OMARSON COSTA

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OMARSON COSTA EBOOK PROXXIMA SELECTIONS

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OMARSONCOSTAEBOOKPROXXIMA SELECTIONS

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OMARSONCOSTAEBOOK PROXXIMA SELECTIONSEBOOK

Page 3: OMARSON COSTA

OMARSONCOSTA

EBOOKPROXXIMA

O Melhor dos Melhores

SELECTIONS

Este é um presente da ProXXIma para você. Reunimos nossos

melhores e mais frequentes colaboradores (eu me incluí

desavergonhadamente na lista) e criamos 4 eBooks para você

baixar online. É o melhor dos nossos melhores.

Começamos com Omarson Costa, hoje head comercial de

Netflix. Só que o Omarson é um profissional que viveu

intensamente a implantação do mundo telecom privado no

Brasil, com destaque para seus anos de atuação na Vivo.

Atuou também na área de parcerias estratégicas de MasterCard,

o que lhe acrescentou ao curriculum um profundo

conhecimento do mundo das finanças.

EBOOK

Page 4: OMARSON COSTA

OMARSONCOSTA

PROXXIMA SELECTIONS

EBOOK Com sua atual passagem por Netflix, Omarson complementa

um conjunto invejável de skills, somando agora uma das

empresas mais disruptivas do mundo do entretenimento e da

mídia contemporânea.

Omarson é, desde sempre, um pesquisador e pensador das

tendências do nosso mercado, com foco em tecnologia,

inovação e negócios.

Dentre os temas que ele escreveu para ProXXIma estão block

chain, robótica, o futuro do mobile, cobrança por dados, entre

outros.

Espero que você goste deste primeiro eBook. Os outros a

gente vai publicando até o final do ano.

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OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

ÍNDICE

RecomendoDr. Cyborg

Como não perderseu empregopara um robô?

Fim da Linha paraCobrança de Dados

Por que você (não)irá trocar de operadorade celular?

Como os robôs noagronegócio podemcriar o Vale do Silíciobrasileiro?

Você ainda vaiter um robô(e mais rápido doque imagina)

Page 6: OMARSON COSTA

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

RecomendoDr. CyborgA ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser ficção científica há mais de uma década

No terceiro episódio de Star Wars, o personagem Anakin

Skywalker sofre sérios ferimentos e perde as pernas. Ele é

submetido a uma cirurgia realizada por robôs e veste a

armadura que o transforma em Darth Vader. Em uma cena do

longa Prometheus, androides realizam operações de forma

autônoma, sem a interferência de um médico. Em Frank e o

Robô um idoso é cuidado por um robô com inteligência

artificial que consegue realizar tarefas como se fosse um

humano.

A ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser

ficção científica há mais de uma década. Em 1998, o cirurgião

francês Alain Carpentier, do Hospital Broussais, de Paris,

realizou com sua equipe a primeira operação de coração a 2

metros de distância, sem encostar no paciente, guiando as

mãos de um robô a partir de um joystick, um procedimento

bem menos invasivo, mais preciso e com uma recuperação

muito mais rápida.

O avanço acelerado da robótica na medicina e o

desenvolvimento de novas técnicas para o diagnóstico e

tratamentos que associam big data, IoT, inteligência artificial,

nanotecnologia, realidade virtual e telemedicina trazem a

perspectiva de uma melhor qualidade de vida, a redução dos

erros médicos e de alcançarmos a cura e a prevenção de

doenças graves, raras e até hoje consideradas irreversíveis.

Com os recursos de microcâmeras e transmissão via Web, o

médico consegue realizar uma cirurgia mesmo que esteja do

outro lado do mundo. Para aprimorar suas técnicas, tem à

disposição um centro cirúrgico virtual onde consegue simular

uma operação de alta complexidade sem colocar o paciente

em risco. A partir do acesso a um gigantesco banco de dados,

ele pode receber recomendações de quais os procedimentos

mais indicados para cada caso, uma iniciativa que já vem

ganhando corpo em várias cidades de alta concentração

populacional.

Nos Estados Unidos, a implementação do New York e-Health

Collaborative está promovendo o intercâmbio de informações

sobre saúde entre diversos órgãos da cidade americana,

assegurando um melhor atendimento da população e

redução de custos com tratamentos ineficazes.

No Brasil, a startup Robô Laura desenvolveu um ecossistema

que combate a infecção hospitalar utilizando uma tecnologia

cognitiva que identifica uma possível enfermidade a partir de

sinais dos pacientes monitorados em tempo real, permitindo

assim um combate eficaz antes que se torne mais grave.

O uso de robôs nas salas de cirurgia já é uma realidade e a

tendência é que estejam cada vez mais presentes no auxílio

aos médicos em tarefas que conseguem realizar com a

mesma destreza e até com mais eficiência que os humanos.

O que dizer de um robô origami dotado de uma bateria não

tóxica que você pode engolir para fazer uma cirurgia de

estômago? Ou do Veebot, que faz sozinho a coleta de sangue

sem que o paciente precise sofrer com diversas picadas até

encontrar a melhor veia? E o Robear, que consegue carregar

um paciente no colo de um leito para outro 40 vezes ao dia

sem se cansar?

É improvável que os androides venham a substituir

completamente os médicos (tema que abordei em meu artigo

“Como não perder seu emprego para um robô?”), uma

profissão que exige não apenas conhecimento científico, mas

a vocação para cuidar, apoiar, lidar com as emoções dos

pacientes.

Mas certamente continuarão trazendo contribuições valiosas

para uma revolução sem precedentes na medicina que irá

aumentar ainda mais nossa expectativa de vida,

possibilitando desfrutarmos da melhor idade com saúde e

vitalidade.

As previsões para o futuro da medicina confirmam

investimentos cada vez maiores em tecnologia. Uma pesquisa

da Mordor Intelligence divulgada recentemente estima que o

mercado global de e-health passará de US$ 124 bilhões este

ano para US$ 244 bilhões em 2021, especialmente em países

que contam com excelente infraestrutura de Internet e

conectividade, como nos Estados Unidos, Europa e na

Ásia-Pacífico. No campo da telemedicina os números também

são exponenciais, saltando, ainda segundo a Mordor

Intelligence, de US$ 23 milhões em 2015 para US$ 66 milhões

em 2021.

Um relatório da Juniper Research indica que em 2020

teremos 157 milhões de usuários de Mobile Health, o que não

é difícil de acreditar considerando a grande oferta de apps e

de wearables que estão sendo lançados para ajudar a

monitorar nossa saúde.

Não à toa, a Apple tem demonstrado apetite para abocanhar

o mercado de e-health com seu Watch, novos softwares e a

aquisição de empresas de tecnologia na área médica.

Já são muitos os casos em que o relógio da maçã está sendo

utilizado na área médica, como no hospital Ochsner, de Nova

Orleans, que desenvolveu um software para monitorar a

hipertensão, ou no Hospital da Universidade de Stanford, que

está investindo em um sistema para acompanhar os níveis de

açúcar de crianças com diabetes.

Para conquistar a comunidade médica e seus fãs, a gigante

também lançou o ResearchKit, uma plataforma de código

aberto para o desenvolvimento de apps que auxiliam na

coleta de dados para condução de pesquisas médicas, e o

CareKit, uma base de software com código aberto para a

criação de apps que ajudam a monitorar as condições

médicas.

Por aqui, as startups de e-health também começaram a

ganhar forte tração nos últimos anos, ocupando a terceira

posição no interesse dos investidores, de acordo com estudo

feito pelo Sebrae. A consultoria PwC estima que os fundos de

investimento e negócios na área da saúde irão aplicar mais de

R$ 17 bilhões em projetos de inovação no Brasil nos próximos

dois anos.

A saúde pública do Brasil merece dias melhores e o emprego

de novas tecnologias poderá ser a salvação especialmente

daqueles que vivem em regiões remotas e não têm fácil

acesso a médicos e hospitais.

Participar desta transformação na medicina é a oportunidade

do País despontar como um player global em novas

tecnologias para saúde. Não acreditar nesta revolução será

como tentar tratar um câncer com aspirina. Vamos tirar o país

do leito de morte?

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No terceiro episódio de Star Wars, o personagem Anakin

Skywalker sofre sérios ferimentos e perde as pernas. Ele é

submetido a uma cirurgia realizada por robôs e veste a

armadura que o transforma em Darth Vader. Em uma cena do

longa Prometheus, androides realizam operações de forma

autônoma, sem a interferência de um médico. Em Frank e o

Robô um idoso é cuidado por um robô com inteligência

artificial que consegue realizar tarefas como se fosse um

humano.

A ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser

ficção científica há mais de uma década. Em 1998, o cirurgião

francês Alain Carpentier, do Hospital Broussais, de Paris,

realizou com sua equipe a primeira operação de coração a 2

metros de distância, sem encostar no paciente, guiando as

mãos de um robô a partir de um joystick, um procedimento

bem menos invasivo, mais preciso e com uma recuperação

muito mais rápida.

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

O avanço acelerado da robótica na medicina e o

desenvolvimento de novas técnicas para o diagnóstico e

tratamentos que associam big data, IoT, inteligência artificial,

nanotecnologia, realidade virtual e telemedicina trazem a

perspectiva de uma melhor qualidade de vida, a redução dos

erros médicos e de alcançarmos a cura e a prevenção de

doenças graves, raras e até hoje consideradas irreversíveis.

Com os recursos de microcâmeras e transmissão via Web, o

médico consegue realizar uma cirurgia mesmo que esteja do

outro lado do mundo. Para aprimorar suas técnicas, tem à

disposição um centro cirúrgico virtual onde consegue simular

uma operação de alta complexidade sem colocar o paciente

em risco. A partir do acesso a um gigantesco banco de dados,

ele pode receber recomendações de quais os procedimentos

mais indicados para cada caso, uma iniciativa que já vem

ganhando corpo em várias cidades de alta concentração

populacional.

Nos Estados Unidos, a implementação do New York e-Health

Collaborative está promovendo o intercâmbio de informações

sobre saúde entre diversos órgãos da cidade americana,

assegurando um melhor atendimento da população e

redução de custos com tratamentos ineficazes.

No Brasil, a startup Robô Laura desenvolveu um ecossistema

que combate a infecção hospitalar utilizando uma tecnologia

cognitiva que identifica uma possível enfermidade a partir de

sinais dos pacientes monitorados em tempo real, permitindo

assim um combate eficaz antes que se torne mais grave.

O uso de robôs nas salas de cirurgia já é uma realidade e a

tendência é que estejam cada vez mais presentes no auxílio

aos médicos em tarefas que conseguem realizar com a

mesma destreza e até com mais eficiência que os humanos.

O que dizer de um robô origami dotado de uma bateria não

tóxica que você pode engolir para fazer uma cirurgia de

estômago? Ou do Veebot, que faz sozinho a coleta de sangue

sem que o paciente precise sofrer com diversas picadas até

encontrar a melhor veia? E o Robear, que consegue carregar

um paciente no colo de um leito para outro 40 vezes ao dia

sem se cansar?

É improvável que os androides venham a substituir

completamente os médicos (tema que abordei em meu artigo

“Como não perder seu emprego para um robô?”), uma

profissão que exige não apenas conhecimento científico, mas

a vocação para cuidar, apoiar, lidar com as emoções dos

pacientes.

Mas certamente continuarão trazendo contribuições valiosas

para uma revolução sem precedentes na medicina que irá

aumentar ainda mais nossa expectativa de vida,

possibilitando desfrutarmos da melhor idade com saúde e

vitalidade.

As previsões para o futuro da medicina confirmam

investimentos cada vez maiores em tecnologia. Uma pesquisa

da Mordor Intelligence divulgada recentemente estima que o

mercado global de e-health passará de US$ 124 bilhões este

ano para US$ 244 bilhões em 2021, especialmente em países

que contam com excelente infraestrutura de Internet e

conectividade, como nos Estados Unidos, Europa e na

Ásia-Pacífico. No campo da telemedicina os números também

são exponenciais, saltando, ainda segundo a Mordor

Intelligence, de US$ 23 milhões em 2015 para US$ 66 milhões

em 2021.

Um relatório da Juniper Research indica que em 2020

teremos 157 milhões de usuários de Mobile Health, o que não

é difícil de acreditar considerando a grande oferta de apps e

de wearables que estão sendo lançados para ajudar a

monitorar nossa saúde.

Não à toa, a Apple tem demonstrado apetite para abocanhar

o mercado de e-health com seu Watch, novos softwares e a

aquisição de empresas de tecnologia na área médica.

Já são muitos os casos em que o relógio da maçã está sendo

utilizado na área médica, como no hospital Ochsner, de Nova

Orleans, que desenvolveu um software para monitorar a

hipertensão, ou no Hospital da Universidade de Stanford, que

está investindo em um sistema para acompanhar os níveis de

açúcar de crianças com diabetes.

Para conquistar a comunidade médica e seus fãs, a gigante

também lançou o ResearchKit, uma plataforma de código

aberto para o desenvolvimento de apps que auxiliam na

coleta de dados para condução de pesquisas médicas, e o

CareKit, uma base de software com código aberto para a

criação de apps que ajudam a monitorar as condições

médicas.

Por aqui, as startups de e-health também começaram a

ganhar forte tração nos últimos anos, ocupando a terceira

posição no interesse dos investidores, de acordo com estudo

feito pelo Sebrae. A consultoria PwC estima que os fundos de

investimento e negócios na área da saúde irão aplicar mais de

R$ 17 bilhões em projetos de inovação no Brasil nos próximos

dois anos.

A saúde pública do Brasil merece dias melhores e o emprego

de novas tecnologias poderá ser a salvação especialmente

daqueles que vivem em regiões remotas e não têm fácil

acesso a médicos e hospitais.

Participar desta transformação na medicina é a oportunidade

do País despontar como um player global em novas

tecnologias para saúde. Não acreditar nesta revolução será

como tentar tratar um câncer com aspirina. Vamos tirar o país

do leito de morte?

Page 8: OMARSON COSTA

No terceiro episódio de Star Wars, o personagem Anakin

Skywalker sofre sérios ferimentos e perde as pernas. Ele é

submetido a uma cirurgia realizada por robôs e veste a

armadura que o transforma em Darth Vader. Em uma cena do

longa Prometheus, androides realizam operações de forma

autônoma, sem a interferência de um médico. Em Frank e o

Robô um idoso é cuidado por um robô com inteligência

artificial que consegue realizar tarefas como se fosse um

humano.

A ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser

ficção científica há mais de uma década. Em 1998, o cirurgião

francês Alain Carpentier, do Hospital Broussais, de Paris,

realizou com sua equipe a primeira operação de coração a 2

metros de distância, sem encostar no paciente, guiando as

mãos de um robô a partir de um joystick, um procedimento

bem menos invasivo, mais preciso e com uma recuperação

muito mais rápida.

O avanço acelerado da robótica na medicina e o

desenvolvimento de novas técnicas para o diagnóstico e

tratamentos que associam big data, IoT, inteligência artificial,

nanotecnologia, realidade virtual e telemedicina trazem a

perspectiva de uma melhor qualidade de vida, a redução dos

erros médicos e de alcançarmos a cura e a prevenção de

doenças graves, raras e até hoje consideradas irreversíveis.

Com os recursos de microcâmeras e transmissão via Web, o

médico consegue realizar uma cirurgia mesmo que esteja do

outro lado do mundo. Para aprimorar suas técnicas, tem à

disposição um centro cirúrgico virtual onde consegue simular

uma operação de alta complexidade sem colocar o paciente

em risco. A partir do acesso a um gigantesco banco de dados,

ele pode receber recomendações de quais os procedimentos

mais indicados para cada caso, uma iniciativa que já vem

ganhando corpo em várias cidades de alta concentração

populacional.

Nos Estados Unidos, a implementação do New York e-Health

Collaborative está promovendo o intercâmbio de informações

sobre saúde entre diversos órgãos da cidade americana,

assegurando um melhor atendimento da população e

redução de custos com tratamentos ineficazes.

No Brasil, a startup Robô Laura desenvolveu um ecossistema

que combate a infecção hospitalar utilizando uma tecnologia

cognitiva que identifica uma possível enfermidade a partir de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

sinais dos pacientes monitorados em tempo real, permitindo

assim um combate eficaz antes que se torne mais grave.

O uso de robôs nas salas de cirurgia já é uma realidade e a

tendência é que estejam cada vez mais presentes no auxílio

aos médicos em tarefas que conseguem realizar com a

mesma destreza e até com mais eficiência que os humanos.

O que dizer de um robô origami dotado de uma bateria não

tóxica que você pode engolir para fazer uma cirurgia de

estômago? Ou do Veebot, que faz sozinho a coleta de sangue

sem que o paciente precise sofrer com diversas picadas até

encontrar a melhor veia? E o Robear, que consegue carregar

um paciente no colo de um leito para outro 40 vezes ao dia

sem se cansar?

É improvável que os androides venham a substituir

completamente os médicos (tema que abordei em meu artigo

“Como não perder seu emprego para um robô?”), uma

profissão que exige não apenas conhecimento científico, mas

a vocação para cuidar, apoiar, lidar com as emoções dos

pacientes.

Mas certamente continuarão trazendo contribuições valiosas

para uma revolução sem precedentes na medicina que irá

aumentar ainda mais nossa expectativa de vida,

possibilitando desfrutarmos da melhor idade com saúde e

vitalidade.

As previsões para o futuro da medicina confirmam

investimentos cada vez maiores em tecnologia. Uma pesquisa

da Mordor Intelligence divulgada recentemente estima que o

mercado global de e-health passará de US$ 124 bilhões este

ano para US$ 244 bilhões em 2021, especialmente em países

que contam com excelente infraestrutura de Internet e

conectividade, como nos Estados Unidos, Europa e na

Ásia-Pacífico. No campo da telemedicina os números também

são exponenciais, saltando, ainda segundo a Mordor

Intelligence, de US$ 23 milhões em 2015 para US$ 66 milhões

em 2021.

Um relatório da Juniper Research indica que em 2020

teremos 157 milhões de usuários de Mobile Health, o que não

é difícil de acreditar considerando a grande oferta de apps e

de wearables que estão sendo lançados para ajudar a

monitorar nossa saúde.

Não à toa, a Apple tem demonstrado apetite para abocanhar

o mercado de e-health com seu Watch, novos softwares e a

aquisição de empresas de tecnologia na área médica.

Já são muitos os casos em que o relógio da maçã está sendo

utilizado na área médica, como no hospital Ochsner, de Nova

Orleans, que desenvolveu um software para monitorar a

hipertensão, ou no Hospital da Universidade de Stanford, que

está investindo em um sistema para acompanhar os níveis de

açúcar de crianças com diabetes.

Para conquistar a comunidade médica e seus fãs, a gigante

também lançou o ResearchKit, uma plataforma de código

aberto para o desenvolvimento de apps que auxiliam na

coleta de dados para condução de pesquisas médicas, e o

CareKit, uma base de software com código aberto para a

criação de apps que ajudam a monitorar as condições

médicas.

Por aqui, as startups de e-health também começaram a

ganhar forte tração nos últimos anos, ocupando a terceira

posição no interesse dos investidores, de acordo com estudo

feito pelo Sebrae. A consultoria PwC estima que os fundos de

investimento e negócios na área da saúde irão aplicar mais de

R$ 17 bilhões em projetos de inovação no Brasil nos próximos

dois anos.

A saúde pública do Brasil merece dias melhores e o emprego

de novas tecnologias poderá ser a salvação especialmente

daqueles que vivem em regiões remotas e não têm fácil

acesso a médicos e hospitais.

Participar desta transformação na medicina é a oportunidade

do País despontar como um player global em novas

tecnologias para saúde. Não acreditar nesta revolução será

como tentar tratar um câncer com aspirina. Vamos tirar o país

do leito de morte?

Page 9: OMARSON COSTA

No terceiro episódio de Star Wars, o personagem Anakin

Skywalker sofre sérios ferimentos e perde as pernas. Ele é

submetido a uma cirurgia realizada por robôs e veste a

armadura que o transforma em Darth Vader. Em uma cena do

longa Prometheus, androides realizam operações de forma

autônoma, sem a interferência de um médico. Em Frank e o

Robô um idoso é cuidado por um robô com inteligência

artificial que consegue realizar tarefas como se fosse um

humano.

A ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser

ficção científica há mais de uma década. Em 1998, o cirurgião

francês Alain Carpentier, do Hospital Broussais, de Paris,

realizou com sua equipe a primeira operação de coração a 2

metros de distância, sem encostar no paciente, guiando as

mãos de um robô a partir de um joystick, um procedimento

bem menos invasivo, mais preciso e com uma recuperação

muito mais rápida.

O avanço acelerado da robótica na medicina e o

desenvolvimento de novas técnicas para o diagnóstico e

tratamentos que associam big data, IoT, inteligência artificial,

nanotecnologia, realidade virtual e telemedicina trazem a

perspectiva de uma melhor qualidade de vida, a redução dos

erros médicos e de alcançarmos a cura e a prevenção de

doenças graves, raras e até hoje consideradas irreversíveis.

Com os recursos de microcâmeras e transmissão via Web, o

médico consegue realizar uma cirurgia mesmo que esteja do

outro lado do mundo. Para aprimorar suas técnicas, tem à

disposição um centro cirúrgico virtual onde consegue simular

uma operação de alta complexidade sem colocar o paciente

em risco. A partir do acesso a um gigantesco banco de dados,

ele pode receber recomendações de quais os procedimentos

mais indicados para cada caso, uma iniciativa que já vem

ganhando corpo em várias cidades de alta concentração

populacional.

Nos Estados Unidos, a implementação do New York e-Health

Collaborative está promovendo o intercâmbio de informações

sobre saúde entre diversos órgãos da cidade americana,

assegurando um melhor atendimento da população e

redução de custos com tratamentos ineficazes.

No Brasil, a startup Robô Laura desenvolveu um ecossistema

que combate a infecção hospitalar utilizando uma tecnologia

cognitiva que identifica uma possível enfermidade a partir de

sinais dos pacientes monitorados em tempo real, permitindo

assim um combate eficaz antes que se torne mais grave.

O uso de robôs nas salas de cirurgia já é uma realidade e a

tendência é que estejam cada vez mais presentes no auxílio

aos médicos em tarefas que conseguem realizar com a

mesma destreza e até com mais eficiência que os humanos.

O que dizer de um robô origami dotado de uma bateria não

tóxica que você pode engolir para fazer uma cirurgia de

estômago? Ou do Veebot, que faz sozinho a coleta de sangue

sem que o paciente precise sofrer com diversas picadas até

encontrar a melhor veia? E o Robear, que consegue carregar

um paciente no colo de um leito para outro 40 vezes ao dia

sem se cansar?

É improvável que os androides venham a substituir

completamente os médicos (tema que abordei em meu artigo

“Como não perder seu emprego para um robô?”), uma

profissão que exige não apenas conhecimento científico, mas

a vocação para cuidar, apoiar, lidar com as emoções dos

pacientes.

Mas certamente continuarão trazendo contribuições valiosas

para uma revolução sem precedentes na medicina que irá

aumentar ainda mais nossa expectativa de vida,

possibilitando desfrutarmos da melhor idade com saúde e

vitalidade.

As previsões para o futuro da medicina confirmam

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

investimentos cada vez maiores em tecnologia. Uma pesquisa

da Mordor Intelligence divulgada recentemente estima que o

mercado global de e-health passará de US$ 124 bilhões este

ano para US$ 244 bilhões em 2021, especialmente em países

que contam com excelente infraestrutura de Internet e

conectividade, como nos Estados Unidos, Europa e na

Ásia-Pacífico. No campo da telemedicina os números também

são exponenciais, saltando, ainda segundo a Mordor

Intelligence, de US$ 23 milhões em 2015 para US$ 66 milhões

em 2021.

Um relatório da Juniper Research indica que em 2020

teremos 157 milhões de usuários de Mobile Health, o que não

é difícil de acreditar considerando a grande oferta de apps e

de wearables que estão sendo lançados para ajudar a

monitorar nossa saúde.

Não à toa, a Apple tem demonstrado apetite para abocanhar

o mercado de e-health com seu Watch, novos softwares e a

aquisição de empresas de tecnologia na área médica.

Já são muitos os casos em que o relógio da maçã está sendo

utilizado na área médica, como no hospital Ochsner, de Nova

Orleans, que desenvolveu um software para monitorar a

hipertensão, ou no Hospital da Universidade de Stanford, que

está investindo em um sistema para acompanhar os níveis de

açúcar de crianças com diabetes.

Para conquistar a comunidade médica e seus fãs, a gigante

também lançou o ResearchKit, uma plataforma de código

aberto para o desenvolvimento de apps que auxiliam na

coleta de dados para condução de pesquisas médicas, e o

CareKit, uma base de software com código aberto para a

criação de apps que ajudam a monitorar as condições

médicas.

Por aqui, as startups de e-health também começaram a

ganhar forte tração nos últimos anos, ocupando a terceira

posição no interesse dos investidores, de acordo com estudo

feito pelo Sebrae. A consultoria PwC estima que os fundos de

investimento e negócios na área da saúde irão aplicar mais de

R$ 17 bilhões em projetos de inovação no Brasil nos próximos

dois anos.

A saúde pública do Brasil merece dias melhores e o emprego

de novas tecnologias poderá ser a salvação especialmente

daqueles que vivem em regiões remotas e não têm fácil

acesso a médicos e hospitais.

Participar desta transformação na medicina é a oportunidade

do País despontar como um player global em novas

tecnologias para saúde. Não acreditar nesta revolução será

como tentar tratar um câncer com aspirina. Vamos tirar o país

do leito de morte?

Page 10: OMARSON COSTA

No terceiro episódio de Star Wars, o personagem Anakin

Skywalker sofre sérios ferimentos e perde as pernas. Ele é

submetido a uma cirurgia realizada por robôs e veste a

armadura que o transforma em Darth Vader. Em uma cena do

longa Prometheus, androides realizam operações de forma

autônoma, sem a interferência de um médico. Em Frank e o

Robô um idoso é cuidado por um robô com inteligência

artificial que consegue realizar tarefas como se fosse um

humano.

A ideia de robôs cirurgiões e enfermeiros já deixou de ser

ficção científica há mais de uma década. Em 1998, o cirurgião

francês Alain Carpentier, do Hospital Broussais, de Paris,

realizou com sua equipe a primeira operação de coração a 2

metros de distância, sem encostar no paciente, guiando as

mãos de um robô a partir de um joystick, um procedimento

bem menos invasivo, mais preciso e com uma recuperação

muito mais rápida.

O avanço acelerado da robótica na medicina e o

desenvolvimento de novas técnicas para o diagnóstico e

tratamentos que associam big data, IoT, inteligência artificial,

nanotecnologia, realidade virtual e telemedicina trazem a

perspectiva de uma melhor qualidade de vida, a redução dos

erros médicos e de alcançarmos a cura e a prevenção de

doenças graves, raras e até hoje consideradas irreversíveis.

Com os recursos de microcâmeras e transmissão via Web, o

médico consegue realizar uma cirurgia mesmo que esteja do

outro lado do mundo. Para aprimorar suas técnicas, tem à

disposição um centro cirúrgico virtual onde consegue simular

uma operação de alta complexidade sem colocar o paciente

em risco. A partir do acesso a um gigantesco banco de dados,

ele pode receber recomendações de quais os procedimentos

mais indicados para cada caso, uma iniciativa que já vem

ganhando corpo em várias cidades de alta concentração

populacional.

Nos Estados Unidos, a implementação do New York e-Health

Collaborative está promovendo o intercâmbio de informações

sobre saúde entre diversos órgãos da cidade americana,

assegurando um melhor atendimento da população e

redução de custos com tratamentos ineficazes.

No Brasil, a startup Robô Laura desenvolveu um ecossistema

que combate a infecção hospitalar utilizando uma tecnologia

cognitiva que identifica uma possível enfermidade a partir de

sinais dos pacientes monitorados em tempo real, permitindo

assim um combate eficaz antes que se torne mais grave.

O uso de robôs nas salas de cirurgia já é uma realidade e a

tendência é que estejam cada vez mais presentes no auxílio

aos médicos em tarefas que conseguem realizar com a

mesma destreza e até com mais eficiência que os humanos.

O que dizer de um robô origami dotado de uma bateria não

tóxica que você pode engolir para fazer uma cirurgia de

estômago? Ou do Veebot, que faz sozinho a coleta de sangue

sem que o paciente precise sofrer com diversas picadas até

encontrar a melhor veia? E o Robear, que consegue carregar

um paciente no colo de um leito para outro 40 vezes ao dia

sem se cansar?

É improvável que os androides venham a substituir

completamente os médicos (tema que abordei em meu artigo

“Como não perder seu emprego para um robô?”), uma

profissão que exige não apenas conhecimento científico, mas

a vocação para cuidar, apoiar, lidar com as emoções dos

pacientes.

Mas certamente continuarão trazendo contribuições valiosas

para uma revolução sem precedentes na medicina que irá

aumentar ainda mais nossa expectativa de vida,

possibilitando desfrutarmos da melhor idade com saúde e

vitalidade.

As previsões para o futuro da medicina confirmam

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

investimentos cada vez maiores em tecnologia. Uma pesquisa

da Mordor Intelligence divulgada recentemente estima que o

mercado global de e-health passará de US$ 124 bilhões este

ano para US$ 244 bilhões em 2021, especialmente em países

que contam com excelente infraestrutura de Internet e

conectividade, como nos Estados Unidos, Europa e na

Ásia-Pacífico. No campo da telemedicina os números também

são exponenciais, saltando, ainda segundo a Mordor

Intelligence, de US$ 23 milhões em 2015 para US$ 66 milhões

em 2021.

Um relatório da Juniper Research indica que em 2020

teremos 157 milhões de usuários de Mobile Health, o que não

é difícil de acreditar considerando a grande oferta de apps e

de wearables que estão sendo lançados para ajudar a

monitorar nossa saúde.

Não à toa, a Apple tem demonstrado apetite para abocanhar

o mercado de e-health com seu Watch, novos softwares e a

aquisição de empresas de tecnologia na área médica.

Já são muitos os casos em que o relógio da maçã está sendo

utilizado na área médica, como no hospital Ochsner, de Nova

Orleans, que desenvolveu um software para monitorar a

hipertensão, ou no Hospital da Universidade de Stanford, que

está investindo em um sistema para acompanhar os níveis de

açúcar de crianças com diabetes.

Para conquistar a comunidade médica e seus fãs, a gigante

também lançou o ResearchKit, uma plataforma de código

aberto para o desenvolvimento de apps que auxiliam na

coleta de dados para condução de pesquisas médicas, e o

CareKit, uma base de software com código aberto para a

criação de apps que ajudam a monitorar as condições

médicas.

Por aqui, as startups de e-health também começaram a

ganhar forte tração nos últimos anos, ocupando a terceira

posição no interesse dos investidores, de acordo com estudo

feito pelo Sebrae. A consultoria PwC estima que os fundos de

investimento e negócios na área da saúde irão aplicar mais de

R$ 17 bilhões em projetos de inovação no Brasil nos próximos

dois anos.

A saúde pública do Brasil merece dias melhores e o emprego

de novas tecnologias poderá ser a salvação especialmente

daqueles que vivem em regiões remotas e não têm fácil

acesso a médicos e hospitais.

Participar desta transformação na medicina é a oportunidade

do País despontar como um player global em novas

tecnologias para saúde. Não acreditar nesta revolução será

como tentar tratar um câncer com aspirina. Vamos tirar o país

do leito de morte?

Page 11: OMARSON COSTA

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Como não perderseu empregopara um robô?As novas tecnologias serão protagonistas de um novo mundo não muito distante que levará à morte e ao nascimento de várias profissões

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 12: OMARSON COSTA

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 13: OMARSON COSTA

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 14: OMARSON COSTA

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 15: OMARSON COSTA

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 16: OMARSON COSTA

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 17: OMARSON COSTA

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 18: OMARSON COSTA

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 19: OMARSON COSTA

Pare para pensar quantas inovações tecnológicas surgiram

nos últimos 15 anos.

O iPod foi inventado em 2001. O BlackBerry, primeiro

smartphone, em 2002. O Skype, que quebrou o paradigma

do mercado de telecomunicações, em 2003. O Facebook,

parece mesmo que foi ontem, em 2004. O YouTube, em

2005. O Twitter em 2006. O Kindle, primeiro leitor digital, em

2007, mesmo ano do nascimento do iPhone, que ganhou seu

concorrente Android no ano seguinte, iniciando a batalha pelo

mercado mobile entre os gigantes Apple e Google, não por

coincidência hoje avaliadas entre as maiores empresas do

planeta.

Todas estas surpreendentes e instigantes transformações na

última década e meia construíram um legado que, podem

apostar, são apenas os pilares digitais da aclamada quarta

revolução industrial, já em pleno curso, trazendo inúmeros

benefícios econômicos e sociais, mas, claro, duros desafios

para o futuro do seu emprego.

Por quê?

É simples. Em 2005, as cinco maiores empresas do mundo,

segundo o ranking FT Global 500, do Financial Times, eram a

General Electric, a ExxonMobil, a Microsoft, o Citigroup e a

Royal Dutch / Shell. Neste ano, o Google estava em 95o lugar.

Em 2015, 10 anos depois, o mesmo ranking traz nas 5

primeiras posições a Apple, a Exxon Mobil (a única a não

mudar de posição), a Berkshire Hathaway, o Google (em 10

anos subiu 91 posições) e a Microsoft, ou seja, 3 das 5 são do

setor de tecnologia. (Vale observar que o Google, fundado

depois da explosão da Internet, ultrapassou a Microsoft,

nascida antes da era digital).

Tem mais.

De acordo com relatório da ONU, a população mundial vai

passar dos atuais 7,3 bilhões de habitantes para 9,7 bilhões

em 2050, podendo alcançar 11,2 bilhões em 2100, um

crescimento de 53% nos próximos 34 anos. A União

Internacional das Telecomunicações, órgão ligado à ONU,

contabiliza 3,2 bilhões de internautas, ou seja, metade da

população do planeta. Em conexão móvel são 7 bilhões de

pessoas, quase a totalidade da raça humana.

Não é difícil imaginar como iremos viver neste mundo digital,

interconectado, acessível a um simples toque no smartphone.

Certamente a Internet estará no centro de tudo (recomendo a

leitura do meu artigo “Esta coisa de Internet está só

começando”). Não é por acaso que o investimento em mídia

digital, segundo o eMarketer, irá ultrapassar a TV este ano.

Segundo o IDC, a Internet das Coisas deverá movimentar US$

1,7 trilhão em 2020, um futuro não muito distante. A mágica

da Web está mesmo apenas começando e as empresas

líderes de hoje não serão necessariamente as líderes de

amanhã. Pergunte aos millenials se conhecem empresas

como Kodak, Blackberry, Compaq ou a Sun. Provavelmente

não.

O avanço da robótica e da inteligência artificial, da

biotecnologia e da nanotecnologia, da Internet das Coisas e

da Realidade Virtual, a computação em nuvem, o aumento

exponencial na capacidade de processamento e transmissão

de dados e a interconexão das novas tecnologias e das que

ainda serão inventadas serão protagonistas de um novo

mundo não muito distante que levará à morte e ao

nascimento de várias profissões.

Talvez a sua esteja ameaçada e você precise se reinventar. Ou

talvez o que se apresenta como uma ameaça possa ser uma

oportunidade.

Basta observar que hábitos já abandonamos e quais

adotamos por conta das inovações relacionadas na abertura

deste artigo. A começar pelo smartphone, que se tornou tão

disruptivo para catalisação de novos modelos de negócios e

como combustível de uma nova economia quanto foi a

máquina à vapor na primeira revolução industrial.

Não vamos mais ao banco, fazemos compras sem sair de

casa, chamamos um carro compartilhado com um toque na

tela (vale o parênteses, em pouco tempo ele virá sem

motorista), alugamos um apartamento, planejamos a próxima

viagem, pedimos comida, nos relacionamos e nos

comunicamos, estudamos, descobrimos como chegar em um

endereço onde nunca fomos antes, assistimos filmes sem ir ao

cinema ou ligar a TV, baixamos músicas sem precisar ir na loja

de CDs e sabe-se lá o que um gadget inseparável, que cabe

no bolso e está se tornando vestível, ainda poderá fazer por

nós.

Se o carro for autônomo e dirigido por inteligência artificial o

que será dos motoristas? E o que farão os corretores de

imóveis se conseguimos pesquisar onde vamos morar

recebendo ofertas de um banco inteligente de dados de

acordo com nosso perfil e, depois, visitar virtualmente,

economizando tempo e combustível, centenas de

apartamentos vendo fotos, vídeos e opiniões de outros

locatários? Se compramos tudo pela Internet, qual será o

futuro dos vendedores? Se a mídia é programática, o que irão

fazer os profissionais de marketing? E se os algoritmos

conseguirem ser muito mais rápidos e eficazes para funções

até então realizadas apenas pelo cérebro?

Pois bem, queira o leitor enxergar ou não, e para seu bem é

melhor que enxergue, seu trabalho pode estar com os dias

contados. Muitas atividades que foram criadas pelas

revoluções industriais anteriores serão, sim, substituídas por

learning machines na Quarta Revolução Industrial.

É um caminho sem volta que continuará sendo pavimentado

pela inovação e a digitalização da economia e dos negócios,

impactando setores tão distintos quanto transportes,

agricultura, finanças, varejo, enfim, qualquer indústria que

ainda depende da força humana de trabalho.

Na semana passada a greve dos bancários completou 30 dias,

a mais longa em 12 anos. Entre as reivindicações, além do

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

reajuste de salários, uma demanda compreensível, está o

extermínio das agências digitais, uma luta que a categoria já

pode considerar inglória. É a mesma briga dos taxistas contra

o Uber. Será como enxugar gelo (sugiro a leitura do artigo “Por

que você (não) irá trocar de operadora de celular?).

O principal retrato desta quarta revolução industrial que

ganhou cores mais fortes nestes últimos 15 anos, depois da

democratização da Internet, foi a rápida ascensão de

unicórnios (empresas de rápido crescimento e abrangência

global) que exterminam sem dó concorrentes antes líderes

incontestáveis em seus mercados.

São empresas que têm como grande vantagem competitiva a

capacidade de desenvolver produtos e serviços a partir da

integração e aplicação inteligente das novas tecnologias.

Repare nos modelos de alguns dos maiores símbolos desta

revolução: o Uber não possui frota de veículos; o Airbnb não

tem imóveis; o Facebook não cria conteúdo, mas se monetiza

dele, assim como o YouTube não produz vídeos; o Alibaba não

tem estoque e o Whatsapp não é uma operadora de

telefonia.

Adivinhe o que todas elas têm em comum? A Internet.

O maior segredo de todas elas está em terem criado

inovações que mudaram nossas vidas para sempre, o que foi

possível não somente pelo surgimento e avanço da Web, mas

do uso que fizeram dela para estruturar negócios

absolutamente disruptivos e capazes de mudar

definitivamente vários hábitos que cultivávamos há décadas,

séculos.

E o que isso tem a ver com seu trabalho? Tudo. Se as

empresas líderes da quarta revolução estão criando novos

modelos e quebrando as regras de diversos mercados você

precisa estar pronto para trabalhar nelas ou encontrar um

nicho para desenhar o plano de negócios da sua própria

startup.

Antes de mais nada, identifique que habilidades precisa

desenvolver como profissional e empreendedor,

especialmente quais realmente continuarão fazendo a

diferença e quais poderão ser substituídos por inteligência

artificial. O robô, tenha calma, não é seu inimigo. Bem ao

contrário, será um grande aliado para que possa adquirir

novas habilidades e se dedicar a afazeres que somente nós,

humanos, temos neurônios para realizar (sobre robótica sugiro

a leitura de meu outro artigo “Você ainda terá um robô – e

mais rápido do que imagina”).

Ter qualificação não é mais necessariamente sinônimo de

sucesso. Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, da

Universidade de Oxford, realizaram um estudo em 2013 que

analisou 700 profissões para avaliar qual o risco de serem

substituídas por computadores. A resposta: empregos que

tenham maior envolvimento com inteligência criativa e

inteligência emocional têm maiores chances de sobreviver.

Ou seja, teremos que ser mais humanos do que nunca.

Profissionais de telemarketing, auditores, contadores e

vendedores estão entre os que apresentam riscos mais

elevados de desaparecerem. Terapeutas, personal trainers,

bombeiros e editores são alguns com maior probabilidade de

resistir.

Qualquer área onde algoritmos possam desempenhar tarefas

mais eficazmente que o homem ou serviços em que a Internet

ofereça maior conforto e praticidade são mais suscetíveis. As

que dependem de criatividade e envolvimento social

provavelmente não serão ocupadas por robôs.

Aliás, não se pode falar de emprego e futuro profissional das

próximas gerações sem falar de educação e rever nossos

ultrapassados modelos pedagógicos. A Austrália incluiu

programação de computadores no ensino médio, enquanto

por aqui ainda estamos debatendo qual deve ser a grade

curricular do ensino médio.

Como bem pontuou a Dra. Luciana Allan em recente artigo:

“não há porque estruturar a escola em cima de um currículo

pré-determinado, mas sim focando em quais habilidades os

estudantes precisam se desenvolver para enfrentar a

realidade profissional, que, a propósito, também terá seu

sucesso cada vez menos associado aos diplomas que ostenta,

mas pelo que efetivamente aprendeu e sabe fazer”.

Se sua função é automatizável, coloque as barbas de molho.

Se ela exige criatividade, sensibilidade e constante inovação e

adaptação para ir ao encontro das demandas das

corporações da quarta revolução, então continue investindo.

Se está pensando em mudar de profissão ou ainda está

escolhendo o que vai fazer da vida, recomendo sempre levar

em conta uma máxima: “Conhecimento é ter a resposta certa.

Inteligência é fazer a pergunta certa. Sabedoria é diferenciar e

dominar ambas”.

Mais do que pessoas essencialmente sábias, as empresas

estão em busca de pessoas inteligentes. São as perguntas

que geram inovação. As respostas geram apenas produção.

Produção é possível copiar, mas leva tempo. Já as perguntas

certas levam à liderança do mercado. Pense nisso.

Page 20: OMARSON COSTA

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Fim da Linha paraCobrança de DadosEm meu último artigo abordei como as operadoras de telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus modelos de negócios para sobreviver

Em meu último artigo abordei como as operadoras de

telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus

modelos de negócios para sobreviver. Não é difícil lembrar de

casos de empresas que demoraram para se reinventar e

pagaram um preço alto pela falta de visão. E também são

muitas as histórias de negócios que redirecionaram o leme

para novas oportunidades, definiram tendências e foram

recompensados conquistando a liderança de mercados por

eles mesmo criados.

Antes de se chamar LG, a companhia coreana criada em 1947

foi inicialmente batizada como Lak-Hui Chemical Industrial

Company. Nos primeiros 10 anos, a empresa fundada por Koo

In-Hwoi esteve centrada na fabricação de produtos químicos,

especialmente de limpeza, e de plásticos, indústria na qual

ingressou com a criação da divisão Goldstar Co.

Em 1958, a fusão das duas empresas Lak-Hui e Goldstar deu

início ao novo segmento de negócios com o desenvolvimento

de produtos eletrônicos e de telecomunicações. Em 1995, a

fabricante decidiu expandir seu alcance para o mercado

ocidental e assumiu o nome LG. Hoje, disputa a liderança

mundial do setor.

Outra potência nascida no Oriente, a Nintendo não tinha

nenhuma relação com o mundo dos games e consoles

quando foi concebida por Fusajiro Yamauchi, no Japão, em

1889, com o nome Nintendo Playing Card Co. Ltd. Seu

negócio inicial estava na simples produção e venda dos

cartões do baralho japonês Hanafuda.

Entre 1963 e 1968, o neto do fundador, Hiroshi Yamauchi,

rebatizou a companhia para Nintendo Co. Ltd e passou a

investir em negócios tão diferentes quanto frotas de táxi e,

acreditem, motéis, aventuras que não terminaram lá muito

bem.

Foi somente em 1974 que a companhia obteve os direitos de

distribuição do console Odyssey 100, que acabou por abrir as

portas para o lançamento de blockbusters como Game Boy,

Super Nintendo, Wii e 3DS. Três anos depois, começou a

desenvolver seus próprios consoles e na década de 80 lançou

os games Donkey Kong e Super Mario Brothers, que a

posicionaram na pole position do mercado global de games.

Simplificar é inovar

“Já disse antes e vou repetir – a melhor maneira de gerenciar

sua empresa é calar a boca, escutar seus clientes e fazer o que

eles dizem. Esta simples fórmula fez da T-Mobile a operadora

de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos

três anos”.

A declaração de John Legere, presidente e CEO da americana

T-Mobile, está no comunicado da empresa que revela ainda

mais vantagens e novos serviços em seu plano T-Mobile ONE,

que balançou as estruturas do mercado de telecomunicações

ao sacramentar o fim da era da cobrança por tráfego de

dados.

Como já antecipei em meu artigo anterior, desde o último dia

6 de setembro os clientes da ‘uncarrier’ podem contratar um

plano ilimitado de dados para 4 linhas por US$ 160 mensais. É

isso mesmo. Por R$ 480 por mês, uma família de 4 pessoas

navega na Internet na rede 4G de alta velocidade, baixa

músicas, assiste vídeos e joga quanto quiser tendo à

disposição conteúdos de parceiros de peso, entre eles Apple

Music, ABC, Disney, Netflix e Nintendo em um acordo para os

aficionados por Pokémon Go.

Quando foi divulgado, o plano sofreu algumas críticas por

trazer certas limitações, como a definição padrão de 480p

para assistir vídeos e a velocidade de 2Gb ao usar o serviço de

hotspot para navegar na Web. Outro receio foi de que a rede

se tornasse lenta com o aumento do acesso.

O leitor já pode imaginar o time de engenharia da operadora

apavorado dizendo algo como “A rede não vai suportar. O

time de Marketing é irresponsável”. Acredito que toda

empresa tem seu GAV (Grupo Anti-Vendas), que de uma

forma ou de outra costuma atuar de forma reativa em relação

às iniciativas de crescimento. Não acho que devam ser

inconsequentes, mas que não fujam de riscos que podem ser

assumidos com o propósito de melhorar a vida dos clientes.

Em resposta, a operadora, sob a tutela e liderança de seu

CEO, anunciou um plano plus, que quadruplicou a velocidade

do mobile hotspot com tráfego também irrestrito na rede 4G.

Além disso, por US$ 3 por dia o usuário poderá comprar um

passe para assistir vídeos em HD por 24 horas. Com mais

opções no cardápio, agrada os heavy users e não frustra os

clientes que não se importam em pagar mais para obter mais

benefícios.

Antes de lançar o plano ilimitado, a T-Mobile já havia adotado

estratégias para encantar os clientes que teve como grande

trunfo a desburocratização dos serviços, tornando-os mais

simples, mais acessíveis, mais sedutores. Em uma sequência

de anúncios, a ‘uncarrier’ foi mostrando o porquê é diferente

da concorrência – acabou com a cobrança de roaming

internacional para alguns países, passou a oferecer música

com download liberado, depois vídeos, jogos e um leque de

serviços exclusivos aos seus usuários até chegar no T-Mobile

One e sacudir o mercado.

O resultado? Um faturamento de US$ 9,2 bilhões no segundo

trimestre de 2016, um crescimento de 12,8% e um EBITDA de

36% contra 30% comparando com o mesmo período do ano

passado, ultrapassando a Sprint e posicionando-se na terceira

posição do mercado.

Fórmula simples. Mais clientes e mais receitas, fazendo o que

o cliente quer e pede.

Como já disse Sam Walton, fundador do Walmart, clientes

podem demitir todos de uma empresa, simplesmente

gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

É preciso ter coragem para pivotar.

A T-Mobile vem se confirmando como uma legítima

representante do seleto grupo de empresas que tiveram

coragem para quebrar paradigmas e estabelecer novos

padrões de mercado. É claro que lançar um pacote all

inclusive pode ser uma estratégia de risco. Mas, ao final do

dia, inovar poderá definir quem irá liderar o mercado de voz,

dados e conteúdo digital e massacrar a concorrência.

Se os clientes querem um plano para se empanturrar de

bytes, falar e trocar mensagens o quanto quiserem, a

uncarrier atende prontamente seus desejos. Para os fiéis

seguidores da operadora, sim, there’s free lunch – um jantar

ou um filme grátis toda terça.

Quanto mais parcerias com publishers, editoras, gravadoras

ou redes de restaurantes, mais clientes, mais tráfego, mais

receita. Se o modelo será sustentável ainda é cedo para

predizer, mas uma coisa é certa: nunca mais os clientes irão

querer assinar planos que interrompam ou diminuam a

velocidade de acesso a Internet ao atingir o limite contratado.

Simples assim.

O movimento recente da T-Mobile já está sendo imitado por

players que não querem, claro, ficar para trás. A Sprint

também lançou seu plano ‘Unlimited Freedom’, apesar de, da

mesma forma, ter algumas restrições para o padrão de

qualidade de vídeos e na velocidade do serviço de streaming

de música. A Tele2, da Suécia, a Optus, da Austrália, e a

britânica Three são outras operadoras que decidiram seguir

os passos da ‘uncarrier’ americana de surpreender os clientes

com mimos.

Por aqui, a Vivo quer seduzir seus clientes e atrair novos com a

oferta de novidades que facilitam a contratação de um plano

sem nem mesmo precisar ir a uma loja ou ligar para o

televendas. Basta baixar o app Meu Vivo da operadora e

solicitar o Vivo Easy, o primeiro plano 100% controlado por

um aplicativo. Mesmo clientes de outras operadoras podem

pedir a portabilidade da linha e encomendar o chip pelo app.

Simplesmente por adotar uma postura transparente, pode-se

imaginar o impacto desta iniciativa na redução da rede de

lojas (Uber e Spotify não têm lojas), nos custos de

atendimento (WhatsApp não tem ‘Call Center’) e de

reclamações.

Os millenials não querem mais falar com ninguém para

comprar créditos, reclamar ou mudar de plano. E a Vivo já

entendeu isso, apostando na publicidade boca a boca para

ampliar suas vendas com a oferta de prêmios, como pacotes

de dados, para os que indicarem novos usuários. Ao digitalizar

cada vez mais seu atendimento, economiza com centrais de

atendimento e impulsiona o acesso a seus serviços. Ao

satisfazer os anseios dos consumidores, melhora seus

resultados.

É mudar ou mudar.

O que faria, caro leitor, se o Facebook, a Amazon, o Google ou

o Uber entrassem em seu mercado e se tornassem seu

concorrente? Quanto tempo levaria para reinventar seu

negócio? E não esqueça da agilidade que as empresas de

DNA digital têm para lançar novas ameaças – o Uber está

promovendo corridas em São Paulo a R$ 6,00 no uberPOOL

versus R$ 3,80 da tarifa de ônibus ou do metrô, enquanto a

Amazon decidiu polarizar com a FEDEX no segmento de

delivery.

O sepultamento da era dos dados é apenas o início de uma

revolução que irá estabelecer novos padrões de serviços e

relacionamento com as empresas de telefonia. A T-Mobile

encarou o óbvio: não faz sentido e ninguém quer ser cobrado

por megabytes consumidos, mas sim por uma assinatura de

tempo de uso com acesso ilimitado que possibilite navegar o

quanto quiser. Você calcula quantos KW está consumindo na

hora do banho? Esta lógica nunca fez sentido algum para os

consumidores.

Seja qual for o negócio, é preciso saber reconhecer a hora que

uma era chega ao fim. E mudar antes que um novo

concorrente abocanhe seu outrora intocável market share.

Page 21: OMARSON COSTA

Em meu último artigo abordei como as operadoras de

telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus

modelos de negócios para sobreviver. Não é difícil lembrar de

casos de empresas que demoraram para se reinventar e

pagaram um preço alto pela falta de visão. E também são

muitas as histórias de negócios que redirecionaram o leme

para novas oportunidades, definiram tendências e foram

recompensados conquistando a liderança de mercados por

eles mesmo criados.

Antes de se chamar LG, a companhia coreana criada em 1947

foi inicialmente batizada como Lak-Hui Chemical Industrial

Company. Nos primeiros 10 anos, a empresa fundada por Koo

In-Hwoi esteve centrada na fabricação de produtos químicos,

especialmente de limpeza, e de plásticos, indústria na qual

ingressou com a criação da divisão Goldstar Co.

Em 1958, a fusão das duas empresas Lak-Hui e Goldstar deu

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

início ao novo segmento de negócios com o desenvolvimento

de produtos eletrônicos e de telecomunicações. Em 1995, a

fabricante decidiu expandir seu alcance para o mercado

ocidental e assumiu o nome LG. Hoje, disputa a liderança

mundial do setor.

Outra potência nascida no Oriente, a Nintendo não tinha

nenhuma relação com o mundo dos games e consoles

quando foi concebida por Fusajiro Yamauchi, no Japão, em

1889, com o nome Nintendo Playing Card Co. Ltd. Seu

negócio inicial estava na simples produção e venda dos

cartões do baralho japonês Hanafuda.

Entre 1963 e 1968, o neto do fundador, Hiroshi Yamauchi,

rebatizou a companhia para Nintendo Co. Ltd e passou a

investir em negócios tão diferentes quanto frotas de táxi e,

acreditem, motéis, aventuras que não terminaram lá muito

bem.

Foi somente em 1974 que a companhia obteve os direitos de

distribuição do console Odyssey 100, que acabou por abrir as

portas para o lançamento de blockbusters como Game Boy,

Super Nintendo, Wii e 3DS. Três anos depois, começou a

desenvolver seus próprios consoles e na década de 80 lançou

os games Donkey Kong e Super Mario Brothers, que a

posicionaram na pole position do mercado global de games.

Simplificar é inovar

“Já disse antes e vou repetir – a melhor maneira de gerenciar

sua empresa é calar a boca, escutar seus clientes e fazer o que

eles dizem. Esta simples fórmula fez da T-Mobile a operadora

de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos

três anos”.

A declaração de John Legere, presidente e CEO da americana

T-Mobile, está no comunicado da empresa que revela ainda

mais vantagens e novos serviços em seu plano T-Mobile ONE,

que balançou as estruturas do mercado de telecomunicações

ao sacramentar o fim da era da cobrança por tráfego de

dados.

Como já antecipei em meu artigo anterior, desde o último dia

6 de setembro os clientes da ‘uncarrier’ podem contratar um

plano ilimitado de dados para 4 linhas por US$ 160 mensais. É

isso mesmo. Por R$ 480 por mês, uma família de 4 pessoas

navega na Internet na rede 4G de alta velocidade, baixa

músicas, assiste vídeos e joga quanto quiser tendo à

disposição conteúdos de parceiros de peso, entre eles Apple

Music, ABC, Disney, Netflix e Nintendo em um acordo para os

aficionados por Pokémon Go.

Quando foi divulgado, o plano sofreu algumas críticas por

trazer certas limitações, como a definição padrão de 480p

para assistir vídeos e a velocidade de 2Gb ao usar o serviço de

hotspot para navegar na Web. Outro receio foi de que a rede

se tornasse lenta com o aumento do acesso.

O leitor já pode imaginar o time de engenharia da operadora

apavorado dizendo algo como “A rede não vai suportar. O

time de Marketing é irresponsável”. Acredito que toda

empresa tem seu GAV (Grupo Anti-Vendas), que de uma

forma ou de outra costuma atuar de forma reativa em relação

às iniciativas de crescimento. Não acho que devam ser

inconsequentes, mas que não fujam de riscos que podem ser

assumidos com o propósito de melhorar a vida dos clientes.

Em resposta, a operadora, sob a tutela e liderança de seu

CEO, anunciou um plano plus, que quadruplicou a velocidade

do mobile hotspot com tráfego também irrestrito na rede 4G.

Além disso, por US$ 3 por dia o usuário poderá comprar um

passe para assistir vídeos em HD por 24 horas. Com mais

opções no cardápio, agrada os heavy users e não frustra os

clientes que não se importam em pagar mais para obter mais

benefícios.

Antes de lançar o plano ilimitado, a T-Mobile já havia adotado

estratégias para encantar os clientes que teve como grande

trunfo a desburocratização dos serviços, tornando-os mais

simples, mais acessíveis, mais sedutores. Em uma sequência

de anúncios, a ‘uncarrier’ foi mostrando o porquê é diferente

da concorrência – acabou com a cobrança de roaming

internacional para alguns países, passou a oferecer música

com download liberado, depois vídeos, jogos e um leque de

serviços exclusivos aos seus usuários até chegar no T-Mobile

One e sacudir o mercado.

O resultado? Um faturamento de US$ 9,2 bilhões no segundo

trimestre de 2016, um crescimento de 12,8% e um EBITDA de

36% contra 30% comparando com o mesmo período do ano

passado, ultrapassando a Sprint e posicionando-se na terceira

posição do mercado.

Fórmula simples. Mais clientes e mais receitas, fazendo o que

o cliente quer e pede.

Como já disse Sam Walton, fundador do Walmart, clientes

podem demitir todos de uma empresa, simplesmente

gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

É preciso ter coragem para pivotar.

A T-Mobile vem se confirmando como uma legítima

representante do seleto grupo de empresas que tiveram

coragem para quebrar paradigmas e estabelecer novos

padrões de mercado. É claro que lançar um pacote all

inclusive pode ser uma estratégia de risco. Mas, ao final do

dia, inovar poderá definir quem irá liderar o mercado de voz,

dados e conteúdo digital e massacrar a concorrência.

Se os clientes querem um plano para se empanturrar de

bytes, falar e trocar mensagens o quanto quiserem, a

uncarrier atende prontamente seus desejos. Para os fiéis

seguidores da operadora, sim, there’s free lunch – um jantar

ou um filme grátis toda terça.

Quanto mais parcerias com publishers, editoras, gravadoras

ou redes de restaurantes, mais clientes, mais tráfego, mais

receita. Se o modelo será sustentável ainda é cedo para

predizer, mas uma coisa é certa: nunca mais os clientes irão

querer assinar planos que interrompam ou diminuam a

velocidade de acesso a Internet ao atingir o limite contratado.

Simples assim.

O movimento recente da T-Mobile já está sendo imitado por

players que não querem, claro, ficar para trás. A Sprint

também lançou seu plano ‘Unlimited Freedom’, apesar de, da

mesma forma, ter algumas restrições para o padrão de

qualidade de vídeos e na velocidade do serviço de streaming

de música. A Tele2, da Suécia, a Optus, da Austrália, e a

britânica Three são outras operadoras que decidiram seguir

os passos da ‘uncarrier’ americana de surpreender os clientes

com mimos.

Por aqui, a Vivo quer seduzir seus clientes e atrair novos com a

oferta de novidades que facilitam a contratação de um plano

sem nem mesmo precisar ir a uma loja ou ligar para o

televendas. Basta baixar o app Meu Vivo da operadora e

solicitar o Vivo Easy, o primeiro plano 100% controlado por

um aplicativo. Mesmo clientes de outras operadoras podem

pedir a portabilidade da linha e encomendar o chip pelo app.

Simplesmente por adotar uma postura transparente, pode-se

imaginar o impacto desta iniciativa na redução da rede de

lojas (Uber e Spotify não têm lojas), nos custos de

atendimento (WhatsApp não tem ‘Call Center’) e de

reclamações.

Os millenials não querem mais falar com ninguém para

comprar créditos, reclamar ou mudar de plano. E a Vivo já

entendeu isso, apostando na publicidade boca a boca para

ampliar suas vendas com a oferta de prêmios, como pacotes

de dados, para os que indicarem novos usuários. Ao digitalizar

cada vez mais seu atendimento, economiza com centrais de

atendimento e impulsiona o acesso a seus serviços. Ao

satisfazer os anseios dos consumidores, melhora seus

resultados.

É mudar ou mudar.

O que faria, caro leitor, se o Facebook, a Amazon, o Google ou

o Uber entrassem em seu mercado e se tornassem seu

concorrente? Quanto tempo levaria para reinventar seu

negócio? E não esqueça da agilidade que as empresas de

DNA digital têm para lançar novas ameaças – o Uber está

promovendo corridas em São Paulo a R$ 6,00 no uberPOOL

versus R$ 3,80 da tarifa de ônibus ou do metrô, enquanto a

Amazon decidiu polarizar com a FEDEX no segmento de

delivery.

O sepultamento da era dos dados é apenas o início de uma

revolução que irá estabelecer novos padrões de serviços e

relacionamento com as empresas de telefonia. A T-Mobile

encarou o óbvio: não faz sentido e ninguém quer ser cobrado

por megabytes consumidos, mas sim por uma assinatura de

tempo de uso com acesso ilimitado que possibilite navegar o

quanto quiser. Você calcula quantos KW está consumindo na

hora do banho? Esta lógica nunca fez sentido algum para os

consumidores.

Seja qual for o negócio, é preciso saber reconhecer a hora que

uma era chega ao fim. E mudar antes que um novo

concorrente abocanhe seu outrora intocável market share.

Page 22: OMARSON COSTA

Em meu último artigo abordei como as operadoras de

telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus

modelos de negócios para sobreviver. Não é difícil lembrar de

casos de empresas que demoraram para se reinventar e

pagaram um preço alto pela falta de visão. E também são

muitas as histórias de negócios que redirecionaram o leme

para novas oportunidades, definiram tendências e foram

recompensados conquistando a liderança de mercados por

eles mesmo criados.

Antes de se chamar LG, a companhia coreana criada em 1947

foi inicialmente batizada como Lak-Hui Chemical Industrial

Company. Nos primeiros 10 anos, a empresa fundada por Koo

In-Hwoi esteve centrada na fabricação de produtos químicos,

especialmente de limpeza, e de plásticos, indústria na qual

ingressou com a criação da divisão Goldstar Co.

Em 1958, a fusão das duas empresas Lak-Hui e Goldstar deu

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

início ao novo segmento de negócios com o desenvolvimento

de produtos eletrônicos e de telecomunicações. Em 1995, a

fabricante decidiu expandir seu alcance para o mercado

ocidental e assumiu o nome LG. Hoje, disputa a liderança

mundial do setor.

Outra potência nascida no Oriente, a Nintendo não tinha

nenhuma relação com o mundo dos games e consoles

quando foi concebida por Fusajiro Yamauchi, no Japão, em

1889, com o nome Nintendo Playing Card Co. Ltd. Seu

negócio inicial estava na simples produção e venda dos

cartões do baralho japonês Hanafuda.

Entre 1963 e 1968, o neto do fundador, Hiroshi Yamauchi,

rebatizou a companhia para Nintendo Co. Ltd e passou a

investir em negócios tão diferentes quanto frotas de táxi e,

acreditem, motéis, aventuras que não terminaram lá muito

bem.

Foi somente em 1974 que a companhia obteve os direitos de

distribuição do console Odyssey 100, que acabou por abrir as

portas para o lançamento de blockbusters como Game Boy,

Super Nintendo, Wii e 3DS. Três anos depois, começou a

desenvolver seus próprios consoles e na década de 80 lançou

os games Donkey Kong e Super Mario Brothers, que a

posicionaram na pole position do mercado global de games.

Simplificar é inovar

“Já disse antes e vou repetir – a melhor maneira de gerenciar

sua empresa é calar a boca, escutar seus clientes e fazer o que

eles dizem. Esta simples fórmula fez da T-Mobile a operadora

de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos

três anos”.

A declaração de John Legere, presidente e CEO da americana

T-Mobile, está no comunicado da empresa que revela ainda

mais vantagens e novos serviços em seu plano T-Mobile ONE,

que balançou as estruturas do mercado de telecomunicações

ao sacramentar o fim da era da cobrança por tráfego de

dados.

Como já antecipei em meu artigo anterior, desde o último dia

6 de setembro os clientes da ‘uncarrier’ podem contratar um

plano ilimitado de dados para 4 linhas por US$ 160 mensais. É

isso mesmo. Por R$ 480 por mês, uma família de 4 pessoas

navega na Internet na rede 4G de alta velocidade, baixa

músicas, assiste vídeos e joga quanto quiser tendo à

disposição conteúdos de parceiros de peso, entre eles Apple

Music, ABC, Disney, Netflix e Nintendo em um acordo para os

aficionados por Pokémon Go.

Quando foi divulgado, o plano sofreu algumas críticas por

trazer certas limitações, como a definição padrão de 480p

para assistir vídeos e a velocidade de 2Gb ao usar o serviço de

hotspot para navegar na Web. Outro receio foi de que a rede

se tornasse lenta com o aumento do acesso.

O leitor já pode imaginar o time de engenharia da operadora

apavorado dizendo algo como “A rede não vai suportar. O

time de Marketing é irresponsável”. Acredito que toda

empresa tem seu GAV (Grupo Anti-Vendas), que de uma

forma ou de outra costuma atuar de forma reativa em relação

às iniciativas de crescimento. Não acho que devam ser

inconsequentes, mas que não fujam de riscos que podem ser

assumidos com o propósito de melhorar a vida dos clientes.

Em resposta, a operadora, sob a tutela e liderança de seu

CEO, anunciou um plano plus, que quadruplicou a velocidade

do mobile hotspot com tráfego também irrestrito na rede 4G.

Além disso, por US$ 3 por dia o usuário poderá comprar um

passe para assistir vídeos em HD por 24 horas. Com mais

opções no cardápio, agrada os heavy users e não frustra os

clientes que não se importam em pagar mais para obter mais

benefícios.

Antes de lançar o plano ilimitado, a T-Mobile já havia adotado

estratégias para encantar os clientes que teve como grande

trunfo a desburocratização dos serviços, tornando-os mais

simples, mais acessíveis, mais sedutores. Em uma sequência

de anúncios, a ‘uncarrier’ foi mostrando o porquê é diferente

da concorrência – acabou com a cobrança de roaming

internacional para alguns países, passou a oferecer música

com download liberado, depois vídeos, jogos e um leque de

serviços exclusivos aos seus usuários até chegar no T-Mobile

One e sacudir o mercado.

O resultado? Um faturamento de US$ 9,2 bilhões no segundo

trimestre de 2016, um crescimento de 12,8% e um EBITDA de

36% contra 30% comparando com o mesmo período do ano

passado, ultrapassando a Sprint e posicionando-se na terceira

posição do mercado.

Fórmula simples. Mais clientes e mais receitas, fazendo o que

o cliente quer e pede.

Como já disse Sam Walton, fundador do Walmart, clientes

podem demitir todos de uma empresa, simplesmente

gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

É preciso ter coragem para pivotar.

A T-Mobile vem se confirmando como uma legítima

representante do seleto grupo de empresas que tiveram

coragem para quebrar paradigmas e estabelecer novos

padrões de mercado. É claro que lançar um pacote all

inclusive pode ser uma estratégia de risco. Mas, ao final do

dia, inovar poderá definir quem irá liderar o mercado de voz,

dados e conteúdo digital e massacrar a concorrência.

Se os clientes querem um plano para se empanturrar de

bytes, falar e trocar mensagens o quanto quiserem, a

uncarrier atende prontamente seus desejos. Para os fiéis

seguidores da operadora, sim, there’s free lunch – um jantar

ou um filme grátis toda terça.

Quanto mais parcerias com publishers, editoras, gravadoras

ou redes de restaurantes, mais clientes, mais tráfego, mais

receita. Se o modelo será sustentável ainda é cedo para

predizer, mas uma coisa é certa: nunca mais os clientes irão

querer assinar planos que interrompam ou diminuam a

velocidade de acesso a Internet ao atingir o limite contratado.

Simples assim.

O movimento recente da T-Mobile já está sendo imitado por

players que não querem, claro, ficar para trás. A Sprint

também lançou seu plano ‘Unlimited Freedom’, apesar de, da

mesma forma, ter algumas restrições para o padrão de

qualidade de vídeos e na velocidade do serviço de streaming

de música. A Tele2, da Suécia, a Optus, da Austrália, e a

britânica Three são outras operadoras que decidiram seguir

os passos da ‘uncarrier’ americana de surpreender os clientes

com mimos.

Por aqui, a Vivo quer seduzir seus clientes e atrair novos com a

oferta de novidades que facilitam a contratação de um plano

sem nem mesmo precisar ir a uma loja ou ligar para o

televendas. Basta baixar o app Meu Vivo da operadora e

solicitar o Vivo Easy, o primeiro plano 100% controlado por

um aplicativo. Mesmo clientes de outras operadoras podem

pedir a portabilidade da linha e encomendar o chip pelo app.

Simplesmente por adotar uma postura transparente, pode-se

imaginar o impacto desta iniciativa na redução da rede de

lojas (Uber e Spotify não têm lojas), nos custos de

atendimento (WhatsApp não tem ‘Call Center’) e de

reclamações.

Os millenials não querem mais falar com ninguém para

comprar créditos, reclamar ou mudar de plano. E a Vivo já

entendeu isso, apostando na publicidade boca a boca para

ampliar suas vendas com a oferta de prêmios, como pacotes

de dados, para os que indicarem novos usuários. Ao digitalizar

cada vez mais seu atendimento, economiza com centrais de

atendimento e impulsiona o acesso a seus serviços. Ao

satisfazer os anseios dos consumidores, melhora seus

resultados.

É mudar ou mudar.

O que faria, caro leitor, se o Facebook, a Amazon, o Google ou

o Uber entrassem em seu mercado e se tornassem seu

concorrente? Quanto tempo levaria para reinventar seu

negócio? E não esqueça da agilidade que as empresas de

DNA digital têm para lançar novas ameaças – o Uber está

promovendo corridas em São Paulo a R$ 6,00 no uberPOOL

versus R$ 3,80 da tarifa de ônibus ou do metrô, enquanto a

Amazon decidiu polarizar com a FEDEX no segmento de

delivery.

O sepultamento da era dos dados é apenas o início de uma

revolução que irá estabelecer novos padrões de serviços e

relacionamento com as empresas de telefonia. A T-Mobile

encarou o óbvio: não faz sentido e ninguém quer ser cobrado

por megabytes consumidos, mas sim por uma assinatura de

tempo de uso com acesso ilimitado que possibilite navegar o

quanto quiser. Você calcula quantos KW está consumindo na

hora do banho? Esta lógica nunca fez sentido algum para os

consumidores.

Seja qual for o negócio, é preciso saber reconhecer a hora que

uma era chega ao fim. E mudar antes que um novo

concorrente abocanhe seu outrora intocável market share.

Page 23: OMARSON COSTA

Em meu último artigo abordei como as operadoras de

telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus

modelos de negócios para sobreviver. Não é difícil lembrar de

casos de empresas que demoraram para se reinventar e

pagaram um preço alto pela falta de visão. E também são

muitas as histórias de negócios que redirecionaram o leme

para novas oportunidades, definiram tendências e foram

recompensados conquistando a liderança de mercados por

eles mesmo criados.

Antes de se chamar LG, a companhia coreana criada em 1947

foi inicialmente batizada como Lak-Hui Chemical Industrial

Company. Nos primeiros 10 anos, a empresa fundada por Koo

In-Hwoi esteve centrada na fabricação de produtos químicos,

especialmente de limpeza, e de plásticos, indústria na qual

ingressou com a criação da divisão Goldstar Co.

Em 1958, a fusão das duas empresas Lak-Hui e Goldstar deu

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

início ao novo segmento de negócios com o desenvolvimento

de produtos eletrônicos e de telecomunicações. Em 1995, a

fabricante decidiu expandir seu alcance para o mercado

ocidental e assumiu o nome LG. Hoje, disputa a liderança

mundial do setor.

Outra potência nascida no Oriente, a Nintendo não tinha

nenhuma relação com o mundo dos games e consoles

quando foi concebida por Fusajiro Yamauchi, no Japão, em

1889, com o nome Nintendo Playing Card Co. Ltd. Seu

negócio inicial estava na simples produção e venda dos

cartões do baralho japonês Hanafuda.

Entre 1963 e 1968, o neto do fundador, Hiroshi Yamauchi,

rebatizou a companhia para Nintendo Co. Ltd e passou a

investir em negócios tão diferentes quanto frotas de táxi e,

acreditem, motéis, aventuras que não terminaram lá muito

bem.

Foi somente em 1974 que a companhia obteve os direitos de

distribuição do console Odyssey 100, que acabou por abrir as

portas para o lançamento de blockbusters como Game Boy,

Super Nintendo, Wii e 3DS. Três anos depois, começou a

desenvolver seus próprios consoles e na década de 80 lançou

os games Donkey Kong e Super Mario Brothers, que a

posicionaram na pole position do mercado global de games.

Simplificar é inovar

“Já disse antes e vou repetir – a melhor maneira de gerenciar

sua empresa é calar a boca, escutar seus clientes e fazer o que

eles dizem. Esta simples fórmula fez da T-Mobile a operadora

de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos

três anos”.

A declaração de John Legere, presidente e CEO da americana

T-Mobile, está no comunicado da empresa que revela ainda

mais vantagens e novos serviços em seu plano T-Mobile ONE,

que balançou as estruturas do mercado de telecomunicações

ao sacramentar o fim da era da cobrança por tráfego de

dados.

Como já antecipei em meu artigo anterior, desde o último dia

6 de setembro os clientes da ‘uncarrier’ podem contratar um

plano ilimitado de dados para 4 linhas por US$ 160 mensais. É

isso mesmo. Por R$ 480 por mês, uma família de 4 pessoas

navega na Internet na rede 4G de alta velocidade, baixa

músicas, assiste vídeos e joga quanto quiser tendo à

disposição conteúdos de parceiros de peso, entre eles Apple

Music, ABC, Disney, Netflix e Nintendo em um acordo para os

aficionados por Pokémon Go.

Quando foi divulgado, o plano sofreu algumas críticas por

trazer certas limitações, como a definição padrão de 480p

para assistir vídeos e a velocidade de 2Gb ao usar o serviço de

hotspot para navegar na Web. Outro receio foi de que a rede

se tornasse lenta com o aumento do acesso.

O leitor já pode imaginar o time de engenharia da operadora

apavorado dizendo algo como “A rede não vai suportar. O

time de Marketing é irresponsável”. Acredito que toda

empresa tem seu GAV (Grupo Anti-Vendas), que de uma

forma ou de outra costuma atuar de forma reativa em relação

às iniciativas de crescimento. Não acho que devam ser

inconsequentes, mas que não fujam de riscos que podem ser

assumidos com o propósito de melhorar a vida dos clientes.

Em resposta, a operadora, sob a tutela e liderança de seu

CEO, anunciou um plano plus, que quadruplicou a velocidade

do mobile hotspot com tráfego também irrestrito na rede 4G.

Além disso, por US$ 3 por dia o usuário poderá comprar um

passe para assistir vídeos em HD por 24 horas. Com mais

opções no cardápio, agrada os heavy users e não frustra os

clientes que não se importam em pagar mais para obter mais

benefícios.

Antes de lançar o plano ilimitado, a T-Mobile já havia adotado

estratégias para encantar os clientes que teve como grande

trunfo a desburocratização dos serviços, tornando-os mais

simples, mais acessíveis, mais sedutores. Em uma sequência

de anúncios, a ‘uncarrier’ foi mostrando o porquê é diferente

da concorrência – acabou com a cobrança de roaming

internacional para alguns países, passou a oferecer música

com download liberado, depois vídeos, jogos e um leque de

serviços exclusivos aos seus usuários até chegar no T-Mobile

One e sacudir o mercado.

O resultado? Um faturamento de US$ 9,2 bilhões no segundo

trimestre de 2016, um crescimento de 12,8% e um EBITDA de

36% contra 30% comparando com o mesmo período do ano

passado, ultrapassando a Sprint e posicionando-se na terceira

posição do mercado.

Fórmula simples. Mais clientes e mais receitas, fazendo o que

o cliente quer e pede.

Como já disse Sam Walton, fundador do Walmart, clientes

podem demitir todos de uma empresa, simplesmente

gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

É preciso ter coragem para pivotar.

A T-Mobile vem se confirmando como uma legítima

representante do seleto grupo de empresas que tiveram

coragem para quebrar paradigmas e estabelecer novos

padrões de mercado. É claro que lançar um pacote all

inclusive pode ser uma estratégia de risco. Mas, ao final do

dia, inovar poderá definir quem irá liderar o mercado de voz,

dados e conteúdo digital e massacrar a concorrência.

Se os clientes querem um plano para se empanturrar de

bytes, falar e trocar mensagens o quanto quiserem, a

uncarrier atende prontamente seus desejos. Para os fiéis

seguidores da operadora, sim, there’s free lunch – um jantar

ou um filme grátis toda terça.

Quanto mais parcerias com publishers, editoras, gravadoras

ou redes de restaurantes, mais clientes, mais tráfego, mais

receita. Se o modelo será sustentável ainda é cedo para

predizer, mas uma coisa é certa: nunca mais os clientes irão

querer assinar planos que interrompam ou diminuam a

velocidade de acesso a Internet ao atingir o limite contratado.

Simples assim.

O movimento recente da T-Mobile já está sendo imitado por

players que não querem, claro, ficar para trás. A Sprint

também lançou seu plano ‘Unlimited Freedom’, apesar de, da

mesma forma, ter algumas restrições para o padrão de

qualidade de vídeos e na velocidade do serviço de streaming

de música. A Tele2, da Suécia, a Optus, da Austrália, e a

britânica Three são outras operadoras que decidiram seguir

os passos da ‘uncarrier’ americana de surpreender os clientes

com mimos.

Por aqui, a Vivo quer seduzir seus clientes e atrair novos com a

oferta de novidades que facilitam a contratação de um plano

sem nem mesmo precisar ir a uma loja ou ligar para o

televendas. Basta baixar o app Meu Vivo da operadora e

solicitar o Vivo Easy, o primeiro plano 100% controlado por

um aplicativo. Mesmo clientes de outras operadoras podem

pedir a portabilidade da linha e encomendar o chip pelo app.

Simplesmente por adotar uma postura transparente, pode-se

imaginar o impacto desta iniciativa na redução da rede de

lojas (Uber e Spotify não têm lojas), nos custos de

atendimento (WhatsApp não tem ‘Call Center’) e de

reclamações.

Os millenials não querem mais falar com ninguém para

comprar créditos, reclamar ou mudar de plano. E a Vivo já

entendeu isso, apostando na publicidade boca a boca para

ampliar suas vendas com a oferta de prêmios, como pacotes

de dados, para os que indicarem novos usuários. Ao digitalizar

cada vez mais seu atendimento, economiza com centrais de

atendimento e impulsiona o acesso a seus serviços. Ao

satisfazer os anseios dos consumidores, melhora seus

resultados.

É mudar ou mudar.

O que faria, caro leitor, se o Facebook, a Amazon, o Google ou

o Uber entrassem em seu mercado e se tornassem seu

concorrente? Quanto tempo levaria para reinventar seu

negócio? E não esqueça da agilidade que as empresas de

DNA digital têm para lançar novas ameaças – o Uber está

promovendo corridas em São Paulo a R$ 6,00 no uberPOOL

versus R$ 3,80 da tarifa de ônibus ou do metrô, enquanto a

Amazon decidiu polarizar com a FEDEX no segmento de

delivery.

O sepultamento da era dos dados é apenas o início de uma

revolução que irá estabelecer novos padrões de serviços e

relacionamento com as empresas de telefonia. A T-Mobile

encarou o óbvio: não faz sentido e ninguém quer ser cobrado

por megabytes consumidos, mas sim por uma assinatura de

tempo de uso com acesso ilimitado que possibilite navegar o

quanto quiser. Você calcula quantos KW está consumindo na

hora do banho? Esta lógica nunca fez sentido algum para os

consumidores.

Seja qual for o negócio, é preciso saber reconhecer a hora que

uma era chega ao fim. E mudar antes que um novo

concorrente abocanhe seu outrora intocável market share.

Page 24: OMARSON COSTA

Em meu último artigo abordei como as operadoras de

telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus

modelos de negócios para sobreviver. Não é difícil lembrar de

casos de empresas que demoraram para se reinventar e

pagaram um preço alto pela falta de visão. E também são

muitas as histórias de negócios que redirecionaram o leme

para novas oportunidades, definiram tendências e foram

recompensados conquistando a liderança de mercados por

eles mesmo criados.

Antes de se chamar LG, a companhia coreana criada em 1947

foi inicialmente batizada como Lak-Hui Chemical Industrial

Company. Nos primeiros 10 anos, a empresa fundada por Koo

In-Hwoi esteve centrada na fabricação de produtos químicos,

especialmente de limpeza, e de plásticos, indústria na qual

ingressou com a criação da divisão Goldstar Co.

Em 1958, a fusão das duas empresas Lak-Hui e Goldstar deu

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

início ao novo segmento de negócios com o desenvolvimento

de produtos eletrônicos e de telecomunicações. Em 1995, a

fabricante decidiu expandir seu alcance para o mercado

ocidental e assumiu o nome LG. Hoje, disputa a liderança

mundial do setor.

Outra potência nascida no Oriente, a Nintendo não tinha

nenhuma relação com o mundo dos games e consoles

quando foi concebida por Fusajiro Yamauchi, no Japão, em

1889, com o nome Nintendo Playing Card Co. Ltd. Seu

negócio inicial estava na simples produção e venda dos

cartões do baralho japonês Hanafuda.

Entre 1963 e 1968, o neto do fundador, Hiroshi Yamauchi,

rebatizou a companhia para Nintendo Co. Ltd e passou a

investir em negócios tão diferentes quanto frotas de táxi e,

acreditem, motéis, aventuras que não terminaram lá muito

bem.

Foi somente em 1974 que a companhia obteve os direitos de

distribuição do console Odyssey 100, que acabou por abrir as

portas para o lançamento de blockbusters como Game Boy,

Super Nintendo, Wii e 3DS. Três anos depois, começou a

desenvolver seus próprios consoles e na década de 80 lançou

os games Donkey Kong e Super Mario Brothers, que a

posicionaram na pole position do mercado global de games.

Simplificar é inovar

“Já disse antes e vou repetir – a melhor maneira de gerenciar

sua empresa é calar a boca, escutar seus clientes e fazer o que

eles dizem. Esta simples fórmula fez da T-Mobile a operadora

de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos

três anos”.

A declaração de John Legere, presidente e CEO da americana

T-Mobile, está no comunicado da empresa que revela ainda

mais vantagens e novos serviços em seu plano T-Mobile ONE,

que balançou as estruturas do mercado de telecomunicações

ao sacramentar o fim da era da cobrança por tráfego de

dados.

Como já antecipei em meu artigo anterior, desde o último dia

6 de setembro os clientes da ‘uncarrier’ podem contratar um

plano ilimitado de dados para 4 linhas por US$ 160 mensais. É

isso mesmo. Por R$ 480 por mês, uma família de 4 pessoas

navega na Internet na rede 4G de alta velocidade, baixa

músicas, assiste vídeos e joga quanto quiser tendo à

disposição conteúdos de parceiros de peso, entre eles Apple

Music, ABC, Disney, Netflix e Nintendo em um acordo para os

aficionados por Pokémon Go.

Quando foi divulgado, o plano sofreu algumas críticas por

trazer certas limitações, como a definição padrão de 480p

para assistir vídeos e a velocidade de 2Gb ao usar o serviço de

hotspot para navegar na Web. Outro receio foi de que a rede

se tornasse lenta com o aumento do acesso.

O leitor já pode imaginar o time de engenharia da operadora

apavorado dizendo algo como “A rede não vai suportar. O

time de Marketing é irresponsável”. Acredito que toda

empresa tem seu GAV (Grupo Anti-Vendas), que de uma

forma ou de outra costuma atuar de forma reativa em relação

às iniciativas de crescimento. Não acho que devam ser

inconsequentes, mas que não fujam de riscos que podem ser

assumidos com o propósito de melhorar a vida dos clientes.

Em resposta, a operadora, sob a tutela e liderança de seu

CEO, anunciou um plano plus, que quadruplicou a velocidade

do mobile hotspot com tráfego também irrestrito na rede 4G.

Além disso, por US$ 3 por dia o usuário poderá comprar um

passe para assistir vídeos em HD por 24 horas. Com mais

opções no cardápio, agrada os heavy users e não frustra os

clientes que não se importam em pagar mais para obter mais

benefícios.

Antes de lançar o plano ilimitado, a T-Mobile já havia adotado

estratégias para encantar os clientes que teve como grande

trunfo a desburocratização dos serviços, tornando-os mais

simples, mais acessíveis, mais sedutores. Em uma sequência

de anúncios, a ‘uncarrier’ foi mostrando o porquê é diferente

da concorrência – acabou com a cobrança de roaming

internacional para alguns países, passou a oferecer música

com download liberado, depois vídeos, jogos e um leque de

serviços exclusivos aos seus usuários até chegar no T-Mobile

One e sacudir o mercado.

O resultado? Um faturamento de US$ 9,2 bilhões no segundo

trimestre de 2016, um crescimento de 12,8% e um EBITDA de

36% contra 30% comparando com o mesmo período do ano

passado, ultrapassando a Sprint e posicionando-se na terceira

posição do mercado.

Fórmula simples. Mais clientes e mais receitas, fazendo o que

o cliente quer e pede.

Como já disse Sam Walton, fundador do Walmart, clientes

podem demitir todos de uma empresa, simplesmente

gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

É preciso ter coragem para pivotar.

A T-Mobile vem se confirmando como uma legítima

representante do seleto grupo de empresas que tiveram

coragem para quebrar paradigmas e estabelecer novos

padrões de mercado. É claro que lançar um pacote all

inclusive pode ser uma estratégia de risco. Mas, ao final do

dia, inovar poderá definir quem irá liderar o mercado de voz,

dados e conteúdo digital e massacrar a concorrência.

Se os clientes querem um plano para se empanturrar de

bytes, falar e trocar mensagens o quanto quiserem, a

uncarrier atende prontamente seus desejos. Para os fiéis

seguidores da operadora, sim, there’s free lunch – um jantar

ou um filme grátis toda terça.

Quanto mais parcerias com publishers, editoras, gravadoras

ou redes de restaurantes, mais clientes, mais tráfego, mais

receita. Se o modelo será sustentável ainda é cedo para

predizer, mas uma coisa é certa: nunca mais os clientes irão

querer assinar planos que interrompam ou diminuam a

velocidade de acesso a Internet ao atingir o limite contratado.

Simples assim.

O movimento recente da T-Mobile já está sendo imitado por

players que não querem, claro, ficar para trás. A Sprint

também lançou seu plano ‘Unlimited Freedom’, apesar de, da

mesma forma, ter algumas restrições para o padrão de

qualidade de vídeos e na velocidade do serviço de streaming

de música. A Tele2, da Suécia, a Optus, da Austrália, e a

britânica Three são outras operadoras que decidiram seguir

os passos da ‘uncarrier’ americana de surpreender os clientes

com mimos.

Por aqui, a Vivo quer seduzir seus clientes e atrair novos com a

oferta de novidades que facilitam a contratação de um plano

sem nem mesmo precisar ir a uma loja ou ligar para o

televendas. Basta baixar o app Meu Vivo da operadora e

solicitar o Vivo Easy, o primeiro plano 100% controlado por

um aplicativo. Mesmo clientes de outras operadoras podem

pedir a portabilidade da linha e encomendar o chip pelo app.

Simplesmente por adotar uma postura transparente, pode-se

imaginar o impacto desta iniciativa na redução da rede de

lojas (Uber e Spotify não têm lojas), nos custos de

atendimento (WhatsApp não tem ‘Call Center’) e de

reclamações.

Os millenials não querem mais falar com ninguém para

comprar créditos, reclamar ou mudar de plano. E a Vivo já

entendeu isso, apostando na publicidade boca a boca para

ampliar suas vendas com a oferta de prêmios, como pacotes

de dados, para os que indicarem novos usuários. Ao digitalizar

cada vez mais seu atendimento, economiza com centrais de

atendimento e impulsiona o acesso a seus serviços. Ao

satisfazer os anseios dos consumidores, melhora seus

resultados.

É mudar ou mudar.

O que faria, caro leitor, se o Facebook, a Amazon, o Google ou

o Uber entrassem em seu mercado e se tornassem seu

concorrente? Quanto tempo levaria para reinventar seu

negócio? E não esqueça da agilidade que as empresas de

DNA digital têm para lançar novas ameaças – o Uber está

promovendo corridas em São Paulo a R$ 6,00 no uberPOOL

versus R$ 3,80 da tarifa de ônibus ou do metrô, enquanto a

Amazon decidiu polarizar com a FEDEX no segmento de

delivery.

O sepultamento da era dos dados é apenas o início de uma

revolução que irá estabelecer novos padrões de serviços e

relacionamento com as empresas de telefonia. A T-Mobile

encarou o óbvio: não faz sentido e ninguém quer ser cobrado

por megabytes consumidos, mas sim por uma assinatura de

tempo de uso com acesso ilimitado que possibilite navegar o

quanto quiser. Você calcula quantos KW está consumindo na

hora do banho? Esta lógica nunca fez sentido algum para os

consumidores.

Seja qual for o negócio, é preciso saber reconhecer a hora que

uma era chega ao fim. E mudar antes que um novo

concorrente abocanhe seu outrora intocável market share.

Page 25: OMARSON COSTA

Em meu último artigo abordei como as operadoras de

telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus

modelos de negócios para sobreviver. Não é difícil lembrar de

casos de empresas que demoraram para se reinventar e

pagaram um preço alto pela falta de visão. E também são

muitas as histórias de negócios que redirecionaram o leme

para novas oportunidades, definiram tendências e foram

recompensados conquistando a liderança de mercados por

eles mesmo criados.

Antes de se chamar LG, a companhia coreana criada em 1947

foi inicialmente batizada como Lak-Hui Chemical Industrial

Company. Nos primeiros 10 anos, a empresa fundada por Koo

In-Hwoi esteve centrada na fabricação de produtos químicos,

especialmente de limpeza, e de plásticos, indústria na qual

ingressou com a criação da divisão Goldstar Co.

Em 1958, a fusão das duas empresas Lak-Hui e Goldstar deu

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

início ao novo segmento de negócios com o desenvolvimento

de produtos eletrônicos e de telecomunicações. Em 1995, a

fabricante decidiu expandir seu alcance para o mercado

ocidental e assumiu o nome LG. Hoje, disputa a liderança

mundial do setor.

Outra potência nascida no Oriente, a Nintendo não tinha

nenhuma relação com o mundo dos games e consoles

quando foi concebida por Fusajiro Yamauchi, no Japão, em

1889, com o nome Nintendo Playing Card Co. Ltd. Seu

negócio inicial estava na simples produção e venda dos

cartões do baralho japonês Hanafuda.

Entre 1963 e 1968, o neto do fundador, Hiroshi Yamauchi,

rebatizou a companhia para Nintendo Co. Ltd e passou a

investir em negócios tão diferentes quanto frotas de táxi e,

acreditem, motéis, aventuras que não terminaram lá muito

bem.

Foi somente em 1974 que a companhia obteve os direitos de

distribuição do console Odyssey 100, que acabou por abrir as

portas para o lançamento de blockbusters como Game Boy,

Super Nintendo, Wii e 3DS. Três anos depois, começou a

desenvolver seus próprios consoles e na década de 80 lançou

os games Donkey Kong e Super Mario Brothers, que a

posicionaram na pole position do mercado global de games.

Simplificar é inovar

“Já disse antes e vou repetir – a melhor maneira de gerenciar

sua empresa é calar a boca, escutar seus clientes e fazer o que

eles dizem. Esta simples fórmula fez da T-Mobile a operadora

de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos

três anos”.

A declaração de John Legere, presidente e CEO da americana

T-Mobile, está no comunicado da empresa que revela ainda

mais vantagens e novos serviços em seu plano T-Mobile ONE,

que balançou as estruturas do mercado de telecomunicações

ao sacramentar o fim da era da cobrança por tráfego de

dados.

Como já antecipei em meu artigo anterior, desde o último dia

6 de setembro os clientes da ‘uncarrier’ podem contratar um

plano ilimitado de dados para 4 linhas por US$ 160 mensais. É

isso mesmo. Por R$ 480 por mês, uma família de 4 pessoas

navega na Internet na rede 4G de alta velocidade, baixa

músicas, assiste vídeos e joga quanto quiser tendo à

disposição conteúdos de parceiros de peso, entre eles Apple

Music, ABC, Disney, Netflix e Nintendo em um acordo para os

aficionados por Pokémon Go.

Quando foi divulgado, o plano sofreu algumas críticas por

trazer certas limitações, como a definição padrão de 480p

para assistir vídeos e a velocidade de 2Gb ao usar o serviço de

hotspot para navegar na Web. Outro receio foi de que a rede

se tornasse lenta com o aumento do acesso.

O leitor já pode imaginar o time de engenharia da operadora

apavorado dizendo algo como “A rede não vai suportar. O

time de Marketing é irresponsável”. Acredito que toda

empresa tem seu GAV (Grupo Anti-Vendas), que de uma

forma ou de outra costuma atuar de forma reativa em relação

às iniciativas de crescimento. Não acho que devam ser

inconsequentes, mas que não fujam de riscos que podem ser

assumidos com o propósito de melhorar a vida dos clientes.

Em resposta, a operadora, sob a tutela e liderança de seu

CEO, anunciou um plano plus, que quadruplicou a velocidade

do mobile hotspot com tráfego também irrestrito na rede 4G.

Além disso, por US$ 3 por dia o usuário poderá comprar um

passe para assistir vídeos em HD por 24 horas. Com mais

opções no cardápio, agrada os heavy users e não frustra os

clientes que não se importam em pagar mais para obter mais

benefícios.

Antes de lançar o plano ilimitado, a T-Mobile já havia adotado

estratégias para encantar os clientes que teve como grande

trunfo a desburocratização dos serviços, tornando-os mais

simples, mais acessíveis, mais sedutores. Em uma sequência

de anúncios, a ‘uncarrier’ foi mostrando o porquê é diferente

da concorrência – acabou com a cobrança de roaming

internacional para alguns países, passou a oferecer música

com download liberado, depois vídeos, jogos e um leque de

serviços exclusivos aos seus usuários até chegar no T-Mobile

One e sacudir o mercado.

O resultado? Um faturamento de US$ 9,2 bilhões no segundo

trimestre de 2016, um crescimento de 12,8% e um EBITDA de

36% contra 30% comparando com o mesmo período do ano

passado, ultrapassando a Sprint e posicionando-se na terceira

posição do mercado.

Fórmula simples. Mais clientes e mais receitas, fazendo o que

o cliente quer e pede.

Como já disse Sam Walton, fundador do Walmart, clientes

podem demitir todos de uma empresa, simplesmente

gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

É preciso ter coragem para pivotar.

A T-Mobile vem se confirmando como uma legítima

representante do seleto grupo de empresas que tiveram

coragem para quebrar paradigmas e estabelecer novos

padrões de mercado. É claro que lançar um pacote all

inclusive pode ser uma estratégia de risco. Mas, ao final do

dia, inovar poderá definir quem irá liderar o mercado de voz,

dados e conteúdo digital e massacrar a concorrência.

Se os clientes querem um plano para se empanturrar de

bytes, falar e trocar mensagens o quanto quiserem, a

uncarrier atende prontamente seus desejos. Para os fiéis

seguidores da operadora, sim, there’s free lunch – um jantar

ou um filme grátis toda terça.

Quanto mais parcerias com publishers, editoras, gravadoras

ou redes de restaurantes, mais clientes, mais tráfego, mais

receita. Se o modelo será sustentável ainda é cedo para

predizer, mas uma coisa é certa: nunca mais os clientes irão

querer assinar planos que interrompam ou diminuam a

velocidade de acesso a Internet ao atingir o limite contratado.

Simples assim.

O movimento recente da T-Mobile já está sendo imitado por

players que não querem, claro, ficar para trás. A Sprint

também lançou seu plano ‘Unlimited Freedom’, apesar de, da

mesma forma, ter algumas restrições para o padrão de

qualidade de vídeos e na velocidade do serviço de streaming

de música. A Tele2, da Suécia, a Optus, da Austrália, e a

britânica Three são outras operadoras que decidiram seguir

os passos da ‘uncarrier’ americana de surpreender os clientes

com mimos.

Por aqui, a Vivo quer seduzir seus clientes e atrair novos com a

oferta de novidades que facilitam a contratação de um plano

sem nem mesmo precisar ir a uma loja ou ligar para o

televendas. Basta baixar o app Meu Vivo da operadora e

solicitar o Vivo Easy, o primeiro plano 100% controlado por

um aplicativo. Mesmo clientes de outras operadoras podem

pedir a portabilidade da linha e encomendar o chip pelo app.

Simplesmente por adotar uma postura transparente, pode-se

imaginar o impacto desta iniciativa na redução da rede de

lojas (Uber e Spotify não têm lojas), nos custos de

atendimento (WhatsApp não tem ‘Call Center’) e de

reclamações.

Os millenials não querem mais falar com ninguém para

comprar créditos, reclamar ou mudar de plano. E a Vivo já

entendeu isso, apostando na publicidade boca a boca para

ampliar suas vendas com a oferta de prêmios, como pacotes

de dados, para os que indicarem novos usuários. Ao digitalizar

cada vez mais seu atendimento, economiza com centrais de

atendimento e impulsiona o acesso a seus serviços. Ao

satisfazer os anseios dos consumidores, melhora seus

resultados.

É mudar ou mudar.

O que faria, caro leitor, se o Facebook, a Amazon, o Google ou

o Uber entrassem em seu mercado e se tornassem seu

concorrente? Quanto tempo levaria para reinventar seu

negócio? E não esqueça da agilidade que as empresas de

DNA digital têm para lançar novas ameaças – o Uber está

promovendo corridas em São Paulo a R$ 6,00 no uberPOOL

versus R$ 3,80 da tarifa de ônibus ou do metrô, enquanto a

Amazon decidiu polarizar com a FEDEX no segmento de

delivery.

O sepultamento da era dos dados é apenas o início de uma

revolução que irá estabelecer novos padrões de serviços e

relacionamento com as empresas de telefonia. A T-Mobile

encarou o óbvio: não faz sentido e ninguém quer ser cobrado

por megabytes consumidos, mas sim por uma assinatura de

tempo de uso com acesso ilimitado que possibilite navegar o

quanto quiser. Você calcula quantos KW está consumindo na

hora do banho? Esta lógica nunca fez sentido algum para os

consumidores.

Seja qual for o negócio, é preciso saber reconhecer a hora que

uma era chega ao fim. E mudar antes que um novo

concorrente abocanhe seu outrora intocável market share.

Page 26: OMARSON COSTA

Em meu último artigo abordei como as operadoras de

telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus

modelos de negócios para sobreviver. Não é difícil lembrar de

casos de empresas que demoraram para se reinventar e

pagaram um preço alto pela falta de visão. E também são

muitas as histórias de negócios que redirecionaram o leme

para novas oportunidades, definiram tendências e foram

recompensados conquistando a liderança de mercados por

eles mesmo criados.

Antes de se chamar LG, a companhia coreana criada em 1947

foi inicialmente batizada como Lak-Hui Chemical Industrial

Company. Nos primeiros 10 anos, a empresa fundada por Koo

In-Hwoi esteve centrada na fabricação de produtos químicos,

especialmente de limpeza, e de plásticos, indústria na qual

ingressou com a criação da divisão Goldstar Co.

Em 1958, a fusão das duas empresas Lak-Hui e Goldstar deu

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

início ao novo segmento de negócios com o desenvolvimento

de produtos eletrônicos e de telecomunicações. Em 1995, a

fabricante decidiu expandir seu alcance para o mercado

ocidental e assumiu o nome LG. Hoje, disputa a liderança

mundial do setor.

Outra potência nascida no Oriente, a Nintendo não tinha

nenhuma relação com o mundo dos games e consoles

quando foi concebida por Fusajiro Yamauchi, no Japão, em

1889, com o nome Nintendo Playing Card Co. Ltd. Seu

negócio inicial estava na simples produção e venda dos

cartões do baralho japonês Hanafuda.

Entre 1963 e 1968, o neto do fundador, Hiroshi Yamauchi,

rebatizou a companhia para Nintendo Co. Ltd e passou a

investir em negócios tão diferentes quanto frotas de táxi e,

acreditem, motéis, aventuras que não terminaram lá muito

bem.

Foi somente em 1974 que a companhia obteve os direitos de

distribuição do console Odyssey 100, que acabou por abrir as

portas para o lançamento de blockbusters como Game Boy,

Super Nintendo, Wii e 3DS. Três anos depois, começou a

desenvolver seus próprios consoles e na década de 80 lançou

os games Donkey Kong e Super Mario Brothers, que a

posicionaram na pole position do mercado global de games.

Simplificar é inovar

“Já disse antes e vou repetir – a melhor maneira de gerenciar

sua empresa é calar a boca, escutar seus clientes e fazer o que

eles dizem. Esta simples fórmula fez da T-Mobile a operadora

de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos

três anos”.

A declaração de John Legere, presidente e CEO da americana

T-Mobile, está no comunicado da empresa que revela ainda

mais vantagens e novos serviços em seu plano T-Mobile ONE,

que balançou as estruturas do mercado de telecomunicações

ao sacramentar o fim da era da cobrança por tráfego de

dados.

Como já antecipei em meu artigo anterior, desde o último dia

6 de setembro os clientes da ‘uncarrier’ podem contratar um

plano ilimitado de dados para 4 linhas por US$ 160 mensais. É

isso mesmo. Por R$ 480 por mês, uma família de 4 pessoas

navega na Internet na rede 4G de alta velocidade, baixa

músicas, assiste vídeos e joga quanto quiser tendo à

disposição conteúdos de parceiros de peso, entre eles Apple

Music, ABC, Disney, Netflix e Nintendo em um acordo para os

aficionados por Pokémon Go.

Quando foi divulgado, o plano sofreu algumas críticas por

trazer certas limitações, como a definição padrão de 480p

para assistir vídeos e a velocidade de 2Gb ao usar o serviço de

hotspot para navegar na Web. Outro receio foi de que a rede

se tornasse lenta com o aumento do acesso.

O leitor já pode imaginar o time de engenharia da operadora

apavorado dizendo algo como “A rede não vai suportar. O

time de Marketing é irresponsável”. Acredito que toda

empresa tem seu GAV (Grupo Anti-Vendas), que de uma

forma ou de outra costuma atuar de forma reativa em relação

às iniciativas de crescimento. Não acho que devam ser

inconsequentes, mas que não fujam de riscos que podem ser

assumidos com o propósito de melhorar a vida dos clientes.

Em resposta, a operadora, sob a tutela e liderança de seu

CEO, anunciou um plano plus, que quadruplicou a velocidade

do mobile hotspot com tráfego também irrestrito na rede 4G.

Além disso, por US$ 3 por dia o usuário poderá comprar um

passe para assistir vídeos em HD por 24 horas. Com mais

opções no cardápio, agrada os heavy users e não frustra os

clientes que não se importam em pagar mais para obter mais

benefícios.

Antes de lançar o plano ilimitado, a T-Mobile já havia adotado

estratégias para encantar os clientes que teve como grande

trunfo a desburocratização dos serviços, tornando-os mais

simples, mais acessíveis, mais sedutores. Em uma sequência

de anúncios, a ‘uncarrier’ foi mostrando o porquê é diferente

da concorrência – acabou com a cobrança de roaming

internacional para alguns países, passou a oferecer música

com download liberado, depois vídeos, jogos e um leque de

serviços exclusivos aos seus usuários até chegar no T-Mobile

One e sacudir o mercado.

O resultado? Um faturamento de US$ 9,2 bilhões no segundo

trimestre de 2016, um crescimento de 12,8% e um EBITDA de

36% contra 30% comparando com o mesmo período do ano

passado, ultrapassando a Sprint e posicionando-se na terceira

posição do mercado.

Fórmula simples. Mais clientes e mais receitas, fazendo o que

o cliente quer e pede.

Como já disse Sam Walton, fundador do Walmart, clientes

podem demitir todos de uma empresa, simplesmente

gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

É preciso ter coragem para pivotar.

A T-Mobile vem se confirmando como uma legítima

representante do seleto grupo de empresas que tiveram

coragem para quebrar paradigmas e estabelecer novos

padrões de mercado. É claro que lançar um pacote all

inclusive pode ser uma estratégia de risco. Mas, ao final do

dia, inovar poderá definir quem irá liderar o mercado de voz,

dados e conteúdo digital e massacrar a concorrência.

Se os clientes querem um plano para se empanturrar de

bytes, falar e trocar mensagens o quanto quiserem, a

uncarrier atende prontamente seus desejos. Para os fiéis

seguidores da operadora, sim, there’s free lunch – um jantar

ou um filme grátis toda terça.

Quanto mais parcerias com publishers, editoras, gravadoras

ou redes de restaurantes, mais clientes, mais tráfego, mais

receita. Se o modelo será sustentável ainda é cedo para

predizer, mas uma coisa é certa: nunca mais os clientes irão

querer assinar planos que interrompam ou diminuam a

velocidade de acesso a Internet ao atingir o limite contratado.

Simples assim.

O movimento recente da T-Mobile já está sendo imitado por

players que não querem, claro, ficar para trás. A Sprint

também lançou seu plano ‘Unlimited Freedom’, apesar de, da

mesma forma, ter algumas restrições para o padrão de

qualidade de vídeos e na velocidade do serviço de streaming

de música. A Tele2, da Suécia, a Optus, da Austrália, e a

britânica Three são outras operadoras que decidiram seguir

os passos da ‘uncarrier’ americana de surpreender os clientes

com mimos.

Por aqui, a Vivo quer seduzir seus clientes e atrair novos com a

oferta de novidades que facilitam a contratação de um plano

sem nem mesmo precisar ir a uma loja ou ligar para o

televendas. Basta baixar o app Meu Vivo da operadora e

solicitar o Vivo Easy, o primeiro plano 100% controlado por

um aplicativo. Mesmo clientes de outras operadoras podem

pedir a portabilidade da linha e encomendar o chip pelo app.

Simplesmente por adotar uma postura transparente, pode-se

imaginar o impacto desta iniciativa na redução da rede de

lojas (Uber e Spotify não têm lojas), nos custos de

atendimento (WhatsApp não tem ‘Call Center’) e de

reclamações.

Os millenials não querem mais falar com ninguém para

comprar créditos, reclamar ou mudar de plano. E a Vivo já

entendeu isso, apostando na publicidade boca a boca para

ampliar suas vendas com a oferta de prêmios, como pacotes

de dados, para os que indicarem novos usuários. Ao digitalizar

cada vez mais seu atendimento, economiza com centrais de

atendimento e impulsiona o acesso a seus serviços. Ao

satisfazer os anseios dos consumidores, melhora seus

resultados.

É mudar ou mudar.

O que faria, caro leitor, se o Facebook, a Amazon, o Google ou

o Uber entrassem em seu mercado e se tornassem seu

concorrente? Quanto tempo levaria para reinventar seu

negócio? E não esqueça da agilidade que as empresas de

DNA digital têm para lançar novas ameaças – o Uber está

promovendo corridas em São Paulo a R$ 6,00 no uberPOOL

versus R$ 3,80 da tarifa de ônibus ou do metrô, enquanto a

Amazon decidiu polarizar com a FEDEX no segmento de

delivery.

O sepultamento da era dos dados é apenas o início de uma

revolução que irá estabelecer novos padrões de serviços e

relacionamento com as empresas de telefonia. A T-Mobile

encarou o óbvio: não faz sentido e ninguém quer ser cobrado

por megabytes consumidos, mas sim por uma assinatura de

tempo de uso com acesso ilimitado que possibilite navegar o

quanto quiser. Você calcula quantos KW está consumindo na

hora do banho? Esta lógica nunca fez sentido algum para os

consumidores.

Seja qual for o negócio, é preciso saber reconhecer a hora que

uma era chega ao fim. E mudar antes que um novo

concorrente abocanhe seu outrora intocável market share.

Page 27: OMARSON COSTA

Em meu último artigo abordei como as operadoras de

telecomunicações estão sendo obrigadas a reconstruir seus

modelos de negócios para sobreviver. Não é difícil lembrar de

casos de empresas que demoraram para se reinventar e

pagaram um preço alto pela falta de visão. E também são

muitas as histórias de negócios que redirecionaram o leme

para novas oportunidades, definiram tendências e foram

recompensados conquistando a liderança de mercados por

eles mesmo criados.

Antes de se chamar LG, a companhia coreana criada em 1947

foi inicialmente batizada como Lak-Hui Chemical Industrial

Company. Nos primeiros 10 anos, a empresa fundada por Koo

In-Hwoi esteve centrada na fabricação de produtos químicos,

especialmente de limpeza, e de plásticos, indústria na qual

ingressou com a criação da divisão Goldstar Co.

Em 1958, a fusão das duas empresas Lak-Hui e Goldstar deu

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

início ao novo segmento de negócios com o desenvolvimento

de produtos eletrônicos e de telecomunicações. Em 1995, a

fabricante decidiu expandir seu alcance para o mercado

ocidental e assumiu o nome LG. Hoje, disputa a liderança

mundial do setor.

Outra potência nascida no Oriente, a Nintendo não tinha

nenhuma relação com o mundo dos games e consoles

quando foi concebida por Fusajiro Yamauchi, no Japão, em

1889, com o nome Nintendo Playing Card Co. Ltd. Seu

negócio inicial estava na simples produção e venda dos

cartões do baralho japonês Hanafuda.

Entre 1963 e 1968, o neto do fundador, Hiroshi Yamauchi,

rebatizou a companhia para Nintendo Co. Ltd e passou a

investir em negócios tão diferentes quanto frotas de táxi e,

acreditem, motéis, aventuras que não terminaram lá muito

bem.

Foi somente em 1974 que a companhia obteve os direitos de

distribuição do console Odyssey 100, que acabou por abrir as

portas para o lançamento de blockbusters como Game Boy,

Super Nintendo, Wii e 3DS. Três anos depois, começou a

desenvolver seus próprios consoles e na década de 80 lançou

os games Donkey Kong e Super Mario Brothers, que a

posicionaram na pole position do mercado global de games.

Simplificar é inovar

“Já disse antes e vou repetir – a melhor maneira de gerenciar

sua empresa é calar a boca, escutar seus clientes e fazer o que

eles dizem. Esta simples fórmula fez da T-Mobile a operadora

de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos

três anos”.

A declaração de John Legere, presidente e CEO da americana

T-Mobile, está no comunicado da empresa que revela ainda

mais vantagens e novos serviços em seu plano T-Mobile ONE,

que balançou as estruturas do mercado de telecomunicações

ao sacramentar o fim da era da cobrança por tráfego de

dados.

Como já antecipei em meu artigo anterior, desde o último dia

6 de setembro os clientes da ‘uncarrier’ podem contratar um

plano ilimitado de dados para 4 linhas por US$ 160 mensais. É

isso mesmo. Por R$ 480 por mês, uma família de 4 pessoas

navega na Internet na rede 4G de alta velocidade, baixa

músicas, assiste vídeos e joga quanto quiser tendo à

disposição conteúdos de parceiros de peso, entre eles Apple

Music, ABC, Disney, Netflix e Nintendo em um acordo para os

aficionados por Pokémon Go.

Quando foi divulgado, o plano sofreu algumas críticas por

trazer certas limitações, como a definição padrão de 480p

para assistir vídeos e a velocidade de 2Gb ao usar o serviço de

hotspot para navegar na Web. Outro receio foi de que a rede

se tornasse lenta com o aumento do acesso.

O leitor já pode imaginar o time de engenharia da operadora

apavorado dizendo algo como “A rede não vai suportar. O

time de Marketing é irresponsável”. Acredito que toda

empresa tem seu GAV (Grupo Anti-Vendas), que de uma

forma ou de outra costuma atuar de forma reativa em relação

às iniciativas de crescimento. Não acho que devam ser

inconsequentes, mas que não fujam de riscos que podem ser

assumidos com o propósito de melhorar a vida dos clientes.

Em resposta, a operadora, sob a tutela e liderança de seu

CEO, anunciou um plano plus, que quadruplicou a velocidade

do mobile hotspot com tráfego também irrestrito na rede 4G.

Além disso, por US$ 3 por dia o usuário poderá comprar um

passe para assistir vídeos em HD por 24 horas. Com mais

opções no cardápio, agrada os heavy users e não frustra os

clientes que não se importam em pagar mais para obter mais

benefícios.

Antes de lançar o plano ilimitado, a T-Mobile já havia adotado

estratégias para encantar os clientes que teve como grande

trunfo a desburocratização dos serviços, tornando-os mais

simples, mais acessíveis, mais sedutores. Em uma sequência

de anúncios, a ‘uncarrier’ foi mostrando o porquê é diferente

da concorrência – acabou com a cobrança de roaming

internacional para alguns países, passou a oferecer música

com download liberado, depois vídeos, jogos e um leque de

serviços exclusivos aos seus usuários até chegar no T-Mobile

One e sacudir o mercado.

O resultado? Um faturamento de US$ 9,2 bilhões no segundo

trimestre de 2016, um crescimento de 12,8% e um EBITDA de

36% contra 30% comparando com o mesmo período do ano

passado, ultrapassando a Sprint e posicionando-se na terceira

posição do mercado.

Fórmula simples. Mais clientes e mais receitas, fazendo o que

o cliente quer e pede.

Como já disse Sam Walton, fundador do Walmart, clientes

podem demitir todos de uma empresa, simplesmente

gastando seu dinheiro em algum outro lugar.

É preciso ter coragem para pivotar.

A T-Mobile vem se confirmando como uma legítima

representante do seleto grupo de empresas que tiveram

coragem para quebrar paradigmas e estabelecer novos

padrões de mercado. É claro que lançar um pacote all

inclusive pode ser uma estratégia de risco. Mas, ao final do

dia, inovar poderá definir quem irá liderar o mercado de voz,

dados e conteúdo digital e massacrar a concorrência.

Se os clientes querem um plano para se empanturrar de

bytes, falar e trocar mensagens o quanto quiserem, a

uncarrier atende prontamente seus desejos. Para os fiéis

seguidores da operadora, sim, there’s free lunch – um jantar

ou um filme grátis toda terça.

Quanto mais parcerias com publishers, editoras, gravadoras

ou redes de restaurantes, mais clientes, mais tráfego, mais

receita. Se o modelo será sustentável ainda é cedo para

predizer, mas uma coisa é certa: nunca mais os clientes irão

querer assinar planos que interrompam ou diminuam a

velocidade de acesso a Internet ao atingir o limite contratado.

Simples assim.

O movimento recente da T-Mobile já está sendo imitado por

players que não querem, claro, ficar para trás. A Sprint

também lançou seu plano ‘Unlimited Freedom’, apesar de, da

mesma forma, ter algumas restrições para o padrão de

qualidade de vídeos e na velocidade do serviço de streaming

de música. A Tele2, da Suécia, a Optus, da Austrália, e a

britânica Three são outras operadoras que decidiram seguir

os passos da ‘uncarrier’ americana de surpreender os clientes

com mimos.

Por aqui, a Vivo quer seduzir seus clientes e atrair novos com a

oferta de novidades que facilitam a contratação de um plano

sem nem mesmo precisar ir a uma loja ou ligar para o

televendas. Basta baixar o app Meu Vivo da operadora e

solicitar o Vivo Easy, o primeiro plano 100% controlado por

um aplicativo. Mesmo clientes de outras operadoras podem

pedir a portabilidade da linha e encomendar o chip pelo app.

Simplesmente por adotar uma postura transparente, pode-se

imaginar o impacto desta iniciativa na redução da rede de

lojas (Uber e Spotify não têm lojas), nos custos de

atendimento (WhatsApp não tem ‘Call Center’) e de

reclamações.

Os millenials não querem mais falar com ninguém para

comprar créditos, reclamar ou mudar de plano. E a Vivo já

entendeu isso, apostando na publicidade boca a boca para

ampliar suas vendas com a oferta de prêmios, como pacotes

de dados, para os que indicarem novos usuários. Ao digitalizar

cada vez mais seu atendimento, economiza com centrais de

atendimento e impulsiona o acesso a seus serviços. Ao

satisfazer os anseios dos consumidores, melhora seus

resultados.

É mudar ou mudar.

O que faria, caro leitor, se o Facebook, a Amazon, o Google ou

o Uber entrassem em seu mercado e se tornassem seu

concorrente? Quanto tempo levaria para reinventar seu

negócio? E não esqueça da agilidade que as empresas de

DNA digital têm para lançar novas ameaças – o Uber está

promovendo corridas em São Paulo a R$ 6,00 no uberPOOL

versus R$ 3,80 da tarifa de ônibus ou do metrô, enquanto a

Amazon decidiu polarizar com a FEDEX no segmento de

delivery.

O sepultamento da era dos dados é apenas o início de uma

revolução que irá estabelecer novos padrões de serviços e

relacionamento com as empresas de telefonia. A T-Mobile

encarou o óbvio: não faz sentido e ninguém quer ser cobrado

por megabytes consumidos, mas sim por uma assinatura de

tempo de uso com acesso ilimitado que possibilite navegar o

quanto quiser. Você calcula quantos KW está consumindo na

hora do banho? Esta lógica nunca fez sentido algum para os

consumidores.

Seja qual for o negócio, é preciso saber reconhecer a hora que

uma era chega ao fim. E mudar antes que um novo

concorrente abocanhe seu outrora intocável market share.

Page 28: OMARSON COSTA

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Por que você (não)irá trocar de operadorade celular?Não há negócio que não seja impactado pelo avanço das tecnologias, da digitalização e da globalização da economia

No início do século XIX uma fábrica de água congelada

construída na costa leste dos Estados Unidos e na Noruega

abriu as portas para criação de diversos novos negócios,

especialmente na indústria de bebidas e alimentos. O negócio

foi iniciado pelo empresário Frederic Tudor, que construiu uma

fortuna, acreditem, vendendo gelo em larga escala.

Os operários faziam a extração de lagos durante o inverno

intenso, armazenavam os blocos em casas frigoríficas e

depois os embarcavam em navios ou trens para transportar,

exportar e vender para casas e comércios em diversos

mercados locais e internacionais.

Tudor construiu uma empresa rentável respondendo a

equação oferta X demanda. Com a invenção da geladeira,

retirar gelo da natureza deixou de ser lucrativo. Foi o fim de

um negócio de oportunidade.

A inovação é implacável.

Não há negócio que não seja impactado pelo avanço das

tecnologias, da digitalização e da globalização da economia.

Independente do setor, a chegada de concorrentes

sustentados por estratégias disruptivas, com alcance em

múltiplos mercados e alta capacidade de escala e distribuição,

continuará obrigando empresas até então acomodadas em

suas zonas de conforto a buscarem novos modelos afinados

com os novos tempos dos millenials.

Se ainda estivesse vivo, Henry Ford provavelmente

confessaria jamais imaginar que um dia sua montadora se

associaria com a gigante chinesa Baidu para investir US$ 150

milhões na Velodyne, empresa que fabrica um componente

essencial para o funcionamento de carros autônomos.

A previsão da Ford é lançar até 2021 carros sem volante ou

pedais, inaugurando a era dos veículos sem motorista e que

poderão ser compartilhados em apps de carona como o Uber.

Mas por onde passarão as grandes mudanças que irão definir

os rumos da economia de bits e bites?

No futuro próximo, seja para uma geladeira avisar o

supermercado que o leite está acabando ou para dar ordens

ao táxi-robô dirigir até seu próximo destino, tudo irá passar

pelas redes de dados. E por isso, uma indústria, em particular,

será o alicerce de todas as revoluções em curso: as

telecomunicações.

São as redes de transmissão de dados que sustentam os

negócios digitais, viabilizando a entrega de conteúdos,

publicidade, bens digitais, produtos, serviços e tudo que

iremos consumir daqui por diante. Ler notícias, assistir TV, ir ao

banco, pedir um delivery, fazer compras, jogar, estudar,

conversar, namorar, trabalhar, pesquisar, ouvir música; toda

nossa vida, não tem mais jeito, depende totalmente da Web,

abrindo espaço para que as operadoras ampliem suas bases

de usuários para atrair anunciantes e parceiros na venda de

todo tipo de serviço.

Passando por profundas transformações nos últimos anos

decorrentes, entre outros fatores, da ameaça de empresas

digitais que oferecem serviços de comunicação ‘over the web’

e sob a forte pressão de recuperar os pesados investimentos

feitos durante décadas em infraestrutura de rede, o mercado

de telefonia deverá urgentemente reinventar sua ultrapassada

receita baseada exclusivamente na assinatura de serviços de

voz e dados para oferecer muito, mas muito mais.

O primeiro celular foi apresentado em 1956 pela Ericsson. Mas

pesando 40 quilos e com um alto custo de produção, não foi

possível lançá-lo comercialmente. Foi somente em 1973 que

a Motorola anunciou o Dynatac 8000X, com peso de 1 quilo e

bateria com duração de 20 minutos.

A primeira chamada foi feita em New York pelo engenheiro da

Motorola Martin Cooper, considerado o pai do celular. Os

aparelhos só começaram a ser vendidos nos Estados Unidos

10 anos depois, em 1983. Foram necessários pouco mais de

30 anos para que o serviço de celular sucumbisse ao avanço

da Internet.

As operadoras que quiserem continuar no jogo precisam

entender: a linha caiu e não será mais possível se conectar e

fidelizar clientes cada vez mais indispostos a pagar (muito)

caro para falar, mandar mensagens ou acessar a Internet

móvel.

Na batalha pela conquista do consumidor e da audiência

on-line, as grandes operadoras do mundo estão medindo

forças apostando todas as suas fichas no futuro da Internet.

Vale acompanhar.

Com o slogan “Uncarrier”, a T-Mobile vem demonstrado

coragem para quebrar paradigmas e abocanhar clientes dos

concorrentes oferecendo o que os heavy users mais querem:

mimos digitais.

Na contramão das operadoras que insistem em usurpar a

clientela com contratos leoninos, seu carismático CEO John

Legere anunciou que não irá mais comercializar planos de

dados com limites, permitindo que seus assinantes falem,

mandem mensagens ou trafeguem dados em 4G o quanto

quiserem.

Para fidelizar de vez, a empresa oferece um cardápio

diversificado de conteúdos, como aplicativos, vídeos, músicas

e jogos de parceiros, como Apple Music, ABC, Disney, Netflix

e, claro, Pokémon Go.

Os clientes querem mais? Okidoki. Legere oferece ações da

T-Mobile, fazendo com que eles se sintam responsáveis pelo

sucesso da empresa e incentivem amigos e familiares a

também integrarem a legião de fãs da operadora.

A estratégia é proporcionar aos clientes experiências que os

torne cada vez mais dependentes, o que inclui até mesmo um

app no qual podem pedir um jantar ou um filme grátis toda

terça-feira. O objetivo é evidente: quanto mais conquista

clientes, mais a companhia atrai anunciantes, parceiros,

produtos e serviços para vender aos seus fiéis escudeiros.

Mais dinheiro, portanto.

Em outra recente tacada, a SoftBank, uma das maiores

empresas de telecomunicações do mundo, comprou por US$

32 bilhões a fabricante de chip ARM, fornecedora de

processadores encontrados em 95% dos smartphones e, aí

está o real interesse na sua aquisição, de processadores

chamados de Cortex-M, que são empregados no

desenvolvimento de produtos inteligentes.

O foco do conglomerado japonês está na Internet das Coisas,

elementar, porque é por aí que irão passar zetabytes de

dados que, lembrem-se, farão a geladeira encaminhar o

pedido ao mercado ou o carro autônomo traçar uma rota. O

mercado de IoT, segundo estudo recente do Grand View,

deverá passar de US$ 600 bilhões em 2014 para US$ 2

trilhões em 2022. Não é para desprezar.

Ao surpreender comprando o Yahoo! por US$ 4,8 bilhões, a

Verizon (que já tinha investido há menos de 1 ano outros US$

4,4 bilhões na aquisição da AOL) mostra suas cartas e deixa

evidente a saturação do sepultado modelo de sobreviver da

venda de pacotes de assinatura.

A concorrência não está mais no seu mercado de origem, mas

no domínio cada vez mais irreversível de Facebook e Google.

O horizonte está no mobile advertising, bem como na oferta

de conteúdos e serviços de video produzidos por outras

empresas das quais também é acionista, como o site

Seriously.TV, a AwesomenessTV e a RatedRed.

O negócio da T-Mobile, da SoftBank ou da Verizon já deixou

de ser vender linhas telefônicas. É vender audiência.

Esteja em que indústria estiver, caro leitor, fique sempre de

olhos bem abertos e pronto para pivotar rapidamente.

Porque insistir em velhos modelos será como enxugar gelo.

Page 29: OMARSON COSTA

No início do século XIX uma fábrica de água congelada

construída na costa leste dos Estados Unidos e na Noruega

abriu as portas para criação de diversos novos negócios,

especialmente na indústria de bebidas e alimentos. O negócio

foi iniciado pelo empresário Frederic Tudor, que construiu uma

fortuna, acreditem, vendendo gelo em larga escala.

Os operários faziam a extração de lagos durante o inverno

intenso, armazenavam os blocos em casas frigoríficas e

depois os embarcavam em navios ou trens para transportar,

exportar e vender para casas e comércios em diversos

mercados locais e internacionais.

Tudor construiu uma empresa rentável respondendo a

equação oferta X demanda. Com a invenção da geladeira,

retirar gelo da natureza deixou de ser lucrativo. Foi o fim de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

um negócio de oportunidade.

A inovação é implacável.

Não há negócio que não seja impactado pelo avanço das

tecnologias, da digitalização e da globalização da economia.

Independente do setor, a chegada de concorrentes

sustentados por estratégias disruptivas, com alcance em

múltiplos mercados e alta capacidade de escala e distribuição,

continuará obrigando empresas até então acomodadas em

suas zonas de conforto a buscarem novos modelos afinados

com os novos tempos dos millenials.

Se ainda estivesse vivo, Henry Ford provavelmente

confessaria jamais imaginar que um dia sua montadora se

associaria com a gigante chinesa Baidu para investir US$ 150

milhões na Velodyne, empresa que fabrica um componente

essencial para o funcionamento de carros autônomos.

A previsão da Ford é lançar até 2021 carros sem volante ou

pedais, inaugurando a era dos veículos sem motorista e que

poderão ser compartilhados em apps de carona como o Uber.

Mas por onde passarão as grandes mudanças que irão definir

os rumos da economia de bits e bites?

No futuro próximo, seja para uma geladeira avisar o

supermercado que o leite está acabando ou para dar ordens

ao táxi-robô dirigir até seu próximo destino, tudo irá passar

pelas redes de dados. E por isso, uma indústria, em particular,

será o alicerce de todas as revoluções em curso: as

telecomunicações.

São as redes de transmissão de dados que sustentam os

negócios digitais, viabilizando a entrega de conteúdos,

publicidade, bens digitais, produtos, serviços e tudo que

iremos consumir daqui por diante. Ler notícias, assistir TV, ir ao

banco, pedir um delivery, fazer compras, jogar, estudar,

conversar, namorar, trabalhar, pesquisar, ouvir música; toda

nossa vida, não tem mais jeito, depende totalmente da Web,

abrindo espaço para que as operadoras ampliem suas bases

de usuários para atrair anunciantes e parceiros na venda de

todo tipo de serviço.

Passando por profundas transformações nos últimos anos

decorrentes, entre outros fatores, da ameaça de empresas

digitais que oferecem serviços de comunicação ‘over the web’

e sob a forte pressão de recuperar os pesados investimentos

feitos durante décadas em infraestrutura de rede, o mercado

de telefonia deverá urgentemente reinventar sua ultrapassada

receita baseada exclusivamente na assinatura de serviços de

voz e dados para oferecer muito, mas muito mais.

O primeiro celular foi apresentado em 1956 pela Ericsson. Mas

pesando 40 quilos e com um alto custo de produção, não foi

possível lançá-lo comercialmente. Foi somente em 1973 que

a Motorola anunciou o Dynatac 8000X, com peso de 1 quilo e

bateria com duração de 20 minutos.

A primeira chamada foi feita em New York pelo engenheiro da

Motorola Martin Cooper, considerado o pai do celular. Os

aparelhos só começaram a ser vendidos nos Estados Unidos

10 anos depois, em 1983. Foram necessários pouco mais de

30 anos para que o serviço de celular sucumbisse ao avanço

da Internet.

As operadoras que quiserem continuar no jogo precisam

entender: a linha caiu e não será mais possível se conectar e

fidelizar clientes cada vez mais indispostos a pagar (muito)

caro para falar, mandar mensagens ou acessar a Internet

móvel.

Na batalha pela conquista do consumidor e da audiência

on-line, as grandes operadoras do mundo estão medindo

forças apostando todas as suas fichas no futuro da Internet.

Vale acompanhar.

Com o slogan “Uncarrier”, a T-Mobile vem demonstrado

coragem para quebrar paradigmas e abocanhar clientes dos

concorrentes oferecendo o que os heavy users mais querem:

mimos digitais.

Na contramão das operadoras que insistem em usurpar a

clientela com contratos leoninos, seu carismático CEO John

Legere anunciou que não irá mais comercializar planos de

dados com limites, permitindo que seus assinantes falem,

mandem mensagens ou trafeguem dados em 4G o quanto

quiserem.

Para fidelizar de vez, a empresa oferece um cardápio

diversificado de conteúdos, como aplicativos, vídeos, músicas

e jogos de parceiros, como Apple Music, ABC, Disney, Netflix

e, claro, Pokémon Go.

Os clientes querem mais? Okidoki. Legere oferece ações da

T-Mobile, fazendo com que eles se sintam responsáveis pelo

sucesso da empresa e incentivem amigos e familiares a

também integrarem a legião de fãs da operadora.

A estratégia é proporcionar aos clientes experiências que os

torne cada vez mais dependentes, o que inclui até mesmo um

app no qual podem pedir um jantar ou um filme grátis toda

terça-feira. O objetivo é evidente: quanto mais conquista

clientes, mais a companhia atrai anunciantes, parceiros,

produtos e serviços para vender aos seus fiéis escudeiros.

Mais dinheiro, portanto.

Em outra recente tacada, a SoftBank, uma das maiores

empresas de telecomunicações do mundo, comprou por US$

32 bilhões a fabricante de chip ARM, fornecedora de

processadores encontrados em 95% dos smartphones e, aí

está o real interesse na sua aquisição, de processadores

chamados de Cortex-M, que são empregados no

desenvolvimento de produtos inteligentes.

O foco do conglomerado japonês está na Internet das Coisas,

elementar, porque é por aí que irão passar zetabytes de

dados que, lembrem-se, farão a geladeira encaminhar o

pedido ao mercado ou o carro autônomo traçar uma rota. O

mercado de IoT, segundo estudo recente do Grand View,

deverá passar de US$ 600 bilhões em 2014 para US$ 2

trilhões em 2022. Não é para desprezar.

Ao surpreender comprando o Yahoo! por US$ 4,8 bilhões, a

Verizon (que já tinha investido há menos de 1 ano outros US$

4,4 bilhões na aquisição da AOL) mostra suas cartas e deixa

evidente a saturação do sepultado modelo de sobreviver da

venda de pacotes de assinatura.

A concorrência não está mais no seu mercado de origem, mas

no domínio cada vez mais irreversível de Facebook e Google.

O horizonte está no mobile advertising, bem como na oferta

de conteúdos e serviços de video produzidos por outras

empresas das quais também é acionista, como o site

Seriously.TV, a AwesomenessTV e a RatedRed.

O negócio da T-Mobile, da SoftBank ou da Verizon já deixou

de ser vender linhas telefônicas. É vender audiência.

Esteja em que indústria estiver, caro leitor, fique sempre de

olhos bem abertos e pronto para pivotar rapidamente.

Porque insistir em velhos modelos será como enxugar gelo.

Page 30: OMARSON COSTA

No início do século XIX uma fábrica de água congelada

construída na costa leste dos Estados Unidos e na Noruega

abriu as portas para criação de diversos novos negócios,

especialmente na indústria de bebidas e alimentos. O negócio

foi iniciado pelo empresário Frederic Tudor, que construiu uma

fortuna, acreditem, vendendo gelo em larga escala.

Os operários faziam a extração de lagos durante o inverno

intenso, armazenavam os blocos em casas frigoríficas e

depois os embarcavam em navios ou trens para transportar,

exportar e vender para casas e comércios em diversos

mercados locais e internacionais.

Tudor construiu uma empresa rentável respondendo a

equação oferta X demanda. Com a invenção da geladeira,

retirar gelo da natureza deixou de ser lucrativo. Foi o fim de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

um negócio de oportunidade.

A inovação é implacável.

Não há negócio que não seja impactado pelo avanço das

tecnologias, da digitalização e da globalização da economia.

Independente do setor, a chegada de concorrentes

sustentados por estratégias disruptivas, com alcance em

múltiplos mercados e alta capacidade de escala e distribuição,

continuará obrigando empresas até então acomodadas em

suas zonas de conforto a buscarem novos modelos afinados

com os novos tempos dos millenials.

Se ainda estivesse vivo, Henry Ford provavelmente

confessaria jamais imaginar que um dia sua montadora se

associaria com a gigante chinesa Baidu para investir US$ 150

milhões na Velodyne, empresa que fabrica um componente

essencial para o funcionamento de carros autônomos.

A previsão da Ford é lançar até 2021 carros sem volante ou

pedais, inaugurando a era dos veículos sem motorista e que

poderão ser compartilhados em apps de carona como o Uber.

Mas por onde passarão as grandes mudanças que irão definir

os rumos da economia de bits e bites?

No futuro próximo, seja para uma geladeira avisar o

supermercado que o leite está acabando ou para dar ordens

ao táxi-robô dirigir até seu próximo destino, tudo irá passar

pelas redes de dados. E por isso, uma indústria, em particular,

será o alicerce de todas as revoluções em curso: as

telecomunicações.

São as redes de transmissão de dados que sustentam os

negócios digitais, viabilizando a entrega de conteúdos,

publicidade, bens digitais, produtos, serviços e tudo que

iremos consumir daqui por diante. Ler notícias, assistir TV, ir ao

banco, pedir um delivery, fazer compras, jogar, estudar,

conversar, namorar, trabalhar, pesquisar, ouvir música; toda

nossa vida, não tem mais jeito, depende totalmente da Web,

abrindo espaço para que as operadoras ampliem suas bases

de usuários para atrair anunciantes e parceiros na venda de

todo tipo de serviço.

Passando por profundas transformações nos últimos anos

decorrentes, entre outros fatores, da ameaça de empresas

digitais que oferecem serviços de comunicação ‘over the web’

e sob a forte pressão de recuperar os pesados investimentos

feitos durante décadas em infraestrutura de rede, o mercado

de telefonia deverá urgentemente reinventar sua ultrapassada

receita baseada exclusivamente na assinatura de serviços de

voz e dados para oferecer muito, mas muito mais.

O primeiro celular foi apresentado em 1956 pela Ericsson. Mas

pesando 40 quilos e com um alto custo de produção, não foi

possível lançá-lo comercialmente. Foi somente em 1973 que

a Motorola anunciou o Dynatac 8000X, com peso de 1 quilo e

bateria com duração de 20 minutos.

A primeira chamada foi feita em New York pelo engenheiro da

Motorola Martin Cooper, considerado o pai do celular. Os

aparelhos só começaram a ser vendidos nos Estados Unidos

10 anos depois, em 1983. Foram necessários pouco mais de

30 anos para que o serviço de celular sucumbisse ao avanço

da Internet.

As operadoras que quiserem continuar no jogo precisam

entender: a linha caiu e não será mais possível se conectar e

fidelizar clientes cada vez mais indispostos a pagar (muito)

caro para falar, mandar mensagens ou acessar a Internet

móvel.

Na batalha pela conquista do consumidor e da audiência

on-line, as grandes operadoras do mundo estão medindo

forças apostando todas as suas fichas no futuro da Internet.

Vale acompanhar.

Com o slogan “Uncarrier”, a T-Mobile vem demonstrado

coragem para quebrar paradigmas e abocanhar clientes dos

concorrentes oferecendo o que os heavy users mais querem:

mimos digitais.

Na contramão das operadoras que insistem em usurpar a

clientela com contratos leoninos, seu carismático CEO John

Legere anunciou que não irá mais comercializar planos de

dados com limites, permitindo que seus assinantes falem,

mandem mensagens ou trafeguem dados em 4G o quanto

quiserem.

Para fidelizar de vez, a empresa oferece um cardápio

diversificado de conteúdos, como aplicativos, vídeos, músicas

e jogos de parceiros, como Apple Music, ABC, Disney, Netflix

e, claro, Pokémon Go.

Os clientes querem mais? Okidoki. Legere oferece ações da

T-Mobile, fazendo com que eles se sintam responsáveis pelo

sucesso da empresa e incentivem amigos e familiares a

também integrarem a legião de fãs da operadora.

A estratégia é proporcionar aos clientes experiências que os

torne cada vez mais dependentes, o que inclui até mesmo um

app no qual podem pedir um jantar ou um filme grátis toda

terça-feira. O objetivo é evidente: quanto mais conquista

clientes, mais a companhia atrai anunciantes, parceiros,

produtos e serviços para vender aos seus fiéis escudeiros.

Mais dinheiro, portanto.

Em outra recente tacada, a SoftBank, uma das maiores

empresas de telecomunicações do mundo, comprou por US$

32 bilhões a fabricante de chip ARM, fornecedora de

processadores encontrados em 95% dos smartphones e, aí

está o real interesse na sua aquisição, de processadores

chamados de Cortex-M, que são empregados no

desenvolvimento de produtos inteligentes.

O foco do conglomerado japonês está na Internet das Coisas,

elementar, porque é por aí que irão passar zetabytes de

dados que, lembrem-se, farão a geladeira encaminhar o

pedido ao mercado ou o carro autônomo traçar uma rota. O

mercado de IoT, segundo estudo recente do Grand View,

deverá passar de US$ 600 bilhões em 2014 para US$ 2

trilhões em 2022. Não é para desprezar.

Ao surpreender comprando o Yahoo! por US$ 4,8 bilhões, a

Verizon (que já tinha investido há menos de 1 ano outros US$

4,4 bilhões na aquisição da AOL) mostra suas cartas e deixa

evidente a saturação do sepultado modelo de sobreviver da

venda de pacotes de assinatura.

A concorrência não está mais no seu mercado de origem, mas

no domínio cada vez mais irreversível de Facebook e Google.

O horizonte está no mobile advertising, bem como na oferta

de conteúdos e serviços de video produzidos por outras

empresas das quais também é acionista, como o site

Seriously.TV, a AwesomenessTV e a RatedRed.

O negócio da T-Mobile, da SoftBank ou da Verizon já deixou

de ser vender linhas telefônicas. É vender audiência.

Esteja em que indústria estiver, caro leitor, fique sempre de

olhos bem abertos e pronto para pivotar rapidamente.

Porque insistir em velhos modelos será como enxugar gelo.

Page 31: OMARSON COSTA

No início do século XIX uma fábrica de água congelada

construída na costa leste dos Estados Unidos e na Noruega

abriu as portas para criação de diversos novos negócios,

especialmente na indústria de bebidas e alimentos. O negócio

foi iniciado pelo empresário Frederic Tudor, que construiu uma

fortuna, acreditem, vendendo gelo em larga escala.

Os operários faziam a extração de lagos durante o inverno

intenso, armazenavam os blocos em casas frigoríficas e

depois os embarcavam em navios ou trens para transportar,

exportar e vender para casas e comércios em diversos

mercados locais e internacionais.

Tudor construiu uma empresa rentável respondendo a

equação oferta X demanda. Com a invenção da geladeira,

retirar gelo da natureza deixou de ser lucrativo. Foi o fim de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

um negócio de oportunidade.

A inovação é implacável.

Não há negócio que não seja impactado pelo avanço das

tecnologias, da digitalização e da globalização da economia.

Independente do setor, a chegada de concorrentes

sustentados por estratégias disruptivas, com alcance em

múltiplos mercados e alta capacidade de escala e distribuição,

continuará obrigando empresas até então acomodadas em

suas zonas de conforto a buscarem novos modelos afinados

com os novos tempos dos millenials.

Se ainda estivesse vivo, Henry Ford provavelmente

confessaria jamais imaginar que um dia sua montadora se

associaria com a gigante chinesa Baidu para investir US$ 150

milhões na Velodyne, empresa que fabrica um componente

essencial para o funcionamento de carros autônomos.

A previsão da Ford é lançar até 2021 carros sem volante ou

pedais, inaugurando a era dos veículos sem motorista e que

poderão ser compartilhados em apps de carona como o Uber.

Mas por onde passarão as grandes mudanças que irão definir

os rumos da economia de bits e bites?

No futuro próximo, seja para uma geladeira avisar o

supermercado que o leite está acabando ou para dar ordens

ao táxi-robô dirigir até seu próximo destino, tudo irá passar

pelas redes de dados. E por isso, uma indústria, em particular,

será o alicerce de todas as revoluções em curso: as

telecomunicações.

São as redes de transmissão de dados que sustentam os

negócios digitais, viabilizando a entrega de conteúdos,

publicidade, bens digitais, produtos, serviços e tudo que

iremos consumir daqui por diante. Ler notícias, assistir TV, ir ao

banco, pedir um delivery, fazer compras, jogar, estudar,

conversar, namorar, trabalhar, pesquisar, ouvir música; toda

nossa vida, não tem mais jeito, depende totalmente da Web,

abrindo espaço para que as operadoras ampliem suas bases

de usuários para atrair anunciantes e parceiros na venda de

todo tipo de serviço.

Passando por profundas transformações nos últimos anos

decorrentes, entre outros fatores, da ameaça de empresas

digitais que oferecem serviços de comunicação ‘over the web’

e sob a forte pressão de recuperar os pesados investimentos

feitos durante décadas em infraestrutura de rede, o mercado

de telefonia deverá urgentemente reinventar sua ultrapassada

receita baseada exclusivamente na assinatura de serviços de

voz e dados para oferecer muito, mas muito mais.

O primeiro celular foi apresentado em 1956 pela Ericsson. Mas

pesando 40 quilos e com um alto custo de produção, não foi

possível lançá-lo comercialmente. Foi somente em 1973 que

a Motorola anunciou o Dynatac 8000X, com peso de 1 quilo e

bateria com duração de 20 minutos.

A primeira chamada foi feita em New York pelo engenheiro da

Motorola Martin Cooper, considerado o pai do celular. Os

aparelhos só começaram a ser vendidos nos Estados Unidos

10 anos depois, em 1983. Foram necessários pouco mais de

30 anos para que o serviço de celular sucumbisse ao avanço

da Internet.

As operadoras que quiserem continuar no jogo precisam

entender: a linha caiu e não será mais possível se conectar e

fidelizar clientes cada vez mais indispostos a pagar (muito)

caro para falar, mandar mensagens ou acessar a Internet

móvel.

Na batalha pela conquista do consumidor e da audiência

on-line, as grandes operadoras do mundo estão medindo

forças apostando todas as suas fichas no futuro da Internet.

Vale acompanhar.

Com o slogan “Uncarrier”, a T-Mobile vem demonstrado

coragem para quebrar paradigmas e abocanhar clientes dos

concorrentes oferecendo o que os heavy users mais querem:

mimos digitais.

Na contramão das operadoras que insistem em usurpar a

clientela com contratos leoninos, seu carismático CEO John

Legere anunciou que não irá mais comercializar planos de

dados com limites, permitindo que seus assinantes falem,

mandem mensagens ou trafeguem dados em 4G o quanto

quiserem.

Para fidelizar de vez, a empresa oferece um cardápio

diversificado de conteúdos, como aplicativos, vídeos, músicas

e jogos de parceiros, como Apple Music, ABC, Disney, Netflix

e, claro, Pokémon Go.

Os clientes querem mais? Okidoki. Legere oferece ações da

T-Mobile, fazendo com que eles se sintam responsáveis pelo

sucesso da empresa e incentivem amigos e familiares a

também integrarem a legião de fãs da operadora.

A estratégia é proporcionar aos clientes experiências que os

torne cada vez mais dependentes, o que inclui até mesmo um

app no qual podem pedir um jantar ou um filme grátis toda

terça-feira. O objetivo é evidente: quanto mais conquista

clientes, mais a companhia atrai anunciantes, parceiros,

produtos e serviços para vender aos seus fiéis escudeiros.

Mais dinheiro, portanto.

Em outra recente tacada, a SoftBank, uma das maiores

empresas de telecomunicações do mundo, comprou por US$

32 bilhões a fabricante de chip ARM, fornecedora de

processadores encontrados em 95% dos smartphones e, aí

está o real interesse na sua aquisição, de processadores

chamados de Cortex-M, que são empregados no

desenvolvimento de produtos inteligentes.

O foco do conglomerado japonês está na Internet das Coisas,

elementar, porque é por aí que irão passar zetabytes de

dados que, lembrem-se, farão a geladeira encaminhar o

pedido ao mercado ou o carro autônomo traçar uma rota. O

mercado de IoT, segundo estudo recente do Grand View,

deverá passar de US$ 600 bilhões em 2014 para US$ 2

trilhões em 2022. Não é para desprezar.

Ao surpreender comprando o Yahoo! por US$ 4,8 bilhões, a

Verizon (que já tinha investido há menos de 1 ano outros US$

4,4 bilhões na aquisição da AOL) mostra suas cartas e deixa

evidente a saturação do sepultado modelo de sobreviver da

venda de pacotes de assinatura.

A concorrência não está mais no seu mercado de origem, mas

no domínio cada vez mais irreversível de Facebook e Google.

O horizonte está no mobile advertising, bem como na oferta

de conteúdos e serviços de video produzidos por outras

empresas das quais também é acionista, como o site

Seriously.TV, a AwesomenessTV e a RatedRed.

O negócio da T-Mobile, da SoftBank ou da Verizon já deixou

de ser vender linhas telefônicas. É vender audiência.

Esteja em que indústria estiver, caro leitor, fique sempre de

olhos bem abertos e pronto para pivotar rapidamente.

Porque insistir em velhos modelos será como enxugar gelo.

Page 32: OMARSON COSTA

No início do século XIX uma fábrica de água congelada

construída na costa leste dos Estados Unidos e na Noruega

abriu as portas para criação de diversos novos negócios,

especialmente na indústria de bebidas e alimentos. O negócio

foi iniciado pelo empresário Frederic Tudor, que construiu uma

fortuna, acreditem, vendendo gelo em larga escala.

Os operários faziam a extração de lagos durante o inverno

intenso, armazenavam os blocos em casas frigoríficas e

depois os embarcavam em navios ou trens para transportar,

exportar e vender para casas e comércios em diversos

mercados locais e internacionais.

Tudor construiu uma empresa rentável respondendo a

equação oferta X demanda. Com a invenção da geladeira,

retirar gelo da natureza deixou de ser lucrativo. Foi o fim de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

um negócio de oportunidade.

A inovação é implacável.

Não há negócio que não seja impactado pelo avanço das

tecnologias, da digitalização e da globalização da economia.

Independente do setor, a chegada de concorrentes

sustentados por estratégias disruptivas, com alcance em

múltiplos mercados e alta capacidade de escala e distribuição,

continuará obrigando empresas até então acomodadas em

suas zonas de conforto a buscarem novos modelos afinados

com os novos tempos dos millenials.

Se ainda estivesse vivo, Henry Ford provavelmente

confessaria jamais imaginar que um dia sua montadora se

associaria com a gigante chinesa Baidu para investir US$ 150

milhões na Velodyne, empresa que fabrica um componente

essencial para o funcionamento de carros autônomos.

A previsão da Ford é lançar até 2021 carros sem volante ou

pedais, inaugurando a era dos veículos sem motorista e que

poderão ser compartilhados em apps de carona como o Uber.

Mas por onde passarão as grandes mudanças que irão definir

os rumos da economia de bits e bites?

No futuro próximo, seja para uma geladeira avisar o

supermercado que o leite está acabando ou para dar ordens

ao táxi-robô dirigir até seu próximo destino, tudo irá passar

pelas redes de dados. E por isso, uma indústria, em particular,

será o alicerce de todas as revoluções em curso: as

telecomunicações.

São as redes de transmissão de dados que sustentam os

negócios digitais, viabilizando a entrega de conteúdos,

publicidade, bens digitais, produtos, serviços e tudo que

iremos consumir daqui por diante. Ler notícias, assistir TV, ir ao

banco, pedir um delivery, fazer compras, jogar, estudar,

conversar, namorar, trabalhar, pesquisar, ouvir música; toda

nossa vida, não tem mais jeito, depende totalmente da Web,

abrindo espaço para que as operadoras ampliem suas bases

de usuários para atrair anunciantes e parceiros na venda de

todo tipo de serviço.

Passando por profundas transformações nos últimos anos

decorrentes, entre outros fatores, da ameaça de empresas

digitais que oferecem serviços de comunicação ‘over the web’

e sob a forte pressão de recuperar os pesados investimentos

feitos durante décadas em infraestrutura de rede, o mercado

de telefonia deverá urgentemente reinventar sua ultrapassada

receita baseada exclusivamente na assinatura de serviços de

voz e dados para oferecer muito, mas muito mais.

O primeiro celular foi apresentado em 1956 pela Ericsson. Mas

pesando 40 quilos e com um alto custo de produção, não foi

possível lançá-lo comercialmente. Foi somente em 1973 que

a Motorola anunciou o Dynatac 8000X, com peso de 1 quilo e

bateria com duração de 20 minutos.

A primeira chamada foi feita em New York pelo engenheiro da

Motorola Martin Cooper, considerado o pai do celular. Os

aparelhos só começaram a ser vendidos nos Estados Unidos

10 anos depois, em 1983. Foram necessários pouco mais de

30 anos para que o serviço de celular sucumbisse ao avanço

da Internet.

As operadoras que quiserem continuar no jogo precisam

entender: a linha caiu e não será mais possível se conectar e

fidelizar clientes cada vez mais indispostos a pagar (muito)

caro para falar, mandar mensagens ou acessar a Internet

móvel.

Na batalha pela conquista do consumidor e da audiência

on-line, as grandes operadoras do mundo estão medindo

forças apostando todas as suas fichas no futuro da Internet.

Vale acompanhar.

Com o slogan “Uncarrier”, a T-Mobile vem demonstrado

coragem para quebrar paradigmas e abocanhar clientes dos

concorrentes oferecendo o que os heavy users mais querem:

mimos digitais.

Na contramão das operadoras que insistem em usurpar a

clientela com contratos leoninos, seu carismático CEO John

Legere anunciou que não irá mais comercializar planos de

dados com limites, permitindo que seus assinantes falem,

mandem mensagens ou trafeguem dados em 4G o quanto

quiserem.

Para fidelizar de vez, a empresa oferece um cardápio

diversificado de conteúdos, como aplicativos, vídeos, músicas

e jogos de parceiros, como Apple Music, ABC, Disney, Netflix

e, claro, Pokémon Go.

Os clientes querem mais? Okidoki. Legere oferece ações da

T-Mobile, fazendo com que eles se sintam responsáveis pelo

sucesso da empresa e incentivem amigos e familiares a

também integrarem a legião de fãs da operadora.

A estratégia é proporcionar aos clientes experiências que os

torne cada vez mais dependentes, o que inclui até mesmo um

app no qual podem pedir um jantar ou um filme grátis toda

terça-feira. O objetivo é evidente: quanto mais conquista

clientes, mais a companhia atrai anunciantes, parceiros,

produtos e serviços para vender aos seus fiéis escudeiros.

Mais dinheiro, portanto.

Em outra recente tacada, a SoftBank, uma das maiores

empresas de telecomunicações do mundo, comprou por US$

32 bilhões a fabricante de chip ARM, fornecedora de

processadores encontrados em 95% dos smartphones e, aí

está o real interesse na sua aquisição, de processadores

chamados de Cortex-M, que são empregados no

desenvolvimento de produtos inteligentes.

O foco do conglomerado japonês está na Internet das Coisas,

elementar, porque é por aí que irão passar zetabytes de

dados que, lembrem-se, farão a geladeira encaminhar o

pedido ao mercado ou o carro autônomo traçar uma rota. O

mercado de IoT, segundo estudo recente do Grand View,

deverá passar de US$ 600 bilhões em 2014 para US$ 2

trilhões em 2022. Não é para desprezar.

Ao surpreender comprando o Yahoo! por US$ 4,8 bilhões, a

Verizon (que já tinha investido há menos de 1 ano outros US$

4,4 bilhões na aquisição da AOL) mostra suas cartas e deixa

evidente a saturação do sepultado modelo de sobreviver da

venda de pacotes de assinatura.

A concorrência não está mais no seu mercado de origem, mas

no domínio cada vez mais irreversível de Facebook e Google.

O horizonte está no mobile advertising, bem como na oferta

de conteúdos e serviços de video produzidos por outras

empresas das quais também é acionista, como o site

Seriously.TV, a AwesomenessTV e a RatedRed.

O negócio da T-Mobile, da SoftBank ou da Verizon já deixou

de ser vender linhas telefônicas. É vender audiência.

Esteja em que indústria estiver, caro leitor, fique sempre de

olhos bem abertos e pronto para pivotar rapidamente.

Porque insistir em velhos modelos será como enxugar gelo.

Page 33: OMARSON COSTA

No início do século XIX uma fábrica de água congelada

construída na costa leste dos Estados Unidos e na Noruega

abriu as portas para criação de diversos novos negócios,

especialmente na indústria de bebidas e alimentos. O negócio

foi iniciado pelo empresário Frederic Tudor, que construiu uma

fortuna, acreditem, vendendo gelo em larga escala.

Os operários faziam a extração de lagos durante o inverno

intenso, armazenavam os blocos em casas frigoríficas e

depois os embarcavam em navios ou trens para transportar,

exportar e vender para casas e comércios em diversos

mercados locais e internacionais.

Tudor construiu uma empresa rentável respondendo a

equação oferta X demanda. Com a invenção da geladeira,

retirar gelo da natureza deixou de ser lucrativo. Foi o fim de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

um negócio de oportunidade.

A inovação é implacável.

Não há negócio que não seja impactado pelo avanço das

tecnologias, da digitalização e da globalização da economia.

Independente do setor, a chegada de concorrentes

sustentados por estratégias disruptivas, com alcance em

múltiplos mercados e alta capacidade de escala e distribuição,

continuará obrigando empresas até então acomodadas em

suas zonas de conforto a buscarem novos modelos afinados

com os novos tempos dos millenials.

Se ainda estivesse vivo, Henry Ford provavelmente

confessaria jamais imaginar que um dia sua montadora se

associaria com a gigante chinesa Baidu para investir US$ 150

milhões na Velodyne, empresa que fabrica um componente

essencial para o funcionamento de carros autônomos.

A previsão da Ford é lançar até 2021 carros sem volante ou

pedais, inaugurando a era dos veículos sem motorista e que

poderão ser compartilhados em apps de carona como o Uber.

Mas por onde passarão as grandes mudanças que irão definir

os rumos da economia de bits e bites?

No futuro próximo, seja para uma geladeira avisar o

supermercado que o leite está acabando ou para dar ordens

ao táxi-robô dirigir até seu próximo destino, tudo irá passar

pelas redes de dados. E por isso, uma indústria, em particular,

será o alicerce de todas as revoluções em curso: as

telecomunicações.

São as redes de transmissão de dados que sustentam os

negócios digitais, viabilizando a entrega de conteúdos,

publicidade, bens digitais, produtos, serviços e tudo que

iremos consumir daqui por diante. Ler notícias, assistir TV, ir ao

banco, pedir um delivery, fazer compras, jogar, estudar,

conversar, namorar, trabalhar, pesquisar, ouvir música; toda

nossa vida, não tem mais jeito, depende totalmente da Web,

abrindo espaço para que as operadoras ampliem suas bases

de usuários para atrair anunciantes e parceiros na venda de

todo tipo de serviço.

Passando por profundas transformações nos últimos anos

decorrentes, entre outros fatores, da ameaça de empresas

digitais que oferecem serviços de comunicação ‘over the web’

e sob a forte pressão de recuperar os pesados investimentos

feitos durante décadas em infraestrutura de rede, o mercado

de telefonia deverá urgentemente reinventar sua ultrapassada

receita baseada exclusivamente na assinatura de serviços de

voz e dados para oferecer muito, mas muito mais.

O primeiro celular foi apresentado em 1956 pela Ericsson. Mas

pesando 40 quilos e com um alto custo de produção, não foi

possível lançá-lo comercialmente. Foi somente em 1973 que

a Motorola anunciou o Dynatac 8000X, com peso de 1 quilo e

bateria com duração de 20 minutos.

A primeira chamada foi feita em New York pelo engenheiro da

Motorola Martin Cooper, considerado o pai do celular. Os

aparelhos só começaram a ser vendidos nos Estados Unidos

10 anos depois, em 1983. Foram necessários pouco mais de

30 anos para que o serviço de celular sucumbisse ao avanço

da Internet.

As operadoras que quiserem continuar no jogo precisam

entender: a linha caiu e não será mais possível se conectar e

fidelizar clientes cada vez mais indispostos a pagar (muito)

caro para falar, mandar mensagens ou acessar a Internet

móvel.

Na batalha pela conquista do consumidor e da audiência

on-line, as grandes operadoras do mundo estão medindo

forças apostando todas as suas fichas no futuro da Internet.

Vale acompanhar.

Com o slogan “Uncarrier”, a T-Mobile vem demonstrado

coragem para quebrar paradigmas e abocanhar clientes dos

concorrentes oferecendo o que os heavy users mais querem:

mimos digitais.

Na contramão das operadoras que insistem em usurpar a

clientela com contratos leoninos, seu carismático CEO John

Legere anunciou que não irá mais comercializar planos de

dados com limites, permitindo que seus assinantes falem,

mandem mensagens ou trafeguem dados em 4G o quanto

quiserem.

Para fidelizar de vez, a empresa oferece um cardápio

diversificado de conteúdos, como aplicativos, vídeos, músicas

e jogos de parceiros, como Apple Music, ABC, Disney, Netflix

e, claro, Pokémon Go.

Os clientes querem mais? Okidoki. Legere oferece ações da

T-Mobile, fazendo com que eles se sintam responsáveis pelo

sucesso da empresa e incentivem amigos e familiares a

também integrarem a legião de fãs da operadora.

A estratégia é proporcionar aos clientes experiências que os

torne cada vez mais dependentes, o que inclui até mesmo um

app no qual podem pedir um jantar ou um filme grátis toda

terça-feira. O objetivo é evidente: quanto mais conquista

clientes, mais a companhia atrai anunciantes, parceiros,

produtos e serviços para vender aos seus fiéis escudeiros.

Mais dinheiro, portanto.

Em outra recente tacada, a SoftBank, uma das maiores

empresas de telecomunicações do mundo, comprou por US$

32 bilhões a fabricante de chip ARM, fornecedora de

processadores encontrados em 95% dos smartphones e, aí

está o real interesse na sua aquisição, de processadores

chamados de Cortex-M, que são empregados no

desenvolvimento de produtos inteligentes.

O foco do conglomerado japonês está na Internet das Coisas,

elementar, porque é por aí que irão passar zetabytes de

dados que, lembrem-se, farão a geladeira encaminhar o

pedido ao mercado ou o carro autônomo traçar uma rota. O

mercado de IoT, segundo estudo recente do Grand View,

deverá passar de US$ 600 bilhões em 2014 para US$ 2

trilhões em 2022. Não é para desprezar.

Ao surpreender comprando o Yahoo! por US$ 4,8 bilhões, a

Verizon (que já tinha investido há menos de 1 ano outros US$

4,4 bilhões na aquisição da AOL) mostra suas cartas e deixa

evidente a saturação do sepultado modelo de sobreviver da

venda de pacotes de assinatura.

A concorrência não está mais no seu mercado de origem, mas

no domínio cada vez mais irreversível de Facebook e Google.

O horizonte está no mobile advertising, bem como na oferta

de conteúdos e serviços de video produzidos por outras

empresas das quais também é acionista, como o site

Seriously.TV, a AwesomenessTV e a RatedRed.

O negócio da T-Mobile, da SoftBank ou da Verizon já deixou

de ser vender linhas telefônicas. É vender audiência.

Esteja em que indústria estiver, caro leitor, fique sempre de

olhos bem abertos e pronto para pivotar rapidamente.

Porque insistir em velhos modelos será como enxugar gelo.

Page 34: OMARSON COSTA

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Como os robôs noagronegócio podemcriar o Vale do Silíciobrasileiro?Apesar de recordes nas safras de commodities e da balança comercial do agronegócio positiva, o Brasil ainda não explora todo seu enorme potencial econômico na produção e exportação de alimentos

“Vera Cruz parece ter uma grande extensão, além de uma

quantidade abundante de água, o que nos leva a crer que é

uma terra muito fértil, onde tudo que se planta, dá”. Desde a

descoberta do Brasil que o escrivão Pero Vaz de Caminha já

noticiava a vocação agrícola de um País com terras a perder

de vista, um clima tropical e um solo abençoado para pro-

dução de diversas culturas.

Apesar de recordes nas safras de commodities e da balança

comercial do agronegócio positiva, o Brasil ainda não explora

todo seu enorme potencial econômico na produção e expor-

tação de alimentos. E garantir posição de destaque entre os

grandes produtores mundiais continuará sendo um desafio

enorme nas próximas décadas, especialmente por conta de

uma revolução tecnológica sem precedentes no campo que

irá, cada vez mais, automatizar, digitalizar e conectar a plan-

tação, desde a semeadura até a colheita, com a implantação

de sistemas integrados baseados em satélites, sensores,

coleta e análise de dados (big data), algoritmos, drones e,

claro, robôs, fertilizando a Internet das Coisas como a

madrinha da nova era do agronegócio.

Com uma representação de 23% no PIB brasileiro, segundo a

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o

setor vem sendo adubado por empreendedores do chamado

Agtech. Em sua maioria, são empresários dispostos a levar in-

ovação da cidade às zonas rurais para atrair investidores in-

teressados em apoiar tecnologias destinadas ao aumento da

produtividade, redução do desperdício e o incentivo a culturas

mais orgânicas, que dispensam a aplicação descontrolada de

pesticidas e são mais resistentes na medida em que acessam

em tempo real informações essenciais para manter a saúde da

plantação, como quando e onde irrigar e na identificação de

pragas e doenças que precisam ser rapidamente combatidas.

O desafio de incrementar os resultados nas fazendas, vale

ressaltar, é global.

Com a previsão do planeta alcançar 9 bilhões de pessoas em

2050 e um aumento da expectativa de vida média global

para 71,4 anos (um crescimento de 5 anos entre 2000 e

2015), de acordo com a Organização Mundial da Saúde, esta-

mos vivendo mais e ampliando a população mundial. Além

disso, há o alerta em torno da previsão da ocorrência de pro-

fundas mudanças climáticas que irão gerar escassez de água

e de terras férteis.

Neste cenário, a demanda global por alimentos corre o risco

de não ser atendida se os empresários do campo não se

modernizarem, substituindo técnicas rudimentares e asso-

ciando tratores e máquinas com gadgets e plataformas tec-

nológicas que já estão ganhando terreno em países como

Austrália, Estados Unidos e Japão, principalmente no ramo da

robótica.

E o que os robôs podem fazer no campo?

Uma destas novidades já em teste em terrenos de grandes

dimensões é o Prospero, que trabalha em equipe com outras

centenas de robôs para, entre outras atividades, pesquisar e

determinar onde cada semente deve ser plantada e quais

frutos já estão no ponto certo para colheita.

Capaz de se movimentar em solos acidentados e dotado de

diversas habilidades, estes robôs são programados para ex-

ercer funções em toda cadeia de produção (semear – regar –

colher – armazenar – distribuir), como encontrar espaços dis-

poníveis para o plantio, abrir um buraco na profundidade

recomendada, jogar a semente e aplicar fertilizantes ou herbi-

cidas. Terminado o processo, ele marca o local para sinalizar a

outros bots que aquele já foi ocupado, evitando perda de

tempo e de eficiência na busca de espaços disponíveis para

novas sementes.

A integração de tecnologias já existentes e em desenvolvi-

mento poderá resultar em androides para trabalhar, por ex-

emplo, na colheita. O Alter, um robô japonês que funciona a

partir de impulsos dados por uma rede neural, ou seja, sem

qualquer interferência humana, como se tivesse vida própria,

pode ser equipado com a biotecnologia da Aromyx, que de-

senvolveu ‘receptores olfativos’ capazes de “cheirar” e “sabo-

rear” diferentes aromas, seja uma plantação de videiras ou de

pés de laranja. Em associação com o Alter, estes sensores

poderão estar instalados nas pontas dos dedos do robô e

capturar os odores que estão armazenados na nuvem em al-

goritmos desenvolvidos para cada cheiro.

Há outras inúmeras funções que os robôs estão assumindo

nas plantações, seja na remoção e transposição de mudas

para novas áreas, a eliminação de ervas daninhas e até

mesmo incríveis abelhas-robôs, projetadas por engenheiros

da Universidade de Harvard, o menor robô voador já inventa-

do, que ajudam na polinização e na própria monitoria das

abelhas para garantir a cadeia de produção de alimentos.

Na Austrália, já está em teste também o SwagBot, um robô

autônomo que promete substituir os cowboys na condução

dos rebanhos por áreas com grande extensão territorial.

Os drones, da mesma forma, estão cada vez mais presentes

nas plantações com diversas finalidades e com muito mais

eficácia, como análise do solo, plantação, irrigação, aplicação

de pesticidas, monitoramento com imagens e identificação

de doenças.

Outras startups estão estruturando negócios de IoT para mel-

horar a gestão e a produtividade, caso da AgTech Industries,

que desenvolveu uma plataforma para coleta e análise de

dados a partir de sensores instalados no campo. Os dados

podem ser acessados no smartphone para tomar decisões e

dar comandos a partir do próprio telefone, como por exemplo

quando e onde irrigar a plantação. No Brasil, uma empresa

que já segue um modelo de monitoramento inteligente do

cultivo com big data e vem conquistando grande reconheci-

mento é a Agrosmart.

As oportunidades em Agtech apenas começam a frutificar.

Segundo a AgFunder, organização que tem como missão

aproximar investidores de empresas agrícolas, 499 empresas

de tecnologia agrícola atraíram US$ 4,6 bilhões em investi-

mentos no ano passado, quase o dobro de 2014.

Recentemente, a Bayer e a Syngenta se uniram com impor-

tantes VCs para fundar na Carolina do Norte a AgTech Accel-

erator, que irá dar suporte a startups dedicadas a desenvolver

tecnologias para agricultura.

O AgCareers.com, site de empregos do setor, registrou cresci-

mento de 26% no número de vagas anunciadas no ano pas-

sado para ocupar diversas posições no agronegócio, de técni-

cos e administradores de fazendas a cargos nas áreas finan-

ceira e de desenvolvimento de negócios, mas a tendência é

de uma redução de postos para trabalhar diretamente na

produção.

Ainda é cedo para afirmar que o agronegócio irá semear o

Vale do Silício brasileiro e colocar o País na rota da inovação

para figurar entre as grandes potências mundiais na produção

de alimentos e desenvolvimento de novas tecnologias de

Agtech. Mas se não quisermos ficar para trás, é bom não es-

perar a próxima safra.

Page 35: OMARSON COSTA

“Vera Cruz parece ter uma grande extensão, além de uma

quantidade abundante de água, o que nos leva a crer que é

uma terra muito fértil, onde tudo que se planta, dá”. Desde a

descoberta do Brasil que o escrivão Pero Vaz de Caminha já

noticiava a vocação agrícola de um País com terras a perder

de vista, um clima tropical e um solo abençoado para pro-

dução de diversas culturas.

Apesar de recordes nas safras de commodities e da balança

comercial do agronegócio positiva, o Brasil ainda não explora

todo seu enorme potencial econômico na produção e expor-

tação de alimentos. E garantir posição de destaque entre os

grandes produtores mundiais continuará sendo um desafio

enorme nas próximas décadas, especialmente por conta de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

uma revolução tecnológica sem precedentes no campo que

irá, cada vez mais, automatizar, digitalizar e conectar a plan-

tação, desde a semeadura até a colheita, com a implantação

de sistemas integrados baseados em satélites, sensores,

coleta e análise de dados (big data), algoritmos, drones e,

claro, robôs, fertilizando a Internet das Coisas como a

madrinha da nova era do agronegócio.

Com uma representação de 23% no PIB brasileiro, segundo a

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o

setor vem sendo adubado por empreendedores do chamado

Agtech. Em sua maioria, são empresários dispostos a levar in-

ovação da cidade às zonas rurais para atrair investidores in-

teressados em apoiar tecnologias destinadas ao aumento da

produtividade, redução do desperdício e o incentivo a culturas

mais orgânicas, que dispensam a aplicação descontrolada de

pesticidas e são mais resistentes na medida em que acessam

em tempo real informações essenciais para manter a saúde da

plantação, como quando e onde irrigar e na identificação de

pragas e doenças que precisam ser rapidamente combatidas.

O desafio de incrementar os resultados nas fazendas, vale

ressaltar, é global.

Com a previsão do planeta alcançar 9 bilhões de pessoas em

2050 e um aumento da expectativa de vida média global

para 71,4 anos (um crescimento de 5 anos entre 2000 e

2015), de acordo com a Organização Mundial da Saúde, esta-

mos vivendo mais e ampliando a população mundial. Além

disso, há o alerta em torno da previsão da ocorrência de pro-

fundas mudanças climáticas que irão gerar escassez de água

e de terras férteis.

Neste cenário, a demanda global por alimentos corre o risco

de não ser atendida se os empresários do campo não se

modernizarem, substituindo técnicas rudimentares e asso-

ciando tratores e máquinas com gadgets e plataformas tec-

nológicas que já estão ganhando terreno em países como

Austrália, Estados Unidos e Japão, principalmente no ramo da

robótica.

E o que os robôs podem fazer no campo?

Uma destas novidades já em teste em terrenos de grandes

dimensões é o Prospero, que trabalha em equipe com outras

centenas de robôs para, entre outras atividades, pesquisar e

determinar onde cada semente deve ser plantada e quais

frutos já estão no ponto certo para colheita.

Capaz de se movimentar em solos acidentados e dotado de

diversas habilidades, estes robôs são programados para ex-

ercer funções em toda cadeia de produção (semear – regar –

colher – armazenar – distribuir), como encontrar espaços dis-

poníveis para o plantio, abrir um buraco na profundidade

recomendada, jogar a semente e aplicar fertilizantes ou herbi-

cidas. Terminado o processo, ele marca o local para sinalizar a

outros bots que aquele já foi ocupado, evitando perda de

tempo e de eficiência na busca de espaços disponíveis para

novas sementes.

A integração de tecnologias já existentes e em desenvolvi-

mento poderá resultar em androides para trabalhar, por ex-

emplo, na colheita. O Alter, um robô japonês que funciona a

partir de impulsos dados por uma rede neural, ou seja, sem

qualquer interferência humana, como se tivesse vida própria,

pode ser equipado com a biotecnologia da Aromyx, que de-

senvolveu ‘receptores olfativos’ capazes de “cheirar” e “sabo-

rear” diferentes aromas, seja uma plantação de videiras ou de

pés de laranja. Em associação com o Alter, estes sensores

poderão estar instalados nas pontas dos dedos do robô e

capturar os odores que estão armazenados na nuvem em al-

goritmos desenvolvidos para cada cheiro.

Há outras inúmeras funções que os robôs estão assumindo

nas plantações, seja na remoção e transposição de mudas

para novas áreas, a eliminação de ervas daninhas e até

mesmo incríveis abelhas-robôs, projetadas por engenheiros

da Universidade de Harvard, o menor robô voador já inventa-

do, que ajudam na polinização e na própria monitoria das

abelhas para garantir a cadeia de produção de alimentos.

Na Austrália, já está em teste também o SwagBot, um robô

autônomo que promete substituir os cowboys na condução

dos rebanhos por áreas com grande extensão territorial.

Os drones, da mesma forma, estão cada vez mais presentes

nas plantações com diversas finalidades e com muito mais

eficácia, como análise do solo, plantação, irrigação, aplicação

de pesticidas, monitoramento com imagens e identificação

de doenças.

Outras startups estão estruturando negócios de IoT para mel-

horar a gestão e a produtividade, caso da AgTech Industries,

que desenvolveu uma plataforma para coleta e análise de

dados a partir de sensores instalados no campo. Os dados

podem ser acessados no smartphone para tomar decisões e

dar comandos a partir do próprio telefone, como por exemplo

quando e onde irrigar a plantação. No Brasil, uma empresa

que já segue um modelo de monitoramento inteligente do

cultivo com big data e vem conquistando grande reconheci-

mento é a Agrosmart.

As oportunidades em Agtech apenas começam a frutificar.

Segundo a AgFunder, organização que tem como missão

aproximar investidores de empresas agrícolas, 499 empresas

de tecnologia agrícola atraíram US$ 4,6 bilhões em investi-

mentos no ano passado, quase o dobro de 2014.

Recentemente, a Bayer e a Syngenta se uniram com impor-

tantes VCs para fundar na Carolina do Norte a AgTech Accel-

erator, que irá dar suporte a startups dedicadas a desenvolver

tecnologias para agricultura.

O AgCareers.com, site de empregos do setor, registrou cresci-

mento de 26% no número de vagas anunciadas no ano pas-

sado para ocupar diversas posições no agronegócio, de técni-

cos e administradores de fazendas a cargos nas áreas finan-

ceira e de desenvolvimento de negócios, mas a tendência é

de uma redução de postos para trabalhar diretamente na

produção.

Ainda é cedo para afirmar que o agronegócio irá semear o

Vale do Silício brasileiro e colocar o País na rota da inovação

para figurar entre as grandes potências mundiais na produção

de alimentos e desenvolvimento de novas tecnologias de

Agtech. Mas se não quisermos ficar para trás, é bom não es-

perar a próxima safra.

Page 36: OMARSON COSTA

“Vera Cruz parece ter uma grande extensão, além de uma

quantidade abundante de água, o que nos leva a crer que é

uma terra muito fértil, onde tudo que se planta, dá”. Desde a

descoberta do Brasil que o escrivão Pero Vaz de Caminha já

noticiava a vocação agrícola de um País com terras a perder

de vista, um clima tropical e um solo abençoado para pro-

dução de diversas culturas.

Apesar de recordes nas safras de commodities e da balança

comercial do agronegócio positiva, o Brasil ainda não explora

todo seu enorme potencial econômico na produção e expor-

tação de alimentos. E garantir posição de destaque entre os

grandes produtores mundiais continuará sendo um desafio

enorme nas próximas décadas, especialmente por conta de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

uma revolução tecnológica sem precedentes no campo que

irá, cada vez mais, automatizar, digitalizar e conectar a plan-

tação, desde a semeadura até a colheita, com a implantação

de sistemas integrados baseados em satélites, sensores,

coleta e análise de dados (big data), algoritmos, drones e,

claro, robôs, fertilizando a Internet das Coisas como a

madrinha da nova era do agronegócio.

Com uma representação de 23% no PIB brasileiro, segundo a

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o

setor vem sendo adubado por empreendedores do chamado

Agtech. Em sua maioria, são empresários dispostos a levar in-

ovação da cidade às zonas rurais para atrair investidores in-

teressados em apoiar tecnologias destinadas ao aumento da

produtividade, redução do desperdício e o incentivo a culturas

mais orgânicas, que dispensam a aplicação descontrolada de

pesticidas e são mais resistentes na medida em que acessam

em tempo real informações essenciais para manter a saúde da

plantação, como quando e onde irrigar e na identificação de

pragas e doenças que precisam ser rapidamente combatidas.

O desafio de incrementar os resultados nas fazendas, vale

ressaltar, é global.

Com a previsão do planeta alcançar 9 bilhões de pessoas em

2050 e um aumento da expectativa de vida média global

para 71,4 anos (um crescimento de 5 anos entre 2000 e

2015), de acordo com a Organização Mundial da Saúde, esta-

mos vivendo mais e ampliando a população mundial. Além

disso, há o alerta em torno da previsão da ocorrência de pro-

fundas mudanças climáticas que irão gerar escassez de água

e de terras férteis.

Neste cenário, a demanda global por alimentos corre o risco

de não ser atendida se os empresários do campo não se

modernizarem, substituindo técnicas rudimentares e asso-

ciando tratores e máquinas com gadgets e plataformas tec-

nológicas que já estão ganhando terreno em países como

Austrália, Estados Unidos e Japão, principalmente no ramo da

robótica.

E o que os robôs podem fazer no campo?

Uma destas novidades já em teste em terrenos de grandes

dimensões é o Prospero, que trabalha em equipe com outras

centenas de robôs para, entre outras atividades, pesquisar e

determinar onde cada semente deve ser plantada e quais

frutos já estão no ponto certo para colheita.

Capaz de se movimentar em solos acidentados e dotado de

diversas habilidades, estes robôs são programados para ex-

ercer funções em toda cadeia de produção (semear – regar –

colher – armazenar – distribuir), como encontrar espaços dis-

poníveis para o plantio, abrir um buraco na profundidade

recomendada, jogar a semente e aplicar fertilizantes ou herbi-

cidas. Terminado o processo, ele marca o local para sinalizar a

outros bots que aquele já foi ocupado, evitando perda de

tempo e de eficiência na busca de espaços disponíveis para

novas sementes.

A integração de tecnologias já existentes e em desenvolvi-

mento poderá resultar em androides para trabalhar, por ex-

emplo, na colheita. O Alter, um robô japonês que funciona a

partir de impulsos dados por uma rede neural, ou seja, sem

qualquer interferência humana, como se tivesse vida própria,

pode ser equipado com a biotecnologia da Aromyx, que de-

senvolveu ‘receptores olfativos’ capazes de “cheirar” e “sabo-

rear” diferentes aromas, seja uma plantação de videiras ou de

pés de laranja. Em associação com o Alter, estes sensores

poderão estar instalados nas pontas dos dedos do robô e

capturar os odores que estão armazenados na nuvem em al-

goritmos desenvolvidos para cada cheiro.

Há outras inúmeras funções que os robôs estão assumindo

nas plantações, seja na remoção e transposição de mudas

para novas áreas, a eliminação de ervas daninhas e até

mesmo incríveis abelhas-robôs, projetadas por engenheiros

da Universidade de Harvard, o menor robô voador já inventa-

do, que ajudam na polinização e na própria monitoria das

abelhas para garantir a cadeia de produção de alimentos.

Na Austrália, já está em teste também o SwagBot, um robô

autônomo que promete substituir os cowboys na condução

dos rebanhos por áreas com grande extensão territorial.

Os drones, da mesma forma, estão cada vez mais presentes

nas plantações com diversas finalidades e com muito mais

eficácia, como análise do solo, plantação, irrigação, aplicação

de pesticidas, monitoramento com imagens e identificação

de doenças.

Outras startups estão estruturando negócios de IoT para mel-

horar a gestão e a produtividade, caso da AgTech Industries,

que desenvolveu uma plataforma para coleta e análise de

dados a partir de sensores instalados no campo. Os dados

podem ser acessados no smartphone para tomar decisões e

dar comandos a partir do próprio telefone, como por exemplo

quando e onde irrigar a plantação. No Brasil, uma empresa

que já segue um modelo de monitoramento inteligente do

cultivo com big data e vem conquistando grande reconheci-

mento é a Agrosmart.

As oportunidades em Agtech apenas começam a frutificar.

Segundo a AgFunder, organização que tem como missão

aproximar investidores de empresas agrícolas, 499 empresas

de tecnologia agrícola atraíram US$ 4,6 bilhões em investi-

mentos no ano passado, quase o dobro de 2014.

Recentemente, a Bayer e a Syngenta se uniram com impor-

tantes VCs para fundar na Carolina do Norte a AgTech Accel-

erator, que irá dar suporte a startups dedicadas a desenvolver

tecnologias para agricultura.

O AgCareers.com, site de empregos do setor, registrou cresci-

mento de 26% no número de vagas anunciadas no ano pas-

sado para ocupar diversas posições no agronegócio, de técni-

cos e administradores de fazendas a cargos nas áreas finan-

ceira e de desenvolvimento de negócios, mas a tendência é

de uma redução de postos para trabalhar diretamente na

produção.

Ainda é cedo para afirmar que o agronegócio irá semear o

Vale do Silício brasileiro e colocar o País na rota da inovação

para figurar entre as grandes potências mundiais na produção

de alimentos e desenvolvimento de novas tecnologias de

Agtech. Mas se não quisermos ficar para trás, é bom não es-

perar a próxima safra.

Page 37: OMARSON COSTA

“Vera Cruz parece ter uma grande extensão, além de uma

quantidade abundante de água, o que nos leva a crer que é

uma terra muito fértil, onde tudo que se planta, dá”. Desde a

descoberta do Brasil que o escrivão Pero Vaz de Caminha já

noticiava a vocação agrícola de um País com terras a perder

de vista, um clima tropical e um solo abençoado para pro-

dução de diversas culturas.

Apesar de recordes nas safras de commodities e da balança

comercial do agronegócio positiva, o Brasil ainda não explora

todo seu enorme potencial econômico na produção e expor-

tação de alimentos. E garantir posição de destaque entre os

grandes produtores mundiais continuará sendo um desafio

enorme nas próximas décadas, especialmente por conta de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

uma revolução tecnológica sem precedentes no campo que

irá, cada vez mais, automatizar, digitalizar e conectar a plan-

tação, desde a semeadura até a colheita, com a implantação

de sistemas integrados baseados em satélites, sensores,

coleta e análise de dados (big data), algoritmos, drones e,

claro, robôs, fertilizando a Internet das Coisas como a

madrinha da nova era do agronegócio.

Com uma representação de 23% no PIB brasileiro, segundo a

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o

setor vem sendo adubado por empreendedores do chamado

Agtech. Em sua maioria, são empresários dispostos a levar in-

ovação da cidade às zonas rurais para atrair investidores in-

teressados em apoiar tecnologias destinadas ao aumento da

produtividade, redução do desperdício e o incentivo a culturas

mais orgânicas, que dispensam a aplicação descontrolada de

pesticidas e são mais resistentes na medida em que acessam

em tempo real informações essenciais para manter a saúde da

plantação, como quando e onde irrigar e na identificação de

pragas e doenças que precisam ser rapidamente combatidas.

O desafio de incrementar os resultados nas fazendas, vale

ressaltar, é global.

Com a previsão do planeta alcançar 9 bilhões de pessoas em

2050 e um aumento da expectativa de vida média global

para 71,4 anos (um crescimento de 5 anos entre 2000 e

2015), de acordo com a Organização Mundial da Saúde, esta-

mos vivendo mais e ampliando a população mundial. Além

disso, há o alerta em torno da previsão da ocorrência de pro-

fundas mudanças climáticas que irão gerar escassez de água

e de terras férteis.

Neste cenário, a demanda global por alimentos corre o risco

de não ser atendida se os empresários do campo não se

modernizarem, substituindo técnicas rudimentares e asso-

ciando tratores e máquinas com gadgets e plataformas tec-

nológicas que já estão ganhando terreno em países como

Austrália, Estados Unidos e Japão, principalmente no ramo da

robótica.

E o que os robôs podem fazer no campo?

Uma destas novidades já em teste em terrenos de grandes

dimensões é o Prospero, que trabalha em equipe com outras

centenas de robôs para, entre outras atividades, pesquisar e

determinar onde cada semente deve ser plantada e quais

frutos já estão no ponto certo para colheita.

Capaz de se movimentar em solos acidentados e dotado de

diversas habilidades, estes robôs são programados para ex-

ercer funções em toda cadeia de produção (semear – regar –

colher – armazenar – distribuir), como encontrar espaços dis-

poníveis para o plantio, abrir um buraco na profundidade

recomendada, jogar a semente e aplicar fertilizantes ou herbi-

cidas. Terminado o processo, ele marca o local para sinalizar a

outros bots que aquele já foi ocupado, evitando perda de

tempo e de eficiência na busca de espaços disponíveis para

novas sementes.

A integração de tecnologias já existentes e em desenvolvi-

mento poderá resultar em androides para trabalhar, por ex-

emplo, na colheita. O Alter, um robô japonês que funciona a

partir de impulsos dados por uma rede neural, ou seja, sem

qualquer interferência humana, como se tivesse vida própria,

pode ser equipado com a biotecnologia da Aromyx, que de-

senvolveu ‘receptores olfativos’ capazes de “cheirar” e “sabo-

rear” diferentes aromas, seja uma plantação de videiras ou de

pés de laranja. Em associação com o Alter, estes sensores

poderão estar instalados nas pontas dos dedos do robô e

capturar os odores que estão armazenados na nuvem em al-

goritmos desenvolvidos para cada cheiro.

Há outras inúmeras funções que os robôs estão assumindo

nas plantações, seja na remoção e transposição de mudas

para novas áreas, a eliminação de ervas daninhas e até

mesmo incríveis abelhas-robôs, projetadas por engenheiros

da Universidade de Harvard, o menor robô voador já inventa-

do, que ajudam na polinização e na própria monitoria das

abelhas para garantir a cadeia de produção de alimentos.

Na Austrália, já está em teste também o SwagBot, um robô

autônomo que promete substituir os cowboys na condução

dos rebanhos por áreas com grande extensão territorial.

Os drones, da mesma forma, estão cada vez mais presentes

nas plantações com diversas finalidades e com muito mais

eficácia, como análise do solo, plantação, irrigação, aplicação

de pesticidas, monitoramento com imagens e identificação

de doenças.

Outras startups estão estruturando negócios de IoT para mel-

horar a gestão e a produtividade, caso da AgTech Industries,

que desenvolveu uma plataforma para coleta e análise de

dados a partir de sensores instalados no campo. Os dados

podem ser acessados no smartphone para tomar decisões e

dar comandos a partir do próprio telefone, como por exemplo

quando e onde irrigar a plantação. No Brasil, uma empresa

que já segue um modelo de monitoramento inteligente do

cultivo com big data e vem conquistando grande reconheci-

mento é a Agrosmart.

As oportunidades em Agtech apenas começam a frutificar.

Segundo a AgFunder, organização que tem como missão

aproximar investidores de empresas agrícolas, 499 empresas

de tecnologia agrícola atraíram US$ 4,6 bilhões em investi-

mentos no ano passado, quase o dobro de 2014.

Recentemente, a Bayer e a Syngenta se uniram com impor-

tantes VCs para fundar na Carolina do Norte a AgTech Accel-

erator, que irá dar suporte a startups dedicadas a desenvolver

tecnologias para agricultura.

O AgCareers.com, site de empregos do setor, registrou cresci-

mento de 26% no número de vagas anunciadas no ano pas-

sado para ocupar diversas posições no agronegócio, de técni-

cos e administradores de fazendas a cargos nas áreas finan-

ceira e de desenvolvimento de negócios, mas a tendência é

de uma redução de postos para trabalhar diretamente na

produção.

Ainda é cedo para afirmar que o agronegócio irá semear o

Vale do Silício brasileiro e colocar o País na rota da inovação

para figurar entre as grandes potências mundiais na produção

de alimentos e desenvolvimento de novas tecnologias de

Agtech. Mas se não quisermos ficar para trás, é bom não es-

perar a próxima safra.

Page 38: OMARSON COSTA

“Vera Cruz parece ter uma grande extensão, além de uma

quantidade abundante de água, o que nos leva a crer que é

uma terra muito fértil, onde tudo que se planta, dá”. Desde a

descoberta do Brasil que o escrivão Pero Vaz de Caminha já

noticiava a vocação agrícola de um País com terras a perder

de vista, um clima tropical e um solo abençoado para pro-

dução de diversas culturas.

Apesar de recordes nas safras de commodities e da balança

comercial do agronegócio positiva, o Brasil ainda não explora

todo seu enorme potencial econômico na produção e expor-

tação de alimentos. E garantir posição de destaque entre os

grandes produtores mundiais continuará sendo um desafio

enorme nas próximas décadas, especialmente por conta de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

uma revolução tecnológica sem precedentes no campo que

irá, cada vez mais, automatizar, digitalizar e conectar a plan-

tação, desde a semeadura até a colheita, com a implantação

de sistemas integrados baseados em satélites, sensores,

coleta e análise de dados (big data), algoritmos, drones e,

claro, robôs, fertilizando a Internet das Coisas como a

madrinha da nova era do agronegócio.

Com uma representação de 23% no PIB brasileiro, segundo a

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o

setor vem sendo adubado por empreendedores do chamado

Agtech. Em sua maioria, são empresários dispostos a levar in-

ovação da cidade às zonas rurais para atrair investidores in-

teressados em apoiar tecnologias destinadas ao aumento da

produtividade, redução do desperdício e o incentivo a culturas

mais orgânicas, que dispensam a aplicação descontrolada de

pesticidas e são mais resistentes na medida em que acessam

em tempo real informações essenciais para manter a saúde da

plantação, como quando e onde irrigar e na identificação de

pragas e doenças que precisam ser rapidamente combatidas.

O desafio de incrementar os resultados nas fazendas, vale

ressaltar, é global.

Com a previsão do planeta alcançar 9 bilhões de pessoas em

2050 e um aumento da expectativa de vida média global

para 71,4 anos (um crescimento de 5 anos entre 2000 e

2015), de acordo com a Organização Mundial da Saúde, esta-

mos vivendo mais e ampliando a população mundial. Além

disso, há o alerta em torno da previsão da ocorrência de pro-

fundas mudanças climáticas que irão gerar escassez de água

e de terras férteis.

Neste cenário, a demanda global por alimentos corre o risco

de não ser atendida se os empresários do campo não se

modernizarem, substituindo técnicas rudimentares e asso-

ciando tratores e máquinas com gadgets e plataformas tec-

nológicas que já estão ganhando terreno em países como

Austrália, Estados Unidos e Japão, principalmente no ramo da

robótica.

E o que os robôs podem fazer no campo?

Uma destas novidades já em teste em terrenos de grandes

dimensões é o Prospero, que trabalha em equipe com outras

centenas de robôs para, entre outras atividades, pesquisar e

determinar onde cada semente deve ser plantada e quais

frutos já estão no ponto certo para colheita.

Capaz de se movimentar em solos acidentados e dotado de

diversas habilidades, estes robôs são programados para ex-

ercer funções em toda cadeia de produção (semear – regar –

colher – armazenar – distribuir), como encontrar espaços dis-

poníveis para o plantio, abrir um buraco na profundidade

recomendada, jogar a semente e aplicar fertilizantes ou herbi-

cidas. Terminado o processo, ele marca o local para sinalizar a

outros bots que aquele já foi ocupado, evitando perda de

tempo e de eficiência na busca de espaços disponíveis para

novas sementes.

A integração de tecnologias já existentes e em desenvolvi-

mento poderá resultar em androides para trabalhar, por ex-

emplo, na colheita. O Alter, um robô japonês que funciona a

partir de impulsos dados por uma rede neural, ou seja, sem

qualquer interferência humana, como se tivesse vida própria,

pode ser equipado com a biotecnologia da Aromyx, que de-

senvolveu ‘receptores olfativos’ capazes de “cheirar” e “sabo-

rear” diferentes aromas, seja uma plantação de videiras ou de

pés de laranja. Em associação com o Alter, estes sensores

poderão estar instalados nas pontas dos dedos do robô e

capturar os odores que estão armazenados na nuvem em al-

goritmos desenvolvidos para cada cheiro.

Há outras inúmeras funções que os robôs estão assumindo

nas plantações, seja na remoção e transposição de mudas

para novas áreas, a eliminação de ervas daninhas e até

mesmo incríveis abelhas-robôs, projetadas por engenheiros

da Universidade de Harvard, o menor robô voador já inventa-

do, que ajudam na polinização e na própria monitoria das

abelhas para garantir a cadeia de produção de alimentos.

Na Austrália, já está em teste também o SwagBot, um robô

autônomo que promete substituir os cowboys na condução

dos rebanhos por áreas com grande extensão territorial.

Os drones, da mesma forma, estão cada vez mais presentes

nas plantações com diversas finalidades e com muito mais

eficácia, como análise do solo, plantação, irrigação, aplicação

de pesticidas, monitoramento com imagens e identificação

de doenças.

Outras startups estão estruturando negócios de IoT para mel-

horar a gestão e a produtividade, caso da AgTech Industries,

que desenvolveu uma plataforma para coleta e análise de

dados a partir de sensores instalados no campo. Os dados

podem ser acessados no smartphone para tomar decisões e

dar comandos a partir do próprio telefone, como por exemplo

quando e onde irrigar a plantação. No Brasil, uma empresa

que já segue um modelo de monitoramento inteligente do

cultivo com big data e vem conquistando grande reconheci-

mento é a Agrosmart.

As oportunidades em Agtech apenas começam a frutificar.

Segundo a AgFunder, organização que tem como missão

aproximar investidores de empresas agrícolas, 499 empresas

de tecnologia agrícola atraíram US$ 4,6 bilhões em investi-

mentos no ano passado, quase o dobro de 2014.

Recentemente, a Bayer e a Syngenta se uniram com impor-

tantes VCs para fundar na Carolina do Norte a AgTech Accel-

erator, que irá dar suporte a startups dedicadas a desenvolver

tecnologias para agricultura.

O AgCareers.com, site de empregos do setor, registrou cresci-

mento de 26% no número de vagas anunciadas no ano pas-

sado para ocupar diversas posições no agronegócio, de técni-

cos e administradores de fazendas a cargos nas áreas finan-

ceira e de desenvolvimento de negócios, mas a tendência é

de uma redução de postos para trabalhar diretamente na

produção.

Ainda é cedo para afirmar que o agronegócio irá semear o

Vale do Silício brasileiro e colocar o País na rota da inovação

para figurar entre as grandes potências mundiais na produção

de alimentos e desenvolvimento de novas tecnologias de

Agtech. Mas se não quisermos ficar para trás, é bom não es-

perar a próxima safra.

Page 39: OMARSON COSTA

“Vera Cruz parece ter uma grande extensão, além de uma

quantidade abundante de água, o que nos leva a crer que é

uma terra muito fértil, onde tudo que se planta, dá”. Desde a

descoberta do Brasil que o escrivão Pero Vaz de Caminha já

noticiava a vocação agrícola de um País com terras a perder

de vista, um clima tropical e um solo abençoado para pro-

dução de diversas culturas.

Apesar de recordes nas safras de commodities e da balança

comercial do agronegócio positiva, o Brasil ainda não explora

todo seu enorme potencial econômico na produção e expor-

tação de alimentos. E garantir posição de destaque entre os

grandes produtores mundiais continuará sendo um desafio

enorme nas próximas décadas, especialmente por conta de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

uma revolução tecnológica sem precedentes no campo que

irá, cada vez mais, automatizar, digitalizar e conectar a plan-

tação, desde a semeadura até a colheita, com a implantação

de sistemas integrados baseados em satélites, sensores,

coleta e análise de dados (big data), algoritmos, drones e,

claro, robôs, fertilizando a Internet das Coisas como a

madrinha da nova era do agronegócio.

Com uma representação de 23% no PIB brasileiro, segundo a

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o

setor vem sendo adubado por empreendedores do chamado

Agtech. Em sua maioria, são empresários dispostos a levar in-

ovação da cidade às zonas rurais para atrair investidores in-

teressados em apoiar tecnologias destinadas ao aumento da

produtividade, redução do desperdício e o incentivo a culturas

mais orgânicas, que dispensam a aplicação descontrolada de

pesticidas e são mais resistentes na medida em que acessam

em tempo real informações essenciais para manter a saúde da

plantação, como quando e onde irrigar e na identificação de

pragas e doenças que precisam ser rapidamente combatidas.

O desafio de incrementar os resultados nas fazendas, vale

ressaltar, é global.

Com a previsão do planeta alcançar 9 bilhões de pessoas em

2050 e um aumento da expectativa de vida média global

para 71,4 anos (um crescimento de 5 anos entre 2000 e

2015), de acordo com a Organização Mundial da Saúde, esta-

mos vivendo mais e ampliando a população mundial. Além

disso, há o alerta em torno da previsão da ocorrência de pro-

fundas mudanças climáticas que irão gerar escassez de água

e de terras férteis.

Neste cenário, a demanda global por alimentos corre o risco

de não ser atendida se os empresários do campo não se

modernizarem, substituindo técnicas rudimentares e asso-

ciando tratores e máquinas com gadgets e plataformas tec-

nológicas que já estão ganhando terreno em países como

Austrália, Estados Unidos e Japão, principalmente no ramo da

robótica.

E o que os robôs podem fazer no campo?

Uma destas novidades já em teste em terrenos de grandes

dimensões é o Prospero, que trabalha em equipe com outras

centenas de robôs para, entre outras atividades, pesquisar e

determinar onde cada semente deve ser plantada e quais

frutos já estão no ponto certo para colheita.

Capaz de se movimentar em solos acidentados e dotado de

diversas habilidades, estes robôs são programados para ex-

ercer funções em toda cadeia de produção (semear – regar –

colher – armazenar – distribuir), como encontrar espaços dis-

poníveis para o plantio, abrir um buraco na profundidade

recomendada, jogar a semente e aplicar fertilizantes ou herbi-

cidas. Terminado o processo, ele marca o local para sinalizar a

outros bots que aquele já foi ocupado, evitando perda de

tempo e de eficiência na busca de espaços disponíveis para

novas sementes.

A integração de tecnologias já existentes e em desenvolvi-

mento poderá resultar em androides para trabalhar, por ex-

emplo, na colheita. O Alter, um robô japonês que funciona a

partir de impulsos dados por uma rede neural, ou seja, sem

qualquer interferência humana, como se tivesse vida própria,

pode ser equipado com a biotecnologia da Aromyx, que de-

senvolveu ‘receptores olfativos’ capazes de “cheirar” e “sabo-

rear” diferentes aromas, seja uma plantação de videiras ou de

pés de laranja. Em associação com o Alter, estes sensores

poderão estar instalados nas pontas dos dedos do robô e

capturar os odores que estão armazenados na nuvem em al-

goritmos desenvolvidos para cada cheiro.

Há outras inúmeras funções que os robôs estão assumindo

nas plantações, seja na remoção e transposição de mudas

para novas áreas, a eliminação de ervas daninhas e até

mesmo incríveis abelhas-robôs, projetadas por engenheiros

da Universidade de Harvard, o menor robô voador já inventa-

do, que ajudam na polinização e na própria monitoria das

abelhas para garantir a cadeia de produção de alimentos.

Na Austrália, já está em teste também o SwagBot, um robô

autônomo que promete substituir os cowboys na condução

dos rebanhos por áreas com grande extensão territorial.

Os drones, da mesma forma, estão cada vez mais presentes

nas plantações com diversas finalidades e com muito mais

eficácia, como análise do solo, plantação, irrigação, aplicação

de pesticidas, monitoramento com imagens e identificação

de doenças.

Outras startups estão estruturando negócios de IoT para mel-

horar a gestão e a produtividade, caso da AgTech Industries,

que desenvolveu uma plataforma para coleta e análise de

dados a partir de sensores instalados no campo. Os dados

podem ser acessados no smartphone para tomar decisões e

dar comandos a partir do próprio telefone, como por exemplo

quando e onde irrigar a plantação. No Brasil, uma empresa

que já segue um modelo de monitoramento inteligente do

cultivo com big data e vem conquistando grande reconheci-

mento é a Agrosmart.

As oportunidades em Agtech apenas começam a frutificar.

Segundo a AgFunder, organização que tem como missão

aproximar investidores de empresas agrícolas, 499 empresas

de tecnologia agrícola atraíram US$ 4,6 bilhões em investi-

mentos no ano passado, quase o dobro de 2014.

Recentemente, a Bayer e a Syngenta se uniram com impor-

tantes VCs para fundar na Carolina do Norte a AgTech Accel-

erator, que irá dar suporte a startups dedicadas a desenvolver

tecnologias para agricultura.

O AgCareers.com, site de empregos do setor, registrou cresci-

mento de 26% no número de vagas anunciadas no ano pas-

sado para ocupar diversas posições no agronegócio, de técni-

cos e administradores de fazendas a cargos nas áreas finan-

ceira e de desenvolvimento de negócios, mas a tendência é

de uma redução de postos para trabalhar diretamente na

produção.

Ainda é cedo para afirmar que o agronegócio irá semear o

Vale do Silício brasileiro e colocar o País na rota da inovação

para figurar entre as grandes potências mundiais na produção

de alimentos e desenvolvimento de novas tecnologias de

Agtech. Mas se não quisermos ficar para trás, é bom não es-

perar a próxima safra.

Page 40: OMARSON COSTA

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Você ainda vai ter umrobô (e mais rápidodo que imagina)Com a Internet e o aumento da capacidade de processamento de zetabytes de dados, as machine learning passaram a assumir funções decisórias antes restritas aos humanos.

No filme o Homem Bicentenário, que estreou em 1999, o ator

Robin Williams interpreta o personagem Andrew, um simpáti-

co robô dotado de inteligência artificial que foi comprado por

uma família americana para realizar tarefas domésticas sim-

ples. Surpreendentemente, Andrew adquire aos poucos car-

acterísticas humanas, expressando emoções e adquirindo

uma personalidade própria. Seu sonho passa a ser, então, se

tornar o mais próximo possível de um ser humano.

Até pouco tempo, ainda no final do século XX, ter um an-

droide em casa só habitava mesmo nossa imaginação em

filmes de ficção científica. Com o avanço da inteligência artifi-

cial, este século ficará marcado pelo despertar da aclamada

quarta revolução industrial, embalada pelo desenvolvimento e

popularização da robótica em aplicações que os criadores de

Andrew jamais poderiam sonhar.

A robótica começou a invadir as fábricas inicialmente em

funções mecânicas nas linhas de produção. Com a Internet e o

aumento da capacidade de processamento de zetabytes de

dados, as machine learning passaram a assumir funções de-

cisórias antes restritas aos humanos.

A expectativa para os próximos anos é de que os robôs es-

tarão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. De acordo

com a pesquisa “Industrial Robotics Market”, o mercado de

robótica deverá crescer 11,92% e alcançar US$ 79,58 bilhões

até 2022.

O eclodir de uma sociedade robotizada vem trazendo muitos

questionamentos, o que é esperado na explosão de qualquer

tecnologia com inovação de alto impacto e que poderá nos

teletransportar rapidamente para o futuro.

Qual será o real impacto no mercado de trabalho? Chegará o

dia em que as máquinas serão mais inteligentes que o

homem? Como saberemos se as decisões tomadas por um

humanoide são as mais corretas? Os carros autônomos serão

totalmente seguros? Poderei confiar meus filhos para que

cuidem enquanto estou ocupado com outras tarefas?

E como fica nossa privacidade se em casa, na rua, no trabalho,

no carro e até mesmo nas roupas que vestimos, em qualquer

lugar estaremos sendo vigiados 24 horas por dia, 7 dias por

semana, por sistemas dotados de inteligência artificial que

irão capturar e enviar informações para as empresas antecipa-

rem nossos desejos de consumo e criarem ofertas customiza-

das irrecusáveis?

Sim, seu emprego pode estar com os dias contados.

De acordo com recente relatório divulgado pelo World Eco-

nomic Forum, intitulado “The Future of Jobs”, nos próximos

cinco anos a automação e a robótica irão eliminar mais de 5

milhões de empregos, atingindo principalmente posições em

funções administrativas e na indústria.

É inevitável. Grandes empresas de tecnologia já estão e

seguirão investindo em projetos de inteligência artificial. Assim

como a terceira revolução industrial introduziu processos au-

tomatizados que aumentaram a produtividade e substituíram

a mão de obra humana, o aumento da presença dos robôs em

diversas áreas, do mercado financeiro ao comércio, das nossas

casas ao supermercado da esquina, irá trazer transformações

na forma em que vivemos, trabalhamos e, claro, nas habili-

dades que os profissionais deverão desenvolver para manter a

competitividade.

A pergunta não é se a ficção de Andrew se tornará realidade,

mas com que velocidade.

E a julgar pelas últimas novidades recentemente apresentadas

pelas gigantes do setor de tecnologia e por companhias

japonesas na International Robot Exhibition, realizada em

Tóquio no final do ano passado, não é mais questão de

tempo.

A SoftBank Corp, inventora do robô Pepper, lançou um SDK

para que programadores possam contribuir no desenvolvi-

mento de novas tarefas para o humanoide, que já pode ser

comprado por US$ 1,800 e vem sendo utilizado por mais de

500 empresas no Japão como garçom, vendedor e atendente

aos clientes, entre elas Nestlé, Mizuho Bank e Nissan.

Por US$ 599, o preço de um smartphone, a fabricante de

Taiwan Asus colocou no mercado o Zenbo, um robô que con-

segue falar, controlar a casa e prestar assistência quando so-

licitado.

No mesmo campo de batalha de lançar um robô doméstico

anabolizado por inteligência artificial estão a Apple, com o Siri;

a Amazon, com a Alexa; a Microsoft, com o Cortana; o Google

Assistant e o Facebook M.

A Boston Dynamics, empresa da Alphabet, holding do Google,

acaba de apresentar o SpotMini, um cachorro robô que obe-

dece comandos de voz e, entre outras habilidades, consegue

subir escadas e desviar de objetos em espaços apertados da

casa.

A lista de invenções a partir da integração de inteligência arti-

ficial, realidade virtual, big data, internet das coisas, robótica e

outras tecnologias é crescente.

Que tal uma luva que consegue transformar a linguagem dos

sinais em texto e voz? Ou um robô advogado que venceu cen-

tenas de milhares de apelações contra multas de trânsito? E o

que acha de um restaurante que usa robôs para montar

hambúrgueres, assim como já anunciou o McDonald’s de inau-

gurar lojas operadas por robôs com investimentos bem meno-

res comparados aos salários pagos nas franquias atendidas

por funcionários humanos?

Ou o que dizer de uma pizzaria startup no Vale do Silício com a

preparação das redondas totalmente robotizada? Seguindo a

mesma receita, Pizza Hut e Domino’s também estão apostan-

do na robótica para melhorar a produtividade e, claro, os

lucros. Na Ásia, a Pizza Hut se aliou com a Mastercard e o

Softbank para desenvolver uma versão do Pepper com a

função de um caixa-robô que usa inteligência artificial para

conversar com os clientes. Na Austrália, a Domino’s começou a

testar um sistema de entrega com um veículo autônomo ba-

tizado de Dru.

É. Se a robótica já está transformando algo tão rotineiro

quanto assar e entregar uma simples pizza ou fritar um ham-

burguer, talvez esteja na hora de você começar a planejar a

abertura da primeira franquia de fast food para estações es-

paciais. Com atendimento feito por androides, evidente.

Ou continua achando que nosso amigo Andrew não passa de

ficção?

Page 41: OMARSON COSTA

No filme o Homem Bicentenário, que estreou em 1999, o ator

Robin Williams interpreta o personagem Andrew, um simpáti-

co robô dotado de inteligência artificial que foi comprado por

uma família americana para realizar tarefas domésticas sim-

ples. Surpreendentemente, Andrew adquire aos poucos car-

acterísticas humanas, expressando emoções e adquirindo

uma personalidade própria. Seu sonho passa a ser, então, se

tornar o mais próximo possível de um ser humano.

Até pouco tempo, ainda no final do século XX, ter um an-

droide em casa só habitava mesmo nossa imaginação em

filmes de ficção científica. Com o avanço da inteligência artifi-

cial, este século ficará marcado pelo despertar da aclamada

quarta revolução industrial, embalada pelo desenvolvimento e

popularização da robótica em aplicações que os criadores de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Andrew jamais poderiam sonhar.

A robótica começou a invadir as fábricas inicialmente em

funções mecânicas nas linhas de produção. Com a Internet e o

aumento da capacidade de processamento de zetabytes de

dados, as machine learning passaram a assumir funções de-

cisórias antes restritas aos humanos.

A expectativa para os próximos anos é de que os robôs es-

tarão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. De acordo

com a pesquisa “Industrial Robotics Market”, o mercado de

robótica deverá crescer 11,92% e alcançar US$ 79,58 bilhões

até 2022.

O eclodir de uma sociedade robotizada vem trazendo muitos

questionamentos, o que é esperado na explosão de qualquer

tecnologia com inovação de alto impacto e que poderá nos

teletransportar rapidamente para o futuro.

Qual será o real impacto no mercado de trabalho? Chegará o

dia em que as máquinas serão mais inteligentes que o

homem? Como saberemos se as decisões tomadas por um

humanoide são as mais corretas? Os carros autônomos serão

totalmente seguros? Poderei confiar meus filhos para que

cuidem enquanto estou ocupado com outras tarefas?

E como fica nossa privacidade se em casa, na rua, no trabalho,

no carro e até mesmo nas roupas que vestimos, em qualquer

lugar estaremos sendo vigiados 24 horas por dia, 7 dias por

semana, por sistemas dotados de inteligência artificial que

irão capturar e enviar informações para as empresas antecipa-

rem nossos desejos de consumo e criarem ofertas customiza-

das irrecusáveis?

Sim, seu emprego pode estar com os dias contados.

De acordo com recente relatório divulgado pelo World Eco-

nomic Forum, intitulado “The Future of Jobs”, nos próximos

cinco anos a automação e a robótica irão eliminar mais de 5

milhões de empregos, atingindo principalmente posições em

funções administrativas e na indústria.

É inevitável. Grandes empresas de tecnologia já estão e

seguirão investindo em projetos de inteligência artificial. Assim

como a terceira revolução industrial introduziu processos au-

tomatizados que aumentaram a produtividade e substituíram

a mão de obra humana, o aumento da presença dos robôs em

diversas áreas, do mercado financeiro ao comércio, das nossas

casas ao supermercado da esquina, irá trazer transformações

na forma em que vivemos, trabalhamos e, claro, nas habili-

dades que os profissionais deverão desenvolver para manter a

competitividade.

A pergunta não é se a ficção de Andrew se tornará realidade,

mas com que velocidade.

E a julgar pelas últimas novidades recentemente apresentadas

pelas gigantes do setor de tecnologia e por companhias

japonesas na International Robot Exhibition, realizada em

Tóquio no final do ano passado, não é mais questão de

tempo.

A SoftBank Corp, inventora do robô Pepper, lançou um SDK

para que programadores possam contribuir no desenvolvi-

mento de novas tarefas para o humanoide, que já pode ser

comprado por US$ 1,800 e vem sendo utilizado por mais de

500 empresas no Japão como garçom, vendedor e atendente

aos clientes, entre elas Nestlé, Mizuho Bank e Nissan.

Por US$ 599, o preço de um smartphone, a fabricante de

Taiwan Asus colocou no mercado o Zenbo, um robô que con-

segue falar, controlar a casa e prestar assistência quando so-

licitado.

No mesmo campo de batalha de lançar um robô doméstico

anabolizado por inteligência artificial estão a Apple, com o Siri;

a Amazon, com a Alexa; a Microsoft, com o Cortana; o Google

Assistant e o Facebook M.

A Boston Dynamics, empresa da Alphabet, holding do Google,

acaba de apresentar o SpotMini, um cachorro robô que obe-

dece comandos de voz e, entre outras habilidades, consegue

subir escadas e desviar de objetos em espaços apertados da

casa.

A lista de invenções a partir da integração de inteligência arti-

ficial, realidade virtual, big data, internet das coisas, robótica e

outras tecnologias é crescente.

Que tal uma luva que consegue transformar a linguagem dos

sinais em texto e voz? Ou um robô advogado que venceu cen-

tenas de milhares de apelações contra multas de trânsito? E o

que acha de um restaurante que usa robôs para montar

hambúrgueres, assim como já anunciou o McDonald’s de inau-

gurar lojas operadas por robôs com investimentos bem meno-

res comparados aos salários pagos nas franquias atendidas

por funcionários humanos?

Ou o que dizer de uma pizzaria startup no Vale do Silício com a

preparação das redondas totalmente robotizada? Seguindo a

mesma receita, Pizza Hut e Domino’s também estão apostan-

do na robótica para melhorar a produtividade e, claro, os

lucros. Na Ásia, a Pizza Hut se aliou com a Mastercard e o

Softbank para desenvolver uma versão do Pepper com a

função de um caixa-robô que usa inteligência artificial para

conversar com os clientes. Na Austrália, a Domino’s começou a

testar um sistema de entrega com um veículo autônomo ba-

tizado de Dru.

É. Se a robótica já está transformando algo tão rotineiro

quanto assar e entregar uma simples pizza ou fritar um ham-

burguer, talvez esteja na hora de você começar a planejar a

abertura da primeira franquia de fast food para estações es-

paciais. Com atendimento feito por androides, evidente.

Ou continua achando que nosso amigo Andrew não passa de

ficção?

Page 42: OMARSON COSTA

No filme o Homem Bicentenário, que estreou em 1999, o ator

Robin Williams interpreta o personagem Andrew, um simpáti-

co robô dotado de inteligência artificial que foi comprado por

uma família americana para realizar tarefas domésticas sim-

ples. Surpreendentemente, Andrew adquire aos poucos car-

acterísticas humanas, expressando emoções e adquirindo

uma personalidade própria. Seu sonho passa a ser, então, se

tornar o mais próximo possível de um ser humano.

Até pouco tempo, ainda no final do século XX, ter um an-

droide em casa só habitava mesmo nossa imaginação em

filmes de ficção científica. Com o avanço da inteligência artifi-

cial, este século ficará marcado pelo despertar da aclamada

quarta revolução industrial, embalada pelo desenvolvimento e

popularização da robótica em aplicações que os criadores de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Andrew jamais poderiam sonhar.

A robótica começou a invadir as fábricas inicialmente em

funções mecânicas nas linhas de produção. Com a Internet e o

aumento da capacidade de processamento de zetabytes de

dados, as machine learning passaram a assumir funções de-

cisórias antes restritas aos humanos.

A expectativa para os próximos anos é de que os robôs es-

tarão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. De acordo

com a pesquisa “Industrial Robotics Market”, o mercado de

robótica deverá crescer 11,92% e alcançar US$ 79,58 bilhões

até 2022.

O eclodir de uma sociedade robotizada vem trazendo muitos

questionamentos, o que é esperado na explosão de qualquer

tecnologia com inovação de alto impacto e que poderá nos

teletransportar rapidamente para o futuro.

Qual será o real impacto no mercado de trabalho? Chegará o

dia em que as máquinas serão mais inteligentes que o

homem? Como saberemos se as decisões tomadas por um

humanoide são as mais corretas? Os carros autônomos serão

totalmente seguros? Poderei confiar meus filhos para que

cuidem enquanto estou ocupado com outras tarefas?

E como fica nossa privacidade se em casa, na rua, no trabalho,

no carro e até mesmo nas roupas que vestimos, em qualquer

lugar estaremos sendo vigiados 24 horas por dia, 7 dias por

semana, por sistemas dotados de inteligência artificial que

irão capturar e enviar informações para as empresas antecipa-

rem nossos desejos de consumo e criarem ofertas customiza-

das irrecusáveis?

Sim, seu emprego pode estar com os dias contados.

De acordo com recente relatório divulgado pelo World Eco-

nomic Forum, intitulado “The Future of Jobs”, nos próximos

cinco anos a automação e a robótica irão eliminar mais de 5

milhões de empregos, atingindo principalmente posições em

funções administrativas e na indústria.

É inevitável. Grandes empresas de tecnologia já estão e

seguirão investindo em projetos de inteligência artificial. Assim

como a terceira revolução industrial introduziu processos au-

tomatizados que aumentaram a produtividade e substituíram

a mão de obra humana, o aumento da presença dos robôs em

diversas áreas, do mercado financeiro ao comércio, das nossas

casas ao supermercado da esquina, irá trazer transformações

na forma em que vivemos, trabalhamos e, claro, nas habili-

dades que os profissionais deverão desenvolver para manter a

competitividade.

A pergunta não é se a ficção de Andrew se tornará realidade,

mas com que velocidade.

E a julgar pelas últimas novidades recentemente apresentadas

pelas gigantes do setor de tecnologia e por companhias

japonesas na International Robot Exhibition, realizada em

Tóquio no final do ano passado, não é mais questão de

tempo.

A SoftBank Corp, inventora do robô Pepper, lançou um SDK

para que programadores possam contribuir no desenvolvi-

mento de novas tarefas para o humanoide, que já pode ser

comprado por US$ 1,800 e vem sendo utilizado por mais de

500 empresas no Japão como garçom, vendedor e atendente

aos clientes, entre elas Nestlé, Mizuho Bank e Nissan.

Por US$ 599, o preço de um smartphone, a fabricante de

Taiwan Asus colocou no mercado o Zenbo, um robô que con-

segue falar, controlar a casa e prestar assistência quando so-

licitado.

No mesmo campo de batalha de lançar um robô doméstico

anabolizado por inteligência artificial estão a Apple, com o Siri;

a Amazon, com a Alexa; a Microsoft, com o Cortana; o Google

Assistant e o Facebook M.

A Boston Dynamics, empresa da Alphabet, holding do Google,

acaba de apresentar o SpotMini, um cachorro robô que obe-

dece comandos de voz e, entre outras habilidades, consegue

subir escadas e desviar de objetos em espaços apertados da

casa.

A lista de invenções a partir da integração de inteligência arti-

ficial, realidade virtual, big data, internet das coisas, robótica e

outras tecnologias é crescente.

Que tal uma luva que consegue transformar a linguagem dos

sinais em texto e voz? Ou um robô advogado que venceu cen-

tenas de milhares de apelações contra multas de trânsito? E o

que acha de um restaurante que usa robôs para montar

hambúrgueres, assim como já anunciou o McDonald’s de inau-

gurar lojas operadas por robôs com investimentos bem meno-

res comparados aos salários pagos nas franquias atendidas

por funcionários humanos?

Ou o que dizer de uma pizzaria startup no Vale do Silício com a

preparação das redondas totalmente robotizada? Seguindo a

mesma receita, Pizza Hut e Domino’s também estão apostan-

do na robótica para melhorar a produtividade e, claro, os

lucros. Na Ásia, a Pizza Hut se aliou com a Mastercard e o

Softbank para desenvolver uma versão do Pepper com a

função de um caixa-robô que usa inteligência artificial para

conversar com os clientes. Na Austrália, a Domino’s começou a

testar um sistema de entrega com um veículo autônomo ba-

tizado de Dru.

É. Se a robótica já está transformando algo tão rotineiro

quanto assar e entregar uma simples pizza ou fritar um ham-

burguer, talvez esteja na hora de você começar a planejar a

abertura da primeira franquia de fast food para estações es-

paciais. Com atendimento feito por androides, evidente.

Ou continua achando que nosso amigo Andrew não passa de

ficção?

Page 43: OMARSON COSTA

No filme o Homem Bicentenário, que estreou em 1999, o ator

Robin Williams interpreta o personagem Andrew, um simpáti-

co robô dotado de inteligência artificial que foi comprado por

uma família americana para realizar tarefas domésticas sim-

ples. Surpreendentemente, Andrew adquire aos poucos car-

acterísticas humanas, expressando emoções e adquirindo

uma personalidade própria. Seu sonho passa a ser, então, se

tornar o mais próximo possível de um ser humano.

Até pouco tempo, ainda no final do século XX, ter um an-

droide em casa só habitava mesmo nossa imaginação em

filmes de ficção científica. Com o avanço da inteligência artifi-

cial, este século ficará marcado pelo despertar da aclamada

quarta revolução industrial, embalada pelo desenvolvimento e

popularização da robótica em aplicações que os criadores de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Andrew jamais poderiam sonhar.

A robótica começou a invadir as fábricas inicialmente em

funções mecânicas nas linhas de produção. Com a Internet e o

aumento da capacidade de processamento de zetabytes de

dados, as machine learning passaram a assumir funções de-

cisórias antes restritas aos humanos.

A expectativa para os próximos anos é de que os robôs es-

tarão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. De acordo

com a pesquisa “Industrial Robotics Market”, o mercado de

robótica deverá crescer 11,92% e alcançar US$ 79,58 bilhões

até 2022.

O eclodir de uma sociedade robotizada vem trazendo muitos

questionamentos, o que é esperado na explosão de qualquer

tecnologia com inovação de alto impacto e que poderá nos

teletransportar rapidamente para o futuro.

Qual será o real impacto no mercado de trabalho? Chegará o

dia em que as máquinas serão mais inteligentes que o

homem? Como saberemos se as decisões tomadas por um

humanoide são as mais corretas? Os carros autônomos serão

totalmente seguros? Poderei confiar meus filhos para que

cuidem enquanto estou ocupado com outras tarefas?

E como fica nossa privacidade se em casa, na rua, no trabalho,

no carro e até mesmo nas roupas que vestimos, em qualquer

lugar estaremos sendo vigiados 24 horas por dia, 7 dias por

semana, por sistemas dotados de inteligência artificial que

irão capturar e enviar informações para as empresas antecipa-

rem nossos desejos de consumo e criarem ofertas customiza-

das irrecusáveis?

Sim, seu emprego pode estar com os dias contados.

De acordo com recente relatório divulgado pelo World Eco-

nomic Forum, intitulado “The Future of Jobs”, nos próximos

cinco anos a automação e a robótica irão eliminar mais de 5

milhões de empregos, atingindo principalmente posições em

funções administrativas e na indústria.

É inevitável. Grandes empresas de tecnologia já estão e

seguirão investindo em projetos de inteligência artificial. Assim

como a terceira revolução industrial introduziu processos au-

tomatizados que aumentaram a produtividade e substituíram

a mão de obra humana, o aumento da presença dos robôs em

diversas áreas, do mercado financeiro ao comércio, das nossas

casas ao supermercado da esquina, irá trazer transformações

na forma em que vivemos, trabalhamos e, claro, nas habili-

dades que os profissionais deverão desenvolver para manter a

competitividade.

A pergunta não é se a ficção de Andrew se tornará realidade,

mas com que velocidade.

E a julgar pelas últimas novidades recentemente apresentadas

pelas gigantes do setor de tecnologia e por companhias

japonesas na International Robot Exhibition, realizada em

Tóquio no final do ano passado, não é mais questão de

tempo.

A SoftBank Corp, inventora do robô Pepper, lançou um SDK

para que programadores possam contribuir no desenvolvi-

mento de novas tarefas para o humanoide, que já pode ser

comprado por US$ 1,800 e vem sendo utilizado por mais de

500 empresas no Japão como garçom, vendedor e atendente

aos clientes, entre elas Nestlé, Mizuho Bank e Nissan.

Por US$ 599, o preço de um smartphone, a fabricante de

Taiwan Asus colocou no mercado o Zenbo, um robô que con-

segue falar, controlar a casa e prestar assistência quando so-

licitado.

No mesmo campo de batalha de lançar um robô doméstico

anabolizado por inteligência artificial estão a Apple, com o Siri;

a Amazon, com a Alexa; a Microsoft, com o Cortana; o Google

Assistant e o Facebook M.

A Boston Dynamics, empresa da Alphabet, holding do Google,

acaba de apresentar o SpotMini, um cachorro robô que obe-

dece comandos de voz e, entre outras habilidades, consegue

subir escadas e desviar de objetos em espaços apertados da

casa.

A lista de invenções a partir da integração de inteligência arti-

ficial, realidade virtual, big data, internet das coisas, robótica e

outras tecnologias é crescente.

Que tal uma luva que consegue transformar a linguagem dos

sinais em texto e voz? Ou um robô advogado que venceu cen-

tenas de milhares de apelações contra multas de trânsito? E o

que acha de um restaurante que usa robôs para montar

hambúrgueres, assim como já anunciou o McDonald’s de inau-

gurar lojas operadas por robôs com investimentos bem meno-

res comparados aos salários pagos nas franquias atendidas

por funcionários humanos?

Ou o que dizer de uma pizzaria startup no Vale do Silício com a

preparação das redondas totalmente robotizada? Seguindo a

mesma receita, Pizza Hut e Domino’s também estão apostan-

do na robótica para melhorar a produtividade e, claro, os

lucros. Na Ásia, a Pizza Hut se aliou com a Mastercard e o

Softbank para desenvolver uma versão do Pepper com a

função de um caixa-robô que usa inteligência artificial para

conversar com os clientes. Na Austrália, a Domino’s começou a

testar um sistema de entrega com um veículo autônomo ba-

tizado de Dru.

É. Se a robótica já está transformando algo tão rotineiro

quanto assar e entregar uma simples pizza ou fritar um ham-

burguer, talvez esteja na hora de você começar a planejar a

abertura da primeira franquia de fast food para estações es-

paciais. Com atendimento feito por androides, evidente.

Ou continua achando que nosso amigo Andrew não passa de

ficção?

Page 44: OMARSON COSTA

No filme o Homem Bicentenário, que estreou em 1999, o ator

Robin Williams interpreta o personagem Andrew, um simpáti-

co robô dotado de inteligência artificial que foi comprado por

uma família americana para realizar tarefas domésticas sim-

ples. Surpreendentemente, Andrew adquire aos poucos car-

acterísticas humanas, expressando emoções e adquirindo

uma personalidade própria. Seu sonho passa a ser, então, se

tornar o mais próximo possível de um ser humano.

Até pouco tempo, ainda no final do século XX, ter um an-

droide em casa só habitava mesmo nossa imaginação em

filmes de ficção científica. Com o avanço da inteligência artifi-

cial, este século ficará marcado pelo despertar da aclamada

quarta revolução industrial, embalada pelo desenvolvimento e

popularização da robótica em aplicações que os criadores de

OMARSONCOSTAPROXXIMA SELECTIONS

Andrew jamais poderiam sonhar.

A robótica começou a invadir as fábricas inicialmente em

funções mecânicas nas linhas de produção. Com a Internet e o

aumento da capacidade de processamento de zetabytes de

dados, as machine learning passaram a assumir funções de-

cisórias antes restritas aos humanos.

A expectativa para os próximos anos é de que os robôs es-

tarão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. De acordo

com a pesquisa “Industrial Robotics Market”, o mercado de

robótica deverá crescer 11,92% e alcançar US$ 79,58 bilhões

até 2022.

O eclodir de uma sociedade robotizada vem trazendo muitos

questionamentos, o que é esperado na explosão de qualquer

tecnologia com inovação de alto impacto e que poderá nos

teletransportar rapidamente para o futuro.

Qual será o real impacto no mercado de trabalho? Chegará o

dia em que as máquinas serão mais inteligentes que o

homem? Como saberemos se as decisões tomadas por um

humanoide são as mais corretas? Os carros autônomos serão

totalmente seguros? Poderei confiar meus filhos para que

cuidem enquanto estou ocupado com outras tarefas?

E como fica nossa privacidade se em casa, na rua, no trabalho,

no carro e até mesmo nas roupas que vestimos, em qualquer

lugar estaremos sendo vigiados 24 horas por dia, 7 dias por

semana, por sistemas dotados de inteligência artificial que

irão capturar e enviar informações para as empresas antecipa-

rem nossos desejos de consumo e criarem ofertas customiza-

das irrecusáveis?

Sim, seu emprego pode estar com os dias contados.

De acordo com recente relatório divulgado pelo World Eco-

nomic Forum, intitulado “The Future of Jobs”, nos próximos

cinco anos a automação e a robótica irão eliminar mais de 5

milhões de empregos, atingindo principalmente posições em

funções administrativas e na indústria.

É inevitável. Grandes empresas de tecnologia já estão e

seguirão investindo em projetos de inteligência artificial. Assim

como a terceira revolução industrial introduziu processos au-

tomatizados que aumentaram a produtividade e substituíram

a mão de obra humana, o aumento da presença dos robôs em

diversas áreas, do mercado financeiro ao comércio, das nossas

casas ao supermercado da esquina, irá trazer transformações

na forma em que vivemos, trabalhamos e, claro, nas habili-

dades que os profissionais deverão desenvolver para manter a

competitividade.

A pergunta não é se a ficção de Andrew se tornará realidade,

mas com que velocidade.

E a julgar pelas últimas novidades recentemente apresentadas

pelas gigantes do setor de tecnologia e por companhias

japonesas na International Robot Exhibition, realizada em

Tóquio no final do ano passado, não é mais questão de

tempo.

A SoftBank Corp, inventora do robô Pepper, lançou um SDK

para que programadores possam contribuir no desenvolvi-

mento de novas tarefas para o humanoide, que já pode ser

comprado por US$ 1,800 e vem sendo utilizado por mais de

500 empresas no Japão como garçom, vendedor e atendente

aos clientes, entre elas Nestlé, Mizuho Bank e Nissan.

Por US$ 599, o preço de um smartphone, a fabricante de

Taiwan Asus colocou no mercado o Zenbo, um robô que con-

segue falar, controlar a casa e prestar assistência quando so-

licitado.

No mesmo campo de batalha de lançar um robô doméstico

anabolizado por inteligência artificial estão a Apple, com o Siri;

a Amazon, com a Alexa; a Microsoft, com o Cortana; o Google

Assistant e o Facebook M.

A Boston Dynamics, empresa da Alphabet, holding do Google,

acaba de apresentar o SpotMini, um cachorro robô que obe-

dece comandos de voz e, entre outras habilidades, consegue

subir escadas e desviar de objetos em espaços apertados da

casa.

A lista de invenções a partir da integração de inteligência arti-

ficial, realidade virtual, big data, internet das coisas, robótica e

outras tecnologias é crescente.

Que tal uma luva que consegue transformar a linguagem dos

sinais em texto e voz? Ou um robô advogado que venceu cen-

tenas de milhares de apelações contra multas de trânsito? E o

que acha de um restaurante que usa robôs para montar

hambúrgueres, assim como já anunciou o McDonald’s de inau-

gurar lojas operadas por robôs com investimentos bem meno-

res comparados aos salários pagos nas franquias atendidas

por funcionários humanos?

Ou o que dizer de uma pizzaria startup no Vale do Silício com a

preparação das redondas totalmente robotizada? Seguindo a

mesma receita, Pizza Hut e Domino’s também estão apostan-

do na robótica para melhorar a produtividade e, claro, os

lucros. Na Ásia, a Pizza Hut se aliou com a Mastercard e o

Softbank para desenvolver uma versão do Pepper com a

função de um caixa-robô que usa inteligência artificial para

conversar com os clientes. Na Austrália, a Domino’s começou a

testar um sistema de entrega com um veículo autônomo ba-

tizado de Dru.

É. Se a robótica já está transformando algo tão rotineiro

quanto assar e entregar uma simples pizza ou fritar um ham-

burguer, talvez esteja na hora de você começar a planejar a

abertura da primeira franquia de fast food para estações es-

paciais. Com atendimento feito por androides, evidente.

Ou continua achando que nosso amigo Andrew não passa de

ficção?