Òfún Meji vem ao àiyé

Ìfá nos fala aqui de quando Òfún ainda residia no îrun,E era conhecido por Îràngún Deyìnûkùn.Ele era famoso por ser temperamental e ríspido.Orí o avisou que ao menos que revisse esse comportamento;Ele teria muitas dificuldades quando resolvesse vir ao àiyé.Por essa razão ele resolveu consultar Ìfá.“O caracol sem membros que se move sobre seu abdome”;Esse era no nome da sacerdotisa (?) que lhe consultou;Ela não possuía lábios, e praticamente não tinha pernas nem braços.Ela lhe disse para fazer ëbö antes de vir ao àiyé;Para que pudesse prosperar,Pois ele seria alguém muito ocupado, com o dia repleto de atividades.Ela também o instruiu a fazer ëbö,Para que pudesse controlar seu temperamento.Ele deveria oferecer um cabrito a Èñù e dezesseis ìgbín a Ìfá,Para que suas tendências fossem suavizadas.Òfún ouviu e fez as oferendas;Ele recebeu as bênçãos de Orí e Olódúmarè e partiu para o àiyé.Ele nasceu como o filho de um rei, que lhe deu o nome de Adabàiyé.O rei criou Òfún satisfazendo-lhe todos os desejos;Quando cresceu, Òfún tornou-se um verdadeiro ditador.Seus desejos eram lei;Ele fazia tudo como acreditava ser feito e não ouvia conselhos de ninguém.Quando ele herdou a coroa de seu pai,O reino começou a viver uma época de grande repreensão.Quando as pessoas não aguentaram mais,Encheram-se de coragem e disseram que aquilo não poderia continuar.Ao se deparar com a primeira reprimenda em sua vida,Òfún encheu-se de rancor e abandonou o trono.Àquela altura ele não possuía esposas nem filhos;Ele ficou tão indignado e desgostoso com a situação,Que resolveu voltar ao îrun,A fim de esclarecer quais eram os motivos daqueles acontecimentos.Quando lá chegou,Encontrou novamente a adivinha (??!!) que lhe consultara antes dele deixar o îrun;Mas em função de sua passagem pelo àiyé,Não se lembrava dela e assustou-se perante seu aspecto repugnante.A mulher na verdade sofria de lepra;Òfún tentou afastar-se dela, mas ela o chamou pelo nome.Ele respondeu assustado, “Hèèpà!”É assim que saudamos Òfún até o dia de hoje.Dessa vez foi a mulher que rogou para que ele lhe consultasse.Òfún pegou seus apetrechos de Ìfá e jogou para ela;Ele disse que havia dois grandes desejos na vida dela:Curar-se daquela doença e ter um filho.A mulher confirmou que esse era o motivo de sua consulta.Òfún disse que ela alcançaria seus objetivos,Se oferecesse três cabras, três galinhas, três ìgbín,Três preás, três peixes, três òrògbò, três obì,Três peças de tecido branco.Ela então disse, “Você ainda não percebeu que está no îrun”;Ela disse, “Onde eu poderia arrumar todas essas coisas?”Então Òfún decidiu que voltaria com ela para o àiyé,Para que lá pudessem fazer a oferenda prescrita por Ìfá.Quando eles chegaram na encruzilhada tripla do àiyé;Ela disse que devido seu estado,Estava proibida de entrar nas cidades ou de viajar durante o dia.Eles então encontraram o vigia da encruzilhada,Um homem chamado Àñìpà;Òfún pediu a esse homem que o ajudasse a preparar uma choupana para a mulher;Ele disse que essa choupana não deveria ter portas;Em sua entrada ficaria um pé de akóko;E eles deveriam cobri-la e enfeitá-la com màrìwò;Essa cabana ficou conhecida como Iléjì.

Então Òfún saiu para conseguir os elementos necessários para o ëbö;Quando ele dirigiu-se ao mercado,Encontrou um conhecido seu chamado Apenà.Òfún sabia que há muito tempo Apenà procurava por uma esposa,Então lhe falou sobre a mulher na choupana;Ele quis saber se Apenà desposaria alguém com tamanhas imperfeições físicas,E para sua surpresa, o homem disse que sim.Òfún e Apenà conseguiram os elementos do ëbö,E voltaram para a cabana a fim de realizá-lo.Após o ritual, Òfún apresentou formalmente Apenà à mulher.Antes de aceitá-lo como esposo,A mulher pegou uma misteriosa vara,E a usou para um juramento.Ela exigiu que tanto Apenà como Òfún jurassem,Que jamais revelariam sua condição naquela cabana;Ela disse que apenas os dois,Mais os awo consagrados por Òfún,Poderiam entrar ali.Eles fizeram o juramento;Então finalmente fizeram as oferendas,E a mulher curou-se da lepra e voltou à sua beleza original.