OPÇÕES UNAT-BRASIL Nº 81 | DEZEMBRO 2014

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N° 81 DEZEMBRO DE 2014 INFORMATIVO OFICIAL DA UNIÃO NACIONAL DE ANALISTAS TRANSACIONAIS - BRASIL VIII Fórum de AT em Foz do Iguaçu PÁG. 09 Produção Científica em AT está em Expansão No Brasil PÁG. 07 Entrevista com a nova Presidente Kátia Ricardi Abreu PÁG. 05 Artigo Científico: AT como facilitadora da autonomia no campo da vulnerabilidade social PÁG. 24

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N° 81 DEZEMBRO DE 2014InformatIvo ofICIaL Da UnIÃo naCIonaL DE anaLIStaS tranSaCIonaIS - BraSIL

VIII Fórum de AT emFoz do IguaçuPÁG. 09

ProduçãoCientífica em AT está em ExpansãoNo BrasilPÁG. 07

Entrevista com a nova Presidente Kátia Ricardi Abreu PÁG. 05

Artigo Científico:AT como facilitadora da autonomia no campo da vulnerabilidade socialPÁG. 24

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EDITORIAL

A Comunicação é um processo complexo e delicado. Complexo pelo número de variáveis presentes em uma única interação entre dois seres ou mais. Delicado por se tra-tar do centro gravitacional de To-das as atividades humanas.

Comunicar, portanto, não é só transmitir ou receber uma mensa-gem funcionalmente pois, ao se co-municar, o indivíduo manifesta sua essência e compartilha seu modo de vida.

Por ser tão complexo, tão delicado e com tantas variáveis que o com-plicam, é deste processo que nos ocuparemos com cuidado e cari-nho. A Revista Opções, queridos Analistas Transacionais, é nosso canal de comunicação. Nela vamos intercambiar nossas ideias, pesqui-sas e sonhos, compartilhar nossas realizações e conquistas, celebrar nossos encontros e registrar os mo-mentos de aprendizagem.

Acreditamos que, à luz dos ensina-mentos de Eric Berne, poderemos construir uma rede amorosa de relacionamento que possa nos fa-cilitar o contato autêntico uns com os outros, que nos permita, mais e

mais, desenvolver nossas potencia-lidades.

Pretendemos construir essa solu-ção de comunicação em rede, com múltiplas mãos, mentes e corações. Queremos viver nesta construção os princípios da oqueidade que lastreiam nossa prática como Ana-listas Transacionais. E convidamos você para participar dessa maravi-lhosa aventura de conexão. Esse é seu espaço, esse é seu canal!

Nesta edição que encerra o ano de 2014, trazemos depoimentos de di-datas em formação, um registro fo-tográfico do Fórum que aconteceu em Foz do Iguaçu em outubro, além de uma entrevista com a nova pre-sidente da nossa entidade no Brasil. Preparamos também uma matéria sobre o crescimento da produção científica em AT no Brasil. Temos também um artigo científico de Pa-ola Pasqualotto, a agenda de even-tos para 2015 e muito mais.

Uma ótima leitura e Feliz 2015.

Equipe da Diretoria de Comunicação UNAT-BRASILAniângelis, Maku & Michelle

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ÍNDICE

DIRETORIA TRIÊNIO 2014-2017

PRESIDENTE KÁTIA RICARDI ABREU (SP) MDF [email protected]

VICE-PRESIDÊNCIA LAUCEMIR SILVEIRA (PR) [email protected]

DIRETORIA DE DOCÊNCIA E CERTIFICAÇÃOREGINA SILVA (SP) [email protected]

DIRETORIA CIENTÍFICAALBERTO JORGE CLOSE (AR) [email protected]

DIRETORIA DE ÉTICAMARILIA S. PEREIRA (PR) [email protected]

DIRETORIA DE COMUNICAÇÃOMAKU MÖLLMANN (PR) [email protected]

SECRETÁRIADANIELA PIAGGIO (PR) MCO [email protected]

TESOUREIRAIVANA A. ZANINIS (MG) [email protected]

CONSELHEIROS TRIÊNIO 2013-2016

PRESIDENTE DO CONSELHOVITOR MERHY (RJ) [email protected] Mara De Carlis (MG) MDFCMiriam Cibreiros de Souza (DF) MDFCErcília Silva (PR) MDFOMaila Flesch (SP) MCCAndréa Lindner (PR) MDFOAndreia Cechin (PR) MCEMaria Inês Corso Silveira (PR) MCOJeffersonn Moraes (PR) MCO

OPÇÕESInformativo da União Nacional dos Analistas Transacionais UNAT - BRASILAv. Getúlio Vargas, 489 sala 204 - PortoAlegre - RSCEP 90160-003Fone/Fax: (51) 3233-6355email: [email protected]

EDIÇÃO E PRODUÇÃOMarket! ComunicaçãoAv. Carlos Gomes, 141/1202Porto Alegre - RS - BrasilCEP 90480-00355 XX 51 2102 [email protected]

Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião da UNAT-BRASIL.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores.

Entre no site www.unat.org.br e clique em inscrição, preencha a ficha, faça o pagamento e envie uma cópia do depósito com uma foto para a secretaria no endereço – [email protected]

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COMO SE ASSOCIAR NA UNAT-BRASIL

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FALA dO PRESIdENTE kATIA RICARdI ACONTECEU

AT 303 EM PORTO ALEgRE

EdITORIAL ENTREVISTA

PALAVRA dOASSOCIAdO

AT PELO BRASIL

MENSAgEM FINAL

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2202

24 ARTIgO dE Paola frizzoPasquotto

PROdUÇãOCIENTÍFICA EM AT ESTá EM ExPANSãONO BRASIL

09 VIII FóRUM dE AT EM FOz

19 dEPOIMENTOS

27 AgENdA

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Prezados associados da UNAT-BRASIL, com grande alegria, celebramos mais um ano de realiza-

ções da nossa Associação. Fizemos em 2014 a passagem do “bastão” da diretoria e, neste primeiro pronun-ciamento oficial como presidente da UNAT-BRASIL, quero agrade-cer aos colegas da gestão 2011/2014 pelo acolhimento durante o perío-do de preparação para assumirmos como diretoria eleita.

Sou grata a todos que aceitaram meu convite para a composição da diretoria e também àqueles que não aceitaram por muitos motivos - pois todos declararam seu apoio e participação de outras formas mais ajustadas a seus projetos de vida.

Meus agradecimentos também vão para os associados que nos envia-ram e ainda enviam palavras ca-rinhosas, incentivadoras e apoia-doras, além de muitas sugestões e participações colaborativas para nosso planejamento estratégico.

Considero-me privilegiada por contar com uma Diretoria e Con-selho Deliberativo que prezam pelo crescimento e desenvolvi-mento da UNAT-BRASIL den-tro dos parâmetros de qualidade e ética. É uma verdadeira equipe, que trabalha em consonância para zelar pelo patrimônio deixado por aqueles que nos antecederam.

FALA Da PRESIDENTE

“Que nós possamos praticar AT em nossos relacionamentos para fortalecer a UNAT-BRASIL cada vez mais”

Nosso evento recente, realizado em Foz do Iguaçu – VIII FÓRUM BRA-SILEIRO DE ANÁLISE TRANSA-CIONAL - com a competente coor-denação da MDF Andréa Lindner, elevou ainda mais a UNAT-BRA-SIL ao patamar de uma associa-ção à qual vale a pena pertencer.

E uma Comissão muito Organizadora, coordenada por Jeffersonn Moraes, já está cuidando para que o CONGRESSO BRASILEIRO DE ANÁLISE TRANSACIONAL 2015 em Curitiba-PR dê sequência a este encontro presencial marcante entre nós, associados.

Esperanças de um futuro pro-missor para a Análise Transa-cional no Brasil nos faz abraçar este trabalho voluntário, doar tempo e tudo o que temos de melhor para a nossa Associação.

Feliz Natal e Ano Novo! Que nós possamos prati-car AT em nossos relacio-namentos para fortalecer a UNAT-BRASIL cada vez mais.

Kátia Ricardi AbreuMDF Clínico Presidente da UNAT-BRASIL Gestão 2014-2017

Kátia Ricardi Abreu

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com kátia Ricardi AbreuPresidente da UNAT-BRASILgestão2014-2017

A motivacão pela PsicologiaDesde criança, observava as pessoas se relacionarem e me empenhava em fazer conciliações. Percebia que uma pessoa entendia diferente o que a outra pessoa dizia. E assim começavam os conflitos. Eu investia meu tempo no recreio da escola para desfazer os conflitos entre as amigas. Um dia, uma psicóloga foi realizar uma palestra sobre a profissão e eu descobri que havia faculdade para aprender sobre o que eu gostava de fazer.

A presença dos paisSinto-me muito amada pelos meus pais e este amor sempre foi o alicer-ce para me construir como pessoa e como profissional. Eles me ensinaram a amar. Tudo o mais é consequência.

A influência da AT na vida pessoalA minha vida tem o divisor ANTES e DEPOIS da AT. Minha vida pessoal mudou de rumo quando, em 1985, fiz um 101 e em seguida, iniciei a psico-terapia em AT. Abandonei crenças, re-formulei valores, fiz redecisões, trans-formei minha vida.

O mundo dos livrosComecei a escrever por hobby. Publi-quei em 2001 o romance “Na Intimi-dade da Alma – história de uma ven-cedora”. Foi uma experiência muito gratificante. Usei meu conhecimento de psicologia para construir persona-gens. Este livro me ajudou a superar muitas barreiras para me expor fora do setting terapêutico. Em seguida, escrevi um livro teórico com Eder Pi-nhabel, meu parceiro nos Cursos de Qualidade no Atendimento ao Clien-te, que ministrávamos em uma ONG. Produzíamos muitas apostilas e deci-dimos transformá-las em livro. Então, publicamos o “CLIENTE - a busca da qualidade nas relações interpessoais”, com o enfoque da AT. O terceiro li-vro foi “Caminhos para o Bem-Estar – Essência Articulada” uma coletânea de textos publicados no jornal “Diário da Região”, no qual eu tinha uma co-luna semanal. A obra foi patrocinada

“A minha vida tem o divisor

ANTES e DEPOIS da AT.”

Kátia Ricardi Abreu

ENTREVISTA

A Analista Transacional Kátia Ricardi de Abreu, 54 anos, acaba de assumir a presidência da UNAT-BRASIL. Nascida em São José do Rio Preto, no estado de São Paulo, Kátia é psicóloga, escritora e mora com sua família em uma área verde privilegiada. Casada há 27 anos, é mãe de Bruno, doutorando em Física na Unicamp e Marco, graduando em Psicologia na USP. Entre seus planos para a gestão na instituição está a ampliação do envolvimento com causas sociais. Leia a seguir a entrevista da nova presidente da UNAT-BRASIL.

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Na gestão anterior a esta, fui diretora de Comunicação.

A gestão frente à UNAT-BRASILNo dia 13 de outubro de 2014 nossa diretoria se reuniu para fazer o plane-jamento estratégico. O objetivos esta-belecidos foram:• Estimular o pensamento e a produ-ção científicos;• Fortalecer a formação do Analista Transacional em todos os níveis;• Divulgar a Análise Transacional;• Posicionar a AT como teoria e filoso-fia que podem viabilizar o empodera-mento humano;• Zelar pela adequação econômica--financeira de modo a assegurar a sus-tentação e o crescimento da UNAT--BRASIL;• Desenvolver a comunicação corpora-tiva e institucional;• Viabilizar ações comunitárias de aplicação da Análise Transacional;• Inovar o modelo de gestão da UNAT-BRASIL.

Aproveitamos o encontro e elabora-mos a nossa Missão: Contribuir para

“Pertencer à UNAT-BRASIL é ter a oportunidade constante de aprendizagem, atualização científica, e acima de tudo, de conviver com pessoas incríveis”

e a renda foi 100% doada, revertida para o Projeto Mundial de Combate à Poliomielite. Tenho textos publicados em coletânea com outros autores em outras obras e escrevo para a Revista Bem-Estar do “Diário da Região”. Te-nho mais três livros prontos que gos-taria de publicar para doar a renda, como fiz com este último.

A trajetória na ATFiz o AT101 logo após minha for-matura, em 1982, quando retornei para São José do Rio Preto-SP. Na PUCC não havia conhecido AT. Em seguida, iniciei a terapia e o AT202. Desde 1987, participo de todos os eventos da UNAT-BRASIL, com ex-ceção dos períodos de gestação dos meus 2 filhos. Lembro-me de que em um dos eventos, eu estava “dura”. Fui ao banco e fiz um empréstimo para poder ir ao CONBRAT. Minha cer-tificação como Membro Clínico foi em 1992 pela ALAT E em 2001, pela UNAT-BRASIL. Depois o SED e o AT303. Não sei quando vou me certifi-car como Membro Didata. Depois de um pré-câncer, mudei meu ritmo em relação à trajetória profissional.

A relação com a UNAT-BRASILA UNAT-BRASIL sempre foi meu chão, desde o curso 202 com Vilma Cortez, Maria Lúcia Falcão e Manoel Texeira. Pertencer à UNAT-BRASIL é ter a oportunidade constante de aprendizagem, atualização científica, e acima de tudo, de conviver com pessoas incríveis. Seres humanos admiráveis. O que me mantém e me manteve na instituição durante todos estes anos é o acolhimento, o contato agregador, a prática da AT entre nós. Fui vice-presidente na gestão da Márcia Bertuol e membro do Conselho Deliberativo em duas outras gestões.

o desenvolvimento do ser humano e da sociedade, estimulando a prática da Análise Transacional”. Também defi-nimos a nossa visão, que é: “Ser reco-nhecida como organização confiável e inclusiva no desenvolvimento e aplica-ção da Análise Transacional”. E nossos valores:1. Comprometimento com a Análise Transacional2. Qualidade e consistência técnica e cientifica3. Diálogo4. Transparência5. Cooperação6. Ética

A UNAT-BRASIL e as causas sociaisPodemos impulsionar causas sociais estando em conexão com os fatos, com a vida, com a realidade, participando da comunidade através de ações que possam promover a oqueidade e re-velar o potencial da AT em suas áreas específicas.

A AT em São José do Rio PretoNão sou a única analista transacional em minha cidade. Há uma psicóloga que me introduziu na AT, Maria Letí-cia Berthi, Membro Clínico Certifica-do, que esteve no Fórum 2012 realiza-do em São José do Rio Preto-SP, como minha convidada. Ela não é associada da UNAT-BRASIL atualmente. Então, como “quase” única certificada, posso dizer que sinto-me só. Espero que não seja por muito tempo.

Kátia por KátiaSou um ser espiritual vivendo uma experiência humana. Nesta trajetória, estou constantemente em aprendiza-gem, com minha energia voltada para a harmonização nos relacionamentos.

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Ede Lanir Ferreira Paiva assumiu a Presidência da UNAT-BRASIL e encontrou um movimento com pro-pósito de divulgar a Análise Transa-cional no mundo acadêmico. Era um tema debatido pelos MD (Membros Didatas) e os MDF (Membros Didata em Formação) há algum tempo.

Miriam Cibreiros, em Brasília (DF), e Ede Lanir, em Uberlândia (MG,) fizeram prospecções de parceria nas entidades universitárias das duas ci-dades. Seguindo adiante deste pro-pósito, ambas encontraram um obs-táculo relevante como custos muito

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altos, o que inviabilizaria o projeto. Nesta caminhada, os planos e proje-tos pedagógicos eram confecciona-dos e a aposta no sucesso era consis-tente.

Após pronto o projeto, Ede Lanir ini-ciou uma turma de especialização em AT em Uberlândia (MG) em outubro de 2009. Uma questão a ser solucio-nada foi, na época, o reduzido núme-ro de mestres e doutores disponíveis para compor o corpo docente – Rosa Krausz, Miriam Cibreiros, Jane M.P. Costa e Luiz Ferrari.

Para se credenciar a dar aulas na Pós--Graduação, o título mínimo exigido é o de Especialista, neste caso, Es-pecialista em Análise Transacional. Em 2 e 3 de Julho de 2010, defende-ram seus artigos, 15 MD’s e MDF’s, em Uberlândia (MG).

Na sequência, foram iniciadas tur-mas em Brasília (DF), sob a coorde-nação de Miriam Cibreiros; no Rio de Janeiro (RJ) sob a coordenação de Adriana Montheiro e Luiz Ferrari;

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PRODUÇãOCienTÍFICA EM AT está em expansãono brasilCem parece um número mágico, que lembra cem por cento, excelência e realização. Cem é o número de Ar-tigos Científicos produzidos na co-munidade ateniana no Brasil nestes últimos quatro anos. Gerados a par-tir de Especializações Acadêmicas em Análise Transacional em Crici-úma (SC), Brasília (DF), Uberlândia (MG) e Porto Alegre (RS), esta im-portante produção aponta para um futuro promissor para nós, os Ana-listas Transacionais.

No livro “Princípios do Tratamento de Grupo”, ao discorrer sobre a pu-blicação de artigos, Berne diz que “um aprendizado da arte de escre-ver deve ser parte do treinamento de todo jovem cientista clínico aspi-rante” (p.162). Os estudantes da AT atenderam a recomendação do mes-tre e acrescentaram contribuições re-levantes ao estudo da teoria. Diante disto, pode-se celebrar com o resul-tado destas produções através do tra-balho persistente e entusiasmado de Analistas Transacionais. Houve obstáculos para estabelecer parceria com universidades, entre-abrindo assim, as portas do mundo acadêmico para a teoria criada por Eric Berne. A partir daqui, é contada a história dessa conquista. Em 2008,

Banca OK/OK em Uberlândia: Jane M P Costa, Ana Ribeiro, Joelma Moura Tan-nús, Ede Lanir e Vanessa De Carlis – celebrando a conquista de Joelma.

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Porto Alegre (RS) sob a coordenação de Jane M.P.Costa; Uberlândia (MG) sob a coordenação de Ede Lanir; e Criciúma (SC) sob a coordenação de Eduardo Burigo.

As bancas ocorridas até outubro de 2014 aprovaram artigos acadêmico--científicos de 95 Especialistas em Análise Transacional.

Atualmente estão em andamento quatro turmas de Especialização em AT, uma em Brasília (DF), sob a coordenação de Miriam Cibreiros e Celso Eduardo Lagos Costa; e duas em Uberlândia, uma sob a coordena-ção de Mary Luce Melazzo e a outra sob a coordenação de Fernanda No-gueira.

As negociações da Diretora de Do-cência da UNAT-BRASIL, Regina Silva, está em fase de negociação com uma faculdade parceira de Brasília, e mais turmas serão lançadas nos pró-ximos anos. A todos estes valorosos Analistas Transacionais, nosso reco-nhecimento positivo.

O desafio de ser orientador

Eduardo Burigo é psicólogo, Mem-bro Didata em Formação Clínico e Membro Regular Organizacional e supervisionado por Jane Costa (MD Clínico). Atua como orientador de trabalhos científicos há sete anos. Para Eduardo, essa tarefa é desafia-dora, que exige dele superação cons-tante, inclusive no que diz respeito aos aspectos normativos da metodo-logia que envolve a produção cientí-fica. Contudo, nos diz ele, “orientar alunos na pós-graduação de Análise Transacional significa muito. Signi-fica ser exemplo, estimular, prote-ger, incentivar, dar limites, negociar e sempre mostrar como o tema de estudo das alunas impactam a vida delas”.

Eduardo ressalta que aprende mais sobre AT, estuda o tema de inte-resse dos alunos e separa os papéis orientador/professor ao cumprir e estimular o atingimento de metas e as adaptações necessárias à metodo-logia. Perguntamos a ele o que o mo-

tiva a orientar alunos. Eis a respos-ta: “Sempre é bom desafios que me levar a me superar e vencer. A troca com os alunos de diferentes temas de trabalho também e financeiramente também é compensador. A continui-dade deste trabalho eleva cada vez mais a UNAT e a AT no Brasil. Além disso, os alunos são uma força de grupo para superar problemas, de-safios e progredir profissionalmente. Observo e valorizo o impacto que a pós-graduação exerceu na vida deles e na minha com muitas trocas rela-cionais.”

Para nosso entrevistado, uma orien-tação bem sucedida se percebe pela aprovação do trabalho pela banca, pelo progresso profissional e pela repercussão na vida pessoal com as Carícias obtidas pela conquista. Aos novos alunos, Eduardo sugere come-çar cedo os primeiros rascunhos do trabalho, ainda ao final do primeiro ano de curso.

Quanto à produção científica da AT, Eduardo Burigo deseja que se expan-da ainda mais, que apresente “temas novos, patologias novas e modernas e situações novas nas organizações e sociedade. Esta geração que está vin-do está cada vez mais aberta a tocar em temas que nunca foram aprofun-dados.”

Relação de confiança é fun-damental entre orientador e orientando

Ede Lanir Ferreira Paiva é psicóloga, Membro Didata Clínica da UNAT--BRASIL, Especialista em Geron-tologia Social. Supervisiona alunos do AT 202 desde 2005, preparando--os para a Certificação. Desde 2010 atua como orientadora de trabalhos acadêmico-científicos. Para Ede, orientar a confecção de trabalhos científicos foi um estímulo para que

Banca OK/OK em Brasília: da esquerda para a direita Vanessa De Carlis, Ana Paula Saad, Ede Lanir Ferreira, Alisson Machado Borges, Miriam Cibreiros, Luiz Ferrari em Faculdade Pitágoras, comemorando a aprovação de Alisson.

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ela se aprofundasse na Metodologia da Pesquisa Científica. Segundo ela, trabalhar como orientador sig-nifica desenvolvimento constante, nos aspectos pessoal e profissional. Diz-nos Ede: “Sou uma orientadora carinhosa e exigente”. Na busca da qualidade científica, Ede vive mo-mentos de muita alegria, de orgulho, outros tantos de tristeza, mas, todos importantes para a sua trajetória. Perguntamos a ela qual o significado do papel de orientador para alunos da especialização em AT e Ede nos respondeu: “é uma tarefa que exige tempo, dedicação e uma enorme tro-ca junto aos alunos. É também uma grande responsabilidade tanto com o aluno, como com a Análise Transa-cional. É uma busca de cientificidade com a qual ainda não nos habitua-mos. Hoje já somos vários orienta-dores cuidadosos e que se mostram bastante hábeis na orientação.”

O aprendizado na atuação como orientador de trabalhos científicos, segundo Ede, incluiu a técnica (me-todologia científica), mas também o aprofundamento na teoria da Aná-lise Transacional. Ede reconhece o apoio de Ana Lucia Ribeiro de Oli-veira nas questões da metodologia. Ela nos conta que, com frequência, os alunos chegam com o material es-crito na primeira orientação. Após as observações da orientadora, o alu-no rasga, desiste, fica rebelde. Após alguns dias, recomeça e produz um trabalho muito interessante e con-sistente. “A orientação tem dois la-dos, o do orientador e o lado do seu treinando. Várias especificidades são envolvidas nessa relação, mas posso dizer que uma orientação foi bem sucedida quando o treinando e seu orientador estabelecem uma relação de confiança e conseguem produ-zir um trabalho com qualidade. As dificuldades maiores durante o tra-balho estão, segundo Ede, ligadas à gramática e ortografia. Os alunos de-

monstraram dificuldades com a pró-pria redação do artigo em si e com concordância gramatical em parti-cular. Assim, a orientação, que deve-ria se circunscrever nos âmbitos da teoria e da metodologia (que por si só gera estresse nos alunos, que não entendem a necessidade da padroni-zação), é sobrecarregado pelas revi-sões ortográfica e de gramática. Mas nada disso desanima Ede Lanir, que considera o trabalho prazeiroso, que lhe dá a sensação de tarefa cumprida e a certeza de que está contribuindo com a divulgação da Análise Transa-cional. Esta apaixonada orientadora compartilha conosco uma metáfora muito interessante em relação ao ca-minho percorrido pelo aluno, do iní-cio ao fim do trabalho científico: “Eu acreditava que depois da explicação todos os alunos achariam fácil escre-ver e fariam ótimos artigos. Percebi que é como aprender a caminhar, al-guns caem mais vezes. Cada um tem seu tempo. Aprendi a confiar e res-peitar o tempo e o caminhar de cada um.”

Pedimos para Ede sugestões aos es-

tudantes: “para preparação de banca de TCC, ou Artigo Cientifico, digo ao treinando que ele vai falar de um assunto que conhece bem, pois estu-dou e leu bastante para sua produ-ção, e nós da banca, temos interesse em saber sobre o assunto que ele pes-quisou, portanto vá tranquilo e diga o que sabe”.

Para o futuro, Ede Lanir deseja que a produção científica em Análi-se Transacional continue a crescer como cresceu nestes quatro anos. Ela pretende estar disponível para orientar e apoiar alunos na realiza-ção de trabalhos com qualidade me-todológica e científica. “Além disso, pretendo ter um tempo no próximo ano para escrever algumas coisas que tenho vontade sobre a Análise Tran-sacional”.

A Diretoria de Comunicação UNAT--BRASIL agradece aos entrevistados pelas informações prestadas e o carinho em compartilhar sobre suas experiên-cias e a satisfação de sua participação deste momento histórico da Associação

Banca OK/OK em Crisciúma da esquerda para direita: Marcia Bertuol, Daiane Gonçalves, Jane Costa e Eduardo Burigo, celebrando a conquista da Daiane em Cri-ciuma (SC).

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abertura do fórum

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viii fórum brasileiro de atreúne mais de 200participantes

Foz do Iguaçu sediou em outubro o principal encontro de analistas transacionais de 2014. O tema “Conectando e inspirando pessoas” atraiu estudantes e profissionais das áreas educacional, clínica e organizacional para ricos momentos de aprendizado, trocas de experiências e confraternização.

Confira alguns cliques dos três dias de encontro.

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coquetel

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encerramento do fórum

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O Fórum contou com 219 pessoas, superando o público inicialmente esperado de 150 participantes. Além de analistas transacionais e estudan-tes de AT de todo o Brasil, recebemos também profissionais e estudantes das áreas educacional, organizacio-nal e de saúde que ainda não conhe-ciam a AT. Apresentando a AT ao ce-nário de Foz do Iguaçu, e incluindo Foz no circuito dos maiores eventos da UNAT-Brasil.

Foi uma jornada de 12 meses, um processo lindo realizado por 21 vo-luntários vindos de São Paulo, Curi-tiba, Foz do Iguaçu, Cascavel e Me-dianeira, os quais trabalharam com afinco para construir o maior evento da AT na região da tríplice fronteira.

Registramos aqui um especial agra-decimento a cada um deles: Ana Paula Simões, Andréa Lindner, An-dréia Cechin, Aracelli Bianchin, Ce-cília Oderich, Daniela Piaggio, Emi-lia de Paula, Ercília Silva, Geonice Nunes Zibetti, Jarbas Durso, Jeffer-sonn Moraes, Jussara Ramos, Lau-cemir Silveira, Maila Flesch, Márcio Schünemann, Maria Elena Cunha,

Meriete Cardoso, Michelle Thomé, Renata Gava, Silvana Gomes e Stefa-nia Guedes. Este encontro levou a Foz do Iguaçu importantes nomes relacionados ao comportamento e desenvolvimento humano no cenário nacional. Foram três dias de cursos, conferências e workshops com os maiores nomes da Análise Transacional no País, que oportunizaram o aprofundamento nas práticas clínicas, educacionais e de gestão de pessoas.

Quero registrar também nossa grati-dão aos palestrantes convidados que acreditaram neste sonho. O Fórum contou com algumas ino-vações, como a abertura para não--associados, o que permitiu que mais pessoas pudessem conhecer a AT, e facilitou a chegada de empre-sas apoiadoras e patrocinadoras, que puderam convidar seus funcionários a aproveitar as diversas apresenta-ções. Nosso especial agradecimento aos patrocinadores: Itaipu Binacio-nal, Faculdades Uniamérica, M3 Comunicação Visual e Cataratas SA.

Missão cumpridapor Andréa Lindner

Agradecimento

Andréa Lindner

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Também tivemos o apoio de esta-giários de Psicologia da Faculdade Uniamérica no receptivo do evento, que com profissionalismo e simpatia receberam os participantes. Os quatro cursos pré-forum se ca-racterizaram por um aprofundamen-to nas áreas clínica, educacional e or-ganizacional e por uma apresentação do que é a Análise Transacional. Na noite de quinta-feira, a palestra de abertura da Analista Transacio-nal Márcia Bertuol marcou o início oficial do Fórum. Logo após, um co-quetel brindou a todos com apresen-tação musical que animou os partici-pantes até de madrugada! Tivemos a presença ilustre do Eric Berne, com a qual os participantes se divertiram em inúmeras selfies. Na noite de sexta-feira, um jantar com show de tango na Argentina foi o ponto alto da celebração do grupo. Na mesa, o tradicional bife de cho-rizo e o vinho. No ambiente, com o som de violões, apreciamos uma di-vertida apresentação de tango e mui-tos não resistiram em apenas assistir

e entraram na dança. Os participan-tes se encarregaram de continuar a festa, mesmo depois dos músicos já terem se retirado, cantando e bailan-do entusiasmadamente! A qualidade das apresentações, o cli-ma de aconchego criado nos espaços de coffee break, a decoração temática com citações e a presença da Berne em vários espaços macaram o en-contro voltado ao conhecimento. O aprofundamento científico, as trocas estabelecida nas salas e os momentos de confraternização nos inspiraram a perceber que, além de colegas e asso-ciados, contamos com um grupo de amigos na UNAT-BRASIL, que nos emociona a representar a AT com profissionalismo, carinho e dedica-ção. De fato, podemos dizer que con-seguimos atingir nosso propósito, de conectar e inspirar pessoas, cons-truindo um legado repleto de novas possibilidades rumo à oqueidade. * A analista transacional Andréa Lindner foi a coordenadora do VIII Fórum

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at pelo brasil

A primeira turma do Programa de Formação em Análise Transacional, para área organizacional (AT202) em Foz do Iguaçu acaba de ser formar. O curso, primeiro passo para a formação de Analistas Transacionais certificados pela UNAT-BRASIL teve encontros entre outubro de 2012 e setembro de

2014. A coordenação foi das analistas transacionais Andréa Lindner (MDF - Foz do Iguaçu), Laucemir Silveira (MD - Curitiba) e Rosa Krausz (MD - São Paulo). A turma contou também com workshops de desenvolvimento conduzidos por Maila Flesch (MDF – São Paulo).

A turma foi composta por 17 alunos residentes nas cidades paranaenses de Foz do Iguaçu, Medianeira, Cascavel, Toledo e Cruzeiro do Oeste: Ana Paula Simões, Cecília Oderich, Clari Prasniewski, Geonice Zibetti, Jarbas Durso, Juliana Silveira, Jussara Ramos, Luiz Burei, Márcio Gomes, Márcio Schünemann, Maria Elena Silva, Meriete Mendes, Moacir Borges, Rodrigo Felismino, Rozimeri Capelli, Silvana Gomes e Stefania Guedes. A Formação propicia a discussão sobre o funcionamento humano a partir da Análise Transacional, culminando com a compreensão da dinâmica organizacional (equipes, estilo de gestão, comunicação organizacional, entre outros). Além disso, o curso possibilita ao profissional a leitura dos comportamentos organizacionais, o que o qualifica a fazer intervenções adequadas no seu papel, seja como consultor, gestor ou educador. É um curso de formação certificado pela UNAT-BRASIL e tem por objetivo preparar o profissional para aplicar a teoria em seu campo de atividade

Primeira turma da área Organizacional se forma em Foz do Iguaçu

Formandos da turma de Foz do Iguaçu em AT202

Um novo grupo iniciou os trabalhos da pós-graduação em Análise Transacional em Uberlandia-MG, no mês de outubro, sob a coodernação da MDF Fernanda Rodrigues. A Membro Didata, Regina Berard, ministrou a primeira aula.

Nova turmade Pós-graduação em Uberlândia

Nova turma mineira de Pós-Graduação

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O Grupo de Estudos e Disseminação de AT do Paraná realizou o encontro mensal de novembro, em Curitiba, com o tema ACOMPANHAMENTO DE PERFORMANCE E DESEMPE-NHO E FEEDBACK. O objetivo foi identificar aspectos objetivos e subje-tivos que ocorrem na relação gestor x membro da equipe e que interferem no processo e nos resultados da avalia-ção de desempenho/performance no ambiente organizacional.

Estiveram presentes profissionais da área de RH, gestores de equipes, ges-tores de empresas, estudantes de AT e Analistas Transacionais. Em ambiente de agradável interação, proporcionado pela metodologia “open space” e à luz dos conceitos da Análise Transacional, os participantes do evento co-criaram reflexões substanciais sobre o tema proposto. A condução compartilhada OK-OK esteve sob a responsabilidade de Laucemir Silveira (Membro Dida-ta Organizacional) e Rosana Benine (Membro Regular). Grupo de Estudos em AT Paranaense realizou encontro

“Acompanhamento de Performance e desempenho e Feedback” é tema de encontro de Analistas Transacionais no Paraná

Aconteceu a finalização do curso de Formação de Analistas Transacionais para a Área Organizacional, que ocor-reu em Curitiba dia 12 de dezembro, com integrantes das cidades de Curiti-ba, Joinville, Palotina e Santos. A coor-denação do curso foi de Rosa Krausz, Laucemir Silveira e Ercilia Silva.

Na foto, da esquerda para a direita: Laucemir Silveira, Regina G de O Fer-reira, Rosa Krausz, Elisabeth Heinzel-mann , Adelaide Strapasson, Helena C Vieira, Renata Monteiro, Ercilia Silva,

Formatura de Analistas Transacionaisem Curitiba

Rachel C T Caldeira, Renata Gava, Fernanda S Varella, Alexandra Meira, Luciano Diniz, Jáci P Duarte.

Os integrantes da turma: Crisley M A Silva, Glaucia B Coutinho, Marcel

Falleiros e Marcia B L Krambeck não estavam no momento da foto de en-cerramento.

Parabéns!

Turma da Área Organizacional em Curitiba

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Porto Alegre (RS) abrigou em Novembro um acontecimento inédito na história da AT no Brasil: o número recorde de participantes - dezoito Membros Didatas em Formação - em uma turma AT 303. Sob a condução da Analista Transacional Márcia Beatriz Bertuol, o tema Script permeou o ambiente de aprendizado. A alegria das trocas autênticas foi o cenário para se olhar o Script pela percepção de diferentes Analistas Transacionais, das mais diferentes partes do nosso planeta. A vivência trouxe ao grupo possibilidade de ampliação e aprofundamento dos conhecimentos e a Revista Opções ouviu alguns desses Didatas em Formação:

at 303 em porto alegre

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Turma AT 303 de Porto Alegre teve número recorde de participantes

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DEPOIMENTOSPara mim, a realização do curso 303 representa a possibilidade de aprimorar meus conhecimentos teóricos e práticos da Análise Transacional, permitindo que eu me mantenha em contato com os recentes avanços nesta área. Graças ao 303, estou tendo a oportunidade de usar cada vez mais conceitos da AT na minha prática profissional como médico, especialmente no grupo de psicoterapia que dirijo semanalmente na Estratégia Saúde da Família. O 303 também tem me proporcionado contato com as experiências de outros colegas, especialmente dos didatas, que são enriquecedoras e me oferecem uma visão ampliada em relação à minha prática. No 303 estou aprendendo novas maneiras de preparar as aulas e, através do feedback de meus colegas, tenho tido a possibilidade de melhorar alguns aspectos didáticos. Além de todos estes pontos positivos, o 303 oferece a prazerosa possibilidade de rever colegas e amigos tão queridos, o que tem transformado nossa turma em uma verdadeira família, unida por uma filosofia de vida humanista e existencial, que nos transforma continuamente em pessoas melhores. Para mim, estar presente num encontro de 303 é uma grande alegria. Já estou sonhando com o próximo encontro! Roy AbrahamianMDF-Área Clínica- UNAT-BRASIL

Este é um dos motivos para participar dos encontros (estada boa, queridos amigos e luminosa Márcia). São momentos com meus pares, momentos de trocas intensas que recarregam

baterias, tanto emocionais quanto acadêmicas, didática, humanas etc. Momentos de energia, bom sentimento de fazer parte da história. Tenho uma agradável sensação de fazer parte de um momento muito rico e profundo da AT. Acesso a conhecimento e trocas, possibilitado pelo encontro com pessoas que tem a linguagem AT integradas na suas vidas. São estes momentos em que me sinto acolhido e posso expressar questionamentos, aprofundar ideias teóricas e estreitar relações que me dão sustentação para seguir investigando e me dedicando à prática solitária e abençoada da clínica em psicologia.

Celso Eduardo Lago CostaMDF-Área Clínica- UNAT-BRASIL

Quão encantador torna-se a UNAT-BRASIL...O time dos Analistas Transacionais cresceu de maneira muito significativa neste ano. O ano de 2014 ficou marcado na história da Associação. Houve um aumento no número de Membros Didatas em Formação (MDF) e para a UNAT-BRASIL é enriquecedor e transformador este crescimento.

Este número mostra que estar na Associação é interessante e podemos colher bons frutos fazendo parte deste time. É com muito orgulho que compartilhamos com os leitores da Revista Opções este fato histórico da nossa Associação.

Nos dias 14 a 16 de Novembro de 2014 tivemos o privilégio de estar com a profissional Márcia Beatriz Bertuol nas

aulas do AT 303, em Porto Alegre. Ela esteve presente com todo o seu carinho e excelência nestes três dias. Os MDF puderam aprender com a profissional a sua Didática e competência em nos ensinar através de seu exemplo.

Para Márcia os MDF demonstraram interesse e dedicação às aulas ministradas e foi muito positivo. Isto mostra quão enriquecedor tem sido para os profissionais que ministram as aulas estar junto de pessoas que se envolvem nesta caminhada de crescimento e aprofundamento da teoria.

Os dias dos MDF foram bastante intensos nestes três dias na Casa de Retiros Vila Betânia, em Porto Alegre. Cada um pode demonstrar o que tinha de melhor para este grupo na convivência com o outro.

Pudemos também experimentar cada alimento feito com carinho pela Casa. O lugar é especial...bem escolhido e acolhedor.

Participar deste módulo em Porto Alegre foi muito bom para os MDF e proporcionou mais conhecimento e proximidade com os colegas e amigos do AT 303. É com honra que agradecemos a oportunidade de pertencer a UNAT-BRASIL que nos oferece opção adulta de crescimento.

Aniângelis Cardoso Ribeiro Guimarães MDF-Área Clínica- UNAT-BRASIL

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O 303 para mim significa momento impar para reciclar meus conhecimentos teóricos e vivenciais na teoria da AT, significa também uma grande oportunidade de crescimentonas minhas relações com os colegas participantes onde posso aprender muito com cada pessoa, como ela entende, e vive a Análise Transacional tanto no âmbito pessoal como profissional. É também um momento que tiro da minha rotina de trabalho para cultivar momentos ricos.

Ser um didata disseminador da AT para mim é literalmente oferecer ao meu público algo em que acredito e valorizo. É acima de tudo procurar me qualificar e preparar cada dia mais para ser um canal de conhecimento assertivo e honesto.

Mary MelazzoMDF Área Clínica- UNAT- BRASIL

UMA VIDA DE MÃOS DADAS COM A ANÁLISE TRANSACIONALA Análise Transacional permeia a minha vida pessoal e profissional desde 1974 quando Alberto Luis da Rocha Tavares convidou-me para participar de um grupo pioneiro no Rio de Janeiro de estudos e divulgação da AT no Brasil. Desde então nestes 40 anos de vida profissional, como psicoterapeuta, a AT está presente em meu pensar e atuar transacionalmente na prática clinica bem como na minha vida pessoal.

Já passei por muitas fases no acúmulo

DEPOIMENTOS

de experiências principalmente quando incorporei aos meus conhecimentos teórico-metodológicos de AT os conhecimentos e práticas obtidos na minha formação em Vegetoterapia Reichiana.

Além dos conhecimentos teóricos devo acrescentar que minha terapia pessoal, em AnáliseTransacional e Vegetoterapia Reichiana, ajudou-me na minha organização interna propiciando um melhor e mais eficaz desempenho como psicoterapeuta.

Ao terminar em 2012 a Pós Graduação Latu-Sensu em Análise Transacional obtendo o título de Especialista em Análise Transacional e ser Certificado como Membro Clínico da UNAT senti-me pronto e instigado a percorrer o caminho de Formação para Didata em Análise Transacional, orientado pelo Didata Ede Lanir Ferreira Paiva que escolhi e fui aceito como orientando.O meu conhecimento teórico vem se aprofundando no decorrer de todos esses anos dividido em dois períodos: . de 1974 até 1987 quando freqüentei o Curso AT 202 ministrado por Alberto Luis da Rocha Tavares, Ralph Berg e Regina Labarthe fazendo vários cursos de extensão com profissionais do Brasil e do exterior, entre outros: Muriel James (EUA) , Taibi Kahler (EUA), Jacqui Lee Schiff (EUA), WilliamH. Holloway (EUA) , FrancoDel Casale (Argentina), Roberto Kertesz (Argentina), Marilin Zalcmam (EUA), Claude Steiner (EUA), Juan Jose Tápia (Argentina), Roberto Shiniashiki (SP), Roberto Crema (SP).

Após 2000, retornando ao convívio sistemático da teoria de AT com Ralph Berg e a MDF Adriana Montheiro, participando do Curso de Reciclagem em AT ministrado por Ralph Berg, houve então um aprofundamento de conhecimentos e da produção científica mais atualizada e integrada aos novos rumos trilhados pela UNAT-Brasil.

A possibilidade de aplicação dos conceitos da Análise Transacional na vida diária – pessoal, social e profissional - é um caminho que me conduz a muitas possibilidades. Durante este meu caminhar de mãos dadas com a AT muitas aplicações povoaram minha atuação profissional, não só como psicoterapeuta mas como educador, já que durante 21 anos trabalhei na Secretaria de Educação do Estado e do Município do Rio de Janeiro onde tive a oportunidade a usar os conceitos de AT em um curso dado ao Corpo Docente da Escola Municipal Soares Pereira.

Pensar e atuar transacionalmente na minha prática de consultório é uma aplicação que venho realizando há 40 anos acumulando muita experiência, aliando, frequentemente, abordagens corporais adquiridas na minha formação em Vegetoterapia Reichiana.

Ser Didata em Formação é aprofundar-me na teoria de AT, não só no Curso AT 303, com Didatas de AT, mas na produção bibliográfica mais recente de autores de AT. É poder continuar fazendo uma relação entre

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o conhecimento teórico metodológico da AT com o conteúdo teórico metodológico da Vegetoterapia Reichiana

Ser Didata em Formação me dá possibilidades de aprendizagem em dois caminhos instigantes para mim: a administração de um Curso de Pós Graduação Latu Sensu em Análise Transacional e a formação de Membros Certificados Clínicos, metas que pretendo alcançar. Aprendendo com Didatas de AT nas suas atuações nestes dois objetivos está me dando possibilidades de estruturar a minha própria forma de aplicação.

Compartilhar e ensinar o meu conhecimento e minha forma de atuar como psicoterapeuta vem me dando muito prazer. Percebo que a convivência com outros Didatas e seus métodos de ensino estão neste momento de minha vida aprimorando a minha forma de passagem do conhecimento e da experiência que adquiri em tantos anos de atuação.

Muito recentemente surgiu, dentro de mim, a instigante vontade de Certificar-me com Membro Organizacional em AT, meta que acrescentei a este meu caminho e que pretendo realizar.

Este sou eu, este foi meu caminhar e estas são metas que ainda quero e vou alcançar.

Vitor Merhy - MDF Clínico UNAT-BRASIL

O período que antecedeu o meu “batismo” como Membro Didata em Formação no primeiro encontro do 303 foi vivido com uma sensação de contentamento por voltar ao local onde passei pelo SED e com a perspectiva do encontro com colegas e mestra que participaram deste momento mágico. O que me chamou a atenção no processo de condução da Didata Márcia Bertuol - com sua postura serena, equilibrada e segura do que estava fazendo - foi o estimulo constante ao desenvolvimento do nosso potencial, a tranqüilidade e oqueidade em todo o decorrer do encontro e um convite ao crescimento pessoal e profissional. O aporte de novos conteúdos interessantes - permitindo ver quanto material tem sido produzido com base em AT - nos estimula a buscar a constante atualização e aprimoramento - Parabéns Márcia pelas escolhas e indicações dos textos.

Também a escolha do espaço para as atividades foi muito feliz por este passar serenidade e acolhimento e por estimular um convívio intenso, um convite à intimidade, propiciando o afloramento de vínculos saudáveis e divertidos.

Quando penso em “por que Analise Transacional?” me vem logo a lembrança quanta coisa mudou na minha vida (quando ainda economista) e fazendo terapia com analistas transacionais (Antônio Pedreira e Dolores Araújo). Vendo e vivendo a sua eficiência como método terapêutico nasce assim uma

curiosidade que se transforma em amor o que me levou a fazer formação em psicologia na Universidade Federal da Bahia. Uma certeza já tinha desde o primeiro semestre: queria ser analista transacional.

Hoje o mesmo amor me move a querer levar para outras pessoas este conhecimento, e o 303 se mostra como o mais eficiente método de aprimoramento. Além do mais, depois de tomar conhecimento de que o 303 da UNAT-BRASIL é reconhecido como o mais eficiente modelo estruturado de formação de Membros Didatas (segundo Rosemary Napper, ex-presidente da ITAA e vendo por mim mesma como se estrutura esta formação em outros países).

Estar neste encontro, com número recorde de participantes, me deixou muito feliz e passou-me a sensação de pertencimento imediato pela acolhida, nem parecia que era o meu “batismo”.

Sônia Nogueira PedreiraMDF Clínico UNAT-BRASIL

DEPOIMENTOS

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palavra do associado

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Tive a sorte de ter grandes Mestres e Mestras que marcaram minha vida profissional. Um destes, Jorge Ponciano, em 1976, recém chegado de um Pós-doutorado nos Estados Unidos, onde conhecera a Análise Transacional e desejoso de introduzi-la na academia (UnB), colocou-a na lista dos temas para seminários a serem apresentados durante o semestre. “Por acaso” (que sabemos não existir), escolhi a AT.

Terminado o Mestrado, mesmo dando aula na faculdade, era hora de cuidar de minha formação na área clínica. Em 1981, a convite de Joines Ferreira, Didata em Formação, fiz o 101. Comecei o AT 202 em 1984, com o outro grande Mestre, algo além de professor, Roberto Crema. Aprendi AT e

participei, já Certificada Analista Transacional, durante quase 15 anos, do SAST, Seminários Avançados de Síntese Transacional. Neste grupo, acompanhamos Roberto na sua teoria de ampliação da AT. Foi um espaço rico de crescimento pessoal, aprendizado teórico e altervisão de casos clínicos. A facilitação firme, criteriosa, respeitosa e ampla do Roberto foi um marco referencial para cada um de nós.

Até hoje, cada 101 que facilito é um aventura especial. Um grupo novo que vai estar ali. Ver as fisionomias curiosas e, em alguns momentos, deslumbradas com os insigts, sempre me emociona. E isto reforça o que ouvimos sempre do Roberto Crema sobre a importância do encontro, como um caminho de cura, de aprendizado. Isto faz da Análise Transacional uma teoria viva, sempre acontecendo.

Retomando minha trajetória, fui lecionar Teorias e Técnicas Psicoterápicas e tive oportunidade de divulgar a AT na Academia. Jorge Ponciano falava da Gestalt nas minhas turmas no CEUB e eu falava de AT nas suas turmas na UnB. Além das aulas na faculdade e do consultório, facilitava vários AT 101 durante o ano e dava palestras de AT. Não tinha a menor intenção de fazer o AT 303.

No entanto, Suzana Joffily, outra amiga Analista Transacional

Miriam Cibreiros

Minha trajetória na ATPor Miriam Cibreiros

Certificada, falava-me sobre a importância de darmos continuidade à AT em Brasília, pois àquela época não havia nenhum Didata se dedicando formalmente a este processo. Também a insistência de um pequeno grupo, muito querido, influiu na decisão de fazer o SED e, logo em seguida, formar minha primeira turma do AT 202. Já nesta primeira turma, sonhando termos uma pós em AT, abri um espaço para Metodologia Científica, ainda sem a devida sistematização. De certa forma, comprometi-me com o grupo que iria atrás da realização deste sonho. Este foi um sonho compartilhado por muitos, a UNAT proporcionou espaço e meios e a Pós é hoje uma realidade.Num amadurecimento, sem pressa, e no 303, sob a orientação paciente e respeitosa da Mestra Jane Maria Pancinha Costa, preparei-me para atravessar o último Portal da Formação de AT.

No Fórum de Foz do Iguaçu, num clima de Encontro, de Tríplice Aliança de países vizinhos, no dia 15 de outubro, Dia do Mestre, fui aprovada no exame para Didata. Sincronicidades!

Tudo aconteceu do jeito que era para acontecer, numa verdadeira conspiração. Sou grata a Deus e a cada um, mestres, colegas alunos e clientes, que esteve comigo nesta trajetória profissional, de encontros e maravilhoso aprendizado.

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Em 1998 participei de uma turma do AT 101 e fiquei bastante tocada com a reflexão sobre um dos temas.

Sai do curso motivada a me rever no papel de mãe e foi esse desejo que me levou ao AT 202.

Mesmo sabendo que se tratava de uma “formação” profissional, fui para ele com uma busca bem mais pessoal.

Queria continuar estudando essa teoria e as opções que ela me trazia, com o coração na minha vivência como mãe de 3 pré adolescentes. O resultado foi ganho para vários outros papéis.

A teoria e a prática da AT fizeram tanto sentido para mim, que quis seguir como educadora, passando pelo SED e pelo 303,

onde pude conviver com colegas queridos e outros didatas além das minhas formadoras.

Foi esse significado da AT na minha vida que me estimulou a fomentar a reunião de outros interessados em seguir estudando AT, o que culminou com o que carinhosamente chamamos de “Grupo de Estudos da AT no PR” – na época em que o grupo nasceu somente havia turmas do curso AT 202 em Curitiba.

Esse grupo nasceu com os objetivos de: estudar AT, divulgar a AT para a comunidade e praticar a AT entre nós integrantes do grupo.

Entendo que o longo dos últimos 5 anos esse grupo vem cumprindo seus objetivos, realizando pequenos e grandes eventos, alguns internos e outros abertos para o publico em geral.

É com gratidão que relembro dessa trajetória,gratidão a todos que fizeram parte dela de alguma maneira.

Laucemir Silveira

A Análise Transacional em minha vidaPor Laucemir Silveira

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Paola Frizzo PasquottoPsicóloga formada pela UFRgS, associada à UNAT-BRASIL.

artigo científicoANÁLISE TRANSACIONAL COMO FACILITADORA DA AUTONOMIA NO CAMPO DA VULNERABILIDADE SOCIAL

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RESUMO

Cerca de um terço da população brasileira vive em situação de po-breza e de Vulnerabilidade Social. O atendimento do Poder Público às demandas desta parcela da po-pulação mostra-se emblemático. Este estudo apresenta uma leitura crítica das relações que se estabe-lecem entre trabalhadores e usu-ários das Políticas Públicas, bem como propõe um repertório de intervenções a partir do referen-cial teórico da Análise Transacio-nal – AT. Entende-se que, embora as ações do Poder Público consi-derem a Autonomia dos sujeitos, muitas vezes, a relação entre tra-balhadores e usuários não traduz esta intenção e pode, inclusive, reforçar a Dependência. Neste contexto, tornam-se necessárias intervenções que possam, efeti-vamente, estimular o desenvolvi-mento das capacidades e da Auto-nomia das pessoas. PALAVRAS-CHAVEOpressão; Passividade; Autono-mia.

Contextualização

No Brasil, quase um terço da po-pulação vive com até meio salário mínimo per capta, segundo dados do IBGE publicados no relatório da ONU de 2002 (BRASIL, 2002). Em termos absolutos, são cerca de

54 milhões de pessoas que podem ser consideradas pobres.

A pobreza é uma situação com-plexa, dinâmica e coletiva, que torna vulneráveis não apenas os indivíduos nesta condição, mas que afeta a vida da sociedade de modo geral. Neste sentido, as ações de combate à pobreza, à fome e à desigualdade social têm ganhado cada vez mais espaço e investimentos no cenário das Po-líticas Públicas no Brasil.

Para Kaztman (1999), a Vulnera-bilidade de um indivíduo, família ou grupo social refere-se à sua maior ou menor capacidade de ter ou controlar as forças que afetam seu bem-estar diante do enfrenta-mento de situações de risco, em um determinado contexto.

Trabalho como psicóloga inserida na Política Pública de Assistência Social no município de Canoas, RS, e observo que a pobreza, ain-da que extrema, não retira tudo das pessoas. Aqueles que sobrevi-vem nesta condição detêm poten-cialidades e recursos outros que trabalham juntos na superação cotidiana das dificuldades.

A Assistência Social é dever do Estado e direito de todo cidadão que dela necessitar. O caráter se-letivo, assistencial e protetivo desta Política Pública tem gera-

do controvérsias no que tange à atuação dos profissionais. Nesse contexto, a relação entre o pro-fissional e o usuário se estabelece a partir de uma desigualdade de poder e de hierarquia entre aque-le que está fora da zona de Vul-nerabilidade Social e aquele outro dito vulnerável, que demanda au-xílio e proteção. Este é o terreno da Opressão.A Opressão exige uma adaptação do indivíduo ao meio em que está inserido e, embora esteja presente desde os primórdios nas relações intrafamiliares, poderá se perpe-tuar ao longo da vida em outras experiências de relações sociais. Para Steiner (1976), as situações de Opressão limitam a realização das potencialidades humanas na sua plenitude. O indivíduo opri-mido, invariavelmente, está impe-dido de sentir, pensar e agir com Autonomia.

O objetivo do presente estudo é problematizar as relações entre indivíduos em situação de Vulne-rabilidade Social e servidores pú-blicos, executores da Política da Assistência Social, à luz do refe-rencial teórico da Análise Transa-cional - AT. Pretende-se, também, apresentar intervenções eficazes para a promoção da Autonomia das pessoas.

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O Treinamento para Incapacidade e Dependência

O treinamento para a Incapaci-dade começa na infância, alimen-tado pela Opressão nas relações intrafamiliares. Sob pressão, a criança toma certas decisões pe-rante a vida, com uma percepção limitada acerca das opções de ser e de se comportar e sofre com a restrição da espontaneidade e da flexibilidade na resolução de seus problemas. As decisões tomadas são baseadas em crenças sobre si mesmo, sobre os outros e sobre a vida; crenças estas que o indiví-duo passará toda a sua existência tentando comprovar, caso não possa confrontar-se – ou ser con-frontado – consigo mesmo. Basi-camente, este constitui o Sistema do Script de Vida (BERNE, 1988).Inúmeras são as situações viven-ciadas em um contexto de Vulne-rabilidade Social, especialmente as privações, que limitam a capa-cidade das pessoas de sentirem, pensarem e agirem com Auto-nomia. Tais situações despertam sentimentos de inferioridade, menos-valia, superadaptação e, certamente, imprimem peculia-ridades à formação do Script. Ou seja, o Script de Vida está inseri-do num contexto social, conforme Pozatti (1989).

Quando a família permanece du-rante longo período na zona de Vulnerabilidade Social, a matriz do sistema que produz a Incapaci-dade vai sendo replicada geração após geração em um determinado círculo de relações interpessoais. A transmissão intergeracional das situações de Vulnerabilidade So-cial, num crescente de gravidade, demonstra o que Rodarte (2004) afirmou sobre a pobreza como um Script Cultural, que homogeneí-za, entre os diferentes indivíduos,

as crenças de Incapacidade, a pre-ferência por determinados tipos de Transações (Criança Adapta-da – Pai Negativo), de Passatem-pos (Transação do Condenado) e de Jogos (Jogo da Salvação, Sim, mas..., Só estou tentando ajudar).

Combatendo a Passividade

Steiner (1976) afirma que a In-capacidade promovida pelo Jogo da Salvação pode ser combatida efetivamente em terapia. Assim também se posicionam Schiff & Schiff (2010) quanto aos Com-portamentos Passivos. Estes es-clarecem que os mesmos reque-rem intervenção terapêutica, pois “o passivo precisa aprender que seu ambiente pode e exigirá dele uma participação ativa e solução de problemas, a fim de destruir a grandiosidade” (p.35). A relação profissional-usuário da Assistên-cia Social também constitui espa-ço privilegiado para este combate. Quando uma pessoa adota um Comportamento Passivo do tipo Não fazer nada, deve receber Ca-rícias negativas, com o objetivo de ser estimulada a participar da conversa mais ativamente, perce-

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bendo as expectativas do in-terlocutor neste sentido. Caso não possua a informação ne-cessária para responder, esta poderá ser buscada na relação com o profissional ou ambos podem acordar como ela será conseguida.

A Superadaptação adotada pelo usuário traz à tona pen-samentos distorcidos acerca de si mesmo, dos outros ou da re-alidade, produzidos a partir da Opressão. É importante con-frontar a pessoa com expec-tativas e definições externas da realidade para ir desfazen-do a Grandiosidade e motivar a pessoa, através da busca de Carícias positivas ou da evi-tação de Carícias negativas, como consequência das suas atitudes.

Sempre que alguém entra em Agitação, este comportamento deve ser tratado com priorida-de pelo profissional, devido à possibilidade de que se con-verta em crise de Violência contra si, contra alguém da família ou da comunidade, ou

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contra o profissional e a institui-ção. A Agitação surge como uma reação à percepção de ameaça à Simbiose e, portanto, a pessoa requer uma intervenção com au-toridade da outra parte, a fim de provocar uma (re)adaptação do Estado de Ego Criança para, pos-teriormente, explorar o significa-do do comportamento – Adulto.

A Violência ou a Incapacitação são os comportamentos mais gra-ves, do ponto de vista das rela-ções sociais, exigindo contenção e suporte, muitas vezes com aju-da de terceiros, da força policial, dos serviços de saúde ou outros meios. Num contexto de Vulne-rabilidade Social, em que as ne-cessidades de sobrevivência das pessoas estão sendo negligencia-das ou não atendidas, emerge o desespero que retira a cathexia do Adulto e potencializa a revolta. Infelizmente, a operacionalização das Políticas Públicas, com frequ-ência, contribui para este proces-so, por sua morosidade, burocra-cia e inoperância.

Caminhos para a Autonomia a par-tir das Relações Sociais

Não restam dúvidas que a escu-ta qualificada constitui o instru-mento primordial na relação do profissional com o seu público--alvo. Com uma boa capacidade de escuta e uma postura favorável diante da pessoa que busca auxí-lio para superar a Vulnerabilida-de em que está inserida, damos passos importantes para a reali-zação das tarefas, que, neste con-texto, frequentemente são muito complexas.

O passo seguinte é descobrir ou criar Opções. Para Macefield e Mellor (2006) a consciência da existência de Opções é crucial

porque sustenta que a ação é pos-sível, ainda que não de forma imediata, e cria um senso de res-ponsabilidade sobre o que é feito, tanto quanto sobre o que deixa de ser feito. Pessoas conscientes da existência de Opções e da respon-sabilidade “costumam falar em primeira pessoa, diferentemente daqueles que estão desqualifi-cando, ignorando a responsabili-dade e atribuindo a terceiros os acontecimentos” (MACEFIELD & MELLOR, 2006 p. 48-49). A partir da experiência do con-tato cooperativo mútuo, instru-mentalizamos e fortalecemos no outro a tomada de decisões e a prontidão para a ação. Cremos que pequenas mudanças, a prio-ri, encorajam mudanças maiores e mais difíceis e habilitam a pessoa a também assumir a responsabi-lidade em todas as demais situa-ções vivenciadas.

Considerações

A perspectiva que norteou a cons-trução deste artigo é um olhar po-sitivo sobre as transformações que vêm ocorrendo na sociedade bra-sileira, em termos de novas con-cepções sobre o indivíduo, sobre as comunidades, a Cidadania e o papel do Poder Público. Há iden-tificação da autora deste trabalho com o entendimento de Steiner (1976) sobre as implicações polí-ticas da Psicologia e, mais preci-samente, da Análise Transacional no campo das relações humanas.

Outro aspecto a ser considerado, como relembra Pozatti (1989), é que, no espiral dinâmico da evo-lução humana, a liberação de uma Opressão significa uma nova lei-tura de mundo e de indivíduo, que, necessariamente, desvela no-vas situações opressivas a serem

superadas. Não obstante, sentir, pensar e agir com Autonomia diante da vida é um exercício de observação do que se passa den-tro e fora de nós, de expansão da consciência e que pode ser favo-recido por relações sociais base-adas no reconhecimento mútuo e na cooperação. E melhor: este aprendizado também fica de he-rança para gerações futuras.

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Você é uma criatura magnífica e está aqui pela sua poderosa e deliberada vontade de estar aqui. Vá em frente, dando atenção para o que você quer, atraindo vivências para lhe ajudar a decidir o que você quer. Uma vez que você decida, dê atenção a isso. Muito do seu tempo será passado coletando dados que o ajudarão a decidir o que você irá querer. Mas o seu verdadeiro trabalho é decidir o que você quer e se focar nisso. Focando-se no que você quer é isso que você irá atrair. Esse é o processo de criação.

Desejamos que as comemorações de final de ano sejam conscientes e em intimidade.

Que 2015 se apresente com muitas oportunidades de autonomia.

mensagem final

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