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1 Processos industriais Obtenção do Hidróxido de Sódio e Ácido Clorídrico Profª. Tatiana

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Processos industriais

Obtenção do Hidróxido de Sódio e Ácido Clorídrico

Profª. Tatiana

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1 – Introdução A fabricação de soda cáustica e do cloro constitui uma das mais

importantes entre as indústrias químicas pesadas. Estas substâncias estão nas vizinhanças do ácido sulfúrico e da amônia quanto ao montante do valor do respectivo consumo. As aplicações são tão diferentes que é difícil haver um bem de consumo que, num certo estágio da sua fabricação, não tenha dependido do cloro e dos álcalis. Estes produtos são quase completamente vendidos à indústria para a fabricação de sabões e detergentes, de fibras e de plásticos, de vidros, de substâncias petroquímicas, de polpa de madeira e papel, de fertilizantes, explosivos e solventes, além de outras substâncias.

O hidróxido de sódio e o cloro são produzidos simultaneamente pela eletrólise de uma solução aquosa de NaCl. O NaOH é o álcali mais importante na indústria, e o Cl2 é também um produto químico industrial de grande importância.

2 – Processos Leblanc

C.W.Scheele descobriu o cloro em 1774, oxidando o ácido clorídrico com dióxido de manganês.

4HCl + MnO2 2Cl2 + Mn2+ + 2H2O

Scheele também descreveu as propriedades alvejantes do cloro, o que

acabou levando a uma demanda de cloro e de hidróxido de sódio em larga escala para uso na indústria têxtil. Naquele tempo não existia uma indústria química, e as empresas produziam seus próprios produtos. O primeiro problema se referia à obtenção do HCl, que passou a ser produzido pelo processo Leblanc. Embora o processo agora seja obsoleto, merece uma descrição, pois trata-se do primeiro processo industrial em grande escala usado na Europa. Ele foi utilizado durante quase todo o século 19, e ilustra a necessidade de considerar as matérias – primas necessárias, como podem ser obtidas, e o uso comercial de todos os produtos obtidos, justificando sua venda (nesta época a indústria química se concentrava na Europa, e da Europa o processo foi trazido aos Estados Unidos).

NaCl + H2SO4 conc calor NaHSO4 + HCl

NaHSO4 + NaCl calor Na2SO4 + HCl

O HCl obtido é a seguir oxidado a Cl2.

HCl + MnO2 Cl2 + Mn2+

O Na2SO4 era usado na indústria de vidro, ou para fabricar Na2CO3 e

NaOH. Na2SO4 + CaCO3 Na2CO3 + CaSO4

Na2CO3 + Ca(OH)2 2NaOH + CaCO3 Neste processo, os produtos químicos consumidos são H2SO4, NaCl,

CaCO3 e C, e os produtos formados são NaOH e Cl2 (e, em menor quantidade, Na2SO4). As matérias – primas eram obtidas como segue:

S ou FeS2 + O2 SO2 SO3 H2SO4

NaCl – obtido de jazidas ou de soluções de NaCl (salmouras) CaCO3 – extraído como calcário

CaCO3 calor CaO H2

O Ca(OH)2

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Em 1874 a produção mundial de NaOH era de 525.000 toneladas, 94% das quais eram produzidas pelo processo Leblanc. Em 1902 a produção de NaOH tinha aumentado para 1.800.000 toneladas, mas só 8% eram produzidas pelo processo Leblanc. O processo Leblanc tornou-se obsoleto, porque foram encontrados métodos mais econômicos, sendo substituído sucessivamente pelo processo Weldon, pelo processo Deacon e finalmente pela eletrólise.

3 – Processos Weldon e Deacon

O processo Leblanc usava MnO2 para oxidar o HCl, e o MnCl2, obtido como subproduto, era desprezado. O processo Weldon (1866) reciclava o MnCl2, sendo portanto mais econômico.

No processo Deacon (1868), o HCl era oxidado pelo ar e não pelo MnO2. Efetuava-se uma reação em fase gasosa entre o HCl e o ar, sobre uma superfície de blocos cerâmicos especiais impregnados com uma solução de CuCl2, que atuava como catalisador. A reação é reversível, alcançando-se um rendimento de 65%.

4HCl + O2 catalisador 2Cl2 + 2H2O + calor

440°C Atualmente, cerca de 90% do consumo mundial de cloro provém da

eletrólise de uma solução aquosa de cloreto de sódio (salmoura). O restante provém essencialmente da eletrólise de NaCl fundido, na produção de sódio metálico; da eletrólise de solução aquosa de KCl, na produção de KOH; e na eletrólise de MgCl2 fundido, para a obtenção de magnésio metálico. Uma pequena quantidade ainda é produzida pela oxidação do HCl no ar, numa modificação do processo Deacon. Essa modificação surgiu em 1960 e faz uso de um catalisador de didímio Dm2O3 e CuCl2, a uma temperatura ligeiramente inferior a 400°C (didímio é um nome antigo, e significa “gêmeo”. Acreditava-se antigamente tratar-se de um elemento, mas o didímio foi posteriormente separado em dois elementos lantanídeos, o praseodímio e o neodímio.

4-Processo Eletrolítico

A eletrólise da salmoura foi descrita pela primeira vez por Cruickshank, mas só em 1834 Faraday desenvolveu as leis da eletrólise. Naquele tempo era muito restrito o uso da eletrólise, porque as únicas fontes de energia elétrica para realizá-las eram as baterias primárias. Essa situação mudou em 1872, quando Gramme inventou o dínamo. A primeira aparelhagem industrial à base de eletrólise foi instalada em 1891 em Frankfurt, na qual uma célula eletrolítica era enchida, eletrolisada, esvaziada, a seguir novamente enchida e assim por diante. Tratava-se, portanto, de um processo descontínuo ou de um processo por bateladas. Obviamente, uma célula que poderia operar continuamente, sem a necessidade de ser esvaziada, produziria mais e a custos menores. Nos vinte anos seguintes surgiram muitas patentes e desenvolvimentos, visando a exploração das possibilidades industriais da eletrólise. A primeira instalação industrial a empregar uma célula contínua de diafragma foi provavelmente idealizada por Le Seur em Romford em 1893; seguiram as células de Castner em Saltville em 1896. A primeira instalação na Inglaterra foi a de Hargreaves e Bird, em 1897, em Runcorn. Em todas essas células emprega-se amianto como um diafragma para separar os compartimentos do anodo e do catodo. Com a adição constante de salmoura, havia uma produção contínua de NaOH e Cl2.

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Na mesma época, Castner e Kellner desenvolveram e patentearam versões semelhantes da célula de catodo de mercúrio, em 1897.

Os dois tipos de células, o de diafragma e o de catodo de mercúrio, permanecem em uso. Os primeiros equipamentos de eletrólise produziam cerca de 2 toneladas de cloro por dia.

Na eletrólise da salmoura, ocorrem reações tanto no anodo como no catodo.

Anodo: 2Cl- Cl2 + 2e-

2H2O H2 + 2OH

- + 2e- Catodo: 2OH- + 2Na+ 2NaOH Se os produtos se misturarem, ocorrem reações secundárias:

2NaOH + Cl2 NaCl + NaOCl + H2O ou 2OH- + Cl2 2OCl

- + H2 e no anodo pode ocorrer, até certo ponto, outra reação:

4OH - O2 + 2H2O + 4e-

5 – Operações e processos de fabricação

5.1 - Purificação da salmoura

A salmoura bruta obtida por dissolução de sal marinho ou de jazidas subterrâneas (salgema) em água, deve ser purificada antes de poder ser eletrolisada. O processo de purificação visa eliminar da solução o cálcio, ferro e o magnésio, mediante precipitação dos hidróxidos e carbonatos por adição de carbonato de sódio e hidróxido de sódio (vide tabela 1 de composição básica da salmoura).

Deste ponto a corrente de salmoura é dividida em duas porções iguais e enviadas a canaletas onde recebem solução de polieletrólito.

As canaletas alimentam dois decantadores onde se procede a separação dos sólidos da salmoura básica.

A suspensão de lama formada na base dos decantadores é centrifugada, a salmoura recuperada e a lama dissolvida com ácido clorídrico e enviada à neutralização de efluentes.

A salmoura básica é enviada à filtração para retirada final dos sólidos em suspensão. Essa filtração é realizada em duas etapas: a primeira em filtros de areia e a secundária com filtros de pré – capa. Após filtrada, a salmoura é estocada em dois tanques de grandes dimensões para posteriormente ser aquecida, acidificada e bombeada à sala de células a diafragma, por exemplo.

No caso das células de membrana, a salmoura deve ainda ser submetida a uma purificação maior, mediante resinas de troca iônica que retém os teores residuais de cálcio e magnésio.

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Tabela 1- Análise típica da salmoura Composição de salmoura que fornece condição ótima de desempenho da célula. Cloreto de sódio 320 g/L Cálcio ‹ 3 ppm Magnésio ‹ 0,5 ppm Sulfato de sódio ‹ 5 g/L Orgânicos ‹ 1 ppm Ferro ‹ 0,3 ppm Manganês ‹ 0,01 ppm Bário ‹ 0,01 ppm pH 2,5 – 3,5 Silício ‹ 15 ppm Temperatura 75°C

5.2 - Células eletrolíticas As células eletrolíticas de maneira geral são dispositivas para

decomposição de salmoura mediante a energia elétrica usando corrente contínua. Este fenômeno é denominado eletrólise. Os produtos da eletrólise de salmoura são o cloro, soda cáustica e hidrogênio.

As células são compostas de uma câmara catódica, onde é gerada a soda cáustica e o hidrogênio e de uma câmara anódica, onde é produzido o cloro. Estas câmaras devem ser mantidas separadas com uma barreira que pode ser um diafragma poroso ou uma membrana. No caso das células de mercúrio, estas são compostas de duas partes, um eletrolizador onde é gerado o cloro, e um decompositor onde são gerados a soda cáustica e hidrogênio.

Salmoura

Hidrogênio

Comparti- mento

Catódico

Soda Cáustica

Cloro

Comparti- mento Anódico

Catodo

Católito

+ -

Anólito

Anodo

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5.3 - Células de diafragma As células de diafragma caracterizam-se, como o nome indica, pela

presença de um diafragma que separa o compartimento anódico do catódico. O diafragma, consistindo basicamente de asbesto, permite a passagem dos íons por migração elétrica, mas reduz a difusão dos produtos. O diafragma permite o escoamento da salmoura do compartimento anódico para o catódico e, desta forma, diminui muito, ou impede, as reações secundárias (por exemplo, a formação de hipoclorito de sódio). O escoamento é mantido constante mediante uma diferença de nível entre o compartimento anódico e o catódico.

Uma célula de diafragma típica será ilustrada na figura abaixo. As principais reações que ocorrem na célula de diafragma são: A principal reação anódica é:

2Cl- Cl2 + 2e-

O cloro formado no anodo satura o anólito, estabelecendo-se o seguinte

equilíbrio: Cl2 + OH

- Cl- + HOCl HOCl H+ + OCl-

A principal reação catódica é:

2H+ + 2OH- + 2e- H2 + 2OH-

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O íon H+ presente como H2O no católito descarrega no catodo gerando hidrogênio gasoso, deixando o íon OH- no católito. Como o cloro saiu no anodo, o íon sódio (Na+) migrando do compartimento catódico, une-se ao íon OH-, formando o hidróxido de sódio. O diafragma poroso inibe a migração dos íons OH- do compartimento catódico ao anódico, o que de outra maneira, resultaria na formação de hipoclorito ao invés de liberação de cloro.

Mantendo-se o pH do anólito entre 3 e 4 e uma diferença de nível de cerca de 13 cm entre o anólito e o católito, a operação da célula pode ser mantida em equilíbrio químico produzindo cloro gasoso a 97% no anodo, hidrogênio a quase 100% no catodo e uma solução de salmoura contendo quase 11 – 12% de NaOH e 16% NaCl que sai do compartimento catódico (licor da célula). A alimentação da célula se faz pelo compartimento anódico com salmoura saturada a 60 – 70°C contendo 320 g/L NaCl. O diafragma geralmente é feito introduzindo-se uma suspensão de amianto, a qual é depositada sobre as telas metálicas do catodo mediante vácuo, sob condições controladas. Com o uso, o diafragma fica saturado com impurezas insolúveis, devendo então ser removido e substituído.

Existem em uso diversos tipos de células de diafragma, mas todos operam conforme os princípios básicos descritos acima.

O licor das células é submetido a processamento posterior para remoção do sal e concentração da soda cáustica até 50% NaOH. Isto é feito evaporando-se o licor em evaporadores de dois ou três efeitos. A medida que a concentração aumenta, o sal começa a cristalizar e é removido de solução de soda por decantação e filtração. O sal é lavado, novamente devolvido e reciclado ao sistema de salmoura. Quantidades adicionais de sal são removidas por resfriamento e decantação. A solução final de soda cáustica contém tipicamente 50% NaOH e cerca de 1% NaCl.

5.4 - Descrição da célula tipo diafragma

As células tipo diafragma foram modernizadas ao longo do tempo incorporando anodos metálicos e plásticos especiais. As células são hoje disponíveis operando com carga de 20 a 150 kA conforme a capacidade necessária para a instalação. A descrição a seguir aplica-se a uma série de células de um fabricante.

A célula é retangular com 2,06 m de altura, 1,52 m de largura e 2,86 m de comprimento. A célula consiste de 3 partes principais – o conjunto de base condutora e anodos, o conjunto catódico com o catodo e o diafragma e a cobertura da célula. A base compreende uma estrutura de aço suportando uma grade chata de cobre que leva a corrente elétrica aos anodos. Uma tela resistente à corrosão sobre a grade para proteger o cobre do ataque pelo anólito e os anodos metálicos dispostos verticalmente são fixados à base através da tela. O objetivo do projeto dos catodos é de fornecer estabilidade dimensional e uma longa vida que seja compatível com os anodos metálicos. Todas as superfícies internas dos catodos são feitas de tela de aço a qual é depositado o diafragma de amianto, periodicamente renovado. As telas de aço são rigidamente fixadas ao longo de toda a largura do catodo objetivando alta estabilidade e condutividade elétrica, assim como um espaçamento uniforme entre cada anodo e catodo. A cobertura (tampa) da célula é feita com resina tipo poliéster resistente a ação do cloro; este tipo de tampa evita a contaminação indevida do anólito o que, em última análise, reduz a freqüência de entupimento do diafragma.

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Salmoura purificada penetra no compartimento anódico através de duas aberturas depois de passar por um dispositivo que evita fugas de corrente pela tubulação de salmoura. O cloro sai da célula por um condutor na tampa e o hidrogênio sai através de um tubo próximo ao topo de uma das laterais do compartimento catódico. O licor da célula sai pela base do compartimento catódico através de um tubo de altura regulável situado externamente, de maneira que a maior parte do espaço catódico permanece cheio de licor. Esta tubulação de saída de licor possui um dispositivo quebra – corrente para evitar fugas de corrente elétrica.

A figura abaixo mostra o tipo de célula acima descrita em corte.

6 - Processamento do Cloro

O cloro gasoso que sai das células é quente, úmido e extremamente corrosivo

O teor de cloro nesse gás é de cerca 97,5%, o restante sendo constituído por vapor d’água, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio e gás carbônico. O processamento inicia com resfriamento do gás em trocadores de titânio para condensar a maior parte da umidade, em seguida o cloro passa por um removedor de gotículas para retirada de gotículas de água arrastadas. O cloro é então secado com contado direto com ácido sulfúrico concentrado em torres de enchimento, apresentando teores de umidade da ordem de 10 a 20ppm. O cloro nestas condições deixa de ser corrosivo, podendo então ser conduzido e processado em equipamentos de aço carbono. Após secagem, o cloro gasoso é submetido a resfriamento e lavagem simultâneos com cloro líquido para aumentar a eficiência da compressão e remoção de eventuais impurezas que podem prejudicar os passos seguintes do processamento ou mesmo a qualidade do produto. O cloro assim resfriado e purificado é comprimido a cerca de 3,5 kgf/cm² em compressores centrífugas de vários estágios. Neste ponto parte do cloro gasoso pode ser empregado na própria planta para produção de ácido clorídrico, hipoclorito de sódio ou outros produtos. A maior parte do cloro no entanto é liqüefeita por compressão e resfriamento e bombeada para os tanques de armazenagem. O cloro é comercializado em cilindros grandes, carros – tanque ou vagões – tanque.

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7 - Processamento da Soda Cáustica No caso das células de diafragma, o licor das células que contém cerca

de 10 – 12% NaOH e sal não eletrolizado deve ser submetido à evaporação. Aqui o licor é evaporado em evaporadores de 2 ou 3 efeitos, com separadores de sal, e passa depois por um filtro lavador. O sal assim recuperado é usado para constituir nova salmoura. Os evaporadores usam tubos de níquel para reduzir a corrosão dos equipamentos. A soda cáustica obtida da evaporação possue concentração de 50% em peso e 1% de sal residual. Este teor corresponde à solubilidade do sal na soda cáustica a 50% depois do resfriamento. A soda cáustica assim produzida é comercializada em vagões – tanque e carros – tanque.

8 - Processamento do Hidrogênio

O hidrogênio liberado no catodo em cada circuito contém umidade e poderá arrastar licor de células. Passa então por uma torre de lavagem com água tratada em contra – corrente, onde sua temperatura cai de 87°C para 40°C passando em seguida por um compressor de anel líquido.

Após o tratamento o hidrogênio pode ser utilizado na produção de ácido clorídrico, na queima em caldeiras ou então recomprimido para ser comercializado. 9 - Tratamento da salmoura para a célula de mercúrio

A salmoura mercúrio trabalha em circuito fechado. A salmoura desconcentrada e clorada da saída da sala de células a

mercúrio é enviada a um tanque pulmão onde se divide em duas correntes iguais. Uma parte é succionada a um declorador por um sistema de vácuo onde a salmoura atravessa um recheio de selas de Berls, sendo o vapor d’água mais cloro retirado e enviado ao sistema de processamento de cloro e a salmoura declorada enviada ao tratamento e ressaturação com sal puro da unidade de evaporação. A outra corrente é retornada ao circuito. As duas correntes, a saturada e a retornada, se juntam e alimentam a sala de células a mercúrio completando, desta forma, o ciclo.

9.1 - Células de mercúrio

A célula de mercúrio consiste essencialmente de duas partes: o eletrolizador e o decompositor. No eletrolizador, duas camadas líquidas fluem por gravidade de uma extremidade da célula à outra. A camada inferior é de mercúrio, agindo como catodo. Sobre esta camada flue uma solução saturada de água e cloreto de sódio (salmoura), na qual estão imersos os anodos de titânio recobertos com óxidos de metais do grupo da platina. Durante a eletrólise, cloro é liberado nos anodos, enquanto que íons sódio são atraídos ao catodo de mercúrio onde são descarregados formando sódio metálico. O sódio dissolve-se no mercúrio formando um amálgama. O amálgama sendo líquido flue para o decompositor, localizado fora da célula, onde é reagido com água desmineralizada formando soda cáustica, hidrogênio e regenerando o mercúrio que retorna para a célula.

A característica mais importante deste processo é a produção de soda cáustica concentrada (50% NaOH) com baixo teor de cloreto de sódio, sem necessidade de purificação posterior, exceto a remoção de traços de mercúrio dissolvidos no produto. Esta soda cáustica pode ser usada em processos que exigem um produto com baixos teores de cloretos.

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Célula de mercúrio:

9.3 - Características do Processo

9.3.1 – Eletrolizador A salmoura alimentada ao eletrolizador possue cerca de 300 g/L NaCl e

pH 2,5 a 5,0. A pressão no compartimento anódico é mantida a 760 ± 15 mmHg

(absoluta). A corrente contínua é fornecida a uma voltagem de 4 a 4,5V entre o anodo de titânio e o catodo de mercúrio. O teor de sal na salmoura gasta, geralmente é mantido em 260 – 280 g/L NaCl à medida que sai do eletrolizador. Esta salmoura é declorada, reconcentrada com sal e reciclada às células.

9.3.2 - Decompositor

O decompositor geralmente consiste de uma torre vertical preenchida com grafite. Um distribuidor espalha o amálgama sobre o enchimento. Água desmineralizada entra pelo fundo do decompositor, sob o enchimento de grafite e transborda acima do enchimento na forma de uma solução a 50% de hidróxido de sódio. Como mencionado acima, o amálgama de sódio é decomposto em contato com o grafite e água, formando o hidróxido de sódio e hidrogênio. Este gás é coletado no topo do decompositor contendo umidade, vapor de mercúrio e névoa de soda cáustica. O mercúrio é reciclado ao eletrolizador.

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9.4 - Processamento do Cloro O mesmo da célula de diafragma conforme descrito anteriormente.

9.5 - Processamento da Soda Cáustica A soda cáustica produzida nas células de mercúrio já possue

concentração de 50%, sendo submetida a uma filtração para remoção de mercúrio e grafite eventualmente arrastados do decompositor. Esta soda cáustica possue baixíssimos teores de cloreto de sódio e mercúrio, sendo adequada para todas as aplicações onde se exige um produto industrial de alta pureza. Esta soda também é conhecida como “grau rayon”.

9.6 - Processamento do Hidrogênio

O hidrogênio obtido nos decompositores está úmido, contém vapor de Hg. A remoção final do mercúrio é feita em dois leitos de carvão em série, impregnados com enxofre. Desta forma o hidrogênio final estará 99% puro em base seca.

Após esse tratamento o hidrogênio poderá ser recomprimido e comercializado, utilizado na fabricação de ácido clorídrico ou queimado nas caldeiras. 10.0 - Processo de células de Membrana

Tratamento

Células

Decloração Soda Cáustica

SalmouraSaturada

Salmoura deAlimentação

HCl

Cl2

SalmouraDeclorada paraResaturação

SalmouraGasta

H2

Estocagem

N

Soda Cáusticade Alimentação

ResfriadorNaOH

H2O

10.1 - Células de membrana

A célula de membrana é um desenvolvimento novo na tecnologia de fabricação de cloro e soda cáustica. A célula, em alguns aspectos é similar à célula de diafragma exceto que o amianto é substituído por um flúor – polímero que é impermeável aos íons cloreto. Similarmente à soda cáustica produzida na célula de mercúrio, a soda da célula de membrana tem um teor muito baixo de sal. A concentração da soda cáustica produzida é de 28 – 35% m NaOH.

A figura abaixo mostra esquematicamente o funcionamento de uma célula de membrana.

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A célula de membrana opera alimentando-se salmoura especialmente

purificada ao compartimento anódico. O cloro gás gerado é liberado no anodo e deixa o compartimento anódico junto com a salmoura gasta. Os íons sódio e alguma água são transportados através da membrana semi – permeável ao compartimento catódico. A membrana de troca iônica essencialmente impede a passagem de íons cloreto ao compartimento catódico. Água é eletrolizada no catodo formando hidrogênio gasoso e íons hidroxila. Estes íons combinam-se com os íons sódio para formar hidróxido de sódio. Uma solução de reciclo de soda cáustica é alimentada ao compartimento catódico onde sua concentração é elevada à concentração desejada antes de sair da célula. Este reciclo de soda cáustica estabiliza a concentração do produto e uniformiza as temperaturas das células presentes na sala de células.

10.2 - Processamento do Cloro

Igual do diafragma.

10.3 - Processamento da Soda Cáustica A soda cáustica produzida nas células de membrana possuem

concentração inicial de cerca 35%, podendo ser usada nessa condição se desejado. No entanto, prefere-se submeter o produto a evaporação para elevar sua concentração a 50%, que é típica da soda cáustica líquida comercializada mundialmente. Esta soda também possui baixos teores de cloretos, sendo comparável a soda produzida nas células de mercúrio.

Produtos fabricados – especificações Cloro

Parâmetro Unidade Mínimo Máximo Cloro % v Cl2 99,5 Resíduo não volátil ppm 75,0 Ferro ppm 10,0 Umidade ppm 50,0

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Características físico - químicas Fórmula química Cl2 Peso molecular 70,91 Ponto de fusão -100,98°C Ponto de ebulição -34,05°C Densidade de vapor 2,5 Densidade de líquido 1,4 a 15°C Pressão de vapor 27,48 mmHg Solubilidade em água 0,7% a 20°C

Soda Cáustica Líquida Quando é utilizado o processo por células de diafragma, obtêm-se a soda

cáustica líquida grau comercial; quando é utilizado o processo por células de mercúrio, obtêm-se a soda cáustica líquida “grau rayon”. Ambas apresentam-se sob a forma de uma solução aquosa, límpida, contendo cerca de 50% de NaOH em peso. Elas são comercializadas nesta forma a granel, sendo transportadas em carros – tanque e vagões ferroviários.

Escama Tanto a soda cáustica em escamas “grau rayon”, como a soda cáustica

em escamas grau comercial são obtidas a partir do processo de evaporação da soda líquida, da fusão do produto anidro e do processo de escamação. Estes produtos apresentam-se na forma de escamas brancas, altamente deliqüescentes e com concentração média de 96 a 98% de NaOH em peso, dependendo de sua especificação. A soda em escamas é comercializada em sacos de polietileno de 25Kg paletizados.

Fundida A soda cáustica fundida “grau rayon” e a soda cáustica fundida grau

comercial são obtidas do processo de evaporação da soda cáustica líquida e da fusão do produto anidro. Apresentam-se na forma de blocos sólidos, de coloração branca à cinzenta, com concentração média de 96 a 98% de NaOH em peso, dependendo de sua especificação. Esses produtos são comercializados em tambores de aço de 360 Kg.

Parâmetro Unidade Mínimo Máximo Alcalinidade total % NaOH 49,0 Carbonatos % m 0,2 Cloretos % m 0,015 Ferro ppm 3,0 Mercúrio ppm 0,10

Soda cáustica líquida “grau rayon”

Características físico – químicas Fórmula química NaOH Peso molecular 40,00 Ponto de fusão 12 – 15°C Ponto de ebulição 142 – 148°C Peso específico 1,52 g/cm³ Solubilidade em água completa

Soda cáustica líquida “grau rayon”

Page 14: Obtenção do Hidróxido de Sódio e Ácido Clorídricoxa.yimg.com/kq/groups/24283886/456941526/name/Apostila.pdf2 1 – Introdução A fabricação de soda cáustica e do cloro constitui

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Parâmetro Unidade Mínimo Máximo Alcalinidade total % 97,5 Carbonatos % 0,6 Cloretos % m 0,030 Ferro ppm 6,0

Soda cáustica em escamas “grau rayon”

Características físico - químicas Fórmula química NaOH Peso molecular 40,00 Ponto de fusão 318°C Ponto de ebulição 1390°C Peso específico 2,13 g/cm³ Cor Escamas brancas Solubilidade em água 109g/100g água

Soda cáustica em escamas “grau rayon”

Parâmetro Unidade Mínimo Máximo Alcalinidade total % m 49,0 Carbonatos % m 0,2 Cloratos % m 0,200 Cloretos % m 1,1 Ferro ppm 5,0

Soda cáustica líquida “grau rayon”

Características físico – químicas Fórmula química NaOH Peso molecular 40,00 Ponto de fusão 12 – 15°C

Soda cáustica líquida grau comercial

Page 15: Obtenção do Hidróxido de Sódio e Ácido Clorídricoxa.yimg.com/kq/groups/24283886/456941526/name/Apostila.pdf2 1 – Introdução A fabricação de soda cáustica e do cloro constitui

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Processo de produção de Cloro e Soda por diafragma