Orçamento - Modelo de capela velório - SINAPI

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Modelo de capela velório Governo de Minas adota projeto-padrão para construção de instalações com, no mínimo, dois salões. Veja orçamento detalhado da obra, em cinco capitais, a partir das composições do Sinapi Por Tania Pescarini A Secretaria Estadual de Transportes e Obras Públicas (Setop) do Governo de Minas Gerais padronizou projetos de edificação de capelas velório para facilitar e qualificar a implantação desses equipamentos públicos em pequenas cidades do Estado. "Dentre as obras com maior demanda para os municípios, constam as capelas", explica o subsecretário do Setop, Bruno Oliveira Alencar. Segundo ele, os projetos apresentam soluções de engenharia e arquitetura adequadas aos recursos humanos e materiais disponíveis no interior do Estado, em um esforço para elevar qualitativamente os repasses de recursos para o desenvolvimento municipal. Em Minas, mais da metade dos municípios tem menos de 20 mil habitantes, sendo, muitos deles, administrados por gestões municipais reduzidas e carentes de infraestrutura. O projeto-padrão de capelas velório do Setop foi desenvolvido em quatro módulos, com um, dois ou quatro salões. Os projetos de menor metragem (módulos 1 e 2, com gabarito de 237,25 m 2 e disposições diferentes) reservam uma área destinada à expansão, projetada para exigir o menor esforço e gasto possível. Como explica Naélia Portugal, superintendente de coordenação técnica do Setop, a referência para expansão máxima é o módulo 3, que conta com quatro salões e quatro salas de repouso, cuja metragem (locação para a obra) é 350,87 m 2 . "Quando a demanda supera essa estrutura, construímos uma outra unidade", lembra ela. Por isso, ter em mãos um estudo indicativo da expansão populacional permite ao município implantar um projeto com maior vida útil. Sai muito mais caro ter que demolir estruturas ultrapassadas para reconstruir novas. Já o módulo 4 tem somente um salão e área total de 155,53 m².

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Modelo de capela velório

Governo de Minas adota projeto-padrão para construção de instalações com, no mínimo, dois salões. Veja orçamento detalhado da obra, em cinco capitais, a partir das composições do Sinapi

Por Tania Pescarini

A Secretaria Estadual de Transportes e Obras Públicas (Setop) do Governo de Minas Gerais padronizou projetos de edificação de capelas velório para facilitar e qualificar a implantação desses equipamentos públicos em pequenas cidades do Estado. "Dentre as obras com maior demanda para os municípios, constam as capelas", explica o subsecretário do Setop, Bruno Oliveira Alencar.

Segundo ele, os projetos apresentam soluções de engenharia e arquitetura adequadas aos recursos humanos e materiais disponíveis no interior do Estado, em um esforço para elevar qualitativamente os repasses de recursos para o desenvolvimento municipal. Em Minas, mais da metade dos municípios tem menos de 20 mil habitantes, sendo, muitos deles, administrados por gestões municipais reduzidas e carentes de infraestrutura.

O projeto-padrão de capelas velório do Setop foi desenvolvido em quatro módulos, com um, dois ou quatro salões. Os projetos de menor metragem (módulos 1 e 2, com gabarito de 237,25 m2 e disposições diferentes) reservam uma área destinada à expansão, projetada para exigir o menor esforço e gasto possível. Como explica Naélia Portugal, superintendente de coordenação técnica do Setop, a referência para expansão máxima é o módulo 3, que conta com quatro salões e quatro salas de repouso, cuja metragem (locação para a obra) é 350,87 m2. "Quando a demanda supera essa estrutura, construímos uma outra unidade", lembra ela. Por isso, ter em mãos um estudo indicativo da expansão populacional permite ao município implantar um projeto com maior vida útil. Sai muito mais caro ter que demolir estruturas ultrapassadas para reconstruir novas. Já o módulo 4 tem somente um salão e área total de 155,53 m².

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As instalações dos módulos 2, 3 e 4 seguem o padrão adotado para o primeiro tipo: dois salões, infraestrutura para duas salas de repouso/preparação, administração, copa, banheiro de funcionários, sanitários feminino e masculino, banheiro para pessoas com mobilidade reduzida e área de circulação. Com capacidade para realizar dois óbitos concomitantes, o projeto de módulo 1 atende às necessidades de municípios pequenos, com reduzido número de óbitos.

O Setop disponibiliza os projetos de arquitetura, projeto estrutural, elétrico e hidráulico da edificação. A aquisição do terreno e a contratação dos projetos de terraplanagem e de fundação ficam a cargo das prefeituras. "Sempre orientamos os municípios a escolherem terrenos planos, simples de construir", lembra Naélia. O tipo da fundação deverá ser definido mediante sondagem de solo no terreno.

Entretanto, como nem sempre há terrenos ideais disponíveis ou recursos municipais para a aquisição, o Setop orienta sobre soluções de fundação para cada caso, sem, com isso, assumir a responsabilidade pelos cálculos do projeto, a cargo do município. Naélia lembra que alguns projetos são devolvidos muitas vezes, com ressalvas, até que se defina o melhor plano de fundação e terraplanagem.

A contrapartida municipal de viabilizar o terreno, vale destacar, entra como a contrapartida mínima exigida pela lei que regulamenta repasses públicos via convênio, categoria na qual se inscreve o programa de repasse via projetos-padrão do Setop. No projeto-padrão também não constam muros externos à capela e recuo da construção, já que esses itens estão sujeitos à regulamentação municipal.

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No projeto de arquitetura desenvolvido pela equipe de Naélia, há a especificação de cada material da construção, do aço a itens de acabamento, como cor e tipo da tinta usada na pintura interna e externa, portas, soleiras e janelas. Tudo é padronizado e quantificado, para facilitar ao máximo a elaboração da planilha orçamentária. A superintendente explica que os critérios para escolha dos materiais em todos os projetos que compõem cada um dos módulos foram: disponibilidade regional, baixo custo, fácil execução e manuseio. Segundo ela, é preciso levar em conta não só a disponibilidade de recursos financeiros, mas também problemas como falta de mão de obra e dificuldade com o frete de materiais. A disponibilidade regional motivou também a escolha de tijolo cerâmico e acabamentos em ardósia.

Confira a seguir os referenciais técnicos dos principais sistemas do módulo 1, elaborado pelo Setop, e o orçamento detalhado da obra:

Orçamento

Paralelamente à padronização de projetos, o governo mineiro desenvolveu algumas ferramentas que visam ajudar as administrações municipais a garantir e agilizar os repasses estaduais para essas obras. Uma delas foi a planilha de preços do Setop, referência de preços de materiais atualizada e regionalizada, que inclui também valores relativos a serviço e encargos sociais. A Secretaria desenvolveu também modelos de planilha orçamentária e cronograma físico-financeiro, além de um roteiro para elaboração de convênio. O objetivo é organizar as exigências técnicas e burocráticas do Estado, em um formato que sirva também para orientar os profissionais das prefeituras.

Segundo as composições do índice do governo mineiro, o valor total da construção da capela velório no Estado girava, em 2010, em torno de R$ 128 mil (sem custos com terreno). Como forma de apresentar referenciais de custo a municipalidades de outras regiões do País, interessadas na adoção de projeto similar de infraestrutura, a equipe de engenharia da Editora Pini elaborou o orçamento detalhado da obra com composições do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), da Caixa Econômica Federal, e em cinco regiões brasileiras: São Paulo, Bahia, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Amazonas. Acompanhe a planilha a seguir.

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Arquitetura

O projeto arquitetônico inclui dois salões independentes (de 6 m x 5 m cada) equipados com ar-condicionado, além de área de administração reservada. Os salões são anexados a salas de repouso, para privacidade familiar. Na área de circulação aberta, prevê-se bancos quadriláteros em concreto aparente e acessos laterais à copa e aos banheiros masculino, feminino e para pessoas com mobilidade reduzida. A área frontal do terreno é dedicada à jardinagem e estacionamento ou para futuras ampliações da capela.

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Estrutura e cobertura

A estrutura da capela velório é executada em concreto armado (fck 20 MPa), com fechamento em alvenaria de tijolo cerâmico, e vergas acima das portas e janelas para evitar trincas nos vãos das estruturas. A cobertura da capela prevê seis telhados − todos de uma água − com telhas cerâmicas e de fibrocimento ondulados. O sistema de escoamento é convencional, feito por calhas de chapa galvanizada. A madeira do tipo "paraju" é a especificada para o engradamento da cobertura da capela (vigas, caibros e ripas).

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Hidráulica

A tubulação de água fria conta com tubos PVC, soldáveis, classe 15, conforme NBR 5648. A caixa-d'água, de fibras Tinabrás, tem capacidade para 1.750 l. O sistema de drenagem pluvial foi projetado de acordo com prescrições da NBR 10844 (Instalações Prediais de Águas Pluviais). O projeto hidrossanitário estabelece que as paredes e o fundo da caixa de passagem para esgoto sanitário sejam impermeabilizados, e o fundo, abaulado e sem quinas. A caixa, devidamente ventilada, deve ser vedada com tampa de ferro fundido, chapa metálica ou laje de concreto.

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Sistema elétrico

A parede das caixas de passagem, de alvenaria de tijolos maciços, é coberta por tampa de concreto removível. Já o fundo da caixa recebe camada de brita fina. O eletroduto é de PVC rígido roscável semelhante ao aplicado em instalações prediais de baixa tensão, para acomodação de fios. Há também ponto de luz no teto, pertencente ao sistema de emergência.

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Ressalvas Os serviços de terraplanagem e fundação não foram considerados, neste orçamento, porque os valores dependem do local de implantação da obra. Alguns serviços listados na planilha original de quantitativos do Setop foram suprimidos, pois estão inclusos na Base Sinapi utilizada na montagem do orçamento.

Adaptações ao projeto

Projeto da capela adaptado pela Prefeitura de Cedro do Abaeté manteve número de salões do módulo I, mas eliminou área de administração, de circulação interna e partes ajardinadas

É importante lembrar que os municípios podem fazer alterações no projeto-padrão disponibilizado pelo Setop, o que não lhes torna inacessíveis os repasses via convênio com essa Secretaria. Alterações podem atender a exigências da tipologia do terreno, por exemplo, ou simplesmente adaptar melhor o projeto às demandas específicas do município. Foi o que aconteceu no projeto da capela velório de Cedro do Abaeté, município a Noroeste de Sete Lagoas (MG).

O engenheiro Gelciro Caetano reformulou partes significativas do projeto para que a edificação fosse coerente com a realidade de Cedro do Abaeté: a cidade, uma das menores de Minas Gerais, tem somente cerca de dois mil habitantes. "Era uma coisa que fazia falta por aqui", conta Caetano. "As pessoas eram obrigadas a viajar 30 km para velar os parentes", diz. A nova capela velório de Cedro do Abaeté, construída em parceria com o Setop em um projeto diferenciado, deve ser entregue em breve e tem capacidade para dois óbitos.

Caetano elaborou um projeto significativamente menor que o módulo 1 da Setop, eliminando a área de administração, as áreas de circulação interna e partes ajardinadas. "Imagina o desperdício de tempo e trabalho que seria cuidar de todo aquele jardim, no nosso caso. O número de óbitos aqui é muito reduzido", explica. Segundo ele, pelo mesmo motivo não vale a pena manter uma administração no local. O interessante é que as adaptações feitas por Caetano mantêm dois salões de

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6 m x 5 m e duas salas de repouso, com cama de alvenaria. Ou seja, comporta também dois velórios concomitantes.

O projeto conta com dois salões e duas salas de repouso, cada uma delas com uma cama de alvenaria, banheiros feminino e masculino com barras de apoio e lavatório de canto para aumentar a acessibilidade. Há banheiro para funcionários, dispensa, copa e uma varanda frontal de 12 m. O recuo em relação à via pública é de 6 m. O orçamento enxuto abriu espaço para balaústres no muro e decoração cristã (crucifixo) instalado na parede interna da capela.

O resultado foi um projeto orçado em pouco mais de R$ 100 mil, com inclusão de itens de conforto, como dois chuveiros nos banheiros e janelas e blindex verde, melhorando a iluminação interna. "São detalhes que fazem a diferença, por exemplo, no caso de uma pessoa idosa, que viajou horas para velar um parente e precisar descansar antes de começar a viagem de volta", comenta.

A construção foi erigida sobre fundação de viga baldame, conta com laje pré-moldada e alvenaria em tijolos cerâmicos de oito furos. A área da capela de Cedro do Abaeté é de 171 m².