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Onomástica e o estudo dos nomes próprios Liliane Lemos Santana Barreiros (UEFS/PPGEL/neiHD/NEL) Iago Gusmão Santiago (UEFS/PPGEL/CAPES/neiHD/NEL) Stephanne da Cruz Santiago (UEFS/PPGEL/CAPES/neiHD/NEL) Dayane de Cássia Ferreira da Cruz Silva (UEFS/PPGEL/neiHD)

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Onomástica e o estudodos nomes próprios

Liliane Lemos Santana Barreiros (UEFS/PPGEL/neiHD/NEL)Iago Gusmão Santiago (UEFS/PPGEL/CAPES/neiHD/NEL)

Stephanne da Cruz Santiago (UEFS/PPGEL/CAPES/neiHD/NEL)Dayane de Cássia Ferreira da Cruz Silva (UEFS/PPGEL/neiHD)

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Na aula anterior...

1 Fraseologia2.1 O que é fraseologia?2.2 O objeto de estudo da fraseologia

2 Unidades fraseológicas2.3 Características2.4 Tipologia

3 Pesquisas em fraseologia3.1 Marcadores culturais e UFs na obra de Jorge Amado

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Roteiro

1 Onomástica1.1 Domínio da disciplina1.2 Interface com outras áreas

2 Métodos da pesquisa onomástica3.1 O estudo dos antropônimos3.2 O estudo dos topônimos

3 Toponímia em Libras3.1 Toponímia em Libras em Feira de Santana

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Onomástica

“A Onomástica se integra à Lexicologia, caracterizando-secomo uma disciplina da linguagem que possui duas áreas deestudo: a Antroponímia e a Toponímia. Ambas têm comoobjeto de pesquisa o nome próprio: a primeira, aAntroponímia, trata dos nomes das pessoas – os nomespróprios individuais, os nomes parentais ou sobrenomes e asalcunhas ou apelidos. Já a segunda, a Toponímia, se integra àOnomástica como a área que investiga o léxico toponímico,por meio do estudo da motivação e origem dos nomespróprios de lugares” (SEABRA; ISQUERDO, 2018, p. 993).

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Onomástica

“O estudo dos nomes, conhecido como ‘onomástica’, é umadisciplina antiga e jovem. Desde a Grécia antiga, os nomes sãoconsiderados centrais no estudo da linguagem, lançando luz sobrecomo os humanos se comunicam e organizam seu mundo. [...] Ainvestigação das origens do nome, por outro lado, é mais recente,não se desenvolvendo até o século XX em algumas áreas, estandoainda hoje em estágio formativo em outras. Aqui, a ênfase está naetimologia, rastreando sistematicamente a derivação de nomesindividuais no tempo, e os dados resultantes forneceram uma ricabase de evidências para a investigação de tópicos históricos elinguísticos. Relativamente novo é o estudo de nomes na sociedade,que se baseia em técnicas da sociolinguística e vem ganhando forçagradualmente nas últimas décadas” (HOUGH, 2016, p. 1, traduçãonossa).

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O objetivo da onomástica

“Às vezes usamos o termo onomatologia, mas se esse termo serefere a uma ciência de nomes e não a meras aglomerações deinformações sobre nomes individuais, é uma ciência quedificilmente se pode dizer que existe. Mesmo pela interpretaçãomais liberal, uma ciência sem filosofia e sem teoria dificilmentemerece esse nome. A esse respeito, os estudiosos europeus foramnegligentes por terem dedicado suas energias quase totalmente àmera etimologia. Os estudiosos americanos também, com todo umcontinente de nomes a dominar, geralmente também se dedicam acortar árvores individuais e não a examinar a floresta. Na teoria donome, temos um campo rico e pouco explorado que não é apenasinteressante por si só, mas também é importante para orientar osestudos de nomes individuais” (STEWART, 1953, p. 75-76, traduçãonossa).

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O nome

“À Onomástica interessa o nome – distinto da palavra – poispressupõe um nomeador e um nomeado, uma representaçãoexterna à qual ele se une: “o nomeador (sujeito, emissor ouenunciador), o objeto nomeado (o espaço e suas subdivisõesconceptuais, que incorpora a função referencial, sobre o que recairáa ação de nomear), o receptor (ou o enunciatário, que recebe osefeitos da nomeação, na qualidade de sujeito passivo)” (DICK,1998, p. 103). Nessa transmigração a palavra se desloca do sistemalexical para o sistema onomástico, transcodificando-se, ou seja, doplano onomasiológico da língua (da designação) se integra aoplano semasiológico (da significação). Na construção do processodenominativo, a palavra incorpora o conceito dessa operaçãomental, cristalizando o nome e, assim, possibilitando a suatransmissão às gerações seguintes (SEABRA, 2006, p. 1954).

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Sistema lexical e onomástico

bahia

salvador

rio

de

janeiro --------------- sistema lexical

BahiaSalvadorRio de Janeiro -------------------- sistema onomástico

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? ----------------------- sistema lexical

VanessaJoséPedro ---------------------- sistema onomástico

Sistema lexical e onomástico

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-zinho ----------------------- sistema lexical

Ipirá > Ipirazinho

Camisão > Camisãozinho ---------------------- sistema onomástico

Sistema lexical e onomástico

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O nome, lexema e lexia

Lexema: macaúba ~ macaíbaLexias: macaúba, macaúbas

Macaúbas

Tupi - MAKAÎUBA, em tup. ant., ‘variação de palmeira’ (NAVARRO, 2013).

Município fundado em 1832.

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Designador rígido

“O topônimo e o antropônimo são, pois, entidades que vãoalém da expressão lingüística e envolvem, obrigatoriamente,os referentes que destacam. Dentro dessa “teoria causal dareferência”, OLIVEIRA (1996) diz que o nome próprio é um“designador rígido”, pois designa um indivíduo de umamaneira única e direta. Mais que isso, acrescentamos que osnomes de lugares, assim como os nomes de pessoas são“designadores rígidos” já que representam ou são ospróprios referentes em uma situação de comunicação,podendo-lhes atribuir, por isso, no âmbito dos estudoslingüísticos, certa singularidade” (SEABRA, 2006, p. 1954).

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Designador rígido

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Designador rígido

macaúba

[+ caule] [+cilíndrico] [+ ramificado] [± subterrâneo]

Vou comprar uma macaúba.Amo as minhas macaúbas.Esta macaúba está belíssima.

Adaptado de Seabra (2006).

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Designador rígido

Adaptado de Seabra (2006).

Macaúbas

[+ caule] [+cilíndrico] [+ ramificado] [± subterrâneo]

Nasci em uma Macaúbas.Amo minha Macaúba.Esta Macaúbas está ão belíssimas.

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Designador rígido

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Tipologia dos nomes

Stewart (1953):

Nomes de pessoas;Nomes de instituições e corporações;Nomes de marcas;Nomes de tribos, grupos, dinastias etc.;Títulos (nomes atribuídos a livros, obras de arte etc.);Nomes de lugar;Nomes de eventos históricos;Nomes de abstrações não personificadas (correntes filosóficas,movimentos etc);Nomes de objetos famosos não personificados (diamante Koh-i-nor‘montanha de luz’).

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Tipologia dos nomes

The Oxford Handbook of Names and Naming (2016)

Nomes em obras literárias (Onomástica literária);

Nomes de aeronaves;

Nomes de animais;

Nomes de astros;

Nomes de moradias;

Nomes de locomotivas e de trens;

Nomes de navios.

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Antroponomástica e toponomástica

Congresso Internacional de Ciências Onomásticas (ICOS 2011)recomendou a distinção:

Antroponomástica: disciplina que estuda os nomespróprios de pessoas, os antropônimos.

Antroponímia: conjunto de nomes próprios de pessoas.

Toponomástica: disciplina que estuda os nomes próprios,os topônimos.

Toponímia: conjunto dos nomes próprios de lugar.

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Interface com outras disciplinas linguísticas

- Etimologia (origem dos nomes)

- Dialetologia (geografia linguística)

- Morfologia (estrutura da nomeação)

- Sociolinguística (nome e sociedade)

- Etnolinguística (nome e cultura)

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Interface com outras áreas

“Como a Onomástica nos traz valiosas informações quepodem ser utilizadas em diversas áreas do conhecimentohumano, sublinhamos o fato de que essa disciplinalinguística tem um caráter interdisciplinar, interessando nãosó à ciência linguística, como, também, a outras ciências,cabendo destacar a História, a Geografia, a Arqueologia, aGenealogia, a História Social e a Cartografia que seutilizam de informações proporcionadas pelas pesquisasantroponímicas e toponímicas, o que é uma mostrasuficiente da riqueza e importância da área” (SEABRA;ISQUERDO, 2018, p. 994).

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Roteiro

1 Onomástica1.1 Domínio da disciplina1.2 Interface com outras áreas

2 Métodos da pesquisa onomástica3.1 O estudo dos antropônimos3.2 O estudo dos topônimos

3 Toponímia em Libras3.1 Toponímia em Libras em Feira de Santana

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Antroponomástica

Dick (1992) aponta que os primeiros estudos sobre aonomástica são provenientes da França (a partir de 1878), edepois dos Estados Unidos (década de 40 e 50). Ainda, paraa pesquisadora, a expressão, Antroponímia, em línguaportuguesa, data de 1887 é do filólogo português Leite deVasconcelos, que a utilizou em sua Revista Lusitana, o qualapresenta uma definição bem clara para o conceito, “estudodos nomes individuais, com o dos sobrenomes e apelidos(...)”, concluindo que, sem dúvida, a cultura do grupo édeterminante na condução desse saber-fazerdenominativo, responsável pelas novas séries de designaçãoque formam a cadeia lexical (VESCOVI; SEIDE, 2013, p. 226).

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Antroponomástica

“Apesar de ser algo tão cotidiano e comum, a importância doantropônimo não costuma ser percebida pelas pessoas emgeral, porém, sabe-se que o nome próprio tem como funçãoregistrar atitudes e posturas sociais de um povo, suascrenças, profissões, região de origem, entre outros aspectos.Quanto às causas que motivam a escolha dos nomes, Dick(1992) aponta influências históricas, políticas e religiosas; ascircunstâncias, tempo e lugar do nascimento do indivíduo;os nomes relativos à profissão; e nomes curiosos eexcêntricos” (VESCOVI; SEIDE, 2013, p. 226).

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Antroponomástica

Ya'akov (heb. calcanhar) > Iacobus (lat.) >Iacobus > Iaco [k] > Iago [g]

Santo Iago > Sant’Iago > Santiago > Santiago> Tiago ~ Thiago

Santiago (Compostela, Chile)Santiago (sobrenome)

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Ficha antroponomástica

“A ficha antroponomástica permite a visualização daascendência do nomeado. A partir das informações queconstam na ficha, pode-se investigar as razões daescolha do nome, ou seja, pode-se observar se o nomedo registrado é/foi influenciado pelos seus ancestrais, seremete ao nome dos avós ou se sofre influência daascendência dos país, que será observada a partir dosobrenome e dos nomes dos familiares que também sãoregistrados na ficha antroponomástica a seguirreproduzida” (VESCOVI; SEIDE, 2013, p. 227).

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Ficha antroponomástica

(VESCOVI; SEIDE, 2013, p. 228).

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Toponomástica

“[...] se integra à Onomástica como disciplina queinvestiga o léxico toponímico, através do estudo damotivação dos nomes próprios de lugares.Constitui-se de enunciados lingüísticos, formadospor um universo transparente significante quereflete aspectos culturais de um núcleo humanoexistente ou preexistente” (SEABRA, 2006, p. 1953).

Motivação + origem, variação, mudança e uso.

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Toponomástica

Segundo Dick (1990) motivação toponímicapode ser entendida sob dois pontos de vista:

Do denominador: razões para a seleção deuma lexia.

Do produto: a natureza semântica da lexiaou as lexias selecionadas para constituir osintagma toponímico.

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Sintagma toponímico

Elemento/termo genérico: refere-se ao acidentenomeado (rua, praça, cidade)

Elemento/termo específico: nome particular doacidente, que o identifica.

AvenidaGEN Sete de SetembroESP

AvenidaGEN Getúlio VargasESP

BairroGEN Cidade NovaESP

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Toponomástica

“Os nomes de lugares designam de uma maneira única umespaço físico que corresponde a um conjunto de descriçõesou, se quisermos, que é identificável por um determinadoconjunto de propriedades que só a ele dizem respeito. Namaioria das vezes, essa nomeação se dá quando um lugar é‘batizado’ por uma pessoa ou por um grupo no início deseu povoamento e esse batismo passa a fazer parte dacadeia de acontecimentos que levou o denominador aassociar o espaço físico ao nome, transmitindo-o, emseguida, aos membros de uma comunidade lingüística.Nesse processo, quando se consegue preservar o sentido,preserva-se a informação sobre o lugar” (SEABRA, 2006, p.1956)

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Cacolé - município

Cacolé - kimbundo: kakolé, ‘passarinho’. (RAMOS, 2008).

Acomodação gráfica.

Cacolé - A palavra quimbundo kasule, ‘caçula’ (CORREIA, 2017).

Processos fonéticos: [z]? > [k], [u] > [o], [i]? > [ɛ], mudança de tonicidade: [ka'zuli] > [kasu’lɛ] (AULETE, on-line)

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Classificação taxonômica

Dick (1980; 1990; 1992) divide os topônimos em duascategorias:

Natureza física: motivados por características próprias doambiente físico, ou seja, naturais: animais (zootopônimos),plantas (fitotopônimos), acidentes hidrográficos(hidrotopônimos) etc.

Natureza antropocultural: motivados por características dosaspectos sócio-culturais do entorno do denominador: lugaresse sociabilidade (sóciotopônimos), fatos históricos(historiotopônimos), cultura religiosa (hierotopônimos) etc.

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Cacolé - município

Cacolé - kimbundo: kakolé, ‘passarinho’. (RAMOS, 2008).

Zootopônimo ou Antropotopônimo?

Cacolé - A palavra quimbundo kasule, ‘caçula’ (CORREIA, 2017).

Antropotopônimo ou outro?

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Roteiro

1 Onomástica1.1 Domínio da disciplina1.2 Interface com outras áreas

2 Métodos da pesquisa onomástica3.1 O estudo dos antropônimos3.2 O estudo dos topônimos

3 Toponímia em Libras3.1 Toponímia em Libras em Feira de Santana

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Referências

AULETE DIGITAL. Disponível em: http://www.aulete.com.br/index.php. Acesso em: 25 ago. 2020.

CORREIA, Clese Mary Prudente. Bahia de todos os cantos e recantos: marcas identitárias e culturais na toponímia da Bahia. 2017. 248f. Orientadora: Celina Márcia de Souza Abbade. Dissertação (Mestrado Estudo de Linguagens). Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens – Departamento de Ciências Humanas – Universidade do Estado da Bahia, Salvador, 2017

DICK, M. V. P. A. A motivação toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Arquivo do Estado, 1990.

DICK, M. V. P. A. Toponímia e antroponímia do Brasil: coletânea de estudos. 3. ed. São Paulo: FFLCH/USP, 1992.

HOUGH, Carole. Introduction. In: HOUGH, Carole (Eds.). The Oxford handbook of names and naming. United Kingdom: Oxford University Press, p. 1-13, 2016.

RAMOS, Ricardo Tupiniquim. Toponímia dos municípios baianos: descrição, história e mudança. 2008. 547f. 3 vol. Orientadora: Suzana Alice Marcelino Cardoso. Tese (Doutorado em Língua e Cultura), Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura – Instituto de Letras – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008.

SEABRA, Maria Cândida Trindade Costa de; ISQUERDO, Aparecida Negri. A Onomástica em diferentes perspectivas: resultados de pesquisas. Revista de Estudos da Linguagem, v. 26, n. 3, p. 993-1000, 2018.

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Referências

SEABRA, Maria Cândida. T. C. Referência e Onomástica. In: MAGALHÃES, José Sueli de; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. (Org.). Múltiplas perspectivas em Linguística. Uberlândia/MG: EDUFU, 2006, v. 1, p. 1953-1960.

VESCOVI, Jéssica Paula. SEIDE, Márcia Sipavicius. Antroponímia no oeste paranaense. Revista Philologus, Rio de Janeiro, ano 19, n. 55, 2013, 225-232.

STEWART, George Rippey. The Field of the American Name Society. Berkeley: Names, v. 1, n. 2, p. 73-78, 1953.