Organização Estrutural do Romance - colegioideologia.com.br professores/elis... · modismos...
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Agosto - Rubem Fonseca
Organização Estrutural do Romance
http://www.sosestudante.com/resumos-a/agosto-rubem-fonseca.html <acesso em 18/04 às 7:08Horas>http://www.passeiweb.com/estudos/livros/agosto<acesso em 18/04 às 7:21Horas>
Ação
• Paralela aos fatos históricos e entrelaçada com eles, corre, no plano da ficção, a trama policialesca, que tem como protagonista o comissário Alberto Mattos.
• Tudo gira em torno do assassinato do industrial Gomes Aguiar, sócio de Pedro Lomagno na Cemtex.
Ação
• Para investigar o crime, ocorrido em circunstâncias misteriosas, é indicado o delegado Mattos, que tem como única pista um anel que traz “F” gravado no seu interior.
• Perpassada de suspense, a ação ficcional do romance é constantemente entrecortada pela trama para assassinar o jornalista Carlos Lacerda., o que acontece nos últimos dias do governo do presidente Getúlio Vargas.
Ação
• Na “orelha” do romance (edição de 1990 de Companhia das Letras), Fernando Morais resume assim a ação central de Agosto:
• Na madrugada de 1º de agosto de 1954, um empresário é brutalmente assassinato no quarto de seu luxuoso duplex no Rio de Janeiro.
Ação
• Aos poucos quilômetros dali, o tenente Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas, começa a arquitetar outro crime: o atentado contra jornalista Carlos Lacerda, que terminaria vinte dias depois, na maior tragédia política do Brasil. Depressivo e incorruptível, atormentado por uma úlcera gástrica e por duas namoradas, um delegado de polícia sai obsessivamente atrás de uma pista: a mão negra que armou os pistoleiros do atentado da rua Tonelero pode ser a mesma que matou o milionário na cama.
Estrutura
• Para situar a sua ação romanesca, Rubem Fonseca divide a narrativa em vinte e seis capítulos. Cada um desses capítulos corresponde a um dia do mês de agosto de 1954.
Tempo / Espaço
• O cenário eleito é o Rio de Janeiro. Destruída dos atributos que lhe conferem o título de cidade maravilhosa ou cartão postal do Brasil, a capital da república é um ponto de tensão.
• Por ali circulam autoridades políticas, militares, jornalistas, policiais, criminosas, bicheiros, prostitutas e os mais diversos tipos sociais.
• Nessa perspectiva, a cidade é o espaço ideal para as tramas, a corrupção, a violência, o luxo e a miséria de uma sociedade em crise.
Tempo / Espaço
• Deslizando por diferentes situações, o narrador acompanha os movimentos de suas personagens e, atento, descreve o Palácio do Catete. Minucioso, visita o local onde Lacerda sofrera o atentado e não deixa de apontar a sede do jornal Tribuna da Imprensa.
• Focalizando o espaço da marginalidade, retrata a delegacia onde trabalha Mattos, o comissário que quer fazer cumprir a ordem, a justiça e a lei. Não se esquiva de retratar, também, o apartamento do policial, com seu móveis simples mas confortáveis. Lugar de descanso, aconchego, intimidade e música, o apartamento do comissário transforma-se em palco de violência quando ele, ali, é assassinado na companhia da namorada.
Linguagem
• Agosto é um livro que se insere na pós-modernidade.• Com o objetivo de adequar a linguagem às
personagens, o autor usa, sobretudo nos diálogos, modismos próprios da língua coloquial falada no Brasil. É frequente o uso de próclise inicial, emprego de ter por haver" quando impessoal, falta de uniformidade no uso do imperativo etc.
• Entretanto, além desses coloquialismos, percebem-se, no romance, vários níveis de linguagem, que combinam com as diversas situações e tipos focalizados. Assim é que, na narrativa, são freqüentesgírias, palavrões, e mesmo linguagem técnica dos laudos policiais e a erudita dos barrocos discursos políticos.
Linguagem
• Com frequência, recriando textos históricos como pronunciamentos, discursos, documentos e registros da época de Getúlio, o autor usa o recurso da intertextualidade, que consiste, como se sabe, na inserção de trechos, citações ou referências no texto que o autor está construindo.
• O clima de suspense perpassa o livro do começo ao fim. O autor sabe criar esse clima, que é uma técnica para segurar o leitor. Aliado aos contínuos cortes, esse recurso confere ao romance uma feição cinematográfica.
• O autor revela erudição sobretudo quando faz referência ao mundo do cinema, da pintura e da música.
Linguagem
• Os diálogos no livro não vêm indicados pelo tradicional travessão, como é de praxe no discurso direto. O autor prefere usar aspas para indicar as falas de suas personagens, o que não deixa de ser um traço da literatura contemporânea.
• Distanciada das regras que orientaram os nossos escritores tradicionais, ela distancia-se do preceitos apregoados pelos nossos primeiros modernistas e distingue-se pela liberdade de expressão.
• Fácil, claro e conciso, o vocabulário não se orienta pelo uso abundante de adjetivos; explora-se o vigor dos substantivos, sem que apresentar dificuldades para o leitor.
Foco Narrativo
• A narrativa é feita na terceira pessoa por um narrador que se revela frio e impessoal, o que combina bem com o caráter policialesco do romance. O narrado é onisciente, com uso do discurso livre indireto.
Foco Narrativo
• Funcionando como uma câmara cinematográfica, pode ser associado com a imagem de um olho. E como tal, articula a trama, instaura o impacto, promove cortes, com o objetivo de provocar suspense no leitor.
• Atenta, focaliza com precisão alguns detalhes. Com apuro, registra a reação das personagens diante dos problemas por elas vivenciados.
Temática
• O grande tema dos contos de Rubem Fonseca é a violência. A violência que percorre as ruas brasileiras, numa espécie de guerra civil não declarada entre ricos e pobres. A guerra se travou internamente e Rubem Fonseca soube revelá-la.
• O que confere maior verossimilhança ainda a seus relatos são a técnica narrativa e a linguagem. O escritor carioca sente-se à vontade nos textos em primeira pessoa, o narrador sendo ao mesmo tempo o protagonista. Mas para tipo social existe uma linguagem distinta. O policial tem o seu código, o seu estilo, e assim o político e assim o advogado, numa multiplicidade lingüística verdadeiramente assombrosa para um só autor.
Temática
• Com um pé na ficção e outro na História, Rubem Fonseca faz deste romance uma narrativa policial. A História não é só o pano de fundo. Transcorrendo em agosto de 1954, o livro apresenta os vultos históricos daqueles episódios, que culminaram com o suicídio de Getúlio Vargas, como se fossem protagonistas do próprio romance. Assim figuras como Getúlio Vargas, seu irmão Benjamim, a filha Alzira, o polêmico tenente Gregório Fortunato, ministros (Tancredo Neves, os militares Zenóbio de Castro e Mascarenhas de Moraes) o brigadeiro Eduardo Gomes, só para citar alguns, têm voz e ato no livro.
Temática
• O narrador apresenta com desenvoltura diálogos, ações, pensamentos, dramas e dúvidas de personagens como estes. Simultaneamente à narrativa da crise que levaria Getúlio ao suicídio, provocada pela tentativa de assassinato de Carlos Lacerda, o autor desenvolve a história ficcional ao redor do personagem central do romance: o comissário Alberto Matos.