OCORRÊNCIA DE FUNGOS ANEMÓFILOS NOS LABORATÓRIOS …
Transcript of OCORRÊNCIA DE FUNGOS ANEMÓFILOS NOS LABORATÓRIOS …
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS BACHARELADO
OCORRÊNCIA DE FUNGOS ANEMÓFILOS NOS LABORATÓRIOS DIDÁTICOS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS RONDONÓPOLIS
BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
LUÍS ARTUR MOREIRA NUNES
Rondonópolis, MT – 2020
OCORRÊNCIA DE FUNGOS ANEMÓFILOS NOS LABORATÓRIOS DIDÁTICOS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS RONDONÓPOLIS
por
LUÍS ARTUR MOREIRA NUNES
Monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos requisitos do Curso de Graduação em Biologia para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas.
Orientadora: Profª. Ms. Virginia Siqueira da Silva
Rondonópolis, Mato Grosso – Brasil
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS BACHARELADO
A comissão examinadora abaixo assinada aprova o trabalho de
curso
OCORRÊNCIA DE FUNGOS ANEMÓFILOS NOS
LABORATÓRIOS DIDÁTICOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
MATO GROSSO CAMPUS RONDONÓPOLIS
Trabalho de conclusão de
curso elaborado por Luís Artur
Moreira Nunes como requisito
parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Ciências
Biológicas.
Comissão Examinadora
_________________________________________
Profª. Ms. Virginia Siqueira da Silva
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
____________________________________________
Profa. Dra. Simoni Maria Loverde Oliveira.
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
_______________________________________
Profa. Dra. Sueli Maria Alves
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
Rondonópolis, 11 de março de 2020
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força e saúde para
manter meus estudos longe de casa.
Também a esta universidade, corpo docente, direção e administração que
me deu a oportunidade deste estudo.
À minha orientadora, Virginia Siqueira da Silva, de quem fui monitor de
microbiologia durante quatro semestres da minha graduação, sempre com a
maior dedicação e prazer, pela paciência e incentivos constantes.
À minha avó materna, Cirene Gonçalves Nunes, pelo amor incondicional
e preocupação com minha formação.
À minha colega de curso, Anita Neta, que me ajudou em vários momentos
da minha pesquisa.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação.
RESUMO
Os fungos anemófilos são organismos que vivem dispersos no ar, podendo ou não ser patogênicos. O objetivo deste trabalho foi identificar quantitativa e qualitativamente fungos anemófilos nos laboratórios didáticos do curso de Ciências Biológicas, da Universidade Federal de Mato Grosso, campus Rondonópolis-MT. A coleta dos fungos ocorreu em novembro de 2019 no período da manhã, tendo como áreas avaliadas: Laboratório de Bioquímica, Laboratório de Botânica, Laboratório de Microbiologia, Laboratório de Química e área externa do piso superior do Bloco-E. Foram utilizadas 20 placas de Petri contendo Ágar Sabouraud, devidamente esterilizadas, com 4 placas para cada ambiente estudado, sendo três para exposição ao ar e uma como controle. As placas foram incubadas na estufa à temperatura de 27oC ± 1oC. No decorrer de cinco dias, foi realizada a contagem das Unidades Formadoras de colônias (UFCs) e a identificação dos fungos anemófilos foi baseada na associação dos aspectos macroscópicos com as características microscópicas e no exame direto da cultura primária. As colônias não identificadas após o período de incubação foram transferidas para placas com Ágar Sabouraud, para isolamento e produção das estruturas reprodutivas que permitissem a identificação. Foram encontrados 9 gêneros de fungos filamentosos, destacando-se os gêneros Cladosporium spp., Aspergillus spp., Curvularia sp.e Penicillium spp. Também foram encontradas diversas leveduras, as quais não foi possível identificar à nível genérico. Verificou-se que a área externa e o Laboratório de Botânica foram os ambientes com maior crescimento de UFC’s. Todos os laboratórios apresentaram relação I/E abaixo de 1,5 portanto, dentro das normas da ANVISA.
Palavras-chave: Fungos anemófilos; leveduras; laboratórios.
ABSTRACT
Occurrence of anemophilous fungi in the teaching laboratories of the Federal University of Mato Grosso Campus Rondonópolis.
Anemophilic fungi are living beings that live dispersed in the air, and may or may not be pathogenic. This work's goal was to identify quantitatively and qualitatively anemophilous fungi and yeasts in the labs of the Biological Sciences course of the Federal University of Mato Grosso, Rondonópolis campus - MT. The study was carried in the month of November of 2019, researching the following locations: Biochemistry Laboratory, Botanic Laboratory, Microbiology Laboratory, Chemistry Laboratory and the common area of the upper floor of block E. The collection took place in the morning and for that 20 sterilized petri dishes containing Sabouraud agar were used; 4 dishes for each location, being 3 for air exposure and one as control. The dishes were incubated at temperature between 27± 1oC. Over the course of five days, colony forming units (CFU) were counted and the identification of anemophilic fungi was based on the association of macroscopic aspects with microscopic characteristics and direct examination of the primary culture.The cultures that couldn't be identified after the incubation period were transferred to dishes with Sabouraud agar, to grow isolated until the production of reproductive structures that enabled identification. It was found 9 filamentous fungi genera, highlighting the genera Aspergillus spp., Cladosporium spp., Curvularia spp. e Penicillium spp. Several yeasts have also been found, which weren't identified. It was found that the outdoor area and the Botany Laboratory were the environments with the highest growth of UFC's.All laboratories had a I/E ratio below 1.5, which shows values within ANVISA standards.
Keywords: Anemophilous fungi; yeasts; laboratories.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Relação quantitativa de Unidades Formadoras de Colônias (UFC’s) e valor máximo recomendável (VMR) ao final de 5 dias de contagem. ............... 27 Tabela 2: Gêneros de fungos identificados e não identificados, por ordem de frequência......................................................................................................... 30 Tabela 3: Lista de táxons registrados por placas para cada ambiente analisado. ....................................................................................................................... ..31
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Foto de colônias de Aspergillus (cinza) e Cladosporium (preta). ...... 28 Figura 2: Foto de uma das placas externas. .................................................... 28 Figura 3: Foto da microscopia de Cladosporium sp. ........................................ 28 Figura 4: Foto da microscopia de Aspergillus sp.. ............................................ 28
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Variação das médias de temperatura e umidade no entorno do Bloco Didático, no período estudado. ......................................................................... 27 Gráfico 2: Contagem das UFC’s durante os 5 dias de crescimento em estufa das amostras coletadas. ......................................................................................... 29
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10 2. OBJETIVOS ................................................................................................. 12
2.1 Objetivo Geral: .................................................................................................................. 12
2.2 Objetivos Específicos: ........................................................................................................ 12
3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 13 3.1 Conceitos gerais de micologia ........................................................................................... 13
3.2 O Ar.................................................................................................................................... 14
3.3 Microbiologia do ar ........................................................................................................... 16
3.4 Propagações de patógenos transmitidos pelo ar .............................................................. 17
3.5 Fungos anemófilos em ambientes climatizados ............................................................... 18
3.6 Gêneros fúngicos identificados ......................................................................................... 18
4. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 24
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 26 6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 33
10
1. INTRODUÇÃO
Os fungos possuem uma enorme distribuição na natureza e podem ser
encontrados em vários hábitats: ar, água, solo, animais e alimentos. Na maioria
das vezes não são patogênicos, mas podem agir como patógenos oportunistas.
Possuem facilidade para colonizar diferentes substratos, têm vasta distribuição
geográfica e segundo Oliveira & Borges-Paluch (2015) conseguem crescer em
condições ambientais de diferentes formas, podendo ser parasitas,
decompositores, absortivos.
Durante muito tempo, os fungos foram considerados como vegetais e,
somente a partir de 1969, passaram a ser classificados em um reino à parte
denominado Fungi. Apresentam um conjunto de características que permitem
sua diferenciação das plantas: não sintetizam clorofila nem qualquer pigmento
fotossintético; não tem celulose na parede celular, exceto alguns fungos
aquáticos; também não armazenam amido como reserva de energia. Possuem
parede celular de quitina e a capacidade de armazenar glicogênio. São
considerados microrganismos ubíquos, com organização celular e DNA
delimitado por um envoltório nuclear que obtém seu alimento pela absorção de
nutrientes presentes no ambiente (LACAZ et al., 2002).
A dispersão dos fungos na natureza é feita por várias vias: animais,
homens, insetos, água e, principalmente, pelo ar atmosférico, através dos
ventos.
Os fungos que vivem no ar atmosférico são denominados anemófilos,
sendo esse habitat o meio de dispersão mais utilizado por estes microrganismos,
que possuem a capacidade de colonizar diferentes substratos e habitats de
forma singular e muito eficiente. Assim, dificilmente pode existir ambiente livre
de contaminação fúngica, pois estes organismos têm o ar atmosférico como seu
principal meio e suportam grandes variações de temperatura, umidade, pH e
concentrações de oxigênio. Sendo assim, são facilmente encontrados em
ambientes internos e qualquer lugar que tenha condições para o seu
desenvolvimento (LACAZ et al., 2002).
A contagem e caracterização dos fungos anemófilos, assim como os
fatores internos e externos que levam à formação dessa microbiota, são
11
importantes para avaliação de locais onde lida-se com material biológico,
realizam-se estudos práticos e onde há exposição de estudantes. Alguns
ambientes de estudo, como laboratórios e bibliotecas podem oferecer condições
para a proliferação de fungos devido à disponibilidade de substrato, condições
de umidade e temperatura etc. Portanto esses ambientes devem possuir controle
de microbiota ambiental, evitando assim possíveis complicações e doenças
provocadas por fungos oportunistas (CORRÊA, 1998; KNEIFEL, CZECH &
KOPP, 2001).
Assim, para avaliar as condições do ar em locais frequentados pelos
estudantes do curso de Ciências Biológicas, este estudo teve por objetivo
verificar a presença de fungos anemófilos em laboratórios didáticos através da
contagem de unidades formadoras de colônias e identificação genérica.
12
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral:
Analisar quantitativa e qualitativamente os fungos anemófilos e
leveduriformes em amostras do ar dos laboratórios do Bloco Didático da UFR.
2.2 Objetivos Específicos:
• Comparar os dados da relação de I/E, para verificar a qualidade do
ar de cada laboratório, segundo ANVISA;
• Determinar a concentração de fungos desenvolvidos em amostras
do ar de quatro laboratórios e área externa do bloco;
• Identificar os principais gêneros de fungos presentes em cada
ambiente;
• Comparar a concentração de fungos e leveduras nos diferentes
laboratórios.
13
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Conceitos gerais de micologia
O termo micologia tem origem grega, derivado de mikes(fungo) + logos
(estudo), e é a ciência responsável por estudar os fungos e as diversas áreas
em que eles podem ser utilizados, desde a alimentação até a medicina. Através
dos fungos é possível realizar a fermentação de diversos alimentos e bebidas,
aumentar a capacidade de captação de água por meio das plantas na agricultura,
e também foi esta ciência responsável pela descoberta da penicilina, poderoso
antibiótico utilizado até os dias atuais (PELCZAR, 1996).
Por muito tempo os fungos foram considerados como vegetais, e foi
somente em 1969 que Whittaker propôs o Reino dos Fungos, Fungi. Uma rede
de características permitiu a diferenciação destes organismos: não sintetizam
clorofila ou qualquer outro pigmento fotossintético, não possuem celulose na
parede celular (com exceção de alguns fungos aquáticos), e não armazenam
amido como substância de reserva (GOMPERTZ, GAMBALE, PAULA,
CORRÊA, 2008).
Fungos são eucarióticos, pois possuem núcleo com membrana celular,
podem ter apenas um núcleo, como é o caso de leveduras, ou ser
multinucleados, como os bolores e cogumelos.
O desenvolvimento ocorre em formas de colônias de dois tipos:
leveduriformes e filamentosas.
As colônias do tipo leveduriformes são pastosas, e compreende o grupo
das leveduras; os organismos deste grupo são unicelulares, e neste caso, a
célula realiza as funções reprodutivas e vegetativas.
A reprodução pode ser feita por brotamento, onde a partir da célula-mãe,
formam-se gêmulas ou blastoconídeos, geralmente de aparência arredondada
ou oval, que podem ou não desprender-se da célula-mãe, este fator é
determinado pela espécie; ou por fissão binária, neste caso a célula-mãe divide-
se em duas células de tamanhos iguais. Também existem leveduras capazes de
originar esporos sexuados, ascósporos, após duas células sofrerem fusão
celular e nuclear seguida de meiose.
14
As colônias filamentosas possuem aparência aveludada, pulverulentas, e
podem possuir uma diversa gama de cores. São seres essencialmente
multicelulares, apresentam-se formados por hifas, filamentos longos e
ramificado, que em conjunto com outras hifas, formam o talo de um fungo
denominado micélio. O micélio pode manifestar-se de diferentes maneiras:
micélio vegetativo, aéreo ou reprodutivo.
Os fungos se reproduzem através de esporos sexuados e assexuados. A
reprodução sexuada está envolvida na união de duas células sexuais
sexualmente compatíveis. Os fungos podem utilizar, ao mesmo tempo, os dois
modos de reprodução ou um ou outro isoladamente (STROHL, ROUSE E
FISCHER, 2001).
Também é possível observar a reprodução vegetativa, em que não são
necessárias estruturas reprodutoras específicas, na qual uma pequena parte da
hifa é capaz de originar um novo micélio; Mycelia sterilia é o nome dado a estes
fungos que apresentam esse tipo reprodutivo.
A reprodução assexuada é normalmente a mais importante para a
propagação da espécie, pois se repete várias vezes por ano. A formação dos
esporos assexuados pode fazer-se de duas formas, nomeadamente dentro de
estruturas unicelulares, dando origem a endósporos ou esporangiósporos, ou
externamente dando origem a exósporos ou conídios (FREITAS, 2000;
FISCHER E COOK, 1998).
A reprodução sexuada dos fungos só pode ocorrer em ambientes de
atmosfera rica em oxigênio, enquanto o crescimento vegetativo e a reprodução
assexuada podem ocorrer em meios com pouco oxigênio.
3.2 O Ar
O ar é a resposta de uma combinação de gases que compõe a atmosfera
Terrestre, e graças à força gravitacional se encontram presentes no Planeta
Terra. É um elemento fundamental, único e indispensável para garantir a vida no
planeta.
Troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera, são as cinco
camadas da atmosfera, cada uma com uma variável de altitude, temperatura e
15
composição do ar. O ar encontrado na troposfera está continuamente
relacionado ao processo de respiração de todos os seres vivos, esta camada
cobre 7 km de altitude nos polos, e 16 km nos trópicos. Possui uma delicada
composição, de proporções variáveis que se aproximam em: 21% oxigênio, 78%
nitrogênio, 1% argônio e em torno de 0,03% de dióxido de carbono. Vapor de
água (a quantidade depende de fatores como clima, temperatura e local), ozônio,
hidrogênio, e gases nobres como argônio e criptônio, também podem ser
encontrados.
As atividades humanas alteram a composição do ar, e consequentemente
a qualidade do mesmo e fatores químicos, físicos ou biológicos podem estar
relacionados a estas alterações.
Em ambientes internos, a qualidade do ar depende de maneira direta do
ar externo, porém é mutável de acordo com as atividades que ocorrem em cada
instalação. Entende-se como ar interno aquele de áreas não industriais, como
de universidades, escolas, hospitais, domicílios e escritórios. Dessa forma, o
estudo relacionado à sua qualidade é de extrema relevância, visto que, é
necessário para assegurar a saúde dos habitantes dos edifícios, bem como o
bom desempenho de suas tarefas e serviços (SCHIRMER et al., 2011)
Existem regulamentações para se tratar da qualidade do ar, e quanto aos
ambientes internos, existe uma norma regulamentada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), a Resolução nº 9, de 16 de janeiro de 2003. Essa
Resolução determina padrões referenciais da qualidade do ar interior em
ambientes climatizados públicos ou coletivos.
Por meio de análises microbiológicas, determina-se:
1 - O Valor Máximo Recomendável - VMR, para contaminação microbiológica
deve ser = 750 ufc/m³ de fungos, para a relação I/E = 1,5, onde I é a quantidade
de fungos no ambiente interior e E é a quantidade de fungos no ambiente
exterior.
1.1 - Quando o VMR for ultrapassado ou a relação I/E for > 1,5, é necessário
fazer um diagnóstico de fontes poluentes para uma intervenção corretiva.
1.2 - É inaceitável a presença de fungos patogênicos e toxigênicos.
2 - Os Valores Máximos Recomendáveis para contaminação química são:
2.1 - = 1000 ppm de dióxido de carbono - (CO2), como indicador de renovação
de ar externo, recomendado para conforto e bem-estar.
16
2.2 - = 80 µg/m3 de aerodispersóides totais no ar, como indicador do grau de
pureza do ar e limpeza do ambiente climatizado.
3 - Os valores recomendáveis para os parâmetros físicos de temperatura,
umidade, velocidade e taxa de renovação do ar e de grau de pureza do ar,
deverão estar de acordo com a NBR 6401 - Instalações Centrais de Ar
Condicionado para Conforto - Parâmetros Básicos de Projeto da ABNT -
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
3.3 Microbiologia do ar
A aeromicrobiologia é o estudo das formas microbianas viventes no
ar, esta ciência é derivada da aerobiologia, termo criado no ano de 1930, ciência
responsável pelo estudo da transmissão aérea de material biológico. A flora
microbiana do ar é transitória e variável, e mesmo que o ar não seja um meio no
qual os microrganismos possam crescer, pois a variação de temperaturas, baixa
concentração de material orgânico, escassez de água e intensidades luminosas
elevadas são fatores que tornam o ar um ambiente inóspito para o crescimento
destes organismos; contudo, o mesmo é portador de partículas que podem estar
carregadas de agentes contaminantes como vírus, bactérias, fungos,
protozoários, e outros materiais de origem biológica como esporos fúngicos,
partículas de descamação, dejetos de insetos e ácaros, além de diversos
microrganismos causadores de doenças que são transmitidos por via aérea
(NICOLAU, 2016).
A quantidade e variedade desses agentes contaminantes dependerão das
fontes de contaminação que existam no ambiente, e poderão ser encontradas
em suspensão, gotas de água, material particulado, e através dos ventos,
turbulências da atmosfera ou massas de ar, são transportadas para outros locais.
Os organismos introduzidos no ar podem ser conduzidos ao longo de poucos
centímetros ou mais de quilômetros de distância (PELCZAR, 1996).
Segundo Nicolau (2010) a região inferior da troposfera, denominada
camada limite atmosférica, mantém contato direto com a terra, se estendendo a
cerca de 0,1 km da superfície durante a noite, e variando de 1 a 2 km da
superfície terrestre durante o dia, o que torna esta camada a principal
responsável pelo transporte horizontal de partículas. O local influencia
17
diretamente os números e possibilidades de microrganismos a serem
encontrados, por exemplo: a quantidade de microrganismos no ar é superior nas
regiões sobrejacentes às zonas terrestres do que em relação às regiões
marítimas.
Em zonas terrestres povoadas, é comum detectar a presença de
esporos de Bacillus e Clostridium, ascósporos de variadas leveduras, esporos
de bolores e estreptomicetos, fragmentos de micélio, entre outros.
Cladosporium, Penicillium, Aspergillus, e Alternaria, em particular, são mais
frequentes sobre o mar e em distâncias de aproximadamente 650 km da terra
(NICOLAU, 2010).
3.4 Propagações de patógenos transmitidos pelo ar
Segundo Pelczar (1997) os patógenos transmitidos pelo ar podem ter
origem ambiental ou humana.
Poeira infecciosa e aerossóis produzidos por seres humanos:
microrganismos causadores de infecções respiratórias presentes em fluidos
nasais e de garganta de pessoas contaminadas. Ao tossir ou espirrar a pessoa
expele o aerossol, gotículas maiores podem ser inaladas por outras pessoas que
estejam próximas ou podem ser depositadas sobre roupas e objetos, onde
sequencialmente irão evaporar e deixar resíduos.
Ao movimentar os objetos, é possível que sejam produzidas partículas de
poeira que podem adicionar estes patógenos ao ar que circula no ambiente,
disseminando as infecções. Gotículas menores também podem ser inaladas,
porém como são menores, tendem a evaporar mais rápido. Alguns
microrganismos patogênicos podem sobreviver por tempos relativamente
grandes na poeira, isso dependerá da espécie do mesmo.
Poeira infecciosa e aerossóis produzidos por fontes ambientais: o fungo
causador da Histoplasmose é um exemplo de patógeno transmitido por meio de
fontes ambientais, pois existem patógenos presentes no solo, e ao inalar a poeira
do solo contaminado, poderá ocorrer a infecção.
18
3.5 Fungos anemófilos em ambientes climatizados
Os ambientes estudados foram laboratórios climatizados artificialmente
com ar-condicionado e/ou ventilador, porém sem proteção por filtros HEPA (high
efficiency particulate air). Em ambientes climatizados, o acúmulo de partículas e
umidade nos filtros e bandejas do ar condicionado pode funcionar como
importante fonte de bioaerossóis Diante disso a necessidade de se estudar o ar
de ambientes que ficam na maioria do tempo fechados e que utilizam aparelhos
para circulação do ar, sendo o estudo da sua qualidade importante para se ter
a garantia de que os ocupantes desses locais não tenham sua saúde
comprometida, bem como o desempenho de suas atividades (GIODA, 2003).
Os agentes que podem ser contaminantes de ambientes interiores,
podem ter origem biológica: bactérias, vírus, fungos, ácaros, algas, etc.; físicas:
temperatura, umidade, renovação do ar; química: corantes, óxidos, produtos de
limpeza, gazes; e também podem ser inertes, como: fibras naturais e sintéticas,
matéria particulada e restos mortais de pequenos insetos (SOUSDALEFF,
2016).
A concentração de fungos filamentosos no ar é o parâmetro
microbiológico que representa melhor o nível de ocupação dos ambientes,
confirmando seu uso como indicador da qualidade do ar de interiores, sendo
Aspergillus e Penicillium os gêneros de fungos mais frequentes.
Vários estudos têm sido conduzidos para analisar a qualidade do ar em
laboratórios e outros ambientes (MARTINS, 2016; MARTINS et al. 2014).
Segundo Boff (2011), nos hospitais, geralmente os ambientes internos são
climatizados, e estudos anteriores mostraram que os gêneros Penicillium e
Cladosporium foram os mais prevalentes.
3.6 Gêneros fúngicos identificados
Acremonium spp.
O gênero Acremonium contém muitas espécies; a maioria é saprófito, isolada do material vegetal morto e do solo. Várias espécies, incluindo
19
A. recifeie A. alabamense, são reconhecidas como patógenos oportunistas do
homem e dos animais, causando micetoma, ceratite micótica e onicomicoses.
Macromorfologia: As colônias geralmente crescem lentamente,
geralmente compactas e úmidas no início, tornando-se pulverulentas,
semelhantes a camurça ou flocos com a idade e podem ser de cor branca, cinza,
rosa, rosa ou laranja.
Micromorfologia: As hifas são finas e hialinas e produzem principalmente
fiálides eretos simples em forma de furador com colares discretos. Os conídios
são geralmente unicelulares, hialinos ou raramente pigmentados, globosos a
cilíndricos e geralmente agregados em cabeças viscosas no ápice de cada
fiálide. Clamidósporos podem estar presentes (GLENN et al. 1996,
SUMMERBELL et al. 2011)
Alternaria spp.
Gênero de fungos com cerca de 300 espécies, possui distribuição
mundial, considerado um contaminante saprófito. Agente causador de
patogenias em humanos e animais, atinge preferencialmente pele e membranas
mucosas, incluindo o trato respiratório (ZOPPAS, 2005).
Macromorfologia: Crescimento rápido que varia entre 3-4 dias, possui
textura aveludada. Colônia lanosa, inicialmente de coloração branco-
acinzentado, em seguida apresenta coloração verde-musgo com tendência ao
preto.
Micromorfologia: presença de hifas demáceas com vários dictioconídios
em cadeia, formados a partir de uma hifa através de um poroconídeo. Os
conídios (20-60 μm) possuem septos horizontais e verticais e base na forma de
baquete com ápices afilados (ZOPPAS, 2005). Uma de suas extremidades é
pontiaguda, e forma uma espécie de bico, que geralmente sucede de outro
conídio (SIDRIM, 2004).
Aspergillus spp.
Gênero de fungos de coloração branco amarelado, apresenta formação
de pedúnculos e uma ponta colorida, as espécies deste gênero são ubíquas no
ambiente, podem ser encontradas no solo, água e ar, desde que o ambiente seja
rico em oxigênio, e podem se desenvolver em uma grande variedade de
20
materiais orgânicos. Foi catalogado em 1729 por Micheli. Existem
aproximadamente 200 espécies catalogadas, sendo que destas 200, de 16-20
espécies podem infectar o ser humano e causar Aspergilose. Os problemas de
saúde causados por Aspergillus vão de hipersensibilidade até formas
pulmonares e cerebrais. É um patógeno comum, disseminado pelo ar na forma
de esporos.
Macromorfologia: Colônia que apresenta rápido crescimento, inicialmente
branca com textura de algodão, tornando-se cinza-esverdeada e de textura
aveludada, com reverso branco ou castanho.
Micromorfologia: Conidióforo liso, incolor com tendência de tornar-se
verde, possui vesícula hemisférica e com uma série de fiálides densa, localizada
nos três quartos superiores da vesícula. Conídios globosos, que podem também
se apresentar em forma de rugosos ou equinulados (RAPPER & FENNEL, 1965;
SIDRIM, CORDEIRO & ROCHA, 2004).
Cladosporium spp.
Gênero de fungos considerados como fungos ambientais e de disposição
mundial, é um dos gêneros mais veiculados em estudos de monitoramento de
ambientes externos, facilmente transportado pelo vento, pois possui conídios
reduzidos.
Macromorfologia: Crescimento moderadamente lento, que varia em torno
de sete dias, possui coloração verde-oliva escuro a preto, e reverso preto, com
textura aveludada baixa (SIDRIM, 2004).
Micromorfologia: Possuem filamentos demáceos, conidióforos curtos ou
longos, apresentam conídios em cadeia em suas extremidades. Os conídios
podem ser lisos ou verrucosos, elipsoides ou globosos, e uma cicatriz hilar
pigmentada característica do gênero (SIDRIM, 2004).
Curvularia spp.
Geralmente presentes em países tropicais e subtropicais, porém são
considerados de ampla distribuição. Inicialmente considerados fungos
saprófitas. De maneira clínica, o gênero é implicado em casos de sinusites,
micetomas, ceratite, e feo-hifomicoses de variados campos anatômicos.
21
Macromorfologia: Crescimento rápido, de três a quatro dias, coloração
variada entre verde-oliva, marrom ou preto, recobertas de micélio cotonoso
frouxo de coloração acinzentada, reverso preto. Possui textura baixa e
aveludada (SIDRIM et al., 2004).
Micromorfologia: Possui hifas demáceas septadas, com conidióforos
eretos, castanhos e multicelulares. Macronídios apresentam de quatro a cinco
células, são curvos, escuros, com distenção central e extremidades mais claras
do que o centro (SIDRIM et al., 2004; ZOPPAS, 2005).
Fusarium spp.
Fungos ubíquos e fitopatogênicos podem causar uma numerosa
variedade de manifestações clínicas, atingindo tecidos superficiais e profundos.
As manifestações clínicas podem ser: ceratite, micetomas, onicomicoses e
formas cutâneas.
Macromorfologia: Colônias algodonosas, de coloração que pode variar
entre branco e cinza, rosada ou violeta, crescimento rápido de dois a quatro dias.
Reverso variável, mas de maneira geral se apresenta mais claro do que o verso.
(SIDRIM, CORDEIRO e ROCHA, 2004).
Micromorfologia: Hifas hialinas delgadas e septadas, produzem micro e
macronídios produzidos a partir de fiálides em forma de fuso hialino. Macronídios
se apresentam solitários, possuem extremidades afiladas, piriformes ou
falciformes, unicelulares, bicelulares, com até cinco septos, curvos ou retos.
(ZOPPAS,2005)
Mucor spp.
Fungos fitopatogênicos, saprófitas, habitantes do solo comum, e parasitas
fracos. Podem ser encontrados em materiais em decomposição.
Macromorfologia: Crescimento rápido, algodoadas, com coloração
variável entre branco e amarelo, e devido ao desenvolvimento dos esporângios
eventualmente se torna cinza escuro. Este gênero é diferenciado dos Rhizopus
pela ausência de rizoides e estolhos.
Micromorfologia: Possui corpos de frutificação formados por uma pequena
massa de esporos sobre uma haste, pequenos e simples.
22
Penicillium spp.
Gênero de fungos filamentosos, septados e hialinos, portador de diversas
espécies, ampla distribuição na natureza, ubíquos e cosmopolitas. Conhecido
comumente como bolor de pão cresce facilmente em matéria orgânica morta,
como queijos, frutas e cereais. Dificilmente são isolados como agente causador
de quadros alérgicos e infecções.
Macromorfologia: Apresentam crescimento rápido em meio de cultura,
variando entre três e quatro dias, inicialmente de textura baixa, algodonosa ou
aveludada, em tons de branco, e torna-se de coloração amarelo-laranja;
amarelo-esverdeado; verde ou azul-esverdeado rapidamente. (SIDRIM et al.,
2004).
Micromorfologia: Hifas hialinas septadas, com conidióforo simples ou
ramificado. Apresentam fiálides que dão origem a conídios que se encontram em
cadeia de extensão variável. Conídios podem possuir parede lisa ou rugosa,
hialinos ou levemente esverdeados, e possuem formato esférico. (SIDRIM et al.,
2004; ZOPPAS, 2005).
Rhizopus spp.
Gênero de fungos facilmente encontrados sobre matéria orgânica que
esteja em decomposição. Quanto a parte clínica, sabe-se que podem causar
infecções respiratórias, de pele, produzir infecções do trato digestivo através do
consumo de alimentos contaminados.
Macromorfologia: Crescimento rápido de dois a quatro dias, textura
algodonosa e crescimento denso, inicialmente apresenta a coloração
esbranquiçada indo para o cinza ou até mesmo amarelo-acastanhado, reverso
branco, e preenchem toda a superfície do meio de cultivo (SIDRIM et al., 2004).
Micromorfologia: Possuem largas hifas, comuns aos zigomicetos, e
poucas septações. Forma vários estolões e une grupos de esporangióforos, com
diversos esporangiósporos irregulares em seu interior. Estolões e rizoides
diferenciam os gêneros Mucor e Rhizopus (SIDRIM et al., 2004).
23
Leveduras
As leveduras estão presentes normalmente na microbiota do organismo,
mas também é isolada no ar ambiente. As mais comuns de serem encontradas
no ar são Candida spp e Rhodotorula spp. (MILAN & ZAROR, 2004).
Macromorfologia: Colônias maduras em 48 horas produzem colônias
glabras. Textura cremosa e superfície lisa são suas principais características a
princípio (MILAN & ZAROR, 2004; VANDEWOUDE et al., 2006).
Micromorfologia: Estruturais ovuladas ou arredondadas, é possível
observar pseudohifas (MILAN & ZAROR, 2004; VANDEWOUDE et al., 2006).
24
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
O estudo foi realizado nos laboratórios do Bloco Didático (Bloco-E) da
Universidade Federal de Mato grosso, campus de Rondonópolis, com
amostragem no mês novembro de 2019. Foram selecionados quatro laboratórios
do bloco, sendo eles: Laboratório de Bioquímica (LBio), Laboratório de Botânica
(LB), Laboratório de Microbiologia (LM) e Laboratório de Química (LQ); e
também a área externa (AE) do piso superior onde estão localizados todos os
laboratórios didáticos.
Amostragens
Para as coletas de fungos presentes no ar, foram utilizadas 20 placas de
Petri (90 x 15 mm) devidamente esterilizadas e com 20 ml de Ágar Sabouraud
em cada; sendo 3 placas para exposição do ar de cada ambiente, expostas por
15 minutos, segundo a técnica de deposição gravitacional (PEREIRA et al.,
2013) a uma altura aproximadamente de um metro do chão; cada ambiente
também teve uma placa de controle.
Após a coleta, as placas foram seladas e incubadas na estufa de cultura
do Laboratório de Microbiologia no Bloco E da UFR à temperatura de 27oC ± 1oC
para que as Unidades Formadoras de Colônia (UFC) conseguissem se
desenvolver adequadamente. Após isso, foi realizada a contagem das UFC’s
diariamente, sempre no mesmo horário, por tempo suficiente para o máximo
desenvolvimento das estruturas que possibilitaram a identificação dos diferentes
gêneros fúngicos, evitando assim o comprometimento das estruturas devido ao
crescimento desordenado e a sobreposição de algumas colônias.
25
Identificação
Ao decorrer de cinco dias, a identificação dos fungos anemófilos foi
baseada na associação dos aspectos macroscópicos com as características
microscópicas do exame direto da cultura primária. Foram retiradas pequenas
amostras com fita adesiva e coradas com lactofenol azul-de-algodão.
As colônias que não foram identificadas após o período de incubação
foram transferidas para placas com meio Ágar Sabouraud estéreis, para
crescerem isoladas até a produção das estruturas reprodutivas que permitissem
a identificação dos fungos.
A identificação dos gêneros fúngicos anemófilos baseou-se na
observação direta das culturas nas placas de Petri, associando-se os aspectos
macroscópicos e microscópicos. Para a confirmação dos dados, foram utilizadas
propriedades de esporulação em meio Sabouraud, de acordo com Lobato et al.,
(2007). Também foi utilizada a chave de identificação para estruturas
microscópicas de Lacaz (2010).
Dados de temperatura e umidade
Os dados de temperatura e umidade, medidos no período da coleta foram
obtidos do Instituto Nacional de Metereologia (INMET) pelo site
http://www.inmet.gov.br/portal/, onde foi possível ter acesso às informações de
hora em hora, sobre as temperaturas máximas e mínimas e a umidade máxima
e mínima. A partir dos dados, foram calculada as médias de temperatura do ar e
umidade dos sete dias da semana na qual foi realizada a coleta (24/11/2019 a
30/11/2019).
Médias e correlações com normas da ANVISA
A comparação das médias das UFC’s dos ambientes foi feita usando teste
Tukey e ANOVA; para tal foi usado o software Past 3.0.
Para verificar se cada laboratório estava no padrão determinado pela
ANVISA, foi necessário calcular para cada ambiente a relação I/E, onde “I” é a
quantidade de fungos no ambiente interior e “E” é a quantidade de fungos no
ambiente exterior.
26
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos dados climáticos permitiu caracterizar a área do entorno do
Bloco Didático com temperatura média de 26,4 ºC e umidade média de 72%
durante o período estudado. Assim no presente trabalho, o valor médio da
umidade estava relativamente alto e a temperatura com valor mediano, o que
provavelmente favoreceu uma maior concentração de esporos no ar.
Considerando os dados do período de estudo (Figura 1), verificamos que
estas condições são consideradas boas para ocorrência da esporulação, uma
vez que a temperatura ótima ficou entre 25ºC e 30ºC, do mesmo modo que a
alta umidade relativa do ar provavelmente favorece a liberação de conídios.
Segundo Bernardi et al. (2006), com a diminuição da umidade relativa do
ar e uma maior temperatura, o número de propágulos transportados pelo ar é
influenciado negativamente.
É importante ressaltar que os fungos apresentam variações amplas em
sua incidência, de acordo com a estação do ano, temperatura, umidade, hora do
dia, velocidade e direção dos ventos, presença de atividade humana e tipo de
climatização dos ambientes estudados. Destes parâmetros físicos, a
temperatura e a umidade afetam diretamente sobrevivência dos fungos.
Sabe-se que os fungos são muito resistentes, podem sobreviver por
longos períodos em condições adversas. O crescimento vegetativo é observado
melhor, e eficaz, principalmente entre temperaturas de 18ºC a 32ºC. Mesmo que
a reprodução seja impossível abaixo de zero grau, os fungos podem permanecer
em estado latente em temperaturas negativas (-45ºC a -55ºC); temperaturas
acima de 75ºC são letais (LINDFORDS & WICKMAN, 1995).
27
Com relação as culturas, foi possível observar o crescimento de fungos e
leveduras em todas as placas que foram abertas para ter contato com o ar
atmosférico e ocorrer a deposição de esporos e ou estruturas vegetativas, exceto
as placas controle para cada um dos ambientes estudados não tiveram nenhum
desenvolvimento fúngico (Tabela 1).
Tabela 1: Relação quantitativa de Unidades Formadoras de Colônias (UFC’s) ao final de 5 dias de contagem e relação I/E conforme ANVISA.
LB LBio LM LQ AE
Placa 1 13 7 11 6 13
Placa 2 10 9 7 7 18
Placa 3 11 10 10 6 12
Controle 0 0 0 0 0
TOTAL 34 26 28 19 43
Médias 11,3ab 8,6a 9,3ab 6,3a 14,3b
I/E 0,79 0,60 0,65 0,44
Legenda: LB: Laboratório de Botânica, LBio: Laboratório de Bioquímica, LM: Laboratório de
Microbiologia, LQ: Laboratório de Química e AE: Ambiente Externo.
Média seguidas da mesma letra não diferem pelo teste Tukey, ao nível de significância de 5%.
Gráfico 1: Variação das médias de temperatura e umidade no entorno do Bloco Didático, no período estudado.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
24/11/2019 25/11/2019 26/11/2019 27/11/2019 28/11/2019 29/11/2019 30/11/2019
TºC m Máx TºC m Mín U% m Máx U% m Mín
28
Após os cinco dias de acompanhamento do crescimento dos fungos nas
placas, verificamos que o ambiente com maior crescimento de UFC’s foi a área
externa (AE) do Bloco Didático, que teve um total de 43 colônias nas três placas
que tiveram o contato com o ar externo. A diferença foi significativa apenas entre
os ambientes dos laboratórios de Química e Bioquímica e o ambiente externo.
Segundo Boff (2011) os ambientes com aglomerados fúngicos são
influenciados por fatores ambientais como variáveis de temperatura, umidade,
corrente de ar, substratos orgânicos disponíveis, condições climáticas e variação
sazonal, e por fatores físicos compreendidos pela forma, tamanho e densidade
das partículas, entre outras situações que corroboram para o aumento dos
conídios no ambiente. Assim, o resultado encontrado no Ambiente Externo se
Figura 1: Foto de colônias de Aspergillus (cinza) e Cladosporium(preta).
Figura 2: Foto de uma das placas externas.
Figura 4: Foto da microscopia de Cladosporium spp.
Figura 5: Foto da microscopia de Figura 6: Foto da microscopia de Cladosporium sp.
Figura 3: Foto da microscopia de Aspergillus spp.
29
deve, provavelmente, às correntes de ar que possibilitam maior quantidade de
bioaerossóis e poeira em suspensão.
Para a maioria dos ambientes, exceto em LBIO e LM, o crescimento foi lento
inicialmente, aumentando a partir do terceiro dia de incubação. Nos dois
ambientes destacados (AE e LB), o crescimento permanece lento, tornando-se
mais intenso a partir do quarto dia. O gráfico 2 abaixo representa o crescimento
quantitativo das colônias durante o período do estudo.
De uma maneira geral, as curvas mostraram um aumento mais acentuado
na quantidade de UFC’s em todos os ambientes após o quarto dia de incubação,
indicando a necessidade de mais tempo para possibilitar que fungos de
crescimento lento possam se desenvolver melhor. Entre os laboratórios e
considerados, o de Botânica apresentou um crescimento maior (no espaço de
tempo avaliado), superado apenas pelo crescimento das amostras do meio
externo, muito embora para o LM a concentração de UFC’s não tenham tido
diferença significativa do LB.
O aumento progressivo é comum, e tem sido observado em vários
trabalhos, variando no tempo usado para as observações, dependendo do autor
(MARTINS et al., 2014; SOUSDALEFF, 2016; FLORES & ONOFRE, 2010)
Gráfico 2: Contagem das UFC’s durante os 5 dias de crescimento em estufa das amostras coletadas. Legenda: LB: Laboratório de Botânica, LBio: Laboratório de
Bioquímica, LM: Laboratório de Microbiologia, LQ: Laboratório de Química e AE: Ambiente Externo.
30
Entre os principais gêneros de fungos anemófilos encontrados em ambientes de
bibliotecas e laboratórios alguns se destacam como: Cladosporium e Aspergillus.
Segundo Sousdaleff (2016), durante a coleta em período chuvoso de 2014,
houve predomínio dos gêneros Cladosporium spp. e Aspergillus spp., pois foram
encontrados nos 11 laboratórios estudados, seguidos por Mucor spp., Fusarium
spp. e leveduras.
A tabela 2 mostra a frequência dos fungos encontrados, sendo que entre
os fungos identificados, Cladosporium foi o gênero mais frequente, seguido das
leveduras, e dos gêneros Aspergillus, Curvularia e Penicillium. A prevalência do
gênero Cladosporium foi similar a outros trabalhos, uma vez que o mesmo foi
encontrado por outros autores como SOUSDALEFF (2016); FLORES e
ONOFRE (2010); MARTINS (2016).
De acordo com Pantoja (2007), fungos hialinos da família Moliniaceae,
como: Acremonium, Aspergillus, e Penicillium, aparecem com maior frequência,
possivelmente motivados por sua disposição euritópica.
Tabela 2 Gêneros de fungos identificados e não identificados, por ordem de frequência.
Fungos Quantidade
encontrada (UFCs)
Frequência em %
Cladosporium spp. 25 16,7
Leveduras brancas 20 13,4
Aspergillus spp. 17 11,3
Curvularia spp. 15 10
Penicillium spp. 12 8
Acremonium spp. 10 6,5
Fusarium spp. 9 6
Leveduras amarelas 9 6
Alternaria spp. 7 4,5
Mucor spp. 6 4
Rhizopus spp. 4 2,7
Não identificados 16 10,6
Os resultados obtidos em relação aos gêneros são semelhantes àqueles
encontrados por Sousdaleff (2016), que avaliou ambientes de laboratórios da
31
Universidade Tecnológica Federal do Paraná verificando também uma
predominância dos gêneros Cladosporium spp. e Aspergillus spp. O mesmo
resultado foi obtido por Martins (2014) nos laboratórios de microbiologia da
Universidade Federal de Pelotas, sendo Penicillium spp. Registrado como o
gênero predominante.
O gênero Cladosporium também tem sido encontrado em outros
ambientes climatizados; Assim, Flores et al. (2010) quando monitoraram a
presença de fungos anemófilos e leveduras em uma unidade de saúde da cidade
de Francisco Beltrão, no Estado do Paraná, encontraram este gênero
predominando em relação aos demais, seguidos dos gêneros Fusarium sp.,
Penicillium sp., Aspergillius sp., entre outros.
Tabela 3: Lista de táxons registrados por placas para cada ambiente analisado.
Legenda: P1 (placa 1); P2 (placa 2); P3 (placa 3). Locais de amostragem: LB: Laboratório de
Botânica, LBio: Laboratório de Bioquímica, LM: Laboratório de Microbiologia, LQ: Laboratório de
Química e AE: Ambiente Externo.
32
Os gêneros fúngicos e demais UFCs encontrados em cada placa de cada
ambiente foram apresentados na Tabela 3, Cladosporium spp. foi encontrado na
maioria das placas, seguido de Aspergillus spp. e leveduras. Em todas as placas,
fungos que não foram possíveis de identificar, pois os mesmos não formaram
estruturas reprodutivas. Esses fungos podem, provavelmente, fazer parte do
grupo denominado Mycellia sterilia.
Segundo Martins-Diniz et al. (2005) a determinação da composição e
concentração de microrganismos anemófilos de áreas externas ou internas, em
áreas críticas de hospitais tem sido pouco pesquisada, mas alguns estudos têm
enfatizado sua importância, devido ao aparecimento desses agentes em
infecções nosocomiais.
A ocorrência de infecções por fungos anemófilos é bastante conhecida na
literatura médica e os esporos inalados do ar têm sido incriminados como
responsáveis por diversos problemas alérgicos (FURTADO; FERRARONI,
1998). Além dos casos de alergia, os fungos oportunistas como os encontrados
nessa pesquisa (Aspergillus, Cladosporium, Mucor, Fusarium) são responsáveis
por doenças desde otites, micotoxicoses, infecções urinárias, onicomicoses,
infecções oculares e até fungemias em imunodeprimidos ou pessoas mais
suscetíveis à infecção, o que torna de extrema importância o cuidado com a
presença e o monitoramento destes microrganismos em ambientes fechados
onde circulam muitas pessoas, como salas de aula e laboratórios.
6. CONCLUSÃO
Os gêneros mais frequentes nos laboratórios foram: Cladosporium spp.,
Aspergillus spp., Penicillium spp., além de leveduras.
A maior concentração de fungos anemófilos encontrada no Laboratório de
Botânica deve-se provavelmente ao grande fluxo de pessoas e materiais
orgânicos que podem disseminar mais propágulos fúngicos no ambiente interno.
Entre todos os ambientes analisados, o ambiente externo apresentou
maior quantidade de UFC’s possivelmente devido às correntes de vento e a
umidade relativa alta, entre outros fatores.
33
As médias encontradas neste estudo não indicam comprometimento da
qualidade do ar, considerando que a relação I/E para todos os ambientes
internos foi menor que a estipulada pela ANVISA.
Mais estudos sobre fungos anemófilos devem ser feitos, para haver um
melhor monitoramento da concentração de fungos no ar de ambientes interiores
e exteriores, visando a bioindicação da qualidade do ar, o que está ligado
diretamente à saúde.
REFERÊNCIAS
BARNETT, H. L.; HUNTER, B. B. Illustrated Genera of Imperfect Fungi. 1962.
3rd Edition, BurgessPublishing Co., Minneapolis, 241 p. 1962.
BOFF, C. Monitoramento de fungos no ar de unidades de terapia intensiva.
2011.61f. Dissertação (Mestrado em Ciências Pneumológicas) – Faculdade de
Medicina. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
CLSI - Clinical And Laboratory Standars Institute. Reference method for broth
dilution antifungal susceptibility testing of yeasts; approved standard-third
edition. CLSI document M27-A3. 3rd ed. Wayne, PA: Clinical and Laboratory
Standards Institute, 2008.
EJDYS, E. ; DYNOWSKA, N. ; BIEDUNKIEWICZ, A. An Overview of the Species
of Fungi Occurring in School Rooms – a Four – Year Study. Pol. J. Environ.
Stud. v. 22, n. 6, p. 1691-1700, 2013.
FISCHER, F.; COOK, N. B. Fundamentals of diagnostic
mycology.Philadelphia : Saunders, 1998.
FREITAS, G. Micologia geral, micoses cutâneas e mucocutâneas, micoses
subcutâneas e sistémicas. In FERREIRA, V.; SOUSA, J., ed. lit. –
Microbiologia. Lisboa :Lidel, 2000. 291-343.
34
FURTADO, M. S. S.; FERRARONI, J. J. Fungos anemófilos em ambientes
hospitalares da cidade de Manaus. Revista Amazonas Ciência e Cultura. V.
34, p. 42-47, 1998.
GIODA, A.; AQUINO, N. F. R. de. Poluição química relacionada ao ar de
interiores no Brasil.Quím. Nova [online]. 2003. Vol.26, n.3, p.359-365.2003.
GLENN, E. A.; BACON, C. W.; PRICE, R.; HANLIN, R. T. Molecular phylogeny
of Acremonium and its taxonomic implication.In Mycologia, 88(3), 1996, pp.
306-383.
GOMPERTZ, O. F.; GAMBALE, V.; CORRÊA, B.; PAULA, C. R. Micoses
subcutâneas: Esporotricose, Cromoblastomicose, Feo-hifomicose,
Eumicetomas e Lobomicose.In: Microbiologia[S.l: s.n.], p. 888, 2015.
KNEIFEL, W.; CZECH, E.; KOPP, B. Microbial contamination of medicinal plants
– a review. Planta Méd., v.68: p.5-15. 2001.
LACAZ, C. S.; PORTO E.; HEINS-VACCAR, E. M.. Guia para identificação de
fungos actinomicetos e algas de interesse médico. 8. ed. São Paulo: Sarvier,
1998.
LOBATO, R. C.; DANIELSKI, J. C. R.; SILVEIRA, E. S. Pesquisa de fungos
anemóflos em biotério. Vittale, 19: 9-16. 2007.
FLORES, H. L.; ONOFRE, B. S. Determinação da presença de fungos
anemófilos e leveduras em unidade de saúde da cidade de Francisco Beltrão –
PR. SaBios: Rev. Saúde e Biol., v.5, n.2, p.22-26, jul./dez, 2010.
MARTINS, Otávia de Almeida. Fungos anemófilos e leveduras isolados em
ambientes de laboratórios de microbiologia em Instituição de Ensino
Superior. 2016. 64f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Programa de Pós-
Graduação em Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de
Pelotas, Pelotas, 2016.
35
MARTINS, O. T.; MENDES, J. F.; CABANA, A. L.; TELES, A. J.; REIS-GOMES,
A.; FARIA, R. O.; MEIRELES, M. C. A. Fungos anemófilos em ambiente de
laboratório de micologia veterinária.In: Brazilian Journal of Veterinary
Research and Animal Science. 2014.
MILAN, E. P.; ZAROR, L. Leveduras: identificação laboratorial. In: SIDRIM, J.J.C.
& ROCHA, M.F.G. (eds) Micologia Médica à luz de autores contemporâneos.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 89-101. 2004.
NASCIMENTO, G. C. 2011. Avaliação da qualidade do ar em ambientes
internos: biblioteca pública. 170 f. Dissertação (Mestrado em Hidráulica e
Saneamento) - Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São
Carlos, São Carlos, 2011.
NICOLAU, B. P. Microrganismo e ambiente: ar e água, solo e extremos.
Universidade Aberta. p.21-32. 2010.
OLIVEIRA, L. D. C.; BORGES-PALUCHA, L. R. Alergias respiratórias: uma
revisão dos principais fungos anemófilos e fatores desencadeantes. Revista
Baiana de Saúde Pública. v. 39, n. 2, p. 426-441, 2015.
PANTOJA, L. D. M.; COUTO, M. S.; PAIXÃO G. C. Diversidade de bioaerossóis
presentes em ambientes urbanizados e preservados de um campus
universitário. Biológico, São Paulo. v. 69, n. 1, p. 41-47, 2007.
PELUQUE, E. Isolamento, identificação molecular e potencial toxigênico de
fungos e ocorrência de micotoxinas em misturas de cereias
comercializados no Brasil. 2014. 80 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
de Alimentos) – Faculdade de Zooctenia e Engenharia de Alimentos,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
36
PEREIRA, B. F. P.; MELO, L. E. de; COSTA, P. F. da. Fungos anemófilos
isolados na cidade de Belém, estado do Pará – Brazil. 2013. Revista Eletrônica
de Biologia v. 6, p. 82-93, 2013.
RAPPER, K. B.; FENNEL, D. I. The genus Aspergillus.Baltimore: The Williams
and Wilkins Company; 1965.
RÊGO, C. M.; SANTOS, F. S. Ocorrência de fungos anemófilos e sua relação
com fatores abióticos em Barreiras, Bahia. 2015. Rev. Bras. Bioci. v.13, n. 4, p.
265-271, 2015.
SANTOS, A. S. Estudo químico e da atividade antimicrobiana da macaúba
[(Acrocomia aculeata(Jacq.)Lodd.ex Mart.1763)] e dos seus
endofíticos.2015. 74 f. Dissertação (Mestrado em Química e Biotecnologia) –
Instituto de Química e Biotecnologia, Universidade Federal de Alagoas, Maceió,
2015.
SANTOS, M. I.; VENÂNCIO, A.; LIMA, N. Fungos contaminantes na indústria
alimentar. Braga: Universidade do Minho, 1998.
SIDRIM, J. J. C. & MOREIRA, J. L. B. Fundamentos clínicos e laboratoriais
da micologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 287p. 1999.
SOBRAL, L. V. Fungos anemófilos em ambientes climatizados: prevalência,
produção de enzimas e atividade antibacteriana. 2016. 64f. Dissertação
(Mestrado em Saúde Humana e Meio Ambiente) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAV, Programa de Pós-Graduação em Saúde Humana e Meio
Ambiente, 2016.
SOUSDALEFF, M. Caracterização de fungos de ar indoor e ar outdoor dos
laboratórios da UTFPR Campus Campo Mourão/PR. 2016. Monografia de
graduação em Engenharia Ambiental – UTFPR. Universidade Tecnológica do
Paraná. Brasil. 2016.
37
SUMMERBELL, R. C. et. al,.Acremonium phylogenetic overview and revision of Gliomastix, Sarocladium, and Trichothecium. Studies in Mycologia 68: p.139-162. 2011. STROHL, W. A.; ROUSE, H.; FISHER, B. Lippincott illustrated reviews:
microbiology.Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins, 2001.
TODARO, A. R., Atividades Antifúngica e Antimicrobiana e Análise
Genômica em Populações de Acremonium cavaraeanum. 2011. Tese de
Doutorado em Biotecnologia - RENORBIO. Universidade Estadual do Ceará,
UECE, Brasil. 2011.
VANDEWOUDE, K. H.; BLOT S. I.; DEPUYDT, P.; BENOIT D.; TEMMERMAN
W.; COLARDYN F. et al. Clinical relevance of Aspergillus isolation from
respiratory tract samples in critically ill patients. Crit Care. 2006; 10(1): R31.
ZIEHE, E. M. et. al.Determinação da contaminação fúngica do ar em creches
públicas do Rio de Janeiro/RJ. Vigilância Sanitária em Debate. v. 2, n. 1, p. 51-
56, 2014.
ZOPPAS, B. C. D. A. Caracterización del contenido fúngico atmosférico de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. 2005. 461f. Tese de Doutorado – Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, Departamento de Biologia Vegetal, Universidade de León, Espanha, 2005.