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6558 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NA UNIDADE/ESCOLA QUE OFERTA EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL BOETGER, Andrea de Fatima Zanon 1 - SME/Curitiba SILVA, Catia Alire Rodrigues Arend 2 - NREBQ/SME/Curitiba VASSOLER, Karina Lucia de Freitas 3 - SME/Curitiba Grupo de Trabalho – Cultura, Currículo e Saberes Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Na direção de discutir a formação humana em suas múltiplas dimensões nos espaços que ofertam educação em tempo integral em Curitiba e, considerando as especificidades de cada ambiente, surgiu a ideia em produzir o presente material o qual visa gerar oportunidades de mudança. Essas mudanças exigem um repensar, reorganizar e otimizar os espaços em uma educação de tempo ampliado, tendo em vista a sua função educativa. Repensar a organização dos espaços como uma condição necessária à qualidade do trabalho pedagógico, foi o tema do presente trabalho. Para tanto, fez-se necessário realizar uma análise dos atuais ambientes das unidades/escolas que ofertam educação em tempo integral na Rede Municipal de Ensino de Curitiba, bem como, pensar em uma proposta de trabalho a fim de estudar a maneira como esses espaços/ambientes poderiam ser organizados. As discussões sobre Educação Integral ressurgem no cenário nacional, nessa década, com diferentes propostas de desenvolvimento nas esferas municipais e estaduais, mas também diversa da inicialmente apresentada por Darcy Ribeiro, ainda na década de 1960. No município de Curitiba, a experiência de vinte e cinco anos em educação integral, também se caracterizou por encaminhamentos didático- pedagógicos que variaram levando em consideração as diferentes características estruturais, intencionalidades pedagógicas e demandas dos públicos-alvo. No atual contexto, a oferta curitibana de Educação Integral conta com um total de noventa e quatro equipamentos, estruturadamente dispostos e organizados de maneira heterogênea, organizados da seguinte forma: 36 Centros de Educação Integral – CEIs; 4 Escolas de Tempo Integral; 5 escolas municipais com unidades internas; 46 Unidades de Educação Integral - UEIs, dessas, 41 vinculadas e 05 desvinculadas. 1 Professora do Ensino Fundamental com formação em Geografia – Docência I. Apoio pedagógico da Gerência de Educação Integral – Departamento de Ensino Fundamental – Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. 2 Professora do Ensino Fundamental – Docência I. Pedagoga da Educação Integral do Núcleo Regional da Educação do Boqueirão – Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. 3 Professora do Ensino Fundamental – Docência I. Pedagoga da Gerência de Educação Integral – Departamento de Ensino Fundamental – Secretaria Municipal da Educação de Curitiba.

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ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS NA UNIDADE/ESCOLA QUE

OFERTA EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL

BOETGER, Andrea de Fatima Zanon1 - SME/Curitiba

SILVA, Catia Alire Rodrigues Arend2 - NREBQ/SME/Curitiba

VASSOLER, Karina Lucia de Freitas3 - SME/Curitiba

Grupo de Trabalho – Cultura, Currículo e Saberes

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo Na direção de discutir a formação humana em suas múltiplas dimensões nos espaços que ofertam educação em tempo integral em Curitiba e, considerando as especificidades de cada ambiente, surgiu a ideia em produzir o presente material o qual visa gerar oportunidades de mudança. Essas mudanças exigem um repensar, reorganizar e otimizar os espaços em uma educação de tempo ampliado, tendo em vista a sua função educativa. Repensar a organização dos espaços como uma condição necessária à qualidade do trabalho pedagógico, foi o tema do presente trabalho. Para tanto, fez-se necessário realizar uma análise dos atuais ambientes das unidades/escolas que ofertam educação em tempo integral na Rede Municipal de Ensino de Curitiba, bem como, pensar em uma proposta de trabalho a fim de estudar a maneira como esses espaços/ambientes poderiam ser organizados. As discussões sobre Educação Integral ressurgem no cenário nacional, nessa década, com diferentes propostas de desenvolvimento nas esferas municipais e estaduais, mas também diversa da inicialmente apresentada por Darcy Ribeiro, ainda na década de 1960. No município de Curitiba, a experiência de vinte e cinco anos em educação integral, também se caracterizou por encaminhamentos didático-pedagógicos que variaram levando em consideração as diferentes características estruturais, intencionalidades pedagógicas e demandas dos públicos-alvo. No atual contexto, a oferta curitibana de Educação Integral conta com um total de noventa e quatro equipamentos, estruturadamente dispostos e organizados de maneira heterogênea, organizados da seguinte forma: 36 Centros de Educação Integral – CEIs; 4 Escolas de Tempo Integral; 5 escolas municipais com unidades internas; 46 Unidades de Educação Integral - UEIs, dessas, 41 vinculadas e 05 desvinculadas.

1 Professora do Ensino Fundamental com formação em Geografia – Docência I. Apoio pedagógico da Gerência de Educação Integral – Departamento de Ensino Fundamental – Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. 2 Professora do Ensino Fundamental – Docência I. Pedagoga da Educação Integral do Núcleo Regional da Educação do Boqueirão – Secretaria Municipal da Educação de Curitiba. 3 Professora do Ensino Fundamental – Docência I. Pedagoga da Gerência de Educação Integral – Departamento de Ensino Fundamental – Secretaria Municipal da Educação de Curitiba.

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Palavras-chave: Educação Integral. Tempo. Espaço.

Introdução

Nas diferentes ofertas em escolas e unidades, uma característica apresenta-se em

comum, a oferta de 4 a 5 horas de educação em período do contraturno e a necessidade de

desenvolver atividades pedagógicas planejadas e organizadas de forma a atender às diferentes

necessidades dos estudantes nas múltiplas dimensões humanas. Ademais, a composição

desses equipamentos difere também na organização e quantidades de salas, na quantidade de

estudantes atendidos, na faixa etária, no ano/ciclo, na quantidade e no tempo de experiência

dos profissionais que atuam nesses espaços. Essa diversidade de fatores revela uma ampla

heterogeneidade de situações.

Muitas questões indicaram a necessidade de fornecer orientações que subsidiassem

esses profissionais, que atuam nos equipamentos que ofertam a educação integral, na

organização dos espaços de maneira diferente da forma escolar tradicional. Para tal foi

considerada a percepção dos próprios docentes quanto as possibilidade da mudança;

estudadas as orientações de como organizar pequenos ambientes, otimizando os espaços, pois

algumas unidades possuem uma ou duas salas. Por outro lado, há também unidades com

espaços mais amplos, mas sem divisórias, onde foram analisadas diversas possibilidades na

delimitação dos espaços para múltiplos usos. Finalmente, foi preciso estabelecer relações

entre os espaços modificados, seu aproveitamento e os benefícios no aprendizado do

estudante.

De acordo com a perspectiva anteriormente apresentada, a questão norteadora do

presente estudo foi: como organizar os espaços internos e as salas ambiente das unidades e

escolas que ofertam educação em tempo integral para que esses espaços contribuam para a

aprendizagem dos estudantes?

Cabe ressaltar que a preocupação não foi meramente organizacional com relação à

disposição dos materiais, mas de que as equipes pudessem estudar e dispor de novas

alternativas para planejar os ambientes e investigar as vantagens dessa organização para o

atendimento aos estudantes que permanecem em tempo ampliado na escola.

A metodologia utilizada foi a análise de imagens e a coleta das imagens apresentadas,

bem como a seleção das mesmas, ocorreu a partir de visitas realizadas in loco. As visitas

fazem parte da rotina de acompanhamento às escolas e unidades que ofertam educação em

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tempo integral pela Gerência de Educação Integral da SME e pelos Núcleos Regionais da

Educação. Todavia, as orientações com relação à organização dos espaços, planejamento,

metodologia para análise dos espaços e demais acompanhamentos compuseram o calendário

de atividades dessa Gerência durante as capacitações desenvolvidas no ano de 2012 e em

continuidade em 2013. As pedagogas de educação integral dos respectivos NREs

participaram da seleção das imagens.

Os resultados dessa produção atenderam às expectativas e ao alcance dos objetivos

propostos no que tange a análise dos espaços existentes ou a sua reorganização, bem como

projetar novos ambientes para atender o objetivo principal, que é a qualidade do trabalho

pedagógico na educação em tempo integral de Curitiba.

Organização dos espaços na unidade/escola que oferta educação em tempo integral

As atividades desenvolvidas na educação integral, denominadas práticas educativas

possibilitam ao estudante participar de experiências, investigações, pesquisas e propostas de

trabalho que instigue a curiosidade, a manipulação e a mobilidade, atividades realmente

diferenciadas e que permitam o aprofundamento dos saberes escolares. Esse aprofundamento

passa a exigir um movimento pedagógico de qualificar o tempo ampliado do estudante

integral o que indaga uma sequência de atividades vista sob a rigidez curricular. Segundo

Brasil (2009) tempo qualificado significa:

[...] entende-se que o tempo qualificado é aquele que mescla atividades educativas diferenciadas e que, ao fazê-lo, contribui para a formação integral do aluno, para a superação da fragmentação e do estreitamento curricular e da lógica educativa demarcada por espaços físicos e tempos delimitados rigidamente. Nesse sentido, entende-se que a extensão do tempo – quantidade – deve ser acompanhada por uma intensidade do tempo – qualidade – nas atividades que constituem a jornada ampliada na instituição escolar. (BRASIL, 2009, p. 28).

As orientações sobre como organizar o tempo das práticas educativas e demais

orientações compõem um dos documentos que em 2012 foram organizados para subsidiar o

trabalho nas escolas e unidades que ofertam educação em tempo integral de Curitiba,

denominado Orientações para atendimento nas escolas de tempo integral e unidades de

educação integral da Rede Municipal de Ensino de Curitiba4. Entretanto, enquanto

4 O documento Orientações para atendimento nas escolas de tempo integral e unidades de educação integral da Rede Municipal de Ensino de Curitiba foi elaborado conjuntamente com as pedagogas das unidades/escolas que

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profissionais que atuam na Gerência da Educação Integral e que acompanham as atividades

desenvolvidas nos Núcleos Regionais da Educação, juntamente com as pedagogas referência5

de educação integral e nas próprias unidades, percebeu-se a necessidade em orientar os

profissionais que atuam em escolas/unidades na organização dos espaços e/ou salas ambientes

no atendimento aos estudantes que permanecem no espaço escolar por 8 a 9 horas.

Uma necessidade que há tempos já foi percebida por toda a equipe pedagógico-

administrativa da escola e/ou unidade, é a de preciso criar alternativas de trabalho e

organização desses espaços diferente do já vivenciado no ensino regular com carteiras

enfileiradas, quadro negro e mesa do professor à frente dos estudantes, bem como, onde as

possibilidades de mobilidade são reduzidas.

Sekkel & Gozzi (2003, p. 14) repensam o organização e a influência dos espaços

educativos na aprendizagem,

A escola deve ser um ambiente no qual todos - crianças, pais e funcionários – sintam-se seguros, acolhidos e respeitados. Um lugar para o qual as crianças possam ir com prazer, sentindo-se bem vindas. Mas o espaço para as crianças não se restringe ao espaço físico: é um espaço de vida, com tudo aquilo que dele participa – os móveis, as cores, a arrumação, os objetos, os cheiros, os sons, as pessoas, as memórias. E esse ambiente diz muitas coisas que influenciam nossa forma de agir.

Muito se sabe sobre as concepções de ensino, quando se entra em uma sala de aula,

desde a organização dos trabalhos e pesquisas produzidas pelos estudantes, as ilustrações

realizadas que indicam as evoluções na aprendizagem de cada indivíduo até produções que

demonstram o envolvimento dos estudantes e do professor em um trabalho construído

coletivamente. Sekkel & Gozzi (id. ibid.) completam a ideia da valorização na organização da

sala de aula como espaço de construção e exposição do saber coletivo: “Uma sala organizada

coletivamente, com exposições que valorizam as produções das crianças, inspira respeito e

cuidado pelas pessoas e pelos objetos que estão ali.”

A sala de aula como espaço para exposição das produções realizadas favorece o

diálogo, a interação e a mobilidade entre os estudantes, estimulando as relações humanas e a

mediação do estudante com o conhecimento.

Gonçalves (2006, p. 129)

ofertam educação integral de cada NRE, representante da Coordenadoria Técnica de Estrutura e Funcionamento de Ensino da SME, representante da Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais da SME.

5 Cada NRE de Curitiba possui uma pedagoga referência de Educação Integral responsável no atendimento e suporte pedagógico às escolas e unidades que ofertam educação em tempo integral na respectiva regional.

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[...] é preciso avançar. E avançar muitas vezes é ousar fazer diferente, ainda que a diferença ocorra no microterritório, seja no modo como uma sala de aula pode ser disposta, no arranjo das carteiras, na organização de uma aula que se desprenda desse espaço, que explore outros espaços existentes na escola e mesmo fora dela, articulando-se com outros lugares e serviços potencialmente educativos.

Diante da necessidade em se discutir a organização dos espaços, iniciou-se o trabalho

pela análise dos ambientes disponíveis, uma vez que a intenção não apresenta o caráter

puramente organizacional, tampouco, objetiva uniformizá-los, pois contam com uma

disposição dos ambientes e mobiliários muito diversos. Para esse fim foram estudados alguns

critérios para organização desses espaços com base em Sekkel & Gozzi (2003):

A estruturação: se refere a tomada de consciência de todos os espaços possíveis de

serem utilizados com as crianças e suas características, permitindo utilizá-los de forma mais

adequada. Uma sugestão é a organização de um croqui6 da sala ou de todos os espaços da

unidade com a previsão das formas de uso.

Delimitações claras: são indicadores de organização das ações das crianças e

professores, passíveis de serem apresentados, discutidos e repensados de acordo com as

necessidades do grupo, podendo ser móveis ou fixos.

Móveis: um tapete, para delimitar um espaço para a realização da contação de

histórias, um biombo para delimitar áreas ou um armário com rodinhas, para acondicionar

materiais de uso comum, como livros de histórias ou materiais de artes visuais.

6 Na ilustração apresentada, a proposta do croqui traz a representação de um espaço sem divisórias, organizado por cantos e a disponibilização de materiais de acordo com a Prática Educativa.

CoordenaçãoCozinha

Almoxarifado

BW – masc.

Limpeza

BW – fem.

Práticas A

rtísticas Aco

mpa

nham

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Ped

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(jogo

s de

alfa

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Ciência e Tecnologias (computadores/netbook/Lego/Jorn

ais/TV

Práticas de Educação Ambiental

Espaço para atividades em dias de chuva

Parquinho

Horta/jardim

Qua

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Ciência e Tecnologias (computadores/netbook/Lego/Jorn

ais/TV

Práticas de Educação Ambiental

Espaço para atividades em dias de chuva

Parquinho

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Figura 1: Croqui de UEI com análise dos espaços disponíveis. Fonte: Organizado pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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Fixos: painéis parafusados ou pintados na parede, para exposição das produções dos

estudantes.

Autonomia: corresponde a formas de organização que favoreçam a autonomia do

estudante em organizar e escolher os materiais que desejam ou necessitam utilizar.

O uso de caixas organizadoras transparentes, potes com identificação/imagem e

prateleiras de fácil acesso favorecem a autonomia.

Figura 2: UEI Mansur Guérios II da Escola Municipal Mansur Guérios – NRECIC Nesse espaço o material utilizado para delimitar o espaço para o Cantinho da Leitura foram tatames, servindo como tapete para os estudantes enquanto ouvem histórias. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 3: UEI Mansur Guérios II da Escola Municipal Mansur Guérios – NRECIC O armário foi utilizado como delimitador de espaço entre o Cantinho da Leitura e o espaço com os computadores Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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Segurança: se refere ao cuidado em dispor de materiais seguindo as normas de

segurança na prevenção de acidentes com os estudantes. Nas imagens a seguir, é possível

perceber uma organização a fim de evitar que ocorram acidentes no manuseio de materiais

(quando acondicionados em lugares de difícil alcance, como um armário muito alto),

adotando-se armários resistentes, caixas transparentes e araras, que permitam a visualização e

o manuseio com segurança.

Figura 4: UEI Pró-Morar Barigüi da Escola Municipal Pró-Morar Barigüi – NRECIC Nesse espaço os materiais utilizados nas aulas de Práticas Artísticas são disponibilizados em armários abertos, facilitando o acesso dos estudantes e armazenados em caixas e potes. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 5: CEI Teresa Matsumoto– NREBQ Na biblioteca da escola os materiais de leitura estão estrategicamente organizados de modo que todos os estudantes possam escolher o livro e realizar a leitura em um espaço aconchegante. Estão disponíveis também, curiosidades sobre os autores de obras infantis, sinopses e ilustrações de livros, bem como, material produzido para o momento da Contação de Histórias, como acessórios e fantoches. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no

Figura 6: UEI da Escola Nossa Senhora da Luz - NRECIC A sala de Práticas Artísticas vem sendo adaptada de maneira que os materiais utilizados na Oficina de Teatro estejam dispostos e de acesso seguro. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 7: UEI I da Escola Municipal América Saboia - NRECIC A unidade não conta com divisórias. O espaço é organizado por cantos e os materiais são guardados em caixas de forma segura. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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Transformação e polivalência: dizem respeito a transformações rápidas dos

ambientes com a possibilidade de transportar objetos de um ambiente para outro, como

cadeiras, tapetes ou caixas. Isso também vale para espaços organizados por cantos, quando as

modificações permitam que em uma bancada de artes visuais também possam ser realizadas

outras atividades, como a exposição de trabalhos.

Diversidade: Na educação integral propõe-se a realização de atividades desafiadoras e

que possibilitam a experimentação, sendo assim, o professor necessita visualizar múltiplas

oportunidades na realização das atividades, dispondo de recursos que permitam a mobilidade

do material e do próprio corpo. Atividades no chão, em grupos, sentados, deitados em

tatames, em grupos heterogêneos...

Figura 8: UEI da Escola Municipal Vereadora Laís Peretti - NREPN O Cantinho da Leitura permite a transferência dos livros uma vez que o armário com o acervo literário possui rodinhas para a locomoção pela Unidade. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 10: UEI da Escola Municipal Vereadora Laís Peretti – NREPN Desenvolvimento de atividades com outra organização. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 9: CEI Ulisses Falcão Vieira - NRESF A organização da biblioteca do CEI possibilita o remanejo do material de literatura. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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Estética: ao educar para a sensibilidade estética dos estudantes é fundamental, de

modo que os estudantes “possam fruir, tomar consciência e aprender a valorizar a importância

da dimensão estética na nossa vida”. (p. 21), em consenso com a multiplicidade de padrões de

beleza, expressões da diversidade cultural.

Também se mostra importante a forma como os materiais e espaços são apresentados,

organizando-os de forma cuidadosa e atraente, o que não significa preparar o ambiente com

materiais industrializados, mas como afirma Sekkel & Gozzi (2003, p. 21):

Tampouco devemos trazer tudo pronto e decorar a sala com desenhos estereotipados que empobrecem a imaginação. O melhor é que o ambiente da sala seja construído junto com as crianças, com suas produções e também com outros objetos e figuras de boa qualidade, que tenham significado para o grupo. Somente dessa forma elas poderão reconhecer o espaço da escola como seu.

Espaço e memória: As experiências e produções dos estudantes são únicas, diante

disso, quando realizado um trabalho de campo, experiência ou dinâmica composta por fases, o

registro da memória é fundamental. Um mural com fotos revela a participação e valoriza as

individualidades. Os registros escritos, os desenhos e relatos mostram-se como prática de

apreciação dos trabalhos dos estudantes e respeito às produções coletivas.

Figuras 11 e 12: UEI Desvinculada Santo Antônio - NRECJ - O Cantinho da Leitura com almofadas e colchonetes que permite a mobilidade do material e a higienização. - Exposição dos trabalhos em sala e a disposição de materiais ao alcance dos estudantes reforçam a importância da estética na valorização do ambiente educativo. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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Salas Ambiente: Os referenciais para o estudo e desenvolvimento da educação

infantil de Curitiba, destacam que o ambiente pedagógico e todos os materiais que o compõe,

assim como os expostos nas paredes, dialogam com seus habitantes, refletindo as relações que

nele se desenvolvem e as aprendizagens de todos os envolvidos. Nesse sentido, é necessário

ter clareza dos espaços disponíveis, mas também a intencionalidade pedagógica de cada

ambiente; que esse precisa ser planejado, objetivando “favorecer interações, ser atrativo,

acolhedor, seguro e desafiador”. (CURITIBA, 2010, p.07)

A disponibilização de jogos pedagógicos, materiais e livros ao alcance dos estudantes,

são alternativas enriquecedoras na composição do acervo disponível na sala ambiente.

Figura 13: UEI Desvinculada Santo Antônio - NRECJ Composição de atividades valorizando as produções dos estudantes. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 14: UEI da Escola Municipal Prefeito Omar Sabbag Exposição de trabalhos em molduras organizados nas paredes que fazem a divisão dos espaços na UEI. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 15: UEI da Escola Municipal Prefeito Omar Sabbag - NRECJ Sala Ambiente de Práticas de Educação Ambiental Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 16: UEI da Escola Municipal Ditmar Brepohl – CISAR Arlete Richa - NRECIC Sala Ambiente de Xadrez – Práticas de Movimento e Iniciação Desportiva Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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A identificação das salas mostra-se também como um diferencial na identidade da

Prática educativa. Quando a opção pela organização do espaço em salas ambiente, a proposta

de identificar cada sala, na porta ou no mural, com ilustrações e imagens que tragam

informações sobre o trabalho desenvolvido naquele espaço, adquire o significado de

identidade e referência.

Figura 18: UEI da Escola Municipal Prefeito Omar Sabbag - NRECJ Identificação de porta da sala de Práticas Artísticas. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 17: CEI Monteiro Lobato - NRECIC Sala Ambiente de Acompanhamento Pedagógico. Atividades em pequenos grupos e a utilização de jogos pedagógicos fazem parte da rotina da prática. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 19: UEI da Escola Municipal Pró Morar Barigui - NRECIC Identificação de porta da sala de Educação Ambiental com a fotografia da turma. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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Organização das mochilas: As escolas/unidades de educação integral de Curitiba

organizam de diferentes maneiras a acomodação das mochilas. Na diversidade encontrada,

recomenda-se que essa organização beneficie a mobilidade do estudante, podendo ser na

própria sala, com ganchinhos, fixados na parede, como também, em armários destinados a

esse fim, denominados malódromo ou mochilódromo. Algumas escolas/unidades destinaram

esse espaço em uma pequena sala. Outra opção é um espaço coberto, corredor ou na entrada

na sala.

Diante da impossibilidade em se estruturar as salas ambiente, apresentam-se os

“cantinhos” como uma alternativa na organização de espaços sem divisórias, essa distribuição

dos ambientes, certamente possibilita a mobilidade e autonomia dos estudantes, ao mesmo

tempo em que valoriza as produções realizadas.

Figura 20: CEI Teresa Matsumoto– NREBQ O mochilário/malódromo da escola está organizado em um espaço protegido, organizado e de fácil acesso pelos estudantes. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

Figura 21: UEI II da Escola Municipal Mansur Guérios – NRECIC O mochilário da UEI está organizado na própria sala, em ganchinhos fixados na parede e ao alcance dos estudantes. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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Considerações Finais

Certamente nos espaços educativos as mudanças exigem investimento de tempo,

ideias e de material. Entretanto, as oportunidades de mudanças contemplaram alterações que

exigiram mais organização, remanejamento e análises dos espaços e materiais que a

escola/unidade já dispunha do que um investimento inicial. As visíveis possibilidades de dar

uma identidade à educação integral aos espaços ilustrados no artigo sinalizam que os

materiais utilizados já faziam parte do acervo da escola, todavia, apenas necessitaram ser

dispostos ao alcance dos estudantes, criar espaços para exposição das atividades produzidas e

repensar a organização do ambiente que repetia no momento do contraturno, a estrutura do

período do regular, como por exemplo, a disposição das carteiras.

As atividades realizadas em espaços que favoreçam a interação, a mobilidade e a

criação mostram-se como características inerentes a educação de tempo ampliado, devendo

ser intencionalmente organizadas e com uma ação educativa planejada. Nessa perspectiva, a

organização diferenciada propiciará maiores oportunidades de qualificar os tempos e espaços

e, consequentemente, a aprendizagem dos estudantes.

A produção e divulgação do artigo não têm a pretensão de uniformizar os espaços, os

quais contam com formas de organização muito distintas, tampouco, de esgotar as discussões

que visam otimizar a utilização dos ambientes, mas de potencializar as análises, ideias e

mudanças que possam contribuir significativamente na qualidade do trabalho pedagógico

realizado no tempo ampliado, junto aos profissionais das escolas e unidades de educação

integral: diretores, pedagogos, coordenadores e professores.

As possibilidades de mudanças são muitas e o engajamento dos profissionais nesse

processo de repensar os ambientes, foi percebido tanto nos acompanhamentos realizados pela

equipe da Gerência de Educação Integral durante o ano de 2012, quanto nos encontros

realizados com as pedagogas de educação integral dos NREs e, em continuidade no ano de

2013.

Figura 22: UEI América Sabóia I – NRECIC A foto panorâmica indica que a UEI não apresenta divisórias, dessa forma, os espaços são organizados por cantos e as próprias carteiras e cadeiras são utilizadas como delimitadores de espaço. Também são organizados espaços para exposição de trabalhos e armários abertos onde os estudantes tenham acesso aos jogos pedagógicos e materiais de leitura. Fonte: Selecionada pelos autores, com base em um dos nos espaços existentes na SME e analisados no estudo.

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Nesse período e para o desenvolvimento dessa proposta foram fotografados os

ambientes com a finalidade de documentar as reorganizações realizadas. Essas imagens serão

divulgadas para os profissionais que atuam nas escolas de tempo integral e poderão compor

um banco de ideias. A semente foi plantada e, certamente esse processo de pensar em como

organizar o trabalho nos ambientes de educação integral fomentará uma discussão que nunca

cessa: como projetar ambientes propícios à promoção da aprendizagem dos estudantes na

educação em tempo integral.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Educação integral: texto referência para o debate nacional. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação - Secad, 2009. (Série Mais Educação – Educação Integral). CURITIBA. Referenciais para estudo e planejamento na Educação Infantil. 2010. Secretaria Municipal da Educação de Curitiba – Departamento de Educação Infantil. GONÇALVES, Antonio Sergio. Reflexões sobre educação integral e escola em tempo integral. São Paulo: 2006. In: Cadernos Cenpec – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Educação Integral. n.º 2. São Paulo: CENPEC, 2006.

SEKKEL, Marie Claire; GOZZI, Rose Mara. O espaço: um parceiro na construção das relações entre as pessoas e o conhecimento. In: NICOLAU, Marieta Lúcia Machado; DIAS, Marina Célia Moraes (Orgs). Oficinas de Sonhos e Realidade na Formação do Educador da Infância. Campinas: Papirus, 2003. ]