território goiano-tocantinense. Em 1960, como constata Gomes, Teixeira Neto e

Barbosa (2004, p. 98-103), 102 novas cidades surgiram em Goiás e Tocantins com

crescimento de 132% no período de 1950 a 1960, em que até 1970 cresce mais 23%, sendo

esta década marcada pela modernização da agricultura e pelos grandes projetos de exploração

de riquezas minerais. Em 1980, destaca-se o aumento da taxa de urbanização e o êxodo rural,

com o crescimento de 50% da taxa de urbanização em comparação a 1970, e a partir de 1989,

com a separação dos dois Estados, a dinâmica urbana adquire um ritmo ainda mais acelerado.

O que é preciso ressaltar nestas consequentes eventualidades ocorridas, é que foram de

fundamental importância na compreensão do processo de formação espacial do território

goiano. Partindo dessas características de formação e consolidação desse território ao longo

de todo esse processo histórico aqui mencionado, torna-se possível enfocar de maneira

convincente a os aspectos de formação socioespacial da cidade de Rubiataba. Essa por sua

vez, sofreu transformações ao longo destas últimas décadas aqui mencionadas, principalmente

no que tange sua esfera socioeconômica, passando de uma cidade estritamente ligada à

produção agrícola de café, arroz, feijão, algodão e milho, para uma cidade voltada para o

comércio interno e a produção industrial no setor moveleiro e no setor industrial

sucroalcooleiro.

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CAPÍTULO II – O ESPAÇO URBANO DE RUBIATABA E SUA DINÂMICA

SOCIOESPACIAL ATUAL

Neste capítulo serão apresentados aspectos gerais deste município, enfatizando os

principais elementos territoriais de seu núcleo urbano, tais como órgãos públicos de saúde e

educação, além do comércio varejista, buscando compreender a atual conjuntura socioespacial

deste espaço urbano. E também será realizada uma discussão envolvendo o hibridismo espaço

rural e urbano na cidade de Rubiataba com intuito de consolidá-la como um espaço urbano, a

partir de um embasamento teórico voltado ao entendimento desta cidade enquanto um espaço

urbano socialmente produzido. As questões centrais neste capítulo são: Qual o sentindo

socioespacial dos serviços do núcleo urbano deste município? Podemos definir Rubiataba

enquanto espaço urbano ou rural?

2.1 A cidade de Rubiataba e os aspectos gerais desse município

Partindo de Goiânia, Anápolis e Rialma/Ceres pela BR-153, chegaremos ao Jardim

Paulista, pequeno distrito pertencente ao município de Nova Glória, distrito esse que permeia

o acesso à GO-434, que é a principal rodovia de acesso à cidade de Rubiataba (a distância

entre Rubiataba e a BR-153 é de 29,9 Km).

Saindo do intenso movimento de automóveis e caminhões da BR-153, esse fluxo de

veículos se torna menos intenso ao longo da GO-434, que também favorece o acesso à cidade

de Nova América permitindo através dela chegarmos à algumas cidades que ficam à Noroeste

do estado de Goiás, como por exemplo, Mozarlândia, Mundo Novo, Aruanã e dentre outras.

Ao longo da GO-434, rumo à Rubiataba, torna-se expressiva a quantidade de

outdoor’s que vão ilustrando empresas que são influentes nessa região, além de placas

indicando a chegada à cidade. É possível também se ver placas que destacam atividades

econômicas importantes em Rubiataba, como a placas referindo a cidade como “polo

moveleiro” do estado de Goiás, devido ser um setor que tem se destacado desde o início da

década de 1990, com instalação de indústrias moveleiras e que mesmo com o fechamento de

muitas delas no final dessa mesma década restando apenas uma delas, além de uma queda

desse setor na localidade, essa atividade industrial ainda continua significativa,

principalmente na geração de empregos na circulação de capital na cidade.

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Vale lembrar que a GO-434 margeia as cidades de Nova Glória e também Ipiranga de

Goiás antes mesmo de chegar em Rubiataba. O que mais chama atenção ao longo desse

trajeto são as extensas plantações de cana-de-açúcar que também margeiam essa rodovia e

que se tornam mais intensas à medida que aproximamos de Rubiataba, principalmente porque

a indústria canavieira é um setor de grande influência neste município e nos municípios

vizinhos.

Quadro 1: Rubiataba - Malha viária e distância dos municípios vizinhos e principais centros

* Por rodovias pavimentadas

Fonte: http://br.distanciacidades.com/

O município de Rubiataba situa-se na Região do Vale do São Patrício13, na

Microrregião de Ceres, que pertence a Mesorregião do Centro Goiano (mapa da localização

de Rubiataba nas figuras 2 e 3). O município é constituído quase por inteiro por terras planas,

possuindo uma altitude que varia de 610 a 680 metros, e nas áreas serranas pode variar de 700

a 900 metros. Rubiataba possui uma área total de 748,273 km² e conta com uma população de

18.915 habitantes (IBGE, 2010) com estimativa de 19.914 habitantes para 2016. O

município limita-se territorialmente ao norte: Itapaci, Nova América; ao sul: São Patrício; a

oeste: Morro Agudo de Goiás; a leste: Ceres e Ipiranga de Goiás.

13 Região que compreende a atual microrregião Ceres e mais 7 municípios: Campos Verdes, Crixás, Heitoraí,

Itaguaru, Jaraguá, Santa Terezinha de Goiás e Uirapuru (CASTILHO e CHAVEIRO, 2008).

MUNICÍPIO SISTEMA VIÁRIO DISTÂNCIA* (Km)

Goiânia GO-334, GO-154 e GO-070 204

Brasília GO-434, BR-153, GO-431,

BR-414 e BR-070

325

Anápolis GO-434 e BR-153 187

Ceres GO-334 e GO-154 44,6

Carmo do Rio Verde GO-334 28,7

Nova Glória GO-434 28,7

Ipiranga GO-434 16,1

Nova América GO-334 23

São Patrício GO-334 e GO-460 30,4

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Figura 2: Localização do Município de Rubiataba em Goiás e no Brasil

Situam-se também dentro dessa área o distrito de Valdelândia e os povoados

Bragolândia, Cruzeiro e Goiataba, todos pertencentes à administração na cidade de Rubiataba-

GO. Esse distrito e os consecutivos povoados desenvolvem atividades agropecuárias,

destacando principalmente a agricultura de subsistência. Neste caso, os habitantes dessas

localidades limitam-se estritamente a essas atividades em particular, isso porque não contam

com infraestruturas urbanas desenvolvidas como em lugares de maior densidade demográfica,

no qual tanto o distrito como os povoados possuem um mercado escasso, contando com

pequenas mercearias que atendem apenas às necessidades básicas.

Porém, como ficam bem próximas da cidade de Rubiataba (em média 10km com

rodovias não-pavimentadas), no caso de acesso à uma infraestrutura urbana e de consumo

mais amplo, os moradores destas áreas e de diversas outras áreas rurais do munícipio,

deslocam-se para a cidade em busca de suprirem as necessidades não encontradas neste

distrito e nestes povoados.

Dentre o que é buscado por essas populações na cidade, podem ser citados o acesso a

supermercados, lojas (principalmente de roupas, calçados, móveis, entre outros) casas

agropecuárias, bancos, escritórios de contabilidades, opções de lazer e também acesso à

educação, pois as escolas rurais oferecem apenas os ensinos fundamentais 1 e 2 (com exceção

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ao distrito que Valdelândia e o povoado de Bragolândia, que possui um colégio com ensino

médio), sendo assim, o acesso ao ensino médio se torna exclusivo na cidade de Rubiataba.

Evidencia-se uma considerável circulação de transportes escolares na cidade tanto na

transição entre à cidade e a essas áreas mais distantes dentro do munícipio, quanto também a

circulação de transportes dentro do próprio perímetro urbano.

Figura 3: Localização do Município de Rubiataba-Go

Dentre os aspectos físicos apontados pelo IBGE (2010), o município de Rubiataba

possui uma área total de 748,264 km², sendo constituído quase inteiro por terras planas,

possuindo uma altitude que varia de 610 a 680 metros de altitude, e nas áreas serranas podem

variar de 700 a 900 metros.

O sistema hidrográfico do município é composto por vários córregos, tendo o Rio

Novo como o principal fornecedor do abastecimento de água na cidade. Devido à

proximidade com a cidade de Rubiataba e pela facilidade de acesso desse rio pela população,

se torna comum sua função como opção de lazer principalmente nos períodos do ano em que

as temperaturas sobem, fazendo com que o rio acabe se tornando um refúgio do calor, que em

geral, envolve o período do ano entre agosto e outubro.

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As temperaturas nesse período costumam atingir médias anuais próximas ou

superiores aos 30º Celsius (figura 4), sendo este fator agregado à ausência de precipitações

que enquadra nas características climáticas dessa região, marcada por duas estações bem

definidas por um período de seca (de maio a outubro) e por um período chuvoso (de

novembro a abril). Ressaltando que podem ocorrer algumas oscilações quanto à duração

desses fenômenos durante o ano referente ao seu início ao seu término.

Figura 4 - Rubiataba: gráfico climático

O Rio Novo (figura 5) tem sua nascente localizada dentro do próprio município,

próxima a Valdelândia tendo seu curso de oeste para leste e que durante seu trajeto recebe

água de vários córregos que se situam na região desse município. Destaca-se neste caso o

córrego do Horto que deságua no córrego da Serra e que acaba desaguando no Rio Novo.

Esses córregos atravessam o perímetro urbano da cidade, e de certa forma implicam algumas

consequências no que tange a questões ambientais referentes à preservação dos mesmos.

Por estarem próximos a cidade, são alvos de consequente poluição gerada pelo

acúmulo de lixo causado pela população local resultando numa degradação ambiental. Isso

gera uma preocupação não apenas pelo fato de poluir aqueles córregos em específico, mas

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principalmente pelo fato de que um deles desagua no Rio Novo (principal rio que abastece a

cidade).

Figura 5 - Rio Novo

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

As consequências podem ser ainda maiores quando se acrescenta que o Rio Novo

deságua no Rio São Patrício e que faz linha divisória com o município de Nova América e

Itapaci, na região denominada Cravarí, limitando-se com os córregos Água Fria, Grande,

Patrona e entre outros.

As vegetações que compõem a região do município são típicas do próprio bioma

Cerrado brasileiro, sendo a vegetação nativa constituída de árvores relativamente baixas e

tortuosas, disseminadas em meio a arbustos, subarbustos e gramíneas. Essa vegetação tem

sido degradada na região, principalmente pelo extensivo plantio de cana-de-açúcar e também

pela pecuária, causando mudanças na composição do solo, da vegetação e também na fauna

nativa dessa localidade em específico.

2.2 Rubiataba: rural ou urbano?

O município de Rubiataba possui uma população que está muito próxima de alcançar

os vinte mil habitantes e cidades com esse nível demográfico costumeiramente em estudos

urbanos em Geografia no Brasil tem gerado discussões sobre suas características e busca de

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classificações que possam confirmar ou não se cidades deste nível são realmente urbanas ou

meramente cidades rurais. O questionamento inicial é: Podemos definir Rubiataba enquanto

espaço urbano ou rural?

Este questionamento repercute na polêmica discussão envolvendo as categorias

campo, cidade, rural e urbano e tem sido discutida por diversos estudiosos de diversas áreas,

principalmente nas Ciências Sociais e também por geógrafos e economistas. Discussões

teóricas e metodológicas envolvendo essas categorias, sendo recorrentes desde o início do

século XX, ganhando impulso principalmente pelo acelerado processo de industrialização e

consequentemente o de urbanização.

Retomar essas discussões não é o propósito desta pesquisa, porém serão retomados

alguns pontos importantes sobre aspectos urbanos e rurais, apenas com finalidade de definição

deste município.

Com a modernização do campo iniciada na década de 1960, o rural e o urbano

obtiveram considerações importantes no seio de relações, sejam envolvendo atividades

econômicas como também na forma em que se davam as relações sociais. De acordo com

Ferreira e Rosa (2013), na década de 1990 surgiram vários trabalhos questionando os

referenciais estatísticos brasileiros e esses dados estariam distanciando da realidade. Neste,

caso partiu-se o princípio de que o Brasil não seria tão urbano assim, isso porque toda sede

municipal era considerada urbana independente de suas atividades ou características

socioculturais. Existem casos de pequenos municípios que não tiveram experiência urbana de

sua população, como aponta Wanderley (2001), e o mesmo autor apresenta como justificativa

dessa ocorrência o modo de vida dessas populações, tais como a oferta de serviços públicos e

atividades econômicas exercidas pela população, muito mais voltados aos aspectos rurais do

que urbanos.

O que é preciso entender é que com as novas formas de produção e trabalho no campo,

houve uma nova ressignificação do meio rural comportando atividades como turismo,

moradia entre outros, e com isso passou a desenvolver atividades que antes eram restritas

apenas à centros urbanos. As tendências de pesquisadores brasileiros têm sido voltadas à

trabalhos numa perspectiva de enfatizar o campo no Brasil como uma área dinâmica, com

potenciais econômicos, não podendo mais ser considerado como um meio secundário em

relação ao urbano.

Pensar no meio rural como um obstáculo ao desenvolvimento social seria

ocultar a importância e potencial econômico nele existentes, já que este não

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pode ser mais considerado um meio secundário no que se refere à preposição

de políticas públicas, na medida em que teria capacidade de preencher

funções necessárias ao desenvolvimento de suas populações e da sociedade

como um todo. (FERREIRA e ROSA, 2013, p. 190).

Ferreira e Rosa (2013) afirmam que, levando em conta as disparidades locais e

regionais do país, os espaços hoje comportam várias formas de existência, tendo como objeto

das discussões o meio rural. Levando isto em consideração eles acrescentam que “[...] o

campo é hoje espaço de riqueza e de pobreza, de luta pela terra e dos grandes latifúndios, do

agrobusiness e da pequena produção, de produção e moradia, do trabalho e do lazer.”

(FERREIRA e ROSA, 2013, p. 190). Porém, estes mesmos autores destacam que existem

alguns estudos que não levam em consideração esse fato, ressaltando apenas o ponto de vista

econômico, e que as transformações que vem ocorrendo no âmbito da relação cidade e campo

estariam homogeneizando-os, não se falando mais em meio rural, mas sim em “novo rural” e

em “rurbano”14.

Há uma tendência em considerar um processo de homogeneização nas transformações

que vem ocorrendo no campo e na cidade isso em função cada vez mais ligada à expansão do

capitalismo no Brasil. O que vem ocorrendo no Brasil é uma produção do espaço cada vez

mais urbanizada gerando uma integração dos “[...] espaços e populações, articulando

ideologias, transformando os lugares, costumes, homogeneizando-os, o que seria resultado do

próprio movimento do sistema econômico.” (FERREIRA e ROSA, 2013, p. 191). Levando

em consideração o avanço desses processos, tem-se cada vez mais a valorização do rural pelo

urbano e o avanço das cidades sobre o campo. O termo “novo rural” é apresentado por

Graziano da Silva (2002), que em meados da década de 1980 se depara com uma nova

configuração do meio rural brasileiro, e a utilização de aspas para assim designar o termo se

deve ao fato de que muitas dessas atividades que se apresentam no “novo rural” serem

seculares neste país, porém não tinha tal importância econômica como recentemente passou a

ter.

14 O “novo rural” e o “rurbano” neste caso, seria o local do exercício de novas funções, marcado pela

intensificação da técnica e modernização das atividades econômicas, estando presentes o crescimento do

chamado agrobusiness e aumento das atividades não-agrícolas (moradia, lazer, prestação de serviços, etc.). Estes

processos resultariam em uma nova configuração econômica e social, na qual as especificidades do campo e da

cidade, bem como de suas populações diminuíram na mesma intensidade em que o campo se tornasse um local

plurativo. (FERREIRA e ROSA, 2013, p. 190).

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Mesmo com essa tendência de homogeneização da estrutura econômica e social

advindas do sistema econômico vigente, e considerando cada vez mais o avanço do urbano

sobre o rural, há uma permanência de traços em ambas categorias e que consolidam sua

identidade, ou seja, independente do avanço ou ligação de uma com a outra, ambas

continuarão mantendo características que lhe são próprias e é em função disto que surgem

estudos que vão de “contramão” a essa ideia de homogeneização do meio rural e urbano,

como é o caso de Queiroz (1978), que aponta o crescimento de uma heterogeneidade do

espaço e das relações envolvendo o avanço da cidade sobre o meio rural desde o início do

processo de industrialização. A permanência dessas características de ambas categorias pode

ser percebida mais de perto no que envolve diretamente as relações sociais nelas

estabelecidas, isso porque ocorrem nelas a permanência de valores, costumes e tradições e que

as diferenciam.

É possível perceber até aqui que a relação entre campo e cidade, rural e urbano, se

desenvolvem de uma maneira complexa, gerando muitas reflexões. O que se tem é uma

evolução do rural pelo urbano e cada vez mais uma determinação do urbano sobre rural, ou

seja, vem ocorrendo uma continuidade dos espaços e das populações rurais e urbanas.

Um exemplo da fluidez existente entre campo e cidade pode ser constatado em

Rubiataba. É possível perceber a presença do rural no perímetro urbano desta cidade, sendo

estes traços presentes em sua paisagem urbana quanto também no modo de vida de muitos

moradores inseridos neste cenário.

Figura 6 - a) horta comunitária; b) feira do agricultor

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

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Exemplos disto podem ser dados com existência de hortas comunitárias na cidade,

figura 6(a), nas quais os moradores desempenham papéis de agricultores, desenvolvendo um

trabalho estritamente rural em pequenos espaços cedidos pela prefeitura para desempenharem

estes trabalhos, há existência de chácaras próximas à cidade nas quais muitos moradores

embora se situem na própria cidade se deslocam diariamente para realizarem atividades rurais,

tais como a criação de animais como gado, galinha e porco (os mais comuns), além da

agricultura que a produção das mesmas são destinadas como subsistência ou muitas vezes

como fontes de rendas ao serem comercializados numa feira existente na cidade, figura 6(b),

nos dias de quarta-feira e domingo, conhecida como feira do agricultor. Dentre os produtos

comercializados nesta feira podemos citar alguns como o queijo, a farinha (de mandioca e de

milho), as hortaliças em geral, como alface, tomate, couve, além de milho, mandioca, batata,

frutas em geral (com destaque para bananas, abacaxis, melancias, laranjas, melões, abacates,

mamões, etc.) e entre outros, nos quais todos são produzidos pelos moradores rurais do

município ou por moradores da própria cidade que se deslocam para o campo com viés de

desenvolverem estas atividades.

A presença do rural no perímetro urbano desta cidade se torna presente ainda mais

quando evidenciamos nas ruas o deslocamento de carroças utilizadas por alguns moradores,

como pode ser constatado na figura 7(a), além da transição de tratores, que embora não seja

constatada diariamente, torna-se comum depararmos com algum em plenas avenidas. Algo

também marcante da presença do rural em hábitos da população é a compra do leite “in

natura” comercializado e entregue na porta de casa, como está constatado na figura 7(b).

Figura 7 - a) carroça em área central da cidade; b) leiteiro com motocicleta

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2016.

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Ao observamos a figura 7(b), percebe-se que a entrega do mesmo está sendo realizada

por uma motocicleta, porém isso nem sempre foi assim, pois esse trabalho é comumente

realizado por carroças e a substituição das mesmas tem ocorrido recentemente (desde 2014), o

que reflete um certo “hibridismo15” quanto às práticas estritamente ligadas ao urbano e ao

rural.

Embora estes traços do rural em pleno perímetro urbano da cidade seja constatado,

como foi evidenciado, estas não são as atividades predominantes no modo de vida na maioria

dessa população, isso porque a cidade conta com um comércio varejista variado, no qual a

cidade possui uma infraestrutura suficiente a atender as necessidades básicas de consumo. E o

próprio modo de vida da população está ligado a práticas mais voltadas a um modelo de vida

urbano do que rural. Isso pode ser evidenciado quanto aos próprios costumes da população em

geral, cada vez mais dependente de seus deslocamentos aos bancos da cidade, a busca por um

consumo cada vez mais tendencioso, de compras ligadas à produtos globalizados, a busca por

áreas da cidade com acesso à internet e entre outros. Além disto é cada vez mais intensa a

circulação de carros e motocicletas, o que potencializa a capacidade de deslocamento e

circulação neste espaço, indicando cada vez mais a necessidade dos mesmos, e que são

características cada vez mais voltadas a um padrão de vida que denominamos como urbano.

É preciso negar visões dicotômicas em ralação ao rural e o urbano, principalmente

aquelas que tentam negar uma destas esferas, como é apontado por Ferreira e Rosa (2013),

que também ressaltam a ideia de que não se pode negar a fluidez existente entre ambos. “Por

outro lado, não se pode negar a relação da sociedade como o território, pois o espaço

geográfico é ponto de partida e ao mesmo tempo produtos das relações sociais. ” (FERREIRA

e ROSA, p. 202, 2013). No decorrer desta pesquisa serão apresentadas características e

funcionalidades que afirmam Rubiataba como um espaço urbano de acordo com os conceitos

aqui apresentados.

Com relação aos estudos sobre cidades e a busca por definições sobre as áreas urbanas,

há uma tendência em referi-las à grandes aglomerações ou de médio porte, o que indica uma

preocupação de definição voltada diretamente ao número de habitantes.

De acordo com Lopes (2009), “[...] os portes demográficos constituem o ponto de

partida na demarcação de objetos e áreas de estudos urbanos, para os quais a importância de

15 O termo “hibridismo” é utilizado aqui como uma expressão que reflete uma continuidade espacial da expansão

de elementos urbanos sobre elementos rurais. Nas áreas de Planejamento Urbano e na Geografia, há uma

tendência na maioria dos autores em considerar essa expansão sem distinções entre ambos os espaços (rural e

urbano). Isto pode ser verificado em Harvey (2005) e Léfèbvre (1976).

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uma cidade se fundamenta no volume de sua população e nos tipos de relações sócio-

espaciais [...] “ (LOPES, 2009, p. 12). A autora acrescenta que estes aspectos determinam a

produção deste espaço, constituindo-o como um produto social em permanente processo de

transformação.

Embora muitos pesquisadores enfatizem as aglomerações de pessoas em determinados

espaços, como um viés de análise e definição do que seja considerado urbano, percebe-se que

não há um consenso quanto à qualificação dessas aglomerações. Para melhor exemplificar,

não há noção consensual quanto às noções de grandezas dessas aglomerações, sejam elas de

pequeno, médio ou grande porte, ocorrendo critérios variados para tais classificações.

Em razão de uma grande variação de critérios sobre o que seja realmente urbano, são

consolidadas dificuldades e que não permitem uma definição que são utilizadas em sentido

generalizado e que já foi abordado por Santos (1979 a, p.7).

Considerando o valor numérico das aglomerações como um critério de definição de

uma área urbana, podemos citar o apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e

também do Estatuto das Cidades (BRASIL, 2001), que consideram como porte mínimo 20 mil

habitantes, para assim classificar como urbano. Além destas entidades, autores como Nunes

(1981), Andrade e Serra (1997), Martine (1993) e Veiga (2002), também apresentaram em

seus trabalhos este mesmo valor como mínimo para se estabelecer uma área urbana.

Porém há autores como Souza (2003) e Silva, Leão e Silva (1989), que estabelecem a

quantidade de 5 mil habitantes como valor minimamente aceitável como urbano,

principalmente porque apontam um constante percentual da população mundial vivendo em

núcleos desse valor.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define a zona urbana como

toda sede município (cidade) e de distrito (vila). Essa classificação de zona urbana, porém,

não leva em consideração o tamanho da cidade nem mesmo a quantidade de habitantes.

Em estudos sobre limiares demográficos na caracterização das cidades médias,

Amorim Filho e Rigotti (2002) apresentam variações na classificação do que seja definido

como uma cidade média na América do Sul. Eles verificam que a mesma quantidade de

habitantes em duas cidades de países diferentes, podem ter classificações diferentes, sendo

assim, uma pode ser considerada uma cidade de porte médio e a outra de porte pequeno,

embora tenham a mesma quantidade de habitantes. Estes autores apontam que apenas o porte

demográfico não é suficiente para classificar as cidades, sendo necessário levar em

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consideração aspectos como a funcionalidade, localização demográfica e sua dinâmica na

rede urbana, sendo estes mais importantes do que apenas o valor numérico das aglomerações.

Diante das variações e dificuldades aqui apresentadas de alguns dos pesquisadores que

abordaram essa temática de definição e delimitação do urbano, outra questão apresentada é a

da diferenciação entre urbano e rural. Com a modernização da agricultura brasileira em

meados do século XX, houve uma maior ligação e inter-relação envolvendo atividades do

campo atividades urbanas. Sobre essa dificuldade de diferenciação entre rural e urbano, Lopes

(2009) destaca:

No campo se vivia da agropecuária e nas cidades do emprego industrial ou

do comércio. Mas a contínua evolução tecnológica fez o mundo muito mais

complexo, tornando quase impossível saber onde uma cidade acaba e onde

se inicia o campo, pois as cidades se expandem para além de seus limites,

extravasam e levam para o campo atividades características urbanas.

(LOPES, 2009, p. 17)

Como referência deste trabalho no que se refere ao conceito de urbano, para assim

enquadrarmos Rubiataba nesta discussão, utilizaremos o que foi apresentado por Lopes

(2009). Em seu trabalho ela buscou conceituar o urbano partindo de definições expostas por

autores como Corrêa (1989), Silva e Silva (1991), isso porque estes autores têm procurado

compreender o espaço enquanto instância socialmente produzida. Para que uma cidade seja

entendida como espaço urbano e socialmente produzido, Lopes (2009) destaca:

Uma cidade – entendida como espaço urbano e socialmente produzido - deve

conter certo número de habitantes, vivendo em um aglomerado com certa

centralidade econômica, algumas características espaciais – refletidas na

multiplicidade de uso do solo – e certa diversidade econômica articulada

com a presença de classes sociais distintas, além de alguma proporção de

residentes ocupados em atividades não-agrícolas. (LOPES, 2009, p.21).

Partindo deste conceito apresentado por Lopes (2009), podemos definir a cidade de

Rubiataba como um espaço urbano. Isso porque ela apresenta todas as características

apresentadas neste conceito. Ou seja, Rubiataba possui uma certa centralidade econômica,

principalmente porque tem influência sobre os municípios de sua hinterlândia, tais como

Ipiranga de Goiás, Nova Glória e Nova América, sendo essa relação estabelecida em função

do comércio e das atividades industriais desenvolvidas.

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É possível constatar em Rubiataba uma grande proporção de residentes ocupados em

atividades não-agrícolas, principalmente aquelas ligadas à moradia, lazer, atividades

industriais e prestação de serviços. É possível perceber também a existência de uma

diversidade econômica articulada e que refletem em classes sociais distintas, sendo sua

veracidade explanada na paisagem urbana da cidade e expressada em seus diferentes bairros,

sendo possível constatar residências de alto padrão e também residências em condições

precárias e que evidenciam essa diversidade de classes sociais nesta localidade.

Observa-se também diferentes usos do solo e uma certa centralização de serviços,

sejam eles comerciais, administrativos ou religiosos. Diferentemente das grandes cidades não

é notável a presença de grandes edifícios, havendo uma tendência de imóveis comerciais e

residenciais nas proximidades com o centro da cidade e que indicam os distintos estratos

sociais.

Diante da discussão apresentada, percebemos Rubiataba como um espaço urbano,

sendo crucial a definição deste aspecto como ponto de partida para uma análise mais

detalhada deste espaço. Apesar de uma área pequena em relação a outras cidades consideradas

médias e grandes em diversas classificações, levando em consideração suas limitações no

alcance dos serviços disponíveis, Rubiataba exerce funções a nível de sua escala que nos

favorecem subsídios suficientes para apontar como um urbano possível.

2.3 Os serviços do núcleo urbano de Rubiataba: órgão públicos, saúde e educação.

A lógica de produção econômica estabelece influência direta na produção do espaço

urbano, através de variadas atividades regidas por ações de agentes diversos, que estão

sempre atuando e gerando mudanças e transformações no espaço. Dentre estas atividades

estão aquelas relacionadas ao conjunto de relações estabelecidas por uma determinada

sociedade, sejam elas atividades de consumo, trabalho, moradia, saúde, educação ou lazer.

Temos a cidade como um resultado de expressão concretizada a partir do processo de

produção do espaço urbano, que dentro de uma realidade socioeconômica de caracterização

da cidade, pairamos sobre uma racionalidade capitalista responsável pelo resultado deste

processo, (re) funcionalizando e consequentemente moldando suas formas, sendo mediadas

por interesses do capital.

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Neste sentido, vale ressaltar o que foi destacado por Villaça (1998, p. 13) neste

processo de produção do espaço urbano, apontando a escala intraurbana como relevante e

grande importância no estudo da cidade. Ele apresenta que na busca de uma melhor

compreensão da cidade, torna-se relevante enfocar elementos importantes nesta escala de

análise.

Estes elementos orientam e determinam a produção do espaço urbano, tais como o

conjunto de equipamentos na área dos serviços e sua produção, circulação de mercadorias

(objetos) e pessoas, além das características demográficas, sendo estes, cruciais na

compreensão do modo de vida e da dinâmica e estrutura interna das cidades.

A caracterização de uma cidade como Rubiataba nos leva à análise destes elementos

como algo relevante e dinâmico, partindo da premissa de que eles não são estáticos e que

incutem às cidades formas e funções diversas, e que mostram como está estabelecida a

organização espacial em seu constante processo de produção e reprodução.

O poder público, por sua vez, tem atuação neste processo de produção e reprodução,

influenciando na economia das cidades, pois é ele o principal responsável em fornecer

suportes à população residente tanto no perímetro urbano como também nas áreas rurais.

Através do poder público se instauram políticas na esfera da administração pública, dos

serviços sociais e também na saúde e educação. E isto pode ser percebido a partir das

unidades escolares, instituições públicas e também estabelecimentos de saúde e que

configuram a dinâmica socioespacial da cidade.

O reflexo da implementação destes elementos pelo poder público resulta no aumento

do número de vagas no serviço público e que contribui para a incrementação das atividades

comerciais, que acaba por aumentar demanda de novos bens e serviços.

Para melhor avaliarmos estes elementos do setor público em Rubiataba enquanto

componentes da dinâmica socioespacial, apresentaremos algumas características dos

serviços de saúde e educação, isso porque os reconhecemos como elementos determinantes

na produção deste espaço urbano e que é essencial na compreensão do modo de vida e da

dinâmica e estrutura interna desta cidade.

2.3.1 Os serviços de saúde

Os serviços de saúde em Rubiataba são compostos por apenas três hospitais

localizados na sede do município além de dez postos de saúde distribuídos entre os bairros da

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cidade, existindo também um posto de saúde localizado em cada distrito do município. Os três

hospitais são: Hospital Municipal, Hospital Menino Jesus e Hospital São Vicente. Apenas o

Hospital Municipal é público. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Rubiataba,

no mês de julho de 2017, o quadro de funcionários e médicos que atendem aos hospitais e

postos de saúde somam um total de 67.

Figura 8 - Hospital Municipal Dr. Ubiratan Carneiro

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2016.

O Hospital Municipal (figura 8) foi o primeiro hospital da cidade, criado em 2007, e

antes da fundação deste hospital, o atendimento à população era realizado por apenas um

posto de saúde, pois o aumento do número de postos no município ocorreu a partir do ano de

2008. O Hospital busca atender a população do município em geral e é o principal hospital da

cidade possuindo o maior fluxo de pessoas e atendimentos, com atendimento em todo

município e com cobertura de atendimento em toda a zona rural.

O quadro de médicos no Hospital Municipal chega a um total de 14 médicos, sendo

estes, os mesmos médicos que atendem aos postos de saúde, sendo os plantões estabelecidos

por uma escala de trabalho e que é alternada entre eles. O hospital conta com 28 leitos e com

ralação à quantidade de pacientes atendidos, no mês de junho de 2017, foram atendidos 4.564

pacientes.

O sistema de saúde em Rubiataba conta com serviços básicos, tais como clínica geral,

e com capacidade para internações, dependendo do quadro de doenças ao quais se referem os

pacientes. De acordo com o quadro de relação de empresas registradas no município de

Rubiataba em 2016, fornecido pela prefeitura, são constatadas duas clínicas médicas e seis

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clínicas gerais. O setor público atua principalmente com serviços primários através dos postos

e centros de saúde.

Buscando atender principalmente uma população de baixa renda, os serviços de saúde

em Rubiataba contam com a distribuição de 10 postos de saúde (SUS-Sistema Único de

Saúde), sendo apenas 1 com atendimento na zona rural. São distribuídos 1 médico para cada

posto de saúde (um total de 10 médicos) e cada posto possui 2 leitos apenas para a observação

de pacientes, não sendo realizadas internações.

Em casos mais graves de internações, tratamentos ou emergências, o paciente é

encaminhado à cidade de Ceres, que oferece serviços mais qualificados e compondo uma

demanda de serviços especializados.

Por causa da quantidade e qualidade da especialização dos serviços de saúde em Ceres

ser expressiva em relação aos municípios mais próximos, há uma forte demanda de

populações advindas destes municípios em busca destes serviços especializados. De acordo

com Castilho (2009), os municípios de procedência das pessoas que procuram Ceres para o

consumo de bens e serviços de saúde chegam à vinte e dois municípios com maior frequência,

o que inclui Rubiataba, e quatorze municípios que buscam estes serviços, porém com menor

frequência.

Dentre algumas das atividades específicas que podem ser encontradas em Ceres, como

aponta Castilho (2009), estão aquelas ligadas à hospitais, laboratórios de análises clínicas e

também clínicas especializadas e diversas áreas, tais como psicologia, oftalmologia,

odontologia, e dentre outras.

Há uma tendência e busca com maior frequência destes serviços principalmente pelas

classes média e alta da população que se situam em Rubiataba (assim como de outros

municípios), tanto pela proximidade quanto pela qualidade dos serviços e que são oferecidos

em sua maioria por serviços privados e que de certa forma favorecem uma parcela da

população com maiores poderes aquisitivos.

2.3.2 Os serviços de Educação

Os serviços de educação no município de Rubiataba são compostos por 22 instituições

de ensino, conforme trabalho de campo realizado em janeiro de 2017 (quadro 1), sendo

distribuídas em 9 escolas/colégios estaduais, 10 escolas municipais, 1 centro de convivência

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estadual, 1 instituição de ensino superior e 1 escola privada infantil, não havendo escolas ou

colégios privados de níveis fundamentais e médio.

Quadro 1 - Redes de ensino em Rubiataba, 2017

Município Nome da Escola/Colégio Local Rede

Rubiataba Colégio Estadual Raimundo Santana

Amaral

Rubiataba Estadual

Rubiataba Colégio Estadual Gilvan Sampaio Rubiataba Estadual

Rubiataba Colégio Estadual Levindo Borba Rubiataba Estadual

Rubiataba Colégio Estadual Pedro Alves De

Moura

Rubiataba Estadual

Rubiataba Escola Estadual Oscar Campos Rubiataba Estadual

Rubiataba Escola Estadual Jose Custodio Rubiataba Estadual

Rubiataba Centro De Educação E Convivência

Juvenil Bernardo Sayao

Rubiataba Estadual

Rubiataba Escola Estadual Indígena Cacique Jose

Borges

Aldeia

Carretão

Estadual

Rubiataba Escola Estadual Antonio Braga Bragolândia Estadual

Rubiataba Colégio Estadual Ângela Pimentel Valdelândia Estadual

Rubiataba Escola Municipal Rivaldo Santana

Sampaio

Rubiataba Municipal

Rubiataba Núcleo Municipal De Ensino

Fundamental Monsenhor Lincoln

Monteiro Barbosa

Rubiataba Municipal

Rubiataba Escola Municipal Maria Rosaria De

Lima

Rubiataba Municipal

Rubiataba Escola Municipal Professora Zelma

Queiroz De Lacerda Alencar

Rubiataba Municipal

Rubiataba Pré-Escola Pequeno Polegar Rubiataba Municipal

Rubiataba Pré-Escola Branca De Neve Rubiataba Municipal

Rubiataba Centro Educacional Criança Cidadã Rubiataba Municipal

Rubiataba Pré-Escola Lar Feliz Valdelândia Municipal

Rubiataba Escola Municipal Manoel Domingues

Neto

Cruzeirinho Municipal

Rubiataba Escola Municipal Maria Aparecida

Cunha

Goiataba Municipal

Rubiataba Escola Infantil Pedacinho Do Céu

Rubiataba Privada

Rubiataba Faculdade de Ciências e Educação de

Rubiataba (FACER/Uni Evangélica)

Rubiataba Privada

Fonte: Pesquisa de campo, 2017.

A única instituição de ensino superior em Rubiataba é a FACER (Faculdade de

Ciências e Educação de Rubiataba), destacada na figura X, e que foi fundada no dia 9 de julho

de 1997. A instituição conta com cursos de graduação, pós-graduações, cursos livres e

também contava com cursos à distância em parceria com a UNOPAR (Universidade Norte do

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Paraná), na qual essa parceria se encerrou no final de 2016. Atualmente, os cursos de

graduação oferecidos nesta instituição são o de Direito e Administração, oferecendo também,

de acordo com a quantidade de alunos requerentes, os seguintes cursos de pós-graduação:

Controladoria e Finanças, Direito Civil e Processo Civil, Direito Penal e Processo Penal,

Direito e Processo Constitucional, Docência Universitária, Educação e Gestão Ambiental

Educação Inclusiva, Educação Infantil, Gestão Empresarial e Psicopedagogia Clínica.

Em abril de 2015, foi assinado um contrato de compra das Faculdades FACER pela

Associação Educativa Evangélica (AEE), que eram mantidas pelo CESUR (Centro de Ensino

Superior de Rubiataba), adquirindo a partir daí as unidades existentes em Rubiataba, Ceres,

Jaraguá e Goianésia.

Esta instituição de nível superior atende uma grande demanda de estudantes que

compõem não somente a cidade de Rubiataba, mas também alunos de diversas outras cidades,

principalmente aquelas ligadas à microrregião de Ceres, que de acordo com informações

fornecidas pela instituição o número de estudantes matriculados em 2016 variou entre X

municípios (ver a tabela X na página X). Em dezembro de 2016, o Ministério da Educação

(MEC) divulgou o Índice Geral de Cursos (IGC) de todas as instituições de ensino superior do

país, sendo esse índice uma referência com a finalidade de medir a qualidade das faculdades e

universidades no Brasil. A FACER obteve nota 4 numa escala que vai de 0 a 5, mesma nota

obtida pela Universidade Federal de Goiás, o que demostra bons resultados e uma referência

na qualidade de ensino nessa região considerando essa classificação.

Tabela 1 – Educação: estatística municipal de Rubiataba (2000 a 2015)

MUNICÍPIO 2000 2001 2005 2010 2015

Estabelecimentos de Ensino/total (número) 19 22 22 26 20

Salas de aula existentes /total (número) 105 119 126 195 168

Docentes/total (número) 229 239 257 236 202

Matrículas/total (alunos) 5727 5763 5447 4682 3895

Matriculas na creche/total (alunos) - 24 118 107 164

Matrículas na pré-escola/total (alunos) 162 208 358 395 502

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Matrículas no ensino fundamental /total

(alunos) 3808 3817 3407 2816 2376

Matrículas no ensino médio /total (alunos) 1105 943 1023 1008 729

Matrículas na educação de jovens e adultos

(EJA) /total (alunos) 293 473 498 249 124 Fonte: IMB (2015)

Observando a tabela 1, que compõe uma estatística municipal de Rubiataba referente à

educação disponível pelo IMB, percebe-se que houve um aumento no número de instituições

de ensino passando de um número de 19 em 2000 para 26 em 2010. Porém em 2015 este

número cai para 20 instituições, e pudemos verificar que isto se deve a algumas escolas e

colégios que fecharam, tais como a escola Atrium, Lar Feliz, Chapeuzinho Vermelho, Branca

de Neve e Tapuios, além do Colégio FACER.

O número de salas existentes e também de docentes, seguem a mesma oscilação do

número de instituições, ou seja, partem de um considerável aumento no ano de 2000 até 2010,

mas acabam sofrendo uma pequena queda no número entre 2010 e 2015 e se devem

estritamente a diminuição do número de instituições que foram 6 neste período envolvendo

2010 e 2015. É preciso ressaltar também que o aumento do número de salas de aulas se deve à

novas construções, que foram sendo realizadas, isso pode ser constato em algumas escolas,

colégios e também na FACER, que ampliaram estes números, consolidando esta estatística.

No que se refere ao número de matrículas, é perceptível uma queda gradativa entre

2000 e 2015. Em trabalho de campo nas instituições de ensino, foram apontadas como

justificativa nessa queda alguns fatores como o fechamento de algumas instituições neste

período, como já foi mencionado, busca por trabalho nos quais muitos deixam os estudos,

sendo essa queda registrada até mesmo na Educação de Jovens e Adultos (EJA), que em geral

concentra grande parte de estudantes que frequentam as aulas a noite e trabalham durante o

dia. Um fator também que influencia na queda de matrículas, principalmente no ensino médio

do município, deve-se a grande quantidade de alunos aprovados no Instituto Federal Goiano

de Ceres, que é uma referência na qualidade de ensino médio na região, facilitado pela

proximidade com Rubiataba, sendo disponíveis ônibus particulares, e que levam estes

estudantes diariamente a essa instituição, além de outras instituições. O total de alunos

matriculados no Instituto Federal Goiano de Ceres em 2017, foi de 666 matrículas no Ensino

Médio, entre os alunos da 1ª, 2ª e 3ª Séries dos quais 70 são oriundos da cidade de Rubiataba.

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E com relação ao nível superior, o total de alunos matriculados no segundo semestre de 2017

nos cursos de graduação é de 629, sendo 41 destes naturais da cidade de Rubiataba.

Ainda com referência ao quadro 2, observamos que o número de matrículas em

creches e pré-escolas do município entre 2000 e 2015 obteve um considerável aumento. O

número de matrículas na pré-escola passou de 162 para 502 (2000 até 2015), um aumento de

209,87%, e já nas creches passou de 24 para 164 matrículas (2001 até 2015), com aumento de

683,33%, ou seja, um aumento expressivo. O aumento e ampliação de creches e pré-escolas

instaladas no município neste período é um fator importante, porém, um fator que reflete esse

aumento são as ocupações de trabalho tanto por homens como mulheres, que tem buscado

estas instituições como recurso para seus filhos enquanto trabalham. Mas outro fator que

reflete no aumento de matrículas nestas instituições se deve ao crescimento da população e

consequentemente um número maior de pessoas com faixa etária a estarem matriculadas

nestas instituições. Porém, mesmo com o crescimento da população, a taxa de natalidade

bruta do município16 vem diminuindo, e que de acordo com o DATASUS (2017), passou de

uma média de 15,79 em 1994 para 9,12 em 2011. Em contrapartida houve uma queda na taxa

de mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um ano de idade) que no

município passou de 29,8 óbitos por mil nascidos vivos, em 2000, para 14,8 óbitos por mil

nascidos vivos, em 2010.

O IDHM brasileiro foi estabelecido em 2012 pelo PNUD Brasil, o Ipea e a Fundação

João Pinheiro (FJP), que assumiram o desafio de adaptar a metodologia do IDH Global para

calcular o IDH Municipal (IDHM) dos 5.565 municípios brasileiros, no qual esse cálculo foi

realizado a partir das informações dos três últimos Censos Demográficos do IBGE de 1991,

2000 e 2010. Para os cálculos do IDHM, são consideras as mesmas três dimensões do IDH

Global, referentes à longevidade, educação e renda, adequando a metodologia global ao

contexto brasileiro e à disponibilidade de indicadores nacionais. Embora meçam os mesmos

fenômenos, os indicadores levados em conta no IDHM são mais adequados para avaliar o

desenvolvimento dos municípios e regiões metropolitanas brasileiras. (ATLAS BRASIL,

2013).

16 Este cálculo indica o número de nascidos vivos de residentes por mil habitantes em um ano.

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Gráfico 1 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal17 (IDHM), Rubiataba, Goiás

e Brasil (1991, 2000 e 2010)

Fonte: IMB (2015)

No gráfico 1, temos uma comparação envolvendo uma média anual do IDHM

Educação referente ao município de Rubiataba em contrapartida às médias desse índice em

Goiás e no Brasil. Temos que em 1991 essa média em Rubiataba era inferior às médias

estadual e nacional, porém em 2000 e 2010 as médias em Rubiataba foram superiores, o que

indica um bom retrospecto referente ao estado e ao país, mas se enquadrando como IDHM

médio (entre 0,600 e 0,699), como pode ser observado na média em 2010 que foi de 0,666.

17 De acordo com o IMB, estes dados são obtidos a partir da composição de dois subindicadores com pesos

diferentes: escolaridade da população adulta e fluxo escolar da população jovem. A escolaridade da população

adulta foi medida pelo percentual de pessoas com 18 anos ou mais de idade, com ensino fundamental completo e

tem peso 1. O fluxo escolar dos jovens foi medido pela média aritmética do percentual de crianças entre cinco e

seis anos frequentando a escola, do percentual de jovens entre 15 e 17 anos com ensino fundamental completo e

do percentual de jovens entre 18 e 20 anos com ensino médio completo e tem peso 2. A média geométrica desses

dois componentes resulta no IDHM Educação. Classificação segundo IDH: Muito Alto (acima de 0,800); Alto

(de 0,700 a 0,799); Médio (de 0,600 a 0,699) Baixo (de 0,500 a 0,599) Muito Baixo (de 0 a 0,500).

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De acordo com o IPEA, cerca de 74% dos municípios brasileiros se encontram nas

faixas de Médio e Alto Desenvolvimento. O restante, 25%, está entre aqueles que

apresentaram Baixo ou Muito Baixo Desenvolvimento Humano. Os municípios com Alto

Desenvolvimento Humano estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste. As regiões Centro-

Oeste e Norte apresentaram um maior número de municípios classificados com Médio

Desenvolvimento Humano, e já a região Nordeste, concentrou o maior número de municípios

no grupo de Baixo Desenvolvimento Humano.

No ranking desenvolvido pelo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (2013)

envolvendo os 5.565 municípios brasileiros, e que estabelece uma classificação desses

municípios de acordo com os índices envolvendo o IDHM, temos que em 2010 no quesito

educação, o município de Rubiataba ocupou a 768ª posição e dentre os 246 municípios

goianos ocupou a 20ª posição.

Esse conjunto de dados aqui mencionados são considerados em razão da capacidade

de estabelecerem aspectos importantes na área da educação em Rubiataba, que é um fator a

ser considerado em busca de compreensão da configuração socioespacial deste município,

pois os dados apresentados e a busca de análise e correlação dos mesmos estabelecem fatores

importantes na caracterização social e econômica do município, sendo a educação reflexo

destes fatores, indicando o posicionamento do município dentro de um método comparativo

em uma escala de análise, seja ela local, regional, nacional ou mundial, o que permite

estabelecer um nível de desenvolvimento.

2.4 O sentido socioespacial dos serviços em Rubiataba

A distribuição dos serviços na dinâmica socioespacial está estritamente ligado a forma

como se estabelecem o conjunto de relações socioeconômicas exercidas por uma determinada

sociedade. Quando referimos aos serviços, estes podem estar ligados ao setor produtivo, como

transações bancárias, seguros e comunicação, e podem estar ligados a distribuição de bens,

como armazenagem, transportes e bens. Além disso, podem estar ligados a serviços sociais,

como o de educação, saúde e lazer, e também serviços pessoais.

No Brasil, o setor de serviços do comércio e a venda de produtos representam papel

importante na economia brasileira, principalmente na geração de emprego e renda, ajudando

na competividade do mercado interno e externo. O setor terciário, por exemplo, na economia

brasileira, levando em consideração tudo o que o Brasil produz, corresponde a mais da metade

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do Produto Interno Bruto (PIB), sendo responsável pela geração da maioria dos empregos

formais. (PORTAL BRASIL, 2009).

A infraestrutura decorrente do nível de especialização produtiva do município de

Rubiataba demonstra como a dinâmica socioespacial está estruturada em seu núcleo urbano.

Podemos perceber a existência de hospitais, colégios, faculdade, agências bancárias, além de

um comércio varejista diversificado. Os serviços ligados à saúde, educação, comércio

varejista, instituições e órgãos públicos, restringem-se aos municípios mais próximos.

Figura 9 - Alcance socioespacial dos serviços e da infraestrutura do núcleo urbano de

Rubiataba

De acordo com pesquisa de campo, o comércio varejista conta com

aproximadamente 175 estabelecimentos, e de acordo com questionários aplicados

neste setor (lojas, supermercados e casas agropecuárias), percebemos que a

procedência de consumidores que procuram Rubiataba em busca da infraestrutura

ofertada corresponde aos municípios de sua hinterlândia, tais como Nova

América, Ipiranga de Goiás, Nova Glória, Carmo do Rio Verde e Vila S ão

Patrício.

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Referindo-se ao setor público pudemos constatar outros que também expressam a (re)

funcionalização deste espaço urbano, tais como a SANEAGO, DETRAN, escritório local do

IPASGO e Delegacias da Polícia Militar e Civil. É possível perceber também algumas

entidades classistas instaladas neste núcleo urbano e que apresentam atuações de grupos

sociais na política local. Dentre elas podemos destacar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais,

Associação Atlética Banco do Brasil, Associação Comercial de Rubiataba (ACIR), APAE,

Loja Maçônica Templários do Bem, Associação dos Pequenos Produtores e

consumidores de Rubiataba, que ao todo chegam a 9 associações.

As pessoas destes municípios que buscam usualmente Rubiataba, tendem a

uma procura mais concentrada ao comércio varejista e também pela

disponibilidade de vários órgãos públicos disponíveis e que somam ao fator

“distância” como algo favorável a estes deslocamentos rumo a este núcleo

urbano.

No que se refere aos serviços de educação, Rubiataba tem ampliado sua

abrangência na região, pois a procedência dos estudantes chegou a um total de 23

municípios. Porém, com relação de oferta de serviços de educação e saúde, a

cidade de Ceres se apresenta como o destino principal de boa parte da população

destes municípios próximos a Rubiataba (e que inclui a população de Rubiataba

na busca por estes serviços), principalmente pelos serviços de saúde

diversificado e especializado disponível, e que de acordo com Castilho (2009),

exerce uma função muito clara no que se refere a prestação de serviços desse

tipo. Essa predominância também prevalece em Rubiataba, tanto que, o valor do

PIB quanto aos serviços, de acordo com o último registro pelo IBGE (2015),

superou os valores referentes à indústria e à agropecuária.

O PIB na área de serviços em Rubiataba (correspondente ao mês de agosto

de 2014) foi de 124.642 reais, seguido pela indústria 86.606 reais e agropecuária

35.722 reais. A dinamização dos serviços fica evidente na arrecadação total do

munícipio. De acordo com a última receita disponível pelo IBGE em agosto de

2015, a receita foi de 47.605 reais com despesas de 37.774 reais.

É preciso entender que a própria dinâmica socioespacial está constituída

pelos próprios sujeitos e depende da maneira como ocorre a gestão neste nú cleo

urbano. “Ou seja, a dinâmica socioespacial de uma determinada localidade

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depende da maneira como os atores sociais atuam nos lugares. ” (CASTILHO,

2009, p. 151).

Gráfico 2 – Produto Interno Bruto do município de Rubiataba, 2014 (Valor

Adicionado)

Fonte: IBGE (2015).

As áreas restritas ao comércio e a disponibilidade de bens e serviços em

Rubiataba se estabelece na parte central da cidade, sendo respectivamente

representada principalmente pelas avenidas Aroeira e Jatobá , que se cruzam e

definem a centralidade e o comércio presente na cidade, extrapolando os próprios

limites político-administrativos devido influência sobre outros centros urbanos,

através da comercialização de produtos e prestação de serviços.

A centralidade dessas avenidas em Rubiataba e a maneira como ocorre a

articulação de pessoas e mercadorias neste espaço intraurbano, nos ajudam a

perceber a diferenciação socioespacial existente, pois na medida em que

afastamos deste centro, temos expressada uma fragmentação e diferenciação

deste espaço urbano expressado na paisagem, ocorrendo uma segregação quando

ao aproximarmos dos setores mais periféricos.

As desigualdades sociais também acabam sendo perceptíveis quando

observamos as disponibilidades e os tipos de serviços oferecidos, pois ele s

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propiciam a formação de elites urbanas, ou seja, desempenham papéis de

definição de classes sociais em decorrência daqueles que apropriam destes

recursos oferecidos, como por exemplo, os donos de estabelecimentos

comerciais, sejam eles referentes às farmácias, lojas de roupas e

eletrodomésticos, supermercados e escritórios de advocacia, funcionários de

bancos e entre outros. A delimitação desta elite entra em contraste com uma

população marginalizada e que se encontram mais afastas destas áreas centrais.

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79

CAPÍTULO III – MORFOLOGIA URBANA, CENTRALIDADE E DINÂMICA

SOCIOECONÔMICA DE RUBIATABA

Neste capítulo serão abordados aspectos envolvendo a morfologia urbana da cidade e

sua dinâmica socioeconômica, analisando suas funcionalidades dentro do espaço intraurbano,

no qual através de uma minuciosa leitura e da própria pesquisa na cidade (entrevistas,

observação, descrição e análise deste espaço urbano), será possível estabelecer características

dessa morfologia e a centralidade de Rubiataba, além de estabelecer o conjunto de influências

estabelecidos por este munícipio. E também, será dedicado em último momento, uma breve

caracterização do espaço e do sujeito, enfatizando aspectos como o cotidiano, o lazer e

religiosidade, destinado a compreender algumas particularidades.

Dentre o referencial teórico utilizado neste capítulo convém destacar Araújo (2011),

Castilho (2009), Ferreira e Deus (2010), que foram de fundamental importância no processo

de estruturação desta pesquisa, principalmente porque forneceram elementos importantes para

a compreensão da dinâmica socioespacial de Rubiataba e região, e também por representarem

o limitado número de trabalhos envolvendo a cidade de Rubiataba como objeto de estudo, ou

incluindo-a dentro como elemento de análise.

As principais questões que norteiam este capítulo são: de que maneira se configura a

dinâmica socioeconômica de Rubiataba e como elas influenciam na estruturação desta

morfologia urbana? O que fundamenta a dinâmica socioespacial de Rubiataba com relação a

sua centralidade e organização espacial? Levando em consideração algumas particularidades

deste espaço urbano, de que maneira a dinâmica cultural e a formação do sujeito ali se

constituem?

3.1 Organização espacial e morfologia do espaço intraurbano de Rubiataba

Para compreender o processo de urbanização do espaço urbano e intraurbano de

Rubiataba é preciso levar em consideração que o processo não é homogêneo. Ou seja, assim

como destaca Corrêa (2007), que ressalta a fragmentação e articulação do espaço urbano, no

qual o mesmo se apresenta como resultado de uma urbanização que envolve um contexto

tanto no âmbito social, como no político e econômico.

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Os processos espaciais são os responsáveis, de maneira imediata, pela organização

espacial complexa das cidades e metrópoles. Para Corrêa (1987) o objeto de estudo da

Geografia é a sociedade, dizendo que o longo processo de organização e reorganização da

sociedade deu-se concomitantemente à forma como o homem transformou a natureza

primitiva, na quais essas obras possuem suas marcas determinadas por uma determinada

sociedade. “Organizadas espacialmente, constituem o espaço do homem, a organização

espacial da sociedade, ou, simplesmente, o espaço geográfico”. (CORRÊA, 1987, p.52).

Neste caso, para Corrêa (1987), a organização espacial é um conjunto de objetos

criados pelo homem e que são expostos na superfície terrestre, sendo então expressão da

produção material humana, devido seu trabalho social, no qual o meio de vida no presente

representa a produção, sendo também condição para o futuro (reprodução). “A organização

espacial é a própria sociedade espacializada”. (CORRÊA, 1987, p.53).

Na busca de uma definição sobre o espaço, Santos (1994, p.111 e 112) diz que o

espaço é formado por dois componentes que interagem continuamente, sendo eles: a

configuração territorial e a dinâmica social ou o conjunto de relações, que em um dado

momento, definem uma sociedade. Ele ressalta que o espaço total é constituído de

subespaços, sendo o espaço urbano um destes e somente o único com capacidade de manter

relações com os demais subespaços. Então, cabe ressaltar a definição de Santos sobre o

espaço:

O espaço seria um conjunto de objetos e de relações que se realizam sobre

estes objetos; não entre estes especificamente, mas para as quais eles servem

de intermediários. O espaço é resultado da ação dos homens sobre o próprio

espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais. (SANTOS, 1994,

p.71).

Portanto, o local em que moramos e estabelecemos nossas ações, apenas é possível e

se concretizam através do espaço. Pode-se dizer que o estudo sobre a cidade de Rubiataba

passa pelo espaço. Porém, cabe neste sentido a seguinte indagação: e o espaço urbano das

cidades?

Para Carlos (2005), a cidade tem a dimensão do humano que acaba sendo refletido e

reproduzido através do movimento da vida e de um tempo específico, que resulta em um

processo que constitui o humano. “Pensar a cidade significa refletir sobre o espaço humano.”

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(CARLOS, 2005, p. 70). A autora propõe analisar o espaço enquanto condição, meio e

produto da reprodução da sociedade. Com relação a isso Carlos coloca:

Entender o espaço urbano do ponto de vista da reprodução da sociedade significa

pensar o homem enquanto ser individual e social no cotidiano, no seu modo de vida, de agir

de pensar. Significa pensar o processo de produção do humano num contexto mais amplo,

aquele da produção da história de como os homens produziram e produzem as condições

materiais de sua existência e do modo como concebem as possibilidades de mudanças.

(CARLOS, 2005, p.70).

Ao se pensar a cidade na perspectiva da Geografia, leva-se em consideração a sua

dimensão espacial (enquanto realidade material), revelando o conjunto de relações sociais que

lhe dão forma. A análise espacial, da cidade, revela a indissociabilidade entre espaço e

sociedade, isso quanto ao processo de produção, de acordo com as formas como as relações

sociais se materializam num território, “[...] o que significa dizer que, ao produzir sua vida, a

sociedade produz/reproduz um espaço, enquanto prática sócio-espacial”. (CARLOS, 2004, p.

19).

Para Spósito (1994), a cidade é aquela que permanece através de suas formas e

contradições, e cada uma delas possuem suas particularidades: “[...] cada uma delas tem a sua

história, contém sua própria identidade, marcada por diferenças e semelhanças em relação a

outras cidades, existem as pessoas que lá moram; etc.” (SPÓSITO, 1994, p.13). Além disso,

Spósito acrescenta:

As cidades possuem diferentes dimensões e paisagens. Elas são centros de

decisões e possuem mercados (comércio, indústrias, trabalhadores, etc.) com

dinâmica própria. Esses fatores fazem com que cada cidade tenha suas

características de crescimento, que podem ser avaliadas de maneiras

diferentes. (SPÓSITO, 1994, p.22).

A cidade existe historicamente devido o desenvolvimento da divisão do trabalho,

sendo essas expressadas pelas diferentes profissões exercidas durante o processo de

apropriação e transformação da natureza, que segundo Spósito (1994), essa divisão do

trabalho ocorrerá em dois níveis: o da distribuição de tarefas entre os indivíduos (como já foi

citado) e o da distribuição da produção.

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Na análise de Corrêa (1993) o espaço urbano (considerando sobre o viés capitalista),

“[...] é um produto social, resultado de ações acumuladas através do tempo, e engendradas por

agentes que produzem e consomem espaço”. (CORRÊA, 1993, p. 11). Essas ações se

realizam através de agentes sociais concretos, ocorrendo de maneira completa que deriva da

dinâmica de acumulação de capital, dos processos de mudanças de reprodução das relações de

produção, segundo suas necessidades, além dos conflitos de classes emergentes dessas

relações. Além disso, Corrêa (1993) acrescenta que a complexidade da ação dos agentes

sociais acaba por incluir práticas, “[...] que levam a um constante processo de reorganização

espacial que se faz via incorporação de novas áreas ao espaço urbano [...]” (CORRÊA, 1993,

p. 11), configurando sua dinâmica. Então, para Corrêa, o espaço urbano constitui-se, em um

primeiro momento de sua apreensão, no seguinte:

[...] no conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. Tais usos

definem áreas, como o centro da cidade local de concentração de atividades

comerciais, de serviços e de gestão, áreas industriais, áreas residenciais

distintas em termos de forma e conteúdo social, de lazer e, entre outras,

aquelas de reserva para futura expansão. Este complexo conjunto de usos da

terra é, em realidade, a organização espacial da cidade ou, simplesmente, o

espaço urbano, que aparece assim como espaço fragmentado. (CORRÊA,

1993, p.7).

O espaço urbano é composto por diversos pontos interligados, podendo assim pensá-lo

em uma ideia de conjunto. Nas configurações do espaço urbano temos manifestadas as

diferenças sociais, ou as desigualdades sociais. Nos estudos de Corrêa (1997), mostra-se que o

espaço urbano apresenta várias dimensões, no qual o autor apresenta seis momentos conforme

avançamos nos estudos. No primeiro momento o espaço aparece como fragmentado, no

segundo como articulado, no terceiro como reflexo da condição social. No quarto momento,

aparece como um condicionante social, no quinto, como o lugar da reprodução de diferentes

grupos sociais.

No primeiro, o espaço urbano aparece como fragmentado. Este é responsável pelas

diferentes paisagens caracterizado também pelos diferentes usos da terra, sendo originado um

rico mosaico urbano constituído por diferentes núcleos: zona central, zona periférica do

centro, áreas residenciais distintas (como por exemplo, as favelas e os condomínios), áreas de

lazer, áreas industriais e subcentros terciários. O arranjo espacial da fragmentação sofre

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variações, porém, ela é inevitável. Esta fragmentação está sempre sendo refeita,

principalmente por derivar da acumulação, da mutabilidade de reprodução das relações

sociais e dos conflitos de classes, sendo estes agentes modeladores do espaço urbano, sempre

criando novos padrões de forma e conteúdo. Segundo Corrêa a fragmentação é decorrente da

ação de diversos fatores, e ela:

[...] é decorrente da ação dos diversos agentes modeladores que reproduzem

e consomem espaço urbano: proprietários dos meios de produção, sobretudo

os grandes industriais, proprietários fundiários, promotores imobiliários,

Estado e grupos sociais excluídos. A ação desses agentes, que obedece a

uma lógica que é simultaneamente própria e geral, produz os diferentes

fragmentos que compõem o mosaico urbano. (Corrêa, 1997, p.146).

No segundo momento o espaço urbano aparece como articulado. Com a articulação,

temos que cada parte fragmentada da cidade, embora suas diferenciações, acabam mantendo

relações entre si. O espaço urbano ganha unidade, originando assim um conjunto articulado,

no qual o foco desta articulação é o centro da cidade que coordena a gestão das atividades. A

articulação ocorre através do deslocamento de consumidores, jornada para o trabalho,

interações interindustriais, enfim, entre outros aspectos, por uma enorme mobilidade espacial.

Sobre a articulação Corrêa acrescenta:

A articulação manifesta-se empiricamente através de fluxos de veículos e de

pessoas. Estão associados às operações de carga e descarga de mercadorias

diversas, aos deslocamentos cotidianos entre áreas residenciais e os diversos

locais de trabalho, aos deslocamentos para compra no centro da cidade ou

nas lojas de bairro, às visitas aos parentes e amigos, e às idas ao cinema,

culto religioso, praia e parque, entre ouros. (CORRÊA, 1997, p. 147).

No terceiro momento de apreensão do espaço urbano, aparece como um reflexo da

sociedade. A sociedade é espacial devido o espaço estar no sujeito, não havendo

separabilidade entre sociedade e espaço. O espaço da cidade capitalista encontra-se

fortemente dividido, refletindo a complexa estrutura social de classes, próprias do

capitalismo. É necessário lembrar também que o espaço urbano é reflexo de uma sequência de

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formas espaciais, ou seja, ele é reflexo tanto de ações que se realizam no presente, como

também é resultado de ações passadas que interferem nas formas do presente.

No quarto momento da apreensão, o espaço urbano aparece como um condicionante

social. Da mesma forma que a sociedade produz o espaço, este por sua vez acaba sendo um

condicionante da vida social. Esse condicionamento se dá através das obras fixadas pelo

homem, influenciam nas suas ações dentro deste espaço, que neste sentido pode-se dizer

também, que o espaço aparece como campo simbólico, ou seja, essas formas e construções

possuem significados que influenciam nas relações sociais, como por exemplo, praças,

supermercados, fábricas, igrejas, entre outros, nos quais determinam ações diferenciadas de

acordo com suas significações. Sobre esse condicionamento Corrêa ressalta o seguinte:

O condicionamento se dá através do papel que as obras fixadas pelo homem,

as formas espaciais, desempenham na reprodução das condições de produção

e das relações de produção. Assim, a existência de estabelecimentos

industriais juntos uns dos outros, e realizando entre si vendas de matérias-

primas industrialmente fabricadas, constitue-se, pelas vantagens de estarem

juntos, em fator que viabiliza a continuidade da produção. O mesmo papel

condicionante de reprodução das atividades terciárias se pode dizer do

núcleo central da cidade e dos subcentros terciários. (CORRÊA, 1997,

p.149).

No quinto momento, o espaço urbano aparece como o lugar em que os diferentes

grupos sociais vivem e se reproduzem. Neste, está envolvido tanto o cotidiano, quanto

também as crenças, mitos, utopias, valores e conflitos de classes, nas quais podem ser

apreciados nas formas espaciais, como uma rua, favelas, lugares de lazer, lugares sagrados,

monumentos, etc. As formas espaciais estabelecem relações com o homem, criando laços e

desenvolvendo sentimentos, ou seja, o espaço urbano é vivenciado e valorizado de diferentes

maneiras pelas pessoas, o espaço urbano é vivenciado e valorizado de diferentes maneiras

pelas pessoas, o espaço urbano, como já foi colocado, torna-se um campo simbólico, que tem

dimensões e significados segundo as diferenciações de classes, grupos etário, étnico, etc.

No sexto momento da apreensão do espaço urbano, este se apresenta como campo de

lutas. O espaço da cidade é cenário e objeto de lutas sociais, que visam o direito a cidade, e à

cidadania plena. A fragmentação do espaço urbano desemboca conflitos sociais, tais como as

greves operárias e os movimentos sociais urbanos, sendo este último, constituído como

preferencial nos estudos sobre o espaço urbano enquanto campo de lutas.

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Através dos estudos de Corrêa sobre o espaço urbano, podemos perceber o quanto a

cidade apresenta várias facetas, podendo-se variar o foco de estudo, no qual, temos essas

considerações teóricas como resultado da própria realidade e das práticas desenvolvidas pelos

geógrafos. Essas considerações sobre o espaço urbano são necessárias e se encaixam dentro

da análise na busca de compreender a dinâmica socioespacial da cidade Rubiataba, na qual as

abordagens aqui apresentadas sobre essa conceituação fazem parte da verdadeira essência

dessa e de outras cidades, sendo esta uma etapa do estudo fundamental para se conseguir

chegar à um resultado realmente coerente, principalmente quando essas ideias são ligadas às

práticas de campo.

O espaço urbano de Rubiataba está organizado de maneira distinta e em áreas

específicas, contendo contradições sociais e que são oriundas dos diferentes tipos de usos e

funções da cidade ao longo de seu processo de formação histórica, sendo isto apresentado

como um modelo de desenvolvimento socioeconômico. Para uma melhor compreensão da

fragmentação deste espaço em áreas específicas, recorreremos ao pensamento de Correia

(1989), que analisa o desenvolvimento e organização do espaço a partir das formas, funções e

processos sociais.

Partindo desta forma de análise, torna-se necessário deixar claro que não se pretende

aqui estabelecer uma qualificação ou desqualificação de áreas e bairros desta cidade. O que se

pretende é caracterizar a desproporção de infraestrutura urbana em determinadas áreas e

bairros, estabelecendo assim, um contraste urbanístico da cidade evidenciando suas diferenças

socioespaciais e econômicas.

Ao observarmos a organização espacial de Rubiataba, principalmente no que tange o

uso urbano do solo urbano, apresenta-se uma relação envolvendo centro e periferia, sendo elas

um conjunto de aglomerações urbanas dualistas e que são resultadas da concentração de

classes existentes neste espaço. Ou seja, há uma retenção maior de renda em determinados

bairros e que também resultam em uma melhor infraestrutura, tendo em contrapartida disto,

bairros ou áreas com menor infraestrutura, e estas diferenciações acabam configurando a

desigualdade na morfologia urbana da cidade.

É possível identificar em Rubiataba uma organização e divisão territorial e que

configura sua morfologia a partir do comércio, serviços, áreas industriais e também áreas

rurais. Temos então, uma divisão territorial, sendo feita a partir da distribuição das atividades

neste espaço, gerando a diferenciação do espaço urbano.

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O centro desta cidade passa a ser referido como aquele responsável pela concentração

das atividades, como o comércio, serviços, além da concentração dos negócios e da vida

econômica da cidade. Por causa dessa maior concentração das atividades no centro urbano de

Rubiataba, este por sua vez, acaba induzindo à uma maior concentração populacional nesta

área, isto porque permite maior disponibilidade no fornecimento de serviços básicos, como

supermercado e farmácias, sem falar da valorização imobiliária nesta área em detrimento de

outras áreas na mesma cidade.

Em busca de compreender os diferentes usos do espaço intraurbano, o que se tem são

funções definidas em uma rede hierarquizada do tecido urbano de Rubiataba, no qual o centro

detém a tecnologia e a infraestrutura além da presença financeira em uma maior proporção,

desenvolvendo-se uma relação social de dominação social deste centro em relação às outras

áreas da cidade. Essa preponderância de apenas um centro como referencial é característico de

uma pequena cidade, sendo esta característica diferente das cidades médias, pois estas não

dependem apenas de um centro em específico, pois acabam desenvolvendo subcentros com

infraestruturas semelhantes desconcentrando um pouco as atividades, tendo assim, mais de

uma área como referência.

As cidades possuem espaços diferenciados que podem ser claramente percebidos em

sua paisagem urbana como, por exemplo, uma área comercial e uma área residencial, em que

ambas em geral se situam em partes diferenciadas composta por uma lógica específica que

definem suas formas.

O autor Amorim Filho (2007), em sua pesquisa sobre “a morfologia das cidades

médias”, busca uma classificação dessa diferenciação das formas dentro da cidade revelando

suas funções. Esse autor parte de uma classificação do perímetro urbano, para assim

determinar as cidades de acordo com suas características podendo assim diferencia-las de

acordo com suas formas e funções. Através desse método ele estabelece as configurações das

cidades nas seguintes categorias: pequenas cidades, cidades médias, grandes cidades, regiões

metropolitanas e megalópoles. Para estabelecer esta configuração ele estabelece uma

caracterização a partir de um zoneamento morfológico e funcional dividido em zonas centrais,

pericentrais, periféricas e periurbanas, com o qual ele estabelece uma classificação das

cidades em uma das categorias mencionadas.

De acordo com as características e funções defendidas por Amorim Filho (2007), não

se encaixam com a realidade percebida em Rubiataba, isto porque sua configuração

intraurbana apresenta um nível mais complexo quando comparado ao que ele determinou

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como uma pequena cidade, e quando comparada a uma cidade média, Rubiataba apresenta um

nível bem menos complexo.

O que é preciso ressaltar é que não se pretende nesta pesquisa estabelecer um

zoneamento como o estabelecido por Amorim Filho (2007) e sim apenas utilizar as

terminologias: centro, pericentro, periferia e área periurbana. Ou seja, serão utilizadas estas

terminologias a partir da organização espacial de Rubiataba com a finalidade de caracterizar

sua morfologia urbana, buscando especializar a distribuição dos equipamentos neste espaço

urbano podendo assim verificar as variações de infraestruturas em diferentes áreas.

Os espaços intraurbanos, que podem ser identificados pelo pesquisador, em grande

parte possuem características em que suas diferenciações não se individualizam com clareza,

confundindo-se umas com as outras em vários momentos. Cada cidade possui uma morfologia

própria, na qual suas características de diferenciações intraurbanas se encaixam na

classificação, sendo possível a partir disto, classificar os diferentes bairros em Rubiataba, que

podem ser analisados na figura 8.

Em Rubiataba, cada bairro ou setores (figura 9), possuem características que podem

ser percebidas se forem analisadas levando em consideração seus vários aspectos de

delimitação, no qual, convenhamos aqui a destacar.

O centro dessa cidade, acumula as funções essenciais, exprimindo sua centralidade, e

capacidades de comando. As funções comerciais e de serviços são as que definem os papéis

desses bairros centrais. Nessa parte da cidade há uma densidade de circulação de pedestres e

veículos, com maiores intensidades, no qual este centro em geral é frequentado pela

população que reside nos bairros centrais e de outros bairros da cidade, além daquela

população advinda de outras áreas do município de Rubiataba e de outros municípios de

acordo com a abrangência e influência desta cidade. Os centros reúnem grandes

manifestações da vida de relações, as atividades comerciais e os serviços, quanto a sua

morfologia os seus elementos de diferenciação são bem perceptíveis, como por exemplo, os

imóveis mais elevados e os espaços livres reduzidos.

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Figura 10 - Mapa dos setores/bairros de Rubiataba-GO

Observando a planta da cidade na figura 10, podemos perceber que a estrutura das

quadras e bairros seguem um plano quadriculado. A cidade teve seu crescimento partindo dos

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setores situados ao norte da cidade, nos quais temos os setores serrinha e rubiatabinha como

os primeiros a se consolidarem, seguindo seu crescimento em direção ao sul da cidade (figura

11), na qual temos os setores mais novos com destaque para loteamentos que concernem aos

setores Bem-te-vi e residencial das palmeiras.

Figura 11 – Crescimento do perímetro urbano de 1950 a 2016

Dentre alguns dos elementos que caracterizam o centro e nos ajudam a perceber essas

diferenciações na paisagem urbana desta cidade estão praças, igrejas, estabelecimentos

comerciais, postos bancários, colégios, etc., como mostra a figura 12.

Figura 12 - Setor Centro: a) Igreja Catedral; b) Faculdade de Ciências e Educação de

Rubiataba (FACER); c) Supermercado popular; d) Banco do Brasil.

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Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2016.

A igreja Catedral, figura 12(a), encontra-se localizada na praça Jeribá, e se situa de

maneira bem centralizada na cidade margeando a avenida aroeira, sendo esta Catedral de

grande valor histórico e religioso, pois ela tem sua construção ligada ao início do processo de

formação da cidade e que mesmo com as reformas que foram feitas até os dias atuais,

preservam-se traços originais desde sua criação.

A FACER, figura 12(b), também se localiza na parte central sendo a principal

instituição de ensino superior da cidade. A localização dessa instituição no centro da cidade

tem valorizado ainda mais as áreas de seu entorno, principalmente porque é possível perceber

a propagação de estabelecimentos comerciais em decorrência do fluxo de pessoas que buscam

esta instituição, sendo estas atividades concentradas no período noturno (período do dia em

que ocorrem as aulas). Percebe-se uma maior concentração de bares e lanchonetes com

tendência a um aumento no número destes tipos de estabelecimentos e verificam-se

investimentos do tipo ao depararmos com construções de novos estabelecimentos.

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Gráfico 3: Número de alunos por cidade na FACER

A FACER (Faculdade de Ciências e Educação de Rubiataba) é a instituição de ensino

que mais se destaca em Rubiataba em relação a influência local e regional, e de acordo com

pesquisa de campo em outubro de 2016 sobre o número de estudantes matriculados no

segundo semestre nesta instituição, tem influência sobre vinte e três cidades (Gráfico 3),

somando um total de 702 estudantes, dos quais são provenientes de: Alto Horizonte,

Auriverde, Campos Verdes, Carmo do Rio Verde, Ceres, Crixás, Guaraíta, Ipiranga de Goiás,

Itaguaru, Itapaci, Itapuranga, Morro Agudo, Mozarlândia, Nova América, Nova Glória, Pilar

de Goiás, Porangatu, Rianápolis, Santa Terezinha de Goiás, São Luiz do Norte, São Patrício,

Uruaçu e Uruana.

Rubiataba conta com 15 supermercados de pequeno e médio porte, 5 supermercados

de grande porte localizados em áreas centrais da cidade e 27 mercearias distribuídas em

praticamente todos setores da cidade. O Supermercado Popular, figura 12(c), é o que possui

maior área (2 mil m²) estando localizado no centro da cidade. É o principal supermercado no

que se refere ao fluxo de consumidores, se comparado aos outros supermercados, e também

com uma maior quantidade de trabalhadores empregados, sendo 60 trabalhadores em diversas

atividades (isso de acordo com a pesquisa de campo realizada em julho de 2017).

O supermercado foi estabelecido em Rubiataba no ano de 1993 com metade da área

correspondente atualmente, e teve sua ampliação em 2007. Além da localização como um

fator importante na atração de consumidores, isto se deve ao fato de possuir um maior espaço

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interno e uma maior variedade de produtos, além de compor papelaria, açougue e também

uma panificadora. A concentração destas atividades possibilita evitar deslocamentos dos

consumidores para outros estabelecimentos em buscas destas atividades, podendo assim, ter a

opção de consumo dessas variedades no mesmo estabelecimento.

Os consumidores são provenientes de várias cidades da região, porém a maior

quantidade dos consumidores que buscam frequentemente o estabelecimento são provenientes

da própria cidade de Rubiataba, Ipiranga de Goiás e Nova América. As mercadorias são

advindas principalmente das cidades de Anápolis (GO), Goiânia (GO), Uberlândia (MG) e

São Paulo (SP).

Já o Banco do Brasil, figura 12(d), juntamente com outros bancos concentram-se no

centro da cidade. Este encontra-se localizado próximo ao cruzamento das duas principais

avenidas e intensificando ainda mais o fluxo de pessoas nesta área da cidade. Além de uma

agência do Banco Brasil encontra-se também agencias do Bradesco, Itaú, SICOOB e Caixa

Econômica Federal. Esta última também se localiza na parte central da cidade, porém é a

única delas que não margeia uma das duas principais avenidas da cidade, sendo recente a

construção da agencia nesta cidade, que se encontra localizada no entorno da praça Jeribá

(praça em que se localiza a igreja Catedral).

Figura 13 - Zona Central (Avenida Aroeira e Avenida Jatobá)

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2016.

Como pode ser observado na figura 13, em Rubiataba destacam-se as avenidas Aroeira

(a) e Jatobá (b), sendo elas o referencial do centro da cidade, concentrando nelas praticamente

quase todo o comércio da cidade. O cruzamento dessas duas avenidas expressa uma

centralidade que vai além do município, expandindo a outros municípios.

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Em bairros pericentrais (figura 14), seus limites são traçados com difícil precisão,

localizando-se no entorno dos bairros centrais. Ele se constitui como uma zona de transição,

pois em muitos pontos mescla-se com a paisagem urbana da zona central, porém, em geral,

conta com menor frequência de centros comerciais e a função residencial é a essencial.

Alguns dos elementos que podem ser destacados nestes bairros são os barzinhos, pequenos

mercados, concentração de residências, etc.

Figura 14 - Zona Pericentral (Avenida Saranhão e Avenida Tarumã)

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2016.

Nas áreas periféricas da cidade (figura 15), são retirados alguns valores de

centralidade, tais como os terrenos com menores valores. As áreas periféricas em Rubiataba

encontram-se mais afastadas do centro, cuja função principal é a residencial, embora seja

possível constatar funções comerciais e de serviços. O desenvolvimento dessas áreas

periféricas está englobado no seio do crescimento e expansão urbana de Rubiataba (que se

concretiza de maneira lenta).

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Figura 15 - Zona Periférica (setor Serrinha)

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2016.

Algo importante ao se observar as áreas periféricas de Rubiataba, (em especial o setor

Serrinha), reporta-se ao fato de se perceber uma infraestrutura e uma morfologia bem

diferenciada e que entra em contraste com as demais áreas da cidade. Destaca-se ali, não em

um âmbito geral, uma população “marginalizada” no sentido em que se refere à procedência

da informação, na qual a paisagem urbana ali presente parece ser moldada por uma

estagnação, dando-se a sensação de que o tempo ali expressado não se desenvolve, seja no

sentido econômico ou no sentido social. Possivelmente as razões dessa contrastante

divergência se devem a fatores tanto de influência externa definidas pelos ditames do sistema

econômico capitalista mundial atual, que deixam “sequelas” nas cidades em diversos níveis de

hierarquia urbana, como também influências locais (principalmente na esfera socioeconômica

e política).

Nas áreas periurbanas (figura 16), encontram-se paisagens caracterizadas pela

justaposição de elementos da paisagem rural e elementos de urbanização. Em Rubiataba essas

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áreas se encontram nas proximidades com bairros periféricos e que em alguns pontos acabam

sendo mesclados. Dentre os elementos que podem ser percebidos na paisagem urbana destas

áreas em Rubiataba, estão os loteamentos, próximos das zonas de espaço para a expansão

urbana, as hortas comunitárias, além de algumas chácaras, que dividem suas limítrofes com a

extensão da malha urbana da cidade. O uso do termo periurbano é utilizado aqui para destacar

os bairros da cidade em que se destacam atividades rurais em plena cidade, tais como a

criação de animais e a plantação de árvores frutíferas e hortaliças no fundo dos quintais ou em

terrenos baldios, além de hortas comunitárias.

Figura 16 - Zona Periurbana

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

Podemos observar na figura 16, que a referente casa se encontra em uma área isolada e

distante de outras residências, muito semelhante a uma residência numa zona rural, porém ela

está localizada dentro da área do perímetro urbano, no espaço de transição que liga os setores

morada do ipê e vila santa fé ao setor central.

As cidades se distribuem em diversos níveis hierárquicos (pequenas cidades, cidades

pequenas, cidades médias, grandes cidades, metrópoles e megalópoles), que se refletem na

organização dos respectivos espaços e que para cada um desses níveis há um zoneamento

morfológico-funcional intraurbano correspondente. Essas classificações propostas por

Amorim Filho (2007) tratam-se das dimensões formais do espaço, o que se remete pensar

também a categoria paisagem, nas quais ambas as categorias precedem o território, sendo

possível através delas, perceber as diferenciações existentes na morfologia urbana de

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Rubiataba. “Já o zoneamento morfológico é uma classificação a partir desta diferenciação,

que, por sua vez, é fundamentada pelo território” (CASTILHO, 2007, p.62).

3.2 – Centralidade, funcionalidade e dinâmica socioeconômica do município

Geograficamente, a cidade de Rubiataba localiza-se a 15º 09’ 50” de latitude Sul, 49º

48’ 10” de longitude Oeste. A cidade situa-se há 220 km da capital Goiânia seguindo da GO-

434, BR-153 e GO-080. A posição de Rubiataba, que é determinada pela sua localização,

descreve a função do município caracterizando sua configuração espacial, variando de acordo

com os fluxos (estradas, rodovias). “Na contemporaneidade, o mercado tem sido fator

determinante nesta configuração. E ainda, relevante nesse processo, é a formação espacial de

cada localidade. ” (CASTILHO, 2007, p. 66).

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nas definições sobre o estudo

das “Regiões de influência das cidades, 200718”, foram estabelecidas classificações da

hierarquia dos centros urbanos e da configuração da rede urbana brasileira. As cidades foram

divididas em cinco grandes níveis (metrópoles, capital regional, centro sub-regional, centro de

zona e centro local) subdivididos em dois ou três subníveis. A cidade de Rubiataba está

inserida no quarto nível, denominado Centro de zona, formado por 556 cidades de menor

porte e com atuação restrita à sua área imediata, exercendo funções de gestão imediata.

Dentro deste nível, Rubiataba se integra no subnível Centro de zona B, que compõe 364

cidades com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos. A maior parte (235), não

havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível

daquela classificação.

Esse enquadramento da cidade de Rubiataba como uma cidade Centro de zona B, deve-

se a apresentação de características e funções mais complexas que aquelas apresentadas por

cidades pequenas dentro da classificação apresentada por Amorim Filho (2005), porém

também acaba tendo características e funções menos complexas do que aquelas classificadas

como cidades médias.

18 Na classificação, privilegiou-se a função de gestão do território, avaliando níveis de centralidade do Poder

Executivo e do Judiciário no nível federal, e de centralidade empresarial, bem como a presença de diferentes

equipamentos e serviços. O levantamento das ligações entre as cidades permitiu delinear suas áreas de influência

e esclarecer a articulação das redes no território. As áreas de influência dos centros foram delineadas a partir da

intensidade das ligações entre as cidades, com base em dados secundários e dados obtidos por questionário

específico da pesquisa (Anexo), que foram combinados para definir as regiões de influência dos centros urbanos,

tendo sido identificadas 12 redes de primeiro nível (IBGE, 2008, p. 11).

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Dialogando com Serra (1987), as formas urbanas e as atividades que foram concebidas

na cidade se agrupam em determinadas funções. Elas se concebem como categorias, sendo

essas, a produção, consumo, troca e gestão. Temos as fábricas e os centros comerciais, como

adaptações do espaço destinadas à produção, gerando locais de consumo. Mais

especificamente, às indústrias são destinadas funções de produção, nas quais as atividades

comerciais são destinadas como funções de troca, no qual essa função engloba alguns dos

aspectos marcantes constatados na forma urbana. “De fato, destinam-se a essa função todo o

sistema viário, as redes de infraestrutura, os centros comerciais e bancários etc...” (SERRA,

1987, p. 105).

“O estudo das formas é sem dúvida estudo do espaço urbano, mas não é específico do

espaço urbano. Muito pelo contrário, as formas são atributo de todo espaço (árvores, cadeiras,

canetas). ” (VILLAÇA, 2001, p. 24). Os fenômenos urbanos com suas peculiaridades

históricas são aspectos sociais, nos quais, as pessoas com suas aglomerações constroem

adaptações no espaço como instrumentos fixos destinados a atender suas necessidades através

do trabalho de cooperações.

As formas de Rubiataba são resultado de como os atores sociais ali presentes produzem

e reproduzem este espaço. Ao se analisar as características do espaço urbano da cidade de

Rubiataba, percebem-se grandes variedades de formas, que vão além da percepção, e para

entendê-las é preciso compreender que elas representam e são resultados da funcionalidade à

qual está situada a lógica de organização espacial. O Centro aparece como dinamizador da

economia local, no qual os demais bairros da cidade são dependentes desses serviços centrais.

Ele apresenta-se como área do poder municipal, concentrando também a dinâmica do

comércio, sendo local de residências de famílias com melhor poder aquisitivo (figura 17) e

famílias tradicionais19, além de ser também a área da cidade em que se concentra melhores

opções de lazer.

19 Há maior concentração de famílias tradicionais e com maior poder aquisitivo no cerne da cidade, porém é

preciso ressaltar que, esse fator não se limita apenas ao centro, ocorrendo certa variação dessas famílias em

muitas outras áreas da cidade.

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Figura 17 - Residências de famílias com melhor poder aquisitivo

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

A estrutura interna de uma cidade é composta por partes que possuem elementos

constituintes e que se organizam de determinada forma, existindo uma inter-relação entre

estes elementos. Analisar o espaço intraurbano mostra-se de que forma uma cidade encontra-

se organizada, tendo como condição fundamental o deslocamento do ser humano, como

apontado por Villaça:

O espaço intraurbano [...], é estruturado fundamentalmente pelas condições

de deslocamentos do ser humano, seja enquanto portador da mercadoria

força de trabalho – como no deslocamento casa/trabalho –, seja enquanto

consumidor – reprodução da força de trabalho, deslocamento casa-compras,

casa-lazer, escola, etc. (VILLAÇA, 2001, p. 20).

Cada espaço exerce uma função urbana, podendo-se dizer também que o espaço das

cidades é marcado por antagonismos, como por exemplo, os espaços privado e público, o

tradicional e o moderno, centro e periferia (cabe ressaltar que essas diferenciações estão

expressas na forma urbana de Rubiataba, porém, não podemos se limitar à análise dualista,

devido essa gerar contradições quanto ao resultado sobre o objeto de estudo investigado e que

não condiz à realidade estabelecida).

Em Rubiataba, com relação a essas diferentes funções, temos o centro se destacando

com maior fluxo de produtos e serviços, tais como a concentração de atividades comerciais,

áreas residenciais com formas marcadas de acordo com o conteúdo social inserido nelas, além

das áreas destinadas ao lazer e entre outras características, sendo inseridos neste contexto,

valores simbólicos e materiais.

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A funcionalidade de Rubiataba não se limita apenas a esse município, no qual esse

centro econômico da cidade acaba tendo influências econômicas sobre outros municípios,

principalmente os mais próximos, que são formados por cidades locais. Em termos

econômicos, Rubiataba exerce influências em cidades como Nova América, Ipiranga de Goiás

e Nova Glória, oferecendo uma estrutura de serviços e produtos variados e diversificados, que

devido à proximidade e o fácil acesso, essas pequenas cidades acabam utilizando essa

infraestrutura, mesmo que não seja em todos os setores da economia local, o que amplia a

escala de abrangência do mercado consumidor de Rubiataba. Nessa região, tanto Rubiataba

como Ceres, aparecem como centro dessas cidades, fazendo com que essa proximidade

impeça essas pequenas cidades de desenvolverem suas próprias infraestruturas de serviços e

produtos diversificados, tornando-as marginalizadas por este tipo de economia.

“A centralidade de um núcleo, por outro lado, refere-se ao seu grau de importância a

partir de suas funções centrais. ” (CORRÊA, 1989, p. 21). Com o capitalismo há uma

acentuação das diferenças entre as cidades, podendo-se verificar uma maior inserção de umas

com relação a outras, e esse sistema econômico apresenta-se espacialmente nessas cidades de

maneira desigual, sendo a partir daí que se inclui a hierarquia urbana. Com relação à ideia de

centralidade, Christaller apud Corrêa ressalta o seguinte:

[...] existem princípios gerais que regulam o número, tamanho e distribuição

dos núcleos de povoamento: grandes, médias e pequenas cidades, e ainda

minúsculos núcleos semirreais, todos são considerados como localidades

centrais. Todas são dotadas de funções centrais, isto é, atividades de

distribuição de bens e serviços para uma população externa, residente na

região complementar (hinterlândia, área de mercado, região de influência),

em relação à qual a localidade central tem uma posição central. (CORRÊA,

1989, p. 21).

Buscando apoiar nessa afirmação de Corrêa (1989), com intuito de compreender como

são dotadas as funções centrais no município de Rubiataba, tais como atividades de

distribuição de bens e serviços que alcançam uma população externa de uma região

complementar, foi realizada uma pesquisa de campo em outubro de 2016 e junho de 2017.

Através dela foi possível notar quais são as áreas de maior influência de Rubiataba e de

geração de empregos e estão interligados no espaço intraurbano da cidade. Dentre as

atividades encontradas no munícipio, podemos mencionar como principais e fundamentais

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aquelas relacionadas ao comércio varejista, indústria moveleira, casa agropecuária, usina

sucroalcooleira e instituições de ensino.

3.2.1 Comércio varejista e casas agropecuárias

Em Rubiataba, com relação ao comércio varejista, pudemos perceber quantidades

variadas e de diversos tipos lojas, nas quais podemos destacar os seguintes números: 15 lojas

de materiais de construção, 6 lojas com vendas de aparelhos celulares, 2 lojas de artigos

religiosos, 55 lojas relacionadas à venda de brinquedos, calçados, confecções e similares com

depósito e 16 sem depósitos, 2 lojas de aparelhos elétricos, móveis e eletrodomésticos, 4 lojas

com venda de pneus.

Podemos citar como exemplo a loja Centro (figura 18) que é uma das lojas mais

importantes e influentes da cidade de Rubiataba e pertence ao mesmo empresário da indústria

de móveis Estafados Solar.

Figura 18 - Lojas Centro

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

Esta loja tem como principais consumidores aqueles advindos das cidades de Ipiranga,

Nova América, Nova Glória, São Patrício, Morro Agudo e Itapaci. Além de ser uma das lojas

de referência de Rubiataba, também possui filiais nas cidades de Uruana, Itapuranga,

Nerópolis, Santa Terezinha, Crixás e Jaraguá. A matéria prima para confecção dos móveis e

os fornecedores dos produtos vem diretamente dos Estados de São Paulo, Santa Catarina e

Paraná.

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As casas rurais (agropecuária) são outra parte do comércio a ser mencionada, pois há

uma certa busca por produtos agropecuários e que atende uma parcela da população rural do

próprio município e de municípios mais próximos (de acordo com o último censo

demográfico sobre a população rural registrada no município IBGE (2010), o número era

2731 habitantes). A cidade conta com 8 lojas de produtos veterinários, 2 casas agropecuárias

além de 7 armazéns com depósitos graneleiros.

Os produtos mais buscados pelos consumidores são rações e medicamentos. Os

principais consumidores são aqueles advindos das cidades de Nova Glória, Nova América,

Ipiranga de Goiás, Carmo do Rio Verde e Itapaci. A atividade sucroalcooleira interfere na

atividade agropecuária na região por se tratar de uma monocultura. Esse fato diminui a

diversidade de atividades e dessa forma interfere no fluxo de compra de produtos

agropecuários, sendo este um fator que leva à diminuição da atividade agropecuária na região.

Em relação a estes estabelecimentos, podemos destacar a Cooper Agro (Cooperativa

Agroindustrial de Rubiataba), que dinamiza o comércio de produtos agrícolas em Rubiataba e

região. A empresa atua em Rubiataba desde 1971 e possui uma loja agropecuária em

Rubiataba com uma filial em Itapaci, destinadas à venda dos produtos e possui também uma

fábrica e um depósito em Rubiataba destinada à produção de rações. A empresa possui 62

trabalhadores empregados em diversas atividades e dentre os produtos comercializados estão

aqueles relacionados a equipamentos de uso rural, além de rações, fertilizantes, implementos e

insumos agrícolas, além de medicamentos veterinários. Os principais cooperados e

consumidores são advindos de Rubiataba, Crixás, Itapaci, Ipiranga, Nova América, Morro

Agudo, Carmo do Rio Verde, mas também há procura de cidades como Itapuranga, Ceres,

Vila São Patrício e Nova Crixás, porém com uma procura menor.

Uma das principais atividades da Cooper Agro é coleta do leite na zona rural do

município, sendo responsável pela articulação e negociação do produto com produtor rural,

sendo toda coleta repassado para laticínios em Goiânia, sendo essa cooperativa mediadora no

processo de compra e venda do produto. A pecuária é também uma atividade predominante no

município e de acordo com dados do IBGE (2015) a quantidade de rebanhos bovinos efetivos

em 2015 chegou a 98.000 cabeças, com 17.000 vacas ordenhadas, sendo registrada uma

produção de leite com 23.000 litros neste mesmo ano.

A Cooper Agro ajuda no processo de fortalecimento dos pequenos e médios

produtores, pois a articulação estabelecida no município favorece o atendimento de

necessidades econômicas dos cooperados que acabam desenvolvendo essa atividade no

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município e enriquecendo a economia local. A empresa é filiada da CENTROLEITE20, e isso

tem favorecido aos produtores que passam a não depender de muitas indústrias que acabam

impondo seus preços, ou seja, os laticínios do munícipio apenas efetivam o pagamento de

seus fornecedores a partir do momento em que a Cooper Agro realiza o pagamento de todos

associados.

3.2.2 A indústria moveleira

No que se refere ao setor industrial em Rubiataba, destacam-se aquelas relacionadas à

produção de móveis e estofados, confecções e indústria sucroalcooleira de produção de álcool

e açúcar. De acordo com pesquisa de campo em junho de 2017, que enquadram indústrias de

pequeno, médio e grande porte, tivemos registrados na coletoria municipal, um total de 87

estabelecimentos industriais de qualquer natureza que inclui vários tipos como móveis e

estofados, confecções de roupas, usina sucroalcooleira, tapeçarias, fabricação de gesso e

mangueiras, persianas, produção de queijo, matadouros, rações para animais, máquinas de

beneficiar arroz e fabricação de vassouras.

Um setor industrial que tem chamado atenção em Rubiataba é o de móveis e

estofados. A atividade moveleira neste município emergiu com muita força principalmente no

início da década de 1990, e que em recorrência disto, levou a cidade a ser conhecida na região

como “polo moveleiro do Vale do São Patrício”. Esta atividade inseriu a região como uma das

áreas de maior concentração deste tipo de atividade no estado de Goiás. É possível essa

valorização como polo moveleiro principalmente ao se aproximar da cidade pelas principais

rodovias de acesso, com placas indicando essa referência (figura 19).

20 É a Cooperativa Central de Laticínios de Goiás, uma empresa de serviços de intermediação comercial na

venda do leite in natura, e que representa no âmbito nacional 16 cooperativas afiliadas ativas, com mais de 3.500

produtores, canalizando a produção leiteira e colocando no mercado consumidor o leite e seus derivados.

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Figura 19 - Placa indicando Rubiataba como polo moveleiro no percurso da GO-434

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

“Os principais polos moveleiros do estado de Goiás estão localizados nos municípios

de Goiânia, em que estão localizadas 34% das indústrias, Aparecida de Goiânia que concentra

13%, Anápolis que possui 8% e Rubiataba com 5% das indústrias do Estado. ” (TAQUARY,

2010, p. 79). De acordo com Moraes, Reis e Ferreira (2015), foram estimadas uma quantidade

de 3.144 empresas fabricantes de móveis em Goiás em 2015, com ocorrência em 69,5% dos

246 municípios goianos. Neste caso, 87,2% total destas empresas correspondem às micros e

pequenas dispersas por todo o estado. Com relação ao número de empresas fabricantes de

móveis por porte no estado de Goiás em 2015, Rubiataba conta com 90 empresas de micro e

pequeno porte com apenas uma de médio porte (referente aos Estafados Solar), tendo 26

empresas não classificadas, gerando um total de 117 empresas moveleiras em Rubiataba.

(MORAES, REIS e FERREIRA, 2015, p. 31).

É difícil estabelecer um panorama dessa atividade moveleira no município de

Rubiataba devido à falta de referências, dados e informações concisas. Porém, fica claro que a

atividade ainda representa papel importante nesse município tanto na fixação de capital na

cidade como na geração de empregos.

Na empresa Móveis Lugui, localizada em Rubiataba, voltada para a fabricação de

móveis em geral, trabalha indiretamente com 12 marcenarias, tendo como principais

compradores aqueles advindos de: Brasília, Pará e Goiás (Goiânia); são 26 pessoas

empregadas na atividade e a média salarial é de um salário e meio. Aponta como um dos

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fatores importantes para a diminuição da indústria de móveis os reflexos da má administração,

que depois desse setor ter o seu auge no início da década de 1990, acabou despencando no

final dessa década. O local em que se encontra o parque de exposições agropecuárias da

cidade foi inicialmente destinado a ser um polo industrial moveleiro, que não seguiu em frente

devido à queda neste setor.

No Estofados Solar (principal indústria moveleira de Rubiataba), voltado apenas para

a fabricação de estofados. Os principais destinos das mercadorias são: Goiás (quase todo

território), Pará, Tocantins, Bahia, Mato Grosso, Brasília, Maranhão. Tem como principais

compradores dentro do município: Lojas Centro, Móveis São Vicente e Eletromóveis. Já as

principais empresas de outras localidades que compram as mercadorias se destacam: a Novo

Lar (Tocantins), Armazém Matheus (Maranhão) e Estar Móveis (Brasília).

As pessoas empregadas na atividade compõem trabalhadores: 180 diretos e mais de 40

representantes (indiretos), chegando à aproximadamente 1.000 clientes (lojistas) em dez

estados. A média salarial dos trabalhadores empregados na atividade variam entre um a três

salários mínimos. Trabalham com pequenos clientes, pois privam mais pela qualidade e dessa

forma os pequenos clientes se interessam mais e pagam mais; 90 % do transporte são

próprios, 10 % é terceirizado. A empresa se estabeleceu e desenvolveu em Rubiataba a partir

de 1987 e esteve presente durante o período de grande desenvolvimento da atividade

moveleira no município. A empresa não sofreu com a decadência desse setor industrial no

final da década de 1990 pois acompanhou as exigências do mercado, mas apontam que houve

sim um retrocesso de maneira geral de outras empresas do mesmo setor nesse período.

Apontam como justificativa de decadência dessa atividade: empolgação e falta de

organização. A empresa encontra-se localizada na avenida dos Eucaliptos, no setor serrinha

como pode ser observado na figura 20.

Mesmo por se tratar de indústrias de pequeno e médio portes, o alcance espacial da

atividade moveleira é de nível nacional. Todo processo de fabricação dos móveis está

concentrado na cidade de Rubiataba (sede do estabelecimento) e apenas o comércio local não

consegue estabelecer um consumo suficiente para suprir um nível de produção desse porte, o

que justifica a comercialização dos produtos para outras localidades. A média de peças

produzidas pela empresa chega a 7.000 mensais, um número relevante e superior a

possibilidade de consumo apenas local.

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Figura 20 – Indústria de móveis Estofados Solar

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

Embora a atividade moveleira continue sendo uma atividade que se destaque no

município, é preciso ressaltar que essa atividade sofreu uma decadência no final da década de

1990. Isto foi constatado na pesquisa de campo, a partir do questionário apresentado na

principal empresa de móveis da cidade aqui mencionada, e os mesmos presenciaram o

processo desde o crescimento da atividade no município. Buscando justificativas que

pudessem explicar essa decadência, foram apontadas por um dos representantes da empresa

Estofados Solar, como principais causas: a falta de investimentos na modernização dos

equipamentos, em que os pequenos empresários não conseguiram competir com os grandes

empresários que puderam investir nessas mudanças e evoluções do setor; e a falta de

organização e cooperação dos envolvidos na atividade.

Com a modernização no setor moveleiro no final da década de 1990 e novas

exigências impostas pelo mercado consumidor gerando novas tendências de mercado, muitas

empresas não se especializaram e não aderiram à essas mudanças, o que diminuiu a procura

pelos produtos, desacelerando o crescimento da atividade no município. Um exemplo dessas

mudanças relacionadas às novas tendências do mercado consumidor, são aquelas relacionadas

ao crescimento da produção e comercialização de móveis planejados. Este tipo de móveis,

embora não tenham a mesma resistência e durabilidade daqueles de maneira artesanal,

apresentando características específicas que têm atraído os consumidores, tais como a

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facilidade no processo de montagem, custos bem inferiores aos móveis tradicionais, além de

possuírem melhores acabamentos.

Os materiais utilizados na fabricação dos móveis planejados passaram a substituir a

tradicional madeira maciça por outras matérias como: o MDP (a sigla vem do inglês Medium

Density Particleboard, e que significa partículas de média densidade), feito a partir de

partículas de madeira; o MDF (a sigla vem do inglês Medium Density Fiberboard, que

significa fibra de madeira de média densidade), feito de fibras de madeira; e os aglomerados,

feitos de resíduos de madeiras, sendo este o material menos resistente.

De acordo com Taquary (2010), a indústria moveleira no estado de Goiás aponta

alguns pontos fracos, mas que acrescenta terem sido buscadas melhorias para permitir um

melhor desenvolvimento da atividade no estado. Dentre os principais pontos fracos estão “[...]

a informalidade, a falta de pesquisa em inovação, a falta de mão-de-obra especializada, os

desperdícios, falta de lugar para destinação dos resíduos e a dependência de alguns insumos

que provém de outros estados. ” (TAQUARY, 2010, p. 64).

O que podemos obter como resultado do que foi apresentado sobre a indústria

moveleira e a sua participação na dinâmica socioespacial no município, são suas influências

na oferta de emprego, sendo a segunda maior indústria no município, ficando atrás apenas da

indústria sucroalcooleira nesse quesito, contribuindo para a fixação de capital local, afinal,

toda oferta de mão-de-obra é proveniente da cidade. E pelo fato de a indústria moveleira ser

reconhecida na região por sua qualidade de produção, a cidade torna-se um atrativo para

consumidores de outras cidades, principalmente porque os produtos acabam por ter preços

mais acessíveis, podendo ser adquiridos diretamente das lojas representantes da própria

indústria, o que evita elevar os custos dos móveis por não se tratar de um processo de revenda.

3.2.3 A indústria sucroalcooleira

A Cooper Rubi (usina sucroalcooleira de Rubiataba), que pode ser constatada na figura

21, é a indústria que tem a maior influência em Rubiataba principalmente na geração de

empregos, articulando a economia local e a dinâmica socioespacial. Ela influencia na

articulação e nas relações sociais exercidas nesta cidade, determinando certa particularidade

no espaço e no sujeito, tais como, a estipulação do horário de trabalho em atrito com o tempo

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voltado para o lazer, o poder aquisitivo restrito à capacidade de compra limitada ao valor

salarial, sendo isto refletido no espaço urbano da cidade, entre outros.

Figura 21 - Usina Sucroalcooleira de Rubiataba (Cooper-Rubi)

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

A atividade sucroalcooleira em Rubiataba iniciou seu processo de produção a partir de

1986, com a implantação da cooperativa agroindustrial Cooper Rubi e que estimulada pelo

Programa Nacional do Álcool (Proálcool)21. Esta atividade sucroalcooleira passou por

algumas instabilidades durante seu processo de desenvolvimento, principalmente relacionadas

às crises que afetaram o projeto do Proálcool.

A intensificação da atividade no município teve início na década de 2000,

principalmente em recorrência do grupo Japungu22 que adquiriram 80% das ações da Cooper

Rubi. O crescimento da produção e consequentemente desenvolvimento dessa atividade

passou a ser expressivo em Rubiataba e região, tornando-se uma das principais atividades.

Porém, esse crescimento gerou mudanças na área produtiva ligada às atividades do campo e

que são relacionadas a outros tipos de produção. Para melhor exemplificar, vale ressaltar a

análise feita por Araújo (2011), afirmando que a produção de alimentos no município foi

21 Este, foi um programa muito bem-sucedido, criado em 1975 com o objetivo de diminuir a dependência do uso

de derivados do petróleo, estimulando a produção do álcool, destinando às necessidades do mercado interno e

externo e da política de combustíveis automotivos. Sendo a produção canavieira, considerada uma produção de

pouco custo no Brasil, tornou-se o etanol uma boa alternativa de lucros no mercado externo. (LIMA e BARROS,

2016, p. 5). 22 Este grupo tem origem no estado da Paraíba sendo composta por quatro usinas: JAPUNGU (Santa Rita, PA),

AGROVAL (Santa Rita, PA), COOPER RUBI (Rubiataba, GO), CRV INDUSTRIAL (Carmo do Rio Verde,

GO).

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comprometida pela chamada “inversão da produção”, que se refere à inversão da

predominância de uma cultura de produção por outra, em decorrência de interesses

particulares.

De acordo com Araújo (2011), essa inversão de produção no município de Rubiataba

ocorreu justamente durante o período de crescimento da atividade sucroalcooleira. Para relatar

isto, ele analisou essa questão através de dados do IBGE, realizando um comparativo do nível

de crescimento das áreas plantadas com as principais culturas, entre o período de 1990 e 2010.

Foi constatado que, até a década de 1990, o milho era a principal cultura produzida no

município, representando 45,99% de toda produção, sendo seguida pelo arroz 12,53% e logo

após a cana-de-açúcar com 11,4%. Ao analisar esses números no ano de 2010, foi constatada

a inversão de produção, pois o milho e o arroz juntos passaram a representar apenas 9,63% da

área plantada enquanto a produção de cana-de-açúcar passou a representar 90,24%.

Essa usina sucroalcooleira (localizada em: 15º 10’ 30” S e 49º 45’ 25” O) tem como

principal destino da produção: consumo interno, o principal destino é o Nordeste (Paraíba).

Com intuito de visar uma melhor organização da empresa principalmente na parte

administrativa, a mesma passou a se dividir em duas organizações: Cooper Rubi e Agro Rubi.

A localização desta usina se encontra ao lado da GO-434 há 5 km da cidade de

Rubiataba. De acordo com Ferreira e Deus (2010), apontam que este respectivo

entroncamento com a rodovia, “...funciona como a principal forma não só de escoamento e

circulação de produção e mercadorias, mas também de informação e pessoas (instituições,

investimentos, etc.), de outros Estados do Brasil para a microrregião, e vice-versa. ”

FERREIRA e DEUS, 2010, p. 44).

As pessoas empregadas na atividade estão distribuídas no seguinte: Cooper Rubi:

indústria, 306 trabalhadores; 688 no transporte (safra) e 569 no transporte entressafra; 989 no

corte de cana na safra e 770 entre safra (novembro/abril). Agro Rubi: são empregadas 1.687

na safra, 1.399 na entressafra. A mão-de-obra é advinda e composta principalmente de:

Rubiataba, Ipiranga, Nova Glória e Itapaci. A média salarial: corte 1.150,00 reais/ transporte

1.400,00 a 1.500,00 reais. O corte já é mecanizado, ocorrendo uma expansão da usina para a

fabricação de açúcar. A usina está ligada às usinas na Paraíba (desde 1986), começou com o

álcool, saindo pronto para o consumo. A usina é autossuficiente produzindo e gerando a

própria eletricidade. Com relação ao potencial de produção de álcool pela Cooper Rubi vale

enfatizar o gráfico seguinte.

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Gráfico 4 - Produção total de álcool na Cooper Rubi (Safras de 1986 a 2007)

Fonte: Ferreira e Deus (2010, p. 86)/ Adaptado por: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

Como podemos observar, a produção de álcool obteve um crescimento em grande

parte nos períodos de safras entre o ano de 1986 a 2007, com destaque desse aumento a partir

do ano de 2000. Este empreendimento apresentou a segunda maior produção de álcool na

microrregião de Ceres na safra de 2006/07, com 74.752 litros, como enfatizaram Ferreira e

Deus (2010).

A indústria tem buscado um modo de produção com ênfase na redução de custos,

podendo citar como exemplo, a queima de bagaço de cana para a produção da própria energia,

reaproveitamento da água e a inserção de corte mecanizado.

A influência da atividade canavieira no município de Rubiataba e nos municípios

vizinhos é algo bem visível, com a predominância da atividade. A percepção dessa influência

pode ser observada na própria paisagem rural e nas proximidades com a paisagem urbana dos

municípios, como observado na figura seguinte.

Saindo da BR-153, entrando na GO-434 (que é a principal rodovia de acesso entre

Rubiataba e a BR-153), percebemos que prevalece na paisagem vastas plantações de cana-de-

açúcar, nas quais, passam a se intensificar cada vez mais após a proximidade com o município

de Nova Glória. Mas percebe-se que as plantações se expressam na paisagem com maior

intensidade a partir do município de Ipiranga de Goiás (localizado há 16,2 km de Rubiataba),

nas quais essas plantações, marcadas pelo odor exalado das vinhaças, acompanham e passam

a margear todo o trajeto da GO-434 até a chegada no município de Rubiataba, e que não

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param por aí, pois as plantações de cana continuam margeando esta rodovia até o município

de Nova América como pode ser constatado na figura 22.

Figura 22 - Plantações de cana-de-açúcar ao longo da rodovia GO-434

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

Os arrendamentos de terras extrapolam também outros municípios mais próximos e

que também podem ser percebidos na paisagem ao longo do percurso de acesso a esses

munícipios, como por exemplo Rialma, Ceres, Santa Isabel, São Patrício e Carmo do Rio

Verde, sendo esta última cidade mencionada, sediada por outra indústria sucroalcooleira e que

também pertence ao grupo Japungu.

Ainda buscando ressaltar a relação e influências dessa atividade industrial no

município de Rubiataba, vale mencionar que “...existe uma super-dependência da cidade com

a indústria do etanol que emprega boa parte da população e que, de uma forma ou de outra,

participa da circulação interna de capital por meio de salários pagos. ” (ARAÚJO, 2011, p.

32). Com isso, percebe-se que essa indústria tem participação direta no processo de divisão

territorial do trabalho no município, sendo parte da população beneficiada na participação

deste processo de produção, através da oferta de empregos e das remunerações recebidas pelo

trabalho. Porém, quem mais se beneficia com essa atividade é a própria indústria, que amplia

cada vez mais sua produção, obtendo um crescimento econômico usufruindo das

potencialidades das plantações na região e também da oferta de mão-de-obra que mantém

todo o sistema na ativa.

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A indústria sucroalcooleira com sua intensiva produção agroindustrial na microrregião

de Ceres tem exigido readaptações dos espaços urbanos próximos a esses espaços agrícolas,

procurando atender as demandas. Isso foi enfatizado por Elias (2012) ao apontar que a difusão

do agronegócio determina a expansão quantitativa e qualitativa tanto do comércio, como dos

serviços, ocorrendo uma reorganização da produção material e consequente ampliação.

Neste sentido, esses espaços urbanos, em decorrência das atividades agroindustriais

passam a “... fornecerem parte dos aportes técnicos, financeiros, jurídicos, de mão-de-obra e

de todos os demais produtos e serviços necessários à sua realização. ” (ELIAS, 2012, p. 7).

O que Elias (2012) ressalta é que os espaços urbanos se tornam parte fundamental nas

relações envolvendo o agronegócio, havendo uma reprodução do capital, que por sua vez se

materializa nestes espaços urbanos, sejam eles no âmbito demográfico, econômico ou

espacial. Ocorre uma tendência de especialização dos produtos e serviços neste espaço urbano

em virtude dessas atividades agroindustriais.

No que concerne a cidade de Rubiataba é possível perceber a ocorrência desse

processo, pois são encontradas casas de comércio voltadas à implementos agrícolas, ligadas à

atividade canavieira e também atividades administrativas ligadas à empresa. Outra atividade

especializada e que está estritamente ligada em assistência de máquinas agrícolas e de

serviços automotivos, seja na parte elétrica ou mecânica, sendo comum o serviço terceirizado

nessa área. Nesse campo a especialização não apenas afeta a demanda de serviços no espaço

urbano como também afeta no processo de capacitação profissional, sendo possível constatar

a disponibilidade de cursos técnicos voltados para a atividade agroindustrial.

O que temos em Rubiataba é um espaço urbano reformulado de acordo com as

necessidades de produção advindas dessa atividade agroindustrial estabelecida no município,

e muitas dessas atividades especializadas passam a se intensificar a partir da década de 1980,

com a implantação da indústria na zona rural do município. Com relação à imposição

estabelecida pela atividade agroindustrial no espaço urbano, vale ressaltar o que acrescenta

Elias (2012):

A expansão das redes agroindustriais não apenas repercutiu na estrutura

técnica das suas respectividades econômicas como causou profundos

reflexos nas relações de trabalhos, transformando o conjunto de normas e

padrões que as regulam. Como resultado, há uma nova divisão social e

territorial do trabalho, com consequência na estrutura demográfica e do

emprego, que também ajudam a melhor compreender o acelerado processo

de urbanização, o qual se realiza sobre novas bases, e gera novas práticas

socioespaciais. (ELIAS, 2012, p. 9).

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O que é possível perceber é que o território brasileiro vendo sendo reelaborado dentro

dessa dinâmica de redes agroindustriais, aumentando a complexidade dos espaços agrários e

urbanos, no qual, essa discussão repercute em Rubiataba, pois, percebe uma nítida

dependência de parte da economia urbana dessa cidade advinda do desenvolvimento desta

atividade agroindustrial.

Neste sentido vale também mencionar o conceito desenvolvido por Elias (2012),

chamado por ela de cidade do agronegócio. Nesta conceituação há uma hegemonia das

funções de atendimento sobre as demandas do agronegócio globalizado, sobre as demais

funções, havendo uma dependência no que se refere à produção agrícola ou na transformação

industrial.

Essa definição apresentada por Elias (2012) é de extrema importância nos estudos de

embates de classificação das cidades que estão sofrendo interferências diretas nessa rede de

produção envolvendo o agronegócio no país. No caso de Rubiataba pudemos constatar que a

atividade agroindustrial exercida pela atividade canavieira tem influência na restruturação do

deste espaço urbano. Porém, não cabe aqui definir Rubiataba como uma cidade do

agronegócio, mesmo que a atividade agroindustrial tenha grande influência na dinâmica do

capital local, percebemos que a própria estrutura econômica do município não é totalmente

dependente dessa atividade, até porque o comércio local tem certa autonomia, apesar de sofrer

influências do setor industrial canavieiro, além disso, a cidade também conta com a atividade

industrial moveleira. Estes aspectos contradizem um pouco das características que se

enquadram na definição desse conceito apresentado por Elias (2012), afirmando que para se

enquadrar como uma cidade do agronegócio “... o que a caracterizaria e a distinguiria de outro

espaço urbano, seria justamente uma hegemonia das funções inerentes às redes agroindustriais

sobre as demais funções urbanas. ” (ELIAS, 2012, p. 10).

É preciso destacar que, embora a atividade sucroalcooleira desempenhe um papel

importante no crescimento econômico local, sua participação na circulação interna de capital

está restrita apenas no que se refere aos salários pagos aos trabalhadores. De acordo com

Araújo (2011), boa parte dos lucros são drenados para o outro município a que pertence a sede

principal da indústria, localizada no município de Santa Rita, no estado da Paraíba.

Nessa busca de uma compreensão de como a atividade sucroalcooleira tem

participação na dinâmica socioespacial da cidade de Rubiataba, podemos obter como

resultados, a partir do que foi aqui apresentado, a imposição direta desta indústria na

configuração socioeconômica do município, pois ela está ligada ao centro da força de trabalho

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e até do potencial de produção agrícola, interferindo assim no potencial de circulação de

capital. Dessa maneira, ela influencia no comercio local da cidade, ou seja, a capacidade de

consumo de boa parte da população é limitada pelo valor salarial estipulado pela indústria aos

seus trabalhadores, sendo esse um fator a ser considerado, pois influencia na capacidade de

crescimento ou não do comércio local e se estabelece principalmente de acordo com essa

capacidade de consumo da população local, sendo esta, o sustentáculo principal do comércio

na cidade.

A cidade de Rubiataba, como foi possível perceber, possui formas que revelam uma

funcionalidade e que está restritamente ligada à sua dinâmica socioespacial. Apontados alguns

desses fatores locais, é possível compreender algumas particularidades que caracterizam este

espaço urbano, constatando sua morfologia e sua dinâmica, levando em consideração que essa

dinâmica embora tenha sua singularidade em determinados pontos, encontra-se imbricada

num processo bem maior do que seu limite territorial. Ela se encontra inserida dentro da

dinâmica do sistema econômico global, sendo essa cidade uma sociedade global, repercutindo

na escala de análise.

3.3 – Particularidades do espaço e do sujeito em Rubiataba

A cidade de Rubiataba se apresenta como um conjunto de lugares apropriados e

produzidos por grupos sociais com diferentes usos e funções, variando em tempos e ritmos

diferentes. Temos esse conjunto de lugares como produto social, compondo determinada

espacialidade, que resulta da forma como este espaço foi apropriado pelas práticas sociais,

devido necessidades individuais e coletivas.

Em Rubiataba cruzam-se tempos diferenciados, como por exemplo, o trabalho e o

lazer, sendo o espaço dessa cidade, contentor e palco das práticas sociais, ocorrendo várias

espacialidades que atribuem novos significados às novas formas urbanas em contraposição

com as formas antigas. Isso pode ser presenciado e percebido na própria paisagem urbana,

sendo possível notar impressos tempos passados, ou seja, memória de outros tempos e de

outras espacialidades.

Analisar algumas particularidades do espaço e do sujeito em Rubiataba revelam as

formas como esses indivíduos traçam suas relações neste espaço e como este espaço interfere

nessa vida de relações. Para isso é necessário focalizar ações que são essencialmente

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caracterizadas nesta cidade em particular, como por exemplo, as práticas cotidianas e de lazer,

que configuram a intensidade dessas relações sociais expressadas em Rubiataba permitindo

compreender até que ponto esse espaço específico acaba guiando e limitando esse conjunto de

ações, podendo-se assim, estabelecer a unicidade local.

A dinâmica territorial de Rubiataba encontra-se sistematizada através das lógicas que

acabam influenciando a configuração deste espaço, sendo estas trazidas em decorrência do

processo de globalização. Além de influências vindas de fora, Rubiataba também é regida por

lógicas locais, que se integram ao processo de modernização, caracterizando sua

particularidade.

Com relação aos costumes é possível perceber algumas práticas que acabam mantendo

resistência ao longo do tempo, como a venda de leite feito através de carroças utilizando-a

como veículo, a criação de animais, rituais religiosos, como, por exemplo, procissões em

datas especiais, etc. No sistema comercial da cidade ainda é possível encontrar comércios que

não aderiram às facilidades da tecnologia, tais como a utilização de computadores,

prevalecendo a utilização de blocos, fichas e entre outros. Práticas como estas resultam da

proximidade entre sujeitos sociais, causando certa estabilidade dentro do conjunto de relações

estabelecidas entre eles, facilitando o controle social.

Pode-se dizer então, que a própria dinâmica espacial de Rubiataba se encontra

imbricada dentro de um processo envolvendo uma correlação e embate entre formas

tradicionais e modernas, que interferem neste espaço de uma maneira geral, porém não

conseguem destruir determinadas tradições, devido essas se encontrarem estruturadas no

próprio sujeito que muitas vezes não abrem mão dessas práticas.

Existe um conflito de gerações em Rubiataba, composto pelos sujeitos tradicionais,

que se recusam a aderir aos meios modernos, e pelos sujeitos que aderem à modernidade,

como por exemplo, a utilização da internet. A internet juntamente com a televisão impõe na

sociedade uma “cultura de massa23” que entra em conflito com as formas tradicionais. A

“cultura de massa” se estabelece através das facilidades como as informações midiáticas

chegam a Rubiataba com a utilização destes meios modernos. A partir daí é possível observar

a imposição de valores advindos dessas formas modernas, tais como os estilos musicais, a

incorporação de identidades estabelecidas através de programas de televisão e novelas, que

23 O conceito de “cultura de massa” foi largamente discutido pelos teóricos da chamada Escola de Frankfurt.

Tanto Benjamim, quanto Adorno e, especialmente, Marcuse construíram interessantes tópicos acerca deste termo

e tornaram a discussão sobre cultura ainda mais intrincada, uma vez que acrescentaram à mesma uma “terceira

dimensão”.

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interferem no modo de ser e vestir, além também de influências da internet, como a utilização

de sites de relacionamento, redes sociais, blogs, entre outros.

Os sujeitos que aderem a essa cultura, acabam incorporando uma realidade

diferenciada do seu espaço de vivência, causando em si próprio uma desvalorização com este

local. Além disso, os próprios sujeitos que não aderiram a essas formas modernas buscando

manter sempre suas tradições, acabam sofrendo perturbações principalmente no que se diz a

respeito da conservação de suas identidades, que acabam perdendo a hegemonia para estes

valores externos. E podemos perceber isto a partir do questionário24 aplicado a pessoas que

moram em Rubiataba, com intuito de apresentar uma base do nível de satisfação tendo em

vista suas relações com este espaço. Obtivemos um nível maior de satisfação com aqueles

acima de 40 anos, que de certa forma conservam em sua maioria estilos de vidas mais

tradicionais que modernos. Das 20 pessoas que responderam ao questionário, todas

responderam estarem satisfeitos em morar na cidade. Já com as 20 pessoas abaixo de 25 anos,

que corresponde a uma faixa etária mais sujeita às influências contemporâneas e modernas, e

que responderam ao questionário, 6 responderam estar insatisfeitas, o que confirma o já

discutido aqui a respeito da influência da modernidade e da cultura de massa, embora a

maioria com 14, encontram-se satisfeitas.

No trabalho de campo realizado em outubro e novembro de 2016, todos que

responderam aos questionários com idade acima de 40 anos afirmaram estar satisfeitos em

Rubiataba apontando dentre as vantagens: tranquilidade, segurança, harmonia entre vizinhos,

amizades, etc. Dentre as desvantagens de se morar em Rubiataba foram citadas: a falta de

emprego, poluição causada pelas cinzas da queima da cana, questões políticas, distância da

Capital, drogas, prostituição, etc.

Dos entrevistados abaixo de 25 anos de idade, 70% encontram-se satisfeitos de morar

em Rubiataba e apenas 30% não se encontram satisfeitos. Dentre as vantagens de se morar em

Rubiataba foram citadas: tranquilidade, harmonia, amizades, oferta de moradia, paz,

segurança, etc. Dentre as desvantagens de se morar em Rubiataba foram citadas: fraca

24 A determinação da faixa etária na aplicação do questionário entre as faixas etárias abaixo de 25 anos e acima

de 40 anos de idade, deve-se ao embasamento do comparativo entre as gerações discutidos por Pena e Martins

(2015), que são classificações que demostram níveis de influências diferenciadas de absorção da cultura de

massa em decorrência do aparato tecnológico. As gerações encontradas com idades iguais ou inferiores a 25

anos, neste sentido, possuem características com maiores familiaridades tecnológicas, mais abertos às inovações

e que veem o mundo virtual como extensão do mundo real (levando em consideração que isto não se aplica de

maneira generalizada, levando em consideração a realidade socioeconômica do indivíduo e determinará um

maior ou menor acesso a esses recursos tecnológicos). Já as gerações que se inserem numa faixa etária acima dos

40 anos apresentam uma geração com características que demonstram facilidades em lhe dar com as novas

tecnologias, porém de uma maneira menos intensa se comparada às gerações mais jovens e também outra

geração com dificuldades em lhe dar com essas tecnologias em geral. (PENA e MARTINS, 2015, p. 4).

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infraestrutura, poucas opções de lazer, falta de emprego, drogas, poucas empresas instaladas

na região, violência, etc.

Essas lógicas contemporâneas interferem nas particularidades de relação entre o

sujeito Rubiatabense e o espaço vivido. Porém, quando se fala em sujeito social, essa noção

acaba sendo tomada como se fosse consensual, ou seja, como se todos já entendessem seu

significado sem mesmo discuti-lo, sendo este conceito muitas vezes tomado como sinônimo

de indivíduo ou ator social. Não cabe aqui iniciar uma discussão que recupere a construção

desse conceito, mas é preciso ressaltá-lo principalmente para se procurar entender e analisar o

próprio sujeito em Rubiataba. Para isso Dayrell buscou definir sujeito social a partir da

conceituação de Charlot (2000, p. 33-51), ressaltando o seguinte:

[...] o sujeito é um ser humano aberto a um mundo que possui uma

historicidade; é portador de desejos, e é movido por eles, além de estar em

relação com outros seres humanos, eles também sujeitos. Ao mesmo tempo,

o sujeito é um ser social, com uma determinada origem familiar, que ocupa

um determinado lugar social e se encontra inserido em relações sociais.

Finalmente, o sujeito é um ser singular, que tem uma história, que interpreta

o mundo e dá-lhe sentido, assim como dá sentido à posição que ocupa nele,

às suas relações com os outros, à sua própria história e à sua singularidade.

Para o autor, o sujeito é ativo, age no e sobre o mundo, e nessa ação se

produz e, ao mesmo tempo, é produzido no conjunto das relações sociais no

qual se insere. (DAYRELL, 2003, p. 42-43).

O sujeito neste sentido é aquele que age sobre o mundo, e que no conjunto das ações

ao qual está inserido, acaba produzindo e sendo produzido nesse conjunto de ações, sendo o

ser aquele “[...] que é igual a todos como espécie, igual a alguns como parte de um

determinado grupo social e diferente de todos como um ser singular." (DAYRELL, 2003, p.

43).

O ser irá constituir-se como sujeito a partir do momento em que ele se constitui como

ser humano e o desenvolvimento de suas potencialidades irá depender da qualidade das

relações sociais no meio ao qual está inserido. No processo de construção dos sujeitos estão

incluídos diversos fatores que irão determiná-lo como tal, sendo estes os fatores histórico,

econômico, biológico, social e cultural, que vão determinar um conjunto de relações da forma

como um ser se relaciona com o outro no meio social ao qual está inserido.

O cotidiano em Rubiataba tem ritmos variados durante o dia e durante a semana. Em

horários diurnos principalmente no início e no meio de semana, o ritmo configura-se de

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maneira mais acelerada no que tange a circulação de pessoas e de mercadorias (capital), e nos

finais de semanas, com a maioria dos comércios varejistas e atacadistas fechados, esse ritmo

diminui. Durante a noite no decorrer da semana (quando a maioria dos sujeitos desta cidade

não estão em horário de trabalho) as atividades se resumem em assistir televisão, ir à praça, ao

colégio, barzinhos, etc. Já as noites nos finais de semana são bem mais agitadas

principalmente nos dias de sexta-feira, sábado e domingo.

No que se refere às práticas de atividades de lazer em Rubiataba, cabe também

mencionar e destacar as práticas esportivas (com destaque para o futsal) nas quadras de

esportes, principalmente à noite, que se concentram durante a semana e com mais frequência

nos finais de semana. Para isso, vale ressaltar que a cidade conta, no total, com 20 quadras

esportivas, nas quais sete são públicas sem nenhuma taxa cobrada para utilização (destas sete,

apenas duas não são cobertas), estando distribuídas em sete setores diferentes. As outras treze

quadras compõem às escolas, colégios, órgãos públicos e privados, tais como: Ginásio de

Esporte (que possui uma taxa cobrada ao usuário para sua utilização), Colégio Estadual

Raimundo Santana Amaral, Escola Estadual Oscar Campos, Escola Municipal Rivaldo

Santana Sampaio, Colégio Estadual Gilvan Sampaio, Colégio Estadual Pedro Alves de

Moura, Colégio Estadual Levindo Borba, Colégio Sistema (privado/desativado), FACER,

CSA, SAMAR, AABB e Clube recreativo.

Para melhor enfocar esta questão do lazer nas quadras esportivas em Rubiataba,

podemos destacar a Praça dos Trabalhadores (figura 23), comportando uma quadra de esporte,

um parque e barras para exercícios, possuindo também um excelente espaço para práticas de

caminhada, e estas opções fazem da praça um lugar de concentração de muitos sujeitos sociais

e que em geral se tornou um importante local de lazer na cidade.

Figura 23 - Praça dos Trabalhadores

Fotos: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2017.

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Ainda com enfoque nos espaços de lazer, nos dias de sexta-feira há a realização da

chamada feira da lua que corresponde a um conjunto de barracas que em geral são instaladas e

estabelecidas na praça da feira coberta, localizada no centro da cidade, com a finalidade de

estabelecer um espaço de lazer e comércio, servindo de renda para muitas famílias

proprietárias das barraquinhas, que funcionam como verdadeiros “restaurantes ao ar livre”.

Dentre o que é vendido e consumido e possuem uma maior procura de consumo, podem ser

citados: caldo de galinha e de feijão, galinhada, churrascos, pratos com porções de arroz e

feijão tropeiro, refrigerantes, dentre outros.

Durante essa feira é possível perceber uma maior quantidade de jovens que utilizam

esse momento como forma de lazer e de encontrar os amigos, além disso, no centro ao qual

ocorre a feira e que também fica próximo à praça das palmeiras, há uma concentração de pit-

dogs, barzinhos e sorveterias, polarizando a circulação de pessoas neste local da cidade

A feira da lua adquire uma importância muito significativa para o sujeito rubiatabense

no que se refere ao lazer, principalmente para as gerações mais jovens, pois Rubiataba com

seu caráter e aspecto de cidade interiorana não responde a grandes e variadas opções de lazer

no decorrer da semana, o que gera uma enorme expectativa quando se chega o dia de sexta-

feira, isso para quem busca sair de casa e fazer algo diferente da rotina cotidiana.

Figura 24: Praça das Palmeiras

Fonte: SILVA, Uhallas Cordeiro, 2016.

Nos dias de sábado não há eventos em particular como na sexta-feira, porém ainda

ocorre uma grande concentração de pessoas nos pit-dogs, barzinhos, sorveterias ou praças. Há

concentração de pessoas na Praça das Palmeiras nos dias de sábado e domingo durante a

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noite, como podemos destacar na figura 24, sendo esta uma praça que também faz parte do

centro da cidade e que possui um palco e grande espaço para realização de eventos

consolidados em sua própria estrutura. Este espaço favorece mais uma opção de lazer em

determinados períodos do ano, no qual, se realizam eventos neste local, embora não chegue a

atingir uma participação tão abrangente desses que procuram o que fazer nos horários vagos

dos finais de semana.

Outro aspecto importante na configuração das particularidades do sujeito social em

Rubiataba são aqueles referentes às tradições religiosas e que possuem fortes influências

sobre o sujeito rubiatabense, seja na geração mais antiga ou mais nova, destacando nesta

cidade o apego à religião cristã (católica e protestante), que conduzem a práticas cotidianas e

absorção de valores que influenciam em novos modos de ser e pensar. Nos finais de semana

(principalmente aos domingos) grande parte dos indivíduos da cidade destinam-se às práticas

religiosas, quando vão à igreja.

A cidade de Rubiataba, embora afetada por aspectos referentes aos processos

contemporâneos de modernização, de certa forma não se insere de maneira tão intensa sobre

essa ótica de influências econômicas e sociais externas, se comparada com as grandes cidades

e metrópoles do país, isso porque o seu perfil é de cidade local embora seja uma cidade centro

de zona B. Isto, de certa forma, acaba causando certa indignação a alguns indivíduos que

estão neste determinado espaço e que aderem a essas lógicas midiáticas e informacionais, que

acabam iludindo esses sujeitos sociais, que não encontram essas formas expressadas

concretamente no espaço urbano desta cidade, estreitando os laços com ele, perdendo as

condições de manter neste espaço com relação ao seu nível de satisfação.

Ao analisar essas características do espaço e do sujeito rubiatabense que se encontram

imbricadas dentro da dinâmica socioespacial desta cidade, pode-se dizer que ela é

compreendida por um conjunto de contradições marcado pelos embates de tempos

característicos do espaço ao qual compõe a cidade, no qual “o espaço é um guardião de

tempos, por isso é histórico. ” (CASTILHO, 2007, p. 19). Além disso, esse embate de tempos

também se encontra inserido no próprio sujeito rubiatabense em razão do fato de se pensar

espaço e sujeito em conjunto. O que se conclui até aqui, com referência a algumas destas

particularidades mencionadas, é que Rubiataba embora seja composta por muitos traços

tradicionais expressos no sujeito e no espaço em atrito com a imposição do moderno,

encontra-se inserida dentro de uma lógica contemporânea dominante determinada por um

tempo diferenciado.

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Na cidade de Rubiataba, cruzam-se tempos diferentes (o mesmo vale para diferentes

cidades desta mesma região), além do tempo do trabalho temos o tempo do lazer. Nesse

sentido as festas aparecem como forma de desempenhar, de certo, uma função de lazer, dando

opções de atividades e entretenimento e tendo um papel importante nas formas como se

realizam as práticas sociais. As festas dinamizam ações, no tempo e no espaço, voltadas para

o lazer, como por exemplo, o surgimento de expectativas geradas pelos indivíduos em virtude

de uma futura festa em um dado momento, que possivelmente ocorrerá nos finais de semana e

em determinado lugar da cidade. Dentre as festas na cidade, destacam-se aquelas em datas e

momentos comemorativos, tais como as festas de réveillon, carnaval, aniversário da cidade,

festa de exposição agropecuária, além de algumas outras mais especificas que ocorrem

aleatoriamente ao longo do ano, sendo necessário destacar as festas de cunho religioso que, de

acordo com datas determinadas, e que são frequentes em Rubiataba.

Além das festas um fator determinante das ações dos indivíduos no espaço urbano de

Rubiataba são as influências dos aspectos religiosos, que também reconfiguram as práticas

sociais na cidade e são responsáveis, em boa parte, pela preservação e realização de diversas

tradições. Elas também refletem uma forma de dominação do território responsável por uma

certa articulação de poder.

O número de igrejas registradas em 2017 na cidade de Rubiataba soma um total de 24,

que podem ser verificadas no quadro 2, nas quais 22 são evangélicas e 2 são católicas:

Quadro 2 - Lista de igrejas registradas em Rubiataba

Número de registro

municipal

Nome das Igrejas

11142 IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS-MINIST. SETA

11144 IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS (M. MADUREIRA)

11145 IGREJA EVANGÉLICA PETENCOSTAL O BRASIL PARA CRISTO

RUBIATABA

11154 IGREJA NOSSA SENHORA APARECIDA

11156 IGREJA PETENCOSTAL DEUS É AMOR

11157 IGREJA EVANGÉLICA PRESBITERIANA DO BRASIL

11163 IGREJA EVANGÉLICA PRESBITERIANA RENOVADA DE

RUBIATABA

11166 IGREJA SÃO SEBASTIÃO

14986 IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS (M. ACREÚNA)

15144 PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE CERES

16998 IGREJA EVANGÉLICA DE CRISTO DE RUBIATABA

17046 PRIMEIRA IGREJA BATISTA INDEPENDENTE DE RUBIATABA

18593 IGREJA DA PAZ – MINISTÉRIO LUZ PARA OS POVO

18599 IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR DE RUBIATABA

18708 IGREJA PETENCOSTAL ASSEMBLEIA DE DEUS MIN. MAN. DE G.

ANÁPOLIS

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18762 IGREJA PENTENCOSTAL DEUS É SANTO

18961 IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS

19421 IGREJA EVANGÉLICA ALIANÇA DO SENHOR

21922 IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS MIN. VOZ CRISTÃ

22627 IGREJA APOSTÓLICA MANANCIAL DA FAMÍLIA

23095 IGREJA APOSTÓLICA FONTE DA VIDA

23940 IGREJA CRISTÃ PAZ E VIDA

25016 UNIÃO CENTRO OESTE BRAS. DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO

DIA

26467 SEGUNDA IGREJA PRESBITERIANA DE RUBIATABA

Fonte: Coletoria Municipal (prefeitura municipal de Rubiataba), 2017.

Embora não conte registros no documento da pesquisa coletado na prefeitura, existem

também em Rubiataba o Centro Espírita Renúncia e o Salão do Reino de Testemunhas de

Jeová, que juntamente a estas outras entidades religiosas chegam a um total de 26 igrejas em

Rubiataba. Com relação ao número de igrejas evangélicas de Rubiataba em 2017, se

comparada ao início do ano de 2000, praticamente teve um aumento dobrado em relação a

quantidade apresentada e isso é reflexo do crescimento recorrente da religião evangélica no

país, e que no caso de Rubiataba, não foi diferente. De acordo com IBGE (2010), o número

dos que se declararam evangélicos aumentou 61,45% entre o ano de 2000 e 2010, e neste

mesmo período houve uma queda de 1,3% do total de católicos. O número de evangélicos

vem crescendo no Brasil, passando de 6,6% da população em 1980, para 22,2% em 2010, de

acordo com o IBGE.

Buscando compreender a recorrência desse aumento, vale mencionar o que se

apresenta no Atlas da Filiação Religiosa e Indicadores Sociais no Brasil (JACOB, WANIEZ

e BRUSTLEIN, 2003), ressaltando que o aumento progressivo da religião evangélica no

Brasil está ligado ao crescimento das cidades, concentrando-se historicamente com maior

intensidade nas fronteiras agrícolas e nas periferias metropolitanas e aponta como exemplo e

efeito disto, o recorrente processo de favelização25. Nas décadas finais do século XX o país

passou a mudar o perfil da população de rural para urbana, aumentando a concentração de

pessoas em cidades e consecutivamente originando favelas. E foi justamente nestes locais em

que o Estado e a igreja católica passaram a diminuir suas imposições, por exemplo, é que

permitiu maior atuação da religião evangélica.

Em Rubiataba de acordo com último senso do IBGE em 2010 sobre religião, a

população do município se encontrou dividida pela seguinte quantidade de pessoas por

25 A favelização corresponde aqui a um fenômeno urbano resultante do crescimento do número de favelas em

uma determinada cidade ou local.

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religião: 13.084 católicas apostólicas romanas, 4.835 evangélicas, 617 sem religião, 210

espíritas, 76 testemunhas de Jeová e 36 ateus.

No caso de Rubiataba com relação às práticas religiosas, destaca-se a influência da

Igreja católica, e que caracteriza aspectos sociais e culturais específicos nesta cidade, devido

esta ter um papel muito importante nas práticas sociais do sujeito rubiatabense,

principalmente na dominação e articulação deste espaço. A maior parte da população de

Rubiataba compõe a religião católica, e que pode ser observado pela grande manifestação da

população com relação à participação de eventos proporcionados por esta religião na cidade e

isso também determina certa particularidade e que entra em contraste, se for analisada com

outras cidades em que o catolicismo não tenha essa predominância.

A cidade é sede da diocese e comporta seis igrejas católicas (sendo estas, localizadas

nos setores Aeroporto, Centro, Bela Vista, Vila santa fé, Vila operária e Rubiatabinha), no

qual a que está localizada no centro da cidade é a sede da catedral. São duas as igrejas sedes

principais, resultando em duas paróquias: a igreja localizada no setor Bela Vista que pertence

a paróquia de Jesus Bom Pastor e a igreja do setor Aeroporto que pertence à paróquia Nossa

Senhora da Glória, que tem como sede a Catedral.

Figura 25 - Igrejas católicas na cidade de Rubiataba-Go

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Um fator que demonstra como a Igreja católica estabelece influências sobre o espaço

da cidade de Rubiataba, articulando e estabelecendo estratégias de manter o seu domínio

religioso sobre esse território, pode ser observado na figura 25. Percebemos como as igrejas

estão exatamente distribuídas em diferentes pontos da cidade, o que esconde uma lógica por

trás disto, que é aquela da articulação e dominação territorial do aspecto religioso. Ou seja, ao

se construir uma igreja em cada ponto da cidade ela está diretamente reafirmando seu poder

sobre aquele espaço, pois se ela não fizesse isso, outras igrejas poderiam se estabelecer no

local criando um domínio sobre esta área na qual não se encontra presente a igreja Católica. A

localização da igreja é um fator importante, principalmente porque muitas vezes o fato de uma

igreja estar muito longe para o deslocamento do indivíduo faz com que ele busque uma igreja

que esteja mais próxima, o que explica o fato das igrejas Católicas localizarem em diversos

pontos da cidade mantendo sua soberania neste espaço.

Ao analisarmos a influência do catolicismo em Rubiataba, como exemplo de

articulação e domínio territorial no espaço, podemos perceber o quanto é complexo a análise

do espaço urbano e temos esse como um mero “tabuleiro de xadrez”, no qual quem domina

são aqueles que possuem as melhores estratégias, lembrando que essas eventualidades não

surgiram do nada e sim acompanharam um longo processo de consolidação dessas estratégias

que foram construídas ao longo do tempo em Rubiataba. Estas estratégias estão imbricadas

em diversos setores da economia, e da mesma forma como a igreja, em específico, busca

consolidar-se espacialmente, empresas utilizam estratégias semelhantes em diversos níveis de

atuação em diversos tipos de cidades, com intuito de consolidar sua influência

territorialmente, sendo essa logística necessária dentro de um sistema econômico, político e

social como o capitalismo.

Em relação à rede de administração e de serviços religiosos da igreja quanto à sua

estrutura espacial os geógrafos Sopher e Sack (apud ROSENDAHL, 1995, p. 57), determinam

que há dois tipos principais de controle territorial exercido pela igreja: referente aos lugares

sagrados, tais como a estrutura concreta e edifícios da igreja e ou outro com referência a

estrutura administrativa. O que se tem são hierarquias territoriais, mas estas são divididas e

subdivididas em paróquias, dioceses e arquidioceses. A distribuição espacial dessas

hierarquias encontra-se chefiado por algum funcionário como por exemplo, os sacerdotes com

jurisdição sobre a paróquia, bispos nas dioceses, arcebispos nas arquidioceses e o Papa no

topo da hierarquia sobre jurisdição de todas essas subdivisões.

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Podemos perceber as igrejas católicas localizadas em vários pontos da cidade de

Rubiataba sendo reflexo dessa hierarquia mencionada, e que embora pudemos perceber 6

edificações, apenas duas são consideradas centrais, pois a cidade é sede de duas paróquias

sendo as outras 4 igrejas pertencentes a administração exercida por essas duas paróquias.

Buscar compreender a história da territorialidade dentro da igreja não é muito simples,

sendo essa afirmação mencionada por Rosendahl (1995), isso porque a igreja católica tem um

sistema de articulação territorial, que no sentido hierárquico e burocrático seja a mais antiga e

duradoura das organizações religiosas, sendo assim, não convém abordar estas questões no

presente trabalho. O objetivo principal é buscar estabelecer algumas características específicas

do espaço e do sujeito na cidade de Rubiataba, sendo perceptíveis as influências da religião

nas práticas sociais cotidianas, sendo necessário mencionar este elemento como parte desta

busca de análise e compreensão socioespacial desse espaço urbano em particular.

De acordo com Rosendahl (2005), a história tem demonstrado que a vida humana em

comunidade e o imaginário religioso constroem novos significados e que afetam diretamente

as práticas sociais coletivas. Os lugares e objetos no espaço urbano acabam, por sua vez,

adquirindo simbolizações, signos e mitos impregnadas ao caráter cultural de uma determinada

sociedade. Podemos perceber a imbricação desses valores de cunho religioso em Rubiataba

quando nos deparamos com as festividades religiosas, havendo uma participação considerável

da população, tanto que em diversos desses períodos as principais avenidas (avenida aroeira e

jatobá) acabam sendo interditadas para a ocorrência desses eventos, em razão do espaço

interno das igrejas católicas não comportarem toda a população. E também é possível

perceber no seguimento de rituais religiosos, como por exemplo no período da quaresma26,

sendo essa uma prática religiosa que tem influência não somente religiosa e cultural como

também na dinâmica socioeconômica. É possível perceber que durante essa prática religiosa,

ocorre uma redução na circulação de pessoas em bares, restaurantes e também no consumo de

certos produtos, como a redução no consumo de carne bovina e suína e também no consumo

de bebidas alcoólicas, e que são inapropriados durante esse ritual religioso, embora seja

levado em consideração que nem toda população segue e participa assiduamente desse

processo.

26 É a designação do período de quarenta dias que antecedem a principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a

ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV na história dessa

religião. A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, anterior ao Domingo

de Páscoa. Disponível em: (https://www.significados.com.br/quaresma/). Acesso em: 26 de julho de 2017.

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O estudo sobre as influências da igreja nas práticas sociais e consequente ação no

espaço passa pelo território e se manifesta da maneira como está organizada. Com isso

Rosendahl (2005) aponta ser importante compreender o fenômeno religioso enquanto uma

estratégia de poder e manutenção no território independente de tamanho da área ou do seu

caráter quantitativo exercido pelo seu dominador. Para compreender como isto se estabelece

em determinado espaço é preciso “interpretar a poderosa estratégia geográfica de controle de

pessoas e coisas sobre territórios que a religião se estrutura enquanto instituição, criando

territórios seus. ” (ROSENDAHL, 2005, p. 12934).

É preciso deixar claro que as discussões apresentadas aqui foram necessárias para se

traçar um perfil social e cultural que é particular desse espaço urbano em específico, isso

porque a discussão teve embasamento sobre os elementos que se apresentam de maneira

expressiva neste espaço e que de certa forma influenciam diretamente numa caracterização

em particular do sujeito e do espaço aqui em estudo. Não se pretende iniciar uma discussão

tão abrangente dessas temáticas aqui apresentadas (o que não desconsidera sua importância), e

sim apresentar apenas elementos em específico e permitam traçar um perfil socioespacial

deste espaço apontando estes elementos culturais como parte deste processo, levando em

consideração que eles não podem ser desconsiderados ao tratar de particularidades do sujeito

e do espaço.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender as dinâmicas socioespaciais numa cidade com características como a de

Rubiataba é de fundamental importância na elaboração de políticas que favoreçam a

compreensão da realidade a qual se encontra. Buscar analisar os agentes atuantes neste espaço

urbano ajudam a compreender tanto o processo de mobilidade populacional como o de trocas

comerciais, assim como atuação do Estado no território.

O desenvolvimento de Rubiataba foi centrado na ideia de colônia agrícola e numa

análise histórica, buscando uma forma explicativa da realidade, temos influência de inúmeros

atuantes que condicionam novos processos socioespaciais. O município de Rubiataba, assim

como vários outros municípios que também se desenvolveram ao longo da CANG, apresenta-

se como um local inicial de destinação da produção agropecuária estabelecendo no campo um

conjunto de relações socioespaciais e que acompanhou o desenvolvimento dessa região. A

atividade agrícola perde impulso no início da década 1970, influenciada principalmente pelo

processo de modernização agrícola, havendo uma intensificação do êxodo-rural no município,

ocorrendo uma inversão da população urbana sobre a rural. Esse processo se intensifica ainda

mais na década de 1980 com a implantação da usina sucroalcooleira no município em 1986 e

também com o crescimento do setor industrial moveleiro no final desta mesma década, e que

levou consequentemente a gerou um crescimento do comércio varejista local.

O que buscamos em nossa análise é compreender como estas atividades continuam

reestruturando este espaço urbano a partir do viés de análise da formação e dinâmica

socioespacial deste município tendo como objetivo estabelecer sua configuração atual a partir

desse conjunto de relações envolvendo estas atividades, e que de certa forma, reverbera sua

realidade regional.

É preciso compreender que este espaço não está apenas materializado de uma maneira

pronta e acabada, e apenas vendida como uma mera mercadoria, pois somos agentes

construtores deste espaço. A transformação é algo implícita no espaço e que se encontra

sempre em movimento, e por trás de suas aparências, escondem-se um conjunto de

contradições socioespaciais.

O processo econômico envolvendo Rubiataba tende a diversificar-se, e a atuação do

poder administrativo favorece a estruturação do espaço de forma homogênea, hierarquizada e

funcional, e que pudemos perceber ao apresentar aspectos da morfologia urbana desta cidade.

Acordando com Lefèbvre (2007), a busca pela “homogeneização” deste espaço procede do

poder político, escondendo um conjunto de interesses que moldam este espaço, havendo uma

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imposição do consumo, gerando também sua degradação de uso e que também se reflete

através de segregações socioespaciais.

Com relação a formação socioespacial da cidade de Rubiataba, ocorreram

transformações ao longo de seu desenvolvimento, principalmente no que tange sua esfera

socioeconômica, passando de uma cidade estritamente ligada à produção agrícola de café,

arroz, feijão, algodão e milho (entre as décadas de 1950 e 1970), para uma cidade voltada para

o comércio interno e a produção industrial no setor moveleiro e no setor industrial

sucroalcooleiro (características estas desenvolvidas principalmente a partir da década de 1980

e que configuram a dinâmica socioespacial atual).

Ao observarmos a organização espacial de Rubiataba, principalmente no que tange o

uso urbano do solo urbano, apresenta-se uma relação envolvendo centro e periferia, sendo elas

um conjunto de aglomerações urbanas dualistas e que são resultadas da concentração de

classes existentes neste espaço. Ou seja, há uma retenção maior de renda em determinados

bairros e que também resultam em uma melhor infraestrutura, tendo em contrapartida disto,

bairros ou áreas com menor infraestrutura, e estas diferenciações acabam configurando a

desigualdade na morfologia urbana da cidade.

Com relação às atividades e os aspectos socioeconômicos do município, é possível

identificar em Rubiataba uma organização e divisão territorial e que configura sua morfologia

a partir do comércio, serviços, áreas industriais e também áreas rurais. Temos então, uma

divisão territorial, sendo feita a partir da distribuição das atividades neste espaço, gerando a

diferenciação do espaço urbano.

Nessa busca de uma compreensão de como a atividade sucroalcooleira tem

participação na dinâmica socioespacial da cidade de Rubiataba, podemos obter como

resultados, a partir do que foi aqui apresentado, a imposição direta desta indústria na

configuração socioeconômica do município, pois ela está ligada ao centro da força de trabalho

e até do potencial de produção agrícola, interferindo assim no potencial de circulação de

capital. Dessa maneira, ela influencia no comércio local da cidade, ou seja, a capacidade de

consumo de boa parte da população é limitada pelo valor salarial estipulado pela indústria aos

seus trabalhadores, sendo esse um fator a ser considerado, pois influencia na capacidade de

crescimento ou não do comércio local e se estabelece principalmente de acordo com essa

capacidade de consumo da população local, sendo esta, o sustentáculo principal do comércio

na cidade.

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O que podemos obter como resultado do que foi apresentado sobre a indústria

moveleira e a sua participação na dinâmica socioespacial no município, são suas influências

na oferta de emprego, sendo a segunda maior indústria no município, ficando atrás apenas da

indústria sucroalcooleira nesse quesito, contribuindo para a fixação de capital local, afinal,

toda oferta de mão-de-obra é proveniente da cidade. E pelo fato de a indústria moveleira ser

reconhecida na região por sua qualidade de produção, a cidade torna-se um atrativo para

consumidores de outras cidades, principalmente porque os produtos acabam por ter preços

mais acessíveis, podendo ser adquiridos diretamente das lojas representantes da própria

indústria, o que evita elevar os custos dos móveis por não se tratar de um processo revenda.

Cooper Agro (Cooperativa Agroindustrial de Rubiataba), dinamiza o comércio de

produtos agrícolas em Rubiataba e região. A atividade sucroalcooleira interfere na atividade

agropecuária na região por se tratar de uma monocultura. Esse fato diminui a diversidade de

atividades e dessa forma interfere no fluxo de compra de produtos agropecuários, sendo este

um fator que leva à diminuição da atividade agropecuária na região. A Cooper Agro ajuda no

processo de fortalecimento dos pequenos e médios produtores, pois a articulação estabelecida

no município favorece o atendimento de necessidades econômicas dos cooperados que

acabam desenvolvendo essa atividade no município e enriquecendo a economia local.

Portanto, temos as atividades moveleiras e o comércio varejista no que se refere a

oferta de bens serviços como aquelas com maior influência na divisão social do valor

excedente e na geração de empregos. Enquanto a instituição de nível superior e indústria

sucroalcooleira se apresentaram como atividades, a partir das características mencionadas no

decorrer dessa pesquisa, de maior concentração de capital no município.

Sobre a Centralidade e a funcionalidade da cidade, temos que as áreas de maior

influência de Rubiataba e de geração de empregos estão interligadas no espaço intraurbano da

cidade. Dentre as atividades encontradas no munícipio, podemos mencionar como principais e

fundamentais aquelas relacionadas ao comércio varejista, indústria moveleira, casa

agropecuária, usina sucroalcooleira e instituições de ensino.

Em Rubiataba, com relação a essas diferentes funções, temos o centro se destacando

com maior fluxo de produtos e serviços, tais como a concentração de atividades comerciais,

áreas residenciais com formas marcadas de acordo com o conteúdo social inserido nelas, além

das áreas destinadas ao lazer e entre outras características, sendo inseridos neste contexto,

valores simbólicos e materiais.

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Em Rubiataba destacam-se as avenidas Aroeira (figura 9a) e Jatobá (figura 9b), sendo

elas o referencial do centro da cidade, concentrando nelas praticamente quase todo o comércio

da cidade. O cruzamento dessas duas avenidas expressa uma centralidade que vai além do

município, expandindo a outros municípios.

O Centro aparece como dinamizador da economia local, no qual os demais bairros da

cidade são dependentes desses serviços centrais. Ele apresenta-se como área do poder

municipal, concentrando também a dinâmica do comércio, sendo local de residências de

famílias com melhor poder aquisitivo (figura 15) e famílias tradicionais, além de ser também

a área da cidade na qual se concentram melhores opções de lazer.

A funcionalidade de Rubiataba não se limita apenas a esse município, no qual esse

centro econômico da cidade acaba tendo influências econômicas sobre outros municípios,

principalmente os mais próximos, que são formados por cidades locais. Em termos

econômicos, Rubiataba exerce influências em cidades como Nova América, Ipiranga de Goiás

e Nova Glória, oferecendo uma estrutura de serviços e produtos variados e diversificados, que

devido à proximidade e o fácil acesso, essas pequenas cidades acabam utilizando essa

infraestrutura, mesmo que não seja em todos os setores da economia local, o que amplia a

escala de abrangência do mercado consumidor de Rubiataba. Nessa região, tanto Rubiataba

como Ceres, aparecem como centro dessas cidades, fazendo com que essa proximidade

impeça essas pequenas cidades de desenvolverem suas próprias infraestruturas de serviços e

produtos diversificados, tornando-as marginalizadas por este tipo de economia. Neste sentido,

podemos afirmar que a centralidade de Rubiataba se estabelece a partir das cidades locais e

que pertencem a sua hinterlândia.

Enquanto uma cidade no campo, foi possível constatar em Rubiataba uma grande

proporção de residentes ocupados em atividades não-agrícolas, principalmente aquelas ligadas

à moradia, ao lazer, às atividades industriais e à prestação de serviços. É possível perceber

também a existência de uma diversidade econômica articulada e que refletem em classes

sociais distintas, sendo sua veracidade explanada na paisagem urbana da cidade e expressada

em seus diferentes bairros, sendo possível constatar residências de alto padrão e também

residências em condições precárias e que evidenciam essa diversidade de classes sociais nesta

localidade.

Observa-se também diferentes usos do solo e uma certa centralização de serviços,

sejam eles comerciais, administrativos ou religiosos. Diferentemente das grandes cidades não

é notável a presença de grandes edifícios, havendo uma tendência de imóveis comerciais e

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residenciais nas proximidades com o centro da cidade e que indicam os distintos estratos

sociais.

Diante da discussão apresentada, percebemos Rubiataba como um espaço urbano,

sendo crucial a definição deste aspecto como ponto de partida para uma análise mais

detalhada deste espaço. Apesar de uma área pequena em relação a outras cidades consideradas

médias e grandes em diversas classificações, levando em consideração suas limitações no

alcance dos serviços disponíveis, Rubiataba exerce funções a nível de sua escala que nos

favorecem subsídios suficientes para apontar como um urbano possível.

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ANEXOS

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139

ANEXO 01 – QUESTIONÁRIO – PREFEITURA DE RUBIATABA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - NÍVEL:

MESTRADO

Pesquisa: Formação e dinâmica socioespacial da cidade de Rubiataba – Goiás

Mestrando: Uhallas Cordeiro Silva

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Deus

Instituição:__________________________________________________________________

Contato:____________________________________________________________________

Informante:_____________________________________Cargo:_______________________

Data: ____/____ / 2016.

Informações solicitadas:

1 - Quais os principais setores que contribuem para a arrecadação de Rubiataba?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

________________________________________________

2 – As elites locais de Rubiataba, os prefeitos, etc., têm privilegiado quais setores da

economia para o desenvolvimento de Rubiataba?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3 – Atualmente, existem projetos que visam melhorar a arrecadação no município? Cite-os.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4 - Como é a relação de Rubiataba com Ceres, e com os municípios vizinhos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5 - A Economia de Rubiataba, hoje, gira em torno de que? Quais são as principais instituições,

estabelecimentos, empresas, etc., deste município?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________

Assinatura do participante

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140

ANEXO 02 – MODELO DE QUESTIONÁRIO – INSTITUIÇÕES DE ENSINO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - NÍVEL:

MESTRADO

Pesquisa: Formação e dinâmica socioespacial da cidade de Rubiataba - Goiás Mestrando:

Uhallas Cordeiro Silva

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Deus

Nome da Instituição: _____________________________________________________

Contato: ______________________________ Município: ______________________

Informante: ______________________________Cargo: ________________________

1 – Indique os municípios de procedência dos estudantes que usualmente procuram esta sede

municipal para utilizar os serviços desta instituição:

Nº Município Quantidade de alunos

matriculados em 2016

01

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

Data: ____/____ / 2016.

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141

ANEXO 04 - MODELO DE QUESTIONÁRIO –

COMÉRCIO VAREJISTA/CASA AGROPECUÁRIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - NÍVEL:

MESTRADO

Pesquisa: Formação e dinâmica socioespacial da cidade de Rubiataba - Goiás Mestrando:

Uhallas Cordeiro Silva

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Deus

Nome do Estabelecimento: ________________________________________________

Contato: _____________________________ Município: ______________________

Informante: _____________________________Cargo: _________________________

1 – Indique os municípios de procedência das pessoas que usualmente procuram esta sede

municipal para comprar os produtos deste estabelecimento:

Nº Município Frequência*

01 P ( ) R ( ) M ( )

02 P ( ) R ( ) M ( )

03 P ( ) R ( ) M ( )

04 P ( ) R ( ) M ( )

05 P ( ) R ( ) M ( )

06 P ( ) R ( ) M ( )

07 P ( ) R ( ) M ( )

08 P ( ) R ( ) M ( )

09 P ( ) R ( ) M ( )

10 P ( ) R ( ) M ( )

* P- pouca procura R- regular procura M- muita procura

COMÉRCIO VAREJISTA/CASA AGROPECUÁRIA

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Referente a:

Surgimento da empresa;

Como a empresa funciona, tais como:

quantidade de funcionários

Com que tipo de produtos a empresa trabalha

e quais deles são os mais procurados

Objetivos principais da empresa;

Importância desta empresa para o munícipio;

Data: ____/____ / 2016.

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142

ANEXO 04 - QUESTIONÁRIO – INDÚSTRIA MOVELEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - NÍVEL:

MESTRADO

Pesquisa: Formação e dinâmica socioespacial da cidade de Rubiataba - Goiás Mestrando:

Uhallas Cordeiro Silva

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Deus

Nome do Estabelecimento: ________________________________________________

Contato: _____________________________ Município: ______________________

Informante: _____________________________Cargo: _________________________

1- Quando surgiu essa indústria em Rubiataba?

2- Quem são os principais compradores das mercadorias produzidas?

3- Qual o principal destino das mercadorias?

4- Quantas pessoas são empregadas na atividade?

5- Qual a média salarial alcançada?

6- O que você aponta como fatores importantes e responsáveis pela diminuição da indústria

de móveis em Rubiataba?

7- Por que Rubiataba é considerada um polo moveleiro?

8- Como você vê o setor moveleiro na cidade de Rubiataba hoje?

Sobre a Loja Centro

1- Quando chegou em Rubiataba?

2- Quando ela passou a pertencer ao mesmo dono?

3- Existem filiais desta loja em outras cidades? Quais?

Data: ____/____ / 2016.

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143

ANEXO 05 - QUESTIONÁRIO – USINA SUCROALCOOLEIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - NÍVEL:

MESTRADO

Pesquisa: Formação e dinâmica socioespacial da cidade de Rubiataba - Goiás Mestrando:

Uhallas Cordeiro Silva

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Deus

Nome da indústria: ________________________________________________

Contato: _____________________________ Município: ______________________

Informante: _____________________________Cargo: _________________________

1- Quando essa indústria chegou em Rubiataba?

2- Esta usina está ligada à qual grupo de usinas?

2- Qual o principal destino das mercadorias?

3- Quantas pessoas são empregadas na atividade?

4- Qual a média salarial alcançada?

5- A mão-de-obra é composta por indivíduos de quais cidades?

6- Quais são os impactos diretos e indiretos da expansão da cana-de-açúcar na região?

7- A plantação de cana tem prejudicado outras culturas agrícolas no município?

Data: ____/____ / 2016.

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144

ANEXO 06– ROTEIRO DE ENTREVISTA – POPULAÇÃO EM GERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS

PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA - NÍVEL:

MESTRADO

Pesquisa: Formação territorial e dinâmica socioespacial da cidade de Rubiataba - Goiás

Mestrando: Uhallas Cordeiro Silva

Orientador: Prof. Dr. João Batista de Deus

Participante Nº: ______ Data: ____/____/_______

Idade: _______________ Sexo: M ( ) F ( ) Município: ___________________

1- Enquanto morador de Rubiataba, você se encontra satisfeito nesta cidade?

( ) Sim ( ) Não. Justifique sua resposta.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________

2- Na sua opinião, quais são as vantagens e desvantagens de se morar em Rubiataba?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________

3- Do que você mais gosta e do que você menos gosta em Rubiataba?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_______________________________________________________

4- Se você pudesse mudar alguma coisa em Rubiataba o que você mudaria?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________