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    UNIO BRASILEIRA DE EDUCAO E PARTICIPAO UNIBRAPAR

    FACULDADES UNISABER AD1

    CURSO DE PEDAGOGIA

    KELLY NVEA MENDES DOS SANTOS

    BULLYING AGRESSIVIDADE SILENCIOSA NA SALA DE AULA DO ENSINO

    FUNDAMENTAL

    Braslia DF

    2013

  • 1

    KELLY NVEA MENDES DOS SANTOS

    BULLYING AGRESSIVIDADE SILENCIOSA NA SALA DE AULA DO ENSINO

    FUNDAMENTAL

    Monografia apresentada ao Departamento de Pedagogia das Faculdades UNISABER/AD1 - como requisito final para obteno do grau de licenciado em Pedagogia. Orientador: Professor Mestre. Michael Hudson Rodrigues Guimares Sousa. Graduado em Pedagogia e Letras, especializado em Psicopedagogia e com Mestrado em Cincias da Educao pela UNICID/SP

    Braslia DF

    2013

  • 2

    KELLY NVEA MENDES DOS SANTOS

    BULLYING AGRESSIVIDADE SILENCIOSA NA SALA DE AULA DO ENSINO

    FUNDAMENTAL Monografia apresentada ao Departamento de Pedagogia das Faculdades UNISABER/AD1 - como requisito final para obteno do grau de licenciado em Pedagogia.

    Aprovado em: ______/_____/_____

    Nota: __________

    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________________________

    Professor Mestre. Michael Hudson Rodrigues Guimares Sousa.

    Graduado em Pedagogia e Letras, especializado em Psicopedagogia e com

    Mestrado em Educao pela UNICID/SP.

    Orientador

    ___________________________________________

    1 Examinador

    ____________________________________________

    2 Examinador

  • 3

    Dedico este trabalho aos desgnios do Senhor

    Deus que me deu foras para eu vencer a

    primeira batalha e continuar a jornada.

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    A Deus;

    A minha famlia, em especial meus pais;

    Aos meus amigos e a todos os professores que colaboraram comigo.

  • 5

    Palavras amveis no custam nada e

    conseguem muito. (Blaise Pascal)

  • 6

    RESUMO

    Este trabalho refere-se ao desenvolvimento da violncia dentro das escolas em forma

    de bullying e principalmente o bullying homofbico. Sendo o mesmo um problema

    mundial, encontrado em qualquer escola, no se restringindo a um tipo especfico de

    instituio. As atitudes de bullying trazem consequncias negativas para os autores,

    vtimas e testemunhas, afetando sua formao psicolgica, emocional e scio

    educacional. O bullying ocorre em todas as dependncias das escolas, como dentro

    das salas de aulas, no ptio, nos banheiros, corredores e no Brasil com maior

    frequncia na sala de aula. A famlia e a escola tm o papel fundamental em prevenir

    o bullying. Ambas devem agir com atitudes pontuadas no amor, no dilogo, na justia

    e na solidariedade. No Brasil, j foi registrados algumas tragdias em escolas, tendo

    o bullying como causa principal, por esse motivo, vem sendo desenvolvidos projetos

    de organizaes no governamentais anti-bullying em vrias instituies escolares.

    Palavras-chave: Bullying, agressor, vtima, escola, famlia.

  • 7

    ABSTRACT

    This work concerns the development of violence in schools in the form of bullying and

    homophobic bullying mainly. Being even a global problem, found at any school, not

    restricted to a specific type of institution. The attitudes of bullying bring negative

    consequences for the perpetrators, victims and witnesses, affecting his training

    psychological, emotional and social education. Bullying occurs in all dependencies of

    schools, such as inside the classroom, on the patio, bathrooms, hallways and Brazil

    more often in the classroom. The family and school play a crucial role in preventing

    bullying. Both must act with attitudes scored in love, dialogue, justice and solidarity. In

    Brazil, it was recorded some tragedies in schools, and bullying as the main cause for

    this reason, has been developed projects of non-governmental anti-bullying in various

    schools.

    Keywords: Bullying, offender, victim, school, family.

  • 8

    SUMRIO

    1 INTRODUO ......................................................................................................... 9

    2 GNERO, CORPO E SEXUALIDADE NA ESCOLA ............................................. 12

    2.1 Bullying na Educao em todas as disciplinas .................................................... 13

    2.2 Preconceito racial e discriminao ...................................................................... 15

    3 SEXUALIDADE E ORIENTAO SEXUAL .......................................................... 20

    3.1 Homofobia: gnero e diversidade sexual na escola ............................................ 25

    3.2 Diversidade de Gneros ...................................................................................... 25

    3.3 Escola como espao de conscientizao ............................................................ 29

    4 A HETERONORMATIVIDADE ............................................................................... 31

    4.1 A manifestao da homofobia no ambiente escolar ............................................ 34

    4.2 Resultado deste trabalho de pesquisa ................................................................ 37

    5 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 39

    REFERNCIAS ...................................................................................................... 40

  • 9

    1 INTRODUO

    Este trabalho tem por objetivo abordar questes da homofobia, que

    praticado dentro do ambiente escolar, caracteriza-se como Bullying, uma agresso

    silenciosa que vem maltratando crianas e adolescentes dentro das escolas

    brasileiras, que num processo histrico no muito distante, sempre presenciou os

    diversos apelidos atribudos aos alunos e diversas ocorrncias de agresses desse

    nvel, pois conforme Oliveira e Dante (2006) dizem que:

    Ao se depararem com situaes de desrespeito e violncia, os docentes devem auxiliar os discentes de forma inclusiva, mostrando-lhes que agir de forma agressiva e desrespeitosa inadequado. O docente deve ficar atento com os discentes agressivos e zombadores, pois o que por muitos visto como uma brincadeira da idade pode trazer sofrimento e constrangimento para colegas mais tmidos e introvertidos (p.65).

    Neste caso a pesquisa desencadeou no sentido de se poder traar o perfil

    de cada aluno envolvido, foi assim que se pode notar que muitos desses

    apresentavam um perfil de introvertido, eram alunos quietos e calados, no

    respondiam a nenhuma atitude agressiva dos demais.

    Segundo Fante (2005):

    Discentes com perfil introvertido tendem a no tomar nenhuma atitude, acatando tais aes, contribuindo para acarretar problemas na fase adulta, tais como: prejuzo na constituio familiar, problemas nas relaes de socializao no trabalho, comprometimento da sade fsica e mental, alm de problemas de rendimento escolar, emocional, social e psquico da criana e do adolescente (p.36).

    Portanto o contexto percebido no momento de observao desta pesquisa

    foi notadamente preciso para se tirar algumas concluses sobre os perfis dos

    agressores e tambm se pode notar a forma como os professores agem, para poder

    promover um espao escolar onde todos possam se respeitar.

    Neste contexto papel do docente agir de forma mediadora, mostrando aos discentes que todos/as devem ser respeitados, tomando atitudes que faam com que os colegas reflitam de maneira a no agir de forma discriminatria, conscientizando o/a agressor/a, promovendo um ambiente escolar sadio e seguro (NETO, 2005, p.23).

    Contudo o que se pode afirmar por meio dessa pesquisa que todo o tipo

    de apelido que atribudo ao aluno, provoca as diversas inibies do mesmo em

    relao ao aprendizado, portanto a nossa pesquisa procurou levantar a questo da

    homofobia como bullying, frequentemente praticado em sala de aula, entre os jovens

    que muitas vezes no so conhecedores da diversidade sexual em nosso pas, o que

    vem causar entre o grupo as atitudes homofbicas, gerando assim o Bullying

    homofbico, no espao escolar.

  • 10

    Louro, (1997), explica neste contexto sobre a identidade de gnero (IG),

    que por vezes, um fator desencadeador de prticas discriminatrias. Na sociedade,

    a identidade de gnero (IG) pode ser vista como padro ou regra estabelecida

    relacionada ao comportamento, s aes, aos modos de se relacionar, vestir e falar

    que definem o indivduo como um cidado. Muitos discentes, nas escolas por terem

    uma IG diferente da maioria, so rotulados com apelidos preconceituosos por

    colegas.

    Dessa forma este estudo procurou tambm informar ao leitor, que a

    generalizao do termo homofobia, um termo masculinizante que passou tambm a

    se referir as outras formas de discriminao contra a diversidade sexual de mulheres

    lsbicas, mulheres e homens bissexuais, travestis e transexuais, interessante, pois

    revela mais uma das limitaes de nossa linguagem e dos preconceitos implcitos

    nela.

    Como assim ressalta Dinis (2008), que a linguagem tambm um fator de

    excluso e de expresso de preconceitos, principalmente nas lnguas latinas, nas

    quais a conformidade com as regras tradicionais e pretensamente neutras da

    linguagem nos obriga a utilizar termos masculinos como signos genricos referentes

    a mulheres e homens.

    Outro fator que contribui para o surgimento de prticas discriminatrias so

    as diferenas de habilidades entre meninos e meninas, que culminam com conflitos

    de gnero na escola (LOUZADA; DEVIDE, 2006). Nas escolas, h diversos casos que

    exemplificam atitudes de preconceito e discriminao, fazendo uso de metforas

    discriminatrias sobre os discentes. Por exemplo, um aluno que tenha pouca

    habilidade motora para jogos com bola (futebol) tende a ser vtima de apelidos

    representados por metforas discriminatrias, tais como viadinho e menina. Da

    mesma forma, a aluna que se destaca em atividades com bola pela habilidade motora

    tende a ser rotulada como menino (SILVA; DEVIDE, 2009).

    Goellner (2005) busca fazer uma diferenciao entre os termos, identidade

    sexual (IS) e identidade de gnero (IG). Explicando que a (IS) da pessoa est

    sempre relacionada como cada individuo vive sua sexualidade, seus desejos e

    prazeres corporais. Neste sentido ao se referir a uma menina que possua uma boa

    habilidade motora para jogos com bola no faz com que sua (IS) seja homossexual,

    pois apenas possui caractersticas culturais e sociais resultantes do seu convvio com

    tais esportes, desenvolvendo o gosto por esportes com bola. Portanto a (IG) que se

  • 11

    refere ao comportamento sexual e este raciocnio cabvel tanto menina quanto ao

    menino.

    Tais exemplos de agresses so caracterizados como um fenmeno

    denominado bullying, definido como qualquer comportamento repetitivo que tenha a

    inteno de causar danos fsicos ou psicolgicos em outro organismo ou objeto,

    neste norte que seguiu esta pesquisa buscando analisar sobre este fenmeno dentro

    das escolas brasileiras.

  • 12

    2 GNERO, CORPO E SEXUALIDADE NA ESCOLA

    A partir da dcada de 1970, aps a segunda onda de feminismo, a

    expresso gnero passou a permitir uma ampliao de referncias e anlises

    tericas, contemplando vrias possibilidades de reflexo sobre as desigualdades

    entre homens e mulheres (GOELLNER, 2005). Na EF brasileira, os estudos sobre

    questes de gnero sofreram influncias norte-americana e francesa e se

    desenvolveram a partir da dcada de 1980 (GOELLNER, 2001; LUZ JNIOR, 2003).

    Embora o sexo parea imutvel em termos biolgicos, o gnero culturalmente

    construdo; no resultado casual do sexo nem to pouco aparentemente fixo como

    o mesmo. Sendo assim, no se pode afirmar que a construo da identidade

    masculina e feminina aplique-se, respectivamente, a corpos de homens e

    mulheres.

    Butler (2003) reflete sobre o determinismo no significado do gnero, ao pensar

    os corpos como sendo inscritos anatomicamente de forma distinta como recipientes

    passivos de uma lei cultural inexorvel. Nessa perspectiva, o gnero tornar-se-ia to

    fixo e determinado quanto o sexo pela biologia.

    Louro (1997) diz ser necessrio demonstrar que no so propriamente as

    caractersticas sexuais, mas a forma como estas caractersticas so representadas,

    que constitui o que se considera feminino e masculino. Assim, a distino biolgica

    (ou sexual), tem servido para compreender e justificar as desigualdades sociais entre

    homens e mulheres na sociedade.

    No contexto escolar, mais precisamente nas aulas de EF, podemos identificar

    a presena de prticas corporais construindo masculinidades e feminilidades de forma

    mais implcita e evidente (LOURO, 1997). O corpo usado como instrumento ou um

    meio de um conjunto de significados culturais, para constituir o domnio do sujeito com

    marcas de gnero (BUTLER, 2003).

    Sendo assim, preciso refletir as caractersticas fsicas e comportamentais dos

    corpos que se movimentam nos corredores da escola, suas diferenciaes da

    normatividade, e suas relaes com as identidades de gnero e sexual, uma vez que

    as prticas de bullying homofbico decorrem, por vez, da intolerncia dos discentes

    em relao aos colegas considerados diferentes e desviantes da norma social

    heterossexista (LOURO, 1997).

  • 13

    A escola tem promovido reflexes sobre os mecanismos de incluso e excluso

    atravessados pelas questes de gnero (LOUZADA, DEVIDE, 2006). Para se colocar

    em prtica as vivncias e suprir os problemas referentes essas questes,

    necessrio que os docentes estejam esclarecidos, pois tm um papel fundamental

    nesta construo (SARAIVA, 2002).

    O docente precisa de ferramentas tericas para interpretar gnero e

    sexualidade como conceitos construdos e no naturalmente dados (MEYER,

    SOARES, 2004), percebendo as desigualdades de gnero e reconhecendo a

    pluralidade entre as fronteiras entre o masculino e o feminino, transgredindo a norma

    socialmente imposta pelo heterossexismo (BUTLER, 2003; LOURO, 2004).

    Com o argumento de desconstruir os esteretipos sexuais e promover o ensino

    dos contedos para ambos os sexos de forma igualitria (LOUZADA; DEVIDE, 2006),

    aulas mistas e coeducativas so apresentadas como alternativas para minimizar o

    desinteresse dos discentes pelas atividades e o bullying homofbico na escola.

    A participao de meninos e meninas nas aulas em determinadas atividades

    generificadas, como o esporte, tende a diminuir os conflitos de gnero entre os sexos

    se forem combinadas com discusses construdas de forma dialgica entre as figuras

    do docente e dos discentes. Isso proporciona a problematizao sobre a construo

    cultural das diferenas de gnero (LOUZADA; DEVIDE, 2006).

    Neste sentido, as aulas coeducativas, com os alunos e alunas participando das

    atividades, buscam problematizar as questes de gnero inerentes s atividades

    oferecidas na escola, contribuindo para que os alunos/as reflitam e compreendam o

    outro de maneira respeitosa, buscando a unio e a minimizao de prticas

    discriminatrias.

    Cabe ao docente saber lidar com questes padronizadas impostas pela

    sociedade, que incluem esteretipos e preconceitos relacionados a quem deve ou

    pode participar de quais prticas corporais. Tais questes devem ser problematizadas

    junto aos discentes para que a abordagem co-educativa no encontre resistncias por

    parte do grupo de discentes (SARAIVA 2002).

    2.1 Bullying na Educao em todas as disciplinas

    As pesquisas sobre bullying ainda so recentes, ganhando destaque a partir de

    1990 (LOPES NETO, 2005). O fenmeno bullying, ainda pouco estudado no Brasil

  • 14

    e na EF a produo acadmica sobre o assunto ainda escassa (OLIVEIRA, VOTRE,

    2006). Segundo Lopes Neto (2005, p. 165):

    o bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas

    que ocorrem sem motivao evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra

    outros (as) causando dor e angstia, sendo executadas dentro de uma relao

    desigual de poder.

    O bullying pode ser classificado como direto e indireto. O bullying direto, mais

    utilizado entre os meninos, representado por apelidos, agresses fsicas, roubos,

    ameaas e gestos que geram mal-estar aos alvos; enquanto o bullying indireto, mais

    comum sendo praticado contra as meninas, representado por casos de isolamento,

    indiferena, difamao e negao aos desejos (LOPES NETO, 2005; SILVA, 2010).

    Outra forma de bullying que vem se manifestando nas escolas o cyber-

    bullying. Esse formato representado por mensagens de celular, Pager, sites de

    relacionamentos e blogs, onde so usadas tecnologias da informao e comunicao

    para o uso de comportamentos repetitivos e hostis.

    Geralmente as vtimas de bullying so alunos inseguros, desesperanados, que

    possuem baixa autoestima e um comportamento estereotipado, interpretado como

    diferente da maioria. De forma geral, as alunas se enquadram mais do que os alunos

    nessas caractersticas (LOPES NETO, 2005). Entretanto, segundo estudos de e

    Lopes Neto (2005), em sua maioria so meninos que tm algum tipo de problema

    familiar ou emocional os que agem de maneira discriminatria com os colegas.

    Nas aulas dos professores no geral, se observam muitos apelidos de carter

    discriminatrio, quando alunos/as so vitimas de preconceito de gnero e passam a

    sofrer com piadas maliciosas. Essas vtimas de bullying sofrem com problemas

    emocionais e de socializao. Neste contexto, caractersticas relacionadas s

    habilidades motoras so questionadas por colegas de forma errada. Da os colegas

    chamarem uma menina que joga futebol de sapato e um menino que tem pouca

    habilidade para jogos coletivos de viadinho.

    O bullying homofbico ocorre geralmente contra alunos/as que cruzam

    fronteiras de gnero, ou seja, que atravs de suas caractersticas comportamentais

    so rotulados por no atenderem ao padro imposto como norma social, sendo

    confundidos e julgados de forma incorreta sobre sua IS. Cabe ao educador traar

    alternativas para que no ocorra este tipo de atitude por parte dos discentes, pois a

    prtica do bullying deixa marcas nas vtimas para o resto de suas vidas.

  • 15

    2.2 Preconceito racial e discriminao

    Ao compreender que as diferenas so construes culturais erigidas

    historicamente nos relacionamentos dos indivduos entre si e dos grupos sociais, que,

    ao serem construdas, vo estabelecendo os regulamentos que regem essas

    relaes, propomos pensar e dirigir nosso olhar sobre como e em que espao ou no

    espao se d a discusso sobre as relaes raciais nas escolas brasileiras. Conforme

    afirma Gomes:

    Cabe ao educador e educadora compreender como os diferentes povos, ao longo da histria, classificaram a si mesmos e aos outros, como certas classificaes foram hierarquizadas no contexto do racismo e como este fenmeno interfere na construo da autoestima e impede a construo de uma escola democrtica. (GOMES, 2003, p. 77).

    Assim, conhecer como as relaes raciais so discutidas na escola significa

    conhecer o trabalho que ela desenvolve com o objetivo de construir a educao para

    uma sociedade mais democrtica, sem preconceitos, racismos e mscaras. Para isso

    possvel aproveitar-se:

    [...] das situaes flagrantes de discriminao no espao escolar e na sala de aula como momento pedaggico privilegiado para se discutir a diversidade e conscientizar seus alunos sobre a importncia e a riqueza que ela traz nossa cultura e nossa identidade nacional. (MUNANGA, 2005, p. 15).

    A escola, da forma como se encontra organizada, reflexo do modelo de

    organizao social, est permeada por uma complexa relao entre os sujeitos e

    grupos tnicos e sociais que lhe do forma e visibilidade. Se a escola reflete o modelo

    de sociedade em que se encontra inserida, reflete tambm as mltiplas prticas

    sociais, culturais e econmicas que determinam as relaes sociais e as

    desigualdades a que os grupos denominados diferentes esto submetidos,

    considerando os conflitos, os silncios, as contradies sociais dos sujeitos que tecem

    as teias de relacionamentos presentes no seu cotidiano.

    No queremos aqui pontuar a escola como responsvel pela soluo de

    todas as discriminaes sexuais, homofbicas e religiosas. Portanto a escola na

    verdade um espao de multiplicao das diferenas. Neste sentido o professor deve

    desenvolver projetos no sentido de atenuar as discriminaes, e principalmente o

    bullying, o que se precisa na atualidade conscientizar a comunidade escolar de que

    todas as discriminaes so perversas e provoca desigualdades sociais entre alunos

    e comunidade no entorno escolar. (PASSOS, 2002, p. 21).

  • 16

    Percebemos que, embora a escola tendo sido pensada para atender a um

    determinado grupo, ela no atenta para o contexto cultural dos seus alunos ao

    preparar seus currculos, continuando contedista, enfocando contedos e realidades

    distantes do mundo real dos alunos, esquecendo-se segundo Passos (2002, p. 23)

    que toda criana e adolescente traz para o cotidiano escolar a sua totalidade de ser.

    Isso torna evidente que a criana na escola no apenas mais uma criana, um ser

    que traz toda a complexidade de sua existncia no mundo, um ser que est

    construindo sua identidade, estabelecendo seus valores e conceitos, ou seja,

    aprendendo a se ver no mundo e a ver o mundo, muitas vezes, atravs da lente da

    escola.

    A educao entendida como um processo social no qual os cidados tm

    acesso aos conhecimentos produzidos e deles se apropriam de forma a se

    prepararem para o exerccio de sua cidadania. Representa um ato poltico que pode

    levar construo de um indivduo participante, como construo de indivduos

    conformados realidade apresentada. (CAVALLEIRO, 2006, p. 21).

    Portanto, a educao constitui um dos espaos privilegiados, junto com a

    famlia, para a discusso da temtica racial no sentido de desconstruir a

    hierarquizao cultural, a naturalizao do racismo e da discriminao, a inculcao

    de valores que se mostraram perniciosos para as relaes humanas.

    Assim, o papel da escola na construo e fortalecimento da identidade das

    crianas assume propores cada vez maiores, uma vez que as crianas comeam a

    ouvir representaes que inferiorizam o outro na mais tenra idade. Conforme

    pontuamos, a escola no pode ser responsabilizada sozinha pela soluo de todos os

    problemas, mas, como um espao de construo de significados, um espao, sim,

    privilegiado para a discusso e ressignificao desses significados, pois, como vimos,

    a escola reflete a organizao social e deve contribuir para que seu reflexo na

    organizao social seja o de desconstruir significados responsveis pela inferiorizao

    do outro.

    A escola precisa contribuir para desenvolver condies para que a criana

    desenvolva e fortalea sua identidade, saiba argumentar, questionar e lutar por seus

    direitos, para que haja igualdade de todos perante a lei, para que sejam reconhecidos

    sua ascendncia africana e o direito dos negros no Brasil.

    [...] precisamos desde o incio envolver a criana, adolescente, o jovem, oferecendo-lhe condies para que eles amaduream conscientes de sua identidade e saibam questionar e reivindicar seus direitos de cidados

  • 17

    brasileiros, em que todos devem ser iguais perante a lei independente da cor da pele. (PESSANHA, 2003, p. 164).

    Isso implica reconhecer que a escola precisa rever seus currculos para

    atender s problemticas que se encontram no seu interior, sendo uma delas a

    construo de identidades. O currculo um elemento fundamental no processo de

    construo de identidades (SILVA, 2003). atravs dele que a escola determina seu

    plano de contedos e de ao:

    [...] o papel da escola assume grandes propores na tentativa de soluo

    dessa problemtica, torna-se premente no processo de desconstruo da

    discriminao e do preconceito, por meio de prticas pedaggicas que representem a

    superao dessa situao, pois o espao escolar no pode desvincular-se da

    realidade, precisa ter, junto sociedade, um profundo comprometimento com as

    causas sociais e principalmente reconhecer a diversidade como fonte de

    enriquecimento das relaes sociais, portanto fundamental para o crescimento da

    sociedade. (Parecer Orientativo n. 131/2005 CEE/MS).

    Enquanto a escola se omitir em discutir a questo racial, os preconceitos e

    esteretipos sero internalizados pelas crianas negras e fortalecidos poderosamente

    nas crianas no negras. No se pode pensar em uma educao que contemple a

    cidadania se partimos do pressuposto de que as questes colocadas pela populao

    negra, pelas mulheres, pelos portadores de necessidades especiais devem ser

    tratadas pela escola simplesmente para atender reivindicao desses sujeitos. Mais

    do que isso, preciso garantir a equidade social. Discutir direitos civis. (GOMES,

    2001, p. 92).

    Se a escola um espao privilegiado para o encontro das diferenas,

    papel da educao romper as barreiras impostas por uma sociedade

    homogeneizadora e dar vez e voz para ndios e negros para que, vendo assim sua

    histria contada no ambiente escolar, enxergando-se no interior da escola, possam

    construir uma imagem mais positiva de si mesmos.

    Agnes Heller (2000) conceitua preconceito como um tipo particular de juzo

    provisrio. Por esse carter provisrio, ele pode se alterar e modificar-se na atividade

    social e individual. E, estando o preconceito ligado cotidianidade, ele desempenha

    uma funo importante nas diferentes esferas, mas, no procedem essencialmente

    dessas esferas, nem aumentam sua eficcia; ao contrrio, no s a diminuem como

    obstaculizam o aproveitamento das possibilidades que elas comportam. Quem no se

  • 18

    liberta de seus preconceitos artsticos, cientficos, e polticos acabam fracassando,

    inclusive pessoalmente. (Agnes Heller, 2000, p.43)

    Se o preconceito provoca o fracasso pessoal, ele limitador das

    potencialidades do sujeito e como tal no permite que esses sujeitos possam viver a

    vida, j to limitada, em sua plenitude possvel. Por um lado, assume-se esteretipos,

    analogias e esquemas j elaborados; por outro eles nos so impingidos pelo meio em

    que crescemos. (p. 44) Nesse sentido, pode-se passar muito tempo at que se

    perceba criticamente tais esquemas impostos. s vezes, passam-se geraes inteiras

    sem que se problematizem os esteretipos de comportamento e pensamento. Outras

    vezes, pode-se question-los num menor espao de tempo.

    As relaes do preconceito com o fenmeno social, no entanto, o coloca

    na esfera dos fenmenos psicolgicos porque ele considera que o preconceito est

    baseado em julgamentos de pessoas sobre outras pessoas, ou seja, encontra-se na

    esfera da conscincia dos indivduos, pois, ningum obrigado a gostar de algum,

    mas, obrigado a respeitar os seus direitos. O preconceituoso nem sempre fere os

    direitos, de fato, do outro, mesmo que no alimente grandes simpatias por esse outro.

    Preconceito , portanto, uma opinio preestabelecida, que imposta pelo

    meio, poca e educao. Ele regula as relaes de uma pessoa com a sociedade. Ao

    regular, ele permeia toda a sociedade, tornando-a uma espcie de mediador de todas

    as relaes humanas. Ele pode ser definido, tambm, como uma indisposio, um

    julgamento prvio, negativo, que se faz de pessoas estigmatizadas por esteretipos.

    (SantAna, 2001, p. 54)

    Chamamos a ateno para o carter de inflexibilidade que est contido no

    sentido da palavra preconceito. O indivduo preconceituoso aquele que se prende a

    uma determinada opinio numa posio dogmtica que o impede de ter acesso a um

    conhecimento mais fundamentado da questo que o levaria, talvez, a uma nova

    avaliao de suas opinies.

    Apesar do preconceituoso nem sempre ferir os direitos do outro, isso no

    quer dizer que tal tipo de sentimento no possa vir a se tornar prejudicial, pois, o

    preconceito o primeiro passo para uma atitude discriminatria e discriminar significa

    separar, distinguir, estabelecer diferenas.

  • 19

    3 SEXUALIDADE E ORIENTAO SEXUAL

    A discusso acerca da relao estabelecida entre as prticas escolares e

    a sexualidade dos alunos tem sido objeto de debate crescente nas ltimas dcadas.

    Neste debate, estudiosos do campo de estudos do gnero e sexualidade, tanto no

    Brasil como em outros pases, tem evidenciado o carter normatizador1 das

    instituies escolares. Em nosso pas, alguns autores tm ressaltado o reforo das

    escolas produo de masculinidades e feminilidades no transgressivas dos

    esteretipos reconhecidos socialmente. Tal pedagogia da sexualidade comea muitas

    vezes ainda na pr-escola, como mostra Souza (1998) acerca da vigilncia

    estabelecida por professoras em relao sexualidade infantil e de sua funo de

    incutir nas crianas os comportamentos que elas consideram adequados.

    Ao mesmo tempo em que reproduzem formas de preconceito e

    discriminao encontradas na sociedade mais ampla, as escolas so vistas por alguns

    tericos como um local privilegiado de implementao de polticas pblicas que

    promovam a sade de crianas e adolescentes, o que sugere serem espaos

    possveis de resistncia normatizao da sexualidade. Para Junqueira (2007), uma

    viso crtica do papel da escola abre espao para aes educacionais que promovam

    a equidade de gnero, a incluso social e a constituio de uma cidadania para

    todos(as), com o combate ao sexismo e homofobia, dentre outras formas de

    opresso.

    Um dos campos onde h um embate entre posies normatizadoras da

    sexualidade e aquelas que buscam se apropriar deste espao para justamente

    questionar os cdigos normativos relacionados ao gnero e a sexualidade o da

    orientao sexual nas escolas, includa em 1998 como tema transversal nos

    Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) em nosso pas. Alguns autores tm

    enfatizado que a simples incluso deste tema no garante o respeito equidade de

    gnero e a aceitao da diversidade de prticas e identidades sexuais.

    Para Ribeiro, Souza e Souza (2004) isto ocorre porque no ambiente escolar

    o tema sexualidade visto como dos domnios dos professores de cincias ou de

    educao fsica, sendo por isso abordado quase sempre por meio de linguagem

    cientfica, o que legitima um discurso autorizado e, portanto, verdadeiro sobre a

    sexualidade e coloca os discursos das crianas ou adolescentes como falsos. Sendo

    assim, na estrutura e organizao da orientao sexual nas escolas o sexo

  • 20

    concebido como um dado da natureza, como uma necessidade bsica relacionada a

    impulsos e desejos, sobre os quais os sujeitos precisam ser informados. Junqueira

    (2007) ressalta tambm que o discurso dos docentes sobre sexualidade nas escolas

    quase sempre permeado pelas ideias de risco e ameaa (de DST/AIDS e gravidez

    indesejada).

    Alguns autores tm destacado o papel heteronormativo do funcionamento

    escolar tambm em nosso pas. Os programas de educao sexual e reprodutiva,

    alm de serem raros, ainda pressupem a heterossexualidade como norma, ponto de

    tudo aquilo que est fora dela ser tratado como desviante. A viso dominante sobre o

    corpo reprodutivo nos discursos escolares contribui tambm para a

    heteronormatividade, uma vez que pressupe a naturalidade de um relacionamento

    sexual ser sempre entre pessoas de sexos diferentes. Outro elemento destacado pela

    autora um evidente recorte de gnero por parte dos que ministram as aulas, que

    so, na maioria, mulheres.

    Assim, conhecer como a relao entre alunos sobre homofobia discutida

    na escola significa conhecer o trabalho que ela desenvolve com o objetivo de construir

    a educao para uma sociedade mais democrtica, sem preconceitos, racismos e

    mscaras. Para isso possvel aproveitar-se: [...] das situaes flagrantes de

    discriminao no espao escolar e na sala de aula como momento pedaggico

    privilegiado para se discutir a diversidade e conscientizar seus alunos sobre a

    importncia e a riqueza que ela traz nossa cultura e nossa identidade nacional.

    (MUNANGA, 2005, p. 15).

    Estudos sobre a heteronormatividades e homofobia no cotidiano das

    escolas brasileiras mostra forte rejeio homossexualidade em todo o Brasil.

    Estudos sobre a heteronormatividades e homofobia no cotidiano das escolas

    brasileiras mostra forte rejeio homossexualidade em todo o Brasil. A discriminao

    contra homossexuais na pesquisa inclusive mais assumida do que a contra negros

    pelos alunos. A homofobia no Brasil recebe um reforo cultural na desvalorizao de

    tudo que feminino ou coisa de mulher. Os homens que se aproximam de um

    comportamento socialmente identificado como feminino so fortemente vigiados,

    discriminados e, certamente, sofrero vrios tipos de penalidades na escola, que

    envolvem, muitas vezes, violncia fsica, como mostra o estudo de Souza (2006).

    As pesquisas sobre homofobia nas escolas e a demanda da sociedade civil

    organizada por respostas aos efeitos danosos das discriminaes e desigualdades

  • 21

    sociais relativos s sexualidades perifricas, inclusive no mbito escolar, levou o

    Governo Federal criao, em 2004, do programa Brasil Sem Homofobia (Ministrio

    da Sade, 2004), que tem como princpios: a) a incluso da perspectiva da no-

    discriminao por orientao sexual e de promoo dos direitos humanos de gays,

    lsbicas, transgneros e bissexuais, nas polticas pblicas e estratgias do Governo

    Federal; b) a produo de conhecimento para subsidiar a elaborao, implantao e

    avaliao das polticas pblicas voltadas para o combate violncia e discriminao

    por orientao sexual e c) a reafirmao de que a defesa, a garantia e a promoo

    dos direitos humanos incluem o combate a todas as formas de discriminao e de

    violncia incluindo a homofobia (p. 11-12).

    Apesar do crescente o interesse e o nmero de estudos sobre a homofobia

    nas escolas brasileiras, no pudemos encontrar estudos especficos aprofundados

    sobre as formas pelas quais esta se manifesta no cotidiano das escolas e suas

    consequncias sobre os jovens LGBT (lsbicas, gays, bissexuais e transgneros) Por

    este motivo, recorreremos aos estudos realizados no Reino Unido, local da maior

    parte dos estudos disponveis sobre o tema. Nestes, a homofobia geralmente

    considerada a partir da categoria mais ampla bullying.

    O bullying definido como a exposio de um aluno a aes negativas

    repetidas por parte de um ou mais estudantes, por um perodo considervel de tempo.

    Pode ser direto sob a forma de ameaa e agresso ou indireto como no caso do

    isolamento e excluso intencional de algumas atividades a que o aluno submetido.

    Para o mesmo autor (Olweus, 1999), tal prtica est tambm relacionada a uma

    desigualdade de poder, uma vez que a vtima no consegue se defender de foram

    adequada, por vrias razes, como por estar isolada, ser menor ou fisicamente mais

    frgil, ou se sentir inferiorizada em relao queles que a perseguem. Identificamos

    efeitos danosos de curto e longo prazo que o bullying gera em suas vtimas. Entre os

    de curto prazo citam a perda de autoestima e autoconfiana, retraimento, dificuldade

    de concentrao, absentesmo escolar, fobia da escola e tentativas de suicdio. Os de

    longo prazo incluem sentimento de culpa e vergonha, depresso, ansiedade, medo

    de estabelecer relaes com estranhos, isolamento social e timidez exagerada.

    O bullying homofbico tem algumas semelhanas e diferenas com os

    demais tipos, como o sexista e o movido por questes tnico/raciais. Embora todos

    estes sejam bastante comuns nas escolas, o bullying homofbico, por estar

    geralmente disseminado por todo o ambiente escolar, deixa poucos espaos a canais

  • 22

    em aberto para que os alunos o possam reportar, o que o torna especialmente

    perigoso. Um outro fator complicador o de que sua denncia pode envolver em

    alguns casos a revelao sobre a orientao sexual do aluno, o que pode gerar uma

    vitimizao ainda maior do mesmo. Finalmente, as consequncias e a abordagem do

    bullying homofbico so agravadas pelo preconceito em relao liberdade de

    orientao sexual presente nos discursos de muitas religies, presentes tambm nos

    vrios atores da instituio escolar.

    A utilizao do conceito de bullying como base para a discusso da

    homofobia no ambiente escolar tem como uma de suas vantagens de chamar a

    ateno para a intensidade com que as diversas modalidades de violncia homofbica

    so exercidas neste contexto. Permite tambm relacionar esta modalidade de

    violncia com outras tambm estudadas a partir deste conceito, como as motivadas

    por razes tnicas ou religiosas. O recurso ao conceito de bullying, porm, traz

    algumas limitaes que devem ser levadas em considerao.

    Uma delas refere-se ao fato de muitos estudos que se utilizam deste

    referencial terem sido conduzidos dentro de um paradigma psicolgico que concentra

    sua anlise nas motivaes individuais e grupais para o exerccio da violncia no

    contexto escolar, negligenciando o quanto os comportamentos associados ao bullying

    esto intrinsicamente ligados a relaes sociais de poder e controle, e envolvem

    sempre um abuso de poder interpessoal. importante, portanto, superar a conceito

    tradicional de bullying, a partir da politizao da violncia sexual e racial que ocorre

    no nvel micro cultural da sala de aula, o que significa um enfoque a partir de uma

    perspectiva social crtica e interdisciplinar.

    O estudo e o combate homofobia nas escolas pressupe, portanto, uma

    viso crtica que foca no somente o ambiente escolar e seu cotidiano, mas as

    relaes de poder que atravessam os campos do gnero e sexualidade e sua

    articulao com outras formas de dominao, como aquelas relacionadas classe,

    raa/etnia e idade. No caso do ambiente escolar, pesquisas em diferentes pases

    examinam a escola como um lugar-chave para a produo de masculinidades,

    feminilidades e sexualidades socialmente sancionadas. Estudos mostram as formas

    de violncia e assdio baseadas no gnero e na orientao sexual so evidenciadas

    como tendo uma funo importante na produo de uma masculinidade hegemnica

    heterossexual, enraizada em um contexto social mais amplo e que se manifesta nas

    escolas.

  • 23

    Com relao realidade brasileira, os estudos realizados na ltima dcada

    e expostos anteriormente evidenciam uma preocupao crescente com o tema da

    homofobia nas escolas e sua preveno. As intervenes para combat-la, todavia,

    mostram o ambiente da escola atravessado pela heteronormatividade presente em

    nossa sociedade, sugerindo a necessidade de estratgias de enfrentamento que

    ultrapassem o foco exclusivo no ambiente escolar.

    O interesse recente pelo tema da homofobia nas escolas brasileiras traz a

    tona escolha dos referenciais tericos a serem utilizados para as anlises e

    intervenes com vistas a reduzir sua intensidade e minimizar seus efeitos. A

    utilizao do conceito de bullying homofbico contribuiu, no Brasil e em outros pases,

    para evidenciar a homofobia nas escolas e seus efeitos sobre suas vtimas, que

    incluem perda de autoestima e autoconfiana, retraimento, dificuldade de

    concentrao, absentesmo escolar, fobia da escola, sentimentos de culpa e

    vergonha, depresso, ansiedade, medo de estabelecer relaes com estranhos,

    levando em alguns casos a tentativa de suicdio.

    No entanto, alguns estudos mostram necessidade de relacionar s

    formas de violncia homofbica existentes no cotidiano escolar com os

    desenvolvimentos tericos do campo de estudos de gnero e sexualidade, em

    especial as contribuies do feminismo ps-estruturalista e da quer theory, como

    forma de aprofundar a compreenso deste fenmeno, a partir de suas relaes com

    a produo de masculinidades e feminilidade hegemnicas presentes. A homofobia,

    assume, a partir desta perspectiva e muitas vezes de forma explcita, uma funo

    disciplinar sobre os corpos e subjetividades. Sendo assim, seu enfrentamento requer

    uma ateno que v alm do microcosmo da sala de aula e da escola, implicando em

    um questionamento das formas de dominao associadas ao gnero e sexualidade

    que atravessam as sociedades ocidentais em geral e a brasileira em particular.

    A gravidez precoce uma das ocorrncias mais preocupantes relacionadas

    sexualidade da adolescncia, com srias consequncias para a vida dos

    adolescentes envolvidos, e isto, na maioria das vezes reflete diretamente nos estudos

    deste adolescentes e de suas famlias. A maioria dessas adolescentes no tem

    condies financeiras nem emocionais para assumir a maternidade. Por causa da

    represso familiar, muitas delas fogem de casa e quase todas abandonam os estudos.

    Os problemas associados com a gravidez da adolescente concentram-se, mais

    gravemente, no aspecto indesejado da gravidez e a frequente busca pelo aborto.

  • 24

    Com relao aos rapazes, principalmente aqueles que apenas ficam,

    dificilmente vo sentir como sendo sua tambm a responsabilidade sobre a gravidez.

    As complicaes psicossociais relacionadas gravidez na adolescncia so, em

    geral, mais importantes que as complicaes fsicas. Entre os fatos que devem ser

    levados em considerao, inclusive pela equipe que faz o pr-natal, esto: o

    abandono do lar dos pais pelas adolescentes, o abandono pelo pai da criana, a

    opresso e a discriminao social, empregos menos remunerados, a dependncia

    financeira dos pais por mais tempo, e o fim cedo dos estudos. Apesar da orientao

    sobre mtodos anticoncepcionais, o nmero de adolescentes grvidas continua

    crescendo. Talvez por no terem grandes perspectivas de vida, por descuido ou

    simplesmente por emoo.

    3.1 Homofobia: gnero e diversidade sexual na escola

    Homofobia a discriminao contra as pessoas que mostram, ou a quem

    se atribui, algumas qualidades (ou defeitos) atribudos ao outro gnero (WELZER-

    LANG, 2001 p. 465). Tambm pode ser compreendida como a intolerncia ou o medo

    irracional relativos homossexualidade, que se expressa por violncia fsica e/ou

    psquica. A vivncia recorrente dessas violncias por pessoas LGBT pode levar

    homofobia internalizada, que a incorporao de hostilidades quanto a sua prpria

    orientao afetivo-sexual (MOITA, 2003). um constructo decorrente dos discursos

    que so produzidos e reproduzidos pelas instncias socializadoras e que reafirmam a

    lgica dicotmica sexista e a heteronormatividade compulsria (LOURO, 1997, 2001;

    FOUCAULT, 1987).

    3.2 Diversidade de Gneros

    No sentido gramatical do termo, gnero entendido como expresso do

    sexo, atribuio do masculino e do feminino, mas se analisarmos o seu conceito

    histrico, a palavra gnero foi utilizada, segundo Scott (1995), pelas feministas

    americanas como uma referncia organizao social da relao entre os sexos, no

    intuito de relutar quanto ao carter determinista da Biologia, que segundo elas,

    influenciava no antagonismo entre sexos. Portanto, necessrio um esforo em

    diferenciar sexo de gnero, e este, foi um dos primeiros estudos realizados sobre essa

    temtica. Tais estudos definiam que. O termo sexo se refere fisiologia, d a distino

    entre o macho e a fmea da espcie humana, enquanto que gnero, num sentido

  • 25

    amplo, cultural e engloba as relaes que ocorrem na sociedade entre os gneros

    masculino e feminino. (VIEZZER, apud LOPES 2000, p. 88).

    Desde ento, inmeras publicaes tm dado destaque a esta discusso e

    hoje j se admite que tanto sexo quanto gnero, so construdos culturalmente e que

    mesmo a definio dada pela Biologia cultural; visto que essa cincia emergiu num

    contexto de dominao masculina no meio cientifico o que refletiu de forma

    discriminatria na sua elaborao e definio terminolgica, assim como a linguagem

    tambm comprovadamente o . Embora os estudos da temtica de gnero estejam

    bastante adiantados no sentido da definio, geralmente, quando levantada essa

    discusso, h uma preocupao principalmente com o que pensam as famlias. Elas

    querem garantir que meninos sejam homens e meninas sejam mulheres, qualquer

    possibilidade de rompimento das fronteiras de gnero compreendida erroneamente

    como anormalidade. Essa situao acontece porque.

    Gnero no apenas uma identificao com o sexo; ele tambm supe que o desejo

    sexual seja direcionado ao outro sexo. A diviso sexual do trabalho est implicada nos

    dois aspetos do gnero ela os cria homens e mulheres, e os cria heterossexuais.

    (RUBIN, 1993, p. 12).

    Sendo assim, a cultura define fmeas e machos como mulheres e homens

    e o trabalho a ser executado por ambos, para que possam ser aceitos ao exerc-lo.

    Esse mesmo tratamento dado aos relacionamentos, que podem ou no ser,

    admitidos culturalmente. O sentido de gnero aqui adotado que as relaes de

    gnero so resultados de uma construo social que se d na relao de dominao

    do masculino sobre o feminino, no privilegiamento da sociedade cultural e poltica.

    Dessa forma, como a sociedade estruturada em torno de relaes de

    dominao, entre as quais as de gnero, que tm consistido em considerar as

    atividades associadas ao masculino como superiores s atividades associadas ao

    feminino. Entretanto, querer a submisso de qualquer uma das partes, no nos parece

    a mais indicada, visto que a luta histrica que a ser empreendida pela humanidade

    deve ser pela superao de toda e qualquer forma de opresso. Por uma sociedade

    andrgina e sem gnero (mas no sem sexo), em que a anatomia de cada um

    irrelevante para o que cada um e faz. (idem, p 22). As relaes de gnero nessa

    perspectiva so frutos de produtos histricos humano.

    Quanto abordagem sobre identidade de gnero na educao infantil, entendemos

    que necessrio inicialmente explicitarmos o que estamos entendendo por esta

  • 26

    expresso para posteriormente seguirmos nossa reflexo frente ao papel da escola

    na construo do gnero.

    Tomamos como ponto de partida Louro, que conceitua o gnero quando

    diz:

    Entender o gnero como constituinte da identidade dos sujeitos, pois estas esto sempre se constituindo, elas so instveis e, portanto, possveis de transformao. Uma vez que em suas relaes sociais, atravessadas por diferentes discursos, smbolos, representaes e prticas, os sujeitos vo se construindo como masculino e feminino, arranjando e desarranjando seus lugares sociais, suas disposies, suas formas de ser e de estar no mundo (LOURO, 1997, p.24).

    Todas essas estruturas, essas mudanas, vo se transformando ao longo

    da vida em determinados momentos histricos, em uma dada sociedade, em diversos

    grupos tais como: religiosos, raciais, de classe, gnero e outros.

    Ainda sob esse contexto Meyer vem contribuir quando diz que: O conceito de gnero

    passa a englobar todas as formas de construo social, cultural e lingustica

    implicadas com os processos que diferenciam mulheres de homens, incluindo aqueles

    processos que produzem seus corpos distinguindo-os e separando-os como corpos

    dotados de sexo, gnero e sexualidade (MEYER, 2003, p.16).

    Assim sendo, o gnero perpassa por caminhos que no aborda as

    diferenas simplesmente como distines biolgicas entre homens e mulheres, mas

    sim tende a perceber tais diferenas sem que as mesmas levem s desigualdades

    geradoras de opresses e discriminaes. Felipe ressalta:

    O conceito de gnero procura se contrapor a ideia de uma essncia (masculina ou feminina) natural, universal e imutvel, enfatizando os processos de construo ou formao histrica, lingustica e socialmente determinada. A constituio de cada pessoa deve ser pensada como um processo que se desenvolve ao longo de toda a vida em diferentes espaos e tempos. Desta forma, o conceito de gnero trouxe-nos a possibilidade de colocar em discusso as relaes de poder que se estabelecem entre homens e mulheres, proporcionando-os como desiguais em suas possveis e mltiplas diferenas (FELIPE, 2004, p.33).

    A escola limita espaos, ela impe o que pode e o que no pode, utilizando

    para isso de subterfgios para instituir o que os meninos e as meninas podem, criando

    com isso, j no interior da escola, distines de agrupamentos nos mais diferentes

    contextos: no ptio, no refeitrio, na sala de aula, nas brincadeiras, legitimando desde

    cedo uma educao sexista geradora de futuras desigualdades, rivalidades.

    Nesse contexto Felipe afirma:

    A escola, em geral, no disponibiliza outras formas de masculinidade e feminilidade, preocupando-se apenas em estabelecer e reafirmar aquelas j consagradas como sendo a referncia. Tudo o que se distanciar dela poder ser interpretada como anormal, desviante (FELIPE, 2004, p.34).

  • 27

    Ou seja, a escola ao invs de propiciar condies, atividades que no

    discriminam os meninos e as meninas, acaba por criar condies adversas. Isto causa

    cada vez mais a distino sexista, as desigualdades e consequentemente a

    hierarquizao entre os sexos, tornando crescentes as discusses sobre o que

    desejado e esperado para os meninos e o que esperado e desejado para as

    meninas, como se ambos fossem de mundos distintos. Sobretudo reafirmando o papel

    que a sociedade lhes impe. Complementando esse pensamento, Louro relata que:

    Os antigos manuais j ensinavam aos mestres os cuidados que deveriam ter com os

    corpos e almas de seus alunos. O modo de sentar, andar, a forma de colocar os

    cadernos, ps e mos acabaram por produzir um corpo escolarizado, distinguindo o

    menino ou a menina que passar pelos bancos escolares (LOURO, 1997, p.61).

    Podemos observar que ainda hoje, no mbito escolar, temos atitudes,

    condutas que geram essa rotulao de comportamentos discriminatrios, conduzindo

    os meninos e meninas a uma constante rivalidade, alm de distinguir-se os corpos e

    as mentes (LOURO, 1997, p.62). Dentro dessa viso recorro a Meyer quando afirma:

    Desde sua constituio, a escola moderna marcada por diferenas e est implicada, tambm, com a produo dessas diferenas. Embora no seja possvel atribuir a ela toda a responsabilidade pela construo das identidades sociais, ela continua sendo, para crianas e jovens, um local importante de vivncias cotidianas especficas e, ao mesmo tempo, plurais (MEYER, 2004, p.8).

    Desde o momento do ingresso na escola, ocorrem j as diferenas que so

    ligadas ao fator social, de raa, de religio, de sexo, de gnero fatores esses que

    fazem parte de toda uma sociedade. A escola, por sua vez, ao invs de trabalhar com

    as diferenas de modo a acolh-las e aproxim-las, geralmente as afasta, causando

    as desigualdades e produzindo assim excluses cada vez mais constantes nos

    diferentes contextos.

    Nesta perspectiva, necessrio que a escola, com seus professores e

    professoras, reavalie suas prticas pedaggicas, suas condutas e principalmente seus

    conceitos e pr-conceitos sobre o que tido como normal ou anormal, masculinidade

    e feminilidade, pois o fato de os professores e professoras no se questionarem sobre

    as produes de identidades de gnero na escola, acabam reafirmando esteretipos

    do que ser menino ou menina. Vale ressaltar que ao se deparar com situaes de

    gnero, o (a) educador (a) no pode ficar alheio (a) situao, pois a no interferncia,

    resultar na legitimao da hierarquizao entre o masculino e o feminino.

  • 28

    3.3 Escola como espao de conscientizao

    A Escola tem importante funo no processo de conscientizao,

    orientao e instrumentalizao dos corpos da criana e do adolescente. A instituio

    escolar, ao classificar os sujeitos pela classe social, etnia e sexo, tem historicamente

    contribudo para (re)produzir e hierarquizar as diferenas. Essa tradio deixa

    margem aqueles que no esto em conformidade com a norma hegemnica e, desta

    forma, no contempla a incluso da diversidade sexual, proposta na atualidade.

    Esse cenrio alerta para o papel da Educao no combate homofobia,

    por meio de aes que promovam a construo de uma sociedade justa e equnime

    e que garantam os direitos humanos, por intermdio da integrao das Polticas

    Pblicas citadas aos Parmetros Curriculares Nacionais (1997) para a Orientao

    Sexual. Contudo, a escola reflete o panorama de desconhecimento dessas polticas,

    o que dificulta o reconhecimento da homofobia presente no cotidiano e ressalta o

    despreparo de educadores para lidar com essa situao (SANTOS; BRUNS, 2000).

    Diversos fatores contribuem para esta lacuna na efetiva ao do/as educadores/as:

    qualificao deficitria; baixa remunerao; sobrecarga de trabalho; silenciamento

    diante de situaes de violncia pelo sentimento de incapacidade para a ao,

    decorrente da represso sexual e da aceitao acrtica da heteronormatividade

    compulsria; e pela postura de no alteridade.

    Dos direitos bsicos garantidos pela Constituio, a educao o mais

    acessvel inclusive por aqueles socialmente marginalizados, o que torna o ambiente

    escolar importante espao de promoo da cidadania. A Escola, como espao

    primrio de educao formal e para alm do seu papel, que da ordem do

    conhecimento, tem como desafio articular e executar as polticas pblicas, discutir e

    repensar valores culturais e permitir a desconstruo de normas rigidamente

    estabelecidas.

    A fim de garantir que esses princpios sejam alcanados, preciso expandir

    a abrangncia de aes inclusivas, que possibilitem a expresso das diferenas de

    todas as ordens tnicas, religiosas, de orientao afetivo-sexual, polticas,

    ideolgicas, econmicas e que levem o sujeito a compreend-las como

    indispensveis para sua existncia plena, de direitos e de deveres, em sociedade.

  • 29

    4 A HETERONORMATIVIDADE

    At ento naturalizada, a heteronormatividade postura que coloca o modo

    de se relacionar heterossexual como sendo o correto em detrimento das relaes

    entre pessoas do mesmo sexo s vem a ser reconhecida como um processo social,

    ou seja, como algo que socialmente produzido e, consequentemente, passvel de

    problematizao, a partir da ao de intelectuais ligados aos estudos da sexualidade,

    especialmente aos estudos gays, lsbicos e teoria queer.

    Anterior a esse momento, a naturalizao da heterossexualidade e as

    explicaes biologicistas e religiosas que compreendem, respectivamente, a

    homossexualidade como pertencente ao quadro das patologias e condenam essa

    prtica, afirmando ser pecado fez com que, at meados do sculo XX, o preconceito

    sexual e as prticas discriminatrias frente s minorias sexuais, os quais formam o

    grupo LGBT (Lsbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgneros),

    fossem negligenciados pelos estudos cientficos (CERQUEIRASANTOS &

    DESOUZA, 2011).

    Contudo, buscar romper com essa barreira do discurso religioso ou

    biologicista no foi suficiente para se pensar a heteronormatividade e a homofobia.

    Atualmente, faz-se necessrio compreender essa norma e esse preconceito para

    alm de um processo cognitivo individual, envolvendo tambm os arranjos culturais

    que esto implicados nesse processo.

    Ou seja, uma vez que o Brasil, e dentro dele o Nordeste, considerado

    possuidor de uma cultura machista, com papis bem demarcados de masculinidade,

    os estudos de gnero devem ser abordados tendo conscincia desse arranjo social.

    Nessa relao de legitimao/negao das diferentes formas de

    sexualidade, o modelo hegemnico de masculinidade impe parmetros, tambm,

    para os heterossexuais, que no caso dos homens os levam a afirmarem sua

    sexualidade e virilidade a partir de comportamentos agressivos (SCHPUN, 2004).

    Assim, para a construo de uma identidade masculina, demandado a recusa aos

    papis sociais comumente relacionados ao feminino, como a delicadeza ou a emoo.

    Alm de negar esse esteretipo, assumido como mecanismo psicolgico, o insulto

    quele que foge a regra e viola o perfil do ser masculino. As humilhaes sexistas

    um desses mecanismos (JUNQUEIRA, 2009a).

  • 30

    Nessa perspectiva, o preconceito contra pessoas que mantm relaes

    homossexuais no estaria pautado somente nas normas, crenas e sistemas de

    valores que envolvem a relao entre pessoas do mesmo sexo, mas tambm nos

    esteretipos criados em torno dos papis femininos e masculinos socialmente

    construdos. Nessa norma estaria envolvido o papel de gnero do homem enquanto

    sujeito ativo e da mulher enquanto um ser passivo. Esses esteretipos, por sua vez,

    colocam a homossexualidade no apenas como classificao para a relao afetivo e

    sexual entre pessoas do mesmo sexo, mas, principalmente, em assumir nessa relao

    o papel que seria do gnero oposto. Isso leva, por exemplo, o homem que, mesmo

    tendo relao sexual com outro homem, uma vez assumindo a posio ativa, a no

    se considerar homossexual (NUNAN, 2003; CERQUEIRASANTOS & DESOUZA,

    2011). Ou seja, os homossexuais se tornam uma ameaa no por violar tabus

    sexuais, mas por ir contra normas de gnero (NUNAN, 2003, p.83).

    Nesse sentido, o conceito de homofobia pode ser estendido para referir

    tambm a situaes de preconceito, discriminao e violncia contra pessoas

    (homossexuais ou no), cujas caractersticas e expresses de gnero (gostos,

    vestimentas, estilos, comportamentos etc.) no se enquadram nos modelos

    hegemnicos ditados por tais normas sociais (JUNQUEIRA, 2009b). Seguindo essa

    compreenso, a homofobia poderia, igualmente, ser estendida para alm de um

    comportamento individual de uma postura anti-homossexual, passando a ser lida a

    partir de diversos outros contextos, como no campo cultural, educacional, jurdico e

    poltico, entre outros. Isto , muito alm de uma agresso fsica, a homofobia pode ser

    vista como um fator de restrio para esses cidados que tm violados seus direitos

    mais bsicos, tais como o direito vida, sade e educao (JUNQUEIRA, 2009).

    Outra roupagem que essa norma social d ao preconceito contra

    homossexuais o que Nunan (2003) chama de reputao bem merecida. Segundo

    o autor, esse processo seria a tentativa de justificar o preconceito, colocando a culpa

    na vtima, j que este foi responsvel por cometer um desvio da norma instituda

    socialmente. Deste modo, o sujeito tira de si e da sociedade a responsabilidade e

    alega no possuir preconceito.

    Alm da responsabilizao do outro, o nvel de preconceito tambm

    influenciado pela forma como o sujeito representa a causa da homossexualidade.

    Quando o sujeito compreende que essa prtica algo incontrolvel, determinado por

    questes biolgicas, eles tendem a diminuir o preconceito. Logo, aqueles que colocam

  • 31

    a homossexualidade como opo, enquanto algo controlvel, percebem esta prtica

    com maior preconceito e tendem a agir de forma discriminatria (CROCKER, 1998

    apud NUNAN, 2003).

    Diante do exposto, fica claro que a norma social da heteronormatividade

    torna-se hegemnica na cultura, ganhando espaos de diversos ambientes a

    sociedade. Segundo Louro (2007), na escola no acontece o contrrio. Portanto, os

    sujeitos que fugem norma sexo/gnero/sexualidade e destoem da maioria social,

    so colocados margem. No mbito escolar essa excluso refletida na elaborao

    do projeto curricular, no qual a ateno voltada para a maioria, os quais so vistos

    como normais.

    Ainda sobre esse contexto, Junqueira (2009) destaca ser esse um

    ambiente que se configura um lugar de opresso, discriminao e preconceitos, no

    qual e em torno do qual existe um preocupante quadro de violncia a que esto

    submetidos milhes de jovens e adultos LGBT muitos/as dos/as quais vivem, de

    maneiras distintas, situaes delicadas e vulneradoras de internalizao da

    homofobia, negao, autoculpabilizao, auto averso. E isso se faz com a

    participao ou a omisso da famlia, da comunidade escolar, da sociedade e do

    Estado (p.15)

    Na escola, bem como em outros contextos, a homossexualidade

    encarada como contagiosa, o que promove, consequentemente, a excluso dessas

    pessoas, uma vez que a aproximao pode ser compreendida como uma identificao

    a tal identidade, o que vem a reforar a marginalizao desse grupo (LOURO, 2007).

    Outro fator que contribui para tal fenmeno a heterossexualidade presumida, o que

    faz com que os professores conduzam suas aulas como se naquele contexto todos

    fossem iguais e a homossexualidade no fizesse parte dessa realidade (JUNQUEIRA,

    2009).

    Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo discutir teoricamente

    como essa norma vem se configurando atualmente, especificamente no ambiente

    escolar. Essa discusso se torna ainda mais relevante se for considerado o fato de o

    tema homossexualidade continuar sendo visto como um tema tabu na sala de aula,

    chegando os professores a assumir um desconhecimento em relao ao tema. Alm

    disso, a escola considerada um ambiente inserido nesse contexto maior e que no

    s reproduz, mas tambm produz arranjos capazes de favorecer e fortalecer o

  • 32

    preconceito e discriminao frente a pessoas que estabeleam uma relao

    homoafetiva ou apresentem caractersticas comumente associadas ao outro sexo.

    Porm, destaca-se que essa reflexo no tem como intuito julgar ou

    culpabilizar a escola, mas sim tornar consciente tal problemtica e pensar na

    efetivao de aes que busquem romper com essa violncia, unindo todos os seus

    atores sociais em torno do combate homofobia.

    A relevncia de tal temtica mais visvel se considerarmos que alm de

    ser um tema tabu para as escolas, percebe-se que este tambm um ponto pouco

    discutido com a populao adolescente, sendo ainda um campo pouco explorado

    pelas pesquisas cientficas.

    Segundo Werebe (apud TAQUETTE et al, 2005), a discusso sobre essa

    temtica ficou, durante muito tempo, restrita aos psiquiatras e psicanalistas,

    relacionando a homossexualidade ao pecado, perverso e/ou doena. Atualmente, a

    temtica tem sido relacionada AIDS e vulnerabilidade do grupo que desenvolve

    essa forma de relao ao vrus HIV. Desta forma, percebe-se que a educao ainda

    encontra-se margem dessas discusses, sendo a escola pouco vista como um local

    capaz de produzir conhecimento e discutir pontos dessa temtica, como o respeito s

    diferenas sexuais, os direitos dessa minoria social, as novas conjunturas de famlia,

    entre outros.

    4.1 A manifestao da homofobia no ambiente escolar

    De modo geral, tal como se pode perceber na sociedade, a homofobia est

    presente em diferentes grupos, variando as idades, profissionais e locais. Desta

    forma, no ambiente escolar, essa realidade vista perpassando por diversos dos seus

    atores sociais, desde funcionrios (professores e direo) e pais, chegando at os

    alunos.

    No que tange aos profissionais, quando estes se deparam com as cenas

    de agresso contra homossexuais, de desistncia de alunos porque eram vtimas de

    agresses em virtude de serem homossexuais, bem como da indiferena da escola

    frente a essa situao, ainda frequente a banalizao do fato por parte dos

    professores, tal como percebida na fala de uma dessas profissionais que avalia essa

    situao da seguinte forma: Mas no nada to grave no (ABRAMOVAY, CASTRO

    & SILVA, 2004, p.288).

  • 33

    Em pesquisa realizada em trezes capitais brasileiras e no Distrito Federal

    nos nveis de Ensino Fundamental e Mdio da Rede Pblica de ensino, entre

    outros dados, foi observado que os professores afirmam no saber como abordar o

    tema da homossexualidade em sala de aula. A porcentagem desse tipo de resposta

    variou entre 30,5% em Belm a 47,9% em Vitria. Ainda entre esse pblico, variaram

    entre 12% e 20%, a depender do Estado, aqueles que acreditam ser a

    homossexualidade uma doena. Vale ressaltar que esses preconceitos nos adultos

    acabam por se refletir em condutas passivas frente a cenas homofbicas. Isto foi

    sinalizado pelas vtimas como mais traumatizante do que a prpria passagem de

    discriminao diretamente observada (ABRAMOVAY, CASTRO & SILVA, 2004).

    Esses dados demonstram a urgente necessidade de dilogo com essa

    classe, uma vez que estes esto diretamente ligados formao de opinio no

    ambiente escolar. Dado essa realidade, Louro (2007) afirma ser a escola, lugar do

    conhecimento, o lugar do desconhecimento e da ignorncia em relao sexualidade.

    Observa-se, alm disso, o despreparo da escola em lidar com o tema, j

    que esta aponta algumas dificuldades para justificar seu no enfrentamento

    homofobia, a saber: a negao desse fenmeno no mbito escolar; a hierarquizao

    nas quais outras questes sociais so colocadas como prioridades e o preconceito

    sexual posto em segundo plano ; o apelo ao senso de oportunidade, em que a

    convivncia sem preconceitos e os direitos dos homossexuais so colocados a cargo

    do tempo, sendo meta para as prximas geraes; e, por fim, a antecipao fatalista,

    representada pela falta de esperana frente mudana de uma sociedade homofbica

    para uma sociedade verdadeiramente igualitria (JUNQUEIRA, 2009).

    Destarte, vale pena discutir e apoiar a escola como tendo um papel mais

    ativo contra tais violncias, seja ela motivada pela homofobia ou em um nvel mais

    amplo de desrespeito alteridade, buscando romper com os discursos dentro dessa

    instituio que colaboram para a manuteno dessas desigualdades e fornecer

    subsdios para que essas dificuldades sejam sanadas.

    Esses dados se tornam ainda mais relevantes com base em estudos

    (JUNQUEIRA, 2009) que demonstraram, em dados preliminares, um alto ndice de

    homofobia nas escolas. Alguns exemplos dessa violncia podem ser os apelidos que

    rotulam o aluno como o veadinho da escola, passando a ser alvo de olhares e

    comentrios repressivos enquanto passa a ter seu nome, junto a xingamentos,

    registrado nas paredes e objetos da escola (CAETANO & RANGEL, 2003).

  • 34

    Buscando responder a essa questo, Abramovay, Cunha & Calaf (2010)

    destacam que a discriminao por a pessoa ser ou parecer homossexual corresponde

    a 63,1% das discriminaes j observadas pelos alunos na escola, representando um

    dado alarmante, o que, como tal, deve despertar interesse de pesquisadores e ser

    alvo de polticas pblicas.

    No que diz respeito aos alunos, essa mesma pesquisa demonstrou que

    33,5% dos meninos de Belm, entre 40% - 42% no Rio de Janeiro, em Recife, So

    Paulo, Goinia, Porto Alegre e Fortaleza, e mais de 44% em Macei e Vitria,

    assumem no gostar de ter colegas homossexuais na mesma sala de aula. Essa

    rejeio ao contato, quando posto em comportamento, pode ser observada no fato de

    esses mesmos alunos avaliarem o ato de bater em homossexuais como, entre os

    meninos, o mesmo agravante em uma lista que continham seis exemplos de

    comportamentos agressivos (atirar em algum, estuprar, usar drogas, roubar, andar

    armado e bater em homossexuais). Entre as meninas, essa forma de agresso foi

    considerada a terceira mais grave (ABRAMOVAY, CASTRO & SILVA, 2004).

    Esse ndice de rejeio em compartilhar o ambiente escolar com sujeitos

    homossexuais ainda superior quando observado entre os pais desses alunos. No

    Distrito Federal foi encontrado o menor valor (17,4%). Os maiores valores foram

    observados nas capitais nordestinas Fortaleza e Recife, sendo 59% e 60%,

    respectivamente (ABRAMOVAY, CASTRO & SILVA, 2004).

    Em pesquisa realizada por Toneli (2006) em uma escola da Rede Pblica

    de ensino de Florianpolis, percebeu-se que, ao abordar o tema da sexualidade, os

    jovens no relatavam sobre a homossexualidade, evidenciando que este tema

    tratado como um campo que no se pode tocar, nem nomear. Vale ressaltar que esse

    no um caso nico que foge da norma geral da nossa sociedade, mas sim, mais

    uma visualizao de como a heteronormatividade est presente na vida dos jovens

    brasileiros, na qual a temtica ainda considerada um contedo tabu, principalmente

    no ambiente escolar.

    Nessa mesma pesquisa, embora os jovens afirmem que caso descubram

    que um amigo gay, estes no se afastariam dele, ainda assim, estes fazem piadas,

    se preocupam com o que os outros vo falar e necessitam de um acordo explcito no

    qual o amigo homossexual afirme que nunca dar em cima dele, demarcando muito

    bem o limite dessa amizade. No que tange aos direitos dos homossexuais, em um dos

    grupos focais, ficou bastante demarcado que este grupo merece os mesmos direitos

  • 35

    que os heterossexuais, porm, essa no foi uma viso unnime, sendo rejeitada pelos

    participantes do outro grupo focal (TONELI, 2006).

    Esses dados trazem uma discusso qualitativa de como hoje a

    homossexualidade continua colocada margem do tema sexualidade, fazendo com

    que os sujeitos homossexuais se tornem alvos de limitaes nas suas relaes

    interpessoais. Alm disso, os mesmos ainda se tornam fonte de agresses que, entre

    os jovens, recebem o nome de piadas e brincadeiras, mas que, quando imposta a

    partir de uma relao desigual de poder e uma periodicidade, torna-se a motivao

    para a violncia escolar, ocasionando todos os prejuzos e sofrimento que este pode

    acarretar.

    O consentimento dessas prticas excludentes e legitimadas pelos atores

    escolares, como professores e demais funcionrios, estruturam uma dinmica

    institucional pouco conhecida, fazendo-se necessrias mais pesquisas na rea que

    permitam conhecer como a homofobia se manifesta no mbito escolar e quais as

    causas e consequncias dessa prtica, bem como a forma que esta se relaciona com

    outras esferas, como desempenho escolar e qualidade das relaes interpessoais.

    Somente de posse de tal conhecimento podero ser pensadas intervenes efetivas.

    Desta forma, o mapeamento da violncia escolar, em especial frente a grupos

    minoritrios, torna-se de suma importncia para a implementao de polticas

    educacionais verdadeiramente inclusivas.

    4.2 Resultado deste trabalho de pesquisa

    Com relao ao bullying escolar, muito se podia fazer por parte da

    sociedade para que se pudesse minimizar o fenmeno que nasceu basicamente na

    escola, isto porque o aparelho social colocado a disposio da comunidade um

    espao que reproduz as diferenas, da se deva o surgimento das preocupaes das

    autoridades, pois as prticas so antigas, o termo novo.

    Quem de fato responsvel pela punio das pessoas que usam essa

    prtica e que no buscam respeitar os espaos das pessoas? Neste caso se levarmos

    em conta as diversidade sexuais, somos levados a acreditar que o problema no

    existe pela sociedade, pois esta classifica o homem e a mulher, um para o outro, essa

    cultura no sofre jamais uma mudana.

    Aes referentes ao bullying ocorrem h muitos anos, inclusive sendo

    abordadas pela mdia, pois h casos notrios de bullying que culminam com o suicdio

  • 36

    das suas vtimas. Nesse contexto, o docente deve estar informado para lidar com o

    tema, minimizando tal problema.

    Os discentes relacionam o fato do aluno do sexo masculino no possuir

    uma boa habilidade motora com sua considerada desviante (LOURO, 1997). Assim,

    usam apelidos discriminatrios tais como: viadinho e menina para justificarem o

    bullying. Esses apelidos podem ser interpretados como etnomtodos usados pelos

    discentes que caracterizam um processo de discriminao pautado na homofobia

    (SILVA, DEVIDE, 2009).

    Aes para minimizar o bullying. Os informantes interferem de forma

    diferenciada para minimizar o bullying, mas todos citaram que a ferramenta principal

    deve ser o respeito entre os discentes. As aulas coeducativas podem auxiliar, pois os

    discentes de ambos os sexos participam das atividades propostas juntos, a partir de

    problematizaes promovidas pelo docente a respeito das questes de gnero

    inerentes s atividades (LOUZADA; DEVIDE, 2006). Segundo Saraiva (1999):

    Torna-se importante trazer para o campo das discusses e possibilidades

    pedaggicas as questes [...] como: os papis sexuais estereotipados, os anseios

    irracionais de dominao dos homens, a opresso tradicional da mulher [...] (p.181).

    No mbito de prticas pedaggicas inclusivas, todos/as devem ser

    respeitados/as e as diferenas devem ser discutidas em termos de como se

    constroem, para que haja tolerncia em relao s mesmas. Nesse mbito, a

    discusso sobre diversidade sexual e heteronormatividade como causa da

    discriminao contra pessoas que fogem norma heterossexual necessria

    (RIBEIRO, 2007).

    Apenas um informante menciona o termo transversal tica como

    recomendao dos Parmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) para resolver

    possveis problemas relacionados com bullying. Porm, ao mencionar o tema tica

    manteve margem outro tema transversal relevante: Orientao sexual e gnero.

  • 37

    5 CONSIDERAES FINAIS

    O processo de desconstruo dos preconceitos ainda construdo e

    reconstrudo no mbito das escolas brasileiras, dia aps dia pela sociedade

    contempornea naturalizada ao longo do tempo pelos discursos dominantes e pelas

    relaes de poder depender da posio critica e questionadora de todos os

    envolvidos com o processo de ensino e aprendizagem sobre:

    (...) como se produzem os discursos que instituem diferenas, quais os efeitos que os discursos exercem, quem marcado como diferente, como currculos e outras instncias pedaggicas representam os sujeitos, que possibilidade, destinos e restries a sociedade lhes atribui. (LOURO, 2010, p. 47)

    No se pode admitir que a escola continue se considerando assexuada,

    pois as crianas e jovens, como j dito antes, no se despem das suas respectivas

    sexualidades ao irem escola, pelo contrrio, l que eles entram em contato com

    uma variedade de sexualidades traduzidas nas vrias formas em que elas manifestam

    o gnero. Neste sentido, a escola no pode se calar frente a uma questo to presente

    entre os jovens. H a necessidade de trazer o assunto tona diante da comunidade

    escolar, e conduzir discusses produtivas, a fim de garantir o rompimento dos tabus

    e o combate aos preconceitos vinculados ao Bullying escolar, para isto se faz

    necessrio a presena da famlia em parceria com a escola.

    (...) a escola responsvel pela manuteno e criao das hierarquizaes geradas a partir das ideias de masculinidade e feminilidade. Nos seus instrumentos oficiais curriculares e nas suas aes cotidianas a apresentaes, estigmatizadas ou no, orientam as avaliaes realizadas em torno dos sujeitos. (...) preciso que saibamos que o discurso de gnero dignificado como efeito de um sofisticado equipamento educativo e formativo mantido por instituies como o direito, a medicina, a famlia, a escola, a religio e a lngua que produzem corpos reconhecidos como masculinos e outros identificados com femininos. Essa dinmica obscurece outras possibilidades de estruturao das identidades e prticas sexuais. (CAETANO, 2009, p. 9)

    A escola no pode permitir que seja reproduzida de maneira naturalizada a

    heteronormatividade, que exclui centenas de alunos e alunas, contribuindo para os

    altos ndices de fracasso escolar e evaso que esto vinculados baixa autoestima e

    ao estigma dessas pessoas tidas como diferentes, e, sobretudo, no podemos

    compactuar com a perpetuao de uma sociedade discriminatria, segregacionista e

    extremamente violenta para com aqueles que vivem a diferena.

  • 38

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