OFICINA LITERÁRIA AULA 2 CURSO DE LETRAS - PROF. Me. CLÁUDIA SOARES Rio de Janeiro, 25 de outubro...
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OFICINA LITERÁRIA AULA 2
CURSO DE LETRAS - PROF. Me. CLÁUDIA SOARES
Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2011
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O Espaço das Representações
Monet (1840 – 1926)
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Por que certos narrativas, ou poemas, nos afetam tanto?
Por que algumas obras de arte nos impressinam e até nos comovem?
Por que uma música pode me fazer chorar ou me provocar a memória?
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Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;É solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,se tão contrário a si é o mesmo Amor?
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Este soneto é uma definição poética do amor. Camões quis definir este sentimento indefinível e explicar o inexplicável, colocando imensos contrastes para caracterizar este “mistério”.
O amor é visto, então, como um sentimento que envolve sensações e que ocorre quando existe um senso de identidade entre pessoas .
Existe a dualidade da incerteza do amor “físico” (com a minúscula) com o Amor ideal, assim o amor é um tipo de “imitação” do Amor, na realidade o autor procura compreender e definir o processo amoroso.
Conceitua-se a natureza paradoxal do amor. O soneto ressalta enunciados antitéticos, compondo num todo lógico, o caráter paradoxal do sentimento amoroso.
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Eu já estive apaixonado!
Eu reconheço essas sensações!
Eu já experimentei esses sentimentos!
Isso faz parte da minha realidade!
EU RECONHEÇO!!!!
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Literatura e vida real se interpenetram. Os conflitos e as tensçoes que fazem parte da nossa vida, assim como da vida dos personagens(...) estão presentes na literatura. Os dramas vividos pelos personagens e por muitos na vida real são semelhantes (...). Portanto, a literatura é um tipo de discurso que representa o real. No soneto, por exemplo, estão presentes as realidades semelhantes às de muitos indivíduos , às de muitas coletividades.
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Cantigas de AmorUn día que vi mia senhor,
quis-lhi dizer o mui gran benque lh'eu quer'e como me ten
forçad'e pres'o seu amor,e vi-a tan ben parecer
que lhi non pudi ren dizer.
Quant'eu pugi no coraçónmi fez ela desacordar,
ca se lh'eu podesse falar,quisera-lhi dizer entón,
e vi-a tan ben parecer que lhi non pudi ren dizer.
(...)
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A Deusa da Minha Rua – Roberto Carlos
A deusa da minha rua Tem os olhos onde a lua Costuma se embriagar Nos seus olhos eu suponho Que o sol num dourado sonho Vai claridade buscar Minha rua é sem graça Mas quando por ela passa Seu vulto que me seduz A ruazinha modesta É uma paisagem de festa É uma cascata de luzNa rua uma poça d'água
Espelho de minha mágoa Transporta o céu para o chão Tal qual o chão da minha vida A minha alma comovida O meu pobre coraçãoInfeliz da minha mágoa Meus olhos são poças d'água Sonhando com seu olhar Ela é tão rica e eu tão pobre Eu sou plebeu e ela é nobre Não vale a pena sonhar
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“[...] do ponto de vista da estética da recepção, o texto apenas se "concretiza" através da atuação do leitor e que, devido a isso, não pode simplesmente ser compreendido como uma partitura deinstruções que por si própria já assegurassem a sua transformação em forma significativa”
ISER apud GUMBRECHT, Hans Ulrich. “A teoria do efeito estético de Wolfgang Iser.” In.: LIMA, Luiz Costa. (Org). Teoria da Literatura e suas fontes. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. p. 989 – 1011. vol.
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Entender a representação como algo “manipulável” (consciente ou inconscientemente) permite-nos enxergar a Literatura em estudo como um constructo em que o autor (narrador, eu-lírico) permitirá ao leitor, por meio da ressignificação do espaço do texto, revisitar seu cotidiano com outro olhar, enxergando o, como uma outra configuração. Transformada, partida da sua própria realidade.
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LITERATURA ARTE
FAZER ARTÍSTICO
OBRA/OBJETO ARTÍSTICO
PROCESSO DIALÓGICO COM A REALIDADE
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UNIVERSO DAS REPRESENTAÇÕES
MIMESIS CATHARSIS
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Mimesis (μίμησις de μιμεîσθαι), ou mimese, significa imitação ou representação em grego.
Tanto Platão quanto Aristóteles viam, na mimesis, a representação da natureza. Contudo, para Platão toda a criação era uma imitação, até mesmo a criação do mundo era uma imitação da natureza verdadeira (o mundo das idéias). Sendo assim, a representação artística do mundo físico seria uma imitação de segunda mão.Já Aristóteles via o drama como sendo a “imitação de uma ação”, que na tragédia teria o efeito catártico. Como rejeita o mundo das idéias, ele valoriza a arte como representação do mundo. Esses conceitos estão no seu mais conhecido trabalho, a Poética.
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Do gr. mímesis, “imitação” (imitatio, em latim), designa a acção ou faculdade de imitar; cópia, reprodução ou representação da natureza, o que constitui, na filosofia aristotélica, o fundamento de toda a arte.
Os conceitos de mímesis e poeisis são nucleares na filosofia de Platão, na poética de Aristóteles e no pensamento teórico posterior sobre estética, referindo-se à criação da obra de arte e à forma como reproduz objectos pré-existentes. O primeiro termo aplica-se a artes tão autónomas e ao mesmo tempo tão próximas entre si como a poesia, a música e a dança, onde o artista se destaca pela forma como consegue imitar a realidade. Não se parte da ideia de uma construção imitativa passiva, como acontece na diegesis platónica, mas de uma visão do mundo necessariamente dinâmica.
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Teóricos contemporâneos tentaram recuperar esta questão, que se relaciona com o conceito de verosimilhança, discutido por autores como Ingarden, Sklovski, Vygotski, Jakobson, Barthes, Genette ou Hamon. O alemão Erich Auerbach traça, em Mimesis (1946), a história da representação poética da realidade na literatura ocidental, analisando a relação do texto literário com o mundo, mas recusando definir o que seja a imitação; Northrop Frye, em Anatomy of Criticism (1957), retoma a distinção aristotélica entre mímesis superior (domínio superior de representação, onde o herói domina por completo a acção das restantes personagens) e a mímesis inferior (domínio onde o herói se coloca ao mesmo nível de representação das restantes personagens);
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Hans Georg Gadamer retoma a filosofia de Pitágoras, para quem o mundo real imitava a ordem cósmica das relações numéricas, para defender que a música, a literatura e a pintura modernas imitam essa ordem primordial. Em todos os casos, falamos de imitação enquanto forma de representação do mundo e não como uma forma de copiar uma técnica (imitatio, na retórica latina), o que foi prática corrente a partir do Império Romano, sobretudo na imitação da obra de mestres de gerações anteriores. Bibliografia: Erich Auerbach: Mimesis. Dargestellte Wirklichkeit in der abendländischen Literatur (1946; Mimésis. La représentation de la réalité dans la littérature occidentale, Paris, 1968); David Lodge: “Mimesis and diegesis in modern fiction”, in After Bakhtin (1990); Jacques Derrida: La Dissémination (1972); L.Costa Lima: Mímesis e Modernidade (1980); M. Koller: Die Mimesis in der Antike (1954); R. Mc Keon: “Literary Criticism and the Concept of Imitation in Antiquity”, in Critics and Criticism Ancient and Modern, ed. R.S. Crane (1952).
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A arte literária usa a palavra para representar o real.Não um real exato, mas um real determinado por um olhar. O discurso não dá conta, integralmente, do real. Portanto, a imitação do reala efetiva-se segundo o olhar de quem o vê. A mimesis é a relação do signo com o real. Trata-se de uma imitação e não da cópia. Para os pitagóricos é a representação dos estados da alma. Para Platão, é a imitação da aparência da realidade: imagem da imagem – simulacro. Para Aristóteles, é a imitação das essências, conhecimento profundo do ser humano, revelação da plenitude do real.
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Um grande financeiro
“A República dos Estados Unidos da Bruzundanga tinha, como todas as repúblicas que se prezam,além do presidente e juízes de várias categorias, um Senado e uma Câmara de Deputados, ambos eleitos por sufrágio direto e temporários ambos, com certa diferença na duração do mandato: o dos senadores, maislongo; o dos deputados, mais curto.O país vivia de expedientes, isto é, de cinqüenta em cinqüenta anos, descobria-se nele um produto que ficava sendo a sua riqueza. Os governos taxavam-no a mais não poder, de modo que os países rivais, mais parcimoniosos na decretação de impostos sobre produtos semelhantes, acabavam, na concorrência, por derrotar a Bruzundanga; e, assim, ela fazia morrer a sua riqueza, mas não sem os estertores de uma valorização duvidosa. Daí vinha que a grande nação vivia aos solavancos, sem estabilidade financeira e econômica; e, por isso mesmo, dando campo a que surgissem, a toda a hora, financeiros de todos os seuscantos e, sobretudo, do seu parlamento. (...)”
OS BRUZUNDANGAS – Lima Barreto
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A Contituição
QUANDO se reuniu a Constituinte da República da Bruzundanga, houve no país uma grande esperança. O país tinha, até aí, sido governado por uma lei básica que datava de cerca de um século e todos os jovens julgavam-na avelhentada e já caduca(...) Reuniu-se, pois, a Constituinte com toda a solenidade. Vieram para ela, jovens poetas, ainda tresandando à grossa boêmia; vieram para ela, imponentes tenentes de artilharia, ainda cheirando aos "cadernos" da escola; vieram para ela, velhos possuidores de escravos, cheios de ódio ao antigo regímen por haver libertado os que tinham; vieram para ela, bisonhos jornalistas da roça recheados de uma erudição à florda pele, e também alguns dos seus colegas da capital, eivados do Lamartine, História dos girondinos, e entusiastas dos caudilhos das repúblicas espanholas da América. Era mais ou menos esse o pessoal de que secompunha a nova Constituinte.
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Tinham entrado no ritual da nova República os banquetes pantagruélicos; e, nas vésperas dareunião, houve um de estrondo.(...) A Carta da Bruzundanga, que começou imitando a do país dos gigantes, foi inteiramente obedecida nessa passagem, e de um modo religioso. No que toca ao resto, porém, ela tem sofrido várias mutilações, desfigurações e interpretações demodo a não me permitir continuar a dar mais apanhados dela, a menos que quisesse escrever um livro de seiscentas páginas
http://www.aprendebrasil.com.br/classicos/obras/Os_bruzundangas.pdf
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Sátira. Bruzundanga é um país fictício, parecidíssimo com o Brasil do começo do século e o de hoje, cheio de elites incultas dominando um povo, com racismo [javaneses lá, mulatos como o autor cá], pobreza, obsessão com títulos e riquezas e uma literatura de enfeite, sem sentido e desatualizada. O livro é um diário de viagem de um brasileiro que morou tempos na Bruzundanga e conheceu a sua realidade.
1881 - 1922
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O homem só consegue recriar a quilo que faz parte da sua noção de relações sociais ou contexto cultural. Ele jamais se desprende de seu grau de entendimento . Ele revela o natural e o transforma em patrimônio cultural.
A IMITAÇÃO É UM PROCESSO REVELADOR
A mimesis está na apreensão do ser humano e do mundo
O MOMENTO HISTÓRICO É A FONTE DA CRIAÇÃO LITERÁRIA
O contexto histórico com todas as suas particularidades e características, conflitos e relações é o material que possibilita a imitação do real.
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A literatura, quando finge o particular, atinge a coletividade, a universalidade. Permite a avaliação de outras realidades semelhantes. Isso traduz a universalização da literatura.
Exemplo: Machado de Assis – o ser humano
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Segundo Aristóteles, filósofo grego, a Catarse é o meio através do qual o Homem purifica sua alma, através da representação trágica. Para ele, a tragédia é um estilo derivado da poética dramática, e consiste na reprodução de ações nobres, por intermédio de atores, os quais imitam no palco as desventuras dos heróis trágicos que, por escolhas mal realizadas, passam da felicidade para a infelicidade, provocando na platéia sentimentos de terror e piedade, purgando assim as emoções humanas.
É um termo grego que significa purgação.
É a libertação promovida pela criação artística. Toda obra de arte opera no homem a catharsis, por que opera uma sensação de prazer, de plenitude – transformando o leitor, gerando uma sensação de abrandamento das emoções.
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MIMESIS INTERLIGADAS CATHARSIS
Mimesis gera a catharsis, pois uma boa imitação do real pode gerar uma gama de emoções no leitor, transformando-o. As revelações do processo mimético gera múltiplas interpretações do texto que possui uma linguagem em permanente estado de atualização