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1 Rogate 274 ago/09 OPINIÃO OPINIÃO “Caminho”: analogia vocacional Dilson Brito da Rocha Religioso Rogacionista C om o tema para o mês vocacional: “Há esperança no caminho!”, e o lema: “Ardia nosso coração quando ele nos falava pelo caminho...” (cf. Lc 24,32), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convida-nos a refletir acerca da vocação. O corte bíblico é Emaús. Caminho é a imagem fundante. A propos- ta do episcopado é para que nos debruce- mos na temática, inserindo-a em nossa co- munidade, com o objetivo de que assuma- mos a vocação batismal. O chamamento é à abertura ao ministério eclesial, na mis- sionariedade. Devemos caminhar rumo ao encontro com Deus na pessoa de quem é mais vulnerável, de sorte que os chama- dos – famílias, pessoas de vida consagra- da, ministros ordenados, catequistas e cris- tãos leigos e leigas – vivam os dons rece- bidos, de forma mais comprometida, na es- cuta da Palavra de Deus e no partir o pão eucarístico-espiritual. É fundamental nos unirmos na prece vocacional, pedindo ao Dono da messe que suscite vocações sacerdotais e religiosas, bem como de jovens que se preparem dig- namente ao matrimônio, fazendo crescer a atuação frutuosa da família cristã e dos agentes pastorais. Assimilamos inteira- mente a figura-analogia do caminho em sua expressividade quando observada pelo viés vocacional. Os discípulos reconhecem o Mestre por meio de seus gestos, isto é, tomar, abençoar, partir e distribuir o pão. O caminho é indispensável. Eles não se acomodam e retomam a estrada rumo a Jerusalém. A ótica muda. São reanimados a caminhar em um novo horizonte. Dado o encontro com Jesus, no qual ele se reve- lou na ceia, enfrentam a escuridão notur- na não mais amedrontados. Seus corações pulsavam de alegria. Se outrora estavam desanimados, agora a coragem se manifes- ta em virtude do encontro, na pedagogia do caminho, onde discernimos. É de suma importância nos conscienti- zarmos para o trabalho missionário de ani- mar as vocações, no compromisso de pe- dir operários. Somos todos animadores e animadoras na cultura vocacional. A Comis- são Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (CMOVC), por meio da coordenação do serviço de animação vocacional e da pastoral vocacio- nal, em consonância com o Ano Catequé- tico, faz o convite para que a Igreja cele- bre em agosto o já consagrado mês voca- cional. Que volvamos nosso olhar à Igreja e aos diversos ministérios. Cabe criativi- dade em cada Igreja particular, pastorais, movimentos, paróquias, Regionais, de modo que se viva a dinamicidade desta celebração. Oxalá sejamos hodiernamente os dis- cípulos de Emaús e, ainda que com obstá- culo, atravessemos os caminhos e encon- tremos com o Mestre, deixando arder nos- so coração. O encontro com ele nos entu- siasma e revigora na missão de evangelizar e servir os povos, respondendo à trilogia do chamado: vocacionado-discípulo-missi- onário. Ademais, ele caminha conosco.

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1Rogate 274 ago/09

O P I N I Ã OOPINIÃO

“Caminho”:analogia vocacional

Dilson Brito da RochaReligioso Rogacionista

Com o tema para o mês vocacional:“Há esperança no caminho!”, e olema: “Ardia nosso coração quando

ele nos falava pelo caminho...” (cf. Lc24,32), a Conferência Nacional dos Bisposdo Brasil (CNBB) convida-nos a refletiracerca da vocação. O corte bíblico é Emaús.Caminho é a imagem fundante. A propos-ta do episcopado é para que nos debruce-mos na temática, inserindo-a em nossa co-munidade, com o objetivo de que assuma-mos a vocação batismal. O chamamento éà abertura ao ministério eclesial, na mis-sionariedade. Devemos caminhar rumo aoencontro com Deus na pessoa de quem émais vulnerável, de sorte que os chama-dos – famílias, pessoas de vida consagra-da, ministros ordenados, catequistas e cris-tãos leigos e leigas – vivam os dons rece-bidos, de forma mais comprometida, na es-cuta da Palavra de Deus e no partir o pãoeucarístico-espiritual.

É fundamental nos unirmos na precevocacional, pedindo ao Dono da messe quesuscite vocações sacerdotais e religiosas,bem como de jovens que se preparem dig-namente ao matrimônio, fazendo crescera atuação frutuosa da família cristã e dosagentes pastorais. Assimilamos inteira-mente a figura-analogia do caminho em suaexpressividade quando observada pelo viésvocacional. Os discípulos reconhecem oMestre por meio de seus gestos, isto é,tomar, abençoar, partir e distribuir o pão.O caminho é indispensável. Eles não seacomodam e retomam a estrada rumo aJerusalém. A ótica muda. São reanimados

a caminhar em um novo horizonte. Dado oencontro com Jesus, no qual ele se reve-lou na ceia, enfrentam a escuridão notur-na não mais amedrontados. Seus coraçõespulsavam de alegria. Se outrora estavamdesanimados, agora a coragem se manifes-ta em virtude do encontro, na pedagogiado caminho, onde discernimos.

É de suma importância nos conscienti-zarmos para o trabalho missionário de ani-mar as vocações, no compromisso de pe-dir operários. Somos todos animadores eanimadoras na cultura vocacional. A Comis-são Episcopal Pastoral para os MinistériosOrdenados e a Vida Consagrada (CMOVC),por meio da coordenação do serviço deanimação vocacional e da pastoral vocacio-nal, em consonância com o Ano Catequé-tico, faz o convite para que a Igreja cele-bre em agosto o já consagrado mês voca-cional. Que volvamos nosso olhar à Igrejae aos diversos ministérios. Cabe criativi-dade em cada Igreja particular, pastorais,movimentos, paróquias, Regionais, demodo que se viva a dinamicidade destacelebração.

Oxalá sejamos hodiernamente os dis-cípulos de Emaús e, ainda que com obstá-culo, atravessemos os caminhos e encon-tremos com o Mestre, deixando arder nos-so coração. O encontro com ele nos entu-siasma e revigora na missão de evangelizare servir os povos, respondendo à trilogiado chamado: vocacionado-discípulo-missi-onário. Ademais, ele caminha conosco.

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NESTA EDIÇÃO

EntrevistaArte e música como expressão da fé 03

EstudoDiscípulos-missionáriosa serviço das vocações 08

Especial18º Encontro Nacional do Serviçode Animação Vocacional 15

Animação VocacionalCaça ao tesouro comfinal surpreendente 18

Informação 21

Leitor 23

Mística da VocaçãoSão Bruno, fundador dos Cartuxos 24

EDITORIAL

Capa: Cartaz elaborado pela Comissão Episcopal Pas-toral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consa-grada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CMOVC-CNBB), para o mês vocacional de 2009.Tema e lema são refletidos na seção “Opinião”.

Mês vocacional. Foi difícil para aequipe de redação decidir o con-teúdo para esta edição de agosto,

pois havia muitas opções e pouco espaço.Alguns temas serão levados para outrasedições, como é o caso de um documentopreparado pela Comissão Episcopal Pas-toral para os Ministérios Ordenados e aVida Consagrada da Conferência Nacio-nal dos Bispos do Brasil (CMOVC-CNBB), apresentado no 18º ENSAV -Encontro Nacional do Serviço de Anima-ção Vocacional (cf. seção “Especial”). Ou-tros temas foram trabalhados de forma al-ternativa, sem grande extensão, como é ocaso da Semana Nacional da Família(quarta capa) ou do próprio tema e lemadeste atual mês vocacional (capa e “Opi-nião”). Desta forma, podemos afirmar quetodo o conteúdo da Rogate é “destaque”.A “Entrevista” revela o importante traba-lho do grupo OPA (Oração Pela Arte) e nosbrinda com um belo testemunho de vida ejuventude; o “Estudo” nos traz uma amos-tra do que apresentará o Instrumento deTrabalho do próximo Congresso Vocacio-nal do Brasil; na “Informação”, detalhessobre o 2º Congresso Vocacional Latino-americano... Resta-nos desejar um ótimomês vocacional a todos!

A Turma do Triguito

Celebração VocacionalBíblia, promotorada paz e da justiça

ENCARTES

Ano XXVIII - nº 274Agosto de 2009

Lançada em maio de 1982, a revista Rogate temregistro de matrícula em São Paulo, 01/10/87,no Livro B de Matrículas do 1º Cartório de Re-gistros de Títulos e Documentos, sob o nº98.906, nos termos dos artigos 8º e 9º da LeiFederal nº 5.250, de 1967. A revista é de pro-priedade dos Rogacionistas do Coração de Je-sus, em colaboração com as revistas: RogateErgo e MondoVoc (ltália), Vocations andPrayer (EUA) e Rogate Ergo (Filipinas).

DIRETOR DE REDAÇÃOJuarez Albino Destro

EDITORJefferson Silveira

COLABORADORESArmando Del Mercato (capa),

Guido Mottinelli (Animação Vocacional),Osmar Koxne (Triguito) e Patrício Sciadini

CONSELHO EDITORIALIzabel Bitencourt Pereira, Dárcio Alves da

Silva, Dilson Brito da Rocha, Maria da CruzSantos, Cláudio Feres e Therezinha Brito Feres

JORNALISTA RESPONSÁVELÂngelo Ademir Mezzari - Mtb 21.175 DRT/SP

IMPRESSÃOGráfica e Editora Linarth Ltda - Curitiba (PR)

SEDE CENTRAL/CONTATOSDireção, Editoria, Secretaria e Administração:

Tel./Fax: (11) 3932-1434 / 3931-3162E-mail: [email protected]

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Os artigos assinados não expressam,necessariamente, a opinião da Revista

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ENTREVISTAENTREVISTA

Arte e música como expressão da fé

Foto

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Aos 79 anos, a gaúcha JulianaTartas é uma religiosa

incansável que multiplicaseus dons artísticos

em busca daevangelizaçãoda juventude

Natural de Erexim (RS), Ir. JulianaTartas é um exemplo de religiosaque expressa por meio da arte e

da música sua fé e amor a Deus e ao próxi-mo. Aos 79 anos, Ir. Juliana é uma incansá-vel Filha da Caridade de São Vicente dePaulo. Residindo em Curitiba (PR), ela éprofessora de inglês, francês, educaçãoartística e música. Trabalhou em outrascidades do Paraná, como Foz do Iguaçu ePorecatu, onde integrou arte e música notrabalho junto à juventude pobre. Em Cu-ritiba, Ir. Juliana tem ministrado aulasde música e artes para seminaristas e parajovens de diversas paróquias. Em matériade música, ela toca piano, órgão, violão eflautinha. Seu talento para as artes plásti-cas se reflete nas pinturas de diferentesestilos, como abstrato, impressionismo,clássico, de paisagens e flores, nas repro-duções; utilizando diferentes técnicas,

como óleo sobre tela e acrílico e, no papel,a aquarela. Desde 1980, Ir. Juliana coorde-na em Curitiba o grupo “Oração Pela Arte”(OPA), um movimento presente em vári-os estados brasileiros. Fundado em setem-bro de 1976 pelo sacerdote jesuíta Casi-miro Irala, religioso paraguaio que resideem Salvador (BA), o OPA integra a arte ea música na evangelização da juventude.Há quase 30 anos no movimento, Ir. Julianaé uma das mais antigas participantes, e épresença constante nos encontros nacio-nais e regionais do OPA. Exemplo de vo-cacionada que coloca seus dons a serviçodo Reino, Ir. Juliana conta à revista Rogateum pouco de seu itinerário vocacional ede sua missão.

Rogate: O que mais a atraiu na vidareligiosa?

Ir. Juliana: Conheci as Irmãs Vicenti-nas ainda criança. Com elas eu cursei oensino fundamental, antigos primário eginásio. O testemunho de amor, alegria,acolhimento e dedicação à evangelização,

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ENTREVISTA

bem como à catequese, na escola e nas fa-mílias, motivou-me a pensar em assumirum dia essa missão. Minha família eramuito religiosa e meu pai tinha o costumede ler a vida de santos, como São Vicentee outros. Também fazíamos a oração emfamília e participávamos da Eucaristia e deoutras devoções na Igreja.

Rogate: Por que a escolha em ingressarna congregação Filhas da Caridade de SãoVicente de Paulo?

Ir. Juliana: Porque senti que poderiaaprender a servir os mais pobres, as cri-anças, os jovens, nas escolas e na Igreja,como fazem as Vicentinas.

Rogate: Na ocasião, como a senhorapartilhou com seus familiares este interesseem se tornar religiosa, e qual foi a reaçãodeles?

Ir. Juliana: Não foi fácil. Eu tinha medode falar de meu desejo de ingressar na vidareligiosa e também temia deixar a família.Pedi para uma religiosa da congregaçãoconvidar meu pai para uma conversa e fa-lar com ele sobre o assunto. Ele ficou tris-te. Minha mãe, irmãos e avós se opunham,pois achavam que nunca mais iríamos nosver. E, certo dia, chegou a hora do abraçoe das lágrimas na despedida.

Rogate: Seu dom para as artes e a mú-sica já se manifestava antes mesmo de setornar religiosa, ou foi despertado no con-vento?

Ir. Juliana: O despertar para as artesfoi na família. Meus avós, tios e meu paicultivavam o artesanato, a arte dos enta-lhes, bem como a música e o canto. Tam-bém na escola tínhamos variedade de cur-sos de artesanato e de aulas de piano. Sem-pre tive em mente que dizer “sim” ao cha-

mado de Jesus é colocar os dons a serviçodos outros, vencer resistências e agir. Te-nho dois irmãos com talento para a músi-ca, e que tocam violino e teclado. E duasirmãs com dons para as artes plásticas,além de vários sobrinhos que seguem estemesmo caminho.

Rogate: Como explica esta diversidadede dons: artes, línguas, música?

Ir. Juliana: A diversidade de dons vemde Deus. Procurei desenvolvê-los para po-der servir. Arte é algo que me aproximamais de Deus. Trabalhar com imaginação,mergulhar na profundidade, reconhecendoque é o Espírito quem cria. Percebi queaprendendo línguas e usando artes poderiaajudar mais pessoas, principalmente as cri-anças. As artes ajudam muito na catequesee na oração. Foi uma inspiração divina.

Rogate: Porém a inspiração sempre éacompanhada de muito trabalho. Poderianos contar como é o seu processo produtivo?

Ir. Juliana: A vida tem a cor que a gen-te pinta. Procuro sempre enfrentar os de-safios de forma positiva. Recebo muitas en-comendas de igrejas para pintar painéis,quadros, cartazes; assim como encomendasde músicas para datas importantes, comojubileus. Peço a inspiração ao Espírito San-to, e faço meu trabalho. É uma maneira deevangelizar, pois estas obras vão para vári-os lugares, como escolas, igrejas e, às ve-zes, para países distantes. É o caso dos trêsquadros de três mártires que morreram naChina, trabalhos que foram para uma mis-são dos vicentinos em Moçambique, na Áfri-ca. Há um painel de Cristo Ressuscitadona Igreja Nossa Senhora de Lourdes, emCuritiba. Já fiz quadros retratando SãoLeopoldo Mandic, São Vicente de Paulo,Santa Luísa, entre outros.

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ENTREVISTA

A arte éenergia para

a vida eé oração

Rogate: Como a senhora comunga seusconhecimentos com as coirmãs e com a co-munidade?

Ir. Juliana: Colaboro com a minha co-munidade na elaboração de cartões para di-versas ocasiões, quadros, cartazes... Namúsica, eu contribuo ao tocar na Igreja ins-trumentos como órgão, e ao cantar no co-ral. Dou apoio aos portadores de necessi-dades especiais e auxilio tam-bém a Casa da Adolescente,entidade que atende meninasencaminhadas pelo ConselhoTutelar, ministrando cursos detécnica vocal e coral. Fico dis-ponível e feliz em poder par-tilhar os trabalhos de arte comas coirmãs e a comunidade.Em relação às artes plásticas,procuro sempre descobrir di-ferentes estilos de pintar. Em1980, para a vinda do papaJoão Paulo II a Curitiba, repro-duzi sua imagem em uma telade 1,60 X 0,90 metros, pintan-do-a com os dedos das mãos.O quadro ficou exposto na en-trada da Cúria Metropolina daarquidiocese de Curitiba, de-pois permaneceu por muito tempo no Bos-que João Paulo II e atualmente se encon-tra na Escola Técnica de EnfermagemCatarina Labouré.

Rogate: As casas de formação, em ge-ral, incentivam a formação artística e mu-sical dos vocacionados?

Ir. Juliana: Acredito que sim. Mas cadacomunidade faz o que pode. Mesmo porquea arte é energia para a vida e é oração.

Rogate: Como conheceu o grupo “Ora-ção Pela Arte” (OPA)?

Ir. Juliana: Em 1979 recebi a visita doPe. Irala (Casimiro Abdón Irala Argüello) edo grupo de jovens da Igreja de Bom Jesus,do bairro Portão, em Curitiba. Pe. Irala es-tava visitando Pe. Joãozinho, organizador da“Tarde Jovem”, movimento daquela comu-nidade, que reunia mais de 100 jovens naépoca. Estes jovens comentaram sobre osmeus trabalhos, então eles vieram até a Es-

cola Técnica de EnfermagemCatarina Labouré para mostrarao Pe. Irala as minhas pintu-ras e me convidar a participare colaborar nos encontros. Pe.Irala falou sobre o OPA e pas-sei a conhecer o trabalho de-senvolvido pelo grupo.

Rogate: A partir deste en-contro a senhora decidiu in-gressar no OPA...

Ir. Juliana: Sim, pois aoolhar as minhas pinturas, Pe.Irala começou a cantar umamúsica em forma de oração,que me lembro até hoje: “Pe-queno quarto cheio de Deus.Pequeno quarto cheio de cor.A mão desliza cheia de azul.

A mão desliza no céu azul. Os dedos cor-rem fazendo riscos. Pequeno quarto cheiode azul. Pássaros voam deixando o mar,umas gaivotas a voar. E os barcos nave-gam... Espumas brancas no céu azul. Asvelas do mar, as velas do azul céu. E o paiFrancisco levanta as mãos, levanta o cor-po para o céu. O pai Francisco é caridoso,o pai Francisco é cheio de amor. Naquelequadro uma estrela caiu. Naquele fundo ummeteoro. Vê-se um vulcão, vê-se um jar-dim. Naquele canto uma estrela caiu. Atrásda estrela que caiu, a bailarina voou, voou,voou... Que alguém segure, que alguém

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ENTREVISTA

segure, que alguém segure a inspiração.Inspiração das lágrimas de Cristo. Inspi-ração da bela multidão, da bela multidão,do azul, do azul da multidão. E à procuradas mãos, e à procura das mãos da árvoreoração. A árvore oração que ela opera e éa árvore oração. O verde faz dela ação, tor-nando o verde azul, tornando o verde azul,tornando o branco verde, tornando tudoverde, tornando tudo oração. E existe nocentro de tudo um clarão. Ninguém segu-ra estas mãos. Desenhando e desenhandoe vão buscando o Criador na criação, e vãobuscando o Criador. Subindo sempre, su-bindo sempre, subindo sempre os dedossobem, as mãos que sobem, folhas quesobem. Bailarina sobe subindo sempre àprocura de Deus. À procura de Deus. Àprocura de Deus”. Aquele foi um momen-to de oração integrando música e pintura.A partir desta visita fui convidada para co-ordenar o Grupo OPA de Curitiba.

Rogate: Como se estrutura o OPA emtodo o país e que trabalhos desenvolve?

Ir. Juliana: O OPA é apenas um en-contro de pessoas. Em cada localidade seestrutura conforme os líderes, os partici-pantes e a conveniência local. Os trabalhosintegram os três ideais do OPA: criativi-dade, integração e comunicação. São tra-balhos criativos, elaborando canções, te-las etc. São trabalhos integrando jovens ar-tistas e comunicando as obras na evange-lização.

Rogate: E como é liderar o OPA na re-gião de Curitiba?

Ir. Juliana: Não sou presidente doOPA, mas sim coordenadora do grupo. Eexerço esta missão pela necessidade dehaver alguém à frente para animar os jo-vens em sua caminhada.

Rogate: O OPA lançou um CD commúsicas marianas e canções de diversoscompositores, como do próprio Pe. Casimi-ro Irala e da senhora. Como foi a experiên-cia deste trabalho?

Ir. Juliana: Criamos as canções inte-grando autores de todo o país. O CD “Can-ções do OPA para Maria” foi gravado e can-tado em Salvador (BA), Brasília (DF), SãoPaulo (SP) e também na China. Pessoasde diferentes localidades cantam as músi-cas. Há outros trabalhos disponíveis, quepoderão ser conhecidos através do site(www.opa.art.br), com acesso às letras etrechos das músicas.

Rogate: Aos 79 anos, a senhora é umexemplo de vitalidade e de fé. A que atribuitanta energia?

Ir. Juliana: Com Deus sempre à mi-nha frente, com alegria e muita fé, possocaminhar e enfrentar os desafios da vida.Posso assumir os compromissos e não de-sistir. Gosto do que faço e descubro quesempre é hora de começar algo novo. Oque vale é o agora e o aqui, o momentopresente. A arte é uma forma de manter asaúde do espírito e o vigor da vida. De fato,o equilíbrio emocional e alimentar são fa-tores importantes, porém a minha energiavem da oração e da missão junto aos po-bres, como Filha da Caridade. É isso queme dá energia para nunca parar.

Casimiro Abdón IralaArgüello, sacerdotejesuíta, fundadordo Grupo OPA -Oração Pela Arte,com seus três ideais:criatividade,integração ecomunicação

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ENTREVISTA

Rogate: Acredita que seu amor à vida éum testemunho para os jovens de hoje, mui-tas vezes tão desanimados e sem perspectivade futuro?

Ir. Juliana: A fé é fortalecida pela vidaem comunidade. Cristo esteve com os 12apóstolos e fez deles testemunhas para ospovos. Todo aquele que experimenta seramado por Deus quer que outros tambémexperimentem essa alegria. Nossas ora-ções são para que os jovens percebam adádiva que é estar vivo e poder participarna construção de um futuro mais justo efraterno para todos.

Rogate: No hino que compôs para o edu-cador vicentino, a senhora afirma, na pri-meira estrofe: “Creio em mim e em você, /creio na força da juventude. / Leio nos olhosdos pequeninos / a esperança de um mundomelhor. / Há dois mil anos aqui andou, /abençoou a força dos humildes. / Falou dapaz, do amor maior, / nos ensinou a amar eter fé”. Palavras como estas brotam de umaprofunda espiritualidade?

Ir. Juliana: Exatamente! Sempre te-nho momentos de concentração na oração,invocando a Luz do Espírito Santo, paraque seja ele o guia e autor das minhas com-posições.

Rogate: Não apenas na vida consagra-da, mas na sociedade em geral, os idosos têmsido mais respeitados nos últimos anos?

Ir. Juliana: Antigamente as famíliaseram maiores e várias gerações convivi-am sob o mesmo teto. Com o tempo asfamílias ficaram menores e as exigênciasda vida moderna fizeram com que os ido-sos acabassem sendo vistos como um pro-blema, ou ainda precisassem participarmais ativamente no cuidado dos netos.Como as populações estão envelhecendo,

surgiu a necessidade de pensar seriamen-te sobre a qualidade de vida do idoso. Hojepodemos observar mais opções de lazere a importância de haver legislação de pro-teção aos direitos desse segmento da po-pulação, como é o caso do Estatuto doIdoso. O fato é que o idoso participa maisda vida social, busca uma vida mais sau-dável e cultiva amizades. Com isso eletem muito ainda a oferecer e a contribuirno grupo social em que vive.

Rogate: O que teria a dizer como men-sagem aos animadores e animadoras voca-cionais?

Ir. Juliana: Desejo aos animadores eanimadoras vocacionais que tenham mui-ta fé, coragem, ânimo, e que acreditem emsua missão. Deus é quem chama, nós so-mos operários e operárias.

Ao lado,algumasilustrações edesenhos sacrosda Ir. JulianaTartas. Abaixo,o CD “Cançõesdo OPA paraMaria”

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ulga

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Músicas: 17Preço: R$ 15,00

Pedidos:[email protected]

Visite o site do OPA (www.opa.art.br) e conheça,também, o CD “Provocação”, com 14 músicas

vocacionais, ao custo de R$ 10,00

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E S T U D OESTUDO

Discípulos-missionáriosa serviço das vocações

Faltando pouco mais de um ano para a realizaçãodo 3º Congresso Vocacional do Brasil (setembro de 2010),

a revista Rogate apresenta o extrato da terceira e última parterefletida no Texto-base, que aprofunda o serviço de animação

vocacional na ação evangelizadora da Igreja do Brasil

Eis o mandato de Jesus: “Ide, pois,fazer discípulos entre todas as na-ções” (cf. Mt 28,19). Somos todos

discípulos-missionários a serviço das vo-cações e dos ministérios. O 3º CongressoVocacional, a exemplo dos precedentes, éa expressão e celebração da caminhada vo-cacional da Igreja no Brasil, e deseja apro-fundar o tema do discipulado e da missio-nariedade na perspectiva da animação vo-cacional em vista da evangelização na cons-trução do Reino de Deus. É agora o tempopara continuar construindo o novo no ser-viço de animação vocacional (SAV), tempode avançar e planejar, pois todos são res-ponsáveis pelas vocações. Entre tantosdesafios enfrentados pela Igreja, conformeo Documento de Aparecida, constata-setambém o “número insuficiente de sacer-dotes e sua não equitativa distribuição... ea relativa escassez de vocações ao minis-tério e à vida consagrada” (DA 100e).

Faz-se necessário buscar e apresentaruma reflexão e instrumentais teóricos ca-pazes de avançar na compreensão e vivên-cia do discipulado a partir do batismo, dafundamental vocação à santidade. Emsintonia com a caminhada da Igreja latino-

americana e caribenha se deseja refletir ateologia das vocações e da animação voca-cional à luz do Documento de Aparecida.No processo de afirmação e consolidaçãoda identidade do SAV e de seus agentes eprotagonistas está a Palavra de Deus, fon-te da vida e da missão da Igreja. Nada me-lhor e mais oportuno do que, neste tempohistórico e eclesial, o SAV acolher as ori-entações de Aparecida e do Sínodo da Pa-lavra de Deus, como referenciais teológi-cos e pastorais para a vida – o discipulado– e o serviço das vocações – a missão.

Somente assim se pode realizar umautêntico serviço de animação vocacionale garantir o processo de um itinerário vo-cacional capaz de levar cada pessoa a “des-cobrir o caminho para a realização de umprojeto de vida tal como Deus o quer ecomo o mundo de hoje necessita”.1 Aomesmo tempo se insiste sobre a importân-cia de uma metodologia e de um planeja-mento no SAV, com um mínimo de estru-tura e organização pastoral. Neste sentidose apresentam e se retomam algumas pis-tas e indicações, considerando válidas e va-liosas as que foram definidas nos congres-sos anteriores, também frutos de um pro-

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ESTUDO

cesso mais profundo do SAV, sua identida-de e missão. Eles se abriram para as ques-tões da antropologia e da cultura vocacio-nal, da inculturação e da evangelização, daoração e da espiritualidade, da integraçãodas pastorais, da pedagogia e do planeja-mento, do itinerário vocacional.

O 3º Congresso Vocacional é fruto des-te caminho eclesial. Não é suficiente, po-rém, realizar o evento isolado de todo oprocesso até aqui feito, com suas riquezase também limites. Faz-se necessário darcontinuidade ao que se fez e apresentar no-vidade capaz de gerar um novo espírito eum novo coração. Existem condições fa-voráveis, e o planejamento, feito com an-tecedência, deve envolver todas as instân-cias e os setores eclesiais, fazendo chegaràs bases eclesiais a reflexão proposta e fa-vorecendo a participação e corresponsabi-lidade. Fundamental é a preparação, o apro-fundamento temático, a articulação, o es-tabelecimento de prioridades, e uma pro-gramação que incida após o congresso nosplanos e projetos da própria conferênciaepiscopal e comissão específica, diocesese comunidades, Regionais.

O sentimento é de esperança. O mes-mo Espírito do Senhor diz: “Nãotenham medo” (cf. Mt 28,5). Pois oque nos define não são as circuns-tâncias, nem os desafios, nem as ta-refas a realizar, mas sim “o amorrecebido do Pai graças a Jesus Cris-to pela unção do Espírito Santo” (DA14). De fato, é preciso ter confiançano Senhor da messe, o Pai, pois elecontinua enviando operários para asua messe. Jesus Cristo, a quem sesegue, continua chamando para ser-vir a Igreja, o povo de Deus, na gran-de riqueza, multiplicidade e comple-mentaridade das vocações e minis-

térios. E em fidelidade ao Espírito Santo,força e fogo que anima, inspira e purifica acada um, na sua vida e serviço. Como Igrejao SAV assume o desafio de “promover eformar discípulos e missionários que res-pondam à vocação recebida” (DA 14).Como afirma Aparecida, o grande dom é oencontro com Jesus Cristo, o tesouro es-pecial, a ser comunicado por toda parte,entre todas as nações, com alegria e grati-dão. O melhor serviço que a animação vo-cacional pode prestar, como ação evange-lizadora e atividade eclesial da fé, é que“Jesus Cristo seja encontrado, amado, ado-rado, anunciado e comunicado a todos” (DA14). E a animação vocacional tem este im-portante papel de despertar, discernir, cul-tivar e acompanhar a vocação dos discípu-los-missionários da Igreja.

Também a animação vocacional assu-me o método “ver, julgar e agir” com assuas implicações (cf. DA 19). Ao contem-plar a Deus com os olhos da fé, pela Pala-vra revelada, aquela procura ver a realida-de em uma perspectiva cristã; julga ediscerne segundo Jesus Cristo, que é Ca-minho, Verdade e Vida, a partir de critéri-os que provem da fé e da razão; e age a

Participantes do 2º Congresso Vocacional, em 2005

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10 Rogate 274 ago/09

ESTUDO

partir da Igreja, na propagação do Reinode Deus, como discípulos-missionários. Aimportância deste método está em cola-borar para viver mais intensamente a vo-cação e a missão da Igreja, enriquecendo otrabalho teológico e pastoral, enquantomotiva para assumir a responsabilidadediante da situação. O Documento de Apa-recida afirma que a eficácia do método temseus pressupostos na “adesão crente, ale-gre e confiante em Deus Pai, Filho e Espí-rito Santo” e na “inserção eclesial” (DA19). É, pois, a dimensão trinitária e eclesi-al da metodologia do SAV como ação evan-gelizadora.

SAV e a missão eclesialO compromisso é fazer do SAV parte

da grande missão continental e da missãode cada comunidade eclesial, um grandeimpulso missionário, um novo Pentecos-tes (cf. DA 548). O empenho consiste emfortalecer o vínculo de unidade e comunhãona Igreja, aprofundando aquilo que é pró-prio da animação vocacional, que é chamar,acompanhar e discernir a vocação dos dis-cípulos-missionários para o serviço daevangelização, construindo o Reino deDeus. Prioritário é a fidelidade à pessoade Jesus Cristo, ao seu evangelho e à Igre-ja. Deve buscar sempre e cada vez mais o

envolvimento, compromisso e participaçãode todas as instâncias e pessoas responsá-veis pelo SAV, na comunhão com a Igreja.Papel fundamental exercem as equipesvocacionais comunitárias e paroquiais, for-madas por representantes das diversas vo-cações e pastorais afins, como a cateque-se, a juventude, a família, a liturgia e ou-tras. Deve-se continuar insistindo na cria-ção, consolidação e formação das equipese seus membros, oferecendo-lhes os mei-os e instrumentos formativos e técnicospara serem autênticos discípulos e fervo-rosos missionários.

Ação conjuntaA partir de uma ação conjunta e coor-

denada busca-se concretizar a própria mis-são da Igreja e da animação vocacional.Cada um deve saber o que e como fazer nacondução das ações e processos. Urgentetambém para a animação vocacional é o pla-nejamento de suas ações evangelizadoras.A razão está na riqueza de grupos, movi-mentos e associações da comunidade, comcarismas, projetos e metodologias própri-as. O importante são as metas em comum,a partir dos diversos dons e carismas.2 Aarticulação das ações evangelizadoras evi-ta a fragmentação, o desperdício de forçase recursos. É preciso não uniformizar em

um único mo-delo ou jeito deser.3 Do pontode vista maisorganizacionale operativo, é

A foto oficialdo 2º CongressoVocacional,em Itaici,município deIndaiatuba (SP)

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ESTUDO

importante a continuidade do planejamen-to, na multiplicidade de projetos, nos vári-os setores de atuação. E a busca de parce-rias para suas ações, com a captação de re-cursos financeiros.

FormaçãoUma das principais contribuições é a

formação dos animadores e animadorasvocacionais, como base para um serviçovocacional de qualidade, na perspectiva deuma Igreja ministerial. Isto através de cur-sos, assessorias, tendo a escola vocacio-nal, com várias modalidades, como umaação específica e completa, abrangendo asdimensões teológica, bíblica, pastoral eoutras. Além disso, é preciso continuar osestudos e pesquisas, buscando aprofundaras várias dimensões das vocações e do SAV,produzindo livros e subsídios que auxili-em os animadores e equipes em sua tare-fa. Há necessidade de materiais vocacio-nais, como textos, áudio-visuais, filmes vo-cacionais. Hoje um meio de comunicaçãovalioso é a rede informatizada e virtual, ainternet, sendo um importante e eficaz ins-trumento de evangelização e animação vo-cacional. Na perspectiva da formação tra-ta-se ainda de aprofundar a identidade, operfil e a missão dos animadores vocacio-nais. O despertar, o discernir, o acompa-nhar, o perseverar das vocações, em par-te, dependem do animador vocacional, namedida em que ele se identifica com o ser-viço a que foi chamado, tem o perfil huma-no e espiritual adequado e é capaz de dartestemunho eloquente de amor a JesusCristo, à Igreja e ao povo, com generosi-dade, despojamento e alegria.

Neste sentido, a animação vocacionalacolhe as indicações de Aparecida referen-tes às diversas dimensões do processo vo-cacional e formativo (cf. DA 279-280).

Deve ser integral, querigmática e perma-nente, de acordo com o desenvolvimentodas pessoas, contribuindo para que cadaum possa encontrar a pessoa de Jesus, serseu discípulo e missionário. Atenção par-ticular merece a dimensão humana e co-munitária, que leva a pessoa a assumir suaprópria história, sendo capaz de viver emum mundo plural, com equilíbrio, fortale-za, serenidade e liberdade interior. Domesmo modo a dimensão espiritual, quetraz uma profunda experiência de Deus epermite a adesão a Jesus e a seu evange-lho, na Igreja, de coração e com fé, por meiodos diversos carismas e ministérios. Já adimensão intelectual permite potencializaro dinamismo da razão, abre a inteligênciapara a verdade, capacita para o discerni-mento, o juízo crítico e o diálogo sobre arealidade e a cultura, e assegura o conhe-cimento bíblico-teológico e das ciênciashumanas. Por fim, a dimensão pastoral emissionária projeta para a missão de for-mar discípulos-missionários para o servi-ço ao mundo, habilita a propor projetos eestilos de vida cristã atraentes, contribuipara integrar evangelização e pedagogia,incentiva a responsabilidade dos leigos eleigas no mundo.

Itinerário fundamentalNo processo do itinerário, em suas eta-

pas, a animação vocacional deve acolher osprincípios que Aparecida indica em rela-ção ao processo formativo dos discípulos--missionários (cf. DA 278). Antes de tudo,contribuir para um encontro mais profun-do com Jesus Cristo, pois é o Senhor quechama no caminho de descoberta do sen-tido da vida. É o querigma o fio condutorde um processo que leva à maturidade defé e da vocação. A conversão é o segundopasso, como resposta inicial de quem es-

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12 Rogate 274 ago/09

ESTUDO

cutou o Senhor, por ele se deixou seduzir,acredita, decide ser seu amigo, e quer se-gui-lo. O discipulado, como terceiro pas-so, consiste em amadurecer no conheci-mento, amor e seguimento de Jesus Mes-tre. Neste processo vocacional é importan-te a catequese permanente e a vida sacra-mental. O discernimento e acompanha-mento vocacional presumem uma vidacristã de intensa comunhão, na família, nacomunidade eclesial, na realidade socialonde se está, como a escola, o trabalho.Nestes espaços o vocacionado é acompa-nhado e estimulado a viver sua vocação ea responder ao chamado de Deus. Por fim,a missão, como resposta à necessidade queo discípulo tem em compartilhar com osoutros a sua alegria de ser enviado, ir aomundo anunciar Jesus Cristo. A missão éinseparável do discipulado. O caminho vo-cacional é longo e permanente, e requeritinerários diversificados, respeitosos dosprocessos pessoais e dos ritmos comuni-tários, contínuos e graduais, com pedago-gias dinâmicas, ativas e abertas (cf. DA218). Permanecem válidas e oportunas to-das as indicações a respeito do itineráriooferecidas pelo 2º Congresso Vocacional,dirigidas aos vocacionados e vocacionadas,aos cristãos leigos e leigas, à vida consa-grada, ao presbiterato, ao diaconato per-manente (n. 51-56).

Cristãos leigos e leigasUma maior consideração e atenção à

vocação e missão dos cristãos leigos e lei-gas. A eles também devem ser oferecidosinstrumentos e materiais adequados paraque realizem seu protagonismo no mun-do. A questão do protagonismo laical, naperspectiva do sacerdócio comum de to-dos os fiéis, é um grande serviço a ser pres-tado. É uma vocação própria, única, cha-

mados e enviados no meio das realidadese da história. Alimentados pelos sacramen-tos, na vida e prática da fé e no compro-misso da evangelização, os cristãos leigose leigas assumem seu papel de testemu-nhas e sinais, capazes de incidir na vidasocial, política, econômica, gestar umanova cultura da fé. São chamados a ser sale luz, a partir dos valores evangélicos. Osdocumentos eclesiais, como ultimamenteo de Aparecida, ressaltam esta dinâmica dodiscipulado e da missionariedade, que res-ponde ao apelo e significado da vocaçãolaical, a qual deve ser promovida e susten-tada como as outras vocações. A evangeli-zação não pode ser realizada sem os cris-tãos leigos e leigas. “Hão de ser parte ati-va e criativa na elaboração e execução deprojetos pastorais a favor da comunidade”(cf. DA 213).

Família e ministros ordenadosO Documento de Aparecida, em seu

número 315, faz dois convites, de formasimples e esperançosa. O primeiro é diri-gido às famílias para que reconheçam abenção de um filho chamado por Deus. Aospais cabe apoiar na decisão tomada e nocaminho de resposta vocacional. Pois “afamília cristã é a primeira e mais básicacomunidade eclesial. Nela se vivem e setransmitem os valores fundamentais davida cristã” (DA 204). Um segundo convi-te é dirigido aos sacerdotes, ministros or-denados. Menção particular se faz aos pá-rocos, animadores de uma comunidade dediscípulos-missionários (cf. DA 201). Pelamissão e lugar que ocupam na vida e naestrutura da Igreja, são chamados a dartestemunho de vida feliz, alegre, entusi-asta, de santidade no serviço do Senhor.De fato, o convite é sempre pessoal, bemcomo a resposta ao chamado. Jesus chama

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ESTUDO

a cada um pelo seu nome, desperta as as-pirações mais profundas de seus discípu-los e os atrai a si. Tudo deve favorecer oseguimento como fruto da fascinação porJesus, que responde ao desejo de realiza-ção humana, pois ser discípulo é apaixo-nar-se por Jesus (cf. DA 277). Ampliandoo convite, a animação vocacional, em suasações, programas e projetos, necessita con-templar cada vez mais o testemunho, pes-soal e comunitário, de todos os discípulos--missionários, dos ministros ordenados, davida consagrada e religiosa nas diversasformas, dos cristãos leigos e leigos.

Adolescentes e jovensAtenção e cuidado especial merecem os

adolescentes e jovens, pois eles “são sen-síveis a descobrir sua vocação a ser ami-gos e discípulos de Cristo” (cf. DA 443).Por não temer nem o sacrifício nem a en-trega da própria vida, “em sua procura pelosentido da vida, são capazes e sensíveispara descobrir o chamado particular que oSenhor Jesus lhes faz” (idem). Diante detantos desafios que se apresentam, a Igre-ja, logo, o que é próprio da animação voca-cional, deve renovar a opção preferencialpelos jovens (cf. DA 446). Entre as açõesapresentadas no Documento de Aparecidaencontra-se a proposta aos jovens para quese encontrem com Jesus Cristo e o sigam,como também aquela de lhes propor “umaopção vocacional específica: o sacerdócio,a vida consagrada ou o matrimônio” (idem).Isto pode ser feito através de um processode acompanhamento vocacional, de edu-cação e amadurecimento na fé como res-posta de sentido e orientação da vida. AIgreja no Brasil afirma que não basta tra-zer os jovens para as atividades eclesiais,mas eles devem ser auxiliados para quedescubram sua vocação e assumam seu

papel na sociedade. A animação vocacio-nal, em parceria e colaboração com a pas-toral da juventude, nas etapas e no pro-cesso do itinerário da educação da fé nacomunidade eclesial, deve “levar a uma op-ção vocacional, entendida como vocação deleigo ou vocação de especial consagração,como presbítero ou religioso(a)”.4 O quesustenta a caminhada é a graça de Deus.

EstratégiaEntre as estratégias do SAV está a sua

presença e ação nos conselhos pastorais,seja no âmbito pastoral ou administrati-vo.5 Esta permite a corresponsabilidadecom os ministros ordenados, além de pro-piciar que os leigos e leigas se envolvamno planejamento, na execução e na avali-ação de tudo o que a comunidade vive efaz. Ao mesmo tempo, é importante a ar-ticulação das ações evangelizadoras, evi-tando o contra testemunho da divisão e acompetição entre os grupos. Fundamen-tal é o testemunho da unidade com umapastoral de conjunto e orgânica, e a arti-culação da diversidade de carismas e mé-todos evangelizadores.6 “O reconheci-mento prático da unidade orgânica e dadiversidade de funções assegurará maiorvitalidade missionária” (DA 162).

DesafiosEntre os inúmeros desafios está o avan-

ço em relação aos estudos da questão vo-cacional, sobretudo nos seus aspectos so-ciais, pedagógicos e psicológicos. É impor-tante, também, um maior aprofundamen-to, com didática e planejamento, da dinâ-mica do itinerário vocacional, preparandoe oferecendo subsídios para os animado-res e os vocacionados. Trata-se da utiliza-ção de novas tecnologias para entrar nasnovas praças e atingir novos públicos,

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Ângelo Ademir MezzariReligioso Rogacionista e Sacerdote

Referências bibliográficas

1. A pastoral vocacional no continente da es-perança. São Paulo, Paulinas, 1994, n. 26 (1ºCongresso Vocacional Latino-americano).

2. CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evange-lizadora da Igreja no Brasil. Brasília, EdiçõesCNBB, 2008, n. 163 (Publicações da CNBB 4).

3. Cf. idem, n. 164.4. CNBB. Evangelização da Juventude; de-

safios e perspectivas pastorais. São Paulo,Paulinas, 2007, n. 94 (Documentos da CNBB 85).

5. CNBB. Diretrizes Gerais... Op. Cit., n. 164b.6. Idem, n. 164.7. Idem, n. 164c.

ESTUDO

como dizia o 2º Congresso Vocacional (n.10-11). Preocupa ainda a falta de recursosfinanceiros e a disponibilidade de tempode pessoas preparadas, sobretudo nas áre-as da teologia, ciências humanas e comu-nicação, sem esquecer da permanente re-flexão bíblica e teológica, um universoinesgotável. Neste sentido é urgente, apartir do Sínodo da Palavra e da Confe-rência de Aparecida, que a animação vo-cacional se aproprie e aprofunde a rela-ção entre a Palavra de Deus e a vocação,bem como o tema do discipulado e da mis-sionariedade nas vertentes antropológi-cas e culturais, bíblicas, teológicas e pas-torais. Menção particular na perspectivabíblica é a Leitura Orante, lembrando queo próprio Sínodo exortou os fiéis e os jo-vens a se aproximarem das Escrituras pormeio desta prática, de modo que o diálo-go com Deus torne-se realidade cotidia-na (cf. proposição 22).

Planejamento e organizaçãoO SAV, em seus vários níveis e instân-

cias, é chamado a responder ao evangelho,aos apelos do magistério, à demanda dopovo de Deus e, particularmente, aos jo-vens. O caminho está em favorecer a or-ganização e a articulação entre instânciase responsáveis. O planejamento é funda-mental e decisivo, o que garante certamen-te o aprofundamento na reflexão teológicae pastoral, o avanço nas metodologias, oenfrentamento das novas tecnologias parachegar às crianças, aos adolescentes, aosjovens e às famílias. “É preciso evitar afragmentação, o desperdício de forças erecursos”,7 o que exige metas em comum,concretizadas de acordo com os diversosdons e carismas. O modelo de planejamen-to para a animação vocacional, na perspec-tiva da diversidade das vocações, carismas

e ministérios, é aquele que favorece a par-ticipação mais ampla possível, de modoestruturado e organizado. A metodologiado planejamento vocacional contempla o“ver, julgar, agir” afirmado por Aparecida,que, à luz da fé, analisa a realidade, ilumi-nada pela Palavra de Deus, e age com ob-jetivos, prioridades, projetos, estratégiase programas.

Maria, discípula-missionáriaA Virgem Maria é a imagem da vida em

conformidade ao projeto trinitário realiza-do em Jesus Cristo. Maria nos recorda que“a beleza do ser humano está toda no vín-culo do amor com a Trindade, e que a ple-nitude de nossa liberdade está na respostapositiva que lhe damos” (cf. DA 141). Naanimação vocacional pedimos que “nosensine a responder como fez ela no misté-rio da anunciação e encarnação” (cf. DA553). Com Maria aprendemos a sair de nósmesmos, no caminho do sacrifício, do amore do serviço.

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ESPECIALESPECIAL

Estiveram presentes 12 pessoas, re-presentando nove Regionais daConferência Nacional dos Bispos do

Brasil (CNBB): Centro Oeste (CO), Leste2 (L2), Nordeste 1 (NE1), NE3, Norte 2(N2), Oeste 1 (O1), Sul 1 (S1), S2 e S3.Ausentes: L1, NE2, NE4, NE5, N1, Noro-este (NO), O2 e S4. Da Comissão Episco-pal Pastoral para os Ministérios Ordena-dos e a Vida Consagrada (CMOVC), daCNBB, estiveram o assessor, Pe. Reginal-do Lima, e a secretária, Ir. Maria do CarmoSilva Santiago.

Foi estudado um texto oferecido pelasPontifícias Obras das Vocações (da Congre-gação para a Educação Católica), que visaajudar a manter a unidade do serviço deanimação vocacional, indicando linhas deação diante dos desafios (ver síntese napágina 16). Segundo o assessor, Pe. Regi-naldo Lima, “o texto deverá ser estudadonos Regionais e nas dioceses, fazendo comque tenhamos uma linguagem comumquanto aos princípios e orientações na pas-toral vocacional”.

No 18º ENSAV apresentou-se, tam-bém, um documento contendo os eixosfundamentais do serviço de animação vo-cacional, intitulado “No caminho do Disci-pulado-missionário”. Dividido em quatro

partes, o texto serve para que os Regio-nais da CNBB produzam seus próprios pla-nos ou planejamentos do setor vocacional,dentro de uma linha comum, incluindo tex-tos bíblicos iluminadores:

1. Chamados ao seguimento de JesusCristo - “Segue-me” (Mc 2,14);

2. Chamados para a vivência da missão- “Ide, pois, fazer discípulos entre todas asnações” (Mt 28,19);

3. Chamados para a vivência em comu-nhão - “Vinde e vede” (Jo 1,39);

4. Formação: uma necessidade e umdesafio - “Jesus então os chamou e disse:‘Sabeis que os que são considerados che-fes das nações as dominam e os grandesfazem sentir seu poder. Entre vós não deveser assim’” (Mc 10,42-43).

Foram distribuídos aos participantesos arquivos do cartaz e folder do mêsvocacional, para que os Regionais

também produzam seus impressos. Porfim, comunicou-se sobre a preparação do3º Congresso Vocacional do Brasil, marca-do para setembro de 2010, em Itaici, mu-nicípio de Indaiatuba (SP), e do 2º Congres-so Continental Latino-americano, que serárealizado em fevereiro de 2011, em SanJosé, Costa Rica (ver seção “Informação”).

18º Encontro Nacional do Serviçode Animação Vocacional

Realizado no Centro Rogate do Brasil, em São Paulo (SP),dias 08 e 09 de junho, o ENSAV tratou de várias temáticas,

dentre as quais as estratégias de ação da animação vocacional

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Os encontros vocacionaisem âmbito nacional

ESPECIAL

De 1972 a 2009 estão contabilizados 18Encontros Nacionais do Serviço de Ani-

mação Vocacional (ENSAV), anteriormentedesignado “Encontro Nacional de PastoralVocacional” (ENPV), reunindo os coordena-dores vocacionais dos Regionais da Con-ferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB).

1º ENPV - 1972 - Rio de Janeiro (RJ)2º ENPV - 1974 - Rio de Janeiro (RJ)3º ENPV - 1976 - Rio de Janeiro (RJ)4º ENPV - 1978 - Brasília (DF)5º ENPV - 1980 - Brasília (DF)6º ENPV - 1982 - Brasília (DF)7º ENPV - 1984 - Brasília (DF)8º ENPV - 1987 - Brasília (DF)9º ENPV - 1989 - Brasília (DF)10º ENPV - 1991 - Belo Horizonte (MG)11º ENPV - 1993 - Brasília (DF)12º ENPV - 1995 - Itaparica (BA)13º ENPV - 1997 - São Paulo (SP)14º ENPV - 1999 - São Paulo (SP)15º ENPV - 2001 - Brasília (DF)16º ENPV - 2003 - São Paulo (SP)17º ENSAV - 2008 - Brasília (DF)18º ENSAV - 2009 - São Paulo (SP)

Além dos ENSAV, a Comissão Episco-pal Pastoral para os Ministérios Ordenadose a Vida Consagrada (CMOVC), antigo Se-tor Vocações e Ministérios (SVM) da CNBB,organiza as reuniões ampliadas, ou seja,com a participação também dos represen-tantes de organismos afins, como a CRB(Conferência dos Religiosos do Brasil), aCNIS (Confederação Nacional dos Institu-tos Seculares) e a CND (Comissão Nacio-nal dos Diáconos). Após a mudança dosestatutos da CNBB, em 2002, e a nova com-posição das Comissões Episcopais, as Reu-niões Ampliadas da CMOVC foram sendonumeradas:

1ª - 2003 - São Paulo (SP)2ª - 2004 - Brasília (DF)3ª - 2005 - Brasília (DF)4ª - 2006 - Jundiaí (SP)5ª - 2007 - Brasília (DF)6ª - 2008 - Brasília (DF)

Princípios da PV/SAVA ação vocacional na pessoa acontece

num dinamismo de aliança e comunhãocom Deus no amor. Consciente de que foiescolhida por Deus desde sempre, a pes-soa chamada deixa-se envolver na aventu-ra da relação e do amor, faz uma experiên-cia diária de comunhão e de diálogo comDeus, descobre seus projetos, identifica-se com eles e aceita testemunhá-los nomundo. Tal ação vocacional deve procuraratingir todas as pessoas, em todas as ida-des e ao longo de toda a vida. O serviço deanimação vocacional não conhece frontei-ras, dirige-se a todos e não apenas a al-guns, porque todo o ser humano tem o de-sejo de conhecer o sentido da vida e seulugar na história.

Toda a pastoral da Igreja tem o seu fun-damento teológico na eclesiologia renova-dora do Concílio Vaticano II, que define aIgreja como comunhão e missão. A comu-nhão encarna e manifesta a essência daIgreja. A pastoral vocacional situa-se nacompreensão da Igreja como comunhão emissão. Toda a vocação na Igreja está aserviço da santidade. Algumas, como avocação ao ministério ordenado e à vida

Foto: Arquivo Rogate

Participantes do 18º ENSAV, em São Paulo (SP),durante celebração eucarística

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ESPECIAL

A Redação

consagrada, fazem-no de modo singular. AIgreja, chamada por Deus, constituída nomundo como comunidade de chamados, é,por sua vez, instrumento do chamamentode Deus. A comunidade que toma consci-ência de ser chamada, ao mesmo tempotoma consciência de que deve chamar con-tinuamente. Neste sentido, a Igreja é mãedas vocações, geradora e educadora devocações. Com a força do Espírito, faz nas-cer, protege e alimenta, zela por uma ade-quada formação inicial e permanente,acompanhando-as ao longo do caminho.

Orientações para a PV/SAVLinhas de açãoComunidade de chamados, a Igreja cha-

ma. As novas condições históricas e cul-turais exigem que o serviço de animaçãovocacional seja visto como um dos objeti-vos primários de toda a comunidade cris-tã. Isto supõe e exige dar início a uma “cul-tura do chamado”, ou seja, passar de umaatitude de espera e acolhimento dos quese sentem chamados e se oferecem paraas diversas vocações, a uma pastoral daproposta direta, do convite pessoal.

Todos e cada um dos membros da Igre-ja devem ser mediadores da proposta vo-cacional. Os bispos e os presbíteros têmum lugar especial nesta mediação. O ape-lo vocacional deve ser uma ação que en-volve toda a comunidade.

A pastoral vocacional entende-se emíntima relação com as outras dimensõesda pastoral (familiar e cultural, litúrgica esacramental), com a catequese, com os vá-rios grupos de animação e formação cris-tã, com os movimentos e, especialmente,com a pastoral da juventude. Dom do Pai esituadas no plano do mistério que só Deusconhece e pode revelar, as vocações nas-cem e desenvolvem-se graças à mediação

da Igreja orante: “Rogai ao Senhor da mes-se que envie trabalhadores para a sua mes-se” (Mt 9,38). Por isso, a oração, que em-penha não apenas as pessoas, mas tambémtodas as comunidades eclesiais, é a basede toda a pastoral vocacional e é caminhopara o discernimento vocacional.

Para cumprir a sua missão de guia decada pessoa na descoberta da própria vo-cação, a ação vocacional deve empenhar-se na redescoberta da tradição do acompa-nhamento espiritual pessoal. E tambémdeverá fomentar e apoiar as experiênciasdo voluntariado como “pastoral do servi-ço” gratuito, especialmente aos mais po-bres e necessitados, educando para o va-lor do sacrifício, da doação incondicional egratuita. Deste modo, o voluntariado con-verter-se-á em caminho de compromissosprogressivos que podem levar, de chama-do em chamado, a decisões definitivas, aténuma vocação de especial consagração.

DesafiosSente-se a necessidade de uma nova

cultura vocacional, que compreenda a di-reção que Deus imprime à nossa história:

• PV/SAV como expressão da materni-dade da Igreja, aberta ao plano de Deus quenela gera vida;

• coragem de apresentar a todos o anún-cio e a proposta vocacional, na certeza deque em toda a pessoa há um dom de Deusà espera de ser descoberto;

• certeza de que Deus continua a cha-mar em toda a Igreja e em todo o lugar;

• educação vocacional inspirada no mé-todo do acompanhamento;

• vocação como realização profunda dapessoa, na resposta ao chamado especialde Deus.

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VOCACIONALANIMAÇÃO VOCACIONAL

Caça ao tesourocom final surpreendente

Quando se quer alcançar um objetivo escolhido, a renúnciapesa menos. É necessário estar atento às falsas pedras

preciosas, que não valem absolutamente nada, e lembrar queo campo é comprado, mas o tesouro escondido é um presente

Não é suficiente a capacidade de re-nunciar para fazer uma escolha. Énecessária e fundamental uma ou-

tra capacidade, ou liberdade interior, aquelade saber preferir uma coisa em vez de ou-tra. É possível fazer uma escolha somen-te quando, e na medida em que, uma pes-soa é capaz de colher algo ou uma ativi-dade mais atraente do que outra. E se arenúncia representa a dimensão negati-va, e a mais custosa da escolha, a prefe-rência exprime o lado positivo e mais ale-gre; ou, em outras palavras, a preferên-cia é a condição que torna possível e au-têntica uma escolha, enquanto a renúnciaé a consequência inevitável e também au-têntica. Em todo caso, são necessárias asduas coisas, a primeira garante a segun-da, e juntas tornam cada escolha comouma apaixonada “caça ao tesouro”.

Agora, para esclarecer melhor o senti-do desta capacidade preferencial, deixemo-nos conduzir pelo evangelho, na passagemem que Jesus fala da escolha fundamentalda vida: a escolha de Deus ou do Reino doCéu. Esta, afinal, é a caça ao tesouro porexcelência: “O Reino do Céu é como umtesouro escondido no campo. Um homemo encontra, e o mantém escondido. Cheio

de alegria, ele vai, vende todos os seusbens, e compra esse campo. O Reino doCéu é também como um comprador queprocura pérolas preciosas. Quando encon-tra uma pérola de grande valor, ele vai,vende todos os seus bens, e compra essapérola” (Mt 13,44-46).

Pesquisa e descobertaEm primeiro lugar, na origem de uma

escolha há um interesse, mesmo que ain-da não esteja bem definido quanto ao obje-tivo final, mas que em todo caso orienta aatenção em uma determinada direção. Ohomem do evangelho “vai à procura”, nãoestá parado à espera de algo; assim comoo jovem que quer descobrir sua vocaçãotem que se mexer, pedir ajuda, pesquisar,abrir bem os olhos e os ouvidos, não espe-rando por improváveis revelações, masinvestindo, de forma inteligente e anima-da, naquilo que é de seu interesse..., poisquem procura acha.

No evangelho, de fato, parece que otesouro e a pérola são encontrados por aca-so e que esta descoberta seja uma sorteimprevista. Entretanto, na realidade, o te-souro está “escondido”, e o que está es-condido não aparece se não há quem o pro-

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ANIMAÇÃO VOCACIONAL

cure e nem se canse de procurar, movidopor um grande interesse. Na verdade, uminteresse tão grande que, ao encontrar otesouro, a pessoa o esconde novamente,porque está com medo que outros possamroubá-lo.

Tesouro e pérolaO evangelho tem um outro detalhe in-

teressante: fala de tesouro e de pérola pre-ciosa de grande valor. Eis aqui a essênciada escolha, ou a sua principal motivação.Escolhe bem quem se deixa conduzir poruma forte atração, ou quem descobre al-guma coisa tão bela que responda àqueleinteresse ou sede de verdade que está naorigem do processo de decisão. Trata-sede exaltação e satisfação no máximo grau.

Assim, a autêntica decisão vem da in-tuição contemplativa, o que significa quedevemos ter os olhos capazes de reconhe-cer a “pérola de grande valor” e não con-fundi-la com as falsas pérolas, que podemaparecer atraentes mas enganam, com ailusão de falsa felicidade. Nalógica da lectio divina, a esco-lha é precedida e gerada pelomomento contemplativo, as-sim como a ascética vem sem-pre depois da mística, ou a de-cisão de dar amor (= a gratui-dade) segue regularmente àdescoberta do amor recebido(= a gratidão).

Alegria e libertaçãoDe fato, o homem do evan-

gelho não fica indeciso em ne-nhum momento: descobre otesouro e vende tudo para com-prar o campo aonde ele está.Pelo contrário, o homem vai“cheio de alegria”, ao ponto de

parecer que não lhe custa nada – mesmona sua radicalidade - a venda de tudo o quepossui, tendo em vista a comparação como valor e a beleza do tesouro.

Aquela venda, na verdade, é a conse-quência natural do evento da descobertae, também, a condição para poder adquiriro terreno no qual está escondido o tesou-ro. É como dizer um “não” para algumacoisa pelo fato de ter dito “sim” para algomais belo. No entanto, é mais vantajosoaquele “sim”, que dá entusiasmo, e o “não”radical, pois melhor consente a quem to-mou a decisão penetrar o mistério de tudoo que escolheu. Então, a renúncia é seme-lhante a uma libertação, que se torna leveem vista de um enriquecimento. Porém, éa alegria da descoberta que proporciona aforça para a renúncia. Por isso, quem es-colhe uma coisa em decorrência de seratraído por algo verdadeiro e belo estásempre contente.

Talvez hoje, na atual crise da juventu-de e vocacional, a categoria destes “caça-

O tesouro está “escondido”, e o que está escondido não aparecese não há quem o procure e nem se canse de procurar

Fotos: Arquivo Rogate

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Amedeo CenciniReligioso Canossiano e sacerdote

Cf. Vangelo Giovane 2; compendio di animazionegiovanile e vocazionale. Roma, Rogate, 2005.

dores” e “descobridores” de tesouros es-teja particularmente em crise.

Empreendimento humanoe dom divino

É extraordinário o dinamismo contidonaqueles versículos bíblicos: o homem pro-cura, encontra, esconde, vende, compra,está feliz, mas também é esperto. Temosque sublinhar que a escolha é um momen-

to de grandíssima atividade da pes-soa. Nada como a decisão para co-locar em ação tudo o que é do serhumano: coração, inteligência, von-tade, sentidos externos e internos,memória, desejos, capacidade deatração e de renúncia...

Ao mesmo tempo, porém, umaleitura atenta do evangelho revelaque aquele homem compra o cam-po e não o tesouro. O tesouro, naverdade, não tem preço, não é ummanufaturado humano, é algo im-pensado e original. O homem so-mente pode descobri-lo e recebê-lo como presente, ou criar as dis-posições interiores para consegui-lo e aproveitá-lo.

Assim é a vocação: dom deDeus, pensamento dele, semente que elesemeou no campo da nossa vida, mas quecabe ao ser humano procurar e descobrir.E, também, contemplar como tesouro pre-cioso e pérola de grande valor, como aque-la pequena pedra branca na qual está es-crito o nosso nome (cf. Ap 2,17) e que, paraconsegui-la, vale a pena vender tudo, li-bertando-se de todas as outras coisas.

Cheio de alegria!

Revelando o “tesouro”,que é o Reino de Deus

VOCACIONAL

Os textos bíblicos citados por AmedeoCencini no artigo desta edição, Mateus

e Apocalipse, remetem ao simbolismo da pe-dra preciosa, mas trazem outro simbolismoem comum: o número sete.

Em Mateus, as parábolas do tesouro eda pérola (cf. Mt 13,44-46) estão num blocode sete parábolas, todas no capítulo 13:Semeador (v. 4-11); Joio (v. 24-30); Grãode Mostarda (v. 31-32); Fermento (v. 33);Tesouro (v. 44); Pérola (v. 45-46); Rede (v.47-50). O objetivo éir revelando o “mis-tério” do Reino dosCéus.

No Apocalipse, acitação que traz apedra branca comorecompensa ao ven-cedor (cf. Ap 2,17)está na carta dirigidaà comunidade dePérgamo. Ao todosão sete cartas, umapara cada comuni-dade ou Igreja daÁsia: Éfeso (2,1-7);Esmirna (2,8-11);Pérgamo (2,12-17);Tiatira (2,18-29);Sardes (3,1-6); Fila-délfia (3,7-13); Lao-dicéia (3,14-22). O objetivo é ir revelando oprojeto de Jesus ou o próprio Reino deDeus.

Sete parábolas podem significar a difi-culdade em explicar ou comparar o Reinode Deus ao iniciante. Por mais que se usedeste meio, a compreensão plena aconte-ce na prática, no dia a dia, na imitação dosgestos de Jesus: amor, compaixão, justiça,vida. E as sete Igrejas da Ásia significamque a revelação do projeto é para “todas”as comunidades de todo o mundo.

Quando se compreende o significado doReino de Deus, não há mais dúvidas: écomo achar um tesouro de grande valor.

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IN FORMAÇÃOIN FORMAÇÃO

2º Congresso VocacionalLatino-americano

Romaria ao Santuário de Santo Aníbal

Com o objetivo de “fortalecer a cul-tura vocacional, para que os batiza-dos assumam seu chamado de ser

discípulos e missionários de Cristo nas cir-cunstâncias atuais da América Latina e doCaribe”, o 2° Congresso Vocacional Lati-no-americano já começou a ser articulado.Será realizado de 08 a 12 de fevereiro de2011, em San José, na Costa Rica. O temado congresso: “Chamados a lançar as re-des para alcançar vida plena em Cristo”, eo lema: “Mestre, em teu nome lançarei asredes” (cf. Lc 5,5). Dentre os objetivos es-pecíficos estão a análise da consciência queos batizados possuem a respeito da cultu-ra vocacional, a elaboração de pistas con-cretas de evangelização e animação voca-cional para a missão do Continente e tam-bém a elaboração de critérios para os pro-cessos do itinerário vocacional, que res-pondam às circunstâncias atuais da Amé-rica Latina e do Caribe.

Haverá um Instrumento de Trabalho,dividido em três áreas, com o objetivo de

fornecer elementos ou dados para a elabo-ração do Instrumento de Participação, con-tendo o marco situacional (da realidade), omarco doutrinal e o marco operacional.

Estima-se a participação de 375 pesso-as, entre delegados, representantes de or-ganismos afins, diretoria do Conselho Epis-copal Latino-americano (CELAM) e obser-vadores de outros continentes.

O 1° Congresso Vocacional Latino-ame-ricano foi realizado em 1994, de 23 a 27 demaio, em Itaici, Indaiatuba (SP). Foi tam-bém considerado o 1º Congresso Conti-nental de Vocações, realizado na AméricaLatina por ser o continente com maior nú-mero de católicos. O tema: “A Pastoral Vo-cacional no continente da esperança”.

Foram realizados mais dois congressoscontinentais: na Europa, em Roma, Itália,de 05 a 10 de maio de 1997 (tema: “Novasvocações para uma nova Europa”); e naAmérica do Norte, em Montreal, Canadá,de 18 a 21 de abril de 2002 (tema: “Voca-ção: dom de Deus, ao povo de Deus”).

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uivo

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No dia 16 de maio, quinto aniversário de canonização deSanto Aníbal Maria Di Francia, apóstolo da oração pelas

vocações, a Família do Rogate esteve reunida em Passos, sulde Minas Gerais, no Santuário dedicado ao santo. ReligiososRogacionistas, religiosas Filhas do Divino Zelo, MissionáriasRogacionistas, membros de associações, cristãos leigos e lei-gas de todo o Brasil que comungam do espírito de Santo Aníbal,estiveram presentes. Mais de 600 romeiros participaram destaque foi a terceira edição da romaria. Em 1997 e 2005 tambémhouve a realização do evento em âmbito nacional.

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IN FORMAÇÃO

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Comissão Executiva do3º Congresso VocacionalNo dia 20 de junho, no Centro

Rogate do Brasil, em São Paulo (SP),reuniu-se a Comissão Executiva queestá preparando o 3º Congresso Voca-cional do Brasil (foto). Estiveram pre-sentes Dom Leonardo Ulrich Steiner,bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia(MT) e membro da Comissão EpiscopalPastoral para os Ministérios Ordenados ea Vida Consagrada da Conferência Nacio-nal dos Bispos do Brasil (CMOVC-CNBB),Pe. Reginaldo de Lima, assessor, Pe. Ge-raldo Tadeu Furtado, diretor-secretário doInstituto de Pastoral Vocacional (IPV), Ir.Manuela Oliveira, coordenadora vocacio-nal do Regional Sul 1 da CNBB (estadode São Paulo), Ir. Maria Luiza de Andrade,coordenadora vocacional do Regional Les-te 2 (Espírito Santo e Minas Gerais), Ma-ria Ângela Palma Ribeiro, representantedo Conselho Nacional do Laicato do Bra-sil (CNLB), e os colaboradores na redaçãodo Texto-base ou Instrumento de Traba-lho do congresso: o teólogo Pe. ÂngeloAdemir Mezzari, presidente do ConselhoSuperior do IPV, o biblista Pe. Gilson LuizMaia e o diretor de redação da Rogate, Pe.Juarez Albino Destro. A previsão é come-çar o estudo do Instrumento de Trabalhonas comunidades um ano antes do evento,ou seja, em setembro de 2009. Oração,hino, logomarca do congresso estão sendoelaborados e devem ser divulgados embreve. A próxima reunião da ComissãoExecutiva está agendada para os dias 24 e25 de outubro, também no Centro Rogate.

Assembleia da CNBB - 2010A próxima Assembleia Geral da Confe-

rência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB) será realizada de 03 a 10 de maio

de 2010, em Brasília (DF), tendo comotema central: “Discípulos e servidores daPalavra de Deus e a missão da Igreja nomundo”. Será utilizada a Exortação Pós-sinodal, prevista para publicação pelo papaBento XVI ainda este ano. O Sínodo sobrea Palavra de Deus aconteceu em outubrodo ano passado, em Roma. Após a 48ªAssembleia da CNBB terá início o 16º Con-gresso Eucarístico Nacional, organizadopela arquidiocese de Brasília (13 a 16 demaio), com o tema: “Eucaristia, pão da uni-dade dos discípulos missionários”, e olema: “Fica conosco, Senhor!” (cf. Lc24,29). A escolha do local foi motivada pelojubileu de ouro da capital do País e tam-bém da arquidiocese, nascidas no mesmodia, em 21 de abril de 1960.

Tema e lema da CF-2011Nos dias 15 e 16 de junho, em Brasília

(DF), na reunião do Conselho Episcopal dePastoral da Conferência Nacional dos Bis-pos do Brasil (CONSEP-CNBB), avaliou-sea Campanha da Fraternidade (CF) deste ano- “Fraternidade e Segurança Pública” - e foidefinido o tema da CF-2011: “Fraternidadee a vida no planeta”. Terá como lema: “Acriação geme em dores de parto”. Lembran-do que em 2010 a campanha será ecumênicae terá como tema: “Economia e vida”, elema: “Vocês não podem servir a Deus e aodinheiro” (cf. Mt 6,24c).

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As mensagens enviadas poderão sereditadas pela equipe, favorecendo ummelhor entendimento de seu conteúdo.

Serviço de AnimaçãoAcabamos de renovar nossa assinatura

da revista Rogate. Obrigado pelo serviçoadmirável que vocês fazem em prol das vo-cações. Nossas preces e o nosso abraço.

Ir. Rosa Clara Franzoi, MCSão Paulo (SP)

Sendo especialista em matéria de vo-cação, acredito que a revista Rogate vaime auxiliar na caminhada vocacional à vidaconsagrada. Parabéns! Suas matérias sãobastante consistentes e há uma riqueza deinformações. Agradeço a Deus por tê-la co-nhecido através de um amigo.

Rafael dos Santos MedunaCuritiba (PR)

Boleto bancárioTerminou a saga para o pagamento da

assinatura da Rogate. Novamente não foifácil. Fiz 24 quilômetros de carro, pagueiestacionamento para chegar ao bancoBradesco (porque é somente ali que sepaga). Entrei na fila e após 21 minutos che-

L E I T O RLEITOR

gou a minha vez. Em posse do recibo pro-curei uma fotocopiadora para a segunda viado recibo (questão de segurança). Diasdepois dirigi-me ao correio, pois não foipossível no mesmo dia. Tirei a senha e após15 minutos consegui postar a carta paracomprovar o meu pagamento. Agora es-tou em dia. Fiz a via-sacra anual para pa-gar a Rogate. Aguardo para o ano que vemum boleto bancário, onde poderei pagar emqualquer banco ou agência lotérica, ou atépor Internet. Felicidades!

Pe. Adalíbio BarthPasso Fundo (RS)

Nota:Agradecemos sua fidelidade, apesar da

saga cheia de sacrifícios. Recordamos quehá a possibilidade de vale postal (no correio)e também o cheque nominal. Mesmo assimestamos analisando a viabilidade de implan-tar outras formas mais práticas.

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MÍSTICAMÍSTICA DA VOCAÇÃO

São Bruno, fundador dos Cartuxos

Patrício SciadiniReligioso Carmelita Descalço e Sacerdote

Muitas são as Ordens femininascontemplativas. Poucas, porém,são as totalmente contemplativas

masculinas. Uma delas, e muito antiga, é ados Cartuxos. Dizem que é a Ordem maisaustera, onde raramente se fala, e onde aausteridade orienta toda a vida dos mon-ges, que se dedicam ao trabalho, à solidãoe à oração. Com uma história rica de espi-ritualidade, de tradição, esta Ordem nun-ca foi reformada, pois nunca se afastou doseu ideal. Não é uma vocação para jovens,mas para adultos, pessoas maduras que,impulsionadas por uma forte espiritualida-de e desejo de Deus, procuram a Cartuxapara estar a sós, com o Só, que é Deus.

O fundador dos Cartuxos é São Bruno.Nasceu em Colônia, na Alemanha, entreos anos 1030-1035. Aluno aplicado e dedi-cado, realizou seus estudos em Reims, naFrança, onde havia uma renomada escolateológica. Nós o encontramos no ano 1056como professor dessa mesma escola. Eramuito amado por sua cultura, mas especi-almente pelo espírito de oração e de dis-ponibilidade. Formou-se rapidamente aoseu redor um grupo de alunos que deseja-vam não apenas aprender a ciência huma-na como também o estilo de vida do evan-gelho. Entre os mais famosos discípulosde Bruno encontra-se o papa Urbano II.São atribuídos a Bruno comentários aosSalmos e a outros livros sagrados. Foi cha-mado a servir a Igreja de Reims comochanceler.

Desgostoso por aquilo que via no mun-do e na Igreja, Bruno estava maduro paratomar a decisão: deixar atrás de si todo

fausto e poder. Decidiu tornar-se mongeem Solesme (1082-1083), entretanto de-sejava uma solidão maior, um silêncio maisprofundo, uma vida ascética onde nada domundo pudesse perturbar a sua busca porDeus. Coloca-se a caminho e fixa a suamorada em Grenoble, onde procura apoiodo bispo. Funda um eremitério na monta-nha da Chartrese. Neste eremitério haviatambém outros monges, que Bruno consi-derava rebeldes e sem Regra. Aqui vãosurgindo os Cartuxos, que tomam o nomenão do fundador e sim do lugar “Chartrese,Cartuxa”.

Cada vez mais a solidão se aprofundana vida de Bruno e de seus seguidores. De-dicam-se ao trabalho manual, à liturgia, aosilêncio, à oração. Ao ser eleito papa, Ur-bano II leva o monge Bruno para Roma,mas por pouco tempo. Ele morre na Itália,na Cartuxa. Rapidamente se difundiu afama de sua santidade fora da Ordem porele fundada, porque a Ordem dos Cartuxosnão promove os processos de canonizaçãode seus membros. É um ato de humilda-de. São Bruno morreu no dia 06 de outu-bro de 1101.

Hoje os Cartuxos continuam a ser naIgreja a Ordem mais austera e contempla-tiva. São poucos. No Brasil nós temos umaCartuxa no Rio Grande do Sul, em Ivorá:

Cartuxa Nossa Senhora MedianeiraE-mail: [email protected]./Fax: (55) 3289-5021