Olimpíadas da Escrita

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Olimpíadas da Escrita 2011/2012 Trabalhos de alunos premiados na final do concurso Iniciativa inscrita no projecto «Escola da Minha Vida», promovida pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim

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Conjunto de trabalhos premiados no concurso Olimpíadas da Escrita, promovida pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, no projeto Escola da Minha Vida

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Olimpíadas da Escrita

2011/2012

Trabalhos de alunos premiados na final

do concurso

Iniciativa inscrita no projecto «Escola da Minha Vida», promovida

pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim

O significado da poesia

Mas, afinal, para que serve a poesia? A poesia serve para unir pessoas, mesmo sem se

conhecerem. A poesia é uma forma de linguagem que serve para comunicar entre pessoas. A

poesia salva pessoas, ajuda-as a entender algumas coisas importantes da vida.

A poesia é como o mar: vai e volta, sopra canções que só poucos percebem, é pura, toda a

gente gosta dela, é calma mas também pode ser melancólica e é de todos.

Há quem considere a poesia uma pessoa. Para essas pessoas a poesia é algo que se tem de

conhecer desde cedo. Para essas pessoas ela é a pessoa mais sábia do mundo.

Para além de tudo a poesia conta histórias. E há uma história que eu gostava de contar.

Há muito tempo, havia uma rapariga que adorava ler. Já tinha lido centenas de livros. Já tinha

lido desde livros de contos de fadas até livros de aventuras. Só não tinha lido uma categoria

de livros: os livros de poesia.

Depois de ter lido todos os seus livros e mais alguns, teve o desejo de ler poesia.

Mas, em todas as bibliotecas que ia, só havia livros de prosa. Quando alguém via essa menina

à procura do desejado tipo de livros, perguntava se estava à procura de alguma coisa e esta

respondia:

-Não estou à procura de alguma coisa. Estou à procura de alguém.

E saía, pensativa, procurando em outras colunas.

As pessoas pensavam que esta menina estava com problemas. Desde quando é que se procura

alguém numa biblioteca, mais especificamente no meio de prateleiras e armários?

Procurou dias, semanas, meses. Até que, passado um ano, encontrou um placar que dizia:

“Venha assistir à inauguração de uma nova biblioteca. O nosso convidado é o famoso

poeta…Você está convidado!”

Não foi preciso procurar mais. A nossa heroína finalmente iria poder ler poesia e, como há

quase sempre uma surpresa atrás da outra, iria poder falar com um poeta ao vivo!

No tão esperado dia, ela encontrou a pessoa que era para si a poesia. Falou com o poeta e foi a

primeira vez que leu um livro de poesia. No fim do livro, o poeta escreveu uma dedicatória: “

Para mim, a poesia não é uma coisa, é uma pessoa, alguém mais velho que temos de

respeitar.” E era exatamente isso que a nossa heroína sentia. Quando acabou de ler a frase, já

tinha uma ideia. Com a ajuda de alguns poetas e poetisas, iria construir uma biblioteca muito

especial: uma biblioteca de poesia.

Passados catorze meses, a nova Biblioteca de Poesia estava construída. No dia da

inauguração, toda a gente da cidade visitou aquele edifício. Na entrada principal um grande

cartaz atraía a atenção dos visitantes. Com letras desenhadas ao pormenor dizia o seguinte:

todos os meses, será convidado um poeta para falar dos seus livros às crianças e no dia

internacional da poesia, será realizado um festival, onde toda a gente apostará nos seus

conhecimentos sobre poesia.

Passados alguns anos, esta rapariga teve filhos. Conta-se que estes tornaram-se grandes

poetas.

Esta rapariga chamava-se Anabela Freitas e, quando chegou a sua hora, aos 96 anos, morreu.

Apesar da sua morte, a Biblioteca de Poesia continua intacta e com os mesmos costumes.

Como podeis ver neste texto, a poesia deve ser respeitada e tratada como uma pessoa mais

velha a quem devemos todo o nosso carinho.

A poesia é isso mesmo, respeito, para que toda a gente a possa apreciar e ler.

Ana Craveiro, 1º lugar, escalão A (prosa)

Uma história linda

Um dia a Sara, uma menina de 6 ano que tinha o cabelo loiro, muito encaracolado,

olhos cor de avelã e a sua pele muito clarinha, não conseguia concentrar-se em nada. Brincava

com as suas bonecas mas nem sequer conseguia inventar uma história para poder fazer as suas

brincadeiras. Tentava fazer um desenho mas não conseguia encontrar as cores certas para o

colorir. Só desejava poder ir para o jardim correr e saltar como tanto gostava, mas estava a

chover e ela ficava triste com isso.

A sua mãe ao vê-la assim decidiu ter uma conversa com ela. Perguntou-lhe porque é

que ela estava triste e o que podia fazer para a animar.

A Sara não lhe respondia e estava cada vez mais desanimada. Então a mãe teve uma

ideia: foi buscar um livro e começou a ler a história da Branca de Neve, a história favorita da

filha.

- Pára de contar essa história e não contes história nenhuma, eu odeio-as! – resmungou

a Sara com uma voz rabugenta e que não era nada habitual.

- Sara! - ralhou a mãe muito triste e desiludida com a sua filha – tu não costumas ser

assim, quando estás triste as histórias que te conto animam-te.

- Ler é muito chato!

- Se achas isso, espera um pouco que vou mudar a tua opinião. Começou a contar: “

Um dia a minha avó contou-me uma história que se tinha passado com o seu pai. O meu

bisavô trabalhava numa gasolineira, no centro do Porto. Uma noite em que foi trabalhar às

03:00 da manhã o inesperado aconteceu. Quando chegou ao seu posto recebeu a má notícia de

que um dos navios da gasolineira andava à deriva no mar, pois o leme tinha partido e dentro

de uma hora o navio ia bater num iceberg. Ele entrou logo em pânico, correu para uma câmara

e começou a falar com o comandante do navio que estava ainda mais preocupado que o meu

bisavô. Perguntou-lhe como ele estava e se havia muita gente no navio.

O comandante nem lhe conseguia responder, só lhe disse que tinha como companhia

um livro que ele adorava.

Então o meu bisavô teve uma ideia: foi ao seu casaco e tirou um pequenino livro que

contava a vida de um grande escritor português, todo escrito em poesia e começou a ler.

O comandante começou a ficar mais calmo e a ouvir a poesia como quem ouve uma

história muito emocionante.

Quando o meu bisavô acabou de ler recebeu a ótima notícia de que os passageiros

estavam a ser resgatados por um helicóptero.

Uns dias depois descobriu que todos tinham ficado sãos e salvos.

Desde aí começou a ler um livro todas as noites antes de ir dormir em honra daquele

dia em que, graças aos livros, todos ficaram bem”.

- Então, o meu trisavô salvou todas aquelas pessoas?

- Não minha querida, a poesia é que as salvou.

A partir desse dia a Sara aprendeu que os livros são muito importantes, não são só um

bocado de papel onde estão escritas minúsculas letrinhas que formam uma história, mas são

também uma forma de expressão dos que os escrevem e muitas vezes contam acontecimentos

maravilhosos.

A Sara também aprendeu que ajudar os outros é muito bom e de vez em quando

sentimo-nos realizados por ajudar quem mais precisa.

Agora, todas as noites, tal como o seu trisavô, a Sara lê antes de adormecer e aprende

coisas maravilhosas que nunca antes tinha imaginado.

Ler passou a ser a sua atividade preferida.

Ana Sousa, 2º lugar, escalão A (prosa)

A Carta

Numa linda manhã, Joana, vasculhava o sótão. Não sabia o que procurava e, muito menos,

porque o fazia. Apenas sentia que havia algo por descobrir naquele velho sótão esquecido.

Por entre livros com mais de dois séculos espalhados pelo chão, brinquedos antigos

abandonados «ao calhas» pelos cantos e roupas que quase se desfaziam só com o olhar, Joana

descobriu uma velha carta. O seu coração curioso inquietou-se. Joana queria mesmo abri-la...

e se depressa o quis, mais depressa o fez.

Abriu-a com cuidado para não a danificar e leu:

«Para a Joana, do seu Avô.

Hoje, dia 19 de janeiro de 1990, nasceu uma bela flor. Flor essa que eu nunca vou conseguir

contemplar.

Escrevo esta pequena carta, pois acredito que tu, minha neta, serás tão ou mais curiosa que eu,

um velho que já nem pode caminhar entre os homens…

Compreendo que assim sejas… Afinal, viver numa casa tão grande e não lhe conhecer os

segredos é realmente «uma maçada».

Neste momento, deves estar um pouco confusa, afinal nunca me conheceste! Na realidade,

uns meses antes de tu teres nascido…

No leito da minha morte (23 de Novembro de 1989), implorei apenas um último desejo:

Como sabia que a tua mãe estava grávida, pedi para te conhecer e para poder falar contigo…

O Rei do mundo em que estou concedeu-me esse desejo, mas não foi exatamente da forma

que eu queria… O meu anseio era poder falar contigo e tocar-te. Abraçar-te, até não poder

mais! Porém, tenho de admitir que escrever-te não foi de todo uma má ideia…

Queres falar com o teu avô? Queres ouvir (ou melhor, ler) tudo o que este velho te tem para

ensinar?

Então, abre o livro em que eu deixei esta carta (o azul)!

«Beijinhos do Velho que sempre vai cuidar de ti…»

Joana sentiu um arrepio a varrer-lhe a espinha…

-Abro ou não abro? Claro que vou abrir. Quero perceber bem esta história!

Pegou no velho livro do avô. Soprou-lhe o pó e reparou que na sua capa estava escrita uma

frase, com letras mais brilhantes que o ouro: “Para a Joana, a neta que eu nunca conheci!”

-Isto está a ficar giro, mas, ao mesmo tempo, assusta-me!

Abriu o livro e para seu espanto, logo na primeira página leu:

«Volto a afirmar: os segredos não te assustam, apenas fazem com que a tua curiosidade

aumente!

És uma rapariga encantadora…Tenho pena de não ter tido tempo para te pegar ao colo, para te

adormecer, para te acarinhar, para te contar uma ou duas historinhas… Mas, enfim, tive de

partir para «o outro lado do mundo».

Não fiques triste. Olho por ti todos os dias…»

Dos olhos de Joana apareceram duas lágrimas cristalinas, que caíram sobre o livro. Como por

magia surgiram mais algumas palavras:

«Porque choras?

Não te quero ver triste!

Ah! Esqueci-me… Ainda não te disse como podes comunicar comigo. Pega naquela caneta de

plumas da tua avó e escreve aqui. Não te preocupes, não precisa de tinta!»

E, então, Joana rabiscou:

«Como consegues falar comigo?»

A resposta apareceu:

«Quando era novo comprei dois livros iguais, um para mim e outro para a tua avó. Os nossos

pais estavam contra o nosso namoro, e esta era a única forma de comunicar que tínhamos,

escrevendo.»

De novo, Joana disse:

«Mas ainda não percebi. O que é que esses livros têm a ver com isto?»

«São os chamados Livros de Fogo. O que se escrever num livro, pode ser lido no outro.»

«Então, tu tens um livro contigo?»

«Sim. Voltei à Terra para deixar a carta que leste e para trazer o segundo livro de fogo.»

«Isto é tão confuso!»

«Compreendo! Com o tempo habituas-te.»

«Espero bem que sim. Mas, afinal, como é que estes livros funcionam?»

«Funcionam como um só, através de algo superior a qualquer ser. Não pode haver um sem o

outro. Essa força superior chama-se o Poder das Palavras! As pessoas só podem comunicar

graças a essa força mística.»

«É como magia! Tudo parece um sonho!»

Por momentos, Joana e o seu avô pararam no tempo. Pararam perdidos em histórias, perdidos

em «sorrisos e traquinices». Até falaram da vizinha!…

Cerca de uma hora depois, a conversa teve de chegar ao fim…

«Por hoje, não posso falar mais. Já gastei o pouco tempo que tinha para falar contigo… Tenho

de ir… Mas promete, não contes a ninguém nada do que aconteceu entre nós!»

«Prometo, avô! Desde que jures que amanhã voltas para falar comigo…

Tenho tanto para te contar…»

«E eu tanto para ouvir…

«Está prometido. Amanhã, à mesma hora!»

«Até amanhã! Um beijo doce, da tua neta querida!»

Desde esse dia, todas as manhãs, Joana corria para o sótão para ouvir as histórias do seu

querido avô. Diria, mesmo, que fez daquele velho livro o seu diário.

À noite observava as estrelas e, seguidamente, adormecia a escutar o seu avô.

Para ela, o dia era a alegria de o poder «escutar», e a noite era a esperança de o poder ver

sorrir…

Mariana Figueiredo, menção honrosa, escalão B

A Magia da Poesia

Um piloto de um avião

adorava poesia.

Para ele, a leitura,

era o melhor que havia.

Mesmo, ao estar em perigo

ou até a morrer,

não interessava o que acontecia,

só a queria ler.

Também falava com o seu colega

e ouvia o que ele tinha a dizer.

Sabia do perigo

e do que poderia acontecer!

Com outro tipo de poesia,

o colega o tentava acalmar.

Tanto o piloto gostava,

que o mandava continuar…

Ao lado do piloto

ia o seu amigo,

um livro de poesia,

que nunca tinha lido.

Para além da falta de combustível,

agora, também, o motor avariou…

Com tanta chuva e tanto vento,

nunca ninguém escapou.

Ainda tinha duas horas.

Podia fazer o que queria…

Sem mais demoras,

começou a ler poesia.

Começou, então, a ler poesia

para o colega que o acompanhava.

Por muitos apaixonados que houvesse,

como eles, ninguém gostava.

Leram, leram, leram,

tempos a fio…

Com tanto divertimento,

não sentiam a chuva e o frio.

Já quase sem combustível,

mesmo a acabar,

faltava muito pouco…

O avião ia-se despenhar!

O avião aterrou no mar.

Tinha morrido!

Foi na cabeça,

estava ferido…

Assim foi a história,

que eu acabei de contar.

Espero que tenham gostado!

Agora sobre, a história, vamos comentar.

Paulo Castro, 2º lugar, Escalão B

Agrupamento Vertical de Escolas de Rates